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PERGUNTAS E RESPOSTAS DE DIREITO INTERNACIONAL

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Questão 1
O Direito Internacional, muito embora tenha sido apresentado como um sistema completo somente em 1625, com a obras De iure belo ac pacis, do holandês Hugo Grocius, está presente nas relações internacionais desde tempos imemoriais. Pode-se dizer, inclusive, ser possível relacionar os diversos períodos históricos sob o ponto desse Direito. Assim, identifique no Tratado de Kadesh alguns princípios previstos no artigo 4º da CF/88 e estabeleça relações entre seus dispositivos.
O Direito Internacional está presente há muito tempo, com registros de documentos de civilizações milenares fazendo diversos acordos administrativos e políticos para melhor relação entre as partes. Como é de se notar, o artigo 4° da Constituição Federal de 1988 da Republica Federativa do Brasil, em seus incisos dispõe sobre uma série de regras, princípios e objetivos que são de cunho internacional.
 Tendo como exemplos os incisos VI, VII e IX que tratam respectivamente de defesa da paz, solução pacifica dos conflitos e cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, podemos fazer um breve comparativo com o que é um dos mais antigos tratados já feitos de que se tem registro, o Tratado de Kadesh.
O contexto em que o tratado foi assinado era em um período pós-guerra, pelo domínio do território do Mediterrâneo Oriental, entre os signatários, sendo eles Egito e Hitita. Existem diferentes teorias estudadas para definir o propósito do tratado, porém, a mais aceitável era a de que ambos tinham interesse comum na paz. Visto que o Egito sofria da ameaça crescente dos "Povos do Mar" (suposta confederação de povos marinheiros), ao passo que os hititas estavam preocupados com o aumento do poder da Assíria, a leste. A paz era um objetivo conveniente para ambos os signatários.
Como consequência desse tratado, tanto os egípcios quanto os hititas puderam focar os recursos que seriam gastos em despesas militares com outros projetos, os quais trariam melhorias para ambos os povos que habitassem os respectivos territórios. 
Dessa forma, vemos que a persecução da paz e a solução de conflitos de forma a não incitar a beligerância são objetivos antigos, que revela certa tendência da sociedade humana em dirimir disputas através de pactos benéficos para todos os envolvidos, que se faz presente até hoje, como podemos enxergar pela leitura da CF/88.
Bibliografia da Questão 1:
DIREITO AEROESPACIAL E DIREITO DO MAR. SBDA. Disponível em: <http://www.sbda.org.br/revista/Anterior/1643.htm>. Acesso em: 27 de setembro 2017.
TRATADO DE KADESH. WIKIPEDIA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Kadesh>. Acesso em: 27 de setembro 2017.
Questão 2
Por séculos o conceito de soberania tem sido o de um poder quase absoluto de um Estado agir interna e externamente sem dar satisfações a quem quer que seja. Por essa concepção os Estados agem de acordo com seus interesses próprios e não se submetem a nenhuma outra autoridade que não a sua. Diante de uma sociedade globalizada por que a ideia de soberania vem sofrendo alterações sendo que alguns autores afirmam que a mesma está perdendo sua força e poder?
A globalização corresponde a um fenômeno de potencialização do capitalismo pelo desenvolvimento intenso da informática e dos meios de comunicação integrados, que gera o questionamento da soberania e suscita a sua redefinição. É que na sociedade contemporânea, os Estados vêm enfrentando enorme dificuldade em controlar as repercussões, na ordem interna, de fatores econômicos externos. Em outras palavras, falar em soberania implica falar, atualmente, na capacidade de resistência de uma Nação à subjugação no campo econômico pelos outros Estados, isto porque “o poder de autodeterminação das comunidades políticas passou a ser cercado pelo poder dos agentes econômicos transnacionais”, restando abalado, por isso, o ideal de soberania absoluta e formal.[1: Lewandowiski, R. Globalização, Regionalização e Soberania. 2002. p. 311. São Paulo.]
O processo de relativização da soberania aufere forças também da percepção de que, na conjuntura internacional, alguns Estados têm, no plano fático e não meramente jurídico, maior influência do que outros, e tal assimetria na distribuição do poder faz com que a soberania seja exercida com mais força por uns do que por outros, o que do ponto de vista da definição tradicional seria absurdo, pois a soberania seria conceituada como o poder irrestrito do Estado de agir e dizer o direito em seu território. A citada assimetria conjuga-se à ausência de instituições supranacionais que se sobrepõe ao poder dos Estados no sentido de criar o que foi chamado por Krasner de “hipocrisia organizada”, visto que na realidade métodos coercitivos são meios empregados pelos mais fortes contra os mais fracos, e os países sem grande relevância na comunidade internacional conservam apenas sua soberania formal.[2: Krasner, Stefen D. Sovereignty: organized hipocrisy. Princeton: Princeton University Press. 1999. pp. 9 e 238.]
É de vital importância, aliás, a distinção entre soberania negativa (formal) e soberania positiva (material). A soberania formal pauta-se no princípio da não-intervenção e na autodeterminação dos povos, sendo conceito meramente jurídico e consubstanciando-se na realidade através do respeito formal dos Estados perante a autonomia alheia, sem ingerir nos assuntos internos. Por sua vez, a soberania material consiste na capacidade estatal de prover aos seus súditos os meios mínimos de subsistência, direitos fundamentais e imprescindíveis para a manutenção da dignidade humana.[3: Jackson, Robert H. Quasi-states: sovereignty, internacional relations and the third world. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. pp. 21-23]
Sendo a soberania formal estática, pois baseia-se na aferição prática de um conceito já consagrado de não-intervenção, pode-se indagar, juridicamente, se um Estado detém ou não soberania, e a resposta advinda desse questionamento será um sim ou não relativamente claro. Entretanto, do ponto de vista político, que usa a soberania material, dinâmica por natureza, a resposta tende a não apresentar tal clareza, visto que se sujeita a variáveis baseadas na conjuntura política, econômica e social, tanto do Estado que tem sua soberania questionada, quanto da comunidade internacional, tornando a soberania uma questão muito mais complexa e relativizada.[4: Rosenau, James N. Sovereignty in a turbulent world. In: Lyons, Gene M.; Mastanduno, M. (Orgs.). Beyond wesphalia: state sovereignty and internacional intervention. Baltimore: John Hopkins University Press, 1995. pp. 195-196.]
A fusão da constatação da existência de Estados tão somente dotados de soberania formal com a evidente incapacidade dos países de controlar as consequências econômicas de decisões tomadas por outras Nações gerou a relativização da soberania e seu atrelamento à ideia de funcionalidade. Em outras palavras: o Estado é totalmente soberano apenas na medida em que supera as consequências econômicas da ordem capitalista integrada, suplanta a ressonância política de atos praticados por outros Estados e detém a capacidade de conceder aos seus cidadãos uma qualidade de vida aceitável. É exatamente pela dificuldade de conjugação desses múltiplos fatores, necessários para a afirmação da soberania total de um país, que muitos autores advogam no sentido da relativização e redefinição do conceito de soberania, que deixa de ser poder absoluto e irrestrito para tornar-se a manifestação da capacidade de um agente político de conviver na ordem internacional de forma coesa e sem sofrer sobrepujamento.
Questão 3
O jus cogens em direito internacional pode ser considerado como contrário à livre expressão da soberania de um Estado? Quando? Explique.
Para se analisar a questão acima, é necessário primeiramente explicar o significado de jus cogens que é definido como o conjunto de normas imperativas de direito internacional público, e que segundo Hubert Thierry são um conjunto mínimo, um núcleo de normas essenciaisque devem ser seguidas em todas as tratativas entre Estados. A sua primeira previsão foi na Convenção de Viena sobre o direito dos tratados, que em seu artigo 53 diz que é nulo qualquer tratado que vá de encontro às estipulações do jus cogens, e é reconhecido pela comunidade internacional dos Estados como um todo e não pode sofrer derrogação, com exceção do caso de outra normas de jus cogens serem editadas, alterando o teor de outra norma de igual patamar. Por sua vez, o artigo 64 da Convenção traz disposição relativa à hipótese de superveniência de norma cogente, que tem o condão de afastar a aplicação de estipulações que vão contra seu teor, declarando-as nulas.[5: L’évolution du droit international – Coursgénéral de droit international public, R.C.A.D.I., tomo 222, 1990-III, p. 59.][6: A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados foi adotada em 23 de maio de 1969. No Brasil, foi aprovada, pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo nº 496, de 17 de julho de 2009, sendo depositado o instrumento de ratificação, junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas, em 25 de setembro de 2009, e promulgada, na ordem interna, pelo Decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009. A Convenção entrou em vigor, no plano internacional, em 27 de janeiro de 1980.][7: Art.53. “É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.”][8: Art. 64.”Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e extingue-se.”]
