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Rugoscopia e Queiloscopia - Odontologia Legal

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A IMPORTÂNCIA DA RUGOSCOPIA E DA QUEILOSCOPIA NA ODONTOLOGIA LEGAL E NA IDENTIFICAÇÃO HUMANA
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
	Figura 1 –
	Esquema de Classificação de Thomas e Kotz..........................
	7
	Figura 2 –
	Esquema de Classificação de Carrea......................................
	8
	Figura 3 –
	Esquema de Classificação de Martins dos Santos..................
	8
	Figura 4 –
	Vista oclusal dos arcos dentais superior (A) e inferior (B) pós-morte (PM)........................................................................
	
15
	Figura 5 –
	Radiografia panorâmica antemortem (AM)............................. 
	15
	Figura 6 –
	Comparação direta entre a região palatina AM (A) e PM (B).....
	16
Figura 7 – Delimitação de parte das rugas palatinas AM (A) e PM (B), do lado direito....................................................................................................................17
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................4
2 RUGOSCOPIA..................................................................................................................5
2.1 CONCEITO...........................................................................................................................5
2.2 HISTÓRICO...................................................................................................................6
2.3 CLASSIFICAÇÕES........................................................................................................6
2.4 TÉCNICA.....................................................................................................................10
2.5 APLICAÇÃO.................................................................................................................12
2.6 CASOS CLÍNICOS.......................................................................................................13
2 QUEILOSCOPIA.............................................................................................................18
2.1 CONCEITO.........................................................................................................................18
2.2 HISTÓRICO.................................................................................................................18
2.3 CLASSIFICAÇÕES......................................................................................................19
2.4 TÉCNICA.....................................................................................................................20
2.5 APLICAÇÃO................................................................................................................24
2.6 CASOS CLÍNICOS.......................................................................................................25
4 CONCLUSÃO.................................................................................................................27
REFERÊNCIAS.................................................................................................................28
1 INTRODUÇÃO
Sempre que se fala em identificação humana, é necessário definir a diferença entre esta e o processo de reconhecimento. O processo de identificação utiliza meios e técnicas específicas, de forma a que o investigador consiga chegar à identidade do indivíduo. O processo de reconhecimento, por outro lado, pode ser definido como um método de identificação sem rigor científico, ou seja, subjetivo. (FILHO, 2009)
A identificação humana sempre apresentou um caráter fundamental para civilizações. São inúmeros os casos existentes na sociedade que exigem que se estabeleça a identidade de determinado indivíduo, estando este vivo ou cadáver. A identificação pessoal tem grande importância em Medicina Forense, tanto por razões legais, como humanas, e é frequentemente iniciada antes mesmo de se determinar a causa da morte do indivíduo. Esta necessidade está diretamente relacionada ao exercício dos seus direitos e deveres civis de modo a trazer individualização de cada pessoa. Esta necessidade também tem, ainda no contexto das ciências forenses, como um dos principais objetivos aliviar a dor dos familiares e amigos (TORNAVOI, SILVA, 2010; GOMES, 2012; MODESTO, FIGUEIRA JUNIOR, 2014).
Entre os métodos mais comuns que permitem uma identificação humana rápida e segura, encontram-se a análise dos arcos dentais, a datiloscopia e as comparações de DNA. No entanto, em certas ocasiões, a utilização de tais técnicas não é viável, e, então, algumas menos utilizadas, como a queiloscopia e a rugoscopia palatina, que, devido às suas características, podem ser aplicadas com êxito na identificação humana (MODESTO, FIGUEIRA JUNIOR, 2014).
A rugoscopia palatina, em conjunto com a dactiloscopia (estudo dos desenhos das impressões digitais), queiloscopia (estudo do desenho das impressões labiais), quiroscopia (estudo do desenho das palmas das mãos) e pelmatoscopia (estudo do desenho das plantas dos pés) formam a lofoscopia, ciência que estuda os traços de áreas cutâneas específicas (JURADO et al., 2009).
2 RUGOSCOPIA
2.1 CONCEITO
O palato é o limite superior da boca dos animais vertebrados, incluindo os seres humanos. Esta estrutura separa a cavidade oral da cavidade nasal. O palato pode ser dividido em duas partes: a parte óssea anterior que tem o nome de palato duro, e a parte mole posterior, que por sua vez é denominada de palato mole (GRAY, 1988).
Anatomicamente, na observação do palato duro, podem ser identificadas diferentes estruturas: a rafe palatina mediana, central e caracterizada por um sulco antero-posterior; e as rugas palatinas, que derivam transversalmente da rafe palatina mediana e que variam entre três e cinco para cada lado (SHAFER et al., 2009).
As rugas anteriores são geralmente mais pronunciadas que as posteriores, sendo que a última ruga normalmente encontra-se dividida. Cerca de 2/3 das rugas são curvas, enquanto que as restantes são anguladas (PATIL et al., 2008). 
