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Apostila - História da Educação

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Maria Tereza Papa Nabão
Colaboradores: Prof. Nonato de Assis Miranda
Profa. Silmara Maria Machado
Profa. Renata Viana de Barros Thomé
História da Educação
Professora conteudista: Maria Teresa Papa Nabão
Possui bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus 
de Marília; licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de 
Marília; aperfeiçoamento em Métodos e Técnicas de Pesquisa com auxílio de bolsa do CNPq e mestrado em História, 
na área História e Sociedade, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Assis, como 
bolsista da FAPESP. Desde 2001 é docente da Universidade Paulista, campus de Assis, com ênfase em Ciências Sociais, 
Antropologia e Ciências Humanas.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
N113 Nabão, Maria Tereza Papa
História da Educação. / Maria Tereza Papa Nabão - São Paulo: 
Editora Sol.
 104 p. il.
Notas: este volume está publicado nos Cadernos de 
Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-003/11, 
ISSN 1517-9230. 
1.História 2.Educação 3.Transformações socioeducacionais 
I.Título
CDU 37.01
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Simone Oliveira dos Santos
Sumário
História da Educação
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 O QUE É EDUCAÇÃO? .....................................................................................................................................11
1.1 Por que estudar História da Educação? ...................................................................................... 13
2 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS ......................................... 14
2.1 A distinção entre cultura e civilização ......................................................................................... 14
2.2 A educação informal ........................................................................................................................... 16
Unidade II
3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO ESCRIBA ....... 24
3.1 Egito: berço de todas as civilizações ............................................................................................ 24
3.2 Ascensão social por meio do ofício de escriba ......................................................................... 28
4 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA ANTIGUIDADE GREGA ................................................. 29
4.1 A Grécia .................................................................................................................................................... 29
Unidade III
5 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO .................... 48
5.1 A Idade Média e o Feudalismo ........................................................................................................ 48
5.2 O Conhecimento Científico na Idade Média ............................................................................. 50
5.3 A Educação na Idade Média ............................................................................................................. 52
6 O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO ................................................................................................................. 61
Unidade IV
7 A CATEQUESE E O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO: OS JESUÍTAS, A EDUCAÇÃODA ELITE
E A REFORMA POMBALINA ............................................................................................................................. 78
7.1 Os jesuítas no Brasil............................................................................................................................. 78
8 A MODERNIDADE NO BRASIL E O PENSAMENTO EDUCACIONAL: O LIBERALISMO E A 
PROPOSTA DA ESCOLA NOVA; O MANIFESTO DOS PIONEIROS ........................................................ 82
7
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
A disciplina História da Educação está dividida em quatro unidades.
Na primeira, faremos uma reflexão em torno da importância do estudo da História da Educação 
e, para tanto, procuraremos entender alguns conceitos fundamentais, tais como: o que é História? O 
que é Educação? Quais as relações entre História, Educação e sociedade? Estas reflexões iniciais têm o 
objetivo de fazê-lo perceber que a disciplina História da Educação não é algo maçante e monótono, 
mas sim algo vibrante e dinâmico, capaz de colaborar com o desenvolvimento da consciência crítica e 
de nos proporcionar uma melhor compreensão do mundo em que vivemos. Ainda na primeira unidade, 
abordaremos aspectos da educação, da sociedade e da cultura entre os povos primitivos com a intenção 
de perceber de que forma as diferentes formações sociais, no tempo e no espaço, elaboram diferentes 
sistemas educacionais. Aliás, este objetivo estará presente em todas as unidades.
Na Unidade II, estudaremos a educação, a sociedade e a cultura no Antigo Egito e na Grécia Clássica. 
O Antigo Egito, berço de todas as civilizações, nos oferece elementos muito importantes para pensarmos 
as transformações nos processos educacionais. Nesta sociedade já poderemos perceber a educação 
como forma de ascensão social por meio da formação do escriba. A Grécia Clássica, por sua vez, teve 
importância decisiva na formação cultural da civilização ocidental, sendo que os conceitos de educação 
elaborados neste período exerceram influência fundamental nos teóricos posteriores e ainda hoje se 
fazem sentir em obras clássicas dedicadas à Educação.
Na Unidade III, estudaremos a educação, a sociedade e a cultura da Idade Média ao Iluminismo. 
Nesta unidade, perceberemos especialmente a influência da Igreja Católica nos rumos e destinos do 
conhecimento, da ciência e da educação. Veremos ainda de que forma a educação é moldada para 
atender os interesses da sociedade e como os controles políticos, religiosos e ideológicos começam a 
ser abalados pelo Renascimento e Iluminismo, com a finalidade de percebermos como a educação pode 
estar comprometida com estes ideais.
 Na Unidade IV, abordaremos a História da Educação no Brasil em dois momentos distintos: o primeiro 
momento, da colonização, marcada especialmente pela monocultura e pelo modelo econômico agrário, 
exportador dependente e a ação pedagógica dos jesuítas; e o segundo momento, o da modernidade no 
Brasil e a formação do pensamento educacional brasileiro, especialmente por meio da reflexão em tornodas propostas da Escola Nova e do Manifesto dos Pioneiros 
Os tópicos desta disciplina são apresentados de forma didática e trazem indicações de como você 
poderá encontrar mais informações acerca das principais ideias abordadas.
 Esperamos que você possa tirar o máximo proveito das reflexões contidas neste material!
Bons estudos!
8
INTRODUÇÃO
A importância e o entendimento do estudo de história da educação: entendendo conceitos
Estamos prestes a iniciar nossos estudos referentes à História da Educação e você poderia ter 
dúvidas quanto à importância de estudar sobre aquilo que já passou e está tão distante da nossa 
realidade atual. Primeiramente, vamos pensar um pouco acerca do significado de história. Se você 
está pensando numa história maçante, cheia de datas e acontecimentos para serem lidos e decorados, 
esqueça!
Agora vamos pensar a história em um sentido mais amplo, mais vibrante e mais vivo.
Inegavelmente a história refere-se ao passado, mas é muito mais do que isto! Nós somos feitos de 
história, somos seres históricos. Sabemos como somos porque conhecemos nossa trajetória ao longo do 
tempo. Conhecemos tanto os detalhes quanto os momentos importantes de nossas vidas. Conhecemos 
o que nos faz ser como somos e sabemos que nos transformamos ao longo do tempo. Por experiência, 
evitamos as circunstâncias que podem nos levar ao sofrimento, bem como trabalhamos para engendrar 
situações que possam nos favorecer.
E não são apenas as pessoas que têm uma história. Tudo o que conhecemos tem uma história 
também: o livro que lemos, a moda que vestimos, o celular ou o computador que usamos, a maneira de 
fazermos ciência, arte, literatura, religião, enfim, tudo o que compõe a nossa sociedade.
A História, portanto, refere-se basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se 
organizam, se adaptam e transformam o ambiente em que vivem ao longo do tempo.
Estudar história pode ser uma experiência fascinante, pois nos possibilita refletir sobre a vida dos 
seres humanos, ou seja, de pensarmos sobre como o homem viveu e como vive em diversos momentos e 
em diversas sociedades. É interessante analisarmos como, ao longo dos anos, os homens pensam, como 
oram a Deus, o que consideram sagrado ou profano, como trabalham, se divertem, o que os faz vibrar 
de amor ou de ódio, de alegria ou tristeza, de esperança ou desespero.
Enfim, por meio da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formaram, como 
se desenvolveram e como se transformaram:
As transformações são a essência da História; quem olhar para trás, na 
História de sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos 
constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a 
sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que se percebe as 
mudanças” (BORGES, 2003, p. 50).
História, portanto, refere-se, sobretudo, a uma forma de reflexão e análise que nos permite pensar 
os acontecimentos do passado, não como simples narrativa enfadonha e monótona, mas com o objetivo 
de entender o desenvolvimento humano atual, de compreender de que forma os acontecimentos 
contribuíram na formação de nossas atuais condições de vida.
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No entanto, conceituar história não é uma tarefa simples. Há diversas perspectivas, tendências 
e modelos teóricos. Não temos, portanto, a intenção de elaborar nem de oferecer um conceito que 
seja acabado e que contenha esta diversidade. Porém, é fundamental entendermos que, apesar desta 
diversidade, a história pode ser considerada uma ciência que estuda tudo que tem relação com a vida 
do homem: suas atividades (laboral, lúdica, científica, religiosa etc.), suas preferências, suas maneiras de 
ser, fazer e agir. Como podemos perceber no trecho que se segue:
A história é o registro da sociedade humana, ou civilização mundial; 
das mudanças que acontecem na natureza dessa sociedade (...); de 
revoluções e insurreições de um conjunto de pessoas contra outro (...); 
das diferentes atividades e ocupações dos homens, seja para ganharem 
seu sustento ou nas várias ciências e artes; e, em geral, de todas as 
transformações sofridas pela sociedade (...) (KALDUN, In: HOBSBAWN, 
1998, p. 25).
