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Criança submetida a procedimento cirúrgico Lucineia Ferraz Francieli Cecconello Karen Cristina Kades Andrigue Preparo Pré - Operatório A maioria das crianças hospitalizadas não recebe informações em relação aos procedimentos a que serão submetidas; Outras são enganadas, tanto pelos pais como pela equipe hospitalar, quanto ao procedimento e a seu propósito. Preparo da família para o procedimento • Nome do procedimento; • Objetivo; • Tempo estimado cirurgia; • Resultados; • Eventos/sinais adversos; • Prognóstico. Objetivos da assistência de enfermagem à criança cirúrgica Minimizar o estresse pré e pós-operatório e a própria hospitalização; Assegurar uma rápida e efetiva recuperação pós- operatória. Quando não preparada, a criança poderá desenvolver sintomas psico-emocionais associados à cirurgia/hospitalização: Fobias; pesadelos/insônia; enurese noturna e diurna; distúrbios de linguagem; incapacidade de interagir com outras crianças e de brincar; agressividade (com a intenção inconsciente de afastar qualquer outro perigo). O QUE CONSIDERAR PARA REALIZAR O PREPARO? A forma particular em que a criança percebe e interpreta a situação real é a que determina o método mais apropriado de preparo. Assim sendo, torna-se essencial avaliar o nível de desenvolvimento da criança, particularmente seu nível de compreensão (nível cognitivo-adaptativo). Como fazer o preparo? • Utilizar o brinquedo terapêutico; • Visitar o centro cirúrgico e a unidade de internação; • Incluir o preparo dos pais/familiares; • Elogiar e encorajar a criança. Jejum para cirurgia O jejum visa reduzir o risco de aspiração para os pulmões de conteúdo gástrico. Em condições normais o organismo utiliza reflexos que impedem a entrada na traquéia de qualquer material que não o ar. Os anestésicos bloqueiam estes reflexos. O jejum irrita as crianças, especialmente as menores. A presença dos pais no momento da cirurgia Para as crianças é importante que um familiar permaneça junto até ela adormecer, para que a mesma sinta-se segura; Medicação pré-anestésica na presença do familiar; Imediatamente depois da cirurgia a criança é encaminhada para a sala de recuperação pós-anestésica e lá permanece até a alta para o quarto ou para casa (permitir acompanhante). Cuidados de enfermagem pré-operatórios preparo psicológico; orientação aos pais; cuidados de higiene; realizar procedimentos especiais; vestir adequadamente a criança; verificar perdas de dentes; manter a criança em dieta zero; verificar sinais vitais e peso; fazer a criança urinar antes que a medicação pré- anestésica seja administrada; verificar exames laboratoriais e radiografias; manter lactentes aquecidos durante o transporte e tempo de espera; manter grades do leito/berço fixas; não deixar a criança sozinha; explicar para a criança onde estarão seus pais durante a cirurgia; permitir que um acompanhante fique com a criança até a indução anestésica; aceitar as reações comportamentais; colocar equipamento desconhecido fora do alcance da visão da criança; explicar à criança o que está acontecendo; permitir que os objetos significativos acompanhem a criança; Explicar para a família as reações adversas da medicação pré-anestésica; Estar disponível para a família. Cuidados de enfermagem pós- operatórios Sala de recuperação pós-anestésica • Evitar movimentos bruscos com a criança; • Posicioná-la em decúbito horizontal com a cabeça lateralizada; • Aspirar secreções orais e orotraqueais e realizar higiene oral; • Controlar SV e saturação de O2; • Observar características da pele; • Observar estado de consciência, ansiedade e agitação; • Observar sinais de sangramento; • Fixar sondas e drenos; • Controlar drenagens e fluidoterapia; • Observar as condições externas do curativo; • Fazer troca de decúbito (h/h); • Manter mucosa oral hidratada; • Permitir a presença da mãe ou acompanhante quando possível; • Incentivar as eliminações vesicais; • Orientar o acompanhante. Unidade de internação Colocar a criança em posição de conforto e segurança; Empregar cuidados minuciosos na incisão: - lavagem adequada das mãos; - manter lesão limpa / trocar curativos; - observar drenagem de líquidos; - aplicar soluções adequadas. Orientar deambulação quando liberado; Verificar a presença de dor e medicar CPM; Encorajar