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Relatório Eixo 2 - Casas Terapêuticas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO 
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE 
CURSO DE MEDICINA – TURMA 113
EIXO INTEGRADOR II
ALESSANDRA PINHEIRO CHAGAS
CHRISTIAN RIBEIRO CASTRO
IAGO PAZ MARTINS LAGES MENDES
ISAAC DIAS MOTA
JONAS WAGNER DE ALMEIDA SOARES
JORGE GOMES PEREIRA JUNIOR 
KAMILLY IEDA SILVA VEIGAS 
LARISSA KAUANE MORAIS SILVA
LAYANNE SILVA OLIVEIRA 
LAYLA CAROLINA BARROS LEITE 
LUCAS MARQUES DE MESQUITA 
 MATIAS OLIVEIRA NETO
NICOLE DA SILVA BRAGA
WENDEL LEONARDO TEIXEIRA LIMA
WESLEY DO NASCIMENTO SILVA
A IMPORTÂNCIA DAS RESIDÊNCIAS TERAPÊUTICAS EM APOIO A IDOSOS
São Luís - MA 
2021
ALESSANDRA PINHEIRO CHAGAS
CHRISTIAN RIBEIRO CASTRO
IAGO PAZ MARTINS LAGES MENDES
ISAAC DIAS MOTA
JONAS WAGNER DE ALMEIDA SOARES
JORGE GOMES PEREIRA JUNIOR 
KAMILLY IEDA SILVA VEIGAS 
LARISSA KAUANE MORAIS SILVA
LAYANNE SILVA OLIVEIRA 
LAYLA CAROLINA BARROS LEITE 
LUCAS MARQUES DE MESQUITA 
 MATIAS OLIVEIRA NETO
NICOLE DA SILVA BRAGA
WENDEL LEONARDO TEIXEIRA LIMA
WESLEY DO NASCIMENTO SILVA
A IMPORTÂNCIA DAS RESIDÊNCIAS TERAPÊUTICAS EM APOIO A IDOSOS
Síntese do Eixo Integrador apresentado ao segundo período do Curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, como parte do processo avaliativo da unidade III.
Professor Orientador: Dr. Othon de Carvalho Bastos Filho
São Luís - MA 
2021
RESUMO
	As residências terapêuticas constituem-se como alternativas de moradia para um grande contingente de pessoas que estão internadas há anos em hospitais psiquiátricos por não contarem com suporte adequado na comunidade. Além disso, essas residências podem servir de apoio a usuários de outros serviços de saúde mental, que não contem com suporte familiar e social suficientes para garantir espaço adequado de moradia. Dessa maneira, o portador de sofrimento mental pode receber tratamento especializado e humanizado na atenção primária e na atenção especializada, tendo como foco o resgate da cidadania, proporcionando a autonomia para este indivíduo tomar suas próprias decisões e servindo como suporte para sua reinserção social. O presente estudo se trata de uma revisão bibliográfica, de caráter qualitativo e descritivo, com o objetivo de analisar os aspectos epidemiológicos, sociais – discutindo desde o número de idosos beneficiados pelos serviços de residência terapêutica, até a explicação do trabalho realizado em apoio- e clínicos - trazendo à tona as doenças mais incidentes e como é feito o tratamento dentro das casas de apoio.
	
	SUMÁRIO	
1	INTRODUÇÃO	5
2	METODOLOGIA	6
3	RELATO DA EXPERIÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO EIXO	7
4	OBJETIVOS	8
5	REFERENCIAL TEÓRICO	8
5.1 Referencial epidemiológico	8
5.1.1. Quantidade de idosos em residências terapêuticas	9
5.1.2. Incidência de doenças entre idosos nas casas de apoio	10
5.2. REFERENCIAL SOCIAL	11
5.2.1. Motivos do abandono de idosos e as consequências sociais	11
5.2.2. O trabalho social feito pelas casas de apoio	13
5.3 REFERENCIAL CLÍNICO	14
5.3.1 Transtorno Depressivo	14
5.3.2 Esquizofrenia	15
5.3.3 O manejo das doenças dentro das casas de apoio	15
6	Resultados	16
7	INTERVENÇÃO	18
8. CONCLUSÃO	19
REFERÊNCIAS	21
INTRODUÇÃO
O artigo 1°, inciso III, da Constituição Federal de 1988 reconhece a moradia como um direito fundamental, em decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana, já que este reclama, na sua dimensão positiva, a satisfação das necessidades existenciais básicas para uma vida com dignidade, podendo servir até mesmo como fundamento direto e autônomo para o reconhecimento de direitos fundamentais não expressamente positivados, como ter suas próprias coisas – móveis, roupas, comidas, lixo - e escolher como dispor delas. (LEVY, 2008).