Desta forma, podemos perceber que estudar a história nos leva a uma melhor compreensão do 
mundo em que vivemos, proporcionando-nos o entendimento de que as atuais formações sociais, 
políticas, econômicas, jurídicas, educacionais etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na 
forma como foram sendo organizadas ao longo do tempo. Os acontecimentos atuais, portanto, tem 
causas que podem ser identificadas no passado, assim como podem projetar consequências no futuro. 
Este conhecimento é fundamental, pois nos faz interpretar melhor a realidade que nos cerca, aguçando 
o espírito crítico.
Portanto, estudar história não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que 
isto, os estudos históricos nos possibilitam entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a história 
tem relações tanto com o presente quanto com o passado.
Portanto, a disciplina História da Educação tem como preocupação central a reflexão crítica em 
torno do processo educativo ao longo do tempo e do espaço. A partir da era primitiva até a idade 
contemporânea, do Egito ao Brasil.
Para que possamos provocar tal nível de reflexão, é fundamental que o aluno compreenda o 
desenvolvimento da educação através do tempo e de diversos povos e épocas, não apenas como leitura 
passiva ou simples relato cronológico acerca das diferentes tradições educativas, mas, sobretudo, que 
consiga compreender que a história das sociedades e o processo educativo são inseparáveis.
Portanto, é fundamental que se provoque o questionamento acerca do contexto social, histórico 
e cultural em que se formam as diferentes concepções de educação, a fim de provocar a reflexão 
em torno das possibilidades que foram engendradas ao longo do tempo e que contribuíram para 
a exclusão social das camadas menos favorecidas e dominadas nas diferentes épocas estudadas. A 
disciplina deve, ainda, conduzir a percepção de que se a educação pode ser usada para a manutenção 
do poder e das relações de dominação social, pode, também, contribuir com a transformação de tais 
relações.
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De tudo que afirmamos até agora, devemos salientar que o entendimento de História deve ser 
construído a partir dos seguintes aspectos:
• A História se refere basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se organizam, se 
adaptam e transformam o ambiente em que vivem (social e natural) ao longo do tempo.
• Por meio da reflexão histórica, entendemos como as diferentes sociedades se formam, como se 
desenvolvem e como se transformam.
• A História não é simples relato de fatos passados, mas, sobretudo, refere-se a uma forma específica 
de reflexão e análise que nos permite pensar como os fatos e acontecimentos podem contribuir 
para a formação das nossas atuais condições de vida.
• A História nos leva a uma melhor compreensão do mundo em que vivemos, proporcionando-nos 
o entendimento de que as atuais formações sociais, políticas, econômicas, jurídicas, educacionais 
etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na forma como foram sendo organizadas 
ao longo do tempo.
• A História não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que isto, 
possibilita-nos entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a História tem relações tanto 
com o presente quanto com o passado.
Se os estudos históricos têm esta potencialidade, é possível que você já tenha percebido o quanto 
é importante estudarmos a história da educação. Já podemos, por exemplo, esboçar a ideia de que o 
estado atual da educação, em nosso país ou no mundo, tem sido pensado e organizado ao longo do 
tempo.
 Saiba mais
Para saber mais, você poderá recorrer ao excelente verbete “a história 
e o espíritohistórico” in: SARAIVA, A. J., Dicionário critico. Martins Fontes: 
São Paulo, 2001.
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1 O QUE É EDUCAÇÃO?
Mas, para atender os objetivos descritos acima, além de todo o desenvolvimento de um conteúdo 
programático cuidadosamente elaborado, precisamos entender não apenas o que é história, mas também 
o que é educação.
Por educação entendemos a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o 
propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica e ampla de uma 
sociedade sobre as gerações jovens com o objetivo de conservar e transmitir a existência coletiva 
(LUZURIAGA, 2001).
Obviamente, a educação constitui o ser humano, ou seja, está presente em sua vida desde o nascimento 
até a morte. Não nascemos seres humanos prontos e acabados, ao contrário, precisamos construir nossa 
natureza, e o fazemos, sempre e necessariamente, por meio da aprendizagem, em contato com o sentido 
de educação presente em determinada ordem cultural e social.
Portanto, não podemos deixar de perceber que o significado de educação está intimamente 
ligado à visão de mundo, de sociedade e de homem que são adotados e que permeiam determinada 
sociedade em determinado tempo. Portanto, a prática educativa não é uma prática neutra, ou 
seja, possui uma inegável natureza política. Não é uma prática desinteressada, desligada das 
relações de poder e de dominação. Uma educação comprometida com as relações de poder 
pode colaborar para a preservação de uma sociedade injusta, que promove e aprofunda as 
desigualdades.
Durkheim, por exemplo, afirma que para cada sociedade existe um tipo de educação. A educação, 
portanto, teria suas diferenças nascidas das necessidades próprias de determinado sistema social, ou 
seja, dependeria da organização social, política e econômica, estabelecida por uma sociedade ao longo 
do tempo:
(...) cada tipo de povo tem um tipo de educação que lhe é próprio, e que 
pode servir para defini-lo, tanto quanto sua organização moral, política e 
religiosa (DURKHEIM, 2001, p. 18).
Mas, se a educação pode servir para a manutenção do statu quo, para a conservação da ordem 
econômica, social e política, pode, também, ser um instrumento de transformação. A educação, 
portanto, pode concorrer para conservar e reproduzir a sociedade, para reformá-la ou para 
transformá-la.
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 Observação
Statu quo é uma expressão latina que designa o estado atual das 
coisas, em qualquer momento. Na maioria das vezes em que é utilizada, a 
expressão aparece como “manter o statu quo”, “defender o statu quo” ou, 
ao contrário, “mudar o statu quo”.
No entanto, não devemos pensar a educação como sendo a “solução mágica” para todos os problemas 
sociais, mas devemos estar alertas para a relação de reciprocidade existente entre ambas, ou seja, para o 
fato de que uma pode influenciar a outra. Esta reciprocidade nos aponta para o fato de que a educação 
pode colaborar com a construção de uma sociedade mais justa e democrática, e é evidente que uma 
sociedade mais justa e democrática contribui com o estabelecimento de uma educação de qualidade, 
mais sólida e eficiente.
O tema da educação ganhou visibilidade por motivações diversas: por ser um direito humano, por 
ser base para o crescimento econômico, por auxiliar na conquista de outros direitos, por melhorar a 
distribuição de renda, por permitir alcançar melhores empregos etc. Todas são motivações reais, mas 
apenas em parte, pois a educação, por si só, tem suas limitações. Por exemplo: não há, na história da 
humanidade, um país cuja população tenha conquistado escolaridade básica de qualidade sem intensa 
melhoria nas suas condições de vida (HADAD, 2010).
A educação é algo prioritário em uma sociedade, tanto que compõe o rol dos direitos humanos e é 
reconhecida e assegurada tanto em âmbito nacional como internacional. Em 2000, na Conferência Mundial 
de Educação, no Senegal, estabeleceu-se um novo acordo aceito por grande parte dos países presentes, 
inclusive pelo Brasil. Esse acordo determinou que, em 2015, todas as crianças deverão ter acesso à escola 
primária de qualidade e deverá existir a cobertura das necessidades de aprendizagem para jovens e adultos, a 
melhoria dos níveis de alfabetização de adultos em 50% e a conquista da equidade de gênero.
 Saiba mais
Você poderá encontrar mais informações em Educação: um tesouro 
a descobrir – relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre 
Educação para o século XXI, disponível em http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/ue000009.pdf.
Conforme o que foi exposto acima, podemos entender que Educação pode ser pensada a partir dos 
seguintes aspectos:
• O significado de educação está intimamente ligado às visões de mundo, sociedade e homem, que 
são adotadas e que permeiam determinada sociedade em determinado tempo.
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• A prática educativa não é uma prática neutra, desinteressada, desligada das relações de poder e 
de dominação.
• Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação de 
uma sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades.
• A educação pode, também, ser um instrumento de transformação e libertação de uma sociedade, 
colaborando com a construção de uma sociedade mais justa e democrática.
• Há uma relação de reciprocidade entre educação e sociedade, ou seja, uma pode influenciar a 
outra, mas educação não é uma solução mágica para todos os problemas sociais.