O jus cogens então é um limite para os tratados, que protege diretamente questões como o direito à autodeterminação de cada povo, a proibição de uso agressivo da força, o direito de legítima defesa, a proibição de genocídio, a proibição de tortura, os crimes contra a humanidade, a proibição de escravidão, a proibição de pirataria, a proibição de discriminação racial e a proibição de hostilidades direcionadas à população civil. A proteção aos direitos humanos é encontrada nas Convenções de Genebra de 12 de agosto de 1949, que estabelecem a inviolabilidade de direitos humanos fundamentais no caso de conflito armado e a correlata obrigação jurídica dos Estados em respeitá-los. Tem um caráter excepcional no estado atual do desenvolvimento da sociedade internacional, porque impõe uma limitação à autonomia da vontade dos Estados, isto é, à sua liberdade contratual, considerada tradicionalmente como absoluta.[9: Cf. United Nations International Law Commission (ILC), Official Records of the General Assembly. 5ª e 6ª sessões, 2003. UN Doc A/56/10, pp. 283-284.]
No âmbito do Direito Internacional, a questão da soberania fez-se muito presente em algumas teorias concebidas para explicar o fundamento desse direito tendo como base a vontade dos Estados (escolas voluntaristas), dentre elas destacando-se, para o nosso estudo, a da autolimitação, segundo a qual o Estado soberano não poderia estar subordinado a nenhuma vontade, a não ser à sua própria. Todavia, com a globalização a sociedade clássica muda totalmente, a soberania no Estado, se concentra na autoridade suprema do poder representante, na hierarquia dos órgãos integrantes da Administração e, sobretudo, na justificação da autoridade conferida ao titular do poder supremo, não permitindo que dentro da sociedade haja um poder superior ao seu. Assim, temos que, mesmo a soberania pertencendo ao próprio povo, o povo deve se submeter à soberania no Estado.[10: Alves, F. D. O CONCEITO DE SOBERANIA: DO ESTADO MODERNO ATÉ A ATUALIDADE. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8786>. Acesso em: 25 de setembro de 2017.][11: Lopes, L. C. - ALGUNS ASPECTOS ATUAIS DA GLOBALIZAÇÃO: O NOVO CONCEITO DE SOBERANIA E O IDEAL DA UNIÃO ENTRE OS PAÍSES. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/25007-25009-1-PB.htm>. Acesso em: 25 de setembro de 2017.]
Em outras palavras, um Estado não pode renunciar aos direitos criados pelas normas de jus cogens, todas as normas do direito internacional são, com efeito, obrigatórias para os Estados, o que significa que sua violação constituiria um ato ilícito.[12: Virally, M. RÉFLEXIONS SUR LE "JUS COGENS", Annuairefrançais de droitinternational, 1966, pp. 8-9.]
A Corte Internacional de Justiça se diz incompetente para julgar casos de jus cogens, e o Tribunal Penal Internacional só tem competência obrigatória para julgar os crimes cometidos no território ou por nacionais dos Estados-Partes; para os crimes cometidos no território ou por nacionais de outros Estados, o consentimento expresso ainda é necessário, por convenção específica ou declaração de aceitação da competência. [13: “Na decisão de 10 de julho de 2002, no entanto, a Corte Internacional de Justiça entendeu não ser competente para julgar o pedido de medida liminar interposto pela República Democrática do Congo pela razão de que esta última não pôde demonstrar o consentimento da República Ruandesa para submeter-se à sua jurisdição, malgrado a invocação das normas imperativas ou de jus cogens.Como dito acima, a C.I.J. reafirmou que em virtude de seu Estatuto ela não tem automaticamente competência para conhecer dos litígios que lhe são submetidos, sendo necessário o consentimento expresso das partes, de modo geral ou para o caso específico” . TELLES, Olivia R.S. Competência para aplicar o jus cogens internacional.]
Em análise final, chega-se a conclusão de que o jus cogens limita a expressão da soberania, de modo que seu poder emana do povo, em relação ao teor dos tratados e não a capacidade de agência em seu próprio território, que continua praticamente incondicionada. No que tange à questão dos Direitos Humanos que devem ser protegidos, ou seja, se torna um modo de proibição de tratados, cujo conteúdo atinja a dignidade humana de modo internacional, além disso, deve ser uma violação para qualquer resultante das ações e atos unilaterais dos Estados. Por mais que as consequências das violações dos Estados à norma imperativa não esteja sendo punida de forma mais rigorosa que as demais, são necessárias que a respeitem tais matérias, e mostrar a gravidade levando a nulidade, e ainda onde serão julgados devidamente os infratores.[14: Bustamente. DROIT INTERNACIONAL PUBLIC. Paris: Ed. Librarie du Recueil Sirev. Tome IV, p. 25. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1667>. Acesso em: 26 de setembro de 2017.]
Questão 4
"Na reunião a celebrar-se na parte da tarde de hoje espera-se que o Congresso Nacional venha a sancionar a modificação da legislação penal para permitir a inclusão da pena de morte para delitos de especial gravidade, muito embora haja a oposição de um pequeno grupo que - desconhecendo as reivindicações sobre segurança da comunidade - invoca a existência de tratados internacionais que impediriam tal modificação".
Após a leitura dessa notícia publicada em um diário jornalístico de âmbito nacional responda a seguintes questões:
Diante do relatado, a seu juízo, seria possível tal aprovação gerar uma situação de responsabilidade internacional para o Estado?
Se assim fosse, estabeleça qual seria o direito internacionalmente considerado ilícito.
Determine a natureza da norma que esse pequeno grupo de oposição invoca.
Em razão dessa natureza, poderiam surgir consequências específicas com base na responsabilidade internacional?
Diante do relatado, seria sim possível que tal aprovação gerasse uma situação de responsabilidade internacional para o Estado, tendo em vista que a responsabilidade internacional visa tratar de responsabilizarum Estado que praticou um ato ilícito.
Para entendermos qual seria o direito internacionalmente considerado ilícito, é preciso conhecer o que é um ato ilícito. Segundo BUSTAMANTE:
“O ato ilícito internacional consiste na lesão notória e consciente, através de uma ação ou omissão, por um sujeito de direito internacional sem autoridade legal para causá-lo, a outro sujeito de direito internacional, reconhecido e protegido pelas regras jurídicas ou convenções internacionais”.[15: Garcia, E. Disponível em: <http://www.direitodoestado.com.br/colunistas/emerson-garcia/jus-cogens-e-protecao-internacional-dos-direitos-humanos>. Acesso em: 26 de setembro de 2017]
Além do mais, o ato ilícito ainda pode ser objetivo e subjetivo. Objetivo no sentido de que ocorreu a violação de um direito, e subjetivo relativo as consequências que o ato ilícito gerou. Portanto, no caso retratado acima, se essa norma que permite a inclusão da pena de morte para delitos de especial gravidade for aprovada, ele estará, no viés objetivo, desrespeitando o próprio Tratados Sobre os Direitos Humanos, por exemplo, e no âmbito subjetivo, ela estará desrespeitando a própria vida do indivíduo, pois uma vez aplicada a pena de morte, não há como se voltar atrás. 
Esse pequeno grupo de oposição invoca normas de dupla natureza, tanto do Direito Internacional quanto do Direito Nacional. A respeito do direito internacional, a natureza da norma invocada é o ius cogens. O ius cogens, na sua expressão mais simples pode ser entendido da seguinte forma:
“[O ius cogens] pode ser visto como o conjunto de normas imperativas de direito internacional público. Reflete padrões deontológicos sedimentados no âmbito da comunidade internacional, cuja existência e eficácia independem da aquiescência dos sujeitos de direito internacional. Deve ser observado nas relações internacionais e projeta-se, em alguns casos, na própria ordem jurídica interna”.
