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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – UEPG IURY TEHIEDEMANNZUSE JONATHAN PENTEADO MARIA EUGÊNIA MEYER LEVY INTERFERÔMETRO DE MICHELSON PONTA GROSSA – PR 02/02/2017 IURY TEHIEDEMANNZUSE JONATHAN PENTEADO MARIA EUGÊNIA MEYER LEVY INTERFERÔMETRO DE MICHELSON Relatório referente ao experimento Interferômetro de Michelson, realizado como requisito para obtenção de nota parcial na disciplina de Laboratório de Física Moderna, do curso de Licenciatura em Física, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, ministrada pelo Prof. Dr. Luiz Américo Alves Pereira. PONTA GROSSA – PR 02/02/2017 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4 2. DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................... 5 2.1 Interferência ................................................................................................................. 5 2.2 Interferômetro de Fabry-Perot .................................................................................. 6 2.3 Interferômetro de Michelson-Morley ........................................................................ 7 3. PRÁTICAS .......................................................................................................................... 9 4. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 13 5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 13 1. INTRODUÇÃO Todos os tipos de ondas conhecidas pelos cientistas até meados do século XIX necessitavam de um meio material para propagar-se, a exemplo das ondas sonoras que se propagam no ar, das ondas do mar que se propagam na água, das vibrações de uma corda de violão que se propagam na própria corda, entre outros casos, que naturalmente levou a ser postulada a existência do éter para permitir a propagação de ondas eletromagnéticas como a luz. No entanto, a existência do éter como meio para propagarem-se as ondas eletromagnéticas não passava de uma hipótese, pois nunca havia sido detectada sua presença, de modo que começaram a realização de uma série de experiências com este fim, cujo precursor foi o experimento de Michelson-Morley. Este experimento, têm o seu princípio de funcionamento baseado na interferência entre ondas, que neste caso, são ondas eletromagnéticas provenientes de uma fonte luminosa, que após sofrer sucessivas reflexões em espelhos distribuídos sobre uma plataforma, cria uma figura de interferência com vários pontos de mínimo e máximo que podiam ser observados com auxílio de um microscópio. Esta experiência e outras semelhantes que lhe sucederam não foram capazes de detectar o éter, de modo que não se chegou à conclusão de sua inexistência. Outro instrumento semelhante ao interferômetro de Michelso-Morley, porém mais simplificado, e amplamente utilizado em espectroscopia é o interferômetro de Fabry-Perot, que é constituído basicamente por um único eixo onde dispõem-se dois semi-espelhos e um emissor de ondas de qualquer natureza, além de um detector destas, de modo que no processo envolvido é formado um padrão de interferência em função das sucessivas reflexões na região interna aos espelhos. Os interferômetros de Michelson-Morley e de Fabry-Perot, como mencionado, tinham inicialmente as respectivas finalidades de detecção do éter e medições espectroscópicas, mas podem ser utilizados para outros fins, como faremos aqui, de maneira que na prática experimental ora realizada nos ocuparemos em utilizar tais instrumentos para medições do comprimento de onda das micro-ondas, onde substituímos o que no experimento de Michelson- Morley emite luz por uma fonte emissora de micro-ondas. 2. DESENVOLVIMENTO Apresentamos aqui sucintamente os princípios físicos utilizados para que pudesse ser realizado este experimento, resumindo-se basicamente nas regras geométricas que temos para as ocorrências de interferência entre ondas para que tenhamos pontos de máximos e mínimos, ou respectivamente interferências construtivas e destrutivas. Também apresentamos o princípio de funcionamento dos interferômetros de Michelson-Morley e Fabry-Perot, que aqui utilizaremos. 