Comprimento, configuração e orientação das rugas variam de forma significativa entre diferentes indivíduos, mesmo entre gêmeos monozigóticos. A rugoscopia palatina é uma técnica que usa a forma, tamanho e posição das rugas de forma a proceder à identificação e individualização (TORNAVOI, SILVA, 2010).
A partir do momento em que são formadas, por volta do terceiro mês de vida intrauterina e apenas alteram o seu tamanho, devido ao normal crescimento e desenvolvimento do palato (VENEGAS et al., 2009). Nem mesmo a utilização do disjuntor palatino no tratamento ortodôntico altera os padrões das rugosidades, mantendo a viabilidade das mesmas como método de identificação humana (TORNAVOI, SILVA, 2010).
2.2 HISTÓRICO
Winslow publicou a primeira referência às rugosidades palatinas (1732), em que abordava informações acerca destas estruturas anatômicas num livro de texto de Anatomia. Mais tarde, as mesmas foram ilustradas por Santorini. 
Em 1955, Lysell sugeriu que as rugas palatinas possuíam características que lhes permitiam ser usadas nos testes de paternidade, porém hoje há consenso que tal constatação carece de mais informação. 
Não há consenso no que diz respeito ao aparecimento da técnica e à introdução da palatoscopia na Ciência Forense. Alguns autores citam Kuppler como o primeiro indivíduo a dedicar-se ao estudo das rugas palatinas no sentido de identificar características anatômicas raciais. Outros afirmam que este método foi sugerido pela primeira vez por Harrison Allen, em 1889 ou por Trobo Hermosa, em 1930 ou 1932. 
Angelis, D. et al. (2011) referem que esta técnica é considerada como um método de identificação fiável desde 1988. Sobre a História das classificações, López de Léon foi o primeiro a desenvolver um sistema de classificação das rugosidades palatinas, a seguir, outras classificações surgiram: Carreaem 1937, Silva em 1938, Martins dos Santos em 1946 e por último, Briñon em 1983.
2.3 CLASSIFICAÇÕES
	
Partindo do princípio que o número, ocorrência e organização das rugas palatinas são específicas para cada espécies dentro dos mamíferos, a principal característica que separa as rugas palatinas humanas das rugosidades dos outros mamíferos é que as humanas são assimétricas.
O primeiro método de classificação a ser referido foi o de Goria (1911), que dividia o padrão das rugas especificando por um lado o número de rugas, por outro a extensão ocupada pelas rugas relativamente aos dentes. Entretanto esse método é rudimentar e existem outros que são mais usados, como:
Classificação de Lysell: Lysell desenvolveu a primeira classificação válida e aceite para os pares de rugas palatinas baseada na forma, comprimento, direção e unificação.
Classificação de Thomas e Kotze (1983): aborda aspetos como o comprimento das rugas, área ocupada pelas mesmas, forma das rugas, entre outros. Segundo esta classificação o investigador deve definir os seguintes parâmetros: Comprimento: segundo Lysell as rugas são classificadas em primária (tipo A e tipo B), secundária e fragmentária. Predomínio: número de rugas de cada categoria, segundo o comprimento apresentado. Área: área ocupada pelas rugas palatinas primárias. Forma das Rugas Primárias: prefere-se usar quatro tipos de formas das rugas, de forma a facilitar o estudo e diminuir os erros (curvas, onduladas, retas e circulares). De uma forma mais específica, as rugas primárias podem ser: anelares, papilares, “crosslink”, ramos, unificadas, quebradas e unidas. Outros aspectos não tão importantes mas que também podem ser definidos pelo investigador são a dimensão do padrão das rugas, o ângulo de divergência e ainda as dimensões do arco dentário e do palato.
 
 Figura 1 – Esquema de Classificação de Thomas e Kotze
Classificação de Carrea (1937): classificou de acordo com a sua direção, dividindo-as em quatro tipos diferentes, sendo eles: Tipo I – ruga palatina com direção postero-anterior; Tipo II – ruga palatina perpendicular à rafe palatina mediana; Tipo III – ruga palatina com direção antero-posterior; Tipo IV – ruga palatina orientada em várias direções. Carrea dividiu a ficha rugoscópica em duas partes (lado direito e esquerdo), separando as rugas que se encontram de cada lado por um traço vertical que representa a rafe palatina mediana.
Figura 2 – Esquema de Classificação de Carrea
Classificação de Martins dos Santos: classificação baseada na posição e forma de cada ruga palatina, nomeando numa primeira fase as rugas existentes, segundo a sua posição: ruga inicial (representada por uma letra maiúscula, é a ruga mais anterior do lado direito da rafe palatina mediana), rugas complementares (representadas por números, são as restantes rugas do lado direito da rafe palatina mediana), ruga subinicial (também representada por uma letra maiúscula, é a ruga mais anterior do lado esquerdo da rafe palatina mediana), rugas subcomplementares (são as restantes rugas que se encontram do lado esquerdo da rafe palatina mediana). 