Baseado nisso, em 2011, foi aprovada a Lei da Reforma Psiquiátrica, ou Lei Paulo Delgado. Esta garante o processo de substituição progressiva dos leitos em hospitais psiquiátricos por uma rede comunitária de atenção psicossocial. Um dos maiores méritos dessa Lei é a explícita definição dos direitos da pessoa com transtornos mentais, devendo ser tratada com humildade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando a alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade, além dos direitos de ser protegida contra qualquer forma de exploração, ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis e, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde (SILVEIRA, 2011).
As Residências Terapêuticas ou moradias possuem a função de reduzir leitos dos hospitais psiquiátricos e superar a condição cronificante de “moradores do hospital”, a que muitas pessoas foram relegadas, pois implica em alternativas de moradias para os egressos da instituição psiquiátrica. Apesar de terem o perfil clínico para residir na comunidade, apresentavam laços familiares e sociais comprometidos ou mesmo rompidos por decorrência da associação perversa entre o transtorno mental e longos anos de reclusão e distanciamento dos seus pares, levando à necessidade de tais residências, seja pelo suporte requerido para garantir sua permanência fora dela, seja pela dificuldade de reinserção familiar. (SILVEIRA, 2011). A maior parcela da população dessas residências é composta por homens, solteiros, analfabetos, com renda entre um e menos do que dois salários mínimos e com 60 anos de idade ou mais (FRANÇA, 2017).
	As casas terapêuticas são consideradas espaços de moradia com foco na reabilitação psicossocial, o resgate de cidadania do indivíduo, reinserção social e reconstrução das referências familiares. Funcionando como uma moradia, essas casas são instituições voltadas a idosos, por sua predominância nessas instituições, tanto dependentes quanto independentes, que precisam de assistência e cuidados especializados. Elas oferecem acompanhamento contínuo, além de controle adequado para cada necessidade que possuam, por meio de profissionais da área da saúde (BRASIL, 2004).
	Esses dispositivos foram criados no intuito de contribuir para a redução dos leitos em hospitais psiquiátricos ocupados pelos 'moradores do hospital' que, apesar de terem o perfil clínico para residir na comunidade, apresentavam laços familiares e sociais comprometidos ou mesmo rompidos por decorrência da associação perversa entre o transtorno mental e longos anos de reclusão e distanciamento dos seus pares (SILVEIRA; SANTOS JUNIOR, 2011).
METODOLOGIA
O estudo realizado é caracterizado como de abordagem qualitativa e descritiva, a respeito da importância das residências terapêuticas em apoio aos idosos. Para a realização desse projeto, em relação ao aspecto qualitativo, foi realizada uma revisão bibliográfica, amparadas por um roteiro temático mínimo, constituído principalmente de livros, artigos e periódicos, através de buscas em plataformas acadêmicas. Dessas formas, permitiu a elaboração de informações de natureza científica, a elaboração de relatórios e a sistematização do conhecimento.
A abordagem qualitativa é aquela que não trabalha com dados numéricos, mas aquela que trabalha com conceitos, ideologias, processos de interação humana etc. E, oferece facilidade de determinar hipótese ou problema, de analisar a interação de certas variáveis, de compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, de apresentar mudanças, criação ou formação de opiniões de determinados grupos, e de permitir em grau de profundidade, a interpretação dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos (GIL, 2002)
Além disso, também é uma pesquisa de caráter descritiva, que segundo Gil (2002), tem como característica não haver interferência do pesquisador, ele descreve o objeto de pesquisa, procura descobrir a frequência com que o fenômeno ocorre, sua natureza, características, causas, relações e interações com outros fenômenos. Com isso, a coleta dos dados aconteceu a partir de observação e entrevista em campo dos idosos e cuidadores, no próprio espaço das residências terapêuticas. Concomitantemente às entrevistas, ocorria a observação em campo. Foramrealizadas conversas informais com idosos e, também, observados aspectos do dia a dia do local.