Como vimos anteriormente, a educação é um produto histórico, presente na vida humana desde os 
primórdios da humanidade, que vem se transformando ao longo do tempo. Portanto, para entendermos 
a educação atual, é necessário conhecer a história da educação. De fato, esse conhecimento nos torna 
mais capazes de compreender os rumos da educação na atualidade. Mas, além disso, o conhecimento 
histórico procura pensar o passado em suas diferenças em relação ao presente e nos auxilia na formação 
da dúvida metódica em relação às situações educativas da atualidade, dúvida que é adequada ao 
desenvolvimento do espírito científico e da pesquisa.
 Observação
O passado como passado não é nosso objetivo. Se fosse completamente 
passado, não haveria mais do que uma atitude razoável: deixar que os 
mortos enterrassem os mortos. Mas o conhecimento do passado é a chave 
para entender o presente (DEWEY, In: LUZURIAGA, 2001, p. 09).
1.1 Por que estudar História da Educação?
Estudar a história da educação é a maneira ideal para contribuir com a melhora da educação atual, 
pois, por meio desse estudo podemos conhecer os percalços enfrentados com as reformas já realizadas, 
as armadilhas das ideias ilusórias e irrealizáveis e da resistência antidemocrática que as ideias inovadoras 
possam ter enfrentado.
É fundamental estudar a história da educação, atentando-se para alguns pontos fundamentais 
no que se refere ao papel desempenhado pela educação nas diferentes organizações da sociedade: a 
relação entre Estado e sociedade civil, o papel do Estado e sua representatividade, o modelo educacional 
desenvolvido para os trabalhadores, e o modelo desenvolvido para as elites e o ideal de homem cidadão. 
O estudo da história deve possibilitar compreender as relações de poder e os mecanismos de exclusão 
que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais, para alavancar mudanças que 
possibilitem a superação das condições sociais.
O estudo da história da educação se revela extremamenteimportante à medida que possibilita aos 
estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza de ideias e a reflexão crítica.
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Segundo o exposto acima, podemos esquematicamente elencar alguns pontos fundamentais do 
estudo de História da Educação:
• Sem os estudos de história da educação não conseguimos entender os processos educacionais atuais.
• Sem os estudos de história da educação não é possível contribuir com a melhoria da educação 
atual.
• O estudo da história deve possibilitar a compreensão das relações de poder e os mecanismos de 
exclusão que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais.
• O estudo de história da educação possibilita aos estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza 
de ideias e a reflexão crítica.
 Saiba mais
Para entender mais sobre a importância dos estudos de História 
da Educação, consulte: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-24782006000200011> e GENNARI, E. Um breve passeio 
pela História da Educação. Disponível em: <http://www.espacoacademico.
com.br/029/29cgennari.htm>. Acesso em: 24 mai. 2011.
2 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS
2.1 A distinção entre cultura e civilização
Refletir sobre educação, sociedade e cultura entre os povos primitivos da Pré-História pode parecer 
estranho. Afinal, como se adquire estas informações? Como estes conhecimentos são recolhidos? Como 
chegaram até os dias de hoje? Podemos confiar neste tipo de informação?
Primeiramente, devemos esclarecer que a designação “povos primitivos” se refere muito mais às 
características socioculturais destes povos do que à sua localização no tempo. Portanto, “povos primitivos” 
existiram na Pré-História e existem ainda hoje. A diferença é que, na Pré-História, toda humanidade 
era formada por “povos primitivos”, enquanto que hoje estão quase extintos. Os “povos primitivos” da 
atualidade são, por exemplo, as tribos indígenas no Brasil e as diversas comunidades tribais na África e 
na Oceania, que são assim consideradas em função de sua organização social.
Portanto, uma das melhores fontes para se entender de que forma se processava a educação nas 
comunidades primitivas da Pré-História é por meio do estudo destas comunidades existentes ainda 
hoje. Mas também são recolhidas informações pelos estudos feitos por paleontólogos, arqueólogos, 
antropólogos e historiadores que se baseiam na análise de documentos não escritos, como restos de 
armas, utensílios, pinturas, desenhos e ossos.
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Mas uma coisa é certa: a educação existe desde o momento em que os seres humanos existiram. Por 
que podemos fazer esta afirmação tão categoricamente? Principalmente porque o homem é um ser que 
não nasce pronto, ou seja, ele precisa aprender a tornar-se homem e este aprendizado só pode ocorrer 
no contato social com outros homens. A ordem social e cultural na qual nascemos é que nos ensina a 
sermos “seres humanos”. O homem somente é capaz de construir a “condição humana” se estiver em 
contato com uma ordem humana, com uma cultura e com outros humanos, por meio de um processo 
de socialização ou endoculturação, ou seja, por meio da educação dentro do próprio grupo.
Neste sentido, não apenas a educação existe desde que existe o homem, como também a sociedade 
e a cultura.
Assim como é impossível que o homem se desenvolva como homem no 
isolamento, igualmente é impossível que o homem isolado, produza um 
ambiente humano. (...) logo que observamos fenômenos especificamente 
humanos entramos no reino do social (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 75).
Nesta colocação, o termo “cultura” deve ser entendido no sentido mais amplo, como nos ensina 
Taylor:
Tomado em seu amplo sentido etnográfico cultura é este complexo que inclui conhecimentos, 
crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem 
como membro de uma sociedade (TAYLOR, In: LARAIA, 2001, p. 28).
Fica claro, portanto, que educação, sociedade e cultura existem desde o surgimento do homo sapiens, 
cujo aparecimento é datado nos livros e compêndios de antropologia e biologia em torno de 35000 a.C. 
Mas vamos nos ater ao período denominado por Pré-História.
A Pré-História normalmente é identificada como sendo um período histórico anterior ao aparecimento 
da escrita, ou ainda, anterior ao aparecimento das civilizações. Ou seja, 4000 a.C, pois foi neste período 
que os sumérios desenvolveram a escrita.
Desta forma, não podemos confundir cultura com civilização. Podemos afirmar que cultura é algo 
pertencente a toda humanidade, está presente entre todos os grupos humanos, sejam eles considerados 
primitivos ou civilizados. A capacidade de fazer cultura é exclusiva dos seres humanos e é esta 
característica que nos diferencia dos demais animais. Aprendemos com o antropólogo Edward Taylor que 
cultura é este todo intrincado que comporta arte, religião, moral, valores, costumes, crenças, linguagem, 
ciência, instituições (Estado, escola, família) etc. É a cultura que nos fornece a rede de significados com 
a qual damos sentido ao mundo que nos cerca. Nesse sentido, percebemos que todo grupo humano, 
por ser humano, obrigatoriamente tem cultura. Mas, o que podemos entender por civilização? De uma 
maneira geral, devemos entender civilização como sendo um determinado estágio de desenvolvimento 
cultural em que se encontra determinado povo ou sociedade. Este desenvolvimento é normalmente 
representado pelo grau alcançado pela tecnologia, economia, arte e ciência. É comum, por exemplo, 
se referir a um povo como sendo “uma civilização” se o mesmo já alcançou o desenvolvimento da 
escrita. Assim, o desenvolvimento da escrita, a construção de cidades, o desenvolvimento de artefatos, o 
desenvolvimento da arte e da ciência etc. caracterizam o surgimento de uma civilização.
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 Saiba mais
Para saber mais acerca da distinção entre cultura e civilização, 
consultar: ELIAS, N. Sociogênese da diferença entre “Kultur” e “zivilisation” 
no emprego alemão. In: O processo civilizador: uma história dos costumes. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p.23-64. 
2.2 A educação informal
Podemos dividir a Pré-História em dois períodos principais: Idade da Pedra Lascada (Paleolítico), 
momento em que os homens são nômades e caçadores e Idade da Pedra Polida (Neolítico), momento 
em que o homem já domina as técnicas agrícolas e é sedentário.
Estas duas formas de ganhar a vida, pela caça ou pela agricultura, vão modelar sistemas sociais 
diferentes, que por sua vez vão precisar de modelos diferentes de educação. Apesar das diferenças que 
logo vamos apontar, a educação nestes dois períodos é uma educação para a vida, para a sobrevivência. 
É uma educação informal, difusa, natural e espontânea.
Uma educação natural, espontânea, inconsciente, adquirida na convivência 
de pais e filhos adultos e menores. Sob a influência ou direção dos maiores, o 
ser juvenil aprendia as técnicas elementares necessárias à vida: caça, pesca, 
pastoreio, agricultura e fainas domésticas (LUZURIAGA, 2001, p. 14).
Este tipo de educação, presente na Pré-História, é um tipo que permeia todos os períodos da vida 
humana. A educação informal ou primária, ou seja, a socialização que acontece no seio da família, é 
sempre uma educação mais livre, difusa e feita por meio de imitação. Entretanto, na Pré-História esta é 
a única forma de educação.
