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Estado e Serviço Social no Brasil 01

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
Serviço Social 
 
 
 
Estado e Serviço Social no Brasil 
Aula 1 
 
 
Professora Carla Andréia Alves da Silva 
Marcelino 
 
 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
Conversa Inicial 
Olá! Seja bem-vindo à primeira aula da disciplina “Estado e Serviço 
Social no Brasil”, que tem como foco alguns temas oriundos das Ciências 
Políticas. 
Trabalharemos a partir de agora as concepções de Estado e de 
sociedade, que serão a base para os estudos das próximas aulas, quando 
procuraremos entender a formação do Estado Liberal, do Estado de Bem-Estar 
Social e também a formação do Estado no Brasil. 
Primeiramente, faremos aqui uma diferenciação entre a Ciência Política 
e a Sociologia Política e trabalharemos alguns conceitos-chaves em teoria 
política, focando principalmente no Estado e nas relações de poder inerentes a 
ele. 
Para encerrar, trabalharemos de forma bastante pontual três autores que 
podemos considerar terem sido os mais importantes para a formação do 
pensamento e da teoria política moderna, com maior ênfase para Nicolau 
Maquiavel, o qual é considerado um grande clássico das Ciências Políticas por 
sua forma peculiar de analisar o Estado (embora não trate dele diretamente) e 
o exercício do poder de quem está à frente deste Estado. Os outros dois 
autores que trabalharemos serão G. F. Hegel e I. Kant. 
É importante ressaltar que não são apenas esses os autores clássicos 
das Ciências Políticas. É necessário fazer referência também aos chamados 
“contratualistas”, como Locke, Hobbes e Rousseau, que ganharam um 
destaque a mais nesta área e serão estudados na aula 2. 
Antes de começar, acesse o material on-line e confira a videoaula 
introdutória da professora Carla! 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
Contextualizando 
A atualidade de temas tratados nos clássicos das Ciências Políticas é 
latente, em especial dos escritos de Maquiavel, que por vezes parecem ter sido 
produzidos sob inspiração e análise fiel do comportamento de muitos 
governantes que existem em nossos dias, no Brasil e no exterior. 
Para Maquiavel, a política é dotada de uma ética diferente da ética 
chamada por ele de “cristã” e, por isso, para esse autor, muitas vezes é 
necessário que o “príncipe” haja de forma mais rude para atingir um objetivo ou 
proteger o Estado, entendendo essas ações como eticamente justificáveis. 
Para iniciar a discussão a respeito desse assunto, acesse o link a seguir 
e leia a reportagem “Um dia triste para os professores do Paraná”: 
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/um-dia-triste-para-os-professores-do-parana-
506.html 
Acesse o material on-line e confira o vídeo da professora Carla, que 
apresenta a contextualização a partir da reportagem que você leu. 
Pesquise 
Tema 1 – Ciência Política e Teoria Política 
A Ciência Política é um ramo, uma especialidade dentro das chamadas 
Ciências Sociais. Vocês devem estar se perguntando: mas se estamos no 
Bacharelado em Serviço Social, por que estudar sobre conceitos das Ciências 
Sociais? 
Como vocês já devem ter visto, o Serviço Social, apesar de produzir 
conhecimentos próprios da área, não se caracteriza como uma ciência, por isso 
buscamos nossos fundamentos, em especial teórico-metodológicos, nas 
correntes clássicas das Ciências Sociais, tais como a de origem marxista ou a 
positivista, já em desuso na nossa área. 
As Ciências Sociais são as áreas de conhecimento que se dedicam ao 
estudo da gênese, do desenvolvimento e da organização das sociedades. O 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
cientista social: 
 Pesquisa e analisa os fenômenos, as estruturas e as relações existentes 
nas organizações sociais, culturais, econômicas e políticas; 
 Analisa os movimentos e os conflitos sociais, a construção das 
identidades e a formação das opiniões, costumes e hábitos; 
 Investiga as relações entre indivíduos, famílias, grupos e instituições. 
Para dar conta de uma gama tão grande de áreas de estudos, as 
Ciências Sociais se dividem em três grandes áreas, cada uma delas com as 
suas especificidades de estudo e seus métodos de pesquisa e análise 
diferenciados: 
 Sociologia: é o maior dos ramos das Ciências Sociais e se dedica a 
investigar as estruturas e a dinâmica das sociedades, levando sempre 
em conta os processos históricos de transformação das organizações 
sociais. 
 Antropologia: dedica-se ao estudo das diferentes culturas humanas, 
realizando estudos etnográficos, de comportamentos, costumes e 
características comuns a determinados grupos sociais. 
 Ciência Política: é a que nos interessa mais neste momento, pois se 
dedica a analisar os sistemas, as instituições políticas, as políticas 
públicas, a organização da política e o comportamento político. 
Acesse o material on-line e confira a videoula da professora Carla. Ela 
vai estabelecer a diferenciação entre Sociologia Política, Sociologia da Política, 
Filosofia Política e Ciência Política. 
Acesse o link a seguir e confira um interessante texto que traz mais 
informações sobre a definição de Ciência Política: 
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/ciencia-politica.htm 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
5 
A teoria política está dentro da Ciência Política e se dedica a estudar o 
pensamento, a filosofia e a história da construção de conceitos clássicos em 
política, por meio de autores do Século XV até os dos dias atuais. 
Em nosso próximo tema, veremos um pouco sobre os temas centrais em 
teoria da política clássica. 
Tema 2 – Temas Centrais em Teoria da Política Clássica 
Como já dissemos, a Ciência Política se ocupa do estudo das 
instituições, dos sistemas e das organizações políticas, em especial dos 
estudos sobre o Estado. As análises comuns à Ciência Política são 
normalmente pautadas no empirismo, ou seja, na observação científica da 
realidade social. Porém, não é possível fazer uma análise que se diga de fato 
científica sem que tenhamos como base conceitos ou ideias-chaves, que deem 
luz às nossas análises. 
Neste sentido, a teoria política se ocupa da construção de 
conhecimentos e conceitos a partir da filosofia política, a qual tem seu início 
marcado nos primeiros estudos dos filósofos gregos, tais como Platão e 
Aristóteles. Ela ganhou força efetivamente após o Renascimento e o 
movimento Iluminista, no qual se tem os primeiros ensaios de teoria política 
que não perpassavam por questões metafísicas nem pela lógica da moral 
cristã, dando um novo lugar ao estudo da política. 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
6 
Teixeira Junior (2009) explica a diferença do objetivo da política com o 
decorrer do tempo: 
Para os filósofos gregos 
Garantir a justiça para com os cidadãos da 
polis. 
Para Maquiavel e os demais 
autores que o sucederam na 
época moderna (séculos 
XVII, XVIII e início do XIX) 
Estabelecer o papel do Estado e garantir a 
manutenção deste Estado e dos governos. 
Para os autores 
contemporâneos 
Ocupa-se mais do estudo das organizações 
políticas e do comportamento político, 
sendo mais voltada à observação da 
realidade e à coleta de dados, valendo-se 
de registros, questionários e métodos que 
visam construir teses sobre o 
funcionamento das instituições políticas 
atuais. 
Como nosso objetivo neste tema é tratar da teoria política clássica, vale 
elencarmos aqui os principais temas que permearam essas teorias com os 
autores modernos: 
 Constituição e manutenção da ordem pública; Contrato Social; 
 Separação das esferas pública e privada; 
 Divisão entre os poderes. 
Acessando o material on-line você tem acesso à videoaula da professora 
Carla. Ela vai explicitar cada um dos temas centrais em teoria política citados 
acima. Não deixe de conferir! 
Para saber mais sobre as teorias políticas, sugerimos a leitura do artigo 
“Filosofia da Teoria Política: Alguns Momentos”, de José Geraldo Teixeira 
Junior. Acesse o link a seguir e confira: 
http://200.17.141.110/periodicos/cadernos_ufs_filosofia/revistas/ARQ_cadernos
_5/geraldo.pdf 
 