RELATO DA EXPERIÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO EIXO
O objeto de pesquisa do eixo foi construído e desenvolvido em conjunto pelos alunos por meio de encontros virtuais. Tais discussões se tornaram boas experiências grupais, uma vez que proporcionaram maior integração entre os participantes da pesquisa, além de crescimento acadêmico, posto que contribuíram para que os alunos adquirissem um olhar mais crítico e médico sobre a importância das residências terapêuticas em apoio a idosos.
Além disso, as maiores dificuldades encontradas para a realização do trabalho deu-se em relação ao acesso às instituição de apoio, em virtude do período pandêmico ao qual enfrenta toda nação mundial. Contudo, o ingresso às residências terapêuticas foi realizado com a adoção de todas medidas sanitárias, conforme protocolos de seguras, de modo a não colocar em risco a saúde dos idosos que frequentam o ambiente visitado durante a pesquisa. Ademais, o pouco tempo para o desenvolvimento do eixo, associado a necessidade de construção de um arquivo bem produzido e o fato de tal tipo de pesquisa ser novidade aos acadêmicos também foram dificuldade enfrentadas, mas superadas com êxito.
OBJETIVOS 
constatar como os fatores sociais são determinantes na importância das residências terapêuticas em apoio a idosos somado a isto, poderemos observar como a presença de uma rede de apoio consolidada mais o acompanhamento adequado de uma equipe multidisciplinar são de suma importância na recuperação biopsicossocial.
Identificar um perfil epidemiológico do abandono do idoso e de como ele contribui para a constituição de uma sociedade com mais problemas psicológicos. Com os fatores epidemiológicos desejamos também mapear os indicadores e os determinantes desta doença.
 Compreender os aspectos clínicos da esquizofrenia e depressão no geral e seus mecanismos de ação no corpo. Após a observação mais abrangente desta doença iremos analisar com mais afinco os fatores clínicos que envolvem o agravamento das doenças psicossociais e os meios possíveis de tratamento e prevenção.
 REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 Referencial epidemiológico
Em um estudo descritivo, de corte transversal realizado no município de Recife (PE), teve como cenário 31 Serviços de Residência Terapêutica (SRT). A população que participou do estudo foram os 229 moradores de ambos os sexos, residentes em SRT até julho de 2015 no referido município. 
A maior parcela da população do estudo era composta por homens (64,7%), solteiros (82,6%), analfabetos (43,7%), com renda entre um e menos do que dois salários mínimos (70,6%), com 60 anos ou mais (33,2%), idade mínima de 25 anos e máxima de 89 anos, com média de 54,05 anos (desvio-padrão, DP=13,33). O teste de comparação de proporção foi significativo para todos os fatores sociodemográficos avaliados (pvalor<0,001), exceto para idade, na qual a chance de pertencer a qualquer uma das quatro faixas etárias foi idêntica. Com relação ao perfil familiar de moradores de SRT, 55,8% relataram, no momento da entrevista, manter contato com seus familiares. A história de transtorno mental na família esteve presente em 14,2% dos moradores. O abandono familiar aconteceu em 30,5% dos casos, e 26,3% dos moradores possuíam história pregressa de situação de rua. A curatela esteve presente em 22,1% da população. Pode-se verificar os dados referidos na tabela 1.
5.1.1. Quantidade de idosos em residências terapêuticas
(Tabela 1)Portanto, é válido ressaltar que a população masculina e solteira é predominante nas residências terapêuticas e que também foram encontrados resultados semelhantes em residências terapêuticas de outros estados, além da maior parte desses indivíduos serem idosos. Foi destacado, também, que alguns foram abandonados pela família, o que, de acordo com a posição que ocupavam no leito familiar, os homens sofrem um impacto dos transtornos mentais maior, haja vista que na maior parte das vezes eles são vistos como o provedor da família , o que não ocorre da mesma maneira nas residências terapêutica.
5.1.2. Incidência de doenças entre idosos nas casas de apoio
(Tabaela 3.)Com relação ao diagnóstico psiquiátrico, foi mais prevalente o grupo dos transtornos esquizotípicos, esquizofrenia e transtornos delirantes (diagnóstico isolado) (57,4%). O transtorno mais prevalente foi a esquizofrenia residual (isolado ou associada a outros transtornos), que esteve presente em 51,6%; e a esquizofrenia paranoide (isolado ou associada a outros transtornos) em 15,3% da amostra total.
