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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Maria Tereza Papa Nabão
Colaboradores: Prof. Nonato de Assis Miranda
Profa. Silmara Maria Machado
Profa. Renata Viana de Barros Thomé
História da Educação
Professora conteudista: Maria Teresa Papa Nabão
Possui bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus 
de Marília; licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de 
Marília; aperfeiçoamento em Métodos e Técnicas de Pesquisa com auxílio de bolsa do CNPq e mestrado em História, 
na área História e Sociedade, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Assis, como 
bolsista da FAPESP. Desde 2001 é docente da Universidade Paulista, campus de Assis, com ênfase em Ciências Sociais, 
Antropologia e Ciências Humanas.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
N113 Nabão, Maria Tereza Papa
História da Educação. / Maria Tereza Papa Nabão - São Paulo: 
Editora Sol.
 104 p. il.
Notas: este volume está publicado nos Cadernos de 
Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-003/11, 
ISSN 1517-9230. 
1.História 2.Educação 3.Transformações socioeducacionais 
I.Título
CDU 37.01
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Simone Oliveira dos Santos
Sumário
História da Educação
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 O QUE É EDUCAÇÃO? .....................................................................................................................................11
1.1 Por que estudar História da Educação? ...................................................................................... 13
2 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS ......................................... 14
2.1 A distinção entre cultura e civilização ......................................................................................... 14
2.2 A educação informal ........................................................................................................................... 16
Unidade II
3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO ESCRIBA ....... 24
3.1 Egito: berço de todas as civilizações ............................................................................................ 24
3.2 Ascensão social por meio do ofício de escriba ......................................................................... 28
4 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA ANTIGUIDADE GREGA ................................................. 29
4.1 A Grécia .................................................................................................................................................... 29
Unidade III
5 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO .................... 48
5.1 A Idade Média e o Feudalismo ........................................................................................................ 48
5.2 O Conhecimento Científico na Idade Média ............................................................................. 50
5.3 A Educação na Idade Média ............................................................................................................. 52
6 O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO ................................................................................................................. 61
Unidade IV
7 A CATEQUESE E O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO: OS JESUÍTAS, A EDUCAÇÃODA ELITE
E A REFORMA POMBALINA ............................................................................................................................. 78
7.1 Os jesuítas no Brasil............................................................................................................................. 78
8 A MODERNIDADE NO BRASIL E O PENSAMENTO EDUCACIONAL: O LIBERALISMO E A 
PROPOSTA DA ESCOLA NOVA; O MANIFESTO DOS PIONEIROS ........................................................ 82
7
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
A disciplina História da Educação está dividida em quatro unidades.
Na primeira, faremos uma reflexão em torno da importância do estudo da História da Educação 
e, para tanto, procuraremos entender alguns conceitos fundamentais, tais como: o que é História? O 
que é Educação? Quais as relações entre História, Educação e sociedade? Estas reflexões iniciais têm o 
objetivo de fazê-lo perceber que a disciplina História da Educação não é algo maçante e monótono, 
mas sim algo vibrante e dinâmico, capaz de colaborar com o desenvolvimento da consciência crítica e 
de nos proporcionar uma melhor compreensão do mundo em que vivemos. Ainda na primeira unidade, 
abordaremos aspectos da educação, da sociedade e da cultura entre os povos primitivos com a intenção 
de perceber de que forma as diferentes formações sociais, no tempo e no espaço, elaboram diferentes 
sistemas educacionais. Aliás, este objetivo estará presente em todas as unidades.
Na Unidade II, estudaremos a educação, a sociedade e a cultura no Antigo Egito e na Grécia Clássica. 
O Antigo Egito, berço de todas as civilizações, nos oferece elementos muito importantes para pensarmos 
as transformações nos processos educacionais. Nesta sociedade já poderemos perceber a educação 
como forma de ascensão social por meio da formação do escriba. A Grécia Clássica, por sua vez, teve 
importância decisiva na formação cultural da civilização ocidental, sendo que os conceitos de educação 
elaborados neste período exerceram influência fundamental nos teóricos posteriores e ainda hoje se 
fazem sentir em obras clássicas dedicadas à Educação.
Na Unidade III, estudaremos a educação, a sociedade e a cultura da Idade Média ao Iluminismo. 
Nesta unidade, perceberemos especialmente a influência da Igreja Católica nos rumos e destinos do 
conhecimento, da ciência e da educação. Veremos ainda de que forma a educação é moldada para 
atender os interesses da sociedade e como os controles políticos, religiosos e ideológicos começam a 
ser abalados pelo Renascimento e Iluminismo, com a finalidade de percebermos como a educação pode 
estar comprometida com estes ideais.
 Na Unidade IV, abordaremos a História da Educação no Brasil em dois momentos distintos: o primeiro 
momento, da colonização, marcada especialmente pela monocultura e pelo modelo econômico agrário, 
exportador dependente e a ação pedagógica dos jesuítas; e o segundo momento, o da modernidade no 
Brasil e a formação do pensamento educacional brasileiro, especialmente por meio da reflexão em tornodas propostas da Escola Nova e do Manifesto dos Pioneiros 
Os tópicos desta disciplina são apresentados de forma didática e trazem indicações de como você 
poderá encontrar mais informações acerca das principais ideias abordadas.
 Esperamos que você possa tirar o máximo proveito das reflexões contidas neste material!
Bons estudos!
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INTRODUÇÃO
A importância e o entendimento do estudo de história da educação: entendendo conceitos
Estamos prestes a iniciar nossos estudos referentes à História da Educação e você poderia ter 
dúvidas quanto à importância de estudar sobre aquilo que já passou e está tão distante da nossa 
realidade atual. Primeiramente, vamos pensar um pouco acerca do significado de história. Se você 
está pensando numa história maçante, cheia de datas e acontecimentos para serem lidos e decorados, 
esqueça!
Agora vamos pensar a história em um sentido mais amplo, mais vibrante e mais vivo.
Inegavelmente a história refere-se ao passado, mas é muito mais do que isto! Nós somos feitos de 
história, somos seres históricos. Sabemos como somos porque conhecemos nossa trajetória ao longo do 
tempo. Conhecemos tanto os detalhes quanto os momentos importantes de nossas vidas. Conhecemos 
o que nos faz ser como somos e sabemos que nos transformamos ao longo do tempo. Por experiência, 
evitamos as circunstâncias que podem nos levar ao sofrimento, bem como trabalhamos para engendrar 
situações que possam nos favorecer.
E não são apenas as pessoas que têm uma história. Tudo o que conhecemos tem uma história 
também: o livro que lemos, a moda que vestimos, o celular ou o computador que usamos, a maneira de 
fazermos ciência, arte, literatura, religião, enfim, tudo o que compõe a nossa sociedade.
A História, portanto, refere-se basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se 
organizam, se adaptam e transformam o ambiente em que vivem ao longo do tempo.
Estudar história pode ser uma experiência fascinante, pois nos possibilita refletir sobre a vida dos 
seres humanos, ou seja, de pensarmos sobre como o homem viveu e como vive em diversos momentos e 
em diversas sociedades. É interessante analisarmos como, ao longo dos anos, os homens pensam, como 
oram a Deus, o que consideram sagrado ou profano, como trabalham, se divertem, o que os faz vibrar 
de amor ou de ódio, de alegria ou tristeza, de esperança ou desespero.
Enfim, por meio da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formaram, como 
se desenvolveram e como se transformaram:
As transformações são a essência da História; quem olhar para trás, na 
História de sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos 
constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a 
sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que se percebe as 
mudanças” (BORGES, 2003, p. 50).
História, portanto, refere-se, sobretudo, a uma forma de reflexão e análise que nos permite pensar 
os acontecimentos do passado, não como simples narrativa enfadonha e monótona, mas com o objetivo 
de entender o desenvolvimento humano atual, de compreender de que forma os acontecimentos 
contribuíram na formação de nossas atuais condições de vida.
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No entanto, conceituar história não é uma tarefa simples. Há diversas perspectivas, tendências 
e modelos teóricos. Não temos, portanto, a intenção de elaborar nem de oferecer um conceito que 
seja acabado e que contenha esta diversidade. Porém, é fundamental entendermos que, apesar desta 
diversidade, a história pode ser considerada uma ciência que estuda tudo que tem relação com a vida 
do homem: suas atividades (laboral, lúdica, científica, religiosa etc.), suas preferências, suas maneiras de 
ser, fazer e agir. Como podemos perceber no trecho que se segue:
A história é o registro da sociedade humana, ou civilização mundial; 
das mudanças que acontecem na natureza dessa sociedade (...); de 
revoluções e insurreições de um conjunto de pessoas contra outro (...); 
das diferentes atividades e ocupações dos homens, seja para ganharem 
seu sustento ou nas várias ciências e artes; e, em geral, de todas as 
transformações sofridas pela sociedade (...) (KALDUN, In: HOBSBAWN, 
1998, p. 25).
Desta forma, podemos perceber que estudar a história nos leva a uma melhor compreensão do 
mundo em que vivemos, proporcionando-nos o entendimento de que as atuais formações sociais, 
políticas, econômicas, jurídicas, educacionais etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na 
forma como foram sendo organizadas ao longo do tempo. Os acontecimentos atuais, portanto, tem 
causas que podem ser identificadas no passado, assim como podem projetar consequências no futuro. 
Este conhecimento é fundamental, pois nos faz interpretar melhor a realidade que nos cerca, aguçando 
o espírito crítico.
Portanto, estudar história não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que 
isto, os estudos históricos nos possibilitam entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a história 
tem relações tanto com o presente quanto com o passado.
Portanto, a disciplina História da Educação tem como preocupação central a reflexão crítica em 
torno do processo educativo ao longo do tempo e do espaço. A partir da era primitiva até a idade 
contemporânea, do Egito ao Brasil.
Para que possamos provocar tal nível de reflexão, é fundamental que o aluno compreenda o 
desenvolvimento da educação através do tempo e de diversos povos e épocas, não apenas como leitura 
passiva ou simples relato cronológico acerca das diferentes tradições educativas, mas, sobretudo, que 
consiga compreender que a história das sociedades e o processo educativo são inseparáveis.
Portanto, é fundamental que se provoque o questionamento acerca do contexto social, histórico 
e cultural em que se formam as diferentes concepções de educação, a fim de provocar a reflexão 
em torno das possibilidades que foram engendradas ao longo do tempo e que contribuíram para 
a exclusão social das camadas menos favorecidas e dominadas nas diferentes épocas estudadas. A 
disciplina deve, ainda, conduzir a percepção de que se a educação pode ser usada para a manutenção 
do poder e das relações de dominação social, pode, também, contribuir com a transformação de tais 
relações.
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De tudo que afirmamos até agora, devemos salientar que o entendimento de História deve ser 
construído a partir dos seguintes aspectos:
• A História se refere basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se organizam, se 
adaptam e transformam o ambiente em que vivem (social e natural) ao longo do tempo.
• Por meio da reflexão histórica, entendemos como as diferentes sociedades se formam, como se 
desenvolvem e como se transformam.
• A História não é simples relato de fatos passados, mas, sobretudo, refere-se a uma forma específica 
de reflexão e análise que nos permite pensar como os fatos e acontecimentos podem contribuir 
para a formação das nossas atuais condições de vida.
• A História nos leva a uma melhor compreensão do mundo em que vivemos, proporcionando-nos 
o entendimento de que as atuais formações sociais, políticas, econômicas, jurídicas, educacionais 
etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na forma como foram sendo organizadas 
ao longo do tempo.
• A História não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que isto, 
possibilita-nos entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a História tem relações tanto 
com o presente quanto com o passado.
Se os estudos históricos têm esta potencialidade, é possível que você já tenha percebido o quanto 
é importante estudarmos a história da educação. Já podemos, por exemplo, esboçar a ideia de que o 
estado atual da educação, em nosso país ou no mundo, tem sido pensado e organizado ao longo do 
tempo.
 Saiba mais
Para saber mais, você poderá recorrer ao excelente verbete “a história 
e o espíritohistórico” in: SARAIVA, A. J., Dicionário critico. Martins Fontes: 
São Paulo, 2001.
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1 O QUE É EDUCAÇÃO?
Mas, para atender os objetivos descritos acima, além de todo o desenvolvimento de um conteúdo 
programático cuidadosamente elaborado, precisamos entender não apenas o que é história, mas também 
o que é educação.
Por educação entendemos a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o 
propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica e ampla de uma 
sociedade sobre as gerações jovens com o objetivo de conservar e transmitir a existência coletiva 
(LUZURIAGA, 2001).
Obviamente, a educação constitui o ser humano, ou seja, está presente em sua vida desde o nascimento 
até a morte. Não nascemos seres humanos prontos e acabados, ao contrário, precisamos construir nossa 
natureza, e o fazemos, sempre e necessariamente, por meio da aprendizagem, em contato com o sentido 
de educação presente em determinada ordem cultural e social.
Portanto, não podemos deixar de perceber que o significado de educação está intimamente 
ligado à visão de mundo, de sociedade e de homem que são adotados e que permeiam determinada 
sociedade em determinado tempo. Portanto, a prática educativa não é uma prática neutra, ou 
seja, possui uma inegável natureza política. Não é uma prática desinteressada, desligada das 
relações de poder e de dominação. Uma educação comprometida com as relações de poder 
pode colaborar para a preservação de uma sociedade injusta, que promove e aprofunda as 
desigualdades.
Durkheim, por exemplo, afirma que para cada sociedade existe um tipo de educação. A educação, 
portanto, teria suas diferenças nascidas das necessidades próprias de determinado sistema social, ou 
seja, dependeria da organização social, política e econômica, estabelecida por uma sociedade ao longo 
do tempo:
(...) cada tipo de povo tem um tipo de educação que lhe é próprio, e que 
pode servir para defini-lo, tanto quanto sua organização moral, política e 
religiosa (DURKHEIM, 2001, p. 18).
Mas, se a educação pode servir para a manutenção do statu quo, para a conservação da ordem 
econômica, social e política, pode, também, ser um instrumento de transformação. A educação, 
portanto, pode concorrer para conservar e reproduzir a sociedade, para reformá-la ou para 
transformá-la.
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 Observação
Statu quo é uma expressão latina que designa o estado atual das 
coisas, em qualquer momento. Na maioria das vezes em que é utilizada, a 
expressão aparece como “manter o statu quo”, “defender o statu quo” ou, 
ao contrário, “mudar o statu quo”.
No entanto, não devemos pensar a educação como sendo a “solução mágica” para todos os problemas 
sociais, mas devemos estar alertas para a relação de reciprocidade existente entre ambas, ou seja, para o 
fato de que uma pode influenciar a outra. Esta reciprocidade nos aponta para o fato de que a educação 
pode colaborar com a construção de uma sociedade mais justa e democrática, e é evidente que uma 
sociedade mais justa e democrática contribui com o estabelecimento de uma educação de qualidade, 
mais sólida e eficiente.
O tema da educação ganhou visibilidade por motivações diversas: por ser um direito humano, por 
ser base para o crescimento econômico, por auxiliar na conquista de outros direitos, por melhorar a 
distribuição de renda, por permitir alcançar melhores empregos etc. Todas são motivações reais, mas 
apenas em parte, pois a educação, por si só, tem suas limitações. Por exemplo: não há, na história da 
humanidade, um país cuja população tenha conquistado escolaridade básica de qualidade sem intensa 
melhoria nas suas condições de vida (HADAD, 2010).
A educação é algo prioritário em uma sociedade, tanto que compõe o rol dos direitos humanos e é 
reconhecida e assegurada tanto em âmbito nacional como internacional. Em 2000, na Conferência Mundial 
de Educação, no Senegal, estabeleceu-se um novo acordo aceito por grande parte dos países presentes, 
inclusive pelo Brasil. Esse acordo determinou que, em 2015, todas as crianças deverão ter acesso à escola 
primária de qualidade e deverá existir a cobertura das necessidades de aprendizagem para jovens e adultos, a 
melhoria dos níveis de alfabetização de adultos em 50% e a conquista da equidade de gênero.
 Saiba mais
Você poderá encontrar mais informações em Educação: um tesouro 
a descobrir – relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre 
Educação para o século XXI, disponível em http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/ue000009.pdf.
Conforme o que foi exposto acima, podemos entender que Educação pode ser pensada a partir dos 
seguintes aspectos:
• O significado de educação está intimamente ligado às visões de mundo, sociedade e homem, que 
são adotadas e que permeiam determinada sociedade em determinado tempo.
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• A prática educativa não é uma prática neutra, desinteressada, desligada das relações de poder e 
de dominação.
• Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação de 
uma sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades.
• A educação pode, também, ser um instrumento de transformação e libertação de uma sociedade, 
colaborando com a construção de uma sociedade mais justa e democrática.
• Há uma relação de reciprocidade entre educação e sociedade, ou seja, uma pode influenciar a 
outra, mas educação não é uma solução mágica para todos os problemas sociais.
Como vimos anteriormente, a educação é um produto histórico, presente na vida humana desde os 
primórdios da humanidade, que vem se transformando ao longo do tempo. Portanto, para entendermos 
a educação atual, é necessário conhecer a história da educação. De fato, esse conhecimento nos torna 
mais capazes de compreender os rumos da educação na atualidade. Mas, além disso, o conhecimento 
histórico procura pensar o passado em suas diferenças em relação ao presente e nos auxilia na formação 
da dúvida metódica em relação às situações educativas da atualidade, dúvida que é adequada ao 
desenvolvimento do espírito científico e da pesquisa.
 Observação
O passado como passado não é nosso objetivo. Se fosse completamente 
passado, não haveria mais do que uma atitude razoável: deixar que os 
mortos enterrassem os mortos. Mas o conhecimento do passado é a chave 
para entender o presente (DEWEY, In: LUZURIAGA, 2001, p. 09).
1.1 Por que estudar História da Educação?
Estudar a história da educação é a maneira ideal para contribuir com a melhora da educação atual, 
pois, por meio desse estudo podemos conhecer os percalços enfrentados com as reformas já realizadas, 
as armadilhas das ideias ilusórias e irrealizáveis e da resistência antidemocrática que as ideias inovadoras 
possam ter enfrentado.
É fundamental estudar a história da educação, atentando-se para alguns pontos fundamentais 
no que se refere ao papel desempenhado pela educação nas diferentes organizações da sociedade: a 
relação entre Estado e sociedade civil, o papel do Estado e sua representatividade, o modelo educacional 
desenvolvido para os trabalhadores, e o modelo desenvolvido para as elites e o ideal de homem cidadão. 
O estudo da história deve possibilitar compreender as relações de poder e os mecanismos de exclusão 
que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais, para alavancar mudanças que 
possibilitem a superação das condições sociais.
O estudo da história da educação se revela extremamenteimportante à medida que possibilita aos 
estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza de ideias e a reflexão crítica.
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Segundo o exposto acima, podemos esquematicamente elencar alguns pontos fundamentais do 
estudo de História da Educação:
• Sem os estudos de história da educação não conseguimos entender os processos educacionais atuais.
• Sem os estudos de história da educação não é possível contribuir com a melhoria da educação 
atual.
• O estudo da história deve possibilitar a compreensão das relações de poder e os mecanismos de 
exclusão que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais.
• O estudo de história da educação possibilita aos estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza 
de ideias e a reflexão crítica.
 Saiba mais
Para entender mais sobre a importância dos estudos de História 
da Educação, consulte: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-24782006000200011> e GENNARI, E. Um breve passeio 
pela História da Educação. Disponível em: <http://www.espacoacademico.
com.br/029/29cgennari.htm>. Acesso em: 24 mai. 2011.
2 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS
2.1 A distinção entre cultura e civilização
Refletir sobre educação, sociedade e cultura entre os povos primitivos da Pré-História pode parecer 
estranho. Afinal, como se adquire estas informações? Como estes conhecimentos são recolhidos? Como 
chegaram até os dias de hoje? Podemos confiar neste tipo de informação?
Primeiramente, devemos esclarecer que a designação “povos primitivos” se refere muito mais às 
características socioculturais destes povos do que à sua localização no tempo. Portanto, “povos primitivos” 
existiram na Pré-História e existem ainda hoje. A diferença é que, na Pré-História, toda humanidade 
era formada por “povos primitivos”, enquanto que hoje estão quase extintos. Os “povos primitivos” da 
atualidade são, por exemplo, as tribos indígenas no Brasil e as diversas comunidades tribais na África e 
na Oceania, que são assim consideradas em função de sua organização social.
Portanto, uma das melhores fontes para se entender de que forma se processava a educação nas 
comunidades primitivas da Pré-História é por meio do estudo destas comunidades existentes ainda 
hoje. Mas também são recolhidas informações pelos estudos feitos por paleontólogos, arqueólogos, 
antropólogos e historiadores que se baseiam na análise de documentos não escritos, como restos de 
armas, utensílios, pinturas, desenhos e ossos.
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Mas uma coisa é certa: a educação existe desde o momento em que os seres humanos existiram. Por 
que podemos fazer esta afirmação tão categoricamente? Principalmente porque o homem é um ser que 
não nasce pronto, ou seja, ele precisa aprender a tornar-se homem e este aprendizado só pode ocorrer 
no contato social com outros homens. A ordem social e cultural na qual nascemos é que nos ensina a 
sermos “seres humanos”. O homem somente é capaz de construir a “condição humana” se estiver em 
contato com uma ordem humana, com uma cultura e com outros humanos, por meio de um processo 
de socialização ou endoculturação, ou seja, por meio da educação dentro do próprio grupo.
Neste sentido, não apenas a educação existe desde que existe o homem, como também a sociedade 
e a cultura.
Assim como é impossível que o homem se desenvolva como homem no 
isolamento, igualmente é impossível que o homem isolado, produza um 
ambiente humano. (...) logo que observamos fenômenos especificamente 
humanos entramos no reino do social (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 75).
Nesta colocação, o termo “cultura” deve ser entendido no sentido mais amplo, como nos ensina 
Taylor:
Tomado em seu amplo sentido etnográfico cultura é este complexo que inclui conhecimentos, 
crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem 
como membro de uma sociedade (TAYLOR, In: LARAIA, 2001, p. 28).
Fica claro, portanto, que educação, sociedade e cultura existem desde o surgimento do homo sapiens, 
cujo aparecimento é datado nos livros e compêndios de antropologia e biologia em torno de 35000 a.C. 
Mas vamos nos ater ao período denominado por Pré-História.
A Pré-História normalmente é identificada como sendo um período histórico anterior ao aparecimento 
da escrita, ou ainda, anterior ao aparecimento das civilizações. Ou seja, 4000 a.C, pois foi neste período 
que os sumérios desenvolveram a escrita.
Desta forma, não podemos confundir cultura com civilização. Podemos afirmar que cultura é algo 
pertencente a toda humanidade, está presente entre todos os grupos humanos, sejam eles considerados 
primitivos ou civilizados. A capacidade de fazer cultura é exclusiva dos seres humanos e é esta 
característica que nos diferencia dos demais animais. Aprendemos com o antropólogo Edward Taylor que 
cultura é este todo intrincado que comporta arte, religião, moral, valores, costumes, crenças, linguagem, 
ciência, instituições (Estado, escola, família) etc. É a cultura que nos fornece a rede de significados com 
a qual damos sentido ao mundo que nos cerca. Nesse sentido, percebemos que todo grupo humano, 
por ser humano, obrigatoriamente tem cultura. Mas, o que podemos entender por civilização? De uma 
maneira geral, devemos entender civilização como sendo um determinado estágio de desenvolvimento 
cultural em que se encontra determinado povo ou sociedade. Este desenvolvimento é normalmente 
representado pelo grau alcançado pela tecnologia, economia, arte e ciência. É comum, por exemplo, 
se referir a um povo como sendo “uma civilização” se o mesmo já alcançou o desenvolvimento da 
escrita. Assim, o desenvolvimento da escrita, a construção de cidades, o desenvolvimento de artefatos, o 
desenvolvimento da arte e da ciência etc. caracterizam o surgimento de uma civilização.
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 Saiba mais
Para saber mais acerca da distinção entre cultura e civilização, 
consultar: ELIAS, N. Sociogênese da diferença entre “Kultur” e “zivilisation” 
no emprego alemão. In: O processo civilizador: uma história dos costumes. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p.23-64. 
2.2 A educação informal
Podemos dividir a Pré-História em dois períodos principais: Idade da Pedra Lascada (Paleolítico), 
momento em que os homens são nômades e caçadores e Idade da Pedra Polida (Neolítico), momento 
em que o homem já domina as técnicas agrícolas e é sedentário.
Estas duas formas de ganhar a vida, pela caça ou pela agricultura, vão modelar sistemas sociais 
diferentes, que por sua vez vão precisar de modelos diferentes de educação. Apesar das diferenças que 
logo vamos apontar, a educação nestes dois períodos é uma educação para a vida, para a sobrevivência. 
É uma educação informal, difusa, natural e espontânea.
Uma educação natural, espontânea, inconsciente, adquirida na convivência 
de pais e filhos adultos e menores. Sob a influência ou direção dos maiores, o 
ser juvenil aprendia as técnicas elementares necessárias à vida: caça, pesca, 
pastoreio, agricultura e fainas domésticas (LUZURIAGA, 2001, p. 14).
Este tipo de educação, presente na Pré-História, é um tipo que permeia todos os períodos da vida 
humana. A educação informal ou primária, ou seja, a socialização que acontece no seio da família, é 
sempre uma educação mais livre, difusa e feita por meio de imitação. Entretanto, na Pré-História esta é 
a única forma de educação.
Assim, a educação informal é o processo pelo qual o indivíduo aprende a ser membro de 
determinadasociedade, internalizando suas regras, costumes, hábitos, crenças, moral etc. Também 
pode ser designada de socialização ou endoculturação. Por meio da educação informal acontece o 
aprendizado dos sistemas de valores, dos modos de vida, das representações, dos papéis sociais e dos 
modelos de comportamento, enfim, da cultura de uma determinada sociedade. A educação informal 
nunca se completa no sentido de ter um final, pois estamos sempre aprendendo. Ela, portanto, 
acontece diariamente e sem planejamento específico. Não é um processo direcionado nem conduzido, 
de tal forma que todos os momentos da vida podem apresentar situações de aprendizagem. Deste 
modo, fica claro que a educação informal é bem diferente da educação formal, que, ao contrário, é 
planejada, envolve uma organização formal, é um processo direcionado e conduzido com a função 
de prover e monitorar a aprendizagem concentrando-se em conhecimentos e habilidades específicas 
com começo, meio e fim.
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A educação informal existe em todos os tempos e lugares e é extremamente importante não apenas 
para a integração dos indivíduos em suas sociedades, mas, também, para a manutenção e preservação 
das mesmas. Acontece, preferencialmente, no ambiente do lar, na família, que é considerada a instituição 
mais importante neste tipo de aprendizagem, no entanto, esse tipo de educação prossegue com os 
vizinhos, amigos ou em grupos de trabalho.
A diferença entre educação informal e formal
Quadro 1
Educação informal Educação formal
Processo contínuo, não institucionalizado nem 
direcionado, de aquisição das regras, costumes, 
hábitos, crenças, moral, conhecimentos e 
habilidades pertinentes a uma sociedade.
Educação planejada intencionalmente, 
estruturada, organizada e 
sistematizada. Ocorre em espaços 
organizados.
 Saiba mais
Para saber mais sobre educação formal e informal, consultar: GASPAR, A. 
A educação formal e a educação informal em ciências. Disponível em: <http://
www.casadaciencia.ufrj.br/Publicacoes/terraincognita/cienciaepublico/
artigos/art14_aeducacaoformal.pdf>. Acesso em 24 mai. 2011.
A transformação social, aos poucos, “pede” uma nova forma de educação e esta também se 
transforma. Como já afirmamos anteriormente, existe uma reciprocidade entre sociedade e educação. 
Assim, a educação de uma sociedade, em uma determinada época, busca suprir as necessidades e 
exigências vividas.