Assim, a educação informal é o processo pelo qual o indivíduo aprende a ser membro de 
determinadasociedade, internalizando suas regras, costumes, hábitos, crenças, moral etc. Também 
pode ser designada de socialização ou endoculturação. Por meio da educação informal acontece o 
aprendizado dos sistemas de valores, dos modos de vida, das representações, dos papéis sociais e dos 
modelos de comportamento, enfim, da cultura de uma determinada sociedade. A educação informal 
nunca se completa no sentido de ter um final, pois estamos sempre aprendendo. Ela, portanto, 
acontece diariamente e sem planejamento específico. Não é um processo direcionado nem conduzido, 
de tal forma que todos os momentos da vida podem apresentar situações de aprendizagem. Deste 
modo, fica claro que a educação informal é bem diferente da educação formal, que, ao contrário, é 
planejada, envolve uma organização formal, é um processo direcionado e conduzido com a função 
de prover e monitorar a aprendizagem concentrando-se em conhecimentos e habilidades específicas 
com começo, meio e fim.
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A educação informal existe em todos os tempos e lugares e é extremamente importante não apenas 
para a integração dos indivíduos em suas sociedades, mas, também, para a manutenção e preservação 
das mesmas. Acontece, preferencialmente, no ambiente do lar, na família, que é considerada a instituição 
mais importante neste tipo de aprendizagem, no entanto, esse tipo de educação prossegue com os 
vizinhos, amigos ou em grupos de trabalho.
A diferença entre educação informal e formal
Quadro 1
Educação informal Educação formal
Processo contínuo, não institucionalizado nem 
direcionado, de aquisição das regras, costumes, 
hábitos, crenças, moral, conhecimentos e 
habilidades pertinentes a uma sociedade.
Educação planejada intencionalmente, 
estruturada, organizada e 
sistematizada. Ocorre em espaços 
organizados.
 Saiba mais
Para saber mais sobre educação formal e informal, consultar: GASPAR, A. 
A educação formal e a educação informal em ciências. Disponível em: <http://
www.casadaciencia.ufrj.br/Publicacoes/terraincognita/cienciaepublico/
artigos/art14_aeducacaoformal.pdf>. Acesso em 24 mai. 2011.
A transformação social, aos poucos, “pede” uma nova forma de educação e esta também se 
transforma. Como já afirmamos anteriormente, existe uma reciprocidade entre sociedade e educação. 
Assim, a educação de uma sociedade, em uma determinada época, busca suprir as necessidades e 
exigências vividas.
Durante o período Paleolítico, o homem era um caçador nômade que não conhecia a guerra e 
vivia livremente coletando frutos, folhas e raízes que a natureza lhe oferecia. Não havia necessidade 
de disciplina rígida para este tipo de aprendizado, portanto a educação acontecia basicamente em 
nível de socialização e/ou socialização primária, que é, essencialmente, uma educação informal, 
espontânea, sem contornos rígidos, cuja finalidade é preparar o indivíduo para a sobrevivência 
básica.
Entre os nômades, povo caçador e coletor por excelência, era muito provável que a educação 
dos filhos tivesse sido bem livre, sem rigidez e praticamente sem disciplina. Estes povos viviam em 
comunidades tribais de forma coletiva, ou seja, não conheciam a propriedade privada nem as riquezas 
particulares, portanto não conheciam a arte da guerra. Não conhecendo a guerra, também, não 
conheciam a necessidade da disciplina imposta pela mesma. Talvez, por isso, faltava-lhes disciplina em 
outros aspectos da vida, tal como na educação. O próprio gênero de vida (nômade, caçador e coletor) 
é por si só um gênero instável que não requer muita ordem ou disciplina, sugerindo que a formação 
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e o estabelecimento de hábitos morais e intelectuais mais rígidos não tenham sido muito cultivados. 
No entanto, neste período da Pré-História, no Paleolítico, as pinturas rupestres são consideradas mais 
notáveis, principalmente as da caverna de Altamira, na Espanha.
Os dicionários Aurélio e Houaiss nos informam que o termo rupestre refere-se às inscrições gravadas 
em rochas. Logo, arte ou pintura rupestre significa arte gravada em rocha. É um tipo de pintura feita 
pelos homens da época pré-histórica. Os homens usavam as paredes das cavernas como telas e ali 
imprimiam sentimentos variados. Os desenhos podiam ser utilizados como forma de comunicação, já 
que não dominavam a escrita. Para colorir usavam aquilo que a natureza podia oferecer, tais como 
extrato de folhas, frutos, terra, sangue e carvão. Retratavam cenas da vida diária, tais como as caçadas, 
os rituais, os animais etc. Este tipo de arte podia, ainda, representar sonhos, ideias sobre a vida e a morte, 
o céu e a terra.
A arte rupestre parece ter sido a primeira forma encontrada pelo ser humano de deixar gravada sua 
presença pela terra. Existem vários sítios arqueológicos contendo Arte rupestre pelo mundo (na Europa, 
na África, na Ásia, na América e na Oceania). No Brasil, o Parque Nacional da Serra da Capivara, no 
município de São Raimundo Nonato, no Piauí, possui um dos maiores exemplos deste tipo de arte.
Locais com pinturas rupestres no Brasil:
• Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (Piauí)
• Parque Nacional Sete Cidades (Piauí)
• Cariris Velhos (Paraíba)
• Lagoa Santa (Minas Gerais)
• Rondonópolis (Mato Grosso)
• Peruaçu (Minas Gerais)
 Saiba mais
Para saber mais, você pode consultar a página da Fundação Museu do 
Homem Americano, disponível em: http://www.fumdham.org.br/pinturas.asp.
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Figura 1 – Pintura rupestre: desenho na caverna de Altamira, na Espanha, feito há 14-16 mil anos.
No período Neolítico, o homem já dominava as técnicas de agricultura e domesticação de animais. 
Este domínio permitiu organizar a vida de forma fundamentalmente diferente da organizada até então. 
Isto nos sugere que a educação passou por profundas mudanças. Deixar de ser nômade, fixar residência, 
bem como o dominar as técnicas agrícolas e do manejo dos animais imprimiram outro ritmo e outras 
necessidades à vida social. Tornou-se imperioso o aprendizado em relação à construção de residências 
mais sólidas, uma vez que necessitavam ser fixas, além de todos os aprendizados necessários em relação 
à agricultura e ao pastoreio, tais como o conhecimento dos fenômenos meteorológicos, do cultivo e 
da germinação das plantas e do cuidado com os animais. Estes são conhecimentos que deverão ser 
rigorosamente transmitidos às novas gerações.
Com este tipo de organização social, estes povos passaram a possuir propriedades privadas, tais 
como a roça, os animais, a casa etc., portanto é bem provável que já dominassem a arte do ataque e da 
defesa, ou seja, a arte da guerra. Para tanto, tiveram que desenvolver um aprendizado baseado em um 
tipo disciplina mais rígida que os preparassem para o uso de armas, como o arco e a lança. Prevaleceu, 
ainda, a socialização primária, ou seja, a educação espontânea, informal, centrada no seio familiar, mas 
direcionada para o manejo das práticas agrícolas, para o cuidado com os animais e para o uso de armas. 
Portanto, esta é uma educação mais rígida e disciplinadora.
É possível que, neste período, tenha ocorrido a iniciação dos efebos (educação de jovens para a 
guerra, longe das famílias). Temos a seguinte descrição desta prática:
Os meninos são tomados da família e da aldeia, reunidos em grupo e submetidos 
durante semanas, em lugares solitários, em montes e bosques, em cabanas ou em 
tendas construídas de propósito, a todo um sistema de exercícios e provas. O sentido 
mais profundodestas práticas é a disciplina da alma, cura anímica preparatória 
para o renascimento na iniciação; esta serve para a expulsão dos maus demônios 
e para a aquisição do caráter masculino. Os exercícios são: danças, ascetismo, 
mortificações que provocam estados anímicos e êxtases passageiros. Mas também 
se praticam exercícios de toda classe com finalidade racional: caçadas, exercícios 
de armas, corporais, de desmonte e plantação. A direção de tudo isto pode ser 
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confiada ao chefe, a um mago sacerdote, ou também a um ancião experimentado 
e distinto (KRIECK apud LUZURIAGA, 2001, p. 15).
Podemos perceber, portanto, que cada época possui um tipo de educação, cujo objetivo é atender às 
necessidades de cada período da história. A educação foi se modificando de acordo com a organização 
social, com as novas exigências da vida em sociedade e com as novas conjunturas históricas. Enquanto a 
natureza provê ao homem o seu próprio sustento ou enquanto não há distinção de classes, nem comércio 
e nem escrita, a educação permanece no nível da socialização primária, que é uma educação universal e 
integral. Adultos e crianças aprendem com a vida e para a vida. Este aprendizado é transmitido para as 
futuras gerações de forma difusa e informal, por meio da coparticipação e da imitação.
