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CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE Uma visão clássica do Direito pode defender que a validade e a eficácia de uma lei dependem apenas de sua compatibilidade com a Constituição. Porém em uma ordem jurídica globalizada esse é apenas um dos passos para assegurar a validade do Direito Interno. Além de compatíveis com a Constituição as normas devem estar em compatibilidade com os Tratados e Convenções Internacionais. A verificação passa pelo método conhecido como Controle de Convencionalidade. Essa técnica de interpretação teve origem nos Tribunais Internacionais e surgiu da necessidade de fazer com que os Estados cumpram com as suas obrigações assumidas no plano internacional. Ao julgar o caso Almonacid Arellano versus Chile, a Corte Interamericana entendeu que todos os Tribunais internos dos países signatários têm que seguir não só o que dispõe o Pacto São José da Costa Rica, mas também a Jurisprudência da Corte. Assim reconheceu que o controle da correta aplicação das normas de Direitos Humanos não são o monopólio da Corte, mas devem ser exercidos por todos os juízes e tribunais dos países signatários. Para a Corte o momento em que uma Convenção Internacional é ratificada por um Estado ela passa a integrar o ordenamento jurídico, obrigando os juízes a garantir que ela não seja prejudicada pela aplicação de leis internas e mais no julgamento do caso concreto o Poder Judiciário deverá levar em conta não só o que dispõe a convenção internacional, mas também a interpretação da norma dada pela Corte Interamericana. O STF aplicou o Controle de Convencionalidade em 2015, ao conceder a medida cautelar na ADPF n° 347, para dentre outras medidas para determinar a realização das audiências de custódia no prazo de 24 horas a contar da prisão. Nessa oportunidade ficou consagrada a adoção dessa técnica do direito brasileiro para efetividade dos direitos humanos. [1] A DOUTRINA E O CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE Segundo Valério Mazzuoli, controle de convencionalidade está ligado à “compatibilidade vertical das normas do direito interno com as convenções internacionais de direitos humanos em vigor em um determinado país”, sendo a possibilidade de um juízo ou tribunal controlar a convencionalidade, que poderá ser realizada através da via difusa, na qual todo o juiz ou tribunal poderá controla-la, ou pela via concentrada, no qual o controle se concentra em um tribunal apenas (o guardião da constituição, no caso brasileiro, o STF). [3] O Controle de Convencionalidade faz relação aos casos em que as normas legislativas são incompatíveis com os tratados de direitos humanos. Diferente do Controle de Constitucionalidade que visa verificar a validade e eficácia da norma em relação ao texto constitucional, o controle de convencionalidade tem como parâmetro os Tratados que versam sobre direitos humanos, que não podem ser violados e devem ser considerados até mesmo superiores ao ordenamento interno. (Mazzuoli) Assim como o controle de constitucionalidade, o controle de convencionalidade pode ser feito por qualquer juiz ou tribunal (via difusa) ou pelo próprio STF (via concentrado). Bibliografia: [1] e [2] “Direito Internacional Público” MAZZUOLI, 2013, p. 101 a 103. Idem [3] página 411. https://jus.com.br/artigos/39906/o-controle-de-convencionalidade-de-acordo-com-valerio-de-oliveira-mazzuoli https://www.conjur.com.br/2015-abr-10/direitos-fundamentais-controle-convencionalidade-tratados-internacionais [3] https://www2.direito.ufmg.br/revistadocaap/index.php/revista/article/viewFile/305/294
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