Durante o período Paleolítico, o homem era um caçador nômade que não conhecia a guerra e 
vivia livremente coletando frutos, folhas e raízes que a natureza lhe oferecia. Não havia necessidade 
de disciplina rígida para este tipo de aprendizado, portanto a educação acontecia basicamente em 
nível de socialização e/ou socialização primária, que é, essencialmente, uma educação informal, 
espontânea, sem contornos rígidos, cuja finalidade é preparar o indivíduo para a sobrevivência 
básica.
Entre os nômades, povo caçador e coletor por excelência, era muito provável que a educação 
dos filhos tivesse sido bem livre, sem rigidez e praticamente sem disciplina. Estes povos viviam em 
comunidades tribais de forma coletiva, ou seja, não conheciam a propriedade privada nem as riquezas 
particulares, portanto não conheciam a arte da guerra. Não conhecendo a guerra, também, não 
conheciam a necessidade da disciplina imposta pela mesma. Talvez, por isso, faltava-lhes disciplina em 
outros aspectos da vida, tal como na educação. O próprio gênero de vida (nômade, caçador e coletor) 
é por si só um gênero instável que não requer muita ordem ou disciplina, sugerindo que a formação 
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e o estabelecimento de hábitos morais e intelectuais mais rígidos não tenham sido muito cultivados. 
No entanto, neste período da Pré-História, no Paleolítico, as pinturas rupestres são consideradas mais 
notáveis, principalmente as da caverna de Altamira, na Espanha.
Os dicionários Aurélio e Houaiss nos informam que o termo rupestre refere-se às inscrições gravadas 
em rochas. Logo, arte ou pintura rupestre significa arte gravada em rocha. É um tipo de pintura feita 
pelos homens da época pré-histórica. Os homens usavam as paredes das cavernas como telas e ali 
imprimiam sentimentos variados. Os desenhos podiam ser utilizados como forma de comunicação, já 
que não dominavam a escrita. Para colorir usavam aquilo que a natureza podia oferecer, tais como 
extrato de folhas, frutos, terra, sangue e carvão. Retratavam cenas da vida diária, tais como as caçadas, 
os rituais, os animais etc. Este tipo de arte podia, ainda, representar sonhos, ideias sobre a vida e a morte, 
o céu e a terra.
A arte rupestre parece ter sido a primeira forma encontrada pelo ser humano de deixar gravada sua 
presença pela terra. Existem vários sítios arqueológicos contendo Arte rupestre pelo mundo (na Europa, 
na África, na Ásia, na América e na Oceania). No Brasil, o Parque Nacional da Serra da Capivara, no 
município de São Raimundo Nonato, no Piauí, possui um dos maiores exemplos deste tipo de arte.
Locais com pinturas rupestres no Brasil:
• Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (Piauí)
• Parque Nacional Sete Cidades (Piauí)
• Cariris Velhos (Paraíba)
• Lagoa Santa (Minas Gerais)
• Rondonópolis (Mato Grosso)
• Peruaçu (Minas Gerais)
 Saiba mais
Para saber mais, você pode consultar a página da Fundação Museu do 
Homem Americano, disponível em: http://www.fumdham.org.br/pinturas.asp.
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Figura 1 – Pintura rupestre: desenho na caverna de Altamira, na Espanha, feito há 14-16 mil anos.
No período Neolítico, o homem já dominava as técnicas de agricultura e domesticação de animais. 
Este domínio permitiu organizar a vida de forma fundamentalmente diferente da organizada até então. 
Isto nos sugere que a educação passou por profundas mudanças. Deixar de ser nômade, fixar residência, 
bem como o dominar as técnicas agrícolas e do manejo dos animais imprimiram outro ritmo e outras 
necessidades à vida social. Tornou-se imperioso o aprendizado em relação à construção de residências 
mais sólidas, uma vez que necessitavam ser fixas, além de todos os aprendizados necessários em relação 
à agricultura e ao pastoreio, tais como o conhecimento dos fenômenos meteorológicos, do cultivo e 
da germinação das plantas e do cuidado com os animais. Estes são conhecimentos que deverão ser 
rigorosamente transmitidos às novas gerações.
Com este tipo de organização social, estes povos passaram a possuir propriedades privadas, tais 
como a roça, os animais, a casa etc., portanto é bem provável que já dominassem a arte do ataque e da 
defesa, ou seja, a arte da guerra. Para tanto, tiveram que desenvolver um aprendizado baseado em um 
tipo disciplina mais rígida que os preparassem para o uso de armas, como o arco e a lança. Prevaleceu, 
ainda, a socialização primária, ou seja, a educação espontânea, informal, centrada no seio familiar, mas 
direcionada para o manejo das práticas agrícolas, para o cuidado com os animais e para o uso de armas. 
Portanto, esta é uma educação mais rígida e disciplinadora.
É possível que, neste período, tenha ocorrido a iniciação dos efebos (educação de jovens para a 
guerra, longe das famílias). Temos a seguinte descrição desta prática:
Os meninos são tomados da família e da aldeia, reunidos em grupo e submetidos 
durante semanas, em lugares solitários, em montes e bosques, em cabanas ou em 
tendas construídas de propósito, a todo um sistema de exercícios e provas. O sentido 
mais profundodestas práticas é a disciplina da alma, cura anímica preparatória 
para o renascimento na iniciação; esta serve para a expulsão dos maus demônios 
e para a aquisição do caráter masculino. Os exercícios são: danças, ascetismo, 
mortificações que provocam estados anímicos e êxtases passageiros. Mas também 
se praticam exercícios de toda classe com finalidade racional: caçadas, exercícios 
de armas, corporais, de desmonte e plantação. A direção de tudo isto pode ser 
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confiada ao chefe, a um mago sacerdote, ou também a um ancião experimentado 
e distinto (KRIECK apud LUZURIAGA, 2001, p. 15).
Podemos perceber, portanto, que cada época possui um tipo de educação, cujo objetivo é atender às 
necessidades de cada período da história. A educação foi se modificando de acordo com a organização 
social, com as novas exigências da vida em sociedade e com as novas conjunturas históricas. Enquanto a 
natureza provê ao homem o seu próprio sustento ou enquanto não há distinção de classes, nem comércio 
e nem escrita, a educação permanece no nível da socialização primária, que é uma educação universal e 
integral. Adultos e crianças aprendem com a vida e para a vida. Este aprendizado é transmitido para as 
futuras gerações de forma difusa e informal, por meio da coparticipação e da imitação.
De forma geral, podemos afirmar que, durante a longa Pré-História, todo processo educacional foi 
calcado na educação informal e na socialização primária. Mesmo com as diferenças surgidas no período 
Neolítico, a educação informal é fundamental, pois as diferenças só vão ser acentuadas no final deste 
período, provocando novas mudanças. O certo é que ainda não havia a figura do professor ou de alguém 
que pudesse exercer função parecida. A educação era exercida por todos os componentes do clã, seja 
este clã nômade ou agricultor. Normalmente a responsabilidade maior recaía sobre os anciões, que eram 
os mais experientes e sábios, no entanto, todos eram participantes. A educação era feita por meio da 
transmissão oral de tudo que era considerado importante para a preservação do grupo.
Podemos perceber que de certa forma já começa a ser delineada a forma como a educação vai se 
estabelecer entre os chamados povos civilizados, ou seja, de um lado a educação básica, a socialização 
primária no seio da família, e de outro a educação “profissional”, técnica e militar.
 Resumo
A história não deve ser entendida como simples relato de fatos passados, 
mas, sim, como uma forma específica de reflexão e análise que nos permite 
pensar quais fatos e acontecimentos passados podem contribuir para o 
entendimento de nossa realidade atual, seja ela política, econômica, jurídica 
ou educacional.
Existe uma relação de reciprocidade entre sociedade e educação, 
de tal forma que uma pode influenciar a outra. Portanto, cada época e 
cada sociedade possuem um tipo de educação, cujo objetivo é atender às 
necessidades de cada período da história, ou seja, a educação se modifica 
de acordo com as diferentes conjunturas históricas e sociais.
Desta forma, durante toda a Pré-História, a educação permaneceu no 
nível da socialização primária. Sendo considerada uma educação informal, 
universal e integral, cujo aprendizado é transmitido para as futuras gerações 
de forma difusa, por meio da coparticipação e da imitação. Não havia a 
figura do professor ou de alguém que pudesse exercer função parecida.
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 Exercícios
Questão 1 (ENEM 2010).
“Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
A Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?”
(BRECHT, Bertolt. Perguntas de um trabalhador que lê).
Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória 
construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de 
que:
A) Os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos 
históricos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
B) A História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou governantes das civilizações 
que se desenvolveram ao longo do tempo.
C) Os grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está 
vinculada aos governantes das sociedades que os construíram.
D) Os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de 
sociedades antigas e distantes no tempo.
E) As civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido objeto 
de pesquisas históricas.
Resposta correta: alternativa C.
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Análise das alternativas:
A) Alternativa incorreta.
Os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizam feitos 
históricos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
Justificativa:
A resposta não pode ser considerada correta, pois a crítica do autor é justamente à abordagem 
ultrapassada de História que privilegiava apenas os grandes feitos históricos. Na concepção atual, a 
preocupação é contrária à abordagem tradicional e se ocupa dos fatos do cotidiano.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A resposta não pode ser considerada correta, pois a crítica do autor é justamente à abordagem 
ultrapassada de História, que privilegiava apenas os grandes personagens históricos. Na concepção 
atual, a preocupação é contrária à abordagem tradicional, se ocupando do dia a dia das pessoas comuns 
e dos personagens esquecidos como, por exemplo, trabalhadores, mulheres e crianças.
C) Alternativa correta.
Justificativa:
A alternativa é verdadeira, pois o autor critica a abordagem da História tradicional que estava ligada 
apenas à memória dos “vencedores”, governantes, reis etc., defendendo que a História deve ser contada 
do ponto de vista dos “vencidos”, ou seja, dos trabalhadores e das pessoas comuns.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, no fragmento do texto de Brecht, não há 
referência a essa ideia, mas sim uma crítica à História que privilegia os grandes feitos e personagens.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois o fragmento do texto faz referência a civilizações 
muito pesquisadas pela História, só que através de uma abordagem dos grandes feitos e personagens e 
não na perspectiva do cotidiano do homem comum, como defende Brecht.
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Questão 2
Observe a figura a seguir e responda:
Figura 2 – Pintura rupestre
As pinturas rupestres feitas pelos homens primitivos são a origem de que tipo de produção 
humana?
A) Produção artística.
B) Produção escrita.
C) Produção religiosa.
D) Produção bélica.
E) Produção econômica.
Resolução desta questão na Plataforma.
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Unidade II
3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO 
ESCRIBA3.1 Egito: berço de todas as civilizações
Refletir sobre a educação no Antigo Egito é necessário, uma vez que parece ser consenso entre os 
estudiosos o fato de o Egito ser o “berço” de todas as civilizações. Embora a civilização ocidental, da 
qual fazemos parte, seja herdeira do mundo Greco‑Romano, tanto a Grécia quanto o Império Romano 
“beberam” das fecundas fontes do Egito. Vários livros de história nos trazem a informação de que Platão 
era um admirador da antiga sabedoria egípcia, reconhecendo no deus egípcio Thoth o inventor dos 
números, do cálculo, da geometria, da astronomia e das letras.
O que sabemos é que realmente o Egito foi fecundo na produção de conhecimentos. Quem já não 
ouviu falar dos processos de mumificação dos mortos e das monumentais pirâmides? Com certeza muito 
conhecimento teve que ser desenvolvido para que elas fossem erguidas e, mais, para que durassem 
tanto tempo, chegando até os dias de hoje.
Mas como é que os caçadores e coletores do Período Paleolítico e os agricultores do Período Neolítico 
se transformaram nos poderosos faraós do Egito? Os primeiros registros que temos acerca do Egito 
datam do ano 4000 a.C., quando caçadores nômades fixaram‑se no Vale do Nilo, nordeste da África. Aos 
poucos a tecnologia foi se desenvolvendo, o trabalho se especializando, a agricultura tornando‑se mais 
eficaz e a sociedade mais complexa. O Egito, provavelmente a civilização mais antiga da humanidade, 
desenvolveu a agricultura de forma extraordinária, graças, principalmente, ao regime de cheias do rio 
Nilo. Este povo, especializando‑se na agricultura, teve que desenvolver vastos conhecimentos para 
torná‑la cada vez mais eficaz. Com isto, o Egito desenvolveu notadamente a geometria, a astronomia, a 
matemática e as ciências úteis e necessárias para a realização das atividades práticas diárias referentes 
ao desenvolvimento da agricultura, como atesta, por exemplo, a elaboração de um eficiente calendário 
solar para prever as cheias do rio Nilo. Os trabalhos de irrigação e os conhecimentos de geometria, 
particularmente úteis para a medição de terras destinadas ao plantio e à construção das pirâmides, 
mostram‑nos o grau de desenvolvimento da engenharia praticada.
Os egípcios desenvolveram conhecimentos na área médica, identificando algumas doenças, e existe 
a evidência de que já praticavam alguns tipos de cirurgias. Possuíam, também, conhecimentos nas 
áreas de zoologia, botânica, mineralogia e geografia. Desenvolveram a escrita, mais conhecida como os 
hieróglifos, por volta de 3500 a.C.
Os antigos caçadores que se fixaram no vale do rio Nilo foram se transformando em exímios 
agricultores e desenvolveram extensos conhecimentos em torno das necessidades agrícolas. Passaram, 
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então, a dominar as técnicas de plantio e colheita de trigo, cevada, linho, algodão, legumes, frutas 
e papiro, bem como desenvolveram as práticas para a criação de bois, asnos, gansos, patos, cabras e 
carneiros e, na mineração, se destacaram na extração de ouro, cobre e pedras preciosas.
O desenvolvimento dos conhecimentos permitiu aos egípcios alcançarem uma alta produtividade 
agrícola e exercerem um eficiente controle populacional, disponibilizando recursos e mão de obra, 
o que viabilizou a construção das pirâmides e dos palácios, o desenvolvimento do artesanato, da 
ourivesaria e as guerras de expansão. Como podemos perceber, esta sociedade se tornou extremamente 
poderosa e rica, portanto, a estrutura social e cultural deste povo, marcada pelo desenvolvimento das 
atividades econômicas ligadas especialmente à agricultura, foi se tornando cada vez mais complexa. 
Desenvolveu‑se, portanto, uma sociedade de classes, dividida em diferentes camadas sociais: as que 
tinham privilégios, tais como: sacerdotes, nobres, funcionários; e as que compunham o restante da 
população: artesãos, camponeses e escravos. O governo se concretizou como um governo centralizador 
e teocrático. O faraó exercia uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de 
origem divina.
Nesse sentido, afirmamos que governo teocrático ou teocracia é um sistema de governo em que o 
poder político está fundamentado no poder religioso. Para os egípcios, a ordem social representava um 
aspecto da ordem cósmica. Assim, a realeza existiria desde o começo do mundo, pois o “Criador foi o 
primeiro Rei, transmitindo esta função ao filho e sucessor, o primeiro Faraó. Essa delegação consagrou 
a realeza como instituição divina”.
Politeístas, os egípcios acreditavam na vida após a morte e a prática religiosa, composta por muitas 
cerimônias e rituais, tinha grande destaque, valor e influência na sociedade. Como o poder político era 
fundamentado no poder religioso, podemos perceber que a religião era indissociável da vida política e 
cotidiana dos egípcios. O dia a dia era uma expressão da vontade divina e os faraós eram considerados 
e adorados como deuses encarnados. Ao faraó pertenciam todas as terras do país, portanto, todos 
deveriam lhe pagar tributos e lhe prestar serviços. Sendo ele um “deus encarnado” ninguém contestava. 
O faraó era ao mesmo tempo um “deus encarnado” e um chefe político de um Estado poderoso, portanto, 
tinha imenso poder sobre tudo e sobre todos.
Podemos pensar a sociedade egípcia como uma pirâmide cuja base é composta pelos camponeses 
livres, que eram a maioria da população, viviam nas aldeias e pagavam diversos tributos ao Estado e 
aos templos. Nesta base da sociedade ainda estavam os escravos, que se encontravam nesta condição 
por dívidas ou por dominação de outros povos por meio das conquistas militares. Quase todos eram 
de origem estrangeira e faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas. 
Acima destes havia uma camada intermediária formada pelos artesãos, trabalhadores que exerciam 
diferentes ofícios, tais como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives 
etc. Havia, ainda, os soldados que não atingiam os postos de comando, pois estes eram reservados à 
nobreza.
A classe dominante era formada pelo faraó e sua família, pelos sacerdotes, militares e altos 
funcionários do Estado, dentre eles os escribas. O faraó, soberano teocrático e centralizador, 
concentrava em suas mãos o poder político e espiritual; era cultuado como um deus vivo, filho de 
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deuses e intermediário entre estes e os homens; era a pessoa sagrada cuja autoridade absoluta não 
era e nem podia ser questionada.
Portanto, podemos perceber que na cultura egípcia o fator religioso era decisivo. A educação, 
por sua vez, estava intimamente relacionada com a religião e a cultura. Nesta sociedade de 
classes, a transmissão do conhecimento, tanto religioso como técnico, não era disponibilizada 
para todos, ao contrário, era restrita a poucos. Com a diversificação da economia, podemos 
perceber que começa a existir certa hierarquização no mundo do trabalho, ou seja, esta economia 
pede um trabalhador mais especializado e qualificado e uma educação condizente com esse 
propósito.
Manacorda nos mostra que provavelmente houve o desenvolvimento de três tipos de escolas: 
as escolas “intelectuais”, em que eram cultivados os estudos de matemática, de geometria 
e de astronomia; as escolas “práticas”, destinadas à qualificação de artesãos e treinamento 
de guerreiros, e as escolas de ciências esotéricas e sagradas, voltadas para a formação de 
sacerdotes.
O autor enfatiza a existência da educação destinada às classes dominantes, especialmente no 
que se refere à educação para a vida política, ou seja, para o exercício do poder. Esta educação 
era baseada em literaturasapiencial e tinha como objetivo o ensinamento dos comportamentos e 
da moral referentes ao exercício do poder. Literatura sapiencial é um tipo de literatura proverbial 
de sabedoria que tem uma finalidade basicamente didática. A Bíblia, por exemplo, é um livro de 
literatura sapiencial. Segundo os historiadores, este tipo de literatura foi introduzida em Israel pelo 
rei Salomão, mas, antes disso, se tem registros dessa literatura em todo o Oriente e, especialmente, 
no Antigo Egito.
Portanto, estes conselhos de sabedoria prática contêm condutas e preceitos morais intimamente 
relacionados ao modo de vida da classe dominante:
Eles contêm preceitos morais e comportamentais rigorosamente 
harmonizados com as estruturas e conveniências sociais ou, mais 
diretamente, com o modo de viver próprio das castas dominantes. Estes 
sempre foram em forma de conselhos dirigidos do pai para o filho e do 
mestre escriba para o discípulo (neste caso o termo “filho” será usado de 
qualquer forma, para indicar o “discípulo” seja este filho carnal ou não), e 
insistem na ininterrupta continuidade da transmissão educativa de geração 
em geração (MANACORDA, 2004, p. 11).
O exame da literatura sapiencial, em sua relação com a estrutura social e o momento em que a 
mesma foi produzida, pode nos fornecer um entendimento adequado acerca dos conteúdos e objetivos 
da educação, bem como da relação pedagógica entre mestre e discípulo. Manacorda conclui que a 
educação era mnemônica, repetitiva, baseada na escrita e transmitida autoritariamente do pai para o 
filho.
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 Observação
Mnemônica é uma técnica para desenvolver a memória por meio de 
processos de combinação e associação de ideias. Relativo à memória; que 
ajuda a reter na memória. Memorizar.
O conteúdo específico gira em torno dos preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria 
prática. A característica principal destes ensinamentos é que estes estão voltados para a formação 
do homem político. Sendo assim, a “arte de falar” ou o “falar bem” é um dos objetivos máximos 
deste ensino. Portanto, os temas pedagógicos fundamentais no Antigo Egito são: “educação para 
falar” e “obediência”. Devemos entender que “educação para falar” refere‑se ao exercício da oratória, 
fundamental na arte política do comando. Também devemos estar atentos para o fato de que 
comandar pressupõe a arte da obediência e, para que isso funcione, é necessário haver disciplina, 
castigo e rigor.
Assim, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito tinha as seguintes características:
• Mnemônica.
• Baseada na escrita (hieróglifos).
• Transmitida autoritariamente.
• Calcada na obediência e na disciplina: percepção do castigo como eficaz para o processo de 
aprendizagem.
• Uso de livros e textos de literatura sapiencial (preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria 
prática).
• Processo sistemático (com começo, meio, fim e objetivos).
• Institucionalizada, inicialmente sem locais rigidamente especificados para a sua transmissão, mas 
a ideia de escola já bem consolidada.
• Existência de um encarregado pela educação (escriba ou sacerdote).
• Educação de classes, portanto com conteúdos adequados aos diferentes objetivos (“intelectuais” 
ou “práticos”), ou seja, conteúdos adequados à classe dominante (formação do homem político, de 
escribas e altos funcionários) e conteúdos adequados ao povo (formação de artesãos e formação 
de guerreiros).
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Figura 3 – Escrita hieróglifa
 Saiba mais
Para saber mais acerca da escrita, do alfabeto e da gramática dos antigos 
egípcios, consultar: <http://hieroglifos.com.sapo.pt/>. 
Resumidamente, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito primava pelo desenvolvimento da fala, 
no sentido da arte da oratória, da obediência e da moral. Isso acontecia dentro de um rígido regime disciplinar 
em que a punição e o castigo eram frequentemente utilizados para quem não aprendia corretamente.
3.2 Ascensão social por meio do ofício de escriba
O escriba do Antigo Egito era um perito na escrita em um tempo e lugar em que bem poucos 
detinham esse conhecimento. Além de funcionário da administração, ele era mestre dos filhos das 
castas dominantes, e também dos filhos dos reis e faraós. A profissão de escriba se apresentava aos 
jovens e à sociedade em geral como extremamente promissora e vantajosa, portanto, era claramente 
uma forma de ascensão social. Assim, lemos em Manacorda:
“Quanto ao escriba, ele nunca sairá do bem‑estar, e em qualquer lugar onde 
ele morar não haverá mais necessidade” (MANACORDA, 2004, p. 22).
A literatura disponível nos informa que a ideia de trabalho manual como sendo um trabalho menor, 
inferior e desgastante em contraposição com o trabalho intelectual, especialmente do escriba, parece 
ser bastante comum, como nos informa a passagem abaixo, recolhida do trabalho de Manacorda:
“Nunca vi um cortador de pedras enviado como mensageiro, nem um ourives. 
Mas vi o ferreiro em seu trabalho, à boca da fornalha, fedendo mais do que 
ovas de peixe” (MANACORDA, 2004, p. 23).
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Nessa passagem há, claramente, um repúdio às profissões artesanais, ao trabalho manual, enquanto 
que na passagem seguinte observamos um enaltecimento à profissão de escriba:
“Mostrar‑te‑ei sua verdadeira beleza: ela (a profissão de escriba) é a maior 
de todas as profissões e não existe outra semelhante a ela neste país. (...) Eis 
que não existe nenhuma profissão sem que alguém te dê ordens, exceto a de 
escriba, porque é ele que dá as ordens. Se souberes escrever, estarás melhor 
do que nos ofícios que te mostrei. (...) Sê escriba: este ofício salva da fadiga e 
te protege contra qualquer tipo de trabalho. Por ele evitas carregar a enxada 
e a marra e dirigir um carro. Ele te preserva do manejo do remo e da dor 
das torturas, pois te livra de números, patrões e superiores. (...) O homem sai 
do seio de sua mãe e corre para o seu patrão. Mas o escriba chefia todos 
os tipos de trabalho neste mundo. (...) Sê escriba para que teu corpo se 
conserve liso e tuas mãos logo não se cansem e, assim, tu não queimes como 
uma lâmpada” (apud MANACORDA, 2004, p. 24).
Em uma sociedade como a egípcia, fortemente marcada pelas desigualdades sociais e com pouca 
mobilidade social, estes relatos podem nos indicar que dominar a escrita e o conhecimento eram formas de 
ascender socialmente. Já encontramos na antiguidade egípcia, portanto, elementos que nos mostram que 
o sábio, o intelectual ou aquele que detém o conhecimento é sempre diferenciado em relação aos demais. 
Percebemos, também, que deter conhecimentos é uma forma de exercer poder sobre os outros.
4 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA ANTIGUIDADE GREGA
Inicialmente, devemos esclarecer que o termo Antiguidade Clássica refere‑se a um período da 
história humana que aconteceu especificamente na Europa, portanto, quando falamos em Antiguidade 
Clássica, estamos nos referindo aos acontecimentos que se desenrolaram na Europa, na Grécia e em 
Roma.
Este período compreende o século VIII a.C. e se estende até, aproximadamente, o século V d.C. Esta 
periodização, que é feita muito mais no sentido didático, coloca como marco do início deste período 
o surgimento, na Grécia, da poesia de Homero e, como marco do final do período, a queda do Império 
Romano no ano 476 da era cristã.
Como já indicamos anteriormente, o Egito foi o berço cultural de nossa civilização, que, por sua vez, 
é herdeira dos ideais greco‑romanos no que se refereao conhecimento, à ciência e à cultura. Dos povos 
da Antiguidade, foram os gregos e os romanos que tiveram maior influência na formação da civilização 
ocidental. Portanto, é fundamental entendermos estas civilizações.
4.1 A Grécia
Nosso mundo atual tem muito em comum com o universo dos gregos antigos. Vários conceitos 
que usamos diariamente são herdados dos gregos, como, por exemplo, os conceitos de cidadania e 
democracia. Foram os gregos que inventaram os jogos olímpicos, criaram a filosofia e estabeleceram 
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os fundamentos da ciência e do teatro. A Grécia ainda é considerada o berço da Pedagogia. Produziu 
filósofos conhecidos e populares até os dias de hoje, como Sócrates, Platão e Aristóteles, além dos 
sofistas, que tiveram influência decisiva na profissionalização da educação.
Para entendermos o pensamento educacional na Grécia clássica, é fundamental que possamos 
vislumbrar os traços característicos de sua cultura e sociedade. Luzuriaga, buscando compreender 
estes traços, nos informa que a cultura grega pode, resumidamente, ser pensada a partir dos seguintes 
princípios:
• Descobrimento do valor humano independentemente de autoridade religiosa ou política.
• Reconhecimento da razão e da inteligência crítica ausente de dogmas.
• Criação da ordem, da lei e do cosmos, tanto na natureza como na humanidade.
• Criação da vida cidadã, do Estado e da organização política.
• Criação da liberdade individual e política dentro da lei e do Estado.
• Invenção da poesia épica, da história, da literatura dramática, da filosofia e das ciências físicas.
• Reconhecimento do valor decisivo da educação na vida social e individual.
• Consideração da educação humana em sua integridade: física, intelectual, ética e estética.
• O princípio da competição e seleção dos melhores, na vida e na educação.
Do ponto de vista social, sabemos que em todo tempo e lugar a expansão das atividades comerciais 
e de conquista gera profundas desigualdades sociais. Na Grécia, isto não foi diferente e as desigualdades 
se tornaram mais acentuadas com a consolidação da propriedade privada e com a introdução da 
escravidão. Desta forma, os processos educativos vão se estabelecendo em conformidade com as classes 
sociais, mas devido aos valores culturais desenvolvidos entre os gregos, já há uma tendência para a 
existência de uma educação mais democrática.
Os valores culturais desenvolvidos pelos gregos permite formar uma visão de mundo muito diferente 
dos outros povos da antiguidade. Enquanto estes povos baseavam suas vidas debaixo da obediência cega 
à religião, aos deuses ou às autoridades teocráticas, os gregos, ao contrário, colocavam a razão humana 
como um instrumento que pudesse servir ao próprio homem. Os gregos não se submetiam aos sacerdotes 
nem se humilhavam diante dos deuses, pois tinham o homem como o ser mais importante do universo. 
A religião era politeísta e Zeus ocupava o primeiro lugar na hierarquia, conhecido como deus do trovão. 