De forma geral, podemos afirmar que, durante a longa Pré-História, todo processo educacional foi 
calcado na educação informal e na socialização primária. Mesmo com as diferenças surgidas no período 
Neolítico, a educação informal é fundamental, pois as diferenças só vão ser acentuadas no final deste 
período, provocando novas mudanças. O certo é que ainda não havia a figura do professor ou de alguém 
que pudesse exercer função parecida. A educação era exercida por todos os componentes do clã, seja 
este clã nômade ou agricultor. Normalmente a responsabilidade maior recaía sobre os anciões, que eram 
os mais experientes e sábios, no entanto, todos eram participantes. A educação era feita por meio da 
transmissão oral de tudo que era considerado importante para a preservação do grupo.
Podemos perceber que de certa forma já começa a ser delineada a forma como a educação vai se 
estabelecer entre os chamados povos civilizados, ou seja, de um lado a educação básica, a socialização 
primária no seio da família, e de outro a educação “profissional”, técnica e militar.
 Resumo
A história não deve ser entendida como simples relato de fatos passados, 
mas, sim, como uma forma específica de reflexão e análise que nos permite 
pensar quais fatos e acontecimentos passados podem contribuir para o 
entendimento de nossa realidade atual, seja ela política, econômica, jurídica 
ou educacional.
Existe uma relação de reciprocidade entre sociedade e educação, 
de tal forma que uma pode influenciar a outra. Portanto, cada época e 
cada sociedade possuem um tipo de educação, cujo objetivo é atender às 
necessidades de cada período da história, ou seja, a educação se modifica 
de acordo com as diferentes conjunturas históricas e sociais.
Desta forma, durante toda a Pré-História, a educação permaneceu no 
nível da socialização primária. Sendo considerada uma educação informal, 
universal e integral, cujo aprendizado é transmitido para as futuras gerações 
de forma difusa, por meio da coparticipação e da imitação. Não havia a 
figura do professor ou de alguém que pudesse exercer função parecida.
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 Exercícios
Questão 1 (ENEM 2010).
“Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
A Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?”
(BRECHT, Bertolt. Perguntas de um trabalhador que lê).
Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória 
construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de 
que:
A) Os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos 
históricos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
B) A História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou governantes das civilizações 
que se desenvolveram ao longo do tempo.
C) Os grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está 
vinculada aos governantes das sociedades que os construíram.
D) Os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de 
sociedades antigas e distantes no tempo.
E) As civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido objeto 
de pesquisas históricas.
Resposta correta: alternativa C.
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Análise das alternativas:
A) Alternativa incorreta.
Os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizam feitos 
históricos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
Justificativa:
A resposta não pode ser considerada correta, pois a crítica do autor é justamente à abordagem 
ultrapassada de História que privilegiava apenas os grandes feitos históricos. Na concepção atual, a 
preocupação é contrária à abordagem tradicional e se ocupa dos fatos do cotidiano.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A resposta não pode ser considerada correta, pois a crítica do autor é justamente à abordagem 
ultrapassada de História, que privilegiava apenas os grandes personagens históricos. Na concepção 
atual, a preocupação é contrária à abordagem tradicional, se ocupando do dia a dia das pessoas comuns 
e dos personagens esquecidos como, por exemplo, trabalhadores, mulheres e crianças.
C) Alternativa correta.
Justificativa:
A alternativa é verdadeira, pois o autor critica a abordagem da História tradicional que estava ligada 
apenas à memória dos “vencedores”, governantes, reis etc., defendendo que a História deve ser contada 
do ponto de vista dos “vencidos”, ou seja, dos trabalhadores e das pessoas comuns.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, no fragmento do texto de Brecht, não há 
referência a essa ideia, mas sim uma crítica à História que privilegia os grandes feitos e personagens.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois o fragmento do texto faz referência a civilizações 
muito pesquisadas pela História, só que através de uma abordagem dos grandes feitos e personagens e 
não na perspectiva do cotidiano do homem comum, como defende Brecht.
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Questão 2
Observe a figura a seguir e responda:
Figura 2 – Pintura rupestre
As pinturas rupestres feitas pelos homens primitivos são a origem de que tipo de produção 
humana?
A) Produção artística.
B) Produção escrita.
C) Produção religiosa.
D) Produção bélica.
E) Produção econômica.
Resolução desta questão na Plataforma.
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Unidade II
3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO 
ESCRIBA3.1 Egito: berço de todas as civilizações
Refletir sobre a educação no Antigo Egito é necessário, uma vez que parece ser consenso entre os 
estudiosos o fato de o Egito ser o “berço” de todas as civilizações. Embora a civilização ocidental, da 
qual fazemos parte, seja herdeira do mundo Greco‑Romano, tanto a Grécia quanto o Império Romano 
“beberam” das fecundas fontes do Egito. Vários livros de história nos trazem a informação de que Platão 
era um admirador da antiga sabedoria egípcia, reconhecendo no deus egípcio Thoth o inventor dos 
números, do cálculo, da geometria, da astronomia e das letras.
O que sabemos é que realmente o Egito foi fecundo na produção de conhecimentos. Quem já não 
ouviu falar dos processos de mumificação dos mortos e das monumentais pirâmides? Com certeza muito 
conhecimento teve que ser desenvolvido para que elas fossem erguidas e, mais, para que durassem 
tanto tempo, chegando até os dias de hoje.
Mas como é que os caçadores e coletores do Período Paleolítico e os agricultores do Período Neolítico 
se transformaram nos poderosos faraós do Egito? Os primeiros registros que temos acerca do Egito 
datam do ano 4000 a.C., quando caçadores nômades fixaram‑se no Vale do Nilo, nordeste da África. Aos 
poucos a tecnologia foi se desenvolvendo, o trabalho se especializando, a agricultura tornando‑se mais 
eficaz e a sociedade mais complexa. O Egito, provavelmente a civilização mais antiga da humanidade, 
desenvolveu a agricultura de forma extraordinária, graças, principalmente, ao regime de cheias do rio 
Nilo. Este povo, especializando‑se na agricultura, teve que desenvolver vastos conhecimentos para 
torná‑la cada vez mais eficaz. Com isto, o Egito desenvolveu notadamente a geometria, a astronomia, a 
matemática e as ciências úteis e necessárias para a realização das atividades práticas diárias referentes 
ao desenvolvimento da agricultura, como atesta, por exemplo, a elaboração de um eficiente calendário 
solar para prever as cheias do rio Nilo. Os trabalhos de irrigação e os conhecimentos de geometria, 
particularmente úteis para a medição de terras destinadas ao plantio e à construção das pirâmides, 
mostram‑nos o grau de desenvolvimento da engenharia praticada.
Os egípcios desenvolveram conhecimentos na área médica, identificando algumas doenças, e existe 
a evidência de que já praticavam alguns tipos de cirurgias. Possuíam, também, conhecimentos nas 
áreas de zoologia, botânica, mineralogia e geografia. Desenvolveram a escrita, mais conhecida como os 
hieróglifos, por volta de 3500 a.C.
Os antigos caçadores que se fixaram no vale do rio Nilo foram se transformando em exímios 
agricultores e desenvolveram extensos conhecimentos em torno das necessidades agrícolas. Passaram, 
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então, a dominar as técnicas de plantio e colheita de trigo, cevada, linho, algodão, legumes, frutas 
e papiro, bem como desenvolveram as práticas para a criação de bois, asnos, gansos, patos, cabras e 
carneiros e, na mineração, se destacaram na extração de ouro, cobre e pedras preciosas.
O desenvolvimento dos conhecimentos permitiu aos egípcios alcançarem uma alta produtividade 
agrícola e exercerem um eficiente controle populacional, disponibilizando recursos e mão de obra, 
o que viabilizou a construção das pirâmides e dos palácios, o desenvolvimento do artesanato, da 
ourivesaria e as guerras de expansão. Como podemos perceber, esta sociedade se tornou extremamente 
poderosa e rica, portanto, a estrutura social e cultural deste povo, marcada pelo desenvolvimento das 
atividades econômicas ligadas especialmente à agricultura, foi se tornando cada vez mais complexa. 
Desenvolveu‑se, portanto, uma sociedade de classes, dividida em diferentes camadas sociais: as que 
tinham privilégios, tais como: sacerdotes, nobres, funcionários; e as que compunham o restante da 
população: artesãos, camponeses e escravos. O governo se concretizou como um governo centralizador 
e teocrático. O faraó exercia uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de 
origem divina.