Já no que diz respeito ao Direito Nacional, a natureza constitucional que o grupo invoca é de extrema importância. Isso se dá porque a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5º, § 3º, afirma:
“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§3º Os Tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais” – grifo nosso.
Portanto, qualquer tratado internacional que versar sobre direitos humanos, e que seguir os procedimentos previstos no artigo 5º, §3º, da Constituição Federal, serão equivalentes às normas constitucionais. Assim, ao descumprir a norma internacional sobre direitos humanos, está ainda descumprindo a própria Constituição.
Acredito ser necessário tratar sobre o que seria a responsabilidade internacional antes de tratarmos de suas consequências. Segundo Valério de Oliveira Mazzuoli, em seu livro intitulado Curso de Direito Internacional Público, 3ª Edição, p. 502: 
“A responsabilidade internacional do Estado é o instituto jurídico que visa responsabilizar determinado Estado pela prática de um ato atentatório (ilícito) ao Direito Internacional perpetrado quanto aos direitos ou a dignidade de outro Estado, prevendo certa reparação a este último pelos prejuízos e gravames que injustamente sofreu”. [16: FARIA, Matheus Afonso. A responsabilidade internacional frente às violações de normas imperativas de Direito Internacional. Crítica à falta de penalização ao Estado infrator. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10983&revista_caderno=16>. Acesso em:26 de setembro de 2017]
Portanto, a responsabilidade internacional vai tratar de responsabilizar um Estado que praticou um ato ilícito. Dessa forma, é possível afirmar que surgem consequências específicas com base na responsabilidade internacional. Consequências estas que podem ser tanto políticas quanto jurídicas. As sanções políticas podem ser, por exemplo, embargos econômicos. Já as consequências jurídicas pode ser a indenização por danos materiais ou morais, ou pode até mesmo ocorrer o término do tratado por conta da inexecução pela parte que praticou o ilícito.
Questão 5
"Ontem, finalmente, o povo de Kosovo içou sua bandeira nacional e se auto proclamou como Estado independente. Obviamente, os representantes da antiga Metrópole, Sérvia, não compareceram ao ato fazendo saber que - por meio de um comunicado de imprensa - que não reconheciam a existência do novo Estado. Em compensação vários chefes de estado de Governo de países vizinhos - e até de países não vizinhos - compareceram à celebração solene, acompanhados de numerosas e qualificadas delegações. O chefe de Estado de Kosovo, em seu pronunciamento, fez saber que em nome de seu país havia solicitado o ingresso do mesmo como membro pleno da ONU, enviando, conjuntamente, a declaração de consentimento em ser parte em numerosos tratados multilaterais celebrados sob os auspícios dessa organização internacional".
Diante dessa notícia responda:
O nascimento de um novo Estado se encontra subordinado ao reconhecimento da Metrópole? Explique.
Qual o alcance no DIP da presença no ato de proclamação da independência de vários Chefes de Estado e de Governo, tanto de países vizinhos como de países longínquos?
Se Kosovo for admitido na ONU, e havendo a Metrópole votado contra a admissão, qual será o alcance dessa mesma admissão?
O nascimento de um novo Estado não se encontra subordinado ao reconhecimento da Metrópole. Isso porque existem alguns requisitos a serem cumpridos, entre eles está o fato de que o Estado que espera ser reconhecido, precisa ser independente de outro Estado estrangeiro, ele precisa ser autônomo na conclusão dos negócios estrangeiros e ele precisa ter autoridade efetiva sobre o território e população, além disso, o seu território precisa ser delimitado. E, para que ocorra o nascimento de um novo Estado, basta que um Estado o reconheça, sendo que esse reconhecimento é ato irrevogável. Como disse o Professor Valério de Oliveira Mazzuoli, em seu livro Curso de Direito Internacional Público, 3ª Edição, pp. 384, 385:
“Pode-se definir como Estado (do latim status = estar firme), em sua concepção jurídica moderna, como um ente jurídico, dotado de personalidade internacional, formado de uma reunião (comunidade) de indivíduos estabelecidos de maneira permanente em um território determinado, sob a autoridade de um Governo independente e com a finalidade precípua de zelar pelo bem comum daqueles que o habitam”.
Além do mais, existe o princípio da igualdade entre os Estados. Segundo o artigo 2º, número 1, da Carta das Nações Unidas “A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros”. Assim, a Metrópole, ao menos formalmente, tem o mesmo poder de reconhecimento dos demais Estados.
O fato de vários Chefes de Estado e de Governo estarem presentes no ato de proclamação de independência do povo de Kosovo, tem um alcance importe no Direito Internacional Público. Isso porque mostra que os Chefes de Estado e de Governo ali presentes reconhecem o povo de Kosovo como um Estado. 
		Na doutrina existem algumas modalidades para o reconhecimento de um Estado. O reconhecimento pode ser expresso, tácito, individual ou coletivo. Portanto, o alcance no DIP é total, tendo em vista que a presença de vários Chefes de Estado e de Governo na proclamação da Independência pressupõe a ideia de que eles reconhecem o Estado. Segundo a doutrina:
“Será tácito o reconhecimento do Estado que se puder inferir, pela prática e pela atitude implícita dos demais membros estatais da sociedade internacional, a vontade de reconhecer como ente soberano o novo Estado”.
Como já fora dito, tanto no Direito Internacional Público quantono Direito Constitucional, existe o Princípio da Igualdade entre os Povos. E, por conta desse princípio, mesmo que a Metrópole votasse contra essa admissão, o alcance da admissão seria total.[17: Carta das Nações Unidas, artigo 2º, número 1: “A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros”. ][18: Constituição Federal de 1988, artigo 5º, §3º: “Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: §3º Os Tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais” ]
Questão 6
A soberania dos Estados, por mais que se possa dizer que na atualidade tenha sofrido uma capitis diminutio diante da nova realidade política, estratégica e econômica que rege as relações internacionais nesses tempos de globalização, parece não ter sido abalada por isso; ao contrário, como a fênix tem ressurgido das cinzas ao fim de cada nova crise mundial. 
Um novo contexto mundial surgido após o fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlin parece dar razão à última assertiva acima. Novos Estados surgiram, os polos de poder deslocaram-se de Estados Unidos da América e da Ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) para outros centros de poder, regionais (Irã, China, Índia, et alli).
Todavia, após alguns anos de relativa paz e aparente harmonia entre os Estados e uma suposta ideia de que estamos diante de um tão acalentado desarmamento internacional, e diante de uma situação territorial estável entre os estados, eis que surgem diversos casos de movimentos separatistas, tais como Kosovo, na antiga Yugoslávia, Curdistão, no Oriente Médio, Daguestão e Chechênia, na Comunidade de Estados Independentes (CEI) capitaneada pela Rússia, Criméia, na Ucrânia. Nem se fale, aqui, de movimentos semelhantes na Espanha (País Basco e Catalunha), Irlanda do Norte, Movimentos separatistas na Bélgica, Itália e, mais recentemente, no Iraque.
Com base nesses acontecimentos faça uma análise dessas situações diante da teoria do Reconhecimento de Estados: a) é possível em todos os casos exemplificados?; b) não sendo deferido o reconhecimento pela comunidade internacional, quais as consequências futuras a essas regiões e seus povos? c) especificamente no caso atual da Ucrânia quais as possibilidades de reconhecimento diante de uma eventual independência de certas regiões do país que são de fala russa, tendo em vista a atuação das tropas russas naqueles conflitos?
Segundo a Teoria de Reconhecimento é explicada por duas correntes distintas:
 teoria constitutiva, para a qual o reconhecimento é que atribui ao Estado a condição de sujeito de Direito Internacional Público;
teoria declaratória, para a qual o reconhecimento apenas declara que o novo Estado é sujeito de Direito Internacional Público. (Mais aceita)[19: Positivada no art. 13 da Carta da OEA]
Há dois pontos: o primeiro que o reconhecimento é ato voluntário e unilateral dos Estados, que decidem politicamente se querem ou não reconhecer o novo Estado.  Já o segundo, o reconhecimento de um Estado novo é um direito deste, desde que reúna todos os elementos de um Estado, e um dever dos demais atores da sociedade internacional. 