Apolo era o deus do sol, Athenas era a deusa da guerra e das atividades domésticas e Hades era o deus do 
mundo do além. Mas nada neste “modelo” religioso apontava para um possível rebaixamento do homem. 
Os deuses eram expressões das forças e formas do próprio homem ou da natureza.
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 Saiba mais
Para saber mais sobre deuses gregos e mitologia grega, acessar: <http://
www.beautyonline.com.br/bernardodegregorio/mitologia.htm>.
Para fins didáticos, podemos dividir a história da educação grega da seguinte maneira:
• Período Homérico (1100‑800 a.C.)
Corresponde à Educação Heroica, Cavalheiresca, fase retratada pelos poemas de Homero: Ilíada 
e Odisseia.
• Período Arcaico (800‑500 a.C.)
Fase da formação das cidades‑estado (polis). Introdução da escrita, da moeda e da lei. Corresponde 
à Educação Cívica (Atenas e Esparta).
• Período Clássico (500‑400 a.C)
Apogeu da civilização grega. Corresponde à Educação Clássica, humanista e é representada 
especialmente por Sócrates, Platão e Aristóteles.
• Período Helenístico (336‑146 a.C.)
Fase da decadência da Grécia. Corresponde à Educação Helenística, enciclopédica.
Como podemos perceber, o período intitulado de Antiguidade Clássica grega é muito longo, portanto 
a educação, bem como a sociedade, assumiu formas diferentes no decorrer do tempo. Em Esparta, 
por exemplo, a educação assume um papel de preparação para a guerra, enquanto que em Atenas 
assume um papel mais intelectual. Vejamos mais detalhadamente como se processou a educação nestes 
diferentes períodos:
• O Período Homérico e a Educação Heroica ou Cavalheiresca
A Educação Heroica ou Cavalheiresca do Período Homérico tem sua origem e base em dois poemas 
épicos atribuídos a Homero: Ilíada e Odisseia.
Os gregos deste período não tinham o domínio da escrita, portanto, o processo educativo se 
realizava a partir da tradição oral, especialmente por meio das rapsódias Ilíada (narrativa sobre a 
guerra de Troia) e Odisseia (narrativa sobre a volta de Ulisses à Grécia). Estes dois grandes poemas 
épicos serão redigidos sob a forma escrita entre os séculos IX e VIII a.C. Estes poemas influenciaram, 
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de forma marcante, toda a educação e cultura clássica, grega e romana. A Leitura e o estudo 
eram obrigatórios na educação básica da Grécia e, mais tarde, no Império Romano. Estes poemas 
influenciaram os autores clássicos do mundo todo e podem ser considerados como fundadores da 
literatura ocidental.
Estes poemas dominaram o processo educativo na Grécia, divulgando ideais que perpassaram a 
cultura grega e atingiram o patrimônio romano. Mas o que estes poemas tinham de tão especial? Quais 
ideais foram espalhadas pela cultura grega e romana?
Na verdade, estes poemas tratam das venturas e desventuras de heróis que servem de modelos 
permanentes para a juventude. Seus heróis mais importantes, como Aquiles e Ulisses, atravessaram 
os séculos. Estes heróis são modelos de virtude, honra, superioridade, conquista dos objetivos, 
coragem, perseverança e cumprimento do dever, apesar dos mais temidos obstáculos. Os feitos 
heroicos destes personagens eram aprendidos de memória pelas crianças e detalhadamente 
analisados pelos jovens.
Como esta é uma sociedade dos tempos heroicos e guerreiros, o ideal da educação desta época se 
estabelece em estreita relação com os ideais e as aspirações da sociedade. Portanto, neste período, a 
educação, chamada de Heroica ou Cavalheiresca, é fortemente alicerçada nos conceitos de honra e valor e 
no espírito de luta e sacrifício, bem como nas capacidades e nos feitos individuais. Percebe‑se, porém, mais 
claramente, o ideal educativo grego “Arete”. Originalmente formulado e explicitado nos poemas homéricos, 
a arete é entendida como um atributo próprio da nobreza, um conjunto de qualidades físicas, espirituais 
e morais, tais como a bravura, a coragem, a força, a destreza, a eloquência, a capacidade de persuasão, ou, 
em uma palavra, a heroicidade.
Homero enaltece qualidades capazes de dotar o homem de superioridade. A Ilíada é 
recheada de episódios cujo conteúdo prima pela capacidade que tem o herói de se sobressair, 
de estar entre os primeiros. Portanto, uma característica fundamental da educação é o espírito 
de superioridade. “Ser o melhor”, “superar os outros” é um ideal que norteia todo o precesso 
educativo grego deste período. Na Ilíada, é possivel perceber a importância atribuída às duas 
outras capacidades: a capacidade de pronunciar discursos, ouseja, de possuir uma boa retórica, 
e a capacidade de ser suficientemente valente para realizar intervenções e ações militares. Isto 
é, a capacidade para “falar” e para “agir”, ou seja, a capacidade de intervir na política e de fazer 
a guerra.
Podemos perceber que, durante este período, a educação visava ao preparo para a Guerra e para 
a capacidade de falar com facilidade. Este “treinamento” obviamente não era destinado a todos. A 
educação formal e institucionalizada ainda não existia. Não sendo pública nem gratuita, a educação 
tinha um caráter elitista. Era ministrada nos palácios ou castelos dos nobres, onde se recebia uma 
formação integral que incluía atividades físicas, manejo de armas, arco e flecha, exercícios militares, a 
arte da caça, da música, da dança e do canto, história e poesia.
Em Luzuriaga, encontramos a seguinte referência de Dilthey em relação à educação do jovem no 
período homérico:
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Largos espaços para exercícios físicos, o que devia cultivar não só a força, 
mas a beleza; os jogos festivos nos quais elas se demonstravam; o ensino 
de poesia e canto, acompanhado de instrumentos musicais; os relatos e 
as memórias de Homero; as leis, a sabedoria vital depositada em poesias 
morais; bem como os elementos com os quais se cultivava o jovem grego 
para estar preparado para a guerra e para a eloquência das assembleias 
(LUZURIAGA, 2001, p. 36).
A educação tinha, sobretudo, a função e o objetivo de fazer com que o jovem assimilasse os valores da 
sociedade, ou seja, o espírito de superioridade, a habilidade de falar e de se expressar e a valentia para agir.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a Educação Homérica, consultar: MURARI, J. C.; 
AMARAL, R. G. do A.; PEREIRA MELO, J. J. Objetivos e características da 
Educação Homérica: uma reflexão sobre o conceito de Areté. Disponível 
em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2562_
1928.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
• O Período Arcaico e a Educação Cívica
No final do período homérico, por volta de 800 a.C., ocorreram grandes mudanças na vida política, 
social, cultural e econômica dos gregos. Dentre estas mudanças, podemos citar: o desenvolvimento das 
chamadas cidades‑estado, as polis; o desenvolvimento da racionalidade e da reflexão em detrimento 
do mito; a utilização da escrita; o uso da moeda; a elaboração de leis escritas por legisladores; e o 
aparecimento dos primeiros filósofos.
Neste período, ocorre o que muitos autores denominam de Educação Cívica, ou seja, uma educação 
para a cidadania, capaz de formar bons cidadãos comprometidos com os interesses de suas sociedades. 
As cidades‑estado mais conhecidas foram Esparta e Atenas e normalmente elas são muito citadas para 
exemplificar modelos educacionais que são antagônicos entre si, mas que estão de acordo com o ideal 
de homem e de sociedade pensados por elas. Neste momento, ocorre um alargamento do ideal educativo 
arete, que passa a ser denominado kaloskagathia.
O ideal educativo denominado kaloskagathia buscou atingir mais do que a honra e a glória contidos 
no arete, pois pretendia‑se, além disto, alcançar a excelência física e moral. Os atributos que o homem 
devia procurar realizar eram: a beleza (kalos) e a bondade (kagatos). Para alcançar este ideal, foi proposto 
um programa educativo que implicou dois elementos fundamentais: a ginástica para o desenvolvimento 
do corpo e a música (aliada à leitura e ao canto) para o desenvolvimento da alma. Ao final da época 
arcaica, este programa educativo completava‑se com a gramática e, posteriormente, transformou‑se na 
paideia.
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O modelo de educação em Esparta
A sociedade espartana é muito comumente identificada como sendo composta por um povo guerreiro, 
de modos rudes e de pouca cultura. A verdade é que, em virtude das conquistas políticas, os espartanos 
tinham que manter os povos conquistados com punhos de aço e, para tal, todos os cidadãos foram 
convertidos em soldados. Desta forma, Esparta um clima de constante estado de guerra, o que impunha 
a necessidade de um Estado forte que controlasse e disciplinasse totalmente os indivíduos. A forma de 
governo que se estabeleceu é próxima ao que conhecemos como sendo um governo totalitário.
Neste tipo de sociedade, era necessário que a educação fosse calcada na severidade e na disciplina. 
Neste sentido, a educação espartana era essencialmente militar, embora os esportes e a música 
também fossem incentivados. Nos esportes, por exemplo, Esparta alcançou grandes feitos e vitórias, 
especialmente naqueles relacionados às necessidades militares, enquanto que as atividades artísticas 
ficaram visivelmente comprometidas. Ao contrário dos atenienses, os espartanos não eram dados a 
refinamentos intelectuais nem apreciavam os debates e os discursos longos. A palavra lacônico, que 
significa “maneira breve e concisa de falar ou escrever”, deriva da Lacônia, região em que viviam os 
espartanos.
O modelo de heroísmo homérico, que visava aos feitos individuais, foi aos poucos sendo substituído 
pelo heroísmo do amor à pátria. A figura do guerreiro individual dos tempos homéricos foi cedendo 
espaço para a formação do soldado pronto para o combate e pronto para seguir o ideal coletivo do 
Estado que a todos subordina. Portanto, a educação espartana estava sob o controle absoluto do 
Estado. A intervenção do Estado era tanta que foi decretado o sacrifício do recém‑nascido que não 
fosse suficientemente sadio e robusto, ou seja, que não pudesse se transformar no guerreiro pretendido 
por Esparta.
A educação da criança, especialmente do menino após os sete e até os vinte anos de idade, era 
realizada diretamente pelo Estado.
Giles nos faz um relato interessante quanto a isso:
Poucos dias após o nascimento, o filho é inspecionado por um conselho 
de anciões. Estes decidem se o menino deve viver ou morrer. A decisão 
depende de o menino ser sadio e forte ou doente e frágil. No segundo caso, 
será exposto até morrer. No caso de a decisão ser pela vida, o bebê será 
entregue à mãe até os sete anos de idade. A ela compete enrijá‑lo por meio 
de práticas, tais como o jejum compulsório, criando‑o de maneira que seja 
totalmente destemido. Aos sete anos de idade, em nome dos conselhos de 
governadores, o menino será entregue aos cuidados da escola oficial do 
Estado, pois a frequência à escola é compulsória e, até mesmo, condição 
imprescindível para o reconhecimento da cidadania e a outorga de qualquer 
assistência por parte do Estado. Entretanto, todo ensino destina‑se a 
formar o soldado indômito. Ao ingressar na escola, o menino recebe uma 
cama de palha, sem cobertor, e uma camisola curta. Deve andar descalço. 
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Para acostumar‑se a passar fome em tempo de guerra só recebe o mínimo 
de comida. O resto ele deve conseguir como pode. Deve, pois, aprender 
a roubar. É o meio de desenvolver a astúcia. Só que, se for apanhado em 
flagrante, será severamente castigado por falta de habilidade. O castigo 
para qualquer falta contra a disciplina será a flagelação com o chicote. 
Ademais, haverá periodicamente a chamada “prova do chicote”. Esta se 
realiza diante do altar, em que o menino apanha até verter sangue. A prova 
se realiza na presença dos pais e dos parentes dos alunos. Estes o animam 
para que se mantenha corajoso e demonstre a devida resolução. O medo 
de decepcionar os pais e parentes leva muitos alunos a suportar a prova 
até a morte. Uma vez por ano dava‑se a licença de empreendero combate 
mortal. Podia‑se matar qualquer escravo ou servo com a finalidade de 
aprender a matar antes de enfrentar o campo de batalha. Na escola, os 
exercícios comuns são a corrida, o salto, a natação, o arremesso de disco, 
a caça e a luta livre. O objetivo de tal formação é embrutecer ao máximo o 
jovem aspirante (GILES, 2006, p. 13).
Segundo Luzuriaga, a educação da mulher também era preocupação do Estado. A formação 
destinada a elas era parecida com a dos homens, mas se fazia com a intenção de prepará‑las o mais 
adequadamente possível para gerarem os filhos de Esparta:
Exercita‑se os corpos das donzelas no correr, lutar, arremessar o disco e 
atirar com o arco para que a concepção dos filhos, em corpos robustos, 
brotasse com mais força... proscrevendo, por outro lado, a comodidade, o 
resguardo e toda delicadeza feminina, acostumou as moças a apresentar‑se 
nas reuniões desnudas como os mancebos (LUZURIAGA, 2001, p. 38).
O modelo de educação em Atenas
Muito diferente do que se estabeleceu em Esparta foi o modelo de educação estabelecido em Atenas. 
Enquanto Esparta se preocupou com a formação do patriota guerreiro, Atenas se preocupou com a 
formação do homem livre.
Estes modelos de educação tão antagônicos estão profundamente relacionados com o tipo de 
sociedade vigente em cada um deles. Como vimos, Esparta precisava de uma educação militarista, rígida 
e disciplinada, para manter os povos conquistados. Entretanto, a sociedade ateniense se tornou uma 
sociedade democrática. De fato, Atenas é considerada o berço da democracia. Este tipo de governo e 
sociedade, por não prescindir de uma formação militarista, têm outros anseios e outras necessidades, 
muito diferentes dos anseios e necessidades de uma sociedade fortemente militarista.
A democracia se estabeleceu em Atenas, com a queda da tirania, quando ocorreu uma verdadeira guerra 
entre os que defendiam a oligarquia, liderados por Isagoras, e os que defendiam a democracia, liderados 
por Clistenes. Venceu Clistenes e a democracia. Esta vitória provocou mudanças que provavelmente são 
muito responsáveis pelo desenvolvimento experimentado por Atenas. Entre estas mudanças, houve um 
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vasto programa de reformas políticas, no qual foi possível estender os direitos de participação política 
a todos os homens livres nascidos em Atenas: os cidadãos. Desse modo, consolidava‑se a democracia 
ateniense.
No entanto, essa democracia que se estabelece em Atenas é muito limitante. Apenas 10% dos 
habitantes da cidade eram considerados cidadãos, portanto, só estes possuíam os direitos políticos 
conquistados. Desta forma, Atenas, que possuía 400 mil habitantes, pemitiu a participação de apenas 
40 mil cidadãos, excluindo a maior parte da população de participar da vida política e pública. Eram 
excluídos os estrangeiros residentes em Atenas, os escravos, as mulheres e os não proprietários.
Por volta do século V a.C., a democracia foi consolidada em Atenas e a cidade viveu um clima de 
efervescência artística e literária. Pisístrato e seus filhos foram patronos ardorosos das artes e atraíram 
artistas e poetas estrangeiros para obras de embelezamento e concursos musicais e poéticos.
As preocupações da sociedade ateniense eram muito voltadas para o desenvolvimento artístico e 
cultural de seu povo, o que levou à formação de uma civilização de forte tendência intelectual, artística 
e cultural. Atenas foi uma sociedade que desenvolveu o teatro, a filosofia e a arquitetura. Sendo, até os 
dias de hoje, referência na arquitetura, na qual podemos destacar obras como os templos erguidos em 
homenagem aos deuses, principalmente à deusa Atena, protetora da cidade.
Em Atenas floresceu uma vida urbana muito mais plena, que contrastava com Esparta, onde os 
homens viviam muito mais em aldeias e acampamentos, se preparando para as guerras.
A educação em Atenas, em conformidade com este modo de vida, possuía um enfoque muito mais 
social do que estatal. Obviamente, esta educação segue alguns parâmetros que são comuns por toda 
a Grécia, como o ensino de educação física e música. Os ideais educacionais do arete e kaloskagathia 
foram ultrapassados e se transformaram em paideia.
 Saiba mais
Para saber mais sobre os modelos de educação em Esparta e em Atenas, 
consultar: RAMIRO, M. A educação em Esparta e em Atenas. Disponível em: 
<http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/ebook_hist_
idpedag/Cap%203%20A%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20em%20Espart
a%20e%20em%20Atenas.pdf>. Acesso em 24 mai. 2011.
Enquanto os ideais educacionais do arete e kaloskagathia tinham como foco a formação do homem 
individual, a partir do século V a.C. a educação precisou dar conta de uma outra realidade, que era a 
formação do cidadão. A educação baseada apenas na ginástica, na música e na gramática não era 
suficiente. Neste momento, o ideal educativo grego aparece como paideia, cujo foco essencial era a 
formação geral capaz de construir o cidadão pretendido. Platão definiu paideia da seguinte forma “(...) 
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a essência de toda a verdadeira educação ou paideia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se 
tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento”. Jaeger 
nos informa, ainda, que os gregos deram o nome de paideia a todas as formas e criações espirituais e 
ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por Bildung ou pela palavra latina 
“cultura”. Daí que, para traduzir o termo paideia, “não se pode evitar o emprego de expressões modernas 
como: civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém, com o que 
os Gregos entendiam por paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele 
conceito global. Para abranger o campo total dos conceitos gregos, teríamos de empregá‑los todos de 
uma só vez” (JAEGER, 2001, p. 21).
Podemos perceber que o conceito de paideia é muito amplo e abrangente, reunindo em si os termos 
arete e kaloskagathia e indo além deles. Não é exclusivamente uma técnica para ensinar a criança a ser 
adulto. Na verdade, é muito maios do que isto. Este conceito serve também para especificar o resultado 
do processo educativo, ou seja, aquilo que o processo educativo consegue fazer pelo homem. Se 
pudéssemos imaginar um ser humano que nunca tivesse tido contato com nenhum processo educativo, 
provavelmente nos depararíamos com um ser no nível do animal, pois o homem não nasce homem, ele 
precisa aprender o que é ser um “ser humano”. O resultado do processo educativo, portanto, se prolonga 
por toda vida, muito para além dos anos escolares.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o sentido de Paideia e Aretê para a educação, 
consultar: FERREIRA, M. Perenidade da Aretê como horizonte apelativo da 
Paideia: sobre a excelência em educação. Disponível em: <http://www.scielo.
oces.mctes.pt/pdf/rpcd/v8n2/v8n2a10.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
Também em Atenas existia o costume de sacrificar os filhos que não eram fortes e sadios, entretanto, 
esta era uma decisão exclusiva do pai e não do Estado.
Giles nos faz o seguinte relato da educação ateniense:
Aos sete anos de idade, sob os cuidados do pedagogo, todo cidadão ateniense 
livre enviava o filho a três tipos de escola elementar: Palestra ou Escola de 
Ginástica, Escola de Música e Escola de Escrita. O local de funcionamento 
variava, algumas vezes funcionando ao ar livre, em algum canto de rua 
ou de templo, outras em alguma loja alugada, ou mesmo à sombra de 
algum monumento público. A instrução começava logo cedo e durava até 
o pôr‑do‑sol. (...) Além de visar ao desenvolvimento dosenso estético do 
menino, a música ensinava o sentido de participação, seja por meio de 
concursos, de festivais religiosos, como também por meio de declamações 
públicas de poesia. Por meio do ritmo e da harmonia, a música ensina o 
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menino a ser mais gentil, a ser gracioso e harmonioso e, portanto, a ser 
útil para a coletividade e para si. A música lhe ensina a evitar tudo o que 
é indecente na fala e no agir, a praticar a temperança e a moderação. Na 
escola de Escrita o menino aprendia a escrever tanto a letra formal como a 
letra cursiva. A evolução do alfabeto que se processou no século V a.C., em 
Atenas, é de importância incalculável para o processo educativo. (...) O aluno 
iniciava por copiar as letras individuais para depois combiná‑las em sílabas 
e, enfim, decorava palavras inteiras. (...) A leitura era baseada nas obras de 
Homero, Hesíodo, Esopo, Tucídides, Focilíades, Sólon e em outras poesias em 
que se encontravam admoestações e ilustrações relativas à conduta, como 
também elogios e louvor aos homens distintos que o menino devia admirar 
e imitar. (...) Quanto à disciplina esta é severa. Dizia‑se que o jovem que não 
tinha sido açoitado não tinha sido educado” (GILES, 2006, p. 13).
• O Período Clássico e a Educação Clássica ou Humanista
Durante o período clássico, Atenas se fortalece como centro da vida social, econômica política e 
cultural da Grécia em virtude do crescimento do comércio, da economia, do artesanato e das artes 
militares. Atenas viveu, ainda, durante este período, um processo de fortalecimento da ideia e do 
conceito de democracia.
Esta democracia, que se fortalece na Grécia, é uma democracia direta, ou seja, não é estabelecida por 
eleição de representantes no governo, mas sim por meio da participação de todos no governo. Todos, 
desde que fossem cidadãos, tinham o direito de expor e defender em público suas ideias e opiniões 
sobre as resoluções políticas mais adequadas para a cidade. No entanto, para se exercer este direito, era 
necessário ter competência. Era necessário ter ideias e opiniões, além de ser versado na arte de falar em 
público de modo a convencer os que escutavam. Com esta necessidade estabelecida, a educação buscou 
supri‑la. A formação do cidadão pleno, capaz de unir virtude, beleza, força, intelectualidade, capacidade 
de persuasão e comprometimento social, se fez muito necessária em virtude do modelo de sociedade 
democrática.
Para suprir esta necessidade, surgem os sofistas.
Mas quem são os sofistas?
Os sofistas foram os primeiros “educadores pagos” da Grécia e cobravam altas taxas pelos ensinamentos 
que ministravam. Mas o que ensinavam os sofistas? Como neste período a maior necessidade pedagógica 
da Grécia era a habilidade na política, os sofistas se esmeravam no ensino da retórica, da arte de falar 
em público, da arte da persuasão e das técnicas que ajudavam os homens a defenderem suas opiniões. 
Mas não apenas isso. Os sofistas não eram filósofos, mas ensinavam tudo aquilo que fosse necessário: 
retórica, política, gramática, história, física e matemática.
No entanto, se esmeravam mesmo no ensino da Retórica, arte da persuasão pela palavra. De fato, os 
sofistas perceberam que este era um grande filão para ser explorado, pois o objetivo dos jovens políticos 
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que eles treinavam era o de convencer o povo de que suas ideias e opiniões eram as melhores e mais 
eficazes, mesmo que não fossem. Como é possível perceber, os sofistas não estavam muito interessados 
na verdade. O que realmente interessava era convencer. Portanto, era necessário ter argumentos potentes 
e suficientes sobre qualquer assunto. Estes argumentos serviam, via de regra, para fazer parecer, por 
exemplo, que o pior fosse melhor, ou para provar que água era pedra.
Os sofistas foram bastante criticados por Sócrates e seus seguidores, basicamente por dois motivos: 
por cobrarem por seus ensinamentos e por se considerarem sábios, pois, para Sócrates, os ensinamentos 
não deveriam ser cobrados e o verdadeiro sábio é aquele que reconhece sua própria ignorância. Existe 
uma célebre frase atribuída a ele: “Só sei que nada sei”. Esta frase exemplifica sua posição em relação à 
sabedoria.
Podemos destacar os seguintes sofistas: Protágoras, Górgias, Hípias, Isócrates, Pródico, Crítias, 
Antifonte e Trasímaco e, destes, os mais importantes são: Protágoras, Górgias e Isócrates. Eles tinham 
grande apreço pelo desenvolvimento do espírito crítico e pela capacidade de expressão.
Duas frases famosas de dois destes sofistas devem ser registradas: a de Protágoras – “o homem é a 
medida de todas as coisas; daquelas que são enquanto são; daquelas que não são, enquanto não são”–, 
e a de Górgias – “o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa”.
Apesar de os sofistas serem alvos de preconceitos, é preciso que se afirme a grande importância 
deles. Se existiram sofistas enganadores, fúteis e gananciosos, existiram, também, os sérios, responsáveis 
e comprometidos com o ensino, como os citados acima. Eles foram os primeiros professores da história 
que se tem notícia; foram os primeiros a fazer do magistério uma profissão.
Os sofistas não foram cientistas nem filósofos, mas tiveram muita influência na cultura e na educação 
de seu tempo. Por meio de suas atuações, contribuíram para a sistematização da educação e para a 
difusão da filosofia de um grande número de pessoas das polis. Os sofistas não consideravam que a 
virtude, a arete, fosse patrimônio exclusivo da aristocracia, mas que deveria ser de todos, uma vez que 
era passível de ser transmitida e ensinada.
Pedagogia e pedagogo: termos de origem grega
A palavra pedagogo tem origem na Grécia. Etimologicamente o termo “pedagogo” é originário da 
palavra paidagogo, sendo que paidós significa criança e agodé significa condução. Tomada ao pé da 
letra, a palavra significa “aquele que conduz crianças”. Na Grécia Antiga, os paidagogos eram escravos 
encarregados de acompanhar as crianças em diversos locais, especialmente até o local de estudos. 
O paidagogo sempre carregava uma lamparina para qualquer eventualidade e, especialmente, para 
iluminar o caminho. Além de conduzirem as crianças, os paidagogos também tinham a função de 
transmitir ensinamentos e cultura. Com o tempo, o termo passou a ser utilizado para significar as 
reflexões feitas em torno da educação. Portanto, a Grécia Clássica pode ser considerada o berço 
da pedagogia, pois é justamente aí que vão ocorrer as primeiras reflexões em torno dos processos 
educativos.
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Como exemplo, vejamos como era o dia de uma criança grega:
• Mal o dia surgia, o rapaz acordava e o pedagogo, com a sua lanterna, o ajudava a lavar‑se e a 
vestir‑se.
• Após a refeição da manhã, o pedagogo acompanhava o rapaz à palestra na qual ia aprender 
música e ginástica.
• Depois de um banho, o rapaz regressava à casa para almoçar.
• À tarde, regressava novamente à palestra para ter lições de leitura e escrita.
• De regresso à casa, e sempre acompanhado pelo pedagogo, o rapaz estudava as suas lições, fazia 
os trabalhos de casa, jantava e ia deitar‑se. 
• Não existiam fins de semana nem férias, exceto os frequentes dias de festivais religiosos ou 
cívicos, que constituíam bons dias de descanso para os jovens gregos (CASTLE, apud POMBO 
et al., 2005, p. 65).
Foi durante o Período Clássico que surgiram os filósofos, tanto que este período também é identificado 
com Período Socrático (séculos V aIV a.C.), marcado pela influência de três grandes filósofos: Sócrates, 
Platão e Aristóteles.
Período Socrático
O Período Socrático tem início com os sofistas e os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, bem como 
com as disputas políticas e conflitos de ideias provocados pelas ações destes homens. Sócrates rivalizava 
visivelmente com os sofistas.
Neste período, há o desabrochar da filosofia, bem como das ideias pedagógicas, sendo que Platão 
e Aristóteles são considerados dois grandes clássicos da pedagogia grega, tendo exprimido suas ideias 
educacionais em suas monumentais obras filosóficas.
Sócrates
Já dissemos que os primeiros educadores profissionais da Grécia foram os sofistas, mas Sócrates é 
considerado o grande educador espiritual. Seja como filósofo ou como pensador, Sócrates foi, antes de 
tudo, um educador.
Nascido em Atenas no ano de 469 a.C., Sócrates não era de família nobre, seu pai era escultor e sua 
mãe era parteira. Nasceu pobre e pobre morreu, apesar de frequentar a melhor sociedade da época. 
Embora tenha tido uma vida exemplar, participando de atividades políticas e militares da Grécia, seus 
grandes feitos e realizações se encontram na área intelectual. Foi um dos maiores pensadores e filósofos 
de toda a Grécia, influenciando gerações e gerações de pensadores no mundo todo até os dias atuais. 
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Apesar de sua enorme influência sobre todos os homens da época e de sua enorme cultura, não ficou 
rico nem ocupou cargos importantes.