Figura 3 – Esquema de Classificação de Martins dos Santos
Classificação de López de Léon: defendia a existência de uma ligação entre a personalidade da pessoa e a morfologia das rugas palatinas. Sendo a classificação mais antiga (1924), é rara a sua utilização. Atribuiu letras maiúsculas de forma a definir a personalidade do indivíduos da seguinte forma: B – personalidade biliosa (colérica); N – personalidade nervosa; S – personalidade sanguinária; L – personalidade linfática. López de León também divide as rugas palatinas em simples e compostas. As simples são divididas e numeradas conforme a sua forma (de 1 a 5, respetivamente reta, curva, ângulo, circular e sinuosa). As compostas, como derivavam de duas ou mais rugas simples, eram classificadas combinando a forma das rugas simples que as formavam. Após a atribuição da letra maiúscula e da divisão anterior, designa-se “l” ou “r”, que nos informa acerca da posição da ruga a ser analisada, esquerda e direita. Por último é realizado o rugograma, que neste caso apresenta a forma de fração, em que o numerador é o lado direito e o denominador o esquerdo. À esquerda das iniciais “l” e “r” colocamos a inicial do temperamento e à direita a quantidade de rugas existentes de cada lado.
Classificação de da Silva (1934): divide as rugas palatinas em dois grupos: rugas compostas ou rugas simples. A classificação é realizada através da numeração das rugas de 1 a 6 conforme a sua forma. As rugas compostas são classificadas da seguinte forma: se temos perante nós um palato onde, do lado direito, existem 2 rugas retas, 1 ruga curva, 1 ruga angulosa, 3 rugas circulares, 0 rugas onduladas e 0 rugas punctiformes, a representação seria 2 1 1 3 0 0. O mesmo iria ser realizado para o lado esquerdo. No final ambos os lados serão somados resultando assim numa fórmula final. Esta classificação é de difícil uso.
Classificação de Trobo: divide as rugas palatinas em dois grupos: simples e compostas, mas as compostas são representadas pela letra “X” e as simples com letras maiúsculas de A a F segundo a forma das mesmas. Como particularidades temos o fato do rugograma começar com as rugas mais próximas da rafe palatina mediana (rugas principais), classificadas com uma letra maiúscula. Estas, quando descritas, são separadas por dois pontos. As rugas derivadas são classificadas segundo a mesma correspondência de letras mas escritas em minúsculas. Quando descritas são separadas entre si por um ponto. A análise começa do lado direito, só depois avançando para o esquerdo.
Classificação de Basauri (1961): é a mais aceite por parte da comunidade científica. Começa por classificar a ruga principal (mais anterior) com letras maiúsculas; de seguida através de números classifica as restantes rugas, chamadas de rugas acessórias. O rugograma deve começar do lado direito do palato.
Sistema Cormoy: este sistema não resulta num rugograma, portanto sua viabilidade na gestão e armazenamento está comprometida. Por outro lado é um sistema bastante completo. Classifica as rugas palatinas segundo o seu tamanho em: rugas principais (maiores que 5mm, enumeradas no sentido ântero-posterior); rugas acessórias (entre os 3 e 4mm); rugas fragmentadas (menores que 3 mm). Este sistema considera que: rugas que partilham a mesma origem, rugas interrompidas e a papila incisiva também são descritas, as ramificações são descritas, a forma (seja ela reta, curva ou angulosa), a origem e a direção das rugas também são descritas.
Classificação de Correia: classificação as rugas conforme a sua forma de uma maneira bastante idêntica a Carrea. A grande diferença está na conceção do rugograma, que pode ser assemelhado a uma equação fraccionária, ou seja, o lado esquerdo é o denominador enquanto que o direito é o numerador. As rugas inicial e subinicial, segundo Martins dos Santos, são classificadas com letras, enquanto que as complementares e subcomplementares são classificadas com números.
2.4 TÉCNICA
Existem múltiplas técnicas possíveis para se fazer a análise e registro rugoscópico, são elas: 
Inspeção oral
Consiste no exame direto da cavidade oral, fornecendo todos os dados necessários para o estudo e exame comparativo das rugas palatinas. Trata-se de um método bastante utilizado em virtude da sua simplicidade e baixo custo. Porém, quando utilizado isoladamente é inadequado, devido ao modo de armazenamento de dados, que implica somente na memória do observador junto com anotações, tornando o resultado difícil de ser fiável quando for feita uma possível comparação. 
Fotografias intraorais ou palatofotografia
As fotografias intraorais aparecem como um método também simples e barato que permite ao investigador proceder ao armazenamento da informação para futuras comparações, superando a desvantagem da inspeção sozinha. Assim, este é considerado um método bastante preciso e detalhado. Normalmente são usados espelhos intraorais para o auxíliodo processo, ou seja, coloca-se um espelho na boca aberta, apoiado na arcada inferior, refletindo a imagem do palato, que é fotografado em seguida. Deve-se lembrar que, sendo uma imagem obtida através do espelho, estará invertida
Obtenção de modelos de estudo (em gesso) 
Este método é o de eleição, pois, a partir dele se obtém um modelo das arcadas em 3D, tornando possível observar detalhadamente a fácil e exata reprodução das rugas palatinas num suporte estável e fácil de manipular. Os materiais utilizados devem ser selecionados tendo em consideração dois aspetos: a precisão e a facilidade de manuseamento. Assim, preferencialmente, são usados os elastômeros (e não os hidrocolóides reversíveis), e na ausência destes, pode se utilizar alginato, desde que ocorra a imediata vazagem a gesso do modelo para que não haja deformações. 