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7 
Tema 3 – Autores Clássicos em Teoria da Política: Maquiavel 
Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi filósofo, político, artista, poeta, 
músico, historiador e diplomata italiano. Nasceu em Florença, local onde viveu 
quase toda a sua vida. 
Antes de falarmos da obra de Maquiavel e de seu significado para a 
teoria e às ciências políticas, é necessário que contextualizemos a sociedade 
em que viveu esse pensador. Ele nasceu num período chamado de 
Renascentismo ou Renascimento, o qual marcou uma grande revolução na 
Europa no campo das artes, das ciências e da filosofia. 
Antes de prosseguir a leitura, acesse o material on-line e confira o vídeo 
da professora Carla, no qual ela explica o que foi o Renascentismo e o 
Absolutismo. 
O período em que Maquiavel viveu foi marcado pelo principado da 
família Médici na região de Florença e da Toscana italiana. Tratava-se de uma 
família muito abastada, patrona das artes e das letras na região, tendo como 
principal expoente Cosimo Médici, um banqueiro que conquistou o poder em 
Florença em meados do século XV. Usando seus recursos para “apadrinhar” a 
classe média florentina e financiar as artes e as ciências, os Médicis ganharam 
poder e apoio e se transformaram numa dinastia que durou quase 300 anos, 
segundo os historiadores. 
Conforme Lopes (2009), ícones da arte renascentista (como Donatello, 
Fra Angelico, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Boticelli e Rafael) e cientistas 
(como Galileu Galilei e Evangelista Torricelli) foram favorecidos pelo mecenato 
dos Médicis em algum momento da vida. Na época, a Itália era aberta e 
republicana, sendo que o governo dos Médicis trabalhou arduamente para ruir 
as instituições republicanas, tornando-se um governo autoritário, muito similar 
ao absolutismo, consolidado anos mais tarde. 
Maquiavel, por suas posições políticas, chegou a ser preso por um dos 
descendentes de Cosimo Médici e, depois de solto, viveu em exílio, tendo 
 