Xenofonte, grande historiador grego, citado por Luzuriaga, faz a seguinte afirmação:
Todos os discípulos sentimos‑lhe a falta, porque era o melhor no cuidado da 
virtude, piedoso, pois em todo obrava segundo o pensamento dos deuses; 
justo, pois foi o mais proveitoso para quantos com ele trataram; continente, 
pois nunca preferiu o excelente; prudente, pois não se enganou ao julgar 
o bom e o mal; capaz de juízo, de conselho e de repreensão para os que 
se equivocavam. Por tudo o que era considerado o melhor e mais feliz dos 
homens (LUZURIAGA, 2001, p. 47).
Assim como os sofistas, Sócrates utilizava as palavras faladas, o discurso e o diálogo em suas 
atividades educacionais e, assim como eles, acreditava que a virtude deveria ser ensinada a todos. Mas, 
se Sócrates concordava com algumas ideias pedagógicas dos sofistas, discordava de outras.
Discordâncias entre Sócrates e os sofistas:
• Ao contrário dos sofistas, Sócrates não concordava que a educação fosse uma profissão remunerada, 
utilitária.
• A educação não deveria ser de caráter prático nem de proveito pessoal, mas deveria, antes, ser de 
tipo espiritual e moral.
• Os sofistas usavam o diálogo em seus ensinamentos para impor ideias ou para fins egoístas. 
Sócrates, ao contrário, usava o diálogo para conduzir à descoberta da verdade.
• Os sofistas não se preocupavam com as ideias morais, enquanto que, para Sócrates, a moral, a 
virtude e a ética deveriam ser o cerne da educação e da vida.
As ideias socráticas foram extremamente inovadoras na educação. Com Sócrates, o domínio da razão 
e a racionalidade adquire nova importância. Sócrates percebe que, para o ensino ser eficiente, é necessário 
ensinar a pensar. O método de Sócrates é basicamente o diálogo em dois momentos: a ironia e a maiêutica.
A respeito de Sócrates, lemos em Luzuriaga:
Sócrates foi um gênio pedagógico sem igual na antiguidade. (...) com ele 
se introduz um elemento inteiramente novo na história da educação: a 
penetração no mais profundo da juventude. Nele estavam indissoluvelmente 
unidos o Eros platônico, o amor pedagógico, a intenção de liberar pela 
conversação os conceitos que se achavam no espírito e a tendência de fazer 
do saber e das verdades a diretriz da ação. Que grande foi a sedução que 
exerceu! (LUZURIAGA, 2001, p. 50).
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 Saiba mais
Para saber mais, consultar: MARTINS, J. da S. O método sofístico e o 
ensino da filosofia. Disponível em: <http://www.agora.ceedo.com.br>. 
Acesso em: 24 mai. 2011. 
Platão
Platão foi um dos mais importantes discípulos de Sócrates. Também nasceu em Atenas, mas, 
diferentemente do mestre, era de uma família ilustre. Enquanto Sócrates foi o primeiro educador da Grécia, 
alguns autores admitem que Platão tenha sido o fundador da teoria da educação, ou seja, da pedagogia, 
pois Platão se destacou muito mais pela reflexão pedagógica do que pela atividade educativa.
A educação para Platão
Platão considerava que a educação deveria ser obrigação do Estado, bem como admitia que ela 
deveria ser universal e igual para homens e mulheres.
Para Platão, o processo educacional deveria ser algo longamente elaborado para que o indivíduo 
fosse suficientemente preparado e a educação teria que ser capaz de revelar os talentos deste.
Os conteúdos ministrados na educação básica, por exemplo, deveriam ter o objetivo de desenvolver 
o equilíbrio do corpo e do espírito e, para tal, as crianças deveriam ser privadas do convívio com os pais 
e enviadas ao campo, em função da influência negativa que a família podia exercer.
A ginástica, que deveria se iniciar na infância e se estender por toda a vida adulta, fazia parte do 
programa de educação pensado por Platão e deveria ser composta de exercícios de caráter militar, 
além de jogos, lutas, corridas, esgrima, arremesso e arco e flecha. Mas deveria ser uma maneira de 
complementar a formação do caráter e da personalidade. Portanto, Platão não entendia a ginástica 
como forma de incentivar a competição nem de alcançar a melhoria da forma física, pois esta podia 
até ser uma consequência, porém, nunca deveria ser seu objetivo. A música também deveria ser 
ensinada na medida em que favorecesse o desenvolvimento do espírito, o desejo pelo belo e a repulsa 
pelo feio.
Como em toda educação helênica, Platão considera a ginástica e a música 
instrumentos essenciais; assina‑lhes, contudo, papel mais amplo que na educação 
tradicional. Na ginástica inclui não só os exercícios físicos e a higiene, mas ainda 
a formação do caráter, o cultivo do valor; enquanto a música compreende ainda 
a dança e o canto, as letras e, pela primeira vez, a matemática. Umas e outras, 
todavia, a serviço do espírito. “Os deuses”, diz Platão, “fizeram aos homens o 
presente da música e da ginástica, não com o fito de cultivar a alma e o corpo 
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(pois, se este colhe alguma vantagem, é apenas indiretamente), mas, para cultivar 
só a alma e nela aperfeiçoar a sabedoria e o valor” (LUZURIAGA, 2001, p. 52).
Assim como para Sócrates, para Platão a finalidade da educação era a formação do homem moral, e 
o meio era a educação do Estado. Para tanto, o Estado deveria encarnar a ideia de justiça.
Aristóteles
Aluno e discípulo de Platão, Aristóteles considerava, tal como o mestre, que a educação deveria ser 
pública e ter como objetivo a virtude. Foi um grande filósofo, educador e pedagogo. Esteve aos seus 
encargos a educação de Alexandre Magno, filho de Filipe, Rei da Macedônia, iniciando aquilo que ficou 
conhecido como “educação do príncipe”.
Para Aristóteles, era necessário ensinar o que é virtude, mas somente pela prática da mesma é que 
seria possível, realmente, aprender o que esta é de fato. Apenas praticando a virtude nos tornamos 
virtuosos. Ninguém se torna virtuoso apenas por saber o que é virtude, ou seja, ninguém se torna bom 
apenas por saber a definição de bondade. Seremos mais bondosos quanto mais bondade praticarmos.
Aristóteles, juntamente com seus discípulosdo Liceu, procedeu à organização e sistematização de 
vários saberes (Botânica, Zoologia, Química, Psicologia etc.).
Liceu foi uma escola de Ciência Política fundada por Aristóteles em 335 a.C. A escola 
localizava‑se no bosque consagrado à Apolo Lício e, provavelmente, esta é a origem do nome 
“Liceu”. Atualmente, várias escolas secundárias e estabelecimentos educacionais e culturais 
recebem esta designação.
Podemos destacar os seguintes aspectos na educação aristotélica:
• A educação deveria ser responsabilidade do Estado.
• A educação deveria ser a mesma para todos em todo solo grego.
• A lei deveria regular a educação e esta deveria ser pública.
• A família deveria se responsabilizar pela educação na primeira infância (até os sete anos).
• A partir dos sete anos a educação deveria ser dividida em dois períodos: dos sete anos à puberdade 
e da puberdade aos vinte e um anos.
• A educação deveria ser composta de ginástica, música, letras e desenho.
• As duas partes essenciais eram a ginástica e a música: a ginástica para desenvolver a coragem e a 
música para desenvolver a moral.
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 Saiba mais
Para saber mais acerca do significado de educação em Platão e Aristóteles, 
consultar o excelente artigo da professora BOTO, C. A ética de Aristóteles e 
a educação. Disponível em: <http://www.hottopos.com/videtur16/carlota.
htm>. Acesso em: 24 mai. 2011. Veja também o trabalho de KOHAN, O. W. 
Infância e educação em Platão. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
ep/v29n1/a02v29n1.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
• Período Helenístico: Educação Helenística/Enciclopédica
No período helenístico, ocorre a decadência das cid ades‑estado. Foi neste período que Alexandre 
Magno, Rei da Macedônia, conquistou a Grécia, colocando‑a sob o seu domínio. Contudo, este também é 
um momento em que a cultura grega se amplia de tal maneira que se universaliza e se espalha para todo 
o mundo. Isto ocorre porque Alexandre admirava muito a cultura grega, inclusive havia sido educado por 
Aristóteles e, em sua empreitada de conquistar o mundo, acabou difundindo‑a de forma magistral.
Na verdade, o contato da cultura grega com as diferentes culturas do mundo, especialmente com 
o mundo oriental (Pérsia e Egito), gerou uma fusão cultural que passou a caracterizar o helenismo. 
Portanto, podemos pensar o helenismo como um período em que se processou uma mistura de diferentes 
culturas, principalmente a grega, a persa e a egípcia, mistura esta que foi difundida por todo o mundo.
A educação particular, mantida com os pagamentos dos alunos, continuou a existir, porém, a 
educação pública se expandiu e passou a ser uma obrigação dos municípios e das cidades. Apenas a 
educação militar é que continuou a cargo do Estado.
Os conteúdos da educação continuam parecidos com os das épocas anteriores, contudo, há 
uma diminuição da importância da educação física e dos aspectos estéticos, em geral, e uma 
valorização dos aspectos intelectuais. Nesta época, a paideia se transformou em enkyklios paideia 
(enciclopédia). A partir do método da memorização, a leitura, a escrita e o cálculo ganharam maior 
destaque em relação às outras épocas e a disciplina era muito rígida, inclusive com a adoção de 
castigos corporais.
No período helenístico, a divisão entre matérias humanistas e realistas foi estabelecida por meio do 
trivium (gramática, retórica e filosofia) e quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia).
 Resumo
Diferentemente do que acontecia na Pré‑História, no Antigo Egito, a 
educação assumiu contornos mais condizentes com as necessidades sociais 
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apresentadas pela sociedade, que era bem mais complexa. A educação foi 
se tornando cada vez mais formal, concentrou‑se na arte da oratória, no 
treino da obediência e da moral (uso de literatura sapiencial), a partir de um 
rígido regime disciplinar em que a punição e o castigo eram frequentemente 
utilizados. Neste período, surgiu a figura de um encarregado pela educação 
(escriba ou sacerdote) e o domínio do conhecimento passou a ser uma 
forma de ascensão social.
Na Antiguidade Clássica Grega, destacaram‑se quatro diferentes 
períodos em que se impuseram quatro diferentes ideais de educação, 
a saber: o Período Homérico, correspondente à Educação Heroica ou 
Cavalheiresca; o Período Arcaico, correspondente à Educação Cívica, ou 
seja, uma educação para a cidadania; o Período Clássico, correspondente à 
Educação Humanista; e o Período Helenístico, que corresponde à Educação 
Helenística e/ou Enciclopédica.
Na Grécia houve o desabrochar das ideias pedagógicas e educacionais 
mais fundamentais e que influenciaram a educação em todo o mundo 
ocidental. Estas ideias se iniciaram especialmente durante o Período 
Clássico, também conhecido como Período Socrático, com o surgimento dos 
sofistas e dos filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles. Guardada as devidas 
diferenças entre eles, estes filósofos consideravam que a educação deveria 
ter como objetivo a virtude e ser composta essencialmente pela ginástica e 
pela música, além de ser pública e de responsabilidade do Estado.
 Exercícios
Questão 1 (Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul – SP – USCS – 2009). A chave da 
compreensão do pensamento político, epistemológico, ético e espiritual de Platão encontra‑se:
A) No mundo das ideias, o qual existe de forma absoluta.
B) No mundo sensível, indispensável ao conhecimento do mundo.
C) No mundo das ideias, relacionado ao imaginário do ser humano.
D) No hiperurânio ou mundo psicofísico do ser humano.
E) Nos dois mundos: o das ideias e o sensível, numa relação dialética.
Resposta correta: alternativa A.
Análise das alternativas:
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A) Alternativa correta.
Justificativa:
A alternativa é correta porque na filosofia de Platão todo conhecimento e verdade existem na forma 
absoluta do mundo das ideias.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, para Platão, o mundo sensível era fonte de 
ilusão e engano.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, para Platão, o mundo das ideias não era o do 
imaginário humano, mas o das formas e ideias absolutas.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, para Platão, o mundo psicofísico do ser humano 
era fonte de ilusão e engano.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, para Platão, o mundo sensível era fonte de 
ilusão e engano.
Questão 2. O período homérico foi caracterizado pela “educação heroica ou cavalheiresca”. Essa 
Educação tem sua origem e base em dois poemas épicos: Ilíada e Odisseia, que tratam das venturas, 
desventuras, feitos de virtude, honra, superioridade, conquista dos objetivos, coragem, perseverança e 
cumprimento do dever dos heróis Aquiles e Ulisses. Eles serviam, portanto, de modelo permanente para 
a juventude grega. Nessa época, a sociedade grega é uma sociedade sonhadora, imersa no universo 
onírico. Portanto, a educação neste período é baseada nos contos de fada de heróis e cavalheiros.
A partir disso, é considerado o autor da Ilíada e da Odisseia:
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A) Homero.
B) Hesíodo.
C) Ulisses.
D) Tales.
E) Sócrates.
Respostadesta questão na Plataforma.
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5 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO
5.1 A Idade Média e o Feudalismo
A Idade Média foi um período da história europeia que durou aproximadamente mil anos. Este 
espaço de tempo vigorou aproximadamente entre os séculos V e XV e compreende, em termos 
históricos, a queda do Império Romano do Ocidente e a tomada de Constantinopla pelos turcos 
otomanos em 1453. O final da Idade Média está associado a vários eventos e acontecimentos, como 
os grandes descobrimentos marítimos e a ascensão do Renascimento, podendo ser assinalado como 
um período de declínio das relações feudais de produção, que começam a ser substituídas pelo modo 
de produção capitalista.
A Idade Média europeia divide-se em duas etapas bem distintas: a alta Idade Média (que vai da 
formação dos reinos germânicos, a partir do século V, até a consolidação do feudalismo, entre os séculos 
IX e XII); e a baixa Idade Média (que vai até o século XV, caracterizada pelo crescimento das cidades, a 
expansão territorial e o florescimento do comércio). A sociedade medieval era dividida em estamentos. 
Os três principais grupos eram:
• Clero.
• Nobreza.
• Servos.
A definição de estamentos contida nos dicionários nos informa que esta é uma maneira de divisão 
social formada por camadas bem mais fechadas do que as classes sociais e um pouco mais flexíveis 
do que as castas, presentes, por exemplo, na Índia. Usa-se o termo principalmente para se referir às 
sociedades nas quais a posição social do indivíduo é determinada pela origem familiar, pelo nascimento. 
Estamental, portanto, é uma forma de se referir à sociedade feudal.
Havia outros grupos sociais, como os poucos comerciantes existentes na alta Idade Média, mas foi 
somente na baixa Idade Média que começou a surgiu a burguesia, rompendo com a característica da 
sociedade apresentada acima.
Na sociedade medieval não havia ascensão social e quase inexistia mobilidade entre as camadas da 
sociedade. Todos os poderes (jurídico, econômico e político) concentravam-se nas mãos dos senhores 
feudais, donos de lotes de terras (feudos). Como o clero e a nobreza comandavam, era comum que se 
criassem justificativas religiosas para que os servos não contestassem a sociedade.
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Assim, podemos afirmar que as principais características do feudalismo eram:
• Poder descentralizado (nas mãos de vários senhores feudais).
• Economia baseada na agricultura; utilização do trabalho dos servos.
• Quase nenhuma mobilidade social.
• Forte mentalidade religiosa.
• Intensa influência e poder de decisão do clero (Igreja) em todos os setores da vida humana.
Como podemos perceber, a sociedade feudal era estática e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores, 
cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. 
O clero tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade e também 
pela produção do conhecimento. Além disso, era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira 
camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos, que deviam pagar 
várias taxas e tributos aos senhores feudais.
A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam algumas moedas na Idade 
Média, porém, elas eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns. O feudo 
era a base econômica deste período, pois quem possuía a terra, desfrutava de mais poder. A produção 
era baixa, uma vez que as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado 
puxado por bois era muito utilizado na agricultura. O artesanato também era praticado na Idade Média, 
inicialmente nas oficinas dos feudos, mais tarde nas chamadas Corporações de Ofício, depois nas 
manufaturas e finalmente nas fábricas.
As Corporações de Ofício eram associações (existentes no final da Idade Média) que reuniam 
trabalhadores (artesãos) de uma mesma profissão. Existiram corporações de ofícios de diversos tipos 
como, por exemplo, dos carpinteiros, ferreiros, alfaiates, sapateiros, padeiros, entre outros. Estas 
associações serviam para defender os interesses trabalhistas e econômicos dos trabalhadores. Cada 
profissional contribuía com uma taxa para manter a associação em funcionamento.
Durante a alta Idade Média, (entre o século V e o século XI), a economia feudal caracterizou-se 
pela autossuficiência. Isto significa dizer que o feudo buscava produzir tudo que era necessário para a 
manutenção da comunidade. A quase inexistência de comércio impedia que houvesse um abastecimento 
externo ao feudo.
A sociedade medieval era fortemente marcada pela mentalidade religiosa. A predominância cultural 
e ideológica da Igreja católica valorizava a vida extraterrena, condenava a usura e mantinha sua posição 
em relação ao “justo preço” das mercadorias. A arte e a cultura medieval também eram fortemente 
marcadas pela religiosidade da época. As pinturas e os vitrais das igrejas retratavam passagens da Bíblia 
e ensinamentos religiosos, sendo formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião. Na 
arquitetura, destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.
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Até o século X, a Europa medieval foi constantemente ameaçada por invasões “bárbaras”, 
notadamente pelos povos normandos e eslavos. Porém, já no século X, estes povos se estabeleceram 
e não ofereciam mais perigo. De forma geral, a Europa vivia um clima de paz. Houve um aumento 
populacional provocado por essa fase de estabilidade que levou à necessidade de ampliação das 
terras, nas quais os trabalhadores desenvolveram técnicas agrícolas que lhes facilitaram o trabalho. 
Em torno dos castelos, indivíduos começaram a se estabelecer e comerciar produtos excedentes locais 
e originários de outras regiões da Europa. A moeda voltou a ser necessária, e surgiram várias cidades 
importantes junto às rotas comerciais marítimas e terrestres. O aumento do comércio promoveu 
o desenvolvimento das cidades medievais que, em grande parte dos casos, possuía um núcleo 
fortificado com muralhas, chamado burgo. Com o crescimento da população, o burgo foi alargando 
seus limites para além das muralhas. Os comerciantes e artesãos que viviam em torno desses núcleos 
eram chamados de burgueses. Aos poucos, o progresso do comércio e das cidades foi tornando a 
burguesia mais rica e poderosa, passando a disputar interesses com a nobreza feudal. Além disso, a 
expansão do comércio também influenciou na mentalidade da população camponesa, contribuindo 
para desorganizar o feudalismo.
O aumento da população, verificado entre os séculos XI e XIV, foi extraordinário. Os nobres cresceram 
em número e tornaram-se mais exigentes com relação aos seus hábitos de consumo: isso determinava 
a necessidade de ampliarem suas rendas e, para consegui-lo, elevou-se de modo significativo o grau de 
exploração da massa camponesa. Esta superexploração gerou protestos dos servos, consubstanciados 
em numerosas revoltas e fugas para as cidades.
Portanto, notamos que, durante a baixa Idade Média, iniciou-se uma ruptura com as características 
de subsistência que o feudalismo apresentava. Com o surgimento de novas técnicas agrícolas, foi 
possível a comercialização do excedente de produção. Cansados da exploração feudal, muitos servos 
ouviam entusiasmados as notícias da agitação comercial das cidades. Grande número deles migrava em 
busca de melhores condiçõesde vida.
As cidades tornaram-se locais seguros para aqueles que desejavam romper com a rigidez da 
sociedade feudal. Por isso, um antigo provérbio alemão dizia: “o ar da cidade torna o homem 
livre”. É ainda durante este período que muitos pensadores vão começar a introduzir ideias 
novas sobre a forma com a qual se deve analisar os fenômenos do mundo natural, biológico e 
social.
5.2 O Conhecimento Científico na Idade Média
Desde o século IV d.C. (ano 400) até o século XV (1400), a história do conhecimento ficou dividida.
De um lado, o conhecimento dos mosteiros era dedicado a cultivar a teologia, a filosofia, a 
literatura e o estudo de fenômenos naturais, sempre do ponto de vista religioso, legitimando o 
poder da nobreza e da Igreja. Sendo que, em pleno século XVIII, tivemos a seguinte afirmação 
proferida pelo grande teórico do absolutismo monárquico Jacques Bossuet, (1627-1704) doutor 
em teologia, bispo e cônego: “Todo poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem como ministros 
de Deus e são seus representantes na Terra. Resulta de tudo isso que a pessoa do rei é sagrada e 
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que atacá-lo é sacrilégio. O poder real é absoluto. O príncipe não precisa dar contas de seus atos 
a ninguém”.
Mas, por outro lado, temos o conhecimento dos estudiosos livres-pensadores da natureza, alquimistas, 
magos, “bruxos”, “experimentadores”, que, sozinhos ou em grupos, quase sempre em segredo, procuravam 
desvendar o que estava oculto por trás das aparências.
Neste período, o poder e a influência da Igreja católica permearam tanto a vida política e econômica, 
quanto a vida intelectual. A produção do conhecimento tinha seu centro e elite no seio das hierarquias 
estabelecidas pela Igreja. Sendo assim, era mantido um severo controle sobre os produtores do saber, 
havendo, para eles, a obrigação de darem um determinado sentido a seus trabalhos: o conhecimento 
humano deveria estar voltado para fundamentar, legitimar e difundir as verdades contidas nas Sagradas 
Escrituras e, portanto, para glorificar o reino de Deus. O conhecimento que não tivesse exatamente essa 
finalidade era considerado herege.
Os dogmas religiosos não poderiam ser contestados pelos estudos científicos. Alguns destes dogmas 
eram:
• Geocentrismo - a Terra é o centro do universo.
• Teocentrismo - Deus é o centro de todas as explicações.
• Teocracia - todo poder do rei emana de Deus.
Com isso, o exercício do conhecimento durante a Idade Média aconteceu sob muita repressão. Foi 
apenas no final do período que algumas correntes de pensamento tentaram uma leitura menos ortodoxa 
e dogmática acerca da relação entre razão e fé.
Alguns pensadores começaram a perceber que razão e conhecimento não deveriam, necessariamente, 
depender da fé. A ideia de fazer “experiências” para atingir o saber sobre as coisas do mundo natural foi 
a virada ocorrida em direção ao empirismo.
 Lembrete
Empirismo: doutrina que reconhece apenas a experiência como guia 
para atingir o conhecimento.
Os pensadores dos séculos XIII (1200) e XIV (1300), ainda durante a Idade Média, introduziram o 
pensamento de que o mundo de Deus e o mundo cósmico (dos homens) eram diferentes, e, portanto, os 
meios de conhecimento de cada um deles teriam que ser também distintos. Daí a necessidade de separar 
a fé (caminho para conhecer o mundo de Deus) e a razão (meio de conhecer o mundo cósmico). Ou 
seja, a fé poderia continuar sendo a base para explicar o mundo de Deus, mas o nosso mundo terreno e 
material deveria ser explicado pela racionalidade.
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5.3 A Educação na Idade Média
Com o fim do Império Romano e o estabelecimento do feudalismo, a Europa aos poucos foi se 
convertendo ao cristianismo, o que favoreceu a influência da Igreja na educação do mundo europeu. A 
cultura greco-romana perdeu seu vigor e importância e praticamente desapareceu, ficando guardada 
nos mosteiros pelos monges. O clero foi o grande guardião da cultura e do conhecimento e se dedicava 
ao estudo de temas religiosos, à defesa da fé cristã e ao trabalho de conversão dos não cristãos.
Durante a Idade Média, os clérigos e monges eram, praticamente, os únicos que sabiam ler e escrever. 
Portanto, a Igreja foi responsável pelo ensino, que acontecia nas escolas episcopais (escolas erguidas 
junto às catedrais), abaciais (escolas erguidas junto às abadias) ou palatinas (escolas que funcionavam 
nos palácios). A organização da Educação na Idade Média deve muito ao monge beneditino de York, 
Alcuíno, que foi chamado à França por Carlos Magno para estruturar e reformular o ensino. Algumas 
biografias nos informam que Carlos Magno era analfabeto, mas conseguiu realizar uma monumental 
reforma educacional em todo império carolíngio.
De maneira geral, podemos afirmar que, no mundo medieval, a educação era para poucos, pois só os 
filhos dos nobres estudavam. Marcada pela influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas 
e táticas de guerra. Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.
De forma didática, é possível dizer que, durante a Idade Média, a educação apresentou duas 
tendências básicas: a Educação Patrística e a Escolástica.
A Educação Patrística
Estava ancorada na filosofia Patrística, que foi uma linha de pensamento cristã formulada pelos 
padres da Igreja. Esta filosofia consistiu basicamente na elaboração das verdades do cristianismo como 
uma forma de defesa contra os ataques dos pagãos e dos hereges. Em busca de argumentos para contê-
los, os clérigos que organizavam estes princípios procuravam fundamentos nos textos filosóficos gregos, 
especialmente nos de Platão.
De inspiração platônica, a Patrística expôs a necessidade de uma rigorosa ética moral e de controle 
racional das paixões. Caracterizada por sua intenção apologética (defesa da fé e conversão dos 
pagãos), a Patrística procedeu a uma forma racional de exposição da doutrina cristã, preocupando-se, 
principalmente, em tentar equilibrar as relações entre fé e ciência, entre fé e razão, para poder entender 
a natureza de Deus e da alma.
Entre os representantes da Patrística, podemos citar: Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano. 
Mas, sem dúvida alguma, o seu membro mais influente foi Santo Agostinho (354-430).
Embora Santo Agostinho tenha sofrido influência de Platão ao unir filosofia e religião, acabou 
formando sua própria filosofia baseada em conhecimento, sabedoria e amizade. Em relação à Educação, 
Santo Agostinho teve ação decisiva e inovadora ao reconhecer que, ao lado da conquista e do domínio 
dos conteúdos, o aluno precisava saber relacionar esse conhecimento à realidade.
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Podemos reconhecer duas fases na forma de concepção de educação de Agostinho. A primeira, na 
qual se faz relevante a formação humanista e, na segunda, o destaque para o valor e a importância da 
formação ascética.
 Observação
No vocabulário religioso, ascese significa renúncia e penitência para 
alcançar a perfeição. Portanto, a expressão “formação ascética”, utilizada 
no texto, significa uma formação rigorosa, capaz de conduzir aos caminhos 
do bem e à perfeição.
Mas, em ambas as fases, Agostinho considera ser decisiva a formação da consciência moral, única 
forma de iluminar a inteligência para o reconhecimento da lei divina. No entanto, ele julga importante, 
principalmente na primeira etapa da educação, a realização dos exercícios físicos, o ensino da retórica, 
a prática da disciplina e da obediência.Para os adultos, especialmente para os futuros dirigentes da 
Igreja, deve-se oferecer uma ampla cultura humanística, incorporando aqui as tradições greco-romanas 
à formação religiosa teológica. No entanto, Santo Agostinho nos adverte que a erudição e o saber sem 
objetivos devem ser totalmente evitados. O objetivo de toda sabedoria é o desenvolvimento do reino 
moral e ético, o desenvolvimento dos profundos valores cristãos.
Algumas obras de Santo Agostinho relevantes para a Educação:
• Confissões (397-398): autobiografia da juventude.
• A cidade de Deus (413-426): filosofia da História.
• O mestre: na qual expõe ao filho suas concepções sobre educação.
• Da ordem: tratado no qual explica sua concepção de educação integral humanística.
A Educação Escolástica
A escolástica foi uma corrente filosófica e um método de ensino que predominou na sociedade 
medieval entre os séculos XI e XV, contribuindo para o surgimento das universidades.