Fotografias dos modelos de gesso
Para poder comparar um grupo de rugas com outras é fundamental fotografar os vários modelos. A técnica utilizada consiste no traçado no modelo de gesso das rugas palatinas com recurso a um lápis preto e depois faz-se uma fotografia de forma a que o plano fique perpendicular à papila incisiva. A fotografia a preto-e-branco é mais indicada.
Calcorrugoscopia
Consiste em colocar um papel branco (acetato) com a forma do palato sobre o modelo de estudo e desenhar as rugas a carvão ou lápis, de modo a obter um duplicado das mesmas para que depois possam ser comparadas com dados antemortem ou post-mortem, e para que possam ser classificadas segundo uma das classificações anteriormente referidas. 
Estereoscopia 
Consiste na utilização simultânea de duas fotografias de um mesmo objeto, obtidas utilizando a mesma câmera, de dois pontos de vista diferentes, porém paralelamente. As fotografias são colocadas num estereoscópio, um aparelho que obriga a ver a imagem da direita com o olho direito e a da esquerda com o olho esquerdo, de forma que ao observar ambas as imagens, se elas forem idênticas, formarão uma perspectiva em relevo. Trata-se de uma técnica difícil, já que pequenas variações na obtenção das fotografias podem conduzir a erros importantes, pelo que é necessário desenvolver parâmetros que permitam obter as fotografias segundo padrões definidos. Além disso, é um método caro, devido à necessidade de equipamentos específicos. 
Estereofotogrametria 
Utiliza um aparelho denominado Traster Marker, que permite uma determinação exata do comprimento e posição das rugas palatinas através de medições realizadas em diversas fotografias. Porém, esta técnica possui a desvantagem de ser mais lenta e exigir a utilização de aparelhos específicos e especiais.
2.5 APLICAÇÃO
Rugoscopia pode ser utilizado para: anatomia comparativa, genética e hereditariedade, antropologia, prostodontia, estudos de crescimento e ortodontia e para a Medicina dentaria forense, especialmente nos casos de carbonização e decomposição do cadáver.
No que diz respeito a vítimas queimadas, métodos como o reconhecimento visual, análise de impressões digitais, queiloscopia, entre outros, são ineficazes, devido ao nível de destruição dos corpos. Sendo assim, a identificação dentária e a rugoscopia palatina são métodos relevantes e a considerar. A identificação dentária é o método que proporciona mais confiança e fiabilidade, sendo assim o mais utilizado. A comparação entre dados antemortem e post-mortem permitem ao investigador identificar com precisão cadáveres em mau estado. Para além desta comparação, a identificação dentária pode ser útil no que diz respeito à determinação da idade do indivíduo, caso não existam registos antemortem. Relativamente à palatoscopia é de esperar que não seja um método tão fiável como a identificação dentária, mas não deixa de ser uma possibilidade para o investigador. Para alguns casos específicos, como nos casos de destruição dos dentes remanescentes ou vítimas desdentadas totais, a análise das rugas palatinas pode ser importante para a identificação humana num contexto pericial.	
Foram realizados vários estudos de forma a avaliar os efeitos do calor nas rugas palatinas. Pôde-se concluir que a maior parte das vitimas com queimaduras faciais de terceiro grau mantinham as características iniciais das rugas, e, quando observadas alterações, estas eram menos notórias quando comparadas às alterações sofridas por outras estruturas, como os lábios. A taxa de modificação no padrão das rugas em corpos carbonizados é de 93%. 
	 Em relação ao comportamento das rugosidades palatinas perante o processo de decomposição estas resistem até 7 dias após a morte do indivíduo e após estes 7 dias é de 77%. O processo de decomposição das rugas palatinas começa aproximadamente cinco dias após a morte. Esta característica de resistência post-mortem, seja por cinco ou sete dias, aliada à posição estratégica e conservadora das rugas palatinas na cavidade oral, são essenciais para que possamos afirmar que a rugoscopia palatina tem todas as condições para ser considerada um bom parâmetro de identificação. 
A grande vantagem da palatoscopia em relação a métodos como a queiloscopia é que há a possibilidade de obtenção de registos antemortem que apresentem estabilidade com o decorrer do tempo e que podem ser facilmente catalogados e armazenados.
Na investigação de locais de crime não existem vestígios úteis na identificação rugoscópica para correlação de um indivíduo a determinado local. Outro aspeto a considerar, é a eventual alteração de rugas palatinas como por exemplo a técnica de aumentar as rugas palatinas em próteses totais para melhorar a pronúncia de determinados sons que pode do ponto de vista forense, levar a que se determine uma exclusão dos dados ante mortem registrados incorretamente.