2.1 Interferência O fenômeno da interferência é observado em entes que possuem propriedades ondulatórias, sendo caracterizado pela superposição entre ondas com efeito de produção de uma onda resultante. Percebe-se quando duas ondas interferem entre si há ocorrência de três situações: a possibilidade de que a soma das ondas produza uma onda que possua amplitude igual a soma das amplitudes das ondas individuais, ao que dá-se o nome de interferência construtiva; a produção de uma onda que possua amplitude nula, ao que chama-se interferência destrutiva, e casos intermediários em que a amplitude da onda resultante está entre zero e a amplitude da soma das duas ondas. Para o caso mais simples de duas ondas, verifica-se que a interferência construtiva ocorre quando temos ambas em fase, ou seja, quando há coincidência entre os picos e os vales das ondas, de modo que a sua soma será uma onda com amplitude máxima. A interferência destrutiva por sua vez ocorre quando as ondas estão fora de fase, ou seja, os picos coincidem exatamente com os vales da outra, de maneira que sua soma terá por efeito anular as ondas. Os casos intermediários em que as ondas se encontram defasadas em um ângulo qualquer diferente de 2π para o qual ocorre interferência construtiva ou π para o qual ocorre interferência destrutiva, forma uma onda resultante de amplitude intermediária. Resumidamente temos, portanto, que para qualquer diferença de fase entre duas ondas que seja igual a um número inteiro de comprimentos de onda temos interferência construtiva, e, para qualquer diferença de fase que seja igual a um número inteiro de meios comprimentos de onda, excetuando-se os que se incluem nas interferências construtivas temos interferência destrutiva, e, para diferenças de fase intermediárias ocorrem interferência intermediárias. A partir do que foi dito e tendo em vista o comportamento ondulatório pode-se estabelecer as seguintes relações matemáticas, respectivamente para as interferências construtivas e destrutivas: Interferência construtiva: Ф=m.λ (m=1,2,3…) Interferência destrutiva: Ф=(m+1/2).λ (m=1,2,3...) Aqui, Ф denota os valores em que teremos a ocorrência do tipo de interferência correspondente, que obedecem as relações matemáticas apresentadas. Um experimento clássico que mostra a ocorrência das interferências construtivas e destrutivas é o experimento da fenda dupla de Young, onde verifica-se utilizando luz visível, a formação de uma figura de interferência, que mostra em um anteparo a presença de uma série de franjas claras e escuras que correspondem aos pontos em que as ondas somaram-se respectivamente construtivamente e destrutivamente. O experimento da fenda dupla caracteriza-se basicamente por provocar a separação de uma onda luminosas em duas ondaspor meio da passagem da onda inicial por duas fendas, de modo, que o efeito disso é produzir uma onda defasada em relação a outra por uma diferença de percurso como mostrado na figura abaixo. 2.2 Interferômetro de Fabry-Perot O interferômetro de Fabry-Perot é um instrumento ótico simples idealizado por Charles Fabry e Alfred Perot em 1899, tendo como propósito original, sua utilização em medições espectroscópicas, mas sendo atualmente amplamente utilizado como componente de diversos instrumentos de metrologia de precisão permitindo que distâncias sejam medidas com erros relativamente pequenos se comparados aos erros fornecidos por muitos outros aparelhos que não valem-se da técnica empregada no interferômetro. Constitui-se basicamente de dois espelhos planos semi transparentes ou semi espelhos, os quais encontram-se dispostos ao longo de um eixo comum de modo que as superfícies dos espelhos sejam paralelas entre si. Um dos espelhos é mantido fixo enquanto o outro é colocado sob um suporte que lhe dá mobilidade. O espelho móvel pode ser afastado ou aproximado do espelho fixo a distância desejada. A frente dos espelhos normalmente conta-se com uma lente que faz com que as ondas emergentes dos espelhos sejam focalizadas em determinado ponto. No processo envolvido, quando os raios luminosos são emitidos muitos deles atravessam os espelhos diretamente atingindo a lente, enquanto que outros sofrem uma ou mais reflexões entre os espelhos de modo que os raios que chegam a lente e são colocados em foco o fazem com diferenças de fase entre si, o que produz a formação de uma figura de interferência observada com auxílio de um microscópio. Com uso do interferômetro de Fabry-Perot podem ser realizadas medições dos comprimentos de onda da luz emitida por diferentes elementos, o que se constitui numa questão fundamental em espectroscopia. 