• A Escolástica e as primeiras universidades medievais
A escolástica se sobressaiu e se desenvolveu na Europa medieval do século IX até o Renascimento. As 
universidades medievais surgiram a partir do século XI, portanto, durante o predomínio da Escolástica.
Inicialmente, a partir do século IX, deu-se a fundação de escolas junto às catedrais, para logo em 
seguida surgirem as universidades. Podemos destacar as de Paris, Bologna, Oxford e Cambrigde, sendo 
que algumas delas existem e são conhecidas até hoje. Segundo Luzuriaga (2001), a primeira universidade 
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medieval foi a Escola de Medicina de Salerno na Itália e, seguindo-se a ela, também na Itália, em 
Bolonha, outra dedicada ao Direito. Contudo, a mais importante para a cultura ocidental foi a de Paris, 
que se originou da Escola Catedral de Notre Dame e influenciou o modelo de todas as universidades 
europeias.
O ensino era fortemente inspirado pela Igreja em todas as universidades medievais. As aulas eram 
realizadas em latim, e as matérias eram compostas pelo trivium e quadrivium.
O trivium (palavra derivada do latim, na qual tri significa três e vium significa via ou caminho, 
portanto, trivium significa cruzamento e articulação de três ramos ou três caminhos) é o termo como 
era conhecido na Idade Média o conjunto de três matérias lecionadas nas universidades, nos anos 
iniciais: gramática, lógica e retórica.
O quadrivium (palavra derivada do latim, em que quadri significa quatro e vium significa via ou 
caminho, portanto quadrivium significa cruzamento e articulação de quatro ramos ou quatro caminhos) 
compõe o conjunto das quatro matérias restantes: aritmética (teoria do número), música (aplicação da 
teoria do número), geometria (teoria do espaço) e astronomia (aplicação da teoria do espaço).
Assim, podemos afirmar que a Escolástica, buscando entender a relação entre filosofia e teologia e 
tentando explicar a fé de forma racional, estimulou a dialética, uma das disciplinas que compunham o 
trivium. Isso significou suscitar a discussão, o diálogo e a exposição de diferentes pontos de vista. Desta 
forma a dialética, durante a Escolástica, fomentou o debate de tal forma que possibilitou a exposição 
de diferentes argumentos e, portanto, a ampliação e o aperfeiçoamento de diferentes opiniões. A 
Dialética, que já estava presente em Sócrates e Platão, é um método que contribuiu para a reflexão, a 
compreensão e a transmissão do conhecimento. Durante a Escolástica, a Dialética assumiu contornos 
muito importantes no que tange à organização do conhecimento nas escolas e nas universidades.
Essas instituições passaram a ser frequentadas por grupos diferenciados da sociedade e não apenas 
por clérigos e religiosos. As cidades que possuíam universidades começavam a receber estudantes de 
toda Europa, que chegavam com diferentes formas de ver a vida e com distintos objetivos. Este início 
de contato com a diversidade que se estabelecia no continente acabou fomentando e enriquecendo 
as controvérsias acerca do saber, de tal forma que as divergências e discussões estabelecidas acabaram 
fortalecendo o conhecimento. Em cidades como Paris, Londres, Salamanca, Salermo e Florença, 
o contato com a diversidade social difundiu debates e questionamentos diante das mudanças 
experimentadas.
Segundo Luzuriaga:
A forma de nascimento das universidades é muito variada. Umas vêm 
espontaneamente, da autoridade e atração de um mestre, como as de Paris, Salerno 
e Oxford; outras, por fundação do Papa, como as de Roma, Pisa e Montpellier; 
outras por edito do príncipe, como as de Salamanca e Nápoles, e outras (o que é 
mais frequente) são criadas por ambos os poderes, como as de Praga, Viena etc. 
Variavam, também, na organização. Algumas como as de Paris, eram sociedades 
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ou agrupamentos de mestres; outras, como a de Bolonha, corporações de 
estudantes; e outras, como a de Salamanca, de mestres e estudantes. Em geral, 
umas e outras, passado algum tempo, recebiam privilégios dos papas e dos reis. 
Entre estes privilégios figuravam os de imunidades e isenção de impostos; direito 
de greve e mudança dos estudos quando a universidade estava descontente (e 
assim, de Paris nasceu Oxford e de Oxford, Cambridge) (...) e o mais importante, o 
direito de conceder graus ou licença para ensinar (LUZURIAGA, 2001, p. 85).
A Escolástica, bem como as universidades, representou o melhor do conhecimento e da sabedoria 
desde o período medieval até a época do Renascimento, mas começou a declinar, principalmente por 
manter ferreamente as tradições e demorar em admitir as novas ciências que o mundo transformado 
começava a pedir. Mas sem dúvida alguma, foi por meio das universidades medievais e do método 
produzido pela Escolástica (baseado na leitura e nas discussões de textos da antiguidade greco-romana 
e nos textos da Patrística, ou seja, em textos sagrados e profanos) que a sociedade medieval desenvolveu 
uma filosofia capaz de produzir o pensamento filosófico do Renascimento.
Enfim, podemos dizer que a Educação na Idade Média foi orientada por critérios que se apoiavam 
na concepção da existência humana (física, material, econômica, política) como decorrente da vontade 
divina e que, portanto, era preciso que se obedecesse a privilégios, graus e hierarquias, pois, os mesmos 
eram concebidos como sendo provenientes de uma ordem naturalmente estabelecida por Deus. Neste 
tipo de sociedade, o homem deveria viver de forma a cuidar de sua salvação para a vida eterna. As 
relações entre fé e razão eram contraditórias, devendo-se respeitar o princípio da autoridade, que exigia 
humildade para consultar os grandes sábios e intérpretes (autorizados pela Igreja) sobre a leitura dos 
clássicos e dos textos sagrados. Evitava-se, assim, a pluralidade de interpretações e se mantinha a coesão 
da Igreja. Predominava a visão teocêntrica, ou seja, Deus como fundamento de toda a ação pedagógica 
e finalidade da formação do cristão. Quanto às técnicas de ensinar, a maneira de pensar rigorosa e 
formal cada vez mais determinava os passos do trabalho escolar.
O membro mais proeminente do movimento escolástico, que tinha como preocupação central a 
explicação da fé cristã por meio da razão, foi São Tomás de Aquino, que nasceu em 1226, próximo de 
Nápoles no sul da Itália. Tomás de Aquino elaborou um sistema filosófico que ficou conhecido por tomismo, 
cujos preceitos eram fortemente influenciados pela filosofia de Aristóteles, trabalhos que leu e consultou 
diretamente do grego e não por meio de traduções. Escreveu a Suma Teológica, cujo conteúdo aborda de 
forma racional as questões de fé e mostra que a filosofia pode ser instrumentode auxílio ao trabalho da 
teologia. Com Tomás de Aquino, a filosofia de Aristóteles foi cristianizada, surgindo a filosofia aristotélico-
tomista. Tal como Santo Agostinho, Tomás comparou a função do professor com a do agricultor, ou seja, 
enquanto um cultivava plantas, o outro cultivava a sabedoria. A Escolástica foi muito eficiente na tentativa 
de atrair os pagãos, utilizando argumentos racionais ao invés da força e da violência.
O movimento renascentista e a Educação
No final do século XII, a sociedade medieval começou a se modificar, principalmente com a formação 
e o fortalecimento dos centros urbanos, o que seria muito importante para as mudanças educacionais 
que estariam em curso com o movimento Renascentista.
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Mas o que é o movimento Renascentista? Entre os séculos XIV (1300) e XV (1400), o mundo ocidental 
produziu um dos mais inovadores movimentos sociais, econômicos e culturais da história da humanidade, 
o Renascimento, que lenta e vagarosamente já vinha se insinuando no mundo ocidental culto há mais 
tempo (desde o século XII), mas que se consolidou durante o século XVI (1500) e início do século XVII 
(1600) com o Iluminismo.
Mas o que realmente vem a ser o Renascimento? Renascimento, Renascença ou Renascentismo 
são termos equivalentes usados para definir, ou melhor, para indicar um determinado período da 
História europeia. O Renascimento se caracterizou por um grande interesse sobre o saber, a cultura 
e, particularmente, a retomada de muitas ideias dos antigos gregos e romanos. Foi também uma 
época de grandes descobertas e explorações: Vasco da Gama, Colombo, Cabral e outros navegadores 
estavam fazendo suas viagens, enquanto notáveis avanços se processavam na Ciência e Astronomia. Os 
compositores passaram a ter um interesse muito mais vivo pela música profana (não religiosa), inclusive 
escrevendo peças para instrumentos, já não usados somente para acompanhar vozes.
O fenômeno do Renascimento foi o “ponto de partida” rumo ao desenvolvimento do capitalismo 
moderno. Este movimento impulsionou várias mudanças extremamente significativas na Europa. Mas 
que mudanças tão importantes e decisivas foram estas? Devemos primeiro considerar que antes do 
Renascimento, a Europa era medieval e feudal, portanto, baseada em uma sociedade relativamente 
estável e fechada, que aos poucos ia se desestruturando, principalmente, devido ao processo de abertura 
e expansão marítima e comercial. A mentalidade foi se tornando laica, ou seja, desligada das questões 
sagradas, religiosas e metafísicas.
Neste mundo cada vez mais secular e independente da tutela da religião, um novo pensamento 
social começou a se delinear. Ainda não se podia afirmar que este pensamento era científico, mas 
evidentemente havia uma tentativa rigorosa e objetiva neste sentido, de forma que as instituições 
políticas e sociais, as nações, os estados, as legislações e o exército conduziam os estudiosos a 
pensá-los como consequência da consciência, da vontade, do discernimento e da intervenção 
humana nos rumos dos acontecimentos, não mais como resultado da vontade divina. Abandonou-
se a ideia de uma realidade estática, imutável e de origem divina, e aos poucos os homens foram 
percebendo que a vida social poderia ser dinâmica e estar em constante construção. Apesar disto, 
não surgiam ainda interpretações sociais que pudessem ser consideradas científicas. As obras dos 
principais estudiosos deste período acerca do mundo social revelavam mais uma visão especulativa, 
ideal e utópica de como deveria ser a sociedade, ou seja, ainda não se conseguia descrevê-la como 
realmente ela era. Mas, sem dúvida, é exatamente nestas obras, ainda especulativas, que vamos 
encontrar o germe do pensamento social moderno, ou seja, o início do pensamento científico sobre 
a sociedade.
Entre as principais obras que podem ser consideradas precursoras do pensamento científico acerca 
do mundo social, temos:
• A utopia, de Thomas Morus (1516).
• A cidade do Sol, de Tommaso Campanella (1602).
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• A nova Atlântida, de Francis Bacon (1627).
• O Príncipe, de Nicolau Maquiavel (escrito em 1513, mas publicado apenas em 1523).
As mudanças ocorridas com o Renascimento foram realmente muito significativas. Vejamos algumas 
delas:
• A expansão marítima e comercial: homens começam a ter outros valores.
• Nova postura do homem ocidental diante da natureza e do conhecimento. O mundo torna-se 
cada vez mais laico e o homem se sente livre para pensar e criticar.
• O homem percebe que a realidade e a natureza que vê e vivencia não são imposições divinas, mas 
resultado de suas ações, escolhas e opções. O pensamento laico científico permitiu compreender 
a sociedade como obra humana e não divina.
• Deslocamento de valores: do teocentrismo (Deus como centro do mundo) passa-se para o 
antropocentrismo (Homem como centro do mundo).
• As ideias criadas são adequadas ao espírito do capitalismo emergente.
• O lucro, antes proibido pela Igreja, passa a ser incentivado e apreciado como algo bom, expressando 
a noção da acumulação, da ostentação e da diferenciação individual.
• Inicia-se uma nova sociedade baseada na posse de riqueza e não mais na origem, nome e 
propriedade da terra, estabelecendo-se uma nova classe social: a burguesia comercial.
• Enfim, o Renascimento desenvolveu o antropocentrismo, a laicidade, o individualismo, o 
humanismo e o racionalismo.
 Saiba mais
Para saber mais acerca da educação na Idade Média, consultar: LAUAND, 
J. Enigmas, alegoria e religião na educação medieval. Disponível em: <http://
www.hottopos.com/notand18/enigmas.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
A ciência no Renascimento
Das discussões estabelecidas entre 1200 (séc. XI) e 1300 (séc. XII), e que se estenderam durante todo 
Renascimento e Iluminismo, brotaram os germens da ciência moderna. Estas discussões, especialmente 
travadas nas universidades da Escolástica, provocaram, aos poucos, a derrocada da concepção medieval 
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de mundo. De uma ordem cósmica dominada pelo sagrado, passou-se a uma ordem cósmica secular, 
(desvinculado de qualquer caráter divino ou sagrado). De um universo geocêntrico, no qual a Terra 
estaria no centro, passou-se para um universo heliocêntrico, onde o Sol ocuparia o lugar central e a 
Terra um lugar discreto e desvinculado de toda divindade. De um universo teocrático, no qual todo poder 
emana de Deus, e teocêntrico onde Deus é o centro de todas as explicações, passou-se a um universo 
antropocêntrico, no qual o homem e a razão são centrais para as explicações. Copérnico (polonês, 1473-
1543), e seu heliocentrismo são seguidos por Kepler (alemão, 1571-1630) e suas leis sobre as órbitas dos 
planetas. Galileu Galilei (italiano, 1564-1642) melhorou significativamente o telescópio e foi o primeiro 
a utilizá-lo para fazer observações astronômicas, descobrindo, assim, as manchas solares, as montanhas 
da lua, as fases de Vênus, quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno e as estrelas da Via Láctea. 
Estas descobertas contribuíram para o fortalecimento da teoria heliocêntrica e a refutação da filosofia 
aristotélica.
A sociedade renascentista e a Educação
Como podemos perceber pelas colocações acima, durante o Renascimento houve um desenvolvimento 
na formação e no fortalecimento das cidades, fator muito importante para a mudança dos métodos e 
da forma educacional na Idade Média. Foi um momento de estabelecimento de novas relações sociais, 
não mais rígidase estamentais como as anteriores, pois a sociedade começava a permitir certa ascensão 
social e precisava dar espaço para os diferentes segmentos que estavam se firmando. Este foi um período 
no qual o capitalismo começou a se insinuar na sociedade, em que se estabeleceram as Corporações 
de Ofício e a divisão do trabalho e no qual se preconizou a união entre teoria e prática. O mundo culto 
deveria se voltar para as necessidades sociais e humanas, não mais habitando as esferas abstratas.
Em um ambiente como este, em que o trabalho começava a deixar de ser pensado como castigo 
divino para ser entendido como algo que poderia dignificar o homem, a educação e a cultura deviam 
contribuir com esta nova visão.
É neste sentido que Oliveira (2005) faz a seguinte colocação:
(...) o ensino não pode mais ser somente o do trivium e do quadrivium. 
Em primeiro lugar, a escrita precisa dar conta dos contratos comerciais que 
são redigidos. Não pode ter mais, pois, a forma dos escritos solenes. (...) Ao 
contrário, precisa ser clara, rápida e exprimir energia, equilíbrio e gosto. (...) A 
língua não pode ser mais o latim, mas a língua vulgar. Os comerciantes, por 
exemplo, passam a utilizar as línguas das regiões onde o comércio está mais 
florescente. (...) Ao lado das mudanças na língua e na escrita, esta sociedade 
precisa aprender o cálculo. Seu ensino passa a ser feito de forma simples, 
com o uso de objetos práticos. Utiliza-se, por exemplo, o ábaco e o tabuleiro 
de xadrez. (...) Não menos importante passa a ser a aprendizagem de uma 
geografia prática. É preciso saber onde se localizam determinadas regiões, 
determinados portos, mapas que facilitem a localização de rotas marítimas 
(OLIVEIRA, 2005, p. 25).
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Neste período, expandiram-se as atividades comerciais e artesanais ocorrendo uma ascensão da 
burguesia. Iniciou-se a formação dos estados nacionais com apoio dos burgueses ricos. As invenções da 
imprensa e do papel contribuíram para a disseminação da educação e da cultura.
 Saiba mais
Para saber mais, consultar: STATERI, J.; OLIVEIRA, N. de; BARBOSA, T. 
C. Transição das concepções medievais – o Renascimento de Leonardo da 
Vinci. Disponível em: <http://www.panaceadesign.com.br/blog/downloads/
transicoesmedievais.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
A Reforma e a Contrarreforma
Durante o século XVI, a Europa foi abalada por uma série de movimentos religiosos que contestavam 
abertamente os dogmas da Igreja católica e a autoridade do papa. Estes movimentos, conhecidos 
genericamente como Reforma, foram de intenso cunho religioso, mas não apenas.
Tais transformações estavam ocorrendo concomitantemente às mudanças na economia 
europeia, assim como a ascensão da burguesia. Por isso, algumas correntes do movimento 
reformista se adequavam às necessidades religiosas da burguesia, ao valorizarem o homem 
“empreendedor” e ao justificarem a busca pelo lucro, sempre condenado pela Igreja católica. 
Moralmente, a Igreja estava em decadência e preocupava-se mais com as questões políticas e 
econômicas do que com as questões religiosas. Para aumentar ainda mais suas riquezas, recorria 
a qualquer subterfúgio, como, por exemplo, a venda de cargos eclesiásticos, de relíquias e, 
principalmente, das famosas indulgências, que foram a causa imediata das críticas feitas por 
Lutero. O papado garantia que cada cristão pecador poderia comprar seu perdão da Igreja. Além 
disto, a formação das monarquias nacionais, a partir de 1400, trouxe consigo um sentimento de 
nacionalidade às pessoas que habitavam uma mesma região, sentimento este desconhecido na 
Europa feudal, Esse fato motivou o declínio da autoridade papal, pois o rei e a nação passaram 
a ser mais importantes.
A ascensão da burguesia, além do papel decisivo que representou na formação das monarquias 
nacionais e no pensamento humanista, foi fundamental na Reforma religiosa. Na ideologia católica, 
a única forma de riqueza era a terra; o dinheiro, o comércio e as atividades bancárias eram práticas 
pecaminosas; trabalhar pela obtenção do lucro (que é a essência do capital) era pecado. A burguesia 
precisava, portanto, de uma nova religião, que justificasse seu amor pelo dinheiro e incentivasse as 
atividades ligadas ao comércio.
A doutrina protestante, criada pela Reforma, satisfazia plenamente os anseios desta nova classe, 
pois pregava o acúmulo de capital como forma de obtenção do paraíso celestial. Assim, grande parte da 
burguesia, ligada às atividades lucrativas, aderiu ao movimento reformista.
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Com a expansão da doutrina protestante, a Igreja católica protagonizou uma forte reação conhecida 
como Contrarreforma com o objetivo de recuperar o poder que vinha perdendo. Como reação à Reforma, 
o papa Paulo III convocou o Concílio de Trento (1545-1563) para assegurar a unidade da fé católica e a 
disciplina dos sacerdotes. Foi reafirmada a infalibilidade papal e estabelecidas normas para a criação de 
seminários para a formação de eclesiásticos. Este concílio também ficou conhecido como Concílio da 
Contrarreforma.
A Educação
Pelo que já foi exposto, podemos perceber que a sociedade renascentista tinha um apreço muito 
grande pela Educação. Houve enorme crescimento e difusão de colégios e obras dedicadas aos alunos e 
professores. A educação passou a ser uma questão fundamental.
Os preceptores que ensinavam nos palácios dos nobres continuavam existindo, mas 
a burguesia que cresceu e ascendeu socialmente pretendia agora preparar os filhos para os 
negócios e a política. Com dinheiro sobrando, acabavam financiando universidades falidas em 
troca da educação dos filhos. Em relação à educação dos mais necessitados (o povo em geral), 
não havia nenhuma preocupação definida. A eles cabia a educação profissionalizante, ou seja, a 
aprendizagem de um ofício.
O ideal de educação laica não era muito fácil de ser cumprido naquele período, uma vez que a religião e 
as ordens religiosas eram as grandes detentoras do ensino. Mas, algumas iniciativas particulares, por parte 
de leigos, começaram a estabelecer escolas mais adequadas ao espírito dos ideais deste momento.
O termo “laico” refere-se a uma corrente de pensamento chamada laicismo que preconiza a 
separação entre as questões referentes ao Estado e as influências religiosas, ou seja, as responsabilidades 
concernentes ao Estado não devem sofrer pressões religiosas, mantendo-se neutras em relação à religião. 
Além disso, é importante destacar que o Estado laico não pode ser confundido com o Estado ateu.
Aranha (2006, p. 126) nos faz um relato interessante de uma escola leiga na Itália:
Muitas delas (escolas laicas) proliferaram na Itália, com destaque para o 
trabalho de Vittorino da Feltre (1373-1446) considerado o primeiro grande 
mestre de feitio humanista. Convidado para ser o preceptor dos filhos de um 
marquês, em Mântua, Itália, aí fundou uma escola, a Casa Giocosa, cuja divisa 
era: “Vinde, meninos, aqui se ensina, não se atormenta” o nome da escola 
reflete o novo espírito: giocosa, palavra italiana que significa “alegre” e vem 
do latim jocus, ou seja, divertimento, gracejo, e, daí, “jogo”. Feltre cuidava não 
só de recreação e exercícios físicos, mas do desenvolvimento da sociabilidade e 
do autodomínio. A sua escola oferecia cursos de equitação, natação, esgrima, 
música, canto, pintura e jogos em geral. A formação intelectual voltava-se 
para o ideal renascentista da mais ampla cultura humanística, com atenção 
especial ao ensino do grego e do latim. Embora objeto de cuidado, a disciplina 
pretendia ser menos rude e intolerante (ARANHA, 2009, p. 126).
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Além das iniciativas particulares por parte de leigos, a hegemonia católica no ensino também se 
via ameaçada pela Reforma Protestante que fazia pesadas críticas em relação à forma como a Igreja 
conduzia o ensino. Ao propor que todos pudessem ler e interpretar a Bíblia sem a interferência de 
padres, a educação tornava-se instrumento de divulgação da Reforma Protestante.
Lutero, com ideias diferentes daquelas predominantes, considerava que a escola, primária pelo menos, 
deveria ser para todos. Embora diferenciando a educação para os trabalhadores (básica, elementar: como ler, 
escrever e contar) da educação de nobres e burgueses (equivalente ao ensino médio e superior), os pensamentos 
de Lutero a respeito da educação eram bastante avançados para a época. Ele defendia a educação universal, 
pública e gratuita, criticando os castigos corporais, bem como os métodos da Escolástica.
Logicamente que, em relação às ameaças de perda do domínio e do monopólio do ensino, a Igreja 
apresentou uma rápida reação para combater a expansão de escolas protestantes e leigas. Desta forma, 
a Igreja incentivava a criação de ordens religiosas e colégios jesuítas, sendo essa uma postura decisiva 
nos rumos da educação católica.
A Companhia de Jesus, donde se origina o nome jesuíta, foi fundada por Inácio de Loyola, um soldado 
espanhol que, no decurso de sua recuperação de um ferimento em combate, foi acometido por uma devoção 
religiosa tal que se transformou em “soldado de Cristo”. O objetivo principal da ordem era o de propagar a fé 
católica, lutando contra os pagãos e hereges. Com este ideal espalharam-se pelo mundo: Europa, Ásia, África 
e América, mas logo perceberam que seria mais fácil difundir a fé conquistando os jovens e as crianças, pois 
os adultos mostravam-se intolerantes. E nada mais adequado para este fim do que a criação de escolas. A 
ação pedagógica dos jesuítas formou gerações e gerações de jovens por mais de duzentos anos. Em 1579, 
os jesuítas possuíam 144 colégios ao redor do mundo e no ano 1749 eles já eram 669.
A educação do Renascimento se deu em meio a severas críticas à tradição medieval. Era uma 
educação que buscava tornar-se cada vez mais laica para divulgar os ideais humanistas e burgueses. 
Embora a produção intelectual renascentista fosse bastante profícua, não temos nenhuma obra de 
conteúdo exclusivamente teórico ou filosófico a respeito da Educação, mas, sim, várias obras de diversos 
autores, recheadas de partes ou trechos dedicados à reflexão educacional, tais como textos de Erasmo 
de Roterdã (1467-1536); François Rabelais (1494-1553) e Michel de Montaigne (1533-1592).
A exceção fica por conta de Juan Luis Vives (1492-1540), um espanhol que produziu uma vasta obra sobre 
Educação (sendo a principal parte dela Tratado do Ensino), além de ter escrito também sobre educação feminina.
6 O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO
Renascimento e Iluminismo são movimentos intimamente entrelaçados e tentar definir datas para um 
e outro é mera questão didática. Chamamos de Iluminismo o movimento cultural que se desenvolveu na 
Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII. Os filósofos e economistas que defendiam as ideias 
iluministas julgavam-se “propagadores da luz” e do conhecimento. Alguns dos principais pensadores 
iluministas foram: René Descartes (“penso, logo existo”), Francis Bacon (“saber é poder”), Isaac Newton, 
John Locke, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Denis Diderot e Jean D’Alembert.
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O Iluminismo trouxe consigo grandes avanços que, juntamente com a Revolução Industrial, abriram 
espaço para a profunda mudança política determinada pela Revolução Francesa. O precursor desse 
movimento foi o matemático e filósofo francês René Descartes (1596-1650), considerado o pai do 
racionalismo. O Discurso do método foi o manifesto do movimento racionalista, que se iniciava com 
ele, registrando o que percebera antes de todos os outros. Descartes notou que no momento em que 
vivia (século XVII), estava acontecendo a exaustão do pensamento tradicional, herdeiro da Escolástica 
medieval. O filósofo, de certo modo, queria resgatar para o racionalismo moderno a tradição dos 
grandes geômetras antigos, da Grécia clássica, como Euclides e Zenão, trazendo o rigor e a exigência 
deles para reforçar as capacitações da mente humana, entravadas pela superstição e pelas seduções 
da fé.
A partir do Renascimento e do Iluminismo, percebemos que a sociedade foi se desenvolvendo de tal 
forma que, entre os séculos XVII e XVIII, o triunfo da razão e da ciência foi consolidado. O racionalismo 
e a racionalização do mundo, da vida, do trabalho etc., que se inicia no Renascimento teve seu auge no 
século XIX, sendo coroado pela ciência e pelo cientificismo. Tal ideia quer dizer o seguinte: tudo pode ser 
racionalizado, equacionado e, portanto, conhecido de maneira precisa e científica (com o uso da razão 
e não mais da religião). Toda confiança é depositada na ciência e na utilização adequada dos métodos 
de investigação científica como sendo capazes de desvendar as leis do mundo natural, físico, biológico 
e social. Aquela mentalidade que no Renascimento estava começando a se tornar laica, definitivamente 
se desvincula das questões sagradas para se definir como científica.
Principais características do Iluminismo:
• Valorização da razão, considerada o mais importante instrumento para se alcançar qualquer tipo 
de conhecimento.
• Valorização do questionamento, da investigação e da experiência como forma de conhecimento 
tanto da natureza quanto da sociedade.
• Crença nas leis naturais que regem todas as transformações que ocorrem no comportamento 
humano, nas sociedades e na natureza.
• Crença nos direitos que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade e à posse de 
bens materiais.
• Crítica ao absolutismo e aos privilégios da nobreza e do clero.
• Defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de todos perante a lei.
• Crítica à Igreja católica, embora não se excluísse a crença em Deus.
Podemos ainda citar as seguintes características que proporcionaram grande avanço científico ao 
Iluminismo:
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• Descrição da órbita dos planetas e do relevo da Lua.
• Descoberta da existência da pressão atmosférica.
• Conhecimento do comportamento dos espermatozoides.
• Invenção do primeiro microscópio por Robert Hooke (1635-1703). Esse cientista criou o termo 
célula, hoje comum em Biologia.
• Identificação dos vasos capilares e do trajeto da circulação sanguínea.
• Descoberta do princípio das vacinas — a introdução do agente causador da moléstia no organismo 
para que este produza suas próprias defesas.
• Eletricidade.
• Invenção da primeira máquina de calcular.
• Formulação de uma teoria, ainda hoje aceita, para explicar a febre.
• Descoberta dos protozoários e das bactérias.