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8 
falecido pobre e sem nenhum cargo político. 
É importante fazer essa contextualização pois ela influenciou muito a 
principal e mais polêmica obra de Maquiavel, a qual se mantém atual se 
analisarmos o modus operandi dos governantes até os dias atuais. Estima-se 
que “O Príncipe” tenha sido escrito por volta de 1513 e sua primeira publicação 
datou de 1532. Para a grande parte dos autores contemporâneos, a obra de 
Maquiavel inaugurou a teoria política moderna ou, ao menos, ficou no limiar 
dela. 
“O Príncipe” inova na área porque foi o primeiro tratado sobre o Estado 
na concepção do termo entendido nos dias de hoje, tratando-o como é de fato 
e não como deveria ser, como faziam alguns autores e filósofos que o 
antecederam. Em seus escritos, a grande inovação fica por conta da defesa de 
que a ética cristã, propagada até então, não deveria ser a orientadora das 
ações do governante, colocando a política, a nosso ver, num campo diferente 
do da religião e da moral cristã. Observe o diagrama abaixo que explica essa 
distinção: 
Ética cristã Ética política 
Salvar a alma e fazer o bem. Salvar a cidade, manter o poder do 
estado e ser mau quando necessário. 
 
Maquiavel chocou o meio em que vivia em seu tempo, principalmente a 
igreja católica. Isso porque em sua obra, como dissemos, o autor descreve, de 
forma muito clara e objetiva, conselhos e orientações para que o príncipe 
mantenha o controle e o poder do Estado. Entre eles os mais famosos são: 
 Se um governante quiser se manter no poder terá que mentir e usar 
“máscaras”; 
 Crueldades são necessárias, mas devem ser “bem usadas”; 
 É melhor ser temido do que ser amado; 
 O mal, quando necessário, deve ser feito de uma só vez e de forma 
 
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9 
irreparável, enquanto o bem deve ser feito aos poucos, para que as 
pessoas não esqueçam dele tão rapidamente. 
 Por essas e outras máximas, o autor chegou a ser intitulado na época 
de “filho do demônio”, sob acusações severas de negar a religião e os seus 
preceitos morais. Por isso a vinculação de seu nome ao termo “maquiavélico”. 
Atenção: o termo “maquiavélico” é de uso coloquial e tem tom 
pejorativo, vinculando alguém àquilo que é mau e cruel. Nas Ciências Sociais, 
quando estamos nos referindo a algo sobre Nicolau Maquiavel e seus 
pensamentos, utilizamos o termo “maquiaveliano”. 
Acesse a Biblioteca Virtual, por meio do Único, e procure pelo livro “O 
Príncipe”, de Nicolau Maquiavel. A leitura dele é muito importante para 
continuidade dos estudos. 
Isaiah Berlin (2002), filósofo contemporâneo, o qual acreditamos ter feito 
a mais completa análise sobre a obra de Maquiavel e sobre seus 
comentaristas, relata que existem cerca de vinte significados diferentes da obra 
desse autor, sendo os mais recorrentes: 
 “O Príncipe” foi uma ode ao absolutismo; 
 A obra teria sido um alerta velado contra o absolutismo; 
 Tinha interesses políticos, já que buscava agradar aos governantes 
europeus; 
 Queria agradar aos Médicis para sair da prisão; 
 Teria escrito o livro como uma sátira, pois o autor não poderia ter 
querido dizer o ele disse literalmente; 
 “O Príncipe” era apenas uma tabulação de tipos de governo e de 
governantes e um manual de diretrizes para se manter no poder. 
 