A priori, é importante ressaltar que o público a que este estudo se refere possui um histórico de diversas violações de direitos, inclusive o de cuidado integral. Dessa maneira, tornou-se importante considerar a singularidade da experiência do internamento de longa permanência em hospital psiquiátrico com posterior moradia em residência terapêutica a fim de evidências todas essas necessidades.
Destacando os achados em tal trabalho, a maior prevalência de homens solteiros, evidenciada nos SRT de Recife, também pôde ser encontrada em outros estudos realizados tanto em residências do Piauí e Rio de Janeiro como também em hospitais psiquiátricos. No presente estudo, com relação à faixa etária, predominaram os moradores idosos, o que diverge dos resultados de outros estudos em que há relatos no cenário hospitalar de uma maior prevalência de adultos jovens ou daqueles com menos de 50 anos (⅔ da população). É importante, entretanto, evidenciar que a prevalência de usuários em idade produtiva (de 18 a 59 anos) foi expressiva (66,8%). Estudo ecológico realizado com dados secundários do Ministério da Previdência Social, entre 2008 e 2011, evidenciou que os transtornos mentais e comportamentais figuram como o terceiro maior motivo para a concessão de benefícios. 
Com relação ao diagnóstico psiquiátrico, na realidade dos moradores recifenses, a esquizofrenia residual (51,6%) foi a mais prevalente, seguida pela esquizofrenia paranoide (15,3%). A esquizofrenia é a doença mais relatada nos artigos sobre perfil clínico-psiquiátrico de moradores de hospital psiquiátrico, com prevalência de 41% no Ceará, 43,1% em São Paulo e 53,6% no Rio de Janeiro. De tal maneira, o estudo evidenciou que o perfil sociodemográfico e psiquiátrico de moradores de SRT de Recife (PE) é composto prioritariamente por homens, solteiros, idosos, analfabetos, com renda entre 1 e 2 salários mínimos, com histórico entre 3 e 10 internamentos psiquiátricos durante a vida e no último internamento passou mais de 10 anos. O diagnóstico mais prevalente é a esquizofrenia residual. 
5.2. REFERENCIAL SOCIAL
5.2.1. Motivos do abandono de idosos e as consequências sociais
 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 2050 um quinto da população mundial será de idosos. Já o Brasil tem experimentado nos últimos anos um aumento da expectativa de vida e de acordo com o ministério da Saúde, em 2016 o Brasil já era o quinto país em número de idosos. No entanto, viver mais não necessariamente significa viver melhor com mais saúde e integração. A velhice é uma fase da vida cheia de mudanças como: aposentadoria, cônjuges e amigos falecidos, filhos casando. Além disso, as mudanças no próprio corpo com a diminuição da visão, agilidade e rapidez, doenças relacionadas à velhice.
Nesse contexto, um grande desafio se impõe, que é o abandono de idosos. Apesar do Art. 98 do Estatuto do idoso que diz . “É crime abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado”. Tal abandono ocorre frequentemente tanto em hospitais quanto em ruas e instituições, não apenas por ausências da família, mas por falta de proteção do estado apesar de existir o Estatuto do Idoso, legislação feita para garantir direitos de pessoas com mais de 60 anos. Devido a uma discriminação etária conhecida como etarismo idosos possuem muita rejeiçãono mercado de trabalho o que causa dependência fazendo que que a família se sinta sobrecarregada influenciando possíveis abandonos.
Os problemas sociais relacionados ao abandono por exemplo são a péssima relação entre pais e filhos que com a maior dependência dos pais idosos torna a relação crítica. Pelo pouco domínio tecnológico por parte dos idosos depois ou durante o processo de abandono ocorrem extorsões e prejuízos financeiros causados por indivíduos e por instituições como bancos que se aproveitam da fragilidade deste público alvo para realizar empréstimos consignados que impactam a saúde financeira dos idosos.
Um dos maiores motivos de abandono é o baixo nível econômico dos idosos que são considerados pela família como uma sobrecarga, já os idosos com uma alta renda proporcionam um bom nível social para seus familiares intensificando a sua relação. Além disso, brigas e problemas psicológicos também perpassam como grandes causas do abandono dos idosos.