2.6 CASOS CLÍNICOS
UTILIZAÇÃO DA RUGOSCOPIA PALATINA PARA IDENTIFICAÇÃO DE CORPO CARBONIZADO – RELATO DE CASO PERICIAL. 
Application of palatal rugoscopy for the identification of a charred body – forensic case report. 
Selma da Paixão ARGOLLO1 , Beatriz Paixão ARGOLLO2 , Pedro Augusto Nunes de ARGOLLO3 , Jeidson Antônio Moraes MARQUES4
1. Perita Odontolegal do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, Salvador/BA; Especialista em Odontologia Legal pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública-BA, Salvador – BA, Brasil. 2. Acadêmica do curso de Medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública-BA, Salvador – BA, Brasil. 3. Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Salvador – BA, Brasil. 4. Professor Doutor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Feira de Santana – BA, Brasil.
CASO CLÍNICO
Um corpo carbonizado foi encontrado em via pública, sem documentos que indicassem sua identidade e aparentando ser do sexo feminino. O corpo foi encaminhado à Coordenação de Antropologia Forense do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), Salvador (BA), para ser submetido à necropsia e identificação da vítima.
Devido ao estado de carbonização, não foi possível a realização de outros métodos de identificação, no entanto, foi efetuado o exame necroscópico e enucleação apenas da mandíbula para facilitar o registro odontolegal PM que evidenciou a presença de aparelho ortodôntico fixo nos dois arcos dentais, restaurações odontológicas, ausência dos quatro primeiros pré-molares e mucosa palatina preserva, da, especialmente do lado direito – Figura 1
Figura 4 - Vista oclusal dos arcos dentais superior (A) e inferior (B) pós-morte (PM).
Três dias depois, a suposta mãe da vítima foi submetida a uma entrevista visando a coleta de dados médicos e odontolegais que auxiliassem na identificação da desaparecida. Esses dados seriam: 17 anos, 1,70m de altura, era faioderma, fazia tratamento ortodôntico, usava aparelho nos arcos superior e inferior, e em razão do tratamento, havia se submetido a extrações dentais, mas não sabia informar quais unidades foram extraídas.
Foi solicitado, portando, o prontuário ortodôntico datando 4 anos antes do desaparecimento, este continha: uma radiografia panorâmica (Figura 2), duas radiografias periapicaisdos dentes anteriores, dois modelos ortodônticos (Figura 3), três fotografias faciais, três fotografias dos arcos dentais (em vista frontal, lateral direita e lateral esquerda), e um relatório clínico emitido por uma Cirurgiã-dentista.
Figura 5 - Radiografia panorâmica antemortem (AM)
Figura 6 - Comparação direta entre a região palatina AM (A) e PM (B).
Na comparação ante mortem e post mortem foram encontradas similaridades no formato dos dentes remanescentes, presença de restaurações nos dentes 16, 26 e 46, tratamento endodôntico no dente 36, e principalmente no conjunto de rugas palatinas do lado direito (Figuras 3). Segundo a classificação de Carrea (1937), as rugas são do tipo III, dirigidas no sentido distal. E de acordo com a classificação de Santos (1946) , o conjunto de rugas no exame PM era representado pela seguinte fórmula S5021501 (sem denominador, pois as rugas esquerdas estavam com a morfologia alterada.
Utilizando o software Microsoft Power Point®, foi possível delimitar algumas das rugosidades palatinas e ainda realizar a sua sobreposição, demonstrando a coincidência entre os achados rugoscópicos AM e PM (Figuras 4 e 5).
Figura 7 - Delimitação de parte das rugas palatinas AM (A) e PM (B), do lado direito.
Figura 8 - Comparação direta (A - AM e B - PM) e sobreposição (C) da delimitação de parte das rugas palatinas AM e PM, do lado direito.
De acordo com as similaridades encontradas e a ausências de discrepância nos exames realizados, a vítima foi positivamente identificada e o corpo foi entregue aos familiares.
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O CASO
A rugoscopia isolada ou em conjunto com outros métodos aplicados apresentou ser de grande importância na identificação da vítima, tendo como vantagens seu baixo custo, rápida realização e resultado confiável, possibilitando o adequado prosseguimento da investigação criminal.
3 QUEILOSCOPIA
3.1 CONCEITO
Queiloscopia é uma palavra que deriva do grego (cheilos, lábio e skopein, observar) e designa, em um sentido amplo, o estudo das características labiais, como grossura, disposição das comissuras e impressões labiais. Este é importante para a identificação humana devido ao fato das impressões labiais serem capazes de distinguir indivíduos, uma vez que o lábio mucoso encontra-se coberto por pequenos sulcos que mostram diferenças individuais e respondem a uma base genética.
Os sulcos labiais são de natureza permanente e inalterável (diferentemente dos tecidos duros dos dentes), iniciando a sua formação na 6ª semana de vida intrauterina. A partir do momento em que são formadas, as impressões labiais apenas raramente sofrem alterações, resistindo intactas a muitas agressões, designadamente a lesões herpéticas. Essas impressões não se alteram com a idade e apenas as patologias que afetam profundamente o substrato labial, como as queimaduras parecem ser capazes de excluir o estudo queiloscópico como técnica viável na identificação humana. 