 
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Autores modernos, importantes no seu tempo, não deixaram de 
comentar a obra do italiano, entre eles Spinoza, Bacon, Hegel e até Marx e 
Engels. 
Sugestão de leitura: “Estudos sobre a humanidade” de Isaiah Berlin 
(São Paulo: Companhia das Letras, 2002). Nas páginas 299 a 348 há um texto 
que trata da originalidade de Maquiavel. 
Ainda segundo Berlin (2002), Maquiavel revoluciona a teoria política 
porque traz algo completamente inédito, diferente do que os demais 
pensadores haviam desenvolvido até então. Diferentemente dos demais 
filósofos, o autor não traz questões relacionadas às leis naturais, tampouco 
elementos da teologia cristã, como pecado, redenção ou salvação. 
Embora muitos digam que Maquiavel negou a religião em sua obra, 
Berlin (2002) afirma que além de não a negar, ele deu a ela uma importância 
fundamental: de manter a coesão e a solidariedade entre os homens, dando 
um valor social à religião. Segundo Berlin (2002, p. 307) “o enfraquecimento 
dos laços religiosos é uma parte da decadência e corrupção gerais; não há 
necessidade de que a religião se baseie em verdade, desde que seja 
socialmente efetiva”. 
Na mesma linha, Berlin (2002) também defende que Maquiavel, como é 
acusado pela grande maioria de seus comentaristas, não separou a ética da 
política ou criou uma política sem ética. Para o autor, Maquiavel apenas se 
pautou pelo fato de que a ética cristã não pode ser orientadora da ação política 
do governante, pois seria incompatível. 
Para Maquiavel, os homens são naturalmente maus, ingratos, volúveis, 
mentirosos, covardes e gananciosos e precisam ser governados para seremcontrolados em seus instintos. Para governá-los com soberania, o príncipe não 
deve ser bom o tempo todo. Ou seja, em uma análise rasa, um príncipe bom 
poderia facilmente ter seu poder tomado pelos homens. Dessa forma, para se 
manter, era necessário também ser mau. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
11 
Explicando o ponto central da obra maquiaveliana, Berlin (2002, p. 314-
315) diz que: 
O que Maquiavel distingue não são valores especificamente morais 
de valores especificamente políticos; o que ele faz não é emancipar a 
política da ética ou da religião [...], o que ele institui tem um impacto 
ainda mais profundo – uma diferenciação entre dois ideais 
incompatíveis de vida e, portanto, duas moralidades. Uma é a 
moralidade pagã: os seus valores são a coragem, o vigor, a fortaleza 
na adversidade, a realização pública, a ordem, a disciplina, a 
felicidade, a força, [...]. Contra esse universo moral [...] coloca-se em 
primeiríssimo lugar a moralidade cristã. Os ideais do cristianismo são 
a caridade, a misericórdia, o sacrifício, o amor, o perdão aos inimigos, 
o desprezo pelos bens desse mundo, a crença na salvação da alma 
individual. 
Assim, ainda utilizando a referência de Berlin (2002), um príncipe teria 
que escolher entre uma das duas moralidades, pois na prática de governo elas 
são incompatíveis. Dessa forma, o príncipe que escolhe a moralidade cristã 
está fadado ao insucesso como governante. Porém, é interessante que seus 
governados pratiquem a ética cristã, pois “escolher uma vida cristã é condenar-
se à impotência política: ser usado e esmagado pelos poderosos” (BERLIN, 
2002, p. 316). 
Desta forma, é importante reforçar que Maquiavel defendia que o 
príncipe precisava ser mau quando necessário, mentir, dissimular e não se 
pautar pelo bem cristão, mas pelo agir bem, ainda que pautado nas regras 
pagãs. Assim, defendemos que Maquiavel não separou a política da ética, mas 
construiu uma ética política, ainda que isso possa ser questionado por muitos 
autores modernos e contemporâneos. 
Esta ética política, seguindo a linha de Berlin (2002), não é oposta à 
ética cristã, mas faz parte de uma senda diferente. Uma coisa é certa para 
Maquiavel: o Estado e a religião são coisas bastante diferentes e estariam em 
paralelo. Aí mora a grande originalidade da obra desse autor. 
Assim, inaugurando uma forma insipiente de enxergar o Estado, 
Maquiavel o traz como um aparato necessário para impor e manter a ordem, 
impedindo a desordem que levaria os homens de volta à barbárie. Para manter 
esse poder, o governante precisa muitas vezes lançar mão de meios nem 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
12 
sempre tidos como “bons” para chegar ao objetivo final: a manutenção do 
poder, do Estado e da ordem. 
Curiosidade: é importante saber que Maquiavel nunca disse a célebre 
frase comumente atribuída a ele: “os fins justificam os meios”. Essa é uma 
afirmação apreendida do conteúdo de sua obra por seus analistas e 
comentaristas, mas o autor de fato jamais usou esta máxima em seus livros. 
Acessando o material on-line você confere a videoaula da professora 
Carla, com mais informações sobre o livro “O Príncipe”. 
Laurentiis e Silva (2011) afirmam que é possível que Maquiavel tenha 
formulado a primeira teoria realista da política, na qual o autor “anunciou o 
reino da ciência moderna, que converte a natureza em matéria, de direito 
plenamente manipulável” (STRAUSS, apud LAURENTIIS E SILVA, 2011, p. 
298). Ele segue afirmando que não se pode julgar sua principal obra, “O 
Príncipe”, como sendo uma obra moral ou imoral, mas que devemos vê-la com 
um livro técnico. 
Os autores acima citados são enfáticos ao afirmar que Maquiavel nos 
deu as bases para a construção da teoria política moderna a partir do momento 
em que criou uma tese contraposta ao humanismo pautado na ética e na 
moral, recorrente até então. Além de não utilizar padrões metafísicos para 
construir a sua teoria política, Maquiavel também não trabalha com parâmetros 
abstratos, o que torna a sua obra inovadora para sua época e sempre atual. 
Assim, para encerrarmos esse tema, reafirmamos a importância de 
Maquiavel para a teoria política moderna e até mesmo para a contemporânea, 
utilizando a afirmação de Laurentiis e Silva (2011, p. 301): 
Esta contraposição aponta para um ponto de inflexão no pensamento 
político: foi justamente a partir da perspectiva crítica e prática 
defendida por esse autor que noções como a unidade do poder 
político e o imperativo da preservação da ordem pública puderam ser 
construídos. 
 