Nesse sentido, afirmamos que governo teocrático ou teocracia é um sistema de governo em que o 
poder político está fundamentado no poder religioso. Para os egípcios, a ordem social representava um 
aspecto da ordem cósmica. Assim, a realeza existiria desde o começo do mundo, pois o “Criador foi o 
primeiro Rei, transmitindo esta função ao filho e sucessor, o primeiro Faraó. Essa delegação consagrou 
a realeza como instituição divina”.
Politeístas, os egípcios acreditavam na vida após a morte e a prática religiosa, composta por muitas 
cerimônias e rituais, tinha grande destaque, valor e influência na sociedade. Como o poder político era 
fundamentado no poder religioso, podemos perceber que a religião era indissociável da vida política e 
cotidiana dos egípcios. O dia a dia era uma expressão da vontade divina e os faraós eram considerados 
e adorados como deuses encarnados. Ao faraó pertenciam todas as terras do país, portanto, todos 
deveriam lhe pagar tributos e lhe prestar serviços. Sendo ele um “deus encarnado” ninguém contestava. 
O faraó era ao mesmo tempo um “deus encarnado” e um chefe político de um Estado poderoso, portanto, 
tinha imenso poder sobre tudo e sobre todos.
Podemos pensar a sociedade egípcia como uma pirâmide cuja base é composta pelos camponeses 
livres, que eram a maioria da população, viviam nas aldeias e pagavam diversos tributos ao Estado e 
aos templos. Nesta base da sociedade ainda estavam os escravos, que se encontravam nesta condição 
por dívidas ou por dominação de outros povos por meio das conquistas militares. Quase todos eram 
de origem estrangeira e faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas. 
Acima destes havia uma camada intermediária formada pelos artesãos, trabalhadores que exerciam 
diferentes ofícios, tais como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives 
etc. Havia, ainda, os soldados que não atingiam os postos de comando, pois estes eram reservados à 
nobreza.
A classe dominante era formada pelo faraó e sua família, pelos sacerdotes, militares e altos 
funcionários do Estado, dentre eles os escribas. O faraó, soberano teocrático e centralizador, 
concentrava em suas mãos o poder político e espiritual; era cultuado como um deus vivo, filho de 
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deuses e intermediário entre estes e os homens; era a pessoa sagrada cuja autoridade absoluta não 
era e nem podia ser questionada.
Portanto, podemos perceber que na cultura egípcia o fator religioso era decisivo. A educação, 
por sua vez, estava intimamente relacionada com a religião e a cultura. Nesta sociedade de 
classes, a transmissão do conhecimento, tanto religioso como técnico, não era disponibilizada 
para todos, ao contrário, era restrita a poucos. Com a diversificação da economia, podemos 
perceber que começa a existir certa hierarquização no mundo do trabalho, ou seja, esta economia 
pede um trabalhador mais especializado e qualificado e uma educação condizente com esse 
propósito.
Manacorda nos mostra que provavelmente houve o desenvolvimento de três tipos de escolas: 
as escolas “intelectuais”, em que eram cultivados os estudos de matemática, de geometria 
e de astronomia; as escolas “práticas”, destinadas à qualificação de artesãos e treinamento 
de guerreiros, e as escolas de ciências esotéricas e sagradas, voltadas para a formação de 
sacerdotes.
O autor enfatiza a existência da educação destinada às classes dominantes, especialmente no 
que se refere à educação para a vida política, ou seja, para o exercício do poder. Esta educação 
era baseada em literaturasapiencial e tinha como objetivo o ensinamento dos comportamentos e 
da moral referentes ao exercício do poder. Literatura sapiencial é um tipo de literatura proverbial 
de sabedoria que tem uma finalidade basicamente didática. A Bíblia, por exemplo, é um livro de 
literatura sapiencial. Segundo os historiadores, este tipo de literatura foi introduzida em Israel pelo 
rei Salomão, mas, antes disso, se tem registros dessa literatura em todo o Oriente e, especialmente, 
no Antigo Egito.
Portanto, estes conselhos de sabedoria prática contêm condutas e preceitos morais intimamente 
relacionados ao modo de vida da classe dominante:
Eles contêm preceitos morais e comportamentais rigorosamente 
harmonizados com as estruturas e conveniências sociais ou, mais 
diretamente, com o modo de viver próprio das castas dominantes. Estes 
sempre foram em forma de conselhos dirigidos do pai para o filho e do 
mestre escriba para o discípulo (neste caso o termo “filho” será usado de 
qualquer forma, para indicar o “discípulo” seja este filho carnal ou não), e 
insistem na ininterrupta continuidade da transmissão educativa de geração 
em geração (MANACORDA, 2004, p. 11).
O exame da literatura sapiencial, em sua relação com a estrutura social e o momento em que a 
mesma foi produzida, pode nos fornecer um entendimento adequado acerca dos conteúdos e objetivos 
da educação, bem como da relação pedagógica entre mestre e discípulo. Manacorda conclui que a 
educação era mnemônica, repetitiva, baseada na escrita e transmitida autoritariamente do pai para o 
filho.
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 Observação
Mnemônica é uma técnica para desenvolver a memória por meio de 
processos de combinação e associação de ideias. Relativo à memória; que 
ajuda a reter na memória. Memorizar.
O conteúdo específico gira em torno dos preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria 
prática. A característica principal destes ensinamentos é que estes estão voltados para a formação 
do homem político. Sendo assim, a “arte de falar” ou o “falar bem” é um dos objetivos máximos 
deste ensino. Portanto, os temas pedagógicos fundamentais no Antigo Egito são: “educação para 
falar” e “obediência”. Devemos entender que “educação para falar” refere‑se ao exercício da oratória, 
fundamental na arte política do comando. Também devemos estar atentos para o fato de que 
comandar pressupõe a arte da obediência e, para que isso funcione, é necessário haver disciplina, 
castigo e rigor.
Assim, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito tinha as seguintes características:
• Mnemônica.
• Baseada na escrita (hieróglifos).
• Transmitida autoritariamente.
• Calcada na obediência e na disciplina: percepção do castigo como eficaz para o processo de 
aprendizagem.
• Uso de livros e textos de literatura sapiencial (preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria 
prática).
• Processo sistemático (com começo, meio, fim e objetivos).
• Institucionalizada, inicialmente sem locais rigidamente especificados para a sua transmissão, mas 
a ideia de escola já bem consolidada.
• Existência de um encarregado pela educação (escriba ou sacerdote).
• Educação de classes, portanto com conteúdos adequados aos diferentes objetivos (“intelectuais” 
ou “práticos”), ou seja, conteúdos adequados à classe dominante (formação do homem político, de 
escribas e altos funcionários) e conteúdos adequados ao povo (formação de artesãos e formação 
de guerreiros).
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Figura 3 – Escrita hieróglifa
 Saiba mais
Para saber mais acerca da escrita, do alfabeto e da gramática dos antigos 
egípcios, consultar: <http://hieroglifos.com.sapo.pt/>. 
Resumidamente, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito primava pelo desenvolvimento da fala, 
no sentido da arte da oratória, da obediência e da moral. Isso acontecia dentro de um rígido regime disciplinar 
em que a punição e o castigo eram frequentemente utilizados para quem não aprendia corretamente.
3.2 Ascensão social por meio do ofício de escriba
O escriba do Antigo Egito era um perito na escrita em um tempo e lugar em que bem poucos 
detinham esse conhecimento. Além de funcionário da administração, ele era mestre dos filhos das 
castas dominantes, e também dos filhos dos reis e faraós. A profissão de escriba se apresentava aos 
jovens e à sociedade em geral como extremamente promissora e vantajosa, portanto, era claramente 
uma forma de ascensão social. Assim, lemos em Manacorda:
“Quanto ao escriba, ele nunca sairá do bem‑estar, e em qualquer lugar onde 
ele morar não haverá mais necessidade” (MANACORDA, 2004, p. 22).
A literatura disponível nos informa que a ideia de trabalho manual como sendo um trabalho menor, 
inferior e desgastante em contraposição com o trabalho intelectual, especialmente do escriba, parece 
ser bastante comum, como nos informa a passagem abaixo, recolhida do trabalho de Manacorda:
“Nunca vi um cortador de pedras enviado como mensageiro, nem um ourives. 
Mas vi o ferreiro em seu trabalho, à boca da fornalha, fedendo mais do que 
ovas de peixe” (MANACORDA, 2004, p. 23).