2.3 Interferômetro de Michelson-Morley O interferômetro de Michelson-Morley foi desenvolvido com propósito de detectar o éter. Inicialmente foi Michelson quem percebeu que qualquer medição da velocidade da luz considerando-se o efeito da Terra sobre esta seria dificilmente percebido, pois as duas velocidades são claramente muito distintas, no entanto, ao realizar-se uma medição indireta usando a interferência de ondas luminosas, poderia ser verificada a razão entre os quadrados das duas velocidades. Figura 01 – Interferômetro de Fabry-Perot Fonte: Material fornecido pelo Professor Michelson e Morley juntos executaram o experimento que recebeu seus nomes em Cleveland, Ohio, Estados Unidos, em 1887, repetindo um experimento inacabado que Michelson havia iniciado sozinho quando encontrava-se em Potsdam, Alemanha. A distância percorrida pela luz era de aproximadamente 11m, devido as sucessivas reflexões que ocorriam nos espelhos espalhados sobre uma superfície sólida que flutuava em um banho de mercúrio, que tinha por finalidade atenuar as vibrações permitindo que o aparelho fosse girado sem introduzir deformações mecânicas que pudessem provocar variações da distância percorrida pela luz e consequentemente da posição das franjas de interferência. No experimento a formação da figura de interferência, se deve aos dois raios luminosos provenientes de dois feixes de luz refletidos em distintos espelhos que interferem entre si. Quando girava o aparelho em um ângulo de 90° esperava-se que a figura de interferência formada sofresse uma variação de cerca de 40% da largura de uma franja considerando-se a velocidade da Terra em relação ao éter como sua velocidade orbital. No entanto, este e outros experimentos com maior precisão que se realizaram futuramente, mostraram que provavelmente o éter não existiria, sendo que a velocidade relativa entre a velocidade orbital da Terra está atualmente reduzida a no máximo 15 m/s, forte indício de sua inexistência. O experimento de Michelson-Morley foi amplamente utilizado no decorrer da história e ainda o é, sendo que hoje versões do aparelho com braços de 4 km de extensão vem sendo empregados na detecção de ondas gravitacionais. Figura 02 – Interferômetro de Michelson-Morley Fonte: Material fornecido pelo Professor 3. PRÁTICAS Interferômetro de Fabry-Perot Neste experimento, que lança mão de um aparelho semelhante ao interferômetro de Fabry-Perot, buscamos realizar uma medida do comprimento de onda das micro-ondas baseando-se numa análise dos padrões de interferência que resultam da reflexão ocorrida na região entre os espelhos, a partir do que podemos inferir que as equações para os padrões de interferência construtiva e destrutiva sejam modificados pela adição de um fator 2 multiplicando o lado direito da equação, já que a parte da onda que é refletida na região entre os espelhos sofre um acréscimo de percurso que equivale ao dobro dessa distância e passa a interferir com a onda que adentra na região entre os espelhos destrutivamente ou construtivamente dependendo da distância entre os espelhos. Deste modo as equações modificadas que dão os pontos de máximos e mínimos para este caso são: Ф = 𝑚. 𝜆 (𝑚 = 1,2,3 … ) − 2 Ф = 𝑚. 𝜆 (𝑚 = 1,2,3 … ) Ф = (𝑚 + 1 2 ). 𝜆 (𝑚 = 1,2,3 … ) − 2 Ф = (𝑚 + 1 2 ). 𝜆 (𝑚 = 1,2,3. . . ) Neste experimento faremos uso somente da segunda destas equações, conforme esclareceremos a seguir, de modo a obter o comprimento de onda desejado das micro-ondas com auxílio do interferômetro de Fabry-Perot. Procedimento Experimental a) Materiais utilizados Fonte emissora de micro-ondas; Receptor de micro-ondas com amperímetro; Suporte graduado para medição de comprimento; Dois espelhos semi refletores. b) Procedimento Realizou-se a montagem do aparato experimental (vide Figura 01), de modo que as distâncias relativas entre as fontes, bem como entre os espelhos foi feita de maneira arbitrária, pois não interferiria no experimento, sendo que um dos espelhos foi mantido fixo e ao outro deu-se mobilidade; A determinação da posição inicial do espelho móvel foi definida numa posição tal que a amplitude da onda registrada pelo detector das ondas fosse máxima; Em seguida realizaram uma aproximação minuciosa do espelho móvel até o espelho fixo, de modo que pudesse ser registrado por meio da observação das oscilações no amperímetro um total de 10 