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13 
Tema 4 – Autores Clássicos em Teoria Política: Kant 
Immanuel Kant (1724-1804) é um filósofo prussiano (antiga Prússia, hoje 
incorporada ao território alemão) que se destacou no movimento Iluminista, o 
qual teve como centro a Europa. No Iluminismo, apregoou-se o domínio da 
razão como orientadora da ação humana, em detrimento aos preceitos de 
caráter metafísico, tais como a religião. Foi o período do desenvolvimento e da 
valorização das ciências. 
Neste contexto iluminista, Kant tornou públicas várias obras, entre as 
principais está “Crítica à Razão Prática”, “Crítica à Razão Pura”, “A Paz 
Perpétua” e “Ideia de Uma História Universal”, sendo que sua teoria política fica 
mais explicitada na obra “Fundamentação da Metafísica dos Costumes”, 
publicada pela primeira vez em 1785. 
Kant não chegou a cunhar diretamente uma teoria sobre o Estado ou 
formalizar um conceito sobre ele. É consenso entre grande parte dos 
comentaristas deste filósofo que a concepção de Estado e de seu papel 
passam obrigatoriamente pela compreensão do que era o direito. 
Para esse autor, existiam dois tipos de leis: as da natureza (que versam 
sobre os assuntos da física) e as da liberdade (que tratam da ação livre dos 
homens). Em Kant, a liberdade do homem está na sua ação autônoma, 
totalmente orientada pela razão. Toda sua teoria sobre a moral está pautada 
nesta autonomia humana, neste agir livre de cada homem, no fazer a sua 
vontade orientada racionalmente. 
Nas teses kantianas, a moral não poderia se fundar na fé (religião), na 
natureza ou nas sensações, mas sim na razão humana. Essa moralidade 
também não poderia se fundar no conceito maniqueísta de bem e mal, de que 
o homem deveria agir somente em busca de um suposto “bem”. Assim, o autor 
funda uma nova moralidade e uma nova ética, na qual a ação do homem 
deveria ser pautada exclusivamente pela sua vontade. 
 