As principais consequências disso são que os idosos que estão em casas de repouso que não recebem regularmente a visita de sua família tem uma piora dos seus problemas de saúde ou desenvolvem mais doenças físicas e mentais do que os que não foram abandonados.
O abandono gera também que o idoso fique cada vez mais isolado, das atividades em grupo nas casas de repouso causando falta de apetite, depressão, baixa-estima que irão deteriorar sua saúde.
5.2.2. O trabalho social feito pelas casas de apoio
Segundo o instituto de Pesquisa econômica aplicada nos estabelecimentos registrados, moravam 83.870 idosos. O trabalho feito pelas casas de apoio é de fundamental importância pois ela é como um segundo lar, é de grande importância para eles, pois além da moradia e alimentação, recebem a atenção e carinho que muitas vezes não recebiam em casa, para que se recuperem do abandono sofrido e se integrem aos outros idosos da casa para além de se recuperarem do desgaste físico, terem apoio emocional. 
O estatuto do idoso (Ministério da Saúde, 2003), afirma que somente possui permissão para funcionamento de instituições asilares aqueles que estão inscritos junto ao órgão competente da vigilância sanitária e aos conselhos de idosos. Logo uma série de regras define tal atividade social. Segundo BARTHOLO (2003): “O termo Asilo é tradicionalmente empregado com sentido de abrigo e recolhimento, usualmente mantido pelo poder público ou grupos religiosos” Esse termo geralmente é substituído por casas de apoio e o trabalho social consiste em amparar os idosos que não possuem respaldo familiar por dificuldades financeiras, ou foram abandonados por distúrbios de comportamento e precariedade nas condições de saúde (PRADO E PETRILLI, 2002).
Assim faz-se necessário que os trabalhos sociais desenvolvidos pelas casas de apoio sejam fiscalizados constantemente tanto pela sociedade civil quanto pelo poder público, pois é necessária uma abordagem multidisciplinar com médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais nutricionistas para ajudar os idosos nessa situação de abandono, pois há necessidades psicológicas e afetivas se houver muito diálogo entre os profissionais e os idosos para que o trabalho social seja efetivo. A terceira idade tem uma série de especificidades em termos orgânicos, sociais e psicológicos sendo necessário cuidar do corpo físico, das atividades sociais e psicológicas.
5.3 REFERENCIAL CLÍNICO
5.3.1 Transtorno Depressivo
A depressão é um problema de saúde pública que acomete todas as faixas etárias e é caracterizada pela presença de humor triste, vazio ou irritável, alterações somáticas e cognitivas, isolamento social e suicídio. Em indivíduos idosos, as dificuldades de memória podem ser a queixa principal e ser confundidas com os sinais iniciais da de uma demência, dessa forma, pela dificuldade diagnóstica e consequentemente terapêutica, é nessa faixa etária que o distúrbio tende a atingir maiores índices de morbilidade e mortalidade. Em situações em que o tratamento é bem sucedido, o problema de memória tende a ser resolvido, em alguns casos entretanto, um episódio depressivo maior pode, às vezes, ser a apresentação inicial de uma demência irreversível.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais descreve inúmeras classificações para a depressão, considerando a causa, a predisposição genética, os sintomas e a gravidade do quadro. O Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Depressivo Persistente, Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento são alguns exemplos. 
Na psiquiatria geriátrica, no entanto, o quadro chamado de depressão atípica tende a ser o mais comum. Nesses casos, o humor do paciente pode se tornar eutímico por longos períodos de tempo, a depender das circunstâncias externas e a sensibilidade à rejeição interpessoal mostra-se exacerbada durante os períodos depressivos. O aumento do apetite pode ser observado pelo aumento de alimento ingerido ou mesmo por ganho de peso, há manifestação de hipersonia, seja pelo período de sono noturno estendido ou pela inclusão de cochilos diurnos que totalizam um aumento mínimo de duas horas de sono em relação ao habitual para o indivíduo. Além disso, há queixas de sentir-se pesado, da paralisia “de chumbo”, com sobrecarga geralmente em membros superiores e inferiores.
. O diagnóstico não deve incluir apenas a síndrome depressiva, mas o estado de saúde física, cognitiva, as condições socioeconômicas e a estrutura familiar. Portanto, outros sintomas como astenia, perturbações de sono, tristeza e ansiedade, desinteresse por hábitos e/ou prazeres habituais algias atípicas, queixas reumatológicas, queixas gastrointestinais, outras manifestações de ansiedade devidas a situações prolongadas e não resolvidas de medos e de opressão, ou hipocondria, são sinais de uma depressão subjacente sempre que não haja causas orgânicas.