3.2 HISTÓRICO
A queiloscopia fora introduzida como técnica de identificação recentemente, pois os primeiros dados datam do século passado.
Em 1902, há, documentado por Fischer, a descrição sobre os sulcos labiais, sem mencionar uso prático para tal. Apenas em 1930, há relato do primeiro uso para estudo em criminologia, com as pesquisas de Diou de Lille. E 1932, Locard, um criminologista, recomenda o estudo das cristas labiais. Também o especialista forense, Snyder, em 1950, após investigação de um homicídio, sugeriu o uso das impressões labiais como método de identificação em seu livro “Investigação de Homicídios”; sendo considerado o pai da Queiloscopia. Na França, este mesmo autor impulsionou a aplicação da Queiloscopia para a identificação e, em um congresso de Medicina Forense realizado em Paris, em 1951, foram propostos métodos de identificação do pessoal militar: a Dactiloscopia, a Rugoscopia, a Odontoscopia e a Queiloscopia (LÓPEZ-PALAFOX, 2001a). 
Santos (1967), do Departamento de Odontologia Forense da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no IV Congresso Internacional de Medicina Forense realizado na cidade de Copenhague, apresentou a primeira classificação de fissuras e sulcos labiais, podendo esta subdivisão ser aplicada para a identificação humana.
Suzuki e Tsuchihashi (1968, 1970, 1975) publicaram diversos estudos sobre fissuras e sulcos labiais, utilizando uma classificação diferente da de Santos, mais simplificada e embasada em seis tipos diferentes de sulcos e estrias labiais e na divisão dos lábios em quatro quadrantes, como na fórmula dentária. Os autores se convenceram que as impressões labiais tinham um real valor identificatório e denominaram a ciência que estudava as impressões labiais como Queiloscopia.
3.3 CLASSIFICAÇÕES
Ao contrário da Dactiloscopia, a Queiloscopia não possui um sistema único de classificação, o que é considerado um problema, como afirma Barros (2006), para padronização das pesquisas e aplicação prática.
Classificação de Santos (1967): Subdivide os sulcos labiais em dois grupos: simples e compostos. Simples são os que têm um só elemento em sua forma, e compostos, os que são formados por duas ou mais formas distintas.
Classificação de Suzuki e Tsuchihashi (1970): Tomam seis elementos como principais, baseados nas diferentes formas e curso dos sulcos nas impressões labiais. A divisão é feita em quatro quadrantes mediante uma linha Y-Y’ que passa pela comissura labial dividindo os lábios em superior e inferior, e outra linha X-X’ perpendicular a este plano médio sagital, dividindo-os em direito e esquerdo.
Classificação de Renaud (1973): Classificou as linhas dos sulcos labiais em dez tipos, sendo os símbolos uma letra, em vez de número. Divide-se o lábio superior e inferior em duas partes, direita e esquerda, assinalando o tipo de linha de sulco que se enquadra. Para o lábio superior utiliza as letras maiúsculas e minúsculas para o lábio inferior.
Classificação de Dominguez, Romero e Capilla (1975): Utilizaram para estudo a classificação de Tsuchihashi, que divide as formas labiais em seis tipos, mas com uma modificação em um referencial por acharem com certa frequência.
Classificação de Afchar-Bayat (1978): Distingue seis grupos, da mesma forma que Suzuki e Tsuchihashi, mas utilizando a nomenclatura: A1, A2, B, C, D, E.
Classificação de Oviedo e Meira (1988): Para os autores, em geral, os caracteres morfológicos dos lábios estão em concordância com o encontrado e manifestado por Santos e por Suzuki e Tsuchihashi. Consideraram, porém, conveniente classificá-los em sulcos ou fissuras superficiais ou profundas, de acordo com o observado nas impressões e nas fotografias.	
3.4 TÉCNICA
Tipos de impressões labiais
Existem três tipos de impressões labiais, as visíveis, latentes e as modeladas.
- Impressões Labiais Visíveis: também designadas de patentes, correspondem às deixadas em algum meio, o que as revela de imediato, à vista desarmada; resultam do contato com sangue, sujidade, tintas, gordura ou outras substâncias similares
- Impressões Labiais Latentes: não são aparentes à vista desarmada; a sua formação decorre da ação das glândulas sebáceas e sudoríparas. Para serem analisadas, as impressões labiais latentes têm que ser tornadas visíveis, por intermédio de um processo designado de revelação
- Impressões Labiais Modeladas: também designadas de impressões impressas ou plásticas, resultam do contato dos lábios com superfícies maleáveis, resultando no aparecimento de uma zona edentada, onde é possível visualizar os sulcos labiais. São exemplos do tipo de materiais onde podem ser encontradas impressões labiais modeladas, o gesso, a argila e a cera.