Esses elementos são cinco: povo (conjunto de indivíduos unidos por laços comuns); território (base física ou o âmbito espacial do Estado, onde ele se impõe para exercer, com exclusividade, a sua soberania); governo autônomo e independente (é a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação); finalidade (traduz na ideia de o Estado deve sempre perseguir um fim) e; a capacidade para manter relações com os demais Estados.[20: MAZZUOLLI, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 359-361.]
No primeiro caso, Kosovo (Sérvia) Kosovo, considerado território autônomo, era habitado por 2 milhões de pessoas, sendo que 90% da sua população era de origem albanesa, possui todos os elementos de Estado, sua independência foi declarada pelo primeiro-ministro kosovar, Hashim Thaci, depois dos 109 deputados do Parlamento terem votado a favor,  Em 28 de fevereiro de 2008. É necessário salientar que o governo sérvio não reconhece Kosovo como Estado soberao.
Já o segundo, Curdistão Iraquiano desde 1991, após a Guerra do Golfo, tem um estatuto de autonomia próximo à independência, com as próprias instituições, assim como um orçamento e um Parlamento próprios. Tendo então os requisitos de formação de Estado.
Atualmente o país esta se preparando para um referendo, sendo o povo que emana o poder para soberania, de sua independência do Iraque, que se for aprovada será constituído a construção desse novo Estado. 
Os terceiros que pertencem a zona russa na região do Cáucaso, uma localidade que divide a Europa Oriental e a Ásia Ocidental, onde está situada uma cadeia de montanhas de igual nome, cercada pelo Mar Negro e pelo Mar Cáspio. As principais repúblicas que prezam pela independência nessa região são a Chechênia e o Daguestão.
A Chechênia sempre foi considerada como um dos locais de maior tensão. O território é considerado uma região autônoma, com uma república constituída, mas ainda pertencente ao território russo. Os chechenos – nação predominantemente muçulmana – chegaram a declarar por duas vezes a independência (em 1991 e 1994), mas em ambos os casos não tiveram o reconhecimento internacional de seu território, além de terem sido duramente reprimidos pelo governo da Rússia. Desde o fim da URSS, vários conflitos armados ocorreram na região.
O Daguestão, recentemente, tomou da Chechênia o status de região mais perigosa da Rússia. Os atentados a bomba e as mortes relacionadas com os conflitos são cada vez mais comuns. A presença do islamismo também é majoritária nessa república, que passou a receber incursões rebeldes a partir do ano de 1999. Até hoje são frequentes atentados cujo foco são, principalmente, personalidades e autoridades políticas.[21: PENA, Rodolfo F. Alves. "Rússia: grupos separatistas no Cáucaso"; Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/russia-grupos-separatistas-no-caucaso.htm>. Acesso em: 26 de setembro de 2017.]
O ultimo caso, A Crimeia, se declarou independente por ato unilateral, depois de referendo aprovado por sua população, sendo necessário salientar o não reconhecimento dos EUA e UE, essa questão será explanado no item c, desta questão.
O reconhecimento do Estado tem característica de demonstra a existência do Estado como sujeito de Direito Internacional Público, constando que ele possui as condições necessárias para participar das relações internacionais e que a sua existência não contrasta com os interesses dos Estados que o reconhecem.
Conforme leciona Seitenfus:“O reconhecimento é o ato unilateral através do qual um sujeito de direito Internacional, sobretudo Estado, constando a existência de um fato novo (Estado, Governo, situação ou tratado), cujo evento de criação não teve sua participação, declara, ou admite implicitamente, que o considera como sendo um elemento com quem manterá relações no plano jurídico.”[22: SEITENFUS, Ricardo; VENTURA, Deisy. Introdução ao direito internacional público. 3.ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. p. 77.]
A prática internacional tem demonstrado que o não reconhecimento terá espaço, quando um Estado for criado em total desacordo com as regras de DIP, ainda que este ato não impeça sua existência, autorizando apenas à possibilidade de veto a manutenção de relações diplomáticas solenes, ao nível de embaixadores, com os Estados que não o reconhecem.
 Já quanto o procedimento dos tribunais ao julgar os atos emanadosde coletividades não reconhecidas, percebe-se que esta prática é obviamente repreensiva, visto a decisão final quanto à legalidade ou ilegalidade do novo Estado caberá à outra parte, o que demonstra a falta de equidade em processos desta espécie.
Segundo Mello “Na prática, um tribunal, ao ter de julgar um ato emanado de uma coletividade estrangeira, em que há dúvida em saber se ele é Estado ou não, envia uma consulta ao executivo. Esta prática tem a finalidade de evitar dentro de um mesmo Estado duas atitudes diferentes”.[23: MELLO, Celso Renato Duvivier de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 15.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. p.  404-405]
Pode então o Estado continuar, sem o reconhecimento de outro, apenas reforça nosso entendimento de que o não reconhecimento acaba servindo apenas como sanção e, diga-se de passagem, uma política de represália, pois ao executivo pátrio, caberá o parecer final quanto à legitimidade ou não da nova entidade estatal. São os denominados Estados de facto mas não de jure.
Segundo Valério de Oliveira Mazzuoli a formação dos Estados pode se dar por: Fundação direta; Emancipação; Separação ou desmembramento; Fusão
E também por atos jurídicos, um Estado pode se formar por: a) uma lei interna; b) um tratado internacional (Irlanda, 1921); c) decisão de um organismo internacional (Israel, 1947).
A questão sobre a Crimeia é preciso também salientar que o que motivou a ação militar da Rússia foi o interesse na região da Crimeia, que foi anexada pela Ucrânia em 1954, foi cedida em caráter amistoso. Essa península possui uma importância econômica e outra estratégica, configurando-se como uma importante via de ligação entre o Mar Negro e o Mar de Arzov, servindo também de entreposto comercial para a Europa, além de ser uma grande produtora de grãos e alimentos industrializados. A população dessa região, em sua ampla maioria, utiliza o idioma russo e mantém-se mais vinculada a Moscou do que propriamente a Kiev.
Nesse caso concreto, a expressão da soberania como manifestação conjugado do povo tem destaque. Teve-se um referendo realizado neste no dia 17 de março na Crimeia, uma República Autônoma ucraniana de maioria russa, aprovou com 96,8% dos votos a adesão da região à Federação Russa.[24: ENTENDA O QUE MUDA NA CRIMEIA APÓS REFERENDO APROVAR ADESÃO À RÚSSIA. G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/03/entenda-o-que-muda-na-crimeia-apos-referendo-aprovar-adesao-russia.html>. Acesso em: 26 de setembro de 2017]
Em ultima análise, como dito anteriormente, o reconhecimento é o ato unilateral do próprio Estado, ou seja, com o referendo tendo maioria de sua população para separação da Ucrânia, pode se afirmar que a Crimeia se declarou independente e pediu a sua anexação à Rússia. Sendo necessário lembrar que esse não foi reconhecido pela União Europeia e nem pelos os Estados Unidos.
Questão 7
No campo de estudos do domínio público do Estado, faça uma análise envolvendo: A) Tratado de Proscrição das experiências com armas nucleares na atmosfera, no espaço cósmico e sob a água (1963), com B) Tratado para a proscrição de armas nucleares na América Latina e Caribe (1967), conhecido como Tratado de Tlatelolco, C) Resolução 290(VII) – Emendas ao Tratado para a proscrição de armas nucleares na América Latina e no Caribe e, finalmente, com D) Tratado sobre princípios reguladores das atividades dos Estados na exploração e uso do espaço cósmico, inclusive a Lua e demais corpos celestes (1967).