a micção e registrar; Permanecer com a criança o maior tempo possível; Encorajar a presença dos pais; Manter dieta zero e incentivar quando liberada; Evitar palpar a área cirúrgica; Administrar cuidados orais para conforto; Realizar cuidados específicos para sondas e drenos; Verificar SV e saturação de O2; Monitorar fluidoterapia; Oferecer líquidos quando liberado; Aspirar secreções SN; Manter a família informada da evolução da criança; Manter cuba e compressas ao lado do leito; Estimular recreação com brinquedos no leito; Observar características do curativo (30g sangue na criança equivale a 500ml no adulto); Observar e registrar as eliminações; Observar sinais de complicações pós-operatórias; Preparar para a alta hospitalar; Quando as trocas de curativos são necessárias em casa, ensinar os pais; Instruir os pais em relação à administração de medicamentos e cuidados específicos para cada cirurgia. PRINCIPAIS CIRURGIAS PEDIÁTRICAS Herniorrafia Inguinal e Umbilical Postectomia Orquidopexia Apendicectomia Amigdalectomia e Adenoidectomia Timpanoplastia Ânus Imperfurado Cirurgias ortopédicas 1- Herniorrafia Inguinal e Umbilical Hérnia: deslocamento de uma víscera de sua cavidade natural, permanecendo coberto por tegumentos. A víscera pode penetrar em outra cavidade corpórea (hérnia interna) e localizar-se sob a pele (hérnia externa). Hérnia Umbilical Forma mais leve de anomalia da parede abdominal anterior; Surge algumas semanas após a queda do coto umbilical; Hérnia umbilical Incidência: Baixo peso ao nascimento • 80% - < 1200 g • 20% - > 2500 g Fechamento espontâneo: • 80% - 3 meses a 4 anos Hérnia umbilical Diagnóstico: • Raramente sintomática; • Protrusão umbilical; • Aumento do local aos esforços; • Anel herniário bem definido. Hérnia umbilical Tratamento: • Resolução espontânea; • Tranquilizar os pais; • Não colocar moedas, bandagens ou faixas; • Pode evoluir para tratamento cirúrgico. Cuidados de enfermagem no pós-operatório de herniorrafia Observar sangramento da incisão; Orientar a proteção do local da incisão em caso de tosse e espirro; Observar e registrar eliminações; Orientar repouso relativo; Curativo compressivo; Emolientes fecais para prevenir esforço durante a evacuação; Pode ocorrer dor e tumefação por 24 a 48 horas; Orientar atividades limitadas por 07 a 10 dias; Fraldas devem ficar abertas para impedir contaminação da ferida cirúrgica. 2- Postectomia Fimose: É o recobrimento da glande pelo prepúcio sem que seja possível sua retração; Na criança pode provocar enurese. Cuidados de enfermagem no pós-operatório de postectomia Observar sinais de sangramento e edema; Contensão SN, para a criança não tocar no prepúcio; Evitar o uso de fraldas ou calças que podem aumentar a dor e irritação da glande; Estimular a diurese; Orientar os pais para a aplicação de pomada anti- inflamatória 2x ao dia após higienização com água e sabonete neutro ou CPM; Evitar a retração do prepúcio nos primeiros dias pós- operatórios ouCPM. 3- Orquidopexia Criptorquidia: É a condição em que os testículos estão fora da bolsa escrotal. Geralmente os testículos ficam retidos no interior do abdomem ou do canal inguinal deixando de descer; Pode ser uni ou bilateral e o tratamento é cirúrgico. Cuidados de enfermagem no pós-operatório de orquidopexia o Orientar: repouso relativo no leito; higiene e troca de curativos; evitar brincadeiras bruscas. 4- Apendicectomia É a mais comum cirurgia abdominal da infância; É rara em crianças menores de 02 anos; O tratamento é cirúrgico. Cuidados de enfermagem no pós-operatório de AP • Efetuar cuidados com a ferida e trocas de curativo CPM; • Monitorar sinais vitais e presença de sangramento; • Manter dieta zero; após dieta líquida, passando para pastosa; • Avaliar abdome à procura de distensão, hipersensibilidade e presença de sons intestinais; • Monitorar a eliminação de flatos e fezes; • Posição de fowler; • Estimular deambulação precoce; • Orientações para a alta. 5- Amigdalectomia- Adenoidectomia Cuidados de enfermagem no pós-operatório • Explicar aos pais sobre a presença de vômitos com sangue, sede e dieta no pós-operatório; • Orientar para a criança cuspir as secreções; • Controlar SV, dor e sangramento; • Orientar para não tossir, assoar o nariz e falar excessivamente; • Verificar a garganta em busca de sangramento; • Oferecer líquidos gelados; • Aplicar colar de gelo ao redor do pescoço; • A dieta deve ser líquida e semi-líquida por vários dias: sorvete, sucos de frutas, pudins, gelatina, sopas frias, iogurtes, batidas de frutas, etc... • Orientações para a alta: dieta branda; evitar bebidas e comidas quentes; procurar o médico se ocorrer sangramento; manter a cavidade oral sempre limpa (gargarejos, escovação de dentes); orientar a frequência de otalgia. 