Análise e Registro das Impressões Labiais
É importante sabermos que não são apenas as impressões labiais visíveis ou as modeladas que constituem uma mais-valia em termos de identificação, já que as impressões latentes podem ser reveladas, fornecendo os elementos necessários para um exame comparativo.
A revelação não constitui uma técnica aplicável apenas aimpressões latentes, sendo que o estudo das impressões visíveis também é beneficiado com a aplicação de reveladores. Uma revelação de qualidade da impressão labial significa que o contorno do lábio e os sulcos labiais devem ser de tal forma que permitam o estudo e classificação pelo examinador.
As impressões encontradas na cena de crime não têm a mesma qualidade que aquelas realizadas no laboratório para comparação. Desde o momento em que uma impressão labial é depositada em um suporte, ela começa a se degradar. A qualidade das impressões labiais depende da composição química do produto que a tenha originado, do suporte sobre a qual se encontra, o tempo transcorrido desde o depósito e as condições ambientais (como a temperatura, a exposição à luz solar e a água, a umidade relativa) em que tenham permanecido, estes últimos são fatores que modificam a natureza física e química das impressões.
Por esse motivo, a escolha do revelador a utilizar em cada situação depende, essencialmente, de três fatores, designadamente da cor do suporte, da natureza do suporte (poroso ou não poroso) e da idade da impressão (o conteúdo lípidico e em água diminui com o passar do tempo).
Basicamente, existem as técnicas físicas e as técnicas químicas, na primeira predomina a ação mecânica (por depósito) e na segunda, a uma reação química ou molecular. Estes dois grupos, no entanto, também se dividem em tratamentos não baseados e baseados em fotoluminescência. Além destas, existem as técnicas biológicas e as técnicas instrumentais. Segundo o estado físico em que se encontram os reveladores no momento de uso têm-se os reveladores em pó, os líquidos e os gasosos.
Reveladores Físicos
A maioria dos reveladores físicos se encontra em forma de pó. O emprego destas substâncias se dá por possuir revelação mais comum, de baixo custo e que obtém resultados rápidos, podendo ser aplicada imediatamente no local de crime
A técnica é o decalque, sendo recomendada para superfícies lisas, não rugosas e não absorventes, que, com certeza possibilitarão o decalque da impressão revelada, o princípio de atuação da técnica do pó é a aderência mecânica entre as partículas do pó utilizado e os diversos compostos da impressão. Quando as impressões são recentes, a água é o principal elemento ao qual o pó adere, quando a impressão não é recente, os compostos oleosos, gordurosos ou sebáceos são os mais relevantes e atuantes.
Importante ressaltar que a aplicação do pó sobre uma superfície tende a sujá-la, contaminá -la, impedindo que as impressões sejam reveladas com outras técnicas. Esta técnica não é sensível a impressões não recentes, por isso o local deve ser minuciosamente estudado quanto ao depósito recente ou não das impressões, escolhendo-se a técnica mais adequada. Exemplos: Pó negro-de-fumo, Carbonato de Chumbo, óxido de titânio, pó de alumínio, revelador de prata.
Reveladores Químicos
Os reveladores do tipo químico são melhores do que os físicos, quando se trata de revelar impressões labiais latentes em superfícies porosas e em impressões antigas. O princípio de funcionamento das técnicas químicas é, basicamente, a reação química de um componente particular com um determinado material, chamado marcador. Dessa reação, resulta uma coloração visível a olho nu ou fluorescente sob a ação de uma radiação eletromagnética definida, a qual possibilita a identificação e a fotografia da impressão.
Exemplos: Nitrato de Prata, Ninidrina, Cianocrilato, violeta de Genciana.
Reveladores Fluorescentes
A utilização de reveladores fluorescentes está particularmente indicada nas circunstâncias em que o local onde está a impressão e o revelador têm a mesma cor ou ainda em impressões antigas. Desenvolve impressões manchadas de sangue, fornecendo um produto altamente fluorescente quando apropriadamente excitado com uma radiação óptica. O resultado pode ser uma coloração magenta (rosa púrpura), porém, é essencial o uso de iluminação, uma vez que a grande maioria das impressões reveladas não é visível sob condições normais
A técnica de estudo das impressões labiais não se resume à sua revelação, preconizando-se que após observação detalhada, com luz branca e fontes de luz alternativas (luz ultravioleta), deve fotografar-se a impressão (antes e depois de revelada), sempre com escala de referência.
Se a impressão a estudar é uma mancha de batom, ainda que 65% da composição dos batons seja comum, a mancha deve ser analisada no sentido de eventualmente se obterem informações sobre o produtor do batom. Caso as impressões se situem em superfícies não porosas, elas podem ser fotografadas e aumentadas; sobreposições transparentes podem ser utilizadas para fazer decalque das impressões e, desta forma, proceder à elaboração da fórmula queiloscópica.