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Nessa passagem há, claramente, um repúdio às profissões artesanais, ao trabalho manual, enquanto 
que na passagem seguinte observamos um enaltecimento à profissão de escriba:
“Mostrar‑te‑ei sua verdadeira beleza: ela (a profissão de escriba) é a maior 
de todas as profissões e não existe outra semelhante a ela neste país. (...) Eis 
que não existe nenhuma profissão sem que alguém te dê ordens, exceto a de 
escriba, porque é ele que dá as ordens. Se souberes escrever, estarás melhor 
do que nos ofícios que te mostrei. (...) Sê escriba: este ofício salva da fadiga e 
te protege contra qualquer tipo de trabalho. Por ele evitas carregar a enxada 
e a marra e dirigir um carro. Ele te preserva do manejo do remo e da dor 
das torturas, pois te livra de números, patrões e superiores. (...) O homem sai 
do seio de sua mãe e corre para o seu patrão. Mas o escriba chefia todos 
os tipos de trabalho neste mundo. (...) Sê escriba para que teu corpo se 
conserve liso e tuas mãos logo não se cansem e, assim, tu não queimes como 
uma lâmpada” (apud MANACORDA, 2004, p. 24).
Em uma sociedade como a egípcia, fortemente marcada pelas desigualdades sociais e com pouca 
mobilidade social, estes relatos podem nos indicar que dominar a escrita e o conhecimento eram formas de 
ascender socialmente. Já encontramos na antiguidade egípcia, portanto, elementos que nos mostram que 
o sábio, o intelectual ou aquele que detém o conhecimento é sempre diferenciado em relação aos demais. 
Percebemos, também, que deter conhecimentos é uma forma de exercer poder sobre os outros.
4 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA ANTIGUIDADE GREGA
Inicialmente, devemos esclarecer que o termo Antiguidade Clássica refere‑se a um período da 
história humana que aconteceu especificamente na Europa, portanto, quando falamos em Antiguidade 
Clássica, estamos nos referindo aos acontecimentos que se desenrolaram na Europa, na Grécia e em 
Roma.
Este período compreende o século VIII a.C. e se estende até, aproximadamente, o século V d.C. Esta 
periodização, que é feita muito mais no sentido didático, coloca como marco do início deste período 
o surgimento, na Grécia, da poesia de Homero e, como marco do final do período, a queda do Império 
Romano no ano 476 da era cristã.
Como já indicamos anteriormente, o Egito foi o berço cultural de nossa civilização, que, por sua vez, 
é herdeira dos ideais greco‑romanos no que se refereao conhecimento, à ciência e à cultura. Dos povos 
da Antiguidade, foram os gregos e os romanos que tiveram maior influência na formação da civilização 
ocidental. Portanto, é fundamental entendermos estas civilizações.
4.1 A Grécia
Nosso mundo atual tem muito em comum com o universo dos gregos antigos. Vários conceitos 
que usamos diariamente são herdados dos gregos, como, por exemplo, os conceitos de cidadania e 
democracia. Foram os gregos que inventaram os jogos olímpicos, criaram a filosofia e estabeleceram 
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os fundamentos da ciência e do teatro. A Grécia ainda é considerada o berço da Pedagogia. Produziu 
filósofos conhecidos e populares até os dias de hoje, como Sócrates, Platão e Aristóteles, além dos 
sofistas, que tiveram influência decisiva na profissionalização da educação.
Para entendermos o pensamento educacional na Grécia clássica, é fundamental que possamos 
vislumbrar os traços característicos de sua cultura e sociedade. Luzuriaga, buscando compreender 
estes traços, nos informa que a cultura grega pode, resumidamente, ser pensada a partir dos seguintes 
princípios:
• Descobrimento do valor humano independentemente de autoridade religiosa ou política.
• Reconhecimento da razão e da inteligência crítica ausente de dogmas.
• Criação da ordem, da lei e do cosmos, tanto na natureza como na humanidade.
• Criação da vida cidadã, do Estado e da organização política.
• Criação da liberdade individual e política dentro da lei e do Estado.
• Invenção da poesia épica, da história, da literatura dramática, da filosofia e das ciências físicas.
• Reconhecimento do valor decisivo da educação na vida social e individual.
• Consideração da educação humana em sua integridade: física, intelectual, ética e estética.
• O princípio da competição e seleção dos melhores, na vida e na educação.
Do ponto de vista social, sabemos que em todo tempo e lugar a expansão das atividades comerciais 
e de conquista gera profundas desigualdades sociais. Na Grécia, isto não foi diferente e as desigualdades 
se tornaram mais acentuadas com a consolidação da propriedade privada e com a introdução da 
escravidão. Desta forma, os processos educativos vão se estabelecendo em conformidade com as classes 
sociais, mas devido aos valores culturais desenvolvidos entre os gregos, já há uma tendência para a 
existência de uma educação mais democrática.
Os valores culturais desenvolvidos pelos gregos permite formar uma visão de mundo muito diferente 
dos outros povos da antiguidade. Enquanto estes povos baseavam suas vidas debaixo da obediência cega 
à religião, aos deuses ou às autoridades teocráticas, os gregos, ao contrário, colocavam a razão humana 
como um instrumento que pudesse servir ao próprio homem. Os gregos não se submetiam aos sacerdotes 
nem se humilhavam diante dos deuses, pois tinham o homem como o ser mais importante do universo. 
A religião era politeísta e Zeus ocupava o primeiro lugar na hierarquia, conhecido como deus do trovão. 
Apolo era o deus do sol, Athenas era a deusa da guerra e das atividades domésticas e Hades era o deus do 
mundo do além. Mas nada neste “modelo” religioso apontava para um possível rebaixamento do homem. 
Os deuses eram expressões das forças e formas do próprio homem ou da natureza.
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 Saiba mais
Para saber mais sobre deuses gregos e mitologia grega, acessar: <http://
www.beautyonline.com.br/bernardodegregorio/mitologia.htm>.
Para fins didáticos, podemos dividir a história da educação grega da seguinte maneira:
• Período Homérico (1100‑800 a.C.)
Corresponde à Educação Heroica, Cavalheiresca, fase retratada pelos poemas de Homero: Ilíada 
e Odisseia.
• Período Arcaico (800‑500 a.C.)
Fase da formação das cidades‑estado (polis). Introdução da escrita, da moeda e da lei. Corresponde 
à Educação Cívica (Atenas e Esparta).
• Período Clássico (500‑400 a.C)
Apogeu da civilização grega. Corresponde à Educação Clássica, humanista e é representada 
especialmente por Sócrates, Platão e Aristóteles.
• Período Helenístico (336‑146 a.C.)
Fase da decadência da Grécia. Corresponde à Educação Helenística, enciclopédica.
Como podemos perceber, o período intitulado de Antiguidade Clássica grega é muito longo, portanto 
a educação, bem como a sociedade, assumiu formas diferentes no decorrer do tempo. Em Esparta, 
por exemplo, a educação assume um papel de preparação para a guerra, enquanto que em Atenas 
assume um papel mais intelectual. Vejamos mais detalhadamente como se processou a educação nestes 
diferentes períodos:
• O Período Homérico e a Educação Heroica ou Cavalheiresca
A Educação Heroica ou Cavalheiresca do Período Homérico tem sua origem e base em dois poemas 
épicos atribuídos a Homero: Ilíada e Odisseia.
Os gregos deste período não tinham o domínio da escrita, portanto, o processo educativo se 
realizava a partir da tradição oral, especialmente por meio das rapsódias Ilíada (narrativa sobre a 
guerra de Troia) e Odisseia (narrativa sobre a volta de Ulisses à Grécia). Estes dois grandes poemas 
épicos serão redigidos sob a forma escrita entre os séculos IX e VIII a.C. Estes poemas influenciaram, 
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de forma marcante, toda a educação e cultura clássica, grega e romana. A Leitura e o estudo 
eram obrigatórios na educação básica da Grécia e, mais tarde, no Império Romano. Estes poemas 
influenciaram os autores clássicos do mundo todo e podem ser considerados como fundadores da 
literatura ocidental.
Estes poemas dominaram o processo educativo na Grécia, divulgando ideais que perpassaram a 
cultura grega e atingiram o patrimônio romano. Mas o que estes poemas tinham de tão especial? Quais 
ideais foram espalhadas pela cultura grega e romana?
Na verdade, estes poemas tratam das venturas e desventuras de heróis que servem de modelos 
permanentes para a juventude. Seus heróis mais importantes, como Aquiles e Ulisses, atravessaram 
os séculos. Estes heróis são modelos de virtude, honra, superioridade, conquista dos objetivos, 
coragem, perseverança e cumprimento do dever, apesar dos mais temidos obstáculos. Os feitos 
heroicos destes personagens eram aprendidos de memória pelas crianças e detalhadamente 
analisados pelos jovens.