máximos de amplitude de onda; Determinou-se a posição final do espelho móvel; Calculou-se a diferença entre a posição inicial e final de modo a obter Ф, e por meio da equação para interferência construtiva, em termos de λ (2 Ф 𝑚 = 𝜆) com m=10, obteve-se o comprimento de onda da micro-onda. Resultados O experimento descrito foi repetido duas vezes, sendo que os dados obtidos nas respectivas realizações do mesmo foram os seguintes, conjuntamente com o erro percentual considerando como comprimento típico das micro-ondas 2,85 cm: Medida 1) Ф = Ф𝑓 − Ф𝑖 40,4 𝑐𝑚 − 26,1 𝑐𝑚 = 14,3 𝑐𝑚 2. Ф = 28,6 𝑐𝑚 𝜆 = 2 Ф 𝑚 = 28,6 𝑐𝑚 10 = 2,86 𝑐𝑚 𝐸% = [ (2,85 – 2,86) 2,85 ] . 100 = 0,35% Medida 2) Ф = Ф𝑓 − Ф𝑖 34,7 𝑐𝑚 – 20,1 𝑐𝑚 = 14,6 𝑐𝑚 2. Ф = 29,2 𝑐𝑚 𝜆 = 2 Ф 𝑚 = 29,2 𝑐𝑚 10 = 2,92 𝑐𝑚 𝐸% = [ (2,85 – 2,92) 2,85 ] . 100 = 2,45% Interferômetro de Michelson No experimento utilizando o interferômetro de Michelson o princípio para determinação do comprimentode onda é equivalente ao utilizado na experiência anterior, sendo que do mesmo modo que fizemos quando usando o interferômetro de Fabry-Perot uma pequena modificação nas equações para obtenção dos pontos de máximo e mínimo, faremos aqui pelo mesmo motivo, de modo que as sucessivas reflexões que originam as interferências na onda encontram-se explicitados na figura 2. Procedimento Experimental a) Materiais utilizados Fonte emissora de micro-ondas; Receptor de micro-ondas com amperímetro; Suporte graduado para medição de comprimento com ângulo ajustável; Dois espelhos semi refletores. b) Procedimento O procedimento experimental é idêntico ao anterior, exceto obviamente, pelo fato do parelho utilizado que difere do interferômetro de Fabri-Perot; Realizou-se a montagem do aparato experimental conforme a figura 1, de modo que as distâncias relativas entre as fontes, bem como entre os espelhos foi feita de maneira arbitrária, pois não interferiria no experimento, sendo que um dos espelhos foi mantido fixo e ao outro dêu-se mobilidade; Realizou-se a determinação da posição inicial do espelho móvel numa posição tal que a amplitude da onda registrada pelo detector das ondas fosse máxima; Em seguida realizou-se a gradual aproximação do espelho móvel ao espelho fixo de modo que pudesse ser registrado por meio da observação das oscilações no amperímetro um total de 10 máximos de amplitude de onda; Determinou-se a posição final do espelho móvel; Calculou-se a diferença entre a posição inicial e final de modo a obter Ф, e por meio da equação para interferência construtiva, em termos de λ (2 Ф 𝑚 = 𝜆) com m=10, obteve-se o comprimento de onda da micro-onda. Resultados O experimento descrito da mesma forma que o anterior foi repetido duas vezes, sendo que os dados obtidos nas respectivas realizações do mesmo foram os seguintes, conjuntamente com o erro percentual considerando como comprimento típico das micro-ondas 2,85 cm: Medida 1) Ф = Ф𝑓 − Ф𝑖 137 𝑐𝑚 – 122,7 𝑐𝑚 = 14,3 𝑐𝑚 2. Ф = 28,6 𝑐𝑚 𝜆 = 2 Ф 𝑚 = 28,6 𝑐𝑚 10 = 2,86 𝑐𝑚 𝐸% = [ (2,85 – 2,86) 2,85 ] . 100 = 0,35% Medida 2) Ф = Ф𝑓 − Ф𝑖 136,8 𝑐𝑚 – 122,5 𝑐𝑚 = 14,3 𝑐𝑚 2. Ф = 28,6 𝑐𝑚 𝜆 = 2 Ф 𝑚 = 28,6 𝑐𝑚 10 = 2,86 𝑐𝑚 𝐸% = [ (2,85 – 2,86) 2,85 ] . 100 = 0,35% Discussões É preciso levar em conta que vários fatores obviamente influenciaram nas medições, entre os quais podemos citar a reflexão das micro-ondas em objetos próximos ao interferômetro, onde a nossa própria presença afetava o valor da intensidade medida no amperímetro do detector, além do que a tomada dos valores iniciais e finais para as intensidades máximas respectivamente no primeiro e décimo máximo também influía nos resultados, bem como a leitura das posições do espelho nestes momentos. 4. CONCLUSÃO Os dois experimentos que aqui foram descritos constituem uma forma fácil para determinação dos comprimentos de ondas eletromagnéticas, no nosso caso as micro-ondas, e pode-se observar que o erro percentual em ambas não superou os 2,45%, sendo que na segunda prática ficou no patamar dos 0,35%, a partir do que podemos dizer que os métodos empregados na experiência foram razoáveis e os aparelhos possuem boa precisão, o que valida o uso destes, em especial o interferômetro de Fabry-Perot em medições espectroscópicas que exigem alto grau de precisão. 5. REFERÊNCIAS TIPLER, P. A.; LLEWELLY, R. A.; Física Moderna, 3° edição, editora LTC, 2006.
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