	Para que possamos falar sobre o domínio público do Estado, há uma necessidade inicial de analisar brevemente alguns tratados internacionais. Segundo Francisco Rezek, o domínio público pode ser definido como um espaço o qual a utilização é de interesse de vários Estados soberanos, ou até mesmo, de toda a comunidade internacional. Estes locais, considerados de domínio público, atualmente, são o mar, os rios internacionais, as zonas polares, o espaço aéreo e o espaço cósmico.[25: REZEK, F. Direito Internacional Público: Curso Elementar. 16ª.ed. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 367.]
	 O Tratado de Proscrição das experiências com armas nucleares na atmosfera, no espaço cósmico e sob a água, de 1963, surge em um momento de pós-guerra, na qual haviam sido lançadas bombas atômicas que devastaram grandes populações. Tal tratado, em seu primeiro artigo, proíbe, inibe e abstêm seus signatários de efetuar “qualquer explosão experimental de armas nucleares ou qualquer outra explosão nuclear em qualquer lugar sob sua jurisdição e controle”. Na primeira alínea deste artigo são especificados os locais proibidos, que são: a atmosfera, qualquer lugar além dos limites do Estado, inclusive o espaço cósmico e sob a água, inclusive águas territoriais e alto mar. A alínea seguinte também afirma que é proibida qualquer experiência com armas nucleares, ou explosões nucleares, em qualquer lugar se houver a possibilidade de queda de resíduos radioativos fora dos limites territoriais do Estado que efetuou a explosão.
	O segundo tratado do qual falaremos é o Tratado para a proscrição de armas nucleares na América Latina e Caribe, de 1967, mais conhecido como Tratado de Tlatelolco, e a Resolução 209 (VII) - Emendas ao Tratado para a proscrição de armas nucleares na América Latina e no Caribe. O tratado de Tlatelolco surgiu para fazer com que os países signatários se comprometessem a utilizar os materiais e as instalações nucleares exclusivamente para fins pacíficos, proibindo também o ensaio, o uso, a fabricação, a produção, a posse ou o domínio de qualquer arma nuclear, ou possuir qualquer participação nisso. Este tratado define, no seu artigo 3, território como “mar territorial, o espaço aéreo e qualquer outro âmbito sobre o qual o Estado exerça soberania, de acordo com sua própria legislação.
	Com a corrida armamentista da Guerra Fria em pleno auge, e o homem chegando próximo à pisar na lua, surge um novo tratado internacional: o Tratado sobre princípios reguladores das atividades dos Estados na exploração e uso do espaço cósmico, inclusive a Lua e demais corpos celestes, de 1967. O, mais conhecido como, Tratado da Lua regula as atividades na Lua, incluindo seu uso e exploração, que devem ser realizados em conformidade com o Direito Internacional e com a Carta da Organização das Nações Unidas, dentre outros tratados e convenções internacionais. Este tratado, em seu artigo 11, reconhece a Lua e seus recursos naturais como patrimônio da humanidade, e que a mesma não pode ser objeto de apropriação nacional.[26: Artigo 11. A fim de favorecer a cooperação internacional em matéria de exploração e uso do espaço cósmico, os Estados-Partes do Tratado que desenvolvam atividades no espaço cósmico, inclusive na Lua e demais corpos celestes, convieram, na medida em que isto seja possível e realizável, em informar ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, assim como ao público e à comunidade científica internacional, sobre a natureza da conduta dessas atividades, o lugar onde serão exercidas e seus resultados. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas deverá estar em condições de assegurar, assim que as tenha recebido, a difusão efetiva dessas informações.]
	No decorrer dos anos, com a análise dos tratados, conseguimos perceber uma evolução no conceito de domínio público. No tratado de Tlatelolco há uma definição de território bastante simples, porém, muito útil sob a perspectiva de domínio soberano. O primeiro tratado abordado neste texto também nos é bastante útil (mesmo sendo um tratado curto) e nos mostra que, tanto o que acontece dentro de um Estado, quando o que acontece para além de seus limites é assunto de Direito Internacional e domínio público. Sobre o tratado da lua, é um marco principiológico importante na redefinição dos conceitos de domínio público. Antes, o espaço cósmico nem mesmo era considerado como uma possibilidade de domínio. O mar foi durante muito tempo o principal foco e motivo de disputa, incluindo, só algum tempo depois, os espaçosaéreos, pois estes foram espaços que demoraram muito mais tempo para serem dominado. Atualmente, percebemos que todos os espaços, não considerados dentro dos limites de algum Estado soberano, são do interesse de toda a comunidade internacional.
Questão 8
É o direito internacional público uma espécie de direito? Essa natureza do internacional público tem sido desafiada por dois argumentos. O primeiro afirma que não há um poder central mundial com atividades típicas dos Podes Executivo, Legislativo e Judiciário. O segundo destaca a inexistência de uma sociedade internacional que compartilhe efetivamente valores de forma ampla e consensual. Apesar desses argumentos, verifica-se que os estados nacionais não vivem de forma isolada, eles interagem com a comunidade internacional por meio de tratados, da globalização das atividades laborais e econômicas, bem como criam entes de direito supranacional, que buscam, como no MERCOSUL, a integração e a proteção de determinados valores compartilhados mundialmente.
Considerando o texto acima como referência inicial, cada um dos subsequentes apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada de acordo com a doutrina e a legislação pertinente.
A Polícia Militar da Bahia, com o objetivo de ampliar o território baiano, invadiram parte do estado do Espírito Santo, entrando em choque com a Polícia Militar capixaba. Nessa situação, como o conflito se dá entre dois estados brasileiros, deve-se aplicar o direito internacional, mais especificamente as normas previstas na Convenção de Genebra de 1949, por ser o Brasil dela signatário.
O estado do Rio Grande do Sul, almejando ser reconhecido como internacionalmente um Estado soberano, pleiteou uma cadeira na Organização das Nações Unidas (ONU), alegando que possui um território, uma população e um governo permanente. Nessa situação, os requisitos apresentados não são suficientes para que o Rio Grande do Sul seja aceito na Assembleia Geral da ONU.
Por se tratar de um conflito interno, entre dois estados brasileiros, apenas o artigo terceiro será aplicado, com o restante do problema sendo tratado pelas autoridades nacionais, que devem decidir com base na legislação local. O referido artigo 3º aduz:
As pessoas que não tomem parte diretamente nas hostilidades, incluindo os membros das forças armadas que tenham deposto as armas e as pessoas que tenham sido postas fora de combate por doença, ferimentos, detenção, ou por qualquer outra causa, serão, em todas as circunstâncias, tratadas com humanidade, sem nenhuma distinção de caráter desfavorável baseada na raça, cor, religião ou crença, sexo, nascimento ou fortuna, ou qualquer outro critério análogo.
Para este efeito, são e manter-se-ão proibidas, em qualquer ocasião e lugar, relativamente às pessoas acima mencionadas:
As ofensas contra a vida e a integridade física, especialmente o homicídio sob todas as formas, mutilações, tratamentos cruéis, torturas e suplícios;
A tomada de reféns;
As ofensas à dignidade das pessoas, especialmente os tratamentos humilhantes e degradantes;
As condenações proferidas e as execuções efetuada sem prévio julgamento, realizado por um tribunal regularmente constituído, que ofereça todas as garantias judiciais reconhecidas como indispensáveis pelos povos civilizados.
2) 	Os feridos e doentes serão recolhidos e tratados.
Um organismo humanitário imparcial, como a Comissão Internacional da Cruz Vermelha, poderá oferecer os seus serviços às partes no conflito.
As Partes no conflito esforçar-se-ão também por pôr em vigor, por meio de acordos especiais, toda ou parte das restantes disposições da presente Convenção.
A aplicação das disposições precedentes não afetará o estatuto jurídico das Partes no conflito.
Por se tratar de um assunto relacionado a direitos humanos, incide ainda o §3º do art. 5º da CF/88, que preleciona que os tratados internacionais que versem sobre a temática de direitos humanos, se aprovados por quórum de três quintos dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, adquirem o status de normas constitucionais, sendo então incorporadas ao rol de direitos fundamentais protegidos pelo Estado Brasileiro.
Bibliografia da Questão 8:
CONVENÇÃO DE GENEBRA IV, DE 21 DE OUTUBRO DE 1950. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Conven%C3%A7%C3%A3o-de-Genebra/convencao-de-genebra-iv.html>. Acesso em: 25 de setembro de 2017.