5.3.2 Esquizofrenia
	A esquizofrenia é um distúrbio complexo caracterizado por delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado, comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia) e sintomas negativos, durante as crises agudas, intercalados por períodos de remissão, apatia, dificuldade de expressão de emoções, isolamento social e sentimento profundo de desesperança, que tende a se manifestar em forma de um surto psicótico. É considerada como uma das doenças psiquiátricas mais graves e desafiadoras.
	As principais causas de morte na esquizofrenia são suicídios, acidentes e patologias associadas. O consumo de drogas, a baixa adesão terapêutica, baixa autoestima, estresse, desesperança, isolamento, depressão e eventos negativos na vida do paciente são fatores de risco importantes para esses pacientes. 
	O portador de esquizofrenia apresenta ainda problemas cognitivos, tais como dificuldade de abstração, déficit de memória, comprometimento da linguagem e falhas no aprendizado. A combinação desses sintomas causa grande sofrimento psíquico, com prejuízos nas relações familiares e na vida profissional e demais relações sociais.
	
5.3.3 O manejo das doenças dentro das casas de apoio
A esquizofrenia, por ser uma psicopatologia ampla, exige um tratamento multidisciplinar. Portanto, é essencial que o psiquiatra atue em conjunto com uma equipe psicossocial para que o tratamento seja efetivo, pois a abordagem restrita a medicamentos, nesse caso, não é a escolha mais adequada para a atenuação do quadro. 
Dessa forma, os pacientes necessitam ser submetidos a psicoterapias, individuais ou em grupo, com o objetivo principal de melhora dos sintomas. 
Segundo Bruscato (1998), os maiores benefícios são:
· Preservar o contato com a realidade e interromper a perda de memória;
· resgatar a autonomia nos afazeres diários;
· diminuir o isolamento;
· conscientizar o portador sobre as limitações de sua condição;
· desenvolver a defesa diante de situações estressantes para uma melhor solução de problemas, que por vezes pode está afetada pela psicose;
· promover a autoestima e a autoconfiança, além de reforçar o progresso alcançado.
Uma outra abordagempsicossocial é a Terapia Ocupacional, centrada em atividades e com função além da recreação. Tem como principal finalidade recuperar e desenvolver a capacidade de realizar afazeres e é indicada para pessoas que estão em estado de desorganização, isoladas e com a vontade comprometida. Assim, as atividades propostas vão além do entretenimento, pois simbolizam a concretização de uma tarefa, reafirmando a consciência do indivíduo sobre sua capacidade de execução.
Em casos de depressão, a abordagem indicada é a psicoterapia associada ao tratamento medicamentoso. O tratamento farmacológico é utilizado em pacientes com depressão moderada ou grave e os antidepressivos cíclicos ou tricíclicos (ADT), os inibidores de monoamino-oxidase (IMAO), os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são os mais prescritos. No que tange à abordagem psicológica, o modelo cognitivo-comportamental sugere que a terapia seja realizada em grupo devido à redução do contato social em pessoas idosas e pela maior eficácia graças à diminuição do sentimento de estigmatização além da sensação de melhor compreensão de seus problemas. Dessa forma, é possível que os pacientes comparem suas situações com os demais e receba apoio emocional de quem passa por problemas similares. Para esse quadro clínico, também é indicada a psicoterapia reconstrutiva (psicanálise).
Resultados
Percebeu-se a importância do Serviço Residencial Terapêutico (SRT) – ou residência terapêutica ou simplesmente "moradia" – são casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais graves, institucionalizadas ou não. O número de usuários pode variar desde 1 indivíduo até um pequeno grupo de no máximo 8 pessoas, que deverão contar sempre com suporte profissional sensível às demandas e necessidades de cada um. Atualmente, existem 256 SRTs em quatorze estados e 45 municípios do País, onde moram 1.400 pessoas. Estimativas recentes da Coordenação-Geral de Saúde Mental do Ministério da Saúde apontam a existência de aproximadamente 12.000 pacientes internados que poderiam ser beneficiários dos SRTs. Tais dados evidenciam a necessidade de significativa expansão do número de residências, de modo a reduzir a segregação e aumentar a reinserção social dos pacientes.