 
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14 
Mas como se organizaria o mundo se cada um fizesse exatamente 
aquilo que bem entendesse? 
Para dirimir esta questão, Kant define que o ser humano deve pautar a 
sua vontade no “agir bem”. Para dar esse limite ético à vontade humana, Kant 
cria o seu famoso imperativo categórico: “Age apenas segundo a máxima tal 
que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal” (KANT apud 
SILVA, 2004, s/p). Ou seja, o limite ético para uma ação é que ela possa ser 
generalizada a todos sem causar dano nenhum à sociedade e aos outros 
homens. 
E se nem todos os homens respeitarem o imperativo categórico? 
Se esta moral pautada na vontade não funcionar para todos? 
Para resolver essas questões é que Kant fundamenta o direito, enquanto 
conjunto de leis que exercem uma coerção externa nos homens para garantir o 
exercício das liberdades de todos. Assim, Kant separa o direito da moral. 
Sendo a moral “a lei interna” do homem e o direito o conjunto de leis externas, 
que exercem coerção de fora para dentro. 
De acordo com Scorza (2007), Kant “cria”o seu conceito de direito 
fundamentando-o como sendo o imperativo que permite conciliar a convivência 
entre as vontades livres dos homens: “Kant enuncia, então, um princípio 
universal do direito, afirmando que está conforme o direito qualquer ação que 
possa coexistir com a liberdade de todos, de acordo com uma lei universal” 
(SCORZA, 2007, p. 2). Podemos aduzir que para Kant residia aí o papel do 
Estado, enquanto detentor do domínio de coação e coerção, utilizando-os para 
garantir o exercício dos direitos naturais do homem, sendo a liberdade o maior 
e mais importante deles. 
Assim, o Estado seria o guardião do direito ao exercício das liberdades 
individuais, lançando aí as primeiras “sementes” para constituição do Estado 
Liberal, sobre o qual trataremos nas próximas aulas. 
 
 
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15 
Importante frisar que para Kant, havia o direito privado, que regia as 
relações entre os homens, no âmbito particular, e o direito público, promotor da 
justiça e guardião dos direitos individuais. Neste sentido, Scorza (2007, p. 4) 
nos esclarece: 
O direito público é definido por Kant como um sistema legal de 
caráter geral estabelecido para um pouco ou multiplicidade de povos 
através de uma vontade unificadora representada em uma 
constituição a fim de estabelecer a justiça. O Estado é definido como 
a totalidade de indivíduos sob uma mesma condição civil e legal em 
relação com os membros desta totalidade. 
Para Kant, a forma de Estado mais adequado é o Republicano, pois as 
repúblicas são fundadas no princípio da liberdade dos membros da sociedade 
e garantem igualdade de direitos por meio de vinculação ou dependência de 
uma lei única, que seriam as Constituições de cada Estado ou Nação. 
Kant era veementemente contrário ao absolutismo. Em sua obra 
defendeu um Estado forte, mas com a desconcentração do poder. Neste 
sentido, o autor defende as teses de outro filósofo, o francês Barão de 
Mostesqueiu, o qual em sua obra “Do Espírito das Leis” (1748) desenvolveu a 
tese da separação dos três poderes. 
Neste sentido, para Kant, há uma regra para que o absolutismo fosse 
evitado: o criador das leis não pode ser o mesmo governante que executa as 
leis nem o mesmo que julga aqueles que transgridem as leis. Embora não 
utilize diretamente os termos “Poder Executivo”, “Poder Legislativo” e “Poder 
Judiciário”, é consenso entre os analistas e comentaristas de Kant que era a 
esses três poderes que o autor se referia. 
Certamente as teses kantianas renderiam outras discussões, mas as 
principais concepções do autor utilizadas na teoria política foram expostas 
nesse tema. É importante estabelecer uma comparação entre Maquiavel e Kant 
em relação ao papel do Estado: 
Maquiavel Kant 
Garantir a ordem Garantir o exercício das 
liberdades individuais 
 