ATIVIDADE LEGISLATIVA, ARTIGO 60. Disponível em: <https://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_08.09.2016/art_60_.asp>. Acesso em: 25 de setembro de 2017.
AGÊNCIAS ESPECIALIZADAS, FUNDOS E PROGRAMAS. ONU BR. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/organismos>. Acesso em: 26 de setembro de 2017.
O SISTEMA DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU BR. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/organismos/organograma>. Acesso em: 26 de setembro de 2017.
Questão 9
No Brasil, a exploração de petróleo na chamada camada de pré sal, vincula-se a importantes noções do direito do mar. O domínio marítimo de um país abrange as águas internas, o mar territorial, a zona contígua entre o mar territorial e o alto mar, a zona econômica exclusiva, entre outros. A respeito do direito do mar, do direito internacional da navegação marítima e do direito ambiental internacional, julgue os próximos itens.
Segundo a Convenção de Montego Bay, Estados sem litoral podem usufruir do direito de acesso ao mar pelo território dos estados vizinhos que tenham litoral.
Na zona econômica exclusiva (ZEE), os Estados estrangeiros não podem usufruir da liberdade de navegação nem nela instalar cabos e oleodutos submarinos.
A presente convenção trata do direito de acesso ao mar na parte x, onde Estado sem litoral significa o Estado que não tenha costa marítima. Os Estado sem litoral podem usufruir de acesso ao mar pelo território dos Estados de trânsito, que são descritos pela doutrina como “Estado que, sem costa marítima, encontra-se entre o Estado sem litoral e o mar’’. 
A CONVEMAR foi aprovada em 30 de abril de 1982 em Nova Iorque, Estados Unidos e aberta sua assinatura em 10 de dezembro do mesmo ano, em Montego Bay, Jamaica, na 182ª seção plenária da II Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do mar. Entrou em vigor em 16 de novembro de 1994 depois da 60ª ratificação por parte da Guiana. A Convenção sobre Direito do Mar também define em seu texto o que é entendido como Estado de trânsito: 
“Para efeitos da presente Convenção: a) ‘Estado sem litoral’ significa um Estado que não tenha costa marítima; b) ‘Estado de trânsito’ significa a convenção, a passagem de pessoas, bagagens, mercadorias e meios de transporte por meio do território de um ou mais Estados de trânsito, quando a passagem, por meio de tal território, com ou sem transbordo, armazenamento, fracionamento da carga ou mudança de modo de transporte, seja apenas uma parte de uma viagem completa que comece ou termine dentro do território do Estado sem litoral”
Os termos e condições para o exercício de tal liberdade deve ser acordado entre os estados. Com os presente apontamentos, é possível concluir que, desde que o Estado vizinho seja um Estado de transito, então, sim ele pode, mas afirmação está equivocada ao dizer estados vizinhos, seria pelos estados de transito.
Bibliografia da Questão 9:
CONVENÇÃO DE MONTEGO BAY ESQUEMATIZADA. SQI NO DIREITO. Disponível em: <http://sqinodireito.com/con/>. Acesso em: 26 de setembro de 2017.
DECRETO Nº 1.530, DE 22 DE JUNHO DE 1995. Disponível em: <http://www.iea.usp.br/noticias/documentos/convencao-onu-mar>. Acesso em: 26 de setembro de 2017.
DECRETO Nº 99.165, DE 12 DE MARÇO DE 1990. Câmara dos Deputados. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1990/decreto-99165-12-marco-1990-328535-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 25 de setembro de 2017.
Questão 10
Em 2008, Nicolas viajou de seu país natal para um país estrangeiro com um visto de turista. Durante sua estadia, Nicolas cometeu sequestro seguido de assassinatode um súdito do País hospedeiro. O país hospedeiro, signatário de diversas convenções internacionais, aplicava a pena de morte para diversos crimes, como tráfico de drogas e crimes hediondos. Nicolas foi julgado e sentenciado à morte. No entanto, seu país de origem nunca foi notificado de sua prisão e sentença, nem de sua futura execução. Com base no exposto acima, qual providência poderia tomar o país de origem de Nicolas de acordo com o direito internacional?
	Segundo Francisco Rezek o Estado exerce uma série de competências, chamadas de jurisdição, sobre o seu território, sendo esta jurisdição geral e exclusiva. Geral no sentido de domínio territorial e exclusiva no sentido de que o Estado não precisa enfrentar nenhuma concorrência na imposição de sua jurisdição dentro deste domínio.[27: REZEK, F. Direito Internacional Público: Curso Elementar. 16ª.ed. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 367.]
	Se o país de origem de Nicolas tivesse sido notificado dos atos cometidos por este, o país de origem poderia ter entrado em contato com seu Consulado no país hospedeiro e ter dado todo o apoio consular que fosse de direito de Nicolas.
	Assim como no Caso Curumim, no qual um traficante brasileiro, conhecido como Curumim, foi preso na Indonésia e sentenciado à pena de morte, o governo de seu país natal poderia ter dado o apoio consular e ter, ao menos, tentado recuperar o seu súdito e levá-lo de volta ao seu país de origem, para que a pena fosse cumprida de acordo com sua jurisdição. Porém, poderia ser uma tentativa em vão. 
	A jurisdição que qualquer Estado soberano exerce em seu território é absoluta, se estiver, assim, de acordo com as Convenções e Tratados internacionais assinados. O Brasil, por exemplo, é signatário em diversos tratados de direitos humanos que proíbem a pena de morte como punição, portanto, não poderia exercer esta pena dentro de sua jurisdição sem sofrer alguma sanção internacional, como, por exemplo uma quebra das relações diplomáticas.
	Devido ao artigo 36 da Convenção de Viena sobre Relações Consulares, de 1967, o país de origem de seus súditos tem o direito de ser informado sobre a prisão de qualquer um deles no estrangeiro. Essa é uma cláusula que expressa a função jurídica da notificação consular, que tem como prerrogativa fundamental os direitos básicos da pessoa humana.[28: Artigo 36. 1. A fim de facilitar o exercício das funções consulares relativas aos nacionais do Estado que envia:a) os funcionários consulares terão liberdade de se comunicar com os nacionais do Estado que envia e visitá-los. Os nacionais do Estado que envia terão a mesma liberdade de se comunicarem com os funcionários consulares e de visitá-los;b) se o interessado lhes solicitar, as autoridades competentes do Estado receptor deverão, sem tardar, informar à repartição consular competente quando, em sua jurisdição, um nacional do Estado que envia fôr preso, encarcerado, posto em prisão preventiva ou detido de qualquer outra maneira.Qualquer comunicação endereçada à repartição consular pela pessoa detida, encarcerada ou presa preventivamente deve igualmente ser transmitida sem tardar pelas referidas autoridades. Estas deverão imediatamente informar o interessado de seus direitos nos têrmos do presente subparágrafo;c) os funcionários consulares terão direito de visitar o nacional do Estado que envia, o qual estiver detido, encarcerado ou preso preventivamente, conversar e corresponder-se com êle, e providenciar sua defesa perante os tribunais. Terão igualmente o direito de visitar qualquer nacional do Estado que envia encarcerado, preso ou detido em sua jurisdição em virtude de execução de uma sentença, todavia, os funcionário consulares deverão abster-se de intervir em favor de um nacional encarcerado, preso ou detido preventivamente, sempre que o interessado a isso se opuser expressamente.2. As prerrogativas a que se refere o parágrafo 1 do presente artigo serão exercidas de acôrdo com as leis e regulamentos do Estado receptor, devendo, contudo, entender-se que tais leis e regulamentos não poderão impedir o pleno efeito dos direitos reconhecidos pelo presente artigo.]
	Na Opinião Consultiva OC N.16/99 de 1º de outubro de 1999, em relação ao direito à informação sobre a assistência consular no âmbito das garantias do devido processo legal, expedido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, o México solicitou a opinião da Corte Interamericana. Uma das perguntas feitas pelo país solicitante foi: 
“A partir do ponto de vista do Direito Internacional, e tratando-se de pessoas estrangeiras, quais deveriam ser as consequências jurídicas quanto à imposição e execução da pena de morte, diante da falta de notificação a que se refere o artigo 36.1.b da Convenção de Viena?”