Podemos observar que o processo de implantação das Residências Terapêuticas está estreitamente relacionado com a rede de Saúde Mental já existente no município e que, dentro das perspectivas das políticas de saúde, poderia acompanhar e dar suporte a esses novos dispositivos. Dessa forma, a proposta de implantação de tais moradias seguiu as diretrizes da Política de Saúde Mental preconizada pelo Ministério da Saúde e fez parte das ações de desenvolvimento da Reforma Psiquiátrica no município.
INTERVENÇÃO
Intervenção realizada Serviço Residencial Terapêutico III - Anexo dos Centro de Atenção Psicossocial - Caps II- Semus
IMAGENS
8. CONCLUSÃO
Com a chegada da terceira idade, do envelhecimento, há o surgimento de diversas dificuldades físicas, cognitivas e perceptivas, mas também ocorre a chegada de uma vida satisfatória, de plenitude e felicidade. Para amparar os idosos que não possuem o apoio familiar e social, há necessidade de instituições que busquem sanar essa adversidade desse público na sua última fase da vida. O processo que faz do indivíduo um potencial frequentador de uma residência terapêutica começa às demandas que, às vezes, não podem mais ser resolvidas pela da família ou sociedade. Tais circunstâncias levam a um sentimento de busca por um grupo específico para o convívio social.
Através da pesquisa foi possível verificar que o envelhecimento está em forte crescimento em âmbito nacional, regional e local, e que este envelhecer está acompanhado de qualidade de vida. Nesse sentido o estudo foi de grande importância para a sociedade uma vez que a mesma poderá se modificar e ampliar o conhecimento sobre como as residências terapêuticas podem potencializar a situação de bem-estar dos idosos. A sociedade pode se desenvolver cada vez mais para a melhoria no atendimento eficiente aos idosos nas instituições e fora delas.
A velhice necessita de maior atenção, pois sofre ainda a rejeição e o preconceito por parte da sociedade por serem velhos. A sociedade civil organizada deve apropriar-se desses novos conceitos sobre o envelhecimento e tomar consciência de que o crescimento da população idosa é um fato incontestável, constituindo-se numa problemática social que exige maior atenção do Estado. Dessa forma, é primordial o incentivo às residências terapêuticas que se apresentam preocupadas com os seus membros, verificando se todos estão bem de saúde, se estão felizes e satisfeitos de estarem nesse ambiente.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Estatuto do idoso, Redação final do projeto de lei da câmara nº 57, de
2003 (nº 3.561, de 1997, na Casa de Origem)- art 98
BARTHOLO, M.E.C. No último degrau da vida: um estudo no asilo Barão de Amparo, no município de Vassouras. Vassouras: Revista de Mestrado em História., 2003.
Prado, T. &amp; Petrilli, J. F. (2002). Causas da inserção de idosos em uma
instituição asilar. Escola Anna Nery – Revista de Enfermagem, 6(1), 135-143.
FRANÇA, V. V., ALVES, M. P., SILVA, A. L. M. A., GUEDES, T. G., FRAZÃO, I. S. Quem são os moradores de residências terapêuticas? Perfil de usuários portadores de transtornos mentais desinstitucionalizados. Saúde debate, Rio de Janeiro, V. 41, N. 114, P. 872-884, JUL-SET 2017. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/sdeb/2017.v41n114/872-884. Acesso em: 14/12/2021.
 
DE ARAÚJO FÉRES, Raquel Corrêa; CONTINO, Ana Lúcia Barros. A importância dos grupos na terceira idade para prevenção e tratamento da depressão. REVISTA CIENTÍFICA DA FAMINAS, v. 9, n. 2, 2016.
FERREIRA, Heloísa Gonçalves et al. Atendimento psicoterapêutico cognitivo-comportamental em grupo para idosos depressivos: um relato de experiência. Revista da SPAGESP, v. 13, n. 2, p. 86-101, 2012.
SHIRAKAWA, Itiro. Aspectos gerais do manejo do tratamento de pacientes com esquizofrenia. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 22, p. 56-58, 2000.
Bruscato WL. Psicoterapia individual na esquizofrenia. In: Shirakawa I, Chaves AC, Mari JJ, editores. O desafio da esquizofrenia. São Paulo: Lemos Editorial; 1998. p. 149-64.
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