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16 
 
Acesse o link a seguir, leia o texto “O Estado na obra de Kant” e 
complemente seus estudos: 
https://jus.com.br/artigos/9580/o-estado-na-obra-de-kant 
Para mais informações sobre as ideias de Immanuel Kant, acesse o 
material on-line e confira a seguir o vídeo da professora Carla. 
Tema 5 – Autores Clássicos em Teoria Política: Hegel 
 George W. F. Hegel (1770-1831), filósofo alemão que também vivenciou 
o período iluminista, deu sua contribuição à teoria política através de sua 
filosofia do direito, contida em especial na obra “Princípios da Filosofia do 
Direito”. É consenso entre os estudiosos da teoria política que a maior inovação 
trazida por Hegel para esta área foi a estruturação do conceito e da ideia de 
sociedade civil. 
Assim, enquanto para outros autores, como Maquiavel e Kant, já 
estudados aqui, havia a esfera particular (da vida privada) e a esfera pública 
(do Estado), para Hegel existiria aí uma terceira esfera: a sociedade civil. 
 Moreira Neto (2010, p. 39-40), ao analisar a sociedade civil em Hegel, 
explica que: 
A estruturação desse mundo tem sua primeira esfera na família, cuja 
função consiste em satisfazer as necessidades primárias [...]. [...] 
quando as vontades particulares não podem mais ser satisfeitas, 
surge a necessidade de passar a viver fora de tal unidade. Dessa 
maneira, surge a esfera denominada sociedade civil (bürgerliche 
Gesellschaft) na qual [...] os indivíduos buscam formas imediatas de 
apropriação para a realização de seus desejos: a posse e a 
propriedade. 
 
Na mesma linha, Silva (2013) explica que para Hegel a ação humana é 
movida por interesses voltados à aquisição de bens específicos. Assim, o 
homem trabalha e produz para obter bens, mas não consegue fazê-lo sozinho, 
já que precisa de pessoas que produzam o que ele quer adquirir e outras que 
aceitem trocar aquilo que é objeto do seu interesse. 
Ainda segundo Silva (2013, p. 55) “a ação que conduz das necessidades 
 
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à sua satisfação gera um fluxo de nexos recíprocos entre os homens e cria um 
nível específico de interação e comunicação: a sociedade civil”. Assim, essa 
busca pela propriedade insere os indivíduos no “corpo social”, por afinidades 
de interesses particulares. Na esfera da sociedade civil os homens são livres 
para se associarem e se unirem sempre em prol de seus interesses 
particulares. 
Para Hegel, o Estado seria a terceira esfera existente, responsável pela 
manutenção de um direito universal de exercício da liberdade e dos interesses 
particulares. 
A essência do Estado moderno consiste na união da universalidade 
com a total liberdade da particularidade e da prosperidade dos 
indivíduos, de modo que, por um lado, o interesse da família e da 
sociedade civil deve ajustar-se ao Estado, mas, por outro, a 
universalidade da finalidade não pode progredir sem o saber e o 
querer da particularidade, que deve conservar o seu direito (HEGEL, 
apud GEORGE, 2016, p. 6). 
Silva (2013), Moreira Neto (2010) e George (2016) concordam que para 
Hegel a sociedade civil contempla a dimensão do social e o Estado a dimensão 
moral, da ética, já que ele é o “Estado de Direito”, o qual exerce a função de 
“mediar as querelas particulares movidas pelos conflitos antagônicos entre os 
interesses materiais que dominam a sociedade civil e superá-los em prol do 
interesse universal” (MOREIRA NETO, 2010, p. 40-41). 
Assim, o Estado seria o Estado da razão, o qual regulamenta e realiza a 
vida ética, garantindo o direito universal de defesa e a organização dos 
interesses particulares. 
Importante frisar que Hegel nega a concepção do Estado como contrato 
(veremos sobre o contratualismo em nossa próxima aula). Segundo George 
(2016), Hegel nega que o Estado seja constituído no contrato das vontades que 
deliberam sobre a melhor condição de se viver em sociedade. O mesmo autor 
afirma que Hegel “não admite a concepção de Estado como associação 
voluntária de indivíduos, fundada no contrato, mas a “unidade orgânica do 
povo” (GEORGE, 2016, p. 8). Ou seja, para Hegel o Estado seria algo natural 
 