• Surgimento de uma nova ciência — a Geologia —, a partir da qual se desenvolveu uma teoria que 
explica a formação da Terra, refutando a versão bíblica da criação do mundo em sete dias e do 
mito de Adão e Eva.
As principais revoluções burguesas frutos do Iluminismo: Revolução Industrial Inglesa e 
Revolução Francesa de 1789
Já no Renascimento, como vimos acima, iniciou-se uma nova forma de relação econômica: a comercial, 
constituindo-se como a primeira fase do capitalismo. Foi uma fase embrionária, de transição do feudalismo 
para um novo sistema econômico que estava se estabelecendo, mas que só ia começar a se consolidar 
definitivamenteno mundo com o final da Revolução Francesa e com a Revolução Industrial Inglesa.
A Revolução Industrial Inglesa
A Revolução Industrial Inglesa causou uma intensa modificação na forma de se produzir a vida 
material. Se antes a confecção de objetos era realizada nas manufaturas, de forma artesanal, com 
a criação das máquinas, a fabricação atingiu outros patamares. A energia humana foi sensivelmente 
poupada pela energia proveniente das máquinas e o modo de produção doméstico foi gradativamente 
sendo substituído pelo sistema fabril.
Em meados do século XVIII, por volta de 1750, com a Revolução Industrial, a Inglaterra inicia um 
processo de transformação social e econômica que vai resultar no fim do feudalismo.
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Com finalidades didáticas, os compêndios de História nos informam que a industrialização inglesa 
passou por três períodos distintos:
Quadro 2
1760/1850
Revolução restrita à Inglaterra, ficando conhecida como a “oficina do mundo”. Não há concorrência.
Produção predominante: bens de consumo, como os produtos têxteis, por exemplo.
Uso da energia a vapor.
1850/1900
Revolução se amplia: o mundo todo se industrializa. Inicia-se um período de concorrência entre as 
nações industrializadas.
A produção não é apenas de bens de consumo, mas de bens de produção, como as máquinas.
Cresce o número de ferrovias.
Invenção da locomotiva e do barco a vapor.
Utilização de diferentes fontes de energia, como hidroelétricas e derivados do petróleo.
1900 aos dias 
atuais
Surgimento dos conglomerados industriais, das multi e transnacionais.
A produção se automatiza.
Surge a produção em série.
Expansão dos meios de comunicação.
Expansão da sociedade de consumo.
Expansão da indústria química e eletrônica, da engenharia genética e da robótica.
A Revolução Inglesa propiciou um avanço das relações econômicas capitalistas e, como consequência, 
o mundo assistiu à ascensão da burguesia, que possibilitou o surgimento das chamadas revoluções 
burguesas.
Obviamente, a Revolução Industrial não aconteceu de repente e nem por acaso. Ela foi sendo 
lentamente gestada desde a Idade Média, alcançando seu apogeu na Inglaterra do século XVIII, uma vez 
que este país apresentava condições especiais para o seu florescimento. As invenções que iniciaram o 
processo de mecanização da produção ocorreram na área têxtil. As indústrias deste setor localizavam-se 
em Lancaster, bem próximas ao porto de Liverpool, cuja localização era privilegiada, pois fazia a ligação 
com o comércio colonial, recebendo o algodão que vinha das Antilhas, do Brasil e das colônias inglesas 
da América.
Nas antigas manufaturas, o trabalhador ainda detinha algum controle e conhecimento técnico sobre 
aquilo que ele produzia, pois ainda não existia o trabalho em série e nem uma organização rígida do 
trabalho. Nas fábricas e indústrias isto se modificou completamente. Neles, a organização do trabalho 
ampliou o controle do dono da fábrica e do industrial sobre o trabalhador, implicando no estabelecimento 
de uma hierarquia e de uma ordem inexistente nas manufaturas artesanais e nas antigas oficinas. Assim, 
junto com as primeiras fábricas e indústrias têxteis da Inglaterra, surge também um operário disciplinado 
para o trabalho no mundo capitalista.
A Inglaterra foi um verdadeiro celeiro de invenções de máquinas. Os mais diversos equipamentos 
de fiar foram sendo criados e aperfeiçoados. O tear mecânico foi inventado por Edmund Cartwright em 
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1785. Esta invenção propiciou esplêndido aumento da produção de tecidos. Outra invenção importante 
para o setor têxtil foi a máquina de descaroçar algodão, elaborada por Eli Whitney em 1792.
Vale ressaltar que as descobertas deste período inicial da Revolução Industrial não estavam atreladas 
ao conhecimento científico, nem à pesquisa científica, ou seja, não eram frutos de uma educação formal 
e institucionalizada nas universidades, mas, sim, frutos da experiência cotidiana com o trabalho.
Mas, na fase subsequente da Revolução Industrial, a experiência cotidiana não dava mais conta 
de alimentar o mercado das inovações. A criação de máquinas mais sofisticadas e o uso de diferentes 
matérias-primas, como o petróleo e a borracha, exigiam um novo tipo de pesquisa, agora sim, ligada à 
ciência moderna e à educação formal.
Já no final do século XIX, a revolução tecnológica, que possibilitou a Revolução Industrial, ganhou 
novas dimensões e propiciou grandes transformações com a construção dos motores elétricos, com os 
cabos que possibilitam a transmissão de energia para longas distâncias, com a criação das lâmpadas e 
do telégrafo sem fio, bem como o aperfeiçoamento do telefone. Todas estas criações foram frutos da 
interação entre ciência e tecnologia, ou seja, com a presença da educação formal institucionalizada e 
direcionada para determinado fim.
A mecanização da indústria inglesa e os avanços técnicos ocorridos na Inglaterra possibilitaram o 
desenvolvimento das indústrias de mineração, da metalurgia, da tecelagem e dos transportes. A ciência 
se uniu à tecnologia para melhorar a forma de bombear a água e de extrair minérios do fundo das 
minas, fazendo com que o carvão, fonte de energia, ficasse mais barato. Desta forma, todos os tipos de 
fábricas e indústrias se beneficiaram, tais como a de fiação, de tecidos, de cerveja, de papel e moinhos 
de grãos.
Como o trabalhador estava vivendo em meio a esta nova sociedade? Como era seu dia de trabalho? 
Como já dissemos acima, a disciplina era uma exigência do novo mundo industrial que se agigantava. 
E neste mundo, tanto o relógio de ponto quanto aquele que marca as horas são tão exigentes quanto 
o patrão, de tal forma que o trabalhador deve obedecê-los para cumprir melhor o horário determinado 
pela aceleração e desaceleração da máquina e não mais seu relógio biológico. Se antes o homem pobre 
era, pelo menos, dono de seu próprio tempo, agora nem isto lhe pertencia mais (“time is money” / 
”tempo é dinheiro”).
Com a invenção da máquina a vapor, as fábricas passaram a se localizar ao redor das cidades. O 
trabalho infantil e feminino era amplamente utilizado e de forma absolutamente precária.
Podemos perceber que os primórdios da Revolução Industrial, com todo seu potencial de renovação 
tecnológica, foram de muito sofrimento para a população pobre e desvalida. Se até o século XVIII, 
uma cidade grande na Inglaterra era uma localidade com cerca de 5.000 habitantes, Londres atingiu, 
em 1800, um milhão de habitantes. Pode-se imaginar o impacto disto na vida cotidiana das pessoas. 
As cidades tiveram aumento populacional e, por consequência, sofreram muitas transformações. Os 
trabalhadores que se espremiam pelas cidades, recebiam salários muito baixos e viviam em péssimas 
condições. As cidades foram se modificando, perdendo vitalidade e brilho, rapidamente engolidos pela 
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fumaça escura das chaminés das fábricas que se amontoavam. As condições de vida e de trabalho 
eram caracterizadas pela miséria, uma vez que não havia uma legislação trabalhista. A exploração era 
ainda maior em relação às mulheres e crianças, que podiam começar a trabalhar aos seis anos de idade. 
Sem uma legislação definida, a jornada de trabalho poderia ser superior a quinze horas. Os prédios das 
fábricas eram tão insalubres quanto as moradias dos trabalhadores, ambientes sem ventilação e pouco 
iluminados.
Mal alimentados e mal pagos, os operários habitavam bairros das cidades industriaissem qualquer 
infraestrutura de água e de esgotos; moravam em cômodos cujas famílias viviam em promiscuidade, 
convivendo com doenças intestinais, tuberculose, alergias, asma, raquitismo etc. Ao referir-se a um 
desses bairros operários de Londres, assim se expressou Friedrich Engels:
Não há um único vidro de janela intacto, os muros são leprosos, os batentes 
das portas e janelas estão quebrados, e as portas, quando existem, são feitas 
de pranchas pregadas. (...) Aí moram os mais pobres dentre os pobres, os 
trabalhadores mal pagos misturados aos ladrões, aos escroques e às vítimas 
da prostituição... Um lugar chocante, um diabólico emaranhado de cortiços 
que abrigam “coisas humanas” arrepiantes, onde homens e mulheres imundos 
vivem de dois tostões de aguardente, onde colarinhos e camisas limpas são 
decências desconhecidas, onde todo cidadão carrega no próprio corpo as 
marcas da violência e onde jamais alguém penteia os cabelos” (BRESCIANI, 
1996, p. 25-26).
O que se pensava a respeito da classe operária inglesa?
• A multidão de trabalhadores nas ruas era uma ameaça à ordem e à moral, pois nela confundiam-
se indivíduos honestos com bandidos, batedores de carteira, prostitutas etc.
• Para a classe dominante, a multidão representava uma ameaça às instituições e à propriedade.
• Os trabalhadores não gozavam de direitos ou amparo social (como assistência médica, 
aposentadorias, pensões), estando sujeitos a multas e castigos.
• As greves ou associações de classe eram consideradas “casos de polícia” e duramente reprimidas 
pelos governos.
A Revolução Francesa
Para muitos sociólogos e historiadores, a Revolução Francesa fez parte de um movimento 
revolucionário global, atlântico ou ocidental, que começa nos Estados Unidos em 1776, atinge Inglaterra, 
Irlanda, Holanda, Bélgica, Itália, Alemanha, Suíça e, em 1789, culmina na França com violência maior. 
O movimento passa a repercutir em outros países europeus e volta à França em 1830 e 1848. Há traços 
comuns em todos esses movimentos, mas a Revolução Francesa tem identidade própria, podendo ser 
percebida nas seguintes manifestações:
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• Tomada do poder pela burguesia.
• Participação de camponeses e artesãos.
• Superação das instituições feudais do Antigo Regime.
• Preparação da França para caminhar rumo ao capitalismo industrial.
A Revolução Francesa foi consequência direta das ideias das luzes, difundidas pelos intelectuais e 
pensadores dos séculos XVII e XVIII que, em geral, asseguravam ser o homem vocacionado ao progresso 
e ao autoaperfeiçoamento ético. Percebeu-se que a ordem social não é divina, e sim construída pelos 
próprios homens, portanto sujeita às modificações e alterações substanciais. Era possível, segundo a 
maioria dos iluministas, por meio de um conjunto de reformas sociopolíticas, melhorar a situação jurídica 
e material de todos. Sendo assim, não se podia mais aceitar que a realeza francesa, especialmente a figura 
do rei Luís XVI e sua esposa Maria Antonieta, filhos e demais parentes, vivesse em castelos luxuosos 
(como o monumental Palácio de Versalhes, localizado nos arredores de Paris e que era a residência de 
veraneio da família real e da elite), não pagasse impostos e que continuasse a promover banquetes à 
custa do dinheiro público.
Desta forma, tornou-se inadmissível aceitar um governo absolutista e despótico, que desconsiderava 
o povo e suas necessidades, que vivia no luxo e na inércia, que era opressor e desperdiçava dinheiro com 
imensas futilidades, enquanto muitos passavam fome. Não havia mais como explicar que este era um 
desejo divino e que esta ordem social derivava diretamente da vontade de Deus.
Neste quadro composto por ostentações e gastos excessivos da nobreza, e por fome e privações 
de toda ordem do povo, a burguesia (que não era nobre nem pobre) experimentou um imenso 
crescimento, pois a França passava por um grande período de desenvolvimento econômico. Surgiram 
as primeiras indústrias de ferro e de carvão e o comércio internacional quadruplicou o seu volume. 
Mas, sendo um país absolutista, a França era governada por um rei com poderes soberanos, ou 
seja, que controlava a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Havia a 
falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem mesmo dar opiniões na forma 
de governo.
A sociedade francesa do século XVIII (século das luzes) era estratificada e hierarquizada. No topo da 
pirâmide social estava o clero (também chamado de Primeiro Estado). Abaixo do clero, havia a nobreza 
(Segundo Estado) formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam 
de banquetes e muito luxo na corte. A base da sociedade era formada pelo Terceiro Estado (trabalhadores, 
camponeses e burguesia) que, como foi dito anteriormente, sustentava toda a sociedade com seu 
trabalho e com o pagamento de altos impostos. Pior ainda era a condição de vida dos desempregados, 
cujo número aumentava em larga escala nas cidades francesas.
A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, e, portanto, havia um desejo de 
melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condição social melhor, 
ansiava uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho.
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A burguesia cresceu e diversificou suas atividades e seus lucros. No entanto, permaneceu às margens 
das decisões políticas do Estado absolutista, dominado pela aristocracia (alto clero e alta nobreza). A 
situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande, que o povo foi às ruas com o 
objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luís XVI.
O descontentamento era generalizado entre burguesia e povo (trabalhadores, desempregados, e 
camponeses). Mas a insatisfação era ainda maior para a primeira porque, mesmo sendo numerosa, 
instruída e rica, achava-se impossibilitada de conseguir ascensão social e participação política, sendo 
que até as poucas conquistas que já tinham obtido foram revogadas. As tentativas de reforma operadas 
pelo rei Luís XVI fracassaram, por irem contra os interesses do alto clero e nobreza, intensificando a 
revolta burguesa. Ficou claro para eles que, enquanto a aristocracia mantivesse seus poderes por meio 
dos parlamentos e dos cargos administrativos, nenhuma decisão que contrariasse seus interesses poderia 
ser tomada. Cresceram as críticas aos fundamentos do Antigo Regime.
Contra a sociedade de ordens e de privilégios do Antigo Regime, os iluministas sugeriram um 
governo (monarquia ou república), mais constitucional e parlamentar. A burguesia convocou, então, 
os trabalhadores para uma aliança sem tréguas contra a nobreza, com a finalidade de implantar 
um novo regime político: a república. Os trabalhadores e desempregados aderiram em massa a este 
levante, que foi vitorioso. Os burgueses aliaram-se ao povo, aos sans-culottes, aos trabalhadores 
(desempregados ou não), e aos camponeses. O início da moderna sociedade burguesa não melhorou 
as condições de vida dos mais pobres e o lema da revolução, “liberté, egalité, fraternité” (liberdade, 
igualdade, fraternidade) que se universalizou, tornando-se, no transcorrer do século seguinte, 
uma bandeira de toda humanidade, teve, desde o início, o gosto de sonho não realizado. Mas, 
indiscutivelmente, a Revolução de 1789 inaugurou uma nova era, um período em que não se 
aceitaria mais a dominação da nobreza, nem um sistema de privilégios baseado nos critérios de 
casta, determinados pelo nascimento. Só se admitiria, a partir de então, um governo que fosse 
legitimadoconstitucionalmente e submetido ao controle do povo por meio de eleições periódicas. 
Logo no início da Revolução, no dia 20 de agosto de 1789, a Constituinte votou a Declaração de 
Direitos do Homem e do Cidadão.
A Revolução Francesa de 1789 foi o maior levante de massas até então conhecido, fazendo por 
encerrar a sociedade feudal, abrindo caminho para as revoluções liberais de 1830 e para a consolidação 
da modernidade, sendo o acontecimento político e social mais espetacular e significativo da história 
contemporânea, dando princípio à era moderna. Nela, tudo teve seu início ou sua consagração.
O legado da Revolução Francesa
• Proclamação do Estado secular: separação do Estado da Igreja.
• Participação popular pelo voto.
• Instrução pública, laica, estatal e gratuita.
• Serviço militar generalizado e os direitos da cidadania.
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• Igualdade dos filhos perante a herança e de todos perante a lei.
• Divórcio.
• Abolição das torturas e dos castigos físicos.
• Primórdios da emancipação feminina levada a diante por Théroigine de Méricourt.
• Extensão da cidadania aos judeus.
• Condenação da escravidão e o sonho idealista de que devemos viver em liberdade, igualdade e 
fraternidade.
Podemos afirmar que a Revolução Industrial Inglesa e a Revolução Francesa fazem parte das revoltas 
que aconteceram por toda Europa. São revoluções burguesas na medida em que acontecem com o 
objetivo de consolidarem o poder econômico da burguesia e garantir-lhe a ascensão ao poder político. 
Durante os séculos XVII e XVIII, por todo o mundo, ela se colocará como uma classe social revolucionária, 
capaz de destruir a antiga ordem feudal, firmar o capitalismo emergente e garantir que o Estado possa 
suprir suas necessidades. Vimos com mais detalhes apenas a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, 
mas outras manifestações aconteceram tais como, a Revolução Gloriosa e a Revolução Puritana, na 
Inglaterra, a Independência dos EUA, a Independência da América Espanhola e as Revoluções Liberais 
de 1830.
Todas elas partilharam os ideais do Iluminismo, como o liberalismo e o nacionalismo, conceitos que são 
os pilares das sociedades modernas. Portanto, o que estas revoluções têm em comum é, principalmente, 
o fato de consolidarem a modernidade.
 Saiba mais
Para saber mais, consultar: BOTO, C. Na Revolução Francesa, os princípios 
democráticos da escola pública, laica e gratuita: o relatório de Condorcet. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v24n84/a02v2484.pdf>. 
Acesso em: 24 mai. 2011.
A Educação na sociedade iluminista
A sociedade descrita acima caminhava a passos largos para a sedimentação da modernidade.
A educação do século XVIII (a partir de 1700) em meio ao iluminismo e ao início desta sociedade 
moderna, segundo Luzuriaga (2001, p. 150), caracterizou-se basicamente pelos seguintes 
aspectos:
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• Desenvolvimento da educação estatal.
• Início da educação nacional, do povo pelo povo ou por seus representantes políticos.
• Princípio da educação universal, gratuita e obrigatória, no grau de escola primária, que ficou 
estabelecida em linhas gerais.
• Iniciação do laicismo no ensino com a substituição do ensino de religião pela instrução moral e 
cívica.
• Organização da instrução pública em unidade orgânica, da escola primária à universidade.
• Acentuação do espírito cosmopolita, universalista, que une pensadores e educadores de todos os 
países.
• Primazia da razão, crença no poder racional dos indivíduos e dos povos.
• Ao mesmo tempo, reconhecimento da natureza e da intuição na educação (LUZIRIAGA, 2001, p. 
150).
O desenvolvimento da educação estatal significou, basicamente, que o Estado devia assumir a 
responsabilidade de controlar o processo educativo e que o mesmo devia oferecer instrução à juventude, 
com conhecimentos úteis e científicos. Esta tendência aconteceu primeiramente na Alemanha, e em 
seguida na França.
Já em relação ao início da educação nacional, podemos dizer que toda educação europeia 
sofreu sensíveis modificações, produzidas, principalmente, por conta das transformações políticas 
causadas pela Revolução Francesa. Desta forma, a educação que a monarquia absolutista concebia 
como sendo do “súdito”, converte-se em educação “nacional”, do “cidadão” que deveria participar 
das decisões do governo de seu país. Se antes predominava uma educação para a obediência, 
como um dever imposto, agora vigora uma para a liberdade, um direito do cidadão, podendo ser 
devidamente exigida.
Em relação às ideias pedagógicas importantes para a educação neste momento, devemos destacar 
as contribuições de Jean-Jacques Rousseau e Pestalozzi.
Jean-Jacques Rousseau
Rousseau não foi um educador como Comenios ou Pestalozzi, mas sem dúvida foi um pensador 
que muito influenciou nos rumos da educação na modernidade. Autor de importantíssimas obras nos 
campos da filosofia, da política e até da literatura como Discurso sobre as ciências e as artes, Discurso 
sobre a desigualdade entre os homens, A nova Heloísa e O contrato social, elabora também O Emílio ou 
Da Educação, obra bastante influente nos rumos da educação.
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Alguns princípios essenciais da educação para Rousseau:
• Humanismo.
• Naturalismo.
• Liberdade.
• Aprendizado pela experiência.
• Reconhecimento da infância como fase distinta, com características próprias.
• Educação como um desenvolvimento natural de dentro para fora, e não contrário.
Johann Heinrich Pestalozzi
Pestalozzi nasceu na Suíça em 12 de janeiro de 1746. Vários biógrafos e historiadores se referem a 
ele como sendo um dos maiores gênios da educação. Neste sentido, Luzuriaga (2001) afirma ser ele “o 
maior gênio, a figura mais nobre da educação e da pedagogia, o educador por excelência...”.
Pestalozzi foi fortemente influenciado pelas ideias de Rousseau. Depois de casado, mudou-se com a 
família para uma granja de sua propriedade e a converte num estabelecimento de educação para meninos 
pobres que lá aprendem trabalhando. Esta foi sua primeira experiência educacional, que durou cerca de 
seis anos. Após este período, Pestalozzi se dedicou a uma intensa produção literária e publicou, em 1780, 
os Serões de um solitário, Leonardo e Gertrudes e Cristóvão e Elisa. Após a Revolução Francesa, em 1797, 
publicou Minhas investigações sobre a marcha da natureza no desenvolvimento do gênero humano.
A segunda experiência educativa de Pestalozzi se deu por meio do asilo de Stanz, no qual abrigou 
mais de quatrocentos órfãos de guerra. Seu terceiro envolvimento educacional aconteceu em Burgdorf, 
inicialmente numa escola pobre e depois no castelo da povoação. Naquela cidade, Pestalozzi alcançou 
o auge de suas atividades. Foi neste momento que veio à tona sua obra mais importante em matéria de 
educação e pedagogia Como Gertrudes instrui a seus filhos.
A última fase de atividades que Pestalozzi desenvolveu com relação à educação aconteceu no 
Instituto de Iverdon, no qual se estabeleceu já com sessenta anos e trabalhou ativamente por mais 
vinte. Sua última obra foi O canto do cisne.
Elencamos abaixo as principais ideias de Pestalozzi que, segundo Luzuriaga, têm valor positivo para 
a educação:
• Educação humana baseada na natureza espiritual e física da criança.
• Educação como desenvolvimento interno e formação espontânea, embora necessitada de direção.
• Educação baseada nas circunstâncias em que se encontra o homem.
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• Educação social e escola popular, contra a anterior concepção individualista da educação.
• Educação profissional subordinada à educação geral.
• Intuição como base da educação intelectual e espiritual.
• Educação religiosa íntima, não confessional (Luzuriaga, 2001, p. 178).
Educação, sociedade e cultura no século XX: a democratização do ensino
O século XX (bem como esta primeira década do século XXI) foi gestado em meio a guerras, 
revoluções e conflitos étnicos, religiosos, políticos e econômicos. Foi o século das revoluções 
socialistas, causando a implantação do primeiro governo com tais ideais a partir da Revolução 
Russa. Também, durante o século XX, o nazismo de Hitler foi derrotado na Segunda Guerra Mundial, 
mas, infelizmente, nos últimos tempos, tem havido um aumento de manifestações de intolerância 
xenofóbica e neonazista.
Após a Segunda Guerra, o mundo ficou dividido em dois blocos: a hegemonia capitalista americana 
de um lado e o comunismo soviético de outro, com ambos disputando a supremacia mundial durante 
quase meio século, por meio daquilo que ficou conhecido como Guerra Fria. Os ideais socialistas da União 
Soviética para todo o planeta não se realizaram e o sonho de uma sociedade igualitária se transformou 
em desconfiança. Com o fim da URSS, a nova ordem econômica mundial passou a ser ditada pelo 
capitalismo globalizado. Ao lado de tudo isto, o desenvolvimento tecnológico do século XX foi o mais 
incrível da história da humanidade. As conquistas científicas propiciaram o surgimento de invenções 
cada vez mais sofisticadas, que revolucionaram os meios de transportes (metrôs, automóveis e aviões) e 
as comunicações (cinema, rádio, televisão e internet), mudando totalmente a forma como o homem se 
relacionava com o tempo e com o espaço.
Inegavelmente estamos vivendo uma era de progressos sem precedentes, mas isso traz um preço a ser 
pago. Se a ciência e a tecnologia têm gerado cada vez mais conforto material e rapidez nas transações, 
bem como proporcionado a produção abundante de alimentos, isto não está disponível a todos. As 
contradições do mundo capitalista globalizado são imensas. O planeta ainda sofre com as guerras, a 
intolerância e a fome. Além disto, o domínio da natureza e a conquista do mundo estão colocando em 
risco a sobrevivência do planeta.
O século XX foi um século de vários conflitos, sempre envolvendo muita violência e disputas 
econômicas, políticas, ideológicas e religiosas, incluindo as duas grandes Guerras Mundiais.
Em ordem cronológica, veja os principais conflitos do século XX:
• Primeira Grande Guerra (1914-1918).
• Revolução Russa (1917).
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• Instauração do fascismo na Itália (1922-1945).
• Quebra da bolsa de Nova Iorque (1929).
• Instauração da ditadura militar de Salazar em Portugal (1932-1968).
• Nazismo na Alemanha (1933-1945).
• Instauração da ditadura de Franco, na Espanha (1939-1969).
• Segunda Grande Guerra (1939-1945).
• Bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki (1945).
• Instauração da República Popular da China (1949).
• Revolução Cubana (1959–).
• Guerra do Vietnã (1963-1973).
• Golpe militar no Brasil (1964-1984).
• Queda do muro de Berlin (1989).
• Desagregação dos Estados socialistas (1991).
• Atentado terrorista em Nova York (11-09-2001).
• Guerra do Iraque (2003–).
No entanto, também foi um século de muitas conquistas sociais e de imensos avanços científicos e 
tecnológicos.
Entre as conquistas sociais, podemos citar:
• Extensão do direito de voto às mulheres e aos analfabetos.
• Intensificação dos direitos do cidadão.
• Mais direitos às mulheres, às crianças, aos trabalhadores, aos idosos, às etnias e às minorias.
• Intensificação dos direitos e defesa do meio ambiente e dos animais.
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Entre os avanços científicos e tecnológicos podemos citar:
• Invenções: automóvel, avião, cinema, rádio, televisão, computador, TV de plasma e TV digital, 
telefone, máquina de lavar, ar condicionado.
• Voos espaciais, a chegada do homem à Lua, satélites artificiais visitando vários corpos celestes, 
inclusive alguns fora do nosso sistema solar.
• Descoberta dos antibióticos, de várias vacinas, dos contraceptivos orais, desenvolvimento de novas 
técnicas de tratamento para várias enfermidades até então irreversíveis, como diversos tipos de 
câncer, o Mal de Parkinson e as doenças do colágeno, dentre outras.
• Criação da internet, telefone celular, a banda larga substituindo gradativamente a conexão 
discada, as antigas fitas VHS sendo trocadas pelos DVDs, além do desuso dos disquetes, cujo lugar 
passou a ser ocupado agora pelos CD-ROMs e pelos pen drives.
A Educação no século XX
Não é tarefa fácil nem simples caracterizar em linhas gerais a Educação do século XX. Apesar disso, 
alguns elementos podem ser destacados, como, por exemplo, a democratização da educação e do ensino. 
O ideal de democratizar a educação está presente, pelo menos em alguma medida, entre os pensadores, 
já a partir do Renascimento.
Mas, é no século XX que este ideal vai se espalhar com mais vigor, apesar das guerras, revoluções, conflitos e 
disputas. Várias reformas na Educação têm sido conduzidas em países europeus e americanos visando, entre outros 
objetivos, a democratização do ensino, além da tendência cada vez mais evidente de universalização da educação.