As técnicas descritas prendem-se com a execução de um exame comparativo em que se verifica (ou não) a presença de padrões morfológicos idênticos numa impressão labial e respectivos lábios que as produziram. Assim, a recolha de dados a partir dos lábios pode ser feita através de fotografia direta dos lábios, com ou sem batom, sendo que o batom pode ajudar à melhor visualização dos sulcos labiais. Caso não se utilize batom na fase anterior, a recolha de impressões labiais para o exame comparativo pressupõe a sua aplicação, sendo que as impressões labiais devem ser colhidas até à exaustão do mesmo (ou seja, até que se obtenha uma impressão labial sem batom).
Para além da possibilidade de relacionar a morfologia das impressões labiais com a identidade do indivíduo, têm sido referida a possibilidade de, através do estudo queiloscópico tirar conclusões sobre aspetos gerais da identidade do indivíduo. Em concreto, alguns autores têm sugerido a hipótese de se determinar o género e afinidade populacional de um indivíduo através da sua impressão labial.
3.5 APLICAÇÃO
A queiloscopia pode ser utilizada basicamente na identificação de indivíduos a partir de comparações, e uma base de dados de amostra é interessante, assim como em análises de DNA e balística. Geralmente essa identificação é útil para indivíduos com vida, pois raramente se encontra um registro antemortem de um cadáver para ser comparado, e, além disso, o cadáver tende a sofrer modificações nessa área do corpo rapidamente por conta da localização, que é muito exposta e superficial. 
Pode ser utilizada em casos criminais em caso do autor do crime ter evitado deixar impressões digitais, mas utilizou objetos que se levam à boca; presença de impressões labiais em batom em objetos da cena do crime, sendo até mesmo da vítima, como roupas, copos, garrafas, cigarros, guardanapos de papel, e até mesmo almofadas em caso de sufocações
Porém, alguns autores têm referido a possibilidade, através do estudo queiloscópico, de além da identificação física, tirar conclusões sobre aspectos gerais da identidade do indivíduo. Por exemplo, a determinação de gênero e afinidade populacional, somente através da impressão labial. Isso está sendo estudado com amostras populacionais, e em alguns estudos essas teorias já se confirmam. 
Quanto às limitações, tem-se que as impressões labiais são produzidas por uma porção totalmente móvel do lábio, o que leva à produções e impressões labiais diferentes, variando de acordo com a pressão, direção e método usado na colheita da impressão labial. A quantidade de batom utilizada também pode produzir impressões labiais distintas, por conta disso, a colheita das impressões até a exaustão do material é indicada. 
Um dos problemas ligados à análise queiloscópica é a subjetividade, que pode ocorrer pelo decalque manual das sobreposições, obrigando a que a colheita da informação relativa à impressão e a análise do lábio sejam efetuadas pelo mesmo examinador. 
Outro problema incontornável da análise das impressões labiais é a existência de condições que impossibilitem o estudo queiloscópico, como por exemplo, linfangiomas, fístulas labiais congénitas, síndrome de Merkelson-Rosenthal, sifílis, esclerodermia, entre outras lesões e anomalias.A análise post mortem dos tecidos labiais também deve ser feita com prudência, uma vez que podem ocorrer alterações importantes nas impressões labiais produzidas. 
3.6 CASOS CLÍNICOS
O Dr. Anil Agrawal teve experiências de alguns casos de identificação positiva. Um caso ocorrido durante uma visita ao Japão, um assaltante tinha praticado roubo em uma casa e havia aberto um cofre. Era provável que estivesse tenso durante a operação e por ter a boca seca acabou bebendo água de uma jarra de vidro na mesa de jantar. Por ser um ladrão inteligente, não tocou no vidro com suas mãos descalçadas, utilizou luvas para não deixar impressões digitais. Pensou que nenhuma pista havia deixado na cena de crime, por ter tomado as devidas precauções, mas deixou suas impressões labiais sobre o vidro, sendo estas reveladas e analisadas. Procedeu-se então a análise por comparação das impressões labiais dos cinco suspeitos com a encontrada na cena do crime, sendo realizada a identificação de um deles.
Uma mulher de 24 anos encontrou sua casa totalmente arrombada e com sinais claros de roubo. Junto a um móvel, sua roupa íntima estava espalhada sobre o chão, com impressões labiais marcadas em uma delas. Como resultado da investigação policial, um garoto de 15 anos foi preso. Para sua identificação foram reveladas impressões existentes nas roupas femininas, como camisolas, meias. As marcas dos lábios do suspeito foram remetidas para análise para o Dr. Suzuki, que utilizou técnicas de teste de cor e raios ultravioleta. Foi alegado na conclusão que as impressões labiais obtidas, apesar de parecidas com a estrutura da do suspeito, não eram idênticas a ela. Posteriormente foi comprovado que o irmão do suspeito, um garoto de 13 anos, foi o autor do delito.
4 CONCLUSÃO
	A Queiloscopia e a Rugoscopia são uma importantes técnicas alternativas para identificação humana. Elas podem ser muito úteis aos peritos em geral, especialmente ao perito cirurgião-dentista, em sua prática pericial diária, como uma forma de transferir evidências; fazendo-se boa análise e utilizando a aplicação com a qual mais se tenha habilidade.
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