	A reposta da Corte Interamericana à pergunta do México em sua Opinião Consultiva foi que, como a pena de morte é uma pena de caráter irreversível, os Estados devem se atentar de forma estrita e rigorosa sobre as notificações ao Consulado do país de origem do súdito preso ou detido, para que a vida não seja privada de forma arbitrária. Afirmou também:
 “Pelo anteriormente exposto, a Corte conclui que a falta de observação do direito à informação do estrangeiro detido, reconhecido no artigo 36.1.b da Convenção de Viena sobre as Relações Consulares, afeta as garantias do devido processo legal e, nestas circunstâncias, a imposição da pena de morte constitui uma violação do direito, ao ser “arbitrariamente” privado da vida, nos termos das disposições relevantes dos tratados dos direitos humanos (Convenção Americana sobre Direitos Humanos, art. 4º; Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, art. 6º), com as consequências jurídicas inerentes a uma violação desta natureza, ou seja, as atinentes à responsabilidade internacional do Estado e ao dever de reparação”.
	Do exposto, tem-se que antes da concretização da sentença, o Estado natal do súdito e ele mesmo, tem o direito, desrespeitado no referido caso, de serem notificados da condição a qual está submetido o súdito no estrangeiro, de forma que seja assegurado o devido processo legal.
Questão 11
A atividade espacial é um fato inconteste atualmente. Veja-se a transmissão da Copa do Mundo, das Olimpíadas, das imagens das torres do World Trade Center desabando após sofrerem dois ataques terroristas, imagens transmitidas ao mundo em tempo real. É sabido que há no espaço sideral inúmeros artefatos fabricados pelo homem e que estão circundando o planeta Terra, alguns com órbitas conhecidas e controláveis, outros, com órbitas geoestacionárias (nem sempre ativados e controlados a partir da terra), outros, mais, que correm em órbitas totalmente aleatórias. Uma coisa eles têm em comum: são todos engenhos de propriedade estatal (ao menos no momento desta avaliação). 
Para dizer a verdade há, mesmo, um congestionamento de satélites, bases espaciais (operacionais ou não), e outros artefatos, como luvas de astronautas, ferramentas, restos de outras máquinas: um verdadeiro “lixão cósmico”. É nesse contexto que os diversos satélites têm de atuar e circular. 
Analisando esse quadro surreal de circulação espacial discorra sobre a possibilidade da “passagem inocente” relativa ao domínio espacial dos Estados e em relação às soberanias desses mesmos Estados que sofrem tais “sobrevoos”. 
É fundamental reconhecer, tendo em vista o atual panorama sobre o espaço sideral, que são necessárias medidas que regulem e organizem o direito que os Estados soberanos têm sobre ele, a fim de evitar maiores conflitos internacionais a cerca do assunto.
A discussão sobre a regulamentação do espaço cósmico começou após o lançamento do primeiro satélite, lançado pela Rússia, o Sputinik. O feito realizado por um Estado de grande poder na época foi grandioso e gerou o interesse de outros estados no espaço exterior.
A ONU, antecipando o interesse internacional pelo uso do espaço, tomou a responsabilidade para si, objetivando fundamentar princípios jurídicos, para reger de forma justa as relações sobreo tema. 
Adotada por unanimidade pela Assembleia Geral das Nações Unidas, foi assinada a Resolução 1.962, que ficou conhecida como Declaração dos Princípios Jurídicos Reguladores das Atividades dos Estados e uso do Espaço Cósmico.
De acordo com os princípios contidos na declaração, o principio segundo “2 — O espaço cósmico e os corpos celestes estão abertos à exploração e uso por todos os Estados, na base da igualdade e de acordo com o Direito Internacional.” E o principio terceiro “3 — O espaço cósmico e os corpos celestes não poderão ser objeto de apropriação nacional por proclamação de soberania, por uso ou ocupação, nem por qualquer outro meio.” a apropriação do espaço cósmico é vedada em todas as suas possibilidades, concluindo que a passagem inocente de satélites é um termo incorreto e inválido em sua aplicação. Uma vez que o espaço cósmico é de todos e é vedada a sua apropriação, não havendo soberania no espaço e, fato que implica que o uso do termo “passagem inocente” é equivocado.
Bibliografia da Questão 11:
DIREITO AEROESPACIAL E DIREITO DO MAR. SBDA. Disponível em: <http://www.sbda.org.br/revista/Anterior/1643.htm>. Acesso em: 27 de setembro de 2017.
Questão 12 – Notícia
 Para essa questão deverão ser seguidos os seguintes parâmetros: 
Procurar na mídia em geral, ou em outras e quaisquer formas de expressão (literatura, artes plásticas, filmes, poemas, música, etc.) uma notícia, ou fato,  que na opinião do grupo se refira a um instituto de direito internacional; 
Juntar o material encontrado - em seu original quando se tratar de mídia impressa;
Descrever qual o instituto encontrado; 
Dissertar sobre o tema escolhido no âmbito do DIP (doutrina, jurisprudência, legislação);
Não será levada em consideração a simples transliteração da notícia ou fato;
As fontes da notícia ou fato devem estar explícitas.
O regime de não-proliferação nuclear guarda intrínseca relação com a política internacional vigente no contexto da guerra fria, em que a conjuntura mundial bipolarizada entre EUA e URSS, ao final da 2ª Guerra Mundial, teve reflexos em inúmeros Estados, sendo a península coreana – o Norte sob influência soviética e o Sul sob dominação estadunidense – uma das regiões mais afetadas pela geopolítica da época. Pouco tempo após o término da 2ª Guerra Mundial, em 1950, deu-se início à primeira manifestação da bipolarização. Vale dizer, a Guerra da Coreia, que opôs indiretamente as potências fortalecidas no pós-2ª Guerra. O conflito armado só terminaria em 1953, a partir de um armistício assinado entre o comando militar da Coreia do Norte e a Organização das Nações Unidas. Aqui vale ressaltar uma importante diferenciação entre dois institutos jurídicos semelhantes em essência, mas díspares nas consequências: a diferença entre armistício e tratado de paz.
O meio contemporâneo tradicional de se colocar fim à uma contenda armada é através da celebração de um tratado de paz, frequentemente precedido de um armistício. O tratado de paz baseia-se no reconhecimento mútuo de direitos e deveres, em que ocorre o reatamento das relações de amizade e a cessação do estado de beligerância. Já o armistício é apenas e tão somente um acordo formal de cessação das hostilidades, sem a cessação, entretanto, do estado de guerra.[29: Accioly, H., Nascimento e Silva, G., & Casella, P. (2012). Manual de Direito Internacional Público. 20ª.ed. São Paulo: Saraiva. p. 1259.]
 O conflito armado da Guerra das Coreias ‘’terminou’’ em virtude unicamente de um armistício, que foi negociado não entre os dois países – uma Coreia não reconhece o direito da ‘outra coreia’ de existir –, mas entre a ONU e a Coreia do Norte. Esse fato gera repercussões atuais e diz respeito à polêmica nuclear noticiada, visto que o antecedente político de toda corrida armamentista é a existência de uma conjuntura que gera enervamento e tensão. 
Sobre isso, Pyongyang – a Capital norte-coreana – afirma estar “em estado de guerra com Seul”, e esse estado de coisas vige desde a assinatura do armistício, o que suscita a aplicação do chamado direito humanitário, ius in bello, inclusive na atualidade em que nenhum ataque direto foi protagonizado na península coreana, visto que inexiste um tratado de paz que extinga juridicamente a guerra. [30: COREIA DO NORTE DIZ ESTAR EM GUERRA COM O SUL. FOLHA DE SÃO PAULO. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/101297-coreia-do-norte-diz-estar-em-estado-de-guerra-com-o-sul.shtml>. Acesso em: 24 de setembro de 2017.]
Difere consubstancialmente no que diz respeito ao regime jurídico aplicado a relação entre EUA e Coreia do Norte, que têm suas relações mediadas através do ius ad bellum. 