6- Timpanoplastia Cuidados de enfermagem no pós-operatório • Não se mexe no tampão, somente na bandagem externa, que deve ser trocada cada vez que estiver suja; • O tampão é removido após 07 dias e sucção de crostas residuais após 12 dias; • Auxiliar a criança ao levantar pela primeira vez; • Orientar para não tossir e assoar o nariz, para evitar deslocamento do enxerto; • Orientar para evitar molhar o ouvido durante o banho; • Decúbito contrário ao lado operado. 8- Ânus Imperfurado (malformações anorretais) Cuidados de enfermagem no pré-operatório: • Manter sonda nasogástrica introduzida; • Medir a circunferência abdominal; .Posicionar o bebê para ter fácil acesso ao períneo para limpeza do local (ventral); • Manter hidratação IV; • Observar hiperemia, drenagem e processo de cicatrização; • Manter SNG aberta para drenagem, até ser iniciado a ingestão oral; • Realizar cuidados perineais; • Realizar cuidados com SNG; • Verificar eliminações; • Verificar distensão abdominal; • Verificar sinais de sangramento. 9- Cirurgias ortopédicas Pé-torto congênito Fraturas Cuidados pós-operatórios rotina Órteses Melhora o posicionamento e a função motora. Cirurgias Pediátricas Malformações Gastrosquise Definição: defeito da parede abdominal, com exposição de alças intestinais. - Não há saco peritoneal. Fatores Correlacionados • Maior ocorrência em mães jovens; • Exposição a fármacos e tabagismo durante a gravidez; • Mais comum em prematuros ou PIG; • Sexo masculino; • Perfuração intestinal – 5 a 6% • Cavidade abdominal pequena; • 20-25% - mães adolescentes • 40% - prematuro ou PIG • 1: 20.000 NV 40% de mortalidade Tratamento Passagem de SOG; Prevenção da deglutição de ar e aspiração do conteúdo gastro-intestinal; Antibióticos (Ampicilina + gentamicina;) Cirurgia. Pós-operatório • Ventilação mecânica (24-48 horas) • NPT; • Início da alimentação de 2 a 3 semanas. • Orientar cuidados pós alta hospitalar. Defeitos de fechamento do tubo neural (mielomeningocele) Mal formação complexa do tubo neural Falha na fusão dos elementos posteriores da coluna vertebral 3-5 semanas vida intra-uterina > Conceito É a protrusão herniada da medula espinhal e suas meninges através de um defeito no canal vertebral, resultando em distúrbios neurológicos variáveis, dependendo da localização e gravidade da lesão. Alterações Associadas Neurológicas: Hidrocefalia: 80% - 90% Urológicas e renais: . Disfunção neurogênica de bexiga . ITUs . Malformação renal Exame físico Hidrocefalia Força muscular dimuída Reflexos alterados Deformidades Prognóstico: Clínico: complicações no aspecto sociocultural; Reabilitação: depende do grau de dependência Tratamento Equipe multidisciplinar: > Avaliação e tratamento Neurológico; > Avaliação e tratamento Urológico; > Avaliação e tratamento Ortopédico; > Reabilitação. Referências ALMEIDA, F.A; SABATÉS. A. L. Enfermagem pediátrica: a criança, o adolescente e sua família no hospital. Barueri: Manole, 2008. ANDREW, Brandy. Enfermagem pediátrica: distúrbios, intervenções, procedimentos, exames complementares, recursos clínicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. COLLET, N; OLIVEIRA, B. R; VIERA, C.S.; Manual de enfermagem em pediatria. 2ª. ed. Goiânia: AB, 2010. FONSECA, Ariadne da Silva (org.). Enfermagem pediátrica. São Paulo: Martinari, 2013. SABATÉS, Ana Llonch; ALMEIDA, Fabiane de Amorim. Enfermagem pediátrica: a criança, o adolescente e sua família no hospital. Barueri, SP: Manole, 2007. STOPFKUCHEN, Herwig. Emergências pediátricas. São Paulo: Rideel, 2010. WILSON, David; HOCKENBERRY, Marilyn J. Wong, manual clínico de enfermagem pediátrica. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012. 346 p. WONG, Donna L.; HOCKENBERRY, Marilyn J; WILSON, David (Ed). Wong fundamentos de enfermagem pediátrica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
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