Algumas propostas educacionais de John Dewey para uma sociedade democrática
John Dewey inicia a elaboração de suas teorias sobre o processo educativo em 1894. Sua intenção 
era encontrar o sistema educacional mais adequado para a contemporaneidade. Com este objetivo, 
funda em 1897 uma escola experimental, o Laboratório, patrocinado pela Universidade de Chicago. A 
escola deveria ser uma instituição onde se transmitem de maneira viva, os grandes avanços do século. 
Tinha como proposta que a escola fosse uma sociedade em miniatura, já que a mesma podia refletir 
todos os aspectos sociais. Para Dewey, a democracia era um destes avanços e poderia ser aprendida 
por meio da educação escolar que deveria proporcionar o conhecimento com o “aprender fazendo” e o 
“aprender sentindo”, possibilitando uma convivência harmoniosa entre as diferentes classes sociais.
Em 1916, publicou sua mais importante obra Democracia e Educação, em cujas páginas deixa claro que 
uma sociedade democrática plenamente educada é o único meio aceitável de organização e governo social.
Com ideias avançadas e contrárias à educação tradicional, John Dewey foi um dos mais importantes 
representantes do movimento reformista da Educação, também denominado Escolanovista, que se 
intensificou nos Estados Unidos no final do século XIX.
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As novas propostas educacionais de Dewey incluíam a proposta de que os conteúdos ministrados 
fossem úteis e necessários à sociedade capitalista. A democracia tinha que estar articulada com a escola, 
com a sociedade e com o mundo do trabalho. A escola deveria oferecer condições para que todos, 
independentemente da classe social, participassem eficazmente na vida social. Para Dewey, a educação 
deveria contribuir para abolir privilégios e injustiças.
A crença de Dewey era que, à medida que a escola formasse pessoas diferentes, estaria contribuindo 
para a mudança da sociedade. Se a estrutura interna da escola e as matérias de estudos com seus 
respectivos conteúdosfossem orientadas para um modelo democrático, a sociedade reproduziria esse 
modelo. Neste sentido, a educação passou a ser vista como via de desenvolvimento social e como 
instrumento de equalização.
Dewey estimulava o espírito de iniciativa e independência, que leva à autonomia e ao autogoverno, 
virtudes de uma sociedade democrática.
 Resumo
Durante a Idade Média a educação esteve sob rígido controle 
da Igreja, portanto os processos educacionais foram orientados 
por critérios que se baseavam na concepção da existência humana 
(econômica, jurídica, política) como decorrente da vontade divina, 
o que significava total obediência aos graus de hierarquias, pois 
os mesmos eram entendidos como decorrentes de uma ordem 
naturalmente estabelecida por Deus.
A forma de entender a educação começava a mudar durante o 
Renascimento. As sociedades foram se tornando laicas, e severas críticas 
foram endereçadas à tradição medieval. A educação deste período buscou 
divulgar os ideais humanistas e burgueses. Com o Iluminismo iniciou-se 
a educação estatal, gratuita e obrigatória, no grau de escola primária. 
Houve a substituição do ensino de religião pela instrução moral e cívica 
e um crescente desejo de democratização deste ensino, além de uma 
acentuação do espírito cosmopolita e universalista que unia pensadores 
e educadores de todos os países. Vale ressaltar a importante contribuição 
das ideias pedagógicas, de Jean-Jacques Rousseau e Pestalozzi, para a 
educação.
Apesar dos graves conflitos que marcam o século XX, foi neste período 
que o ideal de democratização da educação se espalhou com mais vigor. 
Com este intuito, vários países europeus e americanos realizaram profundas 
reformas na educação.
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 Exercícios
Questão 1 (Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul - SP - USCS - 2009). A partir do 
século II, surge a Patrística, cujos objetivos eram o de converter os pagãos, combater os hereges e os 
opositores da fé cristã e justificar a fé. O principal nome da patrística foi Santo Agostinho (354-430). 
Para Agostinho, o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas. No autor, tal concepção 
relaciona-se:
A) À apologética.
B) À metafísica.
C) À teoria da iluminação.
D) À teoria da inspiração.
E) Aos métodos do trivium e quadrivium.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das alternativas:
A) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta porque a apologética era a prática de padres de 
enaltecer a doutrina cristã por meio de textos.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta porque a metafísica é uma doutrina de um período 
bem posterior ao da Patrística e de Santo Agostinho (alta Idade Média). A metafísica aparece no período 
Iluminista e consiste num tipo de reflexão que está no limite entre filosofia e ciência.
C) Alternativa correta.
Justificativa:
A alternativa é correta porque a Teoria da Iluminação de Santo Agostinho consistia na adaptação 
da filosofia platônica para o ideal cristão. A dicotomia mundo sensível e mundo das ideias permanece, 
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porém, as ideias perfeitas são substituídas pelas ideias divinas. Segundo a teoria da Iluminação de Santo 
Agostinho, recebemos de Deus o conhecimento das verdades eternas: tal como o sol, Deus ilumina a 
razão e torna possível o pensar correto.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois diz respeito à doutrina de Santo Tomás de 
Aquino.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois esses métodos dizem respeito à pedagogia jesuítica.
Questão 2 (ENEM 2010). “Em nosso país, queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela 
probidade, os usos pelos princípios, as con veniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da 
razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza 
de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo 
mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a 
mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem (...)”.
(HUNT, L. Revolução Francesa e vida privada. In: PERROT, M. (org.) História da Vida Privada: da 
Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991).
O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794 e do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-
se a qual dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa?
A) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política 
dominante.
B) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia.
C) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e queriam 
reorganizar a França internamente.
D) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato com intelectuais iluministas, desejava 
extinguir o absolutismo francês.
E) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que desejavam justiça 
social e direitos políticos.
Resposta desta questão na Plataforma.
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Unidade IV
7 A CATEQUESE E O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO: OS JESUÍTAS, A EDUCAÇÃO 
DA ELITE E A REFORMA POMBALINA
Segundo vários estudiosos, a História da Educação no Brasil pode ser dividida em duas fases: antes 
e depois da expulsão dos jesuítas. Portanto examinaremos primeiramente a Educação brasileira a partir 
da ação dos jesuítas.
7.1 Os jesuítas no Brasil
Os jesuítas faziam parte da Companhia de Jesus, ordem criada por Inácio de Loyola em 1534 no 
contexto da Contrarreforma católica. Essa foi uma das medidas tomada pela Igreja católica para conter 
a Reforma Protestante, como já explicado na unidade anterior.
Os jesuítas chegaram ao Brasil com o governador geral Tomé de Souza, em 1549. Entre eles, estava 
o padre Manuel da Nóbrega, jesuíta que teve importante papel na educação e catequese dos índios. 
Como “soldados da fé católica”, os jesuítas tinham o objetivo de disseminar o catolicismo e a educação 
se revelava como a principal via de acesso para alcançarem esta meta. Apenas quinze dias depois de sua 
chegada à recém‑fundada cidade de Salvador, os jesuítas já conseguiram fazer funcionar uma escola 
elementar de “ler e escrever”.
Ao padre Manuel da Nóbrega juntaram‑se outros dois expoentes: Aspilcueta Navarro (o primeiro 
jesuíta a falar a língua dos índios) e José de Anchieta (o patrono do Brasil). Segundo o historiador 
Fernando de Azevedo, este trio representou a melhor, mais bela e heroica fase da história dos jesuítas no 
Brasil, fase esta que foi de 1549 até 1570, data da morte de padre Nóbrega.
Neste período, os jesuítas aprenderam a língua tupi‑guarani, elaboraram material didático para a 
catequese e Anchieta organizou uma gramática do tupi. Num primeiro momento, eles ensinavam os 
filhos dos índios chamados curumins junto com os filhos dos colonos. Neste processo, Anchieta usava 
vários recursos como a música, a poesia e o teatro. Substituiu as cantigas sensuais cantadas pelos índios 
pelos hinos de louvor à Virgem. Não demorou que houvesse um choque cultural entre os valores dos 
indígenas e dos colonizadores.
Os jesuítas permaneciam um determinado período nas tribos, realizando a pregação e os batismos 
e, para dar continuidade ao trabalho, logo seguiam paraoutra tribo. Mas acabaram percebendo que 
esta maneira não estava surtindo os efeitos necessários de conversão que eles esperavam. Para que 
as conversões fossem realmente consolidadas, foram criadas as missões ou reduções. Do século XVI 
ao XVII, os jesuítas desenvolveram a catequese por meio do confinamento indígena nas missões ou 
reduções.
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As missões ou reduções eram povoamentos ou aldeias criadas pelos jesuítas. Possuíam uma organização 
bem definida que podia reunir várias etnias. Foram construídas casas para cada família, pois os jesuítas 
se surpreenderam com o fato de duzentas famílias morarem numa mesma oca. A catequese nas missões, 
reduções, povoamentos ou aldeias era mais eficiente. Os jesuítas ensinavam regras de higiene e saúde, 
técnicas e práticas agrícolas. Algumas missões foram muito prósperas. Nelas, se praticava agricultura, 
criação de gado e artesanato e os jesuítas tinham uma ação ampla de conversão religiosa, educação e 
trabalho.
A ação dos jesuítas, por meio da catequese e da conversão, procurava anular as tradições indígenas, 
pois elas eram reconhecidas como atrasadas, selvagens e indignas. O saber, a religião, a música dos 
indígenas e dos negros eram desprezadas e consideradas inferiores. A catequese e a conversão procuravam 
homogeneizar estas culturas a partir do padrão cultural europeu.
A sociedade colonial e o ensino jesuítico
Num primeiro momento, temos os filhos de colonos e curumins aprendendo juntos, mas a tendência 
que se confirmou não foi esta, ou seja, a educação jesuítica separou os catequizados dos instruídos. 
Assim, a educação para os curumins tinha o objetivo de cristianizar, pacificar e torná‑los dóceis para 
o trabalho, enquanto que, para os filhos dos colonos, a educação poderia ir além de ler, escrever e 
contar.
O tipo de colonização estabelecido no Brasil foi centrado numa ocupação do território, de modo a 
viabilizar a produção agrícola de interesse para o mercado europeu, ou seja, nossa economia era baseada 
num modelo agrário‑exportador dependente. A viabilização deste modelo teve como apoio a larga e 
farta distribuição de terras pelo sistema de sesmarias. Mas as terras eram distribuídas para quem? Para 
ter o “direito” de receber estas terras, era preciso ter condições de aproveitá‑las e isso significava possuir 
recursos suficientes para produzir cana‑de‑açúcar e comprar escravos suficientes para tal trabalho. Em 
suma, para receber as sesmarias, era preciso ser rico o bastante. Desta forma, a distribuição de terras no 
Brasil, desde o início da colonização, foi marcada por um caráter de privilégio, elitista e discriminatório, 
que marcará profundamente a estrutura social brasileira. Além disto, a economia se expandiu em torno 
do engenho de açúcar inicialmente por meio do trabalho dos índios e, posteriormente, dos escravos. 
Essa economia se desenvolveu centrada no latifúndio, na escravidão e na monocultura.
Com esta realidade social, podemos perceber que a educação não era algo primordial, uma vez que as 
atividades agrícolas não exigiam formação especial. Numa sociedade agrária e escravista, o interesse pela 
educação era quase nulo e, portanto, a quantidade de analfabetos era muito grande. As mulheres e negros 
eram excluídos do ensino e pouco despertavam o interesse dos padres, que se concentravam na catequese 
dos curumins. Ao enviar os jesuítas para o Brasil com a finalidade de converter os índios pela educação, 
regulando a consciência pela uniformidade da fé, Portugal tinha como prioridade manter a unidade política 
e a dominação da metrópole sobre a colônia. O ensino que se estabelecia carregava estas marcas.
Em relação à educação para os filhos dos senhores de engenho (senhores das casas‑grandes), as 
coisas se passavam mais ou menos da seguinte maneira: seguindo a tradição portuguesa, o primeiro 
filho do sexo masculino herdava o patrimônio do pai e deveria dar continuidade ao trabalho nas terras, 
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no engenho. O segundo filho poderia se dedicar às letras e normalmente frequentava o colégio para 
posteriormente concluir os estudos na Europa. O terceiro estudava para se tornar um religioso.
A ação dos jesuítas em relação às necessidades educacionais das famílias das casas‑grandes se fazia 
presente por meio da educação que alguns filhos obtinham ao serem enviados aos colégios, ou ainda 
quando recebiam os ensinamentos em suas próprias residências.
Outra forma de educação praticada pelos jesuítas acontecia nos confessionários, pois, ao ouvir os 
pecados os padres, iam modelando o pensamento dos colonos.
A estrutura da Educação montada pelos jesuítas
Os colégios dos jesuítas possuíam a seguinte estrutura: inicialmente a criança aprendia a ler, escrever 
e contar. Após este ensino elementar, os colégios forneciam formação em Humanidades, Filosofia, Ciência 
e Teologia. O curso de Humanidades era de grau médio e se ensinava latim e gramática, especialmente 
para meninos brancos e mamelucos (mestiços de branco e índio). Os outros dois cursos eram de grau 
superior e alguns colégios ofereciam até as quatro possibilidades. Após o curso de Artes e Filosofia, o 
jovem podia escolher entre duas opções: ou estudar teologia, tornado‑se padre, ou preparar‑se para as 
carreiras liberais como Direito e Medicina. Para tal, deveria estudar em uma das diversas universidades 
europeias. Os brasileiros optavam, em grande parte, pela universidade de Coimbra, em Portugal.
Por três séculos (XVI, XVII e XVIII), a educação dos jesuítas no Brasil praticamente não se alterou. Foi 
uma educação com prioridades no nível secundário visando a formação humanista, com privilégio dos 
estudos de latim, dos clássicos e da religião. Não faziam parte do currículo dos colégios as ciências físicas 
ou naturais. Na verdade, a educação não era de interesse geral. Ela, durante muito tempo, destinava‑se 
apenas a poucos elementos da sociedade (àqueles que pertenciam à classe dirigente) e, mesmo assim, 
possuía um caráter muito mais de erudição e ornamento por ser literária, abstrata e alheia aos interesses 
materiais e utilitários.
Não havia interesse na educação para o trabalho. Esta era realizada de maneira informal no 
próprio ambiente de trabalho, sem nenhuma regulamentação nem organização. Os jesuítas tinham 
escolas‑oficinas nas missões guaranis para ensinar os índios, mas não as difundiram para o restante da 
sociedade, fazendo‑o apenas em raras oportunidades.
Assim, nos duzentos anos de existência no Brasil (de 1549 até 1759, quando os jesuítas foram 
expulsos pelo Marquês de Pombal), a educação jesuítica foi uma educação conservadora, mas que, no 
entanto, estava de acordo com o tipo de sociedade que aqui se desenvolvia: aristocrática, agrária e 
escravista, que depreciava o trabalho manual, entendido como desclassificado, e com uma economia 
agroexportadora dependente e submetida à opressão política da metrópole.
Assim, este “quadro social” teve funestas consequências para a educação: analfabetismo; ensino 
restrito a poucos, elitista, destinado à erudição das classes dirigentes, sem compromisso com o mundo do 
trabalho. Com isto, havia um ensino clássico no sentido de valorizar a literatura e a retórica e desprezar 
as ciências e as atividades manuais.
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Mas, aos poucos, as coisas foram mudando. A estrutura social começou a se transformar, por 
exemplo, quando um novo segmento social se formou no Brasil: a pequena burguesia urbana, que tinha 
pretensões de ascender socialmente, sendo aEducação a melhor forma de alcançar este objetivo.
 Saiba mais
Para saber mais, consultar: NENES, C. Economia, educação e sociedade: 
matrizes políticas e estigmas culturais da administração escolar no Brasil. 
Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/art6_22e.pdf>. Acesso 
em: 24 mai. 2011.
A expulsão dos jesuítas do Brasil e as reformas pombalinas na Educação
Não é possível entender a expulsão dos jesuítas nem tampouco as reformas pombalinas na educação 
brasileira, se não compreendermos o contexto histórico no qual elas aconteceram. Para isto, é preciso 
entender um pouco sobre a história de Portugal, mesmo que de uma maneira bem simplista.
Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, foi primeiro‑ministro de Portugal de 
1750 a 1777, com a missão de reerguer o país da decadência na qual se encontrava diante de outras 
potências europeias na época. Como um país católico, Portugal condenava o juro. Enquanto outras 
nações como Inglaterra e França promoviam as manufaturas, Portugal permaneceu atrelado a uma 
mentalidade medieval, o que contribuiu para retardar a implantação do capitalismo e colaborar com 
a decadência:
Além disto, enquanto a Europa renascentista se preparava para o livre pensar 
que se consolidaria no Iluminismo do século XVIII, Portugal permanecia 
cioso da herança cultural clássico‑medieval, preservando o latim, a filosofia 
e a literatura cristã (ARANHA, 2006, p. 139).
Mas, a partir do século XVIII, a vida intelectual portuguesa começou a mudar e se abrir para as 
ideias iluministas por meio de vários debates acerca da educação, que aconteceram principalmente 
com o lançamento da obra Apontamentos para a educação de um menino nobre (1734), de Martinho 
de Pina e Proença, em cujas páginas o autor recomendava aos professores que se preocupassem 
também com Geografia, História, Matemática e Direto, revelando uma nítida inspiração de autores 
iluministas como Locke e Fénelon. Além disto, Marquês de Pombal tinha grande apreço para com os 
ideais iluministas e com sua chegada ao poder e preocupação de modernizar a administração pública 
e maximizar os lucros com a exploração colonial, a própria coroa portuguesa sofreu influência dos 
princípios iluministas.
Os debates travados sobre educação repercutiram imediatamente sobre as atividades 
educacionais dos jesuítas, pois eles detinham o monopólio da educação superior em Portugal e da 
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educação nas colônias portuguesas espalhadas pelo mundo. Eram considerados defensores de uma 
educação tradicional, abstrata, sem fundamento utilitário, portanto inadequada para a realidade 
do momento.
Assim, por meio do Alvará Régio de 28 de junho de 1759, Sebastião José de Carvalho e Melo, o 
Marquês de Pombal, como primeiro‑ministro de Portugal (1750 a 1777) expulsou, ao mesmo tempo, os 
jesuítas de Portugal e de suas colônias, suprimindo as escolas e colégios jesuíticos. Pombal empreendeu 
um extenso programa de transformações administrativas tanto em Portugal como no Brasil. As reformas 
educacionais pombalinas tiveram que acontecer, pois, com a extinção dos colégios, tal responsabilidade 
deveria ser assumida pelo governo.
As principais modificações feitas por Pombal foram:
• Criação das aulas régias ou avulsas, autônomas e isoladas, com professor único de latim, grego, 
Filosofia e Retórica.
• Criação da figura do diretor geral dos estudos, para nomear e fiscalizar a ação dos professores.
• Implantação do subsídio literário, imposto colonial para custear o ensino.
Há certo consenso entre os estudiosos da História da Educação no Brasil em afirmar que a reforma 
pombalina foi algo desastroso, fazendo com que adentrássemos o século XIX com uma educação 
caótica. Segundo Fernando de Azevedo, as ações de Pombal significaram a destruição do único sistema 
de ensino existente no país e foi a primeira grande e desastrosa reforma de ensino no Brasil, atingindo 
muito superficialmente a vida escolar, imprimindo na educação meio século de decadência e transição. 
Em concordância com Fernando de Azevedo, Arnaldo Niskier (2001) afirma:
A organicidade da educação jesuítica foi consagrada quando Pombal os 
expulsou, levando o ensino brasileiro ao caos, através de suas famosas “aulas 
régias”, a despeito da existência de escolas fundadas por outras ordens 
religiosas, como os beneditinos, os franciscanos e os carmelitas (NISKIER, 
2001, p.34).
Esta situação de caos e precariedade no ensino brasileiro só começa a sofrer alguma mudança com 
a chegada da família real ao Brasil em 1808.
8 A MODERNIDADE NO BRASIL E O PENSAMENTO EDUCACIONAL: O 
LIBERALISMO E A PROPOSTA DA ESCOLA NOVA; O MANIFESTO DOS 
PIONEIROS
Transformações na sociedade brasileira entre os séculos XVIII e XX
Como vimos no item anterior, nos dois primeiros séculos de Educação no Brasil, esta ficou sob a 
responsabilidade dos jesuítas, que ministravam ensinamentos cristãos e tinham o controle do ensino. 
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Vimos ainda que, embora os jesuítas tivessem uma forte preocupação com a conversão dos índios, a 
obra de catequese acabou cedendo lugar à educação de elite, impregnada de uma cultura intelectual 
transplantada da Europa, e sobrevivendo com estas características (até mesmo acentuadas) à própria 
expulsão dos jesuítas e às reformas pombalinas.
Tais reformas, que levaram à expulsão dos jesuítas, impuseram ao Brasil a realidade educacional 
da metrópole e sua educação europeizada tornou‑se o centro e o modelo da educação brasileira, 
mergulhando nosso ensino numa profunda aristocratização. Tínhamos uma sociedade dividida em duas 
classes sociais: uma pequena camada de dirigentes que tinha acesso a um ensino refinado e o restante 
da nação, aqueles dirigidos e que não desfrutavam de nenhuma educação.
Este cenário começou a mudar pouco antes da Independência do Brasil, mais precisamente com a 
chegada da Família Real, em 1808. A persistência dos velhos padrões coloniais viu‑se, pela primeira vez, 
seriamente ameaçada, abrindo novos horizontes e perspectivas para a sociedade e para a educação.
Com as ideias democratizantes de Rousseau e da Revolução Francesa, uma nova preocupação parece 
contaminar o ambiente político brasileiro, iniciando‑se um discurso em favor da educação popular. 
Mas, isso só vai ser bem delineado a partir da Independência do Brasil, mesmo assim, de forma bastante 
tímida.
Em 1822, a monarquia que aqui se estabelece acaba se ajustando à dominação oligárquica e, apesar 
dos discursos em favor da educação popular, apenas os filhos da aristocracia conseguiam ser “doutores”. 
O único acontecimento concreto e eficiente para a educação neste momento foi inserir na Constituição 
de 1823 um artigo que garantia a gratuidade do ensino primário a todos os cidadãos.
Na verdade, são os próprios filhos da aristocracia que foram estudar na Europa que trouxeram para o 
Brasil os ventos profícuos das mudanças. O contato com o ambiente iluminista da Europa os fez voltarem 
com ideias liberalizantes e democratas. Preferindo a vida nas cidades, os filhos da aristocracia brasileira 
acabavam por deslocar o eixo político e social do campo para a cidade. Desta forma, o país começou 
a experimentar uma crescente efervescência intelectual e ideológica, marca distintiva do período de 
transição do Império para a República. Nossa jovem elite intelectual passava a acreditar na possibilidade 
de construção de um país livre do trabalho escravo e da arcaica monarquia.
Segundo Sergio Buarque de Holanda (1999, p. 171), a abolição da escravidão foi um acontecimento 
decisivo para a mudança de rumos da sociedade brasileira, um marco divisório entreduas épocas, 
assinalando o declínio do predomínio agrário, fator decisivo para provocar a hipertrofia urbana.
A agitação das cidades e o clima social, político e intelectual que embalavam a elite após a abolição 
colaboraram para a proclamação da República. Mas, ainda assim, no país persistia um estilo de vida 
rural e oligárquico, com a política sendo padronizada pelo voto de cabresto e pelas fraudes eleitorais, 
deixando para segundo plano grandes temas nacionais, como o problema da educação.
Porém, na década de 1920 iniciou‑se a crise da dominação oligárquica. A partir de 1929, grupos 
ligados ao complexo cafeeiro se desentenderam com o Estado causando a quebra da hegemonia desses 
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grupos e a formação de novas alianças de classes. A Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas pôs 
fim à política de alianças “café com leite”.
Chamou‑se política “café com leite” o acordo existente entre as oligarquias estaduais de São Paulo 
(maior produtor de café), Minas Gerais (maior produtor de leite) e o governo federal para que os 
presidentes da República fossem escolhidos alternadamente entre os políticos de São Paulo e Minas 
Gerais. Portanto, o presidente da República ora seria paulista, ora mineiro.
Getúlio Vargas foi nomeado chefe do Governo Revolucionário Provisório em 03 de novembro de 
1930, iniciando no Brasil um novo regime, uma nova era, e fortalecendo a ideia de um país no qual tudo 
estava por ser feito, e a educação era considerada o pináculo desta revolução.
Enfim a modernidade no Brasil
Podemos afirmar que a modernidade no Brasil, emblematicamente, iniciou‑se em 1922. Este foi 
um ano de acontecimentos que coroaram o pensamento de novidade. Entre eles, podemos citar: 
Semana de Arte Moderna, Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (Revolução Tenentista), fundação 
do PCB (Partido Comunista Brasileiro, primeiro partido operário duradouro), primeira eleição moderna 
com dois candidatos mobilizando militantes e realizando comícios, primeiros indícios da crise das 
oligarquias.
Os anos 20 assistiram ao apogeu e declínio da cafeicultura. Paralelamente a isto, ocorreu no parque 
industrial brasileiro uma concentração de capital e um período de progresso, com experiências de 
implantação do processo taylorista de trabalho para aumentar a produtividade.
Devemos nos atentar para o fato de que o processo produtivo industrial potencializou a acumulação 
de capital e a fábrica foi, por excelência, local onde isto aconteceu. Portanto, ela precisou de trabalhadores 
disciplinados não só para a execução das tarefas, mas que eles, em sua vida cotidiana, tivessem valores 
morais e éticos que os fizessem “vestir a camisa” do patrão e da fábrica.
Assim, a modernidade no Brasil estava intimamente ligada à urbanização, à industrialização e à formação 
e expansão da classe operária brasileira, que por sua vez estava sendo preenchida por uma parcela de 
imigrantes que não foram para as lavouras, por brancos e mestiços pobres, além de ex‑escravos.
Como podemos perceber, a década de 1920 assistiu à consolidação da modernidade no Brasil. Mas, o 
que toda esta conjuntura histórica, econômica, política e social representou no plano das ideias? A crise das 
oligarquias, o crescimento do parque industrial, da classe operária, o pipocar das revoltas, bem como a Semana 
de Arte Moderna, como todos estes acontecimentos se manifestavam no ideário intelectual brasileiro?
 Observação
Durante a década de 1920, o Brasil assistiu a inúmeras revoltas. Além 
da Revolta Tenentista de 1922, já citada, podemos destacar as revoltas de 
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1923 no Rio Grande do Sul, as Insurreições Militares de 1924 em São Paulo, 
Sergipe e Amazonas e a Coluna Prestes em 1925.
Na Semana de Arte Moderna, por exemplo, nossos poetas e artistas deixaram claro que aspiravam 
por um Brasil novo, de novas rimas e novos sons. Pareciam querer acordar os burgueses adormecidos 
sobre sacos de café e dinheiro. No primeiro dia do evento, Mário de Andrade vocifera para uma plateia 
atônita: “Eu insulto o burguês! O burguês níquel! O burguês burguês! Ódio à soma! Ódio aos secos e 
molhados!” — dizendo uma série de apontamentos contra os burgueses e, logicamente, contra a ordem 
estabelecida. Menotti Del Picchia afirmou: “Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações 
obreiras, idealismos, motores, chaminés de fábrica, sangue, velocidade, sonho, na nossa arte”. No 
Manifesto Antropofágico, Oswald de Andrade se coloca: “contra as elites vegetais... contra a peste dos 
chamados povos cultos e cristianizados, é contra eles que estamos agindo”.
Com estas afirmações, podemos perceber que os intelectuais modernistas queriam um país 
industrializado e urbanizado, queriam redescobrir Pindorama nas selvas das cidades, queriam ser índio 
e negro, ou seja, queriam que um novo e moderno Brasil fosse admirável e industrial, mas acima de 
tudo, queriam que fosse um Brasil brasileiro. Veremos a seguir a maneira pela qual estas ideias se 
incorporaram no universo da educação.
A Educação na modernidade
Como e por quem os rumos da Educação no Brasil eram pensados neste momento? Entre 1894 e 1917, 
as elites intelectuais (que se consideravam modernas e liberais e acreditavam na Educação como fator 
decisivo para resolução de problemas sociais) pretendiam implantar novas ideias educacionais no sentido 
de construir uma nação moderna. Embora tenha havido certo arrefecimento deste entusiasmo durante 
o coronelismo, uma classe operária se formava no seio de nossa sociedade, que clamava por educação. 