No que tange à diferenciação entre os dois institutos – ius in bello e ius ad bellum –, confere-se as lições de Michel Deyra:
“O direito e a guerra são objeto de três tipos de relações: o direito contra a guerra como o princípio geral da interdição do uso da força como meio de resolução de litígios entre Estados, direito à guerra (ius ad bellum) apenas nas hipóteses de legítima defesa ou de ação coercitiva interposta pelas Nações Unidas com base no capítulo VII da Carta da ONU e, por fim, o direito da guerra (ius in bello), que na maior parte das vezes se aplica a partir do momento em que o direito internacional público tenha já sido violado.”[31: Deyra, M. Direito Internacional Humanitário. 2001. p. 129.]
A crescente tensão protagonizada entre Estados Unidos da América e Coreia do Norte suscita a incidência do Artigo 33 da Carta da ONU, que preleciona que os conflitos devem ser dirimidos através de vias pacíficas. Tal dispositivo jurídico, entretanto, não impediu o atual presidente dos EUA, Donald Trump, de afirmar que uso da força contra a Coreia do Norte é ‘com certeza uma opção’, [32: “As partes em uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais, ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha.” (Carta da ONU, Artigo 33, 1.)][33: TRUMP DIZ QUE USO DA FORÇA CONTRA A COREIA É COM CERTEZA UMA OPÇÃO. JORNAL O POVO. Disponível em: <https://www.opovo.com.br/jornal/mundo/2017/09/trump-diz-que-uso-da-forca-contra-coreia-e-com-certeza-uma-opcao.html>. Acesso em: 25 de setembro de 2017.]
em virtude da continuidade do programa nuclear norte-coreano, que representa perigo aos Estados Unidos, visto que uma das metas do governo de Kim Jong-Un é o desenvolvimento de um míssil intercontinental capaz de atingir a costa estadunidense.
A pretensão de Trump em considerar viável uma intervenção militar em solo estrangeiro esbarra em um princípio do direito internacional, qual seja, o princípio da não-intervenção, e também nas estipulações da ONU, que prega a vedação do uso da força. Diga-se de passagem, a única maneira lícita e autorizada de intervenção armada, para além da legítima defesa, seria através de decisão do Conselho de Segurança da ONU, se este viesse a entender que o regime ditatorial norte-coreano, ao desenvolver artefatos nucleares e realizar testes condenados pela comunidade internacional, configura uma afronta à paz e, com base no Artigo 42 da Carta das Nações Unidas, autorizar intervenções militares.[34: “No caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas previstas no Artigo 41 seriam ou demonstraram que são inadequadas, poderá levar e efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas.” (Artigo 42, Carta da ONU).]
É inegável: a mera existência de artefatos de destruição em massa em um contexto de tensão que, embora improvavelmente, pode evoluir à guerra declarada, representa um perigo à paz. Nessesentido, prediz a doutrina:
“Quanto mais se torna evidente que não há jeito de lutar uma guerra nuclear sem altos riscos de catástrofes ulteriores, (...) mais convincente tornam-se planos para evitar a guerra como meio decisório de disputas.”[35: MESSARI, N. e GUIMARÃES, J., “Os Desafios da Não-Proliferação Nuclear” in: CARVALHO, M. e SANTOS, M., “O Século 21 no Brasil e no Mundo”.]
No que tange à legislação internacional que regula a matéria centro da polêmica noticiada, é de primordial importância o Tratado de Não-Proliferação 
De Armas Nucleares, assinado em 1968 e em vigor desde 1970. Até o presente momento, 189 Estados soberanos ratificaram o acordo, e nenhum se retirou do pacto, com exceção da própria Coreia do Norte, que abandonou o tratado em 2003, anunciando na mídia que o fez por questões de temor de intervenção dos EUA e em prol da autodefesa de sua soberania.
O mencionado tratado dispõe no sentido de impedir que Estados negociem, proliferem, vendam ou recebam artefatos nucleares de outros Estados. Analisando criticamente, se por um lado o cumprimento dessa disposição de fato beneficia a persecução da paz, por outro privilegia as potências já detentoras de bombas atômicas, agindo de forma a incentivar a manutenção do status quo. É exatamente esta segunda visão que incitou a Coreia do Norte a denunciar o tratado e retomar o desenvolvimento de tecnologia armamentista.
A problemática política existente na corrida armamentista surgindo na Ásia já foi evidenciada por John Rourke, que denominou a associação do poder de um país puramente à sua força militar de “espiral de insegurança”. Este conceito afirma que fundar a segurança de um Estado não nos acordos internacionais e relações jurídicas, mas sim na força fática que decorre das armas, é tóxico e ineficaz, no sentido de gerar, como reação ao armamento de uma nação, o armamento dos países que guardam relações conturbadas com a mesma, ou até como método de precaução ou simples demonstração de força.[36: Rourke, J. International Politics In The World Stage. Hartford: Northeastern Publishing Co. 1986]
Tendo a citada insegurança como pressuposto decisório, é relevante ressaltar a postura da Organização das Nações Unidas no que tange à questão armamentista de caráter nuclear. Com a edição da Resolução 1540 do Conselho de Segurança da ONU, de caráter erga omnes, vale dizer, passível de vincular todos os membros da organização, a entidade estabeleceu padrões mínimos no trato da matéria sobre armamento nuclear, e criou um Comitê para monitorar as ações de seus membros. Tal resolução é inovadora pois impõe-se sobre todos os Estados-membros, mesmo àqueles que não são signatários do TNP, como é o caso da Coreia do Norte. Isso significa legitimar as sanções político-econômicas aplicadas pelo órgão internacional ao país com um substrato jurídico.
Por fim, há de se destacar a jurisprudência da Corte Internacional de Justiça, sobretudo no que diz respeito ao Parecer Consultivo oferecido em 1996 sobre a ilegalidade ou não do uso de armas nucleares. Por meio da Resolução 49/75K, a Assembleia Geral das Nações Unidas provocou a CIJ para manifestar-se sobre o tema. Dessa forma, a Corte deliberou e os votos apresentaram diferentes vieses interpretativos sobre a questão, muitos deles divergentes. A toada dos pareceres concedidos pelos diferentes juízes foi, via de regra, advogando pela relativização no uso das armas nucleares. Menos juízes do que seria o ideal tomaram uma posição totalmente desfavorável à utilização de artefatos nucleares, sendo o argumento primordial o do direito à autodefesa dos Estados. Exemplificando: o Juiz Schwebel afirmou que “nos limites do direito existente” não se poderia reputar absolutamente ilícitas as armas nucleares, visto a pouca normatividade a respeito do tema. Ademais, disse em seu parecer que é exatamente o poder dissuasivo dos artefatos nucleares, concentrados nas mãos das grandes potências, que inibe atos de violência pelo medo da sanção que poderia advir de tal poder militar.
Nota-se, portanto, que a visão da guerra e da violência como meio de pacificação ainda tem espaço nas interpretações jurídicas a respeito da temática. O viés da autodefesa é perigoso e, conforme preleciona Byers “historicamente, a legítima defesa costuma ser uma justificação política de ataques que, do ponto de vista jurídico, não passavam de atos comuns de guerra”.[37: Byers, M. A Lei da Guerra – direito internacional e conflito armado. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 71 e 72.]
Dessa forma, perdeu a CIJ a oportunidade de pacificar o entendimento pela ilicitude das armas nucleares e colaborar para a mudança de mentalidade sobre o assunto, optando por um parecer temperado e relativista, que ao mesmo tempo em que desencoraja o uso desse tipo de artefato, não condena em absoluto essa conduta, sob certas condições. 
Vemos, então, que a questão da “nova corrida armamentista” envolve um debate plural, envolvendo diversas fontes do direito internacional, quais sejam, legislação, jurisprudência e pareceres doutrinários, que se imiscuem à política internacional e à diplomacia e temperam os debates com alguns pontos de vista interpretativos relacionados a diferentes visões de mundo que tendem tanto ao pacifismo quanto à beligerância, que se contrapõem e tem efeitos concretos na realidade internacional, como ilustrado na problemática de um possível conflito armado entre EUA e Coreia do Norte pela questão nuclear.

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