Como esta é uma sociedade dos tempos heroicos e guerreiros, o ideal da educação desta época se 
estabelece em estreita relação com os ideais e as aspirações da sociedade. Portanto, neste período, a 
educação, chamada de Heroica ou Cavalheiresca, é fortemente alicerçada nos conceitos de honra e valor e 
no espírito de luta e sacrifício, bem como nas capacidades e nos feitos individuais. Percebe‑se, porém, mais 
claramente, o ideal educativo grego “Arete”. Originalmente formulado e explicitado nos poemas homéricos, 
a arete é entendida como um atributo próprio da nobreza, um conjunto de qualidades físicas, espirituais 
e morais, tais como a bravura, a coragem, a força, a destreza, a eloquência, a capacidade de persuasão, ou, 
em uma palavra, a heroicidade.
Homero enaltece qualidades capazes de dotar o homem de superioridade. A Ilíada é 
recheada de episódios cujo conteúdo prima pela capacidade que tem o herói de se sobressair, 
de estar entre os primeiros. Portanto, uma característica fundamental da educação é o espírito 
de superioridade. “Ser o melhor”, “superar os outros” é um ideal que norteia todo o precesso 
educativo grego deste período. Na Ilíada, é possivel perceber a importância atribuída às duas 
outras capacidades: a capacidade de pronunciar discursos, ouseja, de possuir uma boa retórica, 
e a capacidade de ser suficientemente valente para realizar intervenções e ações militares. Isto 
é, a capacidade para “falar” e para “agir”, ou seja, a capacidade de intervir na política e de fazer 
a guerra.
Podemos perceber que, durante este período, a educação visava ao preparo para a Guerra e para 
a capacidade de falar com facilidade. Este “treinamento” obviamente não era destinado a todos. A 
educação formal e institucionalizada ainda não existia. Não sendo pública nem gratuita, a educação 
tinha um caráter elitista. Era ministrada nos palácios ou castelos dos nobres, onde se recebia uma 
formação integral que incluía atividades físicas, manejo de armas, arco e flecha, exercícios militares, a 
arte da caça, da música, da dança e do canto, história e poesia.
Em Luzuriaga, encontramos a seguinte referência de Dilthey em relação à educação do jovem no 
período homérico:
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Largos espaços para exercícios físicos, o que devia cultivar não só a força, 
mas a beleza; os jogos festivos nos quais elas se demonstravam; o ensino 
de poesia e canto, acompanhado de instrumentos musicais; os relatos e 
as memórias de Homero; as leis, a sabedoria vital depositada em poesias 
morais; bem como os elementos com os quais se cultivava o jovem grego 
para estar preparado para a guerra e para a eloquência das assembleias 
(LUZURIAGA, 2001, p. 36).
A educação tinha, sobretudo, a função e o objetivo de fazer com que o jovem assimilasse os valores da 
sociedade, ou seja, o espírito de superioridade, a habilidade de falar e de se expressar e a valentia para agir.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a Educação Homérica, consultar: MURARI, J. C.; 
AMARAL, R. G. do A.; PEREIRA MELO, J. J. Objetivos e características da 
Educação Homérica: uma reflexão sobre o conceito de Areté. Disponível 
em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2562_
1928.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
• O Período Arcaico e a Educação Cívica
No final do período homérico, por volta de 800 a.C., ocorreram grandes mudanças na vida política, 
social, cultural e econômica dos gregos. Dentre estas mudanças, podemos citar: o desenvolvimento das 
chamadas cidades‑estado, as polis; o desenvolvimento da racionalidade e da reflexão em detrimento 
do mito; a utilização da escrita; o uso da moeda; a elaboração de leis escritas por legisladores; e o 
aparecimento dos primeiros filósofos.
Neste período, ocorre o que muitos autores denominam de Educação Cívica, ou seja, uma educação 
para a cidadania, capaz de formar bons cidadãos comprometidos com os interesses de suas sociedades. 
As cidades‑estado mais conhecidas foram Esparta e Atenas e normalmente elas são muito citadas para 
exemplificar modelos educacionais que são antagônicos entre si, mas que estão de acordo com o ideal 
de homem e de sociedade pensados por elas. Neste momento, ocorre um alargamento do ideal educativo 
arete, que passa a ser denominado kaloskagathia.
O ideal educativo denominado kaloskagathia buscou atingir mais do que a honra e a glória contidos 
no arete, pois pretendia‑se, além disto, alcançar a excelência física e moral. Os atributos que o homem 
devia procurar realizar eram: a beleza (kalos) e a bondade (kagatos). Para alcançar este ideal, foi proposto 
um programa educativo que implicou dois elementos fundamentais: a ginástica para o desenvolvimento 
do corpo e a música (aliada à leitura e ao canto) para o desenvolvimento da alma. Ao final da época 
arcaica, este programa educativo completava‑se com a gramática e, posteriormente, transformou‑se na 
paideia.
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O modelo de educação em Esparta
A sociedade espartana é muito comumente identificada como sendo composta por um povo guerreiro, 
de modos rudes e de pouca cultura. A verdade é que, em virtude das conquistas políticas, os espartanos 
tinham que manter os povos conquistados com punhos de aço e, para tal, todos os cidadãos foram 
convertidos em soldados. Desta forma, Esparta um clima de constante estado de guerra, o que impunha 
a necessidade de um Estado forte que controlasse e disciplinasse totalmente os indivíduos. A forma de 
governo que se estabeleceu é próxima ao que conhecemos como sendo um governo totalitário.
Neste tipo de sociedade, era necessário que a educação fosse calcada na severidade e na disciplina. 
Neste sentido, a educação espartana era essencialmente militar, embora os esportes e a música 
também fossem incentivados. Nos esportes, por exemplo, Esparta alcançou grandes feitos e vitórias, 
especialmente naqueles relacionados às necessidades militares, enquanto que as atividades artísticas 
ficaram visivelmente comprometidas. Ao contrário dos atenienses, os espartanos não eram dados a 
refinamentos intelectuais nem apreciavam os debates e os discursos longos. A palavra lacônico, que 
significa “maneira breve e concisa de falar ou escrever”, deriva da Lacônia, região em que viviam os 
espartanos.
O modelo de heroísmo homérico, que visava aos feitos individuais, foi aos poucos sendo substituído 
pelo heroísmo do amor à pátria. A figura do guerreiro individual dos tempos homéricos foi cedendo 
espaço para a formação do soldado pronto para o combate e pronto para seguir o ideal coletivo do 
Estado que a todos subordina. Portanto, a educação espartana estava sob o controle absoluto do 
Estado. A intervenção do Estado era tanta que foi decretado o sacrifício do recém‑nascido que não 
fosse suficientemente sadio e robusto, ou seja, que não pudesse se transformar no guerreiro pretendido 
por Esparta.
A educação da criança, especialmente do menino após os sete e até os vinte anos de idade, era 
realizada diretamente pelo Estado.
Giles nos faz um relato interessante quanto a isso:
Poucos dias após o nascimento, o filho é inspecionado por um conselho 
de anciões. Estes decidem se o menino deve viver ou morrer. A decisão 
depende de o menino ser sadio e forte ou doente e frágil. No segundo caso, 
será exposto até morrer. No caso de a decisão ser pela vida, o bebê será 
entregue à mãe até os sete anos de idade. A ela compete enrijá‑lo por meio 
de práticas, tais como o jejum compulsório, criando‑o de maneira que seja 
totalmente destemido. Aos sete anos de idade, em nome dos conselhos de 
governadores, o menino será entregue aos cuidados da escola oficial do 
Estado, pois a frequência à escola é compulsória e, até mesmo, condição 
imprescindível para o reconhecimento da cidadania e a outorga de qualquer 
assistência por parte do Estado. Entretanto, todo ensino destina‑se a 
formar o soldado indômito. Ao ingressar na escola, o menino recebe uma 
cama de palha, sem cobertor, e uma camisola curta. Deve andar descalço. 
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Para acostumar‑se a passar fome em tempo de guerra só recebe o mínimo 
de comida. O resto ele deve conseguir como pode. Deve, pois, aprender 
a roubar. É o meio de desenvolver a astúcia. Só que, se for apanhado em 
flagrante, será severamente castigado por falta de habilidade. O castigo 
para qualquer falta contra a disciplina será a flagelação com o chicote. 
Ademais, haverá periodicamente a chamada “prova do chicote”. Esta se 
realiza diante do altar, em que o menino apanha até verter sangue. A prova 
se realiza na presença dos pais e dos parentes dos alunos. Estes o animam 
para que se mantenha corajoso e demonstre a devida resolução. O medo 
de decepcionar os pais e parentes leva muitos alunos a suportar a prova 
até a morte. Uma vez por ano dava‑se a licença de empreender

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