Houve um acelerado crescimento dos setores médios da população, composto pela pequena burguesia das 
cidades; por uma grande massa de funcionários públicos; por empregados do comércio; pelas chamadas 
classes liberais e intelectuais e por militares, cuja origem social era agora, a própria classe média.
Grande parcela dessa classe operária já estava sindicalizada e acabava desenvolvendo, independentemente 
do Estado, algumas experiências educacionais inovadoras. Assim, os anarquistas e anarcossindicalistas 
fundaram escolas agregadas aos seus sindicatos, inspiradas na pedagogia libertária de Francisco Ferrer. 
Porém, com a repressão aos movimentos operários, estas experiências não duraram muito.
Assim sendo, a elite intelectual irrompeu a década de 1920 imbuída de fervoroso espírito nacionalista, 
mas tomando consciência de que nossa população era quase toda analfabeta. Portanto, iniciou‑se um 
ciclo de reformas educacionais com o objetivo de popularizar e democratizar o ensino, de forma a 
estendê‑lo às camadas médias e pobres de nossa sociedade.
O liberalismo e a proposta da Escola Nova no Brasil
Na emergência do mundo urbano‑industrial, intensificam‑se as discussões em torno das questões 
educacionais e estes debates começam a ser o centro de interesse de muitos dos intelectuais ligados a 
esta área do conhecimento humano.
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As correntes de pensamento inovador sobre os rumos, objetivos e sentidos da Educação iniciam‑se 
no chamado mundo culto, ou seja, Europa e Estados Unidos. Elas foram agudamente aprofundados 
sob o impacto e inquietação causados pela Primeira Guerra e pela Revolução Russa, que pelo grau de 
violência, aventaram a possibilidade de a humanidade voltar ao estado de barbárie.
Assim, a Educação passou a ser o centro das preocupações dos intelectuais que pretendiam contribuir 
para o processo de estabilização social, levando‑os a refletirem sobre os resultados da pedagogia 
tradicionale não demorarem a declarar a insuficiência desta pedagogia perante as exigências do mundo 
moderno, capitalista, concluindo que as instituições escolares deveriam ser atualizadas de acordo com 
a nova realidade social.
O movimento de renovação educacional que surge neste momento, especialmente nos Estados 
Unidos, como oposição à educação tradicional, denominou‑se “Escola Nova”.
As ideias de dois educadores norte‑americanos, John Dewey e Willian Kilpatrick, marcaram a 
fisionomia do pensamento educacional brasileiro a partir da primeira década do século XX, acentuando‑se 
nas décadas de 1920 e 1930, pois com a vitória dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial, o 
imperialismo inglês perdeu espaço para o imperialismo americano que não se contentava em apenas 
explorar economicamente os países do terceiro mundo, mas também pretendia penetrar no campo 
cultural e educacional destas nações. Nesse momento, o Brasil começa a experimentar uma razoável 
influência das universidades americanas que então produziam e disseminavam os ideais da Escola 
Nova.
Segundo Aranha (2006), as principais características da Escola Nova são:
• Educação integral (intelectual, moral, física).
• Prioridade outorgada ao Estado para a manutenção do ensino.
• Ensino leigo.
• Educação ativa; educação prática com obrigatoriedade de trabalhos manuais.
• Exercícios de autonomia.
• Vida no campo.
• Internato.
• Coeducação dos sexos.
• Ensino individualizado.
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Os métodos para que se atinjam estas propostas de educação são:
• Ênfase nos processos de conhecimento.
• Atividades centradas no aluno.
• Criação de laboratórios, oficinas, hortas e até imprensa.
Para superar a escola tradicional com sua tendência intelectualista, a Escola Nova valoriza jogos e 
exercícios físicos em geral, desde que sirvam para o desenvolvimento da motricidade e da percepção. 
Além disto, também leva em conta os estudos da psicologia da criança, a fim de encontrar métodos 
adequados que possam estimular o interesse sem privá‑la da espontaneidade (ARANHA, 2009, p. 
247).
No Brasil, a ânsia de transformação que agitava o país não poderia deixar de repercutir intensamente 
nos setores de educação e ensino, aqueles que transmitem cultura.
Os educadores brasileiros, por seus elementos mais progressistas, em breve também estavam 
engajados na crítica a nossa precária organização escolar e aos nossos atrasados métodos e processos 
de ensino. Como resposta a estas preocupações, abriu‑se o ciclo de reformas da educação e do ensino.
O escolanovismo que se formou no Brasil produziu uma geração de educadores como Fernando de 
Azevedo, Anísio Teixeira, Lourenço Filho, entre outros, que, durante as décadas de 1920 e 1930, tiveram 
papel bastante significativo na luta para que o poder público conferisse maior prioridade aos assuntos 
da educação. Estes educadores colaboraram para a mudança de pensamento em relação aos significados 
e objetivos da escola ao elaborarem o Manifesto dos Pioneiros.
Alastrou‑se o movimento de renovação pedagógica:
O primeiro sinal de alarme que nos colocou no caminho da renovação escolar 
foi a reforma empreendida em 1920 por Antonio Sampaio Dória, que chamado 
a dirigir a instituição pública em São Paulo, conduziu uma campanha contra 
velhos métodos de ensino, vibrando golpes tão vigorosamente aplicados 
à frente constituída pelos tradicionalistas, que panos inteiros do muro da 
antiga escola deveriam desmoronar (AZEVEDO, 1976, p. 153).
Em 1924, Lourenço Filho foi chamado a reestruturar o ensino primário no Ceará. Anísio Teixeira 
deveria empreender a reforma na Bahia e no Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, Francisco Campos e Mário 
Casassanta. Assim, em todos os estados, educadores foram convocados para reformarem o ensino, sendo 
que todas estas mudanças estavam alicerçadas em uma mesma linha de pensamento educacional, 
conhecida como Escola Nova.
No Brasil, o discurso em favor da educação popular precedeu a proclamação da República. Já em 
1822, Rui Barbosa, baseado em exaustiva pesquisa da realidade brasileira da época, tornava conhecida a 
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vergonhosa precariedade do ensino para o povo no Brasil e apresentava propostas de multiplicação de 
escolas e de melhoria qualitativa do ensino.
Desde então, diagnósticos, denúncias e propostas de educação popular têm estado sempre presentes 
nos discursos políticos sobre educação no Brasil. Estes discursos vêm sempre inspirados nos ideais 
democráticos liberais, cujo objetivo é a igualdade social, sendo a democratização do ensino vista como 
instrumento essencial para a conquista deste objetivo.
Os ideais de uma escola pública, universal, laica e gratuita não são novos, mas, ainda hoje, são 
perseguidos por muitos países do terceiro mundo, incluindo os da América Latina.
Estes ideais são inspirados por um sistema conhecido como liberalismo, que teve sua origem na 
Inglaterra e na França, no contexto histórico das lutas de classe da burguesia contra a aristocracia, no 
decorrer do século XVIII, em que postulavam princípios como a igualdade de direitos e de oportunidades, 
a destruição de privilégios hereditários, o respeito às capacidades e às iniciativas individuais e a educação 
universal para todos.
Princípios do liberalismo
• Individualismo — o indivíduo deve ser reconhecido como sujeito que possui talentos e aptidões 
próprias.
• Liberdade — está associada ao individualismo e prega a liberdade individual, dela derivando todas 
as outras, tais como: religiosa, econômica, política.
• Propriedade privada — é um direito natural do indivíduo, que deve e pode adquiri‑las por meio do 
trabalho e do talento.
• Igualdade — não significa igualdade de condições sociais e materiais, pois, os homens são 
diferentes em talentos e capacidades. A igualdade no liberalismo refere‑se à igualdade perante as 
leis, igualdade de direitos e igualdade civil.
• Democracia — direito de todos participarem do governo por meio de representantes de sua própria 
escolha.
Se anteriormente o pensamento educacional clássico sempre esteve impregnado das ideias de 
reconstrução individual para o aperfeiçoamento moral, a partir da ascensão da burguesia como classe 
na Europa ocidental e o desenvolvimento do liberalismo, o pensamento educacional passou a orientar‑se 
para a reconstrução social. Portanto, quando o pensamento pedagógico começou a incorporar os 
argumentos liberalistas, a educação passou a ser percebida como a solução mais viável, se não a única, 
para promover o progresso das nações e o bem estar geral das sociedades.
Como já afirmamos acima, no decorrer da década de 1920, os Estados Unidos passaram a influenciar 
o ambiente cultural brasileiro em quase todas as áreas. A produção intelectual relacionada à educação 
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não ficou imune a isso e o ideário pedagógico da Escola Nova (que tinha como referencial as ideias de 
John Dewey e Willian Kilpatrick) logo ganharam adeptos como Anísio Teixeira, (que foi aluno de Dewey), 
Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, entre outros. Porém, esta inspiração não era unânime e provocou 
reações contrárias dos chamados pensadores católicos, também muito cultos e eruditos, como Alceu 
Amoroso Lima.
O movimento de renovação escolar que estava chegando ao Brasil e pregava novos métodos e 
processos de ensino — que ainda se viam dominados pelo regime de coerção da velha pedagogia jesuítica 
— baseava‑se nos progressos mais recentes da psicologia infantil e propunhamdemocracia, autonomia 
e consciência crítica.
Lourenço Filho, em Introdução ao estudo da Escola Nova preocupou‑se em mostrar que esta nova 
vertente pedagógica apresentava diversificada origem e manifestações diferentes em vários países. Porém, 
ele nos mostra claramente que, no Brasil, a opção foi pelo pensamento renovador norte‑americano, 
originário de Dewey e Kilpatrick. A Escola Nova, antes de ser uma proposta metodológica, consistia em 
uma nova atitude filosófica perante os problemas nada simples da educação daquele tempo.
Neste sentido, percebemos claramente a influência das ideias de Kilpatrick, que em Educação 
para uma civilização em mudança deixa claro que a pedagogia, para ser coerente com a sociedade 
de determinado período, tem que ter o pensamento baseado na experiência para poder considerar de 
maneira científica a realidade de um mundo em constante mudança. Segundo ele, esta é uma postura 
que certamente provocará uma alteração de mentalidade, necessidade de absorver o movimento de 
industrialização com suas consequências, declínio do autoritarismo e exigência de democracia, sendo 
ainda o Estado o responsável pela educação.
Todas estas ideias vinham de encontro ao clima intelectual brasileiro e aos anseios de mudanças 
aqui pretendidas, portanto, amplamente acolhidas e entendidas como o melhor caminho para resolver 
os graves problemas que o Brasil enfrentava na área da educação.
O Manifesto dos Pioneiros da Educação
Lançado em março de 1932 e redigido por Fernando de Azevedo, o Manifesto foi assinado por 26 
intelectuais brasileiros dedicados à Educação, entre eles: Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Sampaio Dória, 
Paschoal Leme, Mário Casassanta, Cecília Meireles (poeta e educadora). O Manifesto representava muito 
do pensamento educacional brasileiro daquele momento, bem como refletia os desejos de mudança. 
O Manifesto dos Pioneiros era bastante coerente com as ideias traçadas acima, incluindo seu título A 
reconstrução educacional do Brasil, bem sugestivo e indicativo desta coerência.
Em suas linhas iniciais, já fica absolutamente claro que seus organizadores consideravam a educação 
como o maior e mais grave problema nacional, sendo que sua inadequação era responsável por todos 
os outros problemas brasileiros:
Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e 
gravidade ao da educação. (...) É impossível desenvolver as forças econômicas ou 
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de produção sem o preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvimento 
às aptidões, à invenção e à iniciativa que são os fatores fundamentais do 
acréscimo de riqueza de uma sociedade. (...) Depois de 43 anos de regime 
republicano, não lograram ainda criar um sistema de educação escolar à altura 
das necessidades modernas e das necessidades do país (AZEVEDO, 1932).
 Saiba mais
Para saber mais, você pode consultar: FILHO, O. J. de A. O Manifesto dos 
Pioneiros da Educação Nova de 1932: Memória e Imagens do Manifesto 
nos Livros Didáticos de História da Educação. Disponível em: <http://www.
faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/194OrlandoJoseFilho.pdf>. Acesso 
em: 25 mai. 2011.
O período histórico e social imediatamente anterior ao lançamento do Manifesto possui características 
que merecem ser examinadas mais de perto para podermos entender com mais clareza a natureza do 
espírito intelectual que emana de suas páginas.
A revolução de 1930 foi um marco decisivo. Vitorioso, Getúlio Vargas tomou posse em 03 de 
novembro de 1930, intitulando‑se chefe do Governo Revolucionário Provisório, iniciando a Segunda 
República ou República Nova.
Inicialmente, este governo pareceu mostrar‑se extremamente sensível aos problemas educacionais 
do país, tomando decisões que agradavam aos educadores preocupados com as transformações 
e modernizações do ensino brasileiro. Em 14 de novembro de 1930, Getúlio criou o Ministério da 
Educação e Saúde e, para geri‑lo, nomeia Francisco Campos, um homem ligado às ideias e realizações 
do movimento de modernização do ensino. Em 11 de abril de 1931, sanciona três importantes decretos 
elaborados por este ministro:
• Criação do Conselho Nacional de Educação.
• Instituição do Estatuto das Universidades Brasileiras.
• Normas que dispunham sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro.
As decisões de Vargas não pararam por aí. Em 18 de abril do mesmo ano, sancionou mais um decreto 
pelo qual era possível a total reorganização do ensino secundário em moldes modernos. Em junho de 1931, 
outro decreto alterou o plano de ensino comercial, criando o Curso Superior de Administração e Finanças.
Estas medidas eram reivindicações antigas dos educadores atuantes que, percebendo a disposição 
de Vargas em reformular o ensino, pretendiam pressioná‑lo para que as reformas não ficassem 
fragmentadas e alheias ao ensino popular. Assim convocaram, por meio da Associação Brasileira de 
Educação, uma conferência nacional, para que, mostrando força, o presidente pudesse adotar posição 
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mais afirmativa e abrangente, definindo uma verdadeira política nacional para o setor. Nesta conferência, 
o presidente Getúlio Vargas mostrou‑se perfeitamente receptivo e, inclusive convocou os educadores 
presentes a encontrarem a “fórmula feliz” que definisse o sentido pedagógico da Revolução de 1930, 
comprometendo‑se a adotar esta fórmula na obra de reconstrução do Brasil, na qual estava empenhado 
(LEMME, 1998, p. 264).
Estes educadores tomaram, então, a iniciativa de elaborar um documento traçando as diretrizes de 
uma verdadeira política nacional de educação e ensino, abrangendo todos os seus aspectos, modalidades 
e níveis. Surgia, assim, o Manifesto dos Pioneiros dirigido ao povo e ao governo e que propunha a 
reconstrução educacional do Brasil.
Vale ressaltar que a redação do Manifesto não ocorreu de forma pacífica. Houve uma série de 
desentendimentos com o grupo dos educadores católicos que eram frontalmente contra alguns aspectos 
fundamentais do documento, tais como: prioridade outorgada ao Estado para a manutenção do ensino, 
ensino leigo, coeducação dos sexos, entre outros.
Em linhas gerais e bem simplificadamente, as principais ideias que permeavam o conteúdo do 
Manifesto eram:
• A escola deveria ser única, ou seja, a mesma para todos e não uma educação de classes.
• Ensino leigo e obrigatório.
• Educação como direito de todos e, por isto mesmo o Estado deveria garantir que escola fosse 
pública e gratuita.
Além disto, o manifesto também expôs os métodos e processos que deveriam nortear o ensino e os 
critérios adotados para a avaliação da aprendizagem. Indicava os padrões com os quais os educadores 
deveriam realizar sua formação, devendo estar conscientes de suas responsabilidades perante a nação, 
os educandos e o povo em geral, terminando com as seguintes palavras:
Mas, de todos os deveres que incumbem ao Estado, o que exige maior 
capacidade de dedicação e justifica maior soma de sacrifícios; aquele com 
que não é possível transigir sem a perda irreparável de algumas gerações; 
aquele em cujo comprimento os erros praticados se projetam mais longe 
nas suas consequências, agravando‑se à medida que recuam no tempo; o 
dever mais alto, mais penoso e mais grave é, de certo, o da educação que, 
dando ao povo a consciência de si mesmo e de seus destinos e a força 
para afirmar‑se e realizá‑los, entretém, cultiva e perpetua a identidade da 
consciência nacional, na sua comunhão íntima com a consciência humana 
(AZEVEDO, 1932).
Apesar do potencial de renovação contido no Manifesto, a literatura nos mostra que o mesmo 
não gerou as mudanças que seusidealizadores tanto almejaram, mas, por outro lado, alguns de seus 
princípios organizadores não foram absorvidos na organização das escolas.
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 Saiba mais
Para saber mais, consultar: HAYASHI, M. C. P. I. et al . História da educação 
brasileira: a produção científica na biblioteca eletrônica SCIELO. Educ. Soc., 
Campinas, v. 29, n. 102, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0101‑73302008000100010&lng=en&nrm=
iso>. Acesso em: 23 mai. 2011. 
 Resumo
A história da educação no Brasil não pode ser adequadamente 
compreendida sem levarmos em conta a contribuição dos jesuítas. 
Inicialmente o objetivo dos jesuítas era cristianizar, pacificar e tornar os 
índios dóceis para o trabalho, pois eles perceberam que e a educação era 
a principal via de acesso para tal. Assim, em pouco tempo, o Brasil possuía 
vários colégios jesuítas, cujo ensino era destinado a poucos, e que tinham 
um caráter de erudição e ornamento, pois apresentaram ensino literário, 
abstrato e alheio aos interesses materiais e utilitários.
A colonização brasileira realizou‑se de forma a viabilizar a produção 
agrícola de interesse para o mercado europeu, sendo que nossa economia se 
expandiu em torno do engenho de açúcar, utilizando o trabalho dos índios 
e dos escravos. Portanto foi uma economia que se desenvolveu centrada no 
latifúndio, na escravatura e na monocultura. Em uma sociedade agrária e 
escravista o interesse pela educação foi quase nulo, portanto a quantidade 
de analfabetos era muito grande. Com as reformas pombalinas, a educação 
brasileira passou por momentos tumultuados e medíocres, e só começou a 
tomar outros rumos com a modernidade.
A partir de 1920 o processo produtivo industrial foi alavancado no 
Brasil e as fábricas necessitaram de trabalhadores disciplinados e educados 
para o trabalho, e que tivessem valores morais e éticos condizentes com 
os ideais do capitalismo. No entanto, nossa população era quase toda 
analfabeta. Iniciou‑se, portanto, na década de 1920, um ciclo de reformas 
educacionais com o objetivo de popularizar e democratizar o ensino de 
forma a estendê‑lo às camadas médias e pobres de nossa sociedade.
O Manifesto dos Pioneiros, elaborado em março de 1932, exprimia 
os ideais de mudanças na área educacional dos principais educadores e 
intelectuais do país. As principais ideias contidas no Manifesto eram: a 
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educação deveria ser a mesma para todos e não mais uma educação de 
classes; deveria ser leiga e obrigatória, pública e gratuita.
 Exercícios
Questão 1 (ENADE 2008). O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi publicado em 1932 e 
assinado por 26 educadores brasileiros, entre eles Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Lourenço Filho. 
Nos trechos a seguir, aparecem algumas de suas principais ideias:
“Mas, do direito de cada indivíduo à sua educação integral, decorre logicamente para o Estado que o 
reconhece e o proclama, o dever de considerar a educação, na variedade de seus graus e manifestações, 
como uma função social e eminentemente pública, que ele é chamado a realizar, com a cooperação de 
todas as instituições sociais.
A consciência desses princípios fundamentais da laicidade, gratuidade e obrigatoriedade, consagrados 
na legislação universal, já penetrou profundamente os espíritos, como condições essenciais à organização 
de um regime escolar, lançado, em harmonia com os direitos do indivíduo, sobre as bases da unificação 
do ensino, com todas as suas consequências”.
Com base nesses trechos, conclui‑se que, em seu contexto histórico, o Manifesto era:
A) Libertário, pois pregava o fim do Estado.
B) Autoritário, já que defendia a obrigatoriedade escolar.
C) Elitista, porque pregava a dualidade do sistema de ensino.
D) Inovador, pois compreendia a educação como um direito social.
E) Conservador, na medida em que entendia a educação pública como privilégio.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das alternativas:
A) Alternativa incorreta.
Justificativa:
Não pode ser considerada correta, pois o termo libertário se relaciona às propostas anarquistas 
de educação, pautadas na autogestão e fim do Estado. A proposta do Manifesto dos Pioneiros da 
Educação não defende o fim do Estado, muito pelo contrário, ela está afinada com o conceito 
republicano de educação como um direito do cidadão e baseada nos princípios da laicidade 
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(desvinculação da formação religiosa), da gratuidade (caráter público‑estatal) e da obrigatoriedade 
(necessita de instituições sociais para normatização e gestão a fim de garantir o acesso do cidadão 
aos seus direitos).
B) Alternativa incorreta.
Justificativa:
Não pode ser considerada correta, pois o termo autoritário não se enquadra ao que é defendido no 
Manifesto dos Pioneiros da Educação, já que a obrigatoriedade escolar por eles defendida quer dizer que 
é dever do Estado fornecer educação básica a todo cidadão brasileiro e não uma imposição ou coerção 
do cidadão ou indivíduo pelo Estado.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa:
Não pode ser considerada correta, pois o termo elitista diz respeito a uma posição totalmente 
contrária à do Manifesto dos Pioneiros da Educação, pois estes acreditavam na educação como uma 
função social, pautada em valores e princípios de universalidade e não na divisão do sistema de 
ensino.
D) Alternativa correta.
Justificativa:
Pensando no período em que foi escrito o Manifesto dos Pioneiros da Educação, este texto era 
de fato inovador, pois a educação no Brasil tinha até então um histórico de elitismo, autoritarismo, 
exclusão e nunca havia sido pensada como um direito social.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa:
Não pode ser considerada correta, pois o termo conservador não se enquadra na proposta do 
Manifesto dos Pioneiros da Educação, justamente pelo fato de os educadores que participaram da 
elaboração desse texto ressaltarem o caráter eminentemente público da educação como função social.
Questão 2 (ENEM 2007, adaptada). Um dos embates intelectuais mais fortes da Semana de Arte 
Moderna de 1922 envolveu Monteiro Lobato, que escreveu, como crítico, sobre a exposição da pintora 
Anita Malfatti, em 1917. No artigo intitulado “Paranoia ou Mistificação”, escreveu Lobato:
“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem as coisas e em consequência fazem arte 
pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os 
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processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada dos que veem anormalmente 
a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, 
surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...). Estas considerações são provocadas pela 
exposição da Sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada 
no sentido das extravagâncias de Picasso & cia”.
(O Diário de São Paulo, dez. 1917).
A estética que indignou Lobato fazia parte da reflexão modernista que buscava a criação de uma arte 
tipicamente brasileira, crítica e não puramente ornamental como a da estética tradicional. Os modernistas 
não se contentavam em apenas retratar a realidade, mas se propunham a pensar sobre ela.
Em qual das obras abaixo identifica‑se o estilode Anita Malfatti, criticado por Monteiro Lobato no artigo?
A) 
Acesso a Monte Serrat, em Santos
B) 
Vaso de Flores
C) 
A Santa Ceia
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D) 
Nossa Senhora Auxiliadora e Dom Bosco
E) 
A Boba
Resposta desta questão na Plataforma.
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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
ALTAMIRABISON.JPG. Largura: 3.000 pixels. Altura: 2.436 pixels. 5,21 MB. Formato JPEG. 
Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cc/AltamiraBison.jpg>. Acesso 
em: 15 abr. 2011.
Figura 2
GEMEINFREI.JPG. Largura: 466 pixels. Altura: 317 pixels. 434 Kb. Formato JPEG. Disponível em: <http://
www.commons.wikimedia.org>. Acesso em: 19 abr. 2011.
Figura 3
EGYPTE_LOUVRE_225_HIEROGLYPHES.JPG. Largura: 1.996 pixels. Altura: 1.452 pixels. 1,24 MB. 
Formato JPEG. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/Egypte_louvre_
225_hieroglyphes.jpg>. Acesso em: 15 abr. 2011.
REFERÊNCIAS 
Textuais
ARANHA, M. L. A. História da Educação. São Paulo: Moderna, 2009.
AZEVEDO, F. A transmissão da cultura brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1976.
______ et al. Manifesto dos pioneiros da educação nova: a reconstrução educacional no Brasil 
— ao povo e ao Governo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1932. Disponível em: http://www.
pedagogiaemfoco.pro.br/heb07a.htm. Acessado em 16 abr. 2011.
BERGER, P.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 2008.
BORGES, V. P. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 2003.
BRESCIANI, S. M. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. São Paulo: Brasiliense, 
1996.
DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir — Relatório para a UNESCO da Comissão 
Internacional sobre Educação para o século XXI. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/ue000009.pdf. Acessado em 15 abr. 2011.
DURKHEIM, É. Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
98
GILES, T. R. História da Educação. São Paulo: EPU, 2006.
GONDRA, J. G. A emergência da infância. In: Educação em Revista. Belo Horizonte, v. 26, n. 1, Abril de 
2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/edur/v26n1/10.pdf. Acessado em 15 abr. 2011.
HADDAD, S. Educação e Exclusão no Brasil. Le monde diplomatique Brasil. São Paulo, 04 de 
Maio de 2009. Disponível em: http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=197. Acessado em 
15 abr. 2011.
HOBSBAWN, E. Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
JAEGER, W. Paideia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
LEMME, P. Memórias: vida de família, formação profissional, opção política. vol. 2. Brasília: Inep (MEC). 
São Paulo: Cortez, 1988.
LUZURIAGA, L. História da Educação e da Pedagogia. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001.
MANACORDA, M. A. História da Educação. São Paulo: Cortez, 2004.
MANTOUX, P. A Revolução Industrial no século XVIII. São Paulo: Hucitec, 1988.
NISKIER, A. Educação brasileira: 500 anos de História. Rio de Janeiro: FUNARTE, 2001.
OLIVEIRA, T. Instituição e pensamento: a universidade e a escolástica. In: LUPI, J.; DAL RI Jr., A. (Org). 
Humanismo medieval: caminhos e descaminhos. Ijuí: Unijuí, 2005.
POMBO, O.; SANTOS, M. C. A.; ROSA, S. I. G. O conceito de paideia. Disponível em: http://www.educ.
fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/paideia/index.htm. Acessado em 15 abr. 2011.
Exercícios
Unidade I – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO 
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2010: 1º dia. Disponível em: <http://
download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2010/ROSA_Sabado_GAB.pdf>. Acesso em: 23 
maio 2011.
Unidade II – Questão 1: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – SP – USCS. Prova de 
filosofia 2009. Questão 07. Disponível em: <http://www.filosofia.com.br/vi_prova.php?id=87>. Acesso 
em: 23 maio 2011.
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Unidade III ‑ Questão 1: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – SP – USCS. Prova de 
filosofia 2009. Questão 09. Disponível em: <http://www.filosofia.com.br/vi_prova.php?id=87>. Acesso 
em: 23 maio 2011.
Unidade III ‑ Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO 
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2010: 1º dia. Disponível em: <http://
download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2010/ROSA_Sabado_GAB.pdf>. Acesso em: 23 
maio 2011.
Unidade IV ‑ Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO 
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2008: Pedagogia. Questão 
11. Disponível em: <http://download.uol.com.br/educacao/enade/prova_pedagogia.pdf>. Acesso em: 
23 maio 2011.
Unidade IV ‑ Questão 2 (adaptada de): INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS 
ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2007. Disponível em: <http://
educaterra.terra.com.br/vestibular/enem2007/PROVA_AMARELA.pdf>. Acesso em: 23 maio 2011.
Site
FUNDAÇÃO MUSEU DO HOMEM AMERICANO. Fumdham.org. Disponível em: http://www.fumdham.org.
br/pinturas.asp. Acessado em: 15 abr. 2011.
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104
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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