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da organização social, formado para garantir o exercício da liberdade. 
Acesse o material on-line e confira o vídeo da professora Carla! Ela vai 
trazer mais informações sobre a sociedade civil e o Estado. 
Acesse também o link a seguir e leia um importante texto complementar, 
intitulado “Estado e Sociedade Civil em Hegel”, de Ricardo George Araujo 
Silva. 
http://www.uvanet.br/helius/index.php/helius/article/view/13 
Trocando Ideias 
Como vimos, um dos mais importantes autores da teoria política, Nicolau 
Maquiavel, despertou ódios e paixões desde que escreveua sua obra “O 
Príncipe”, pois para muitos ele teria construído a ideia de que ética, moral e 
política não podem conviver no mesmo espaço. 
Agora que você sabe um pouco mais sobre a obra desse autor, entre no 
fórum e dê sua opinião sobre as ideias dele. Aproveite e veja o que seus 
colegas têm a dizer! Esse é o momento de compartilhar informações, não deixe 
de participar! 
Na Prática 
Imagine a seguinte situação: um governante dos dias atuais está com 
problemas de caixa em seu Estado devido à redução de receitas e precisa 
reequilibrar as contas públicas para poder seguir governando e cumprindo as 
promessas feitas à população. Para tanto, precisará aumentar a carga de 
impostos, grande parte deles incidindo diretamente no orçamento da 
população, como o IPVA (Imposto sobre a Circulação de Veículo Automotor) e 
o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), o 
qual aumenta os valores de produtos básicos, como alimentos da cesta básica, 
combustíveis e outros itens que impactam diariamente na vida dos cidadãos. 
 Considerando que vários impostos precisam ser reajustados e que, 
possivelmente, haverá um grande levante da população contra as medidas, 
 
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como deveria, segundo Maquiavel, agir esse governante para implantar tais 
medidas? Para responder a essa questão você precisará: 
 Fazer uma leitura crítica da situação relatada; 
 Ler os Capítulos XVII, XVIII e XIX de “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel 
(livro indicado no Tema 3); 
 Descrever, segundo Maquiavel, de que forma o governante deveria 
implantar tais medidas para evitar a sua impopularidade. 
Depois de resolver a questão, confira a seguir o comentário da 
professora Carla: 
Para Maquiavel, o Príncipe deve sempre procurar ser visto como alguém 
piedoso, amável e bondoso. Mas nem sempre isso será possível, pois para 
manter os interesses do Estado muitas vezes é necessário fazer o mal ou ser 
cruel. Maquiavel recomenda que um Príncipe nunca deve permitir ser odiado 
pelos seus governados, mas sim temido. 
Ele deve ser amado e temido, mas quando essas duas coisas não forem 
possíveis, então é melhor ser temido do que ser amado. Nesta linha, o autor 
diz que quando o Príncipe for fazer o bem à população, deve fazê-lo aos 
poucos, em doses suaves, para que os cidadãos estejam sempre lembrando 
da benevolência do governante. Porém, quando for fazer algo ruim ou que será 
mal recebido pela população, o Príncipe deverá fazê-lo de uma vez só e de 
forma rápida, pois segundo Maquiavel os governados tendem a logo esquecer 
o mal feito. 
Neste sentido, o governante de nosso caso estudado deveria fazer um 
grande “pacote” de maldades, aumentar todos os impostos necessários de uma 
única vez, ainda que isso impacte na economia dos cidadãos. Assim, todos 
ficariam revoltados naquele momento, mas logo adequariam seus orçamentos 
à nova carga tributária e seguiriam a vida adiante, “esquecendo” as medidas 
negativas tomadas pelo governante. 
 
 
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Síntese 
Chegamos ao fim de nossa primeira aula! 
Nesse encontro, fizemos uma breve introdução à teoria política, a qual é 
resultado do pensamento de filósofos e políticos modernos e contemporâneos, 
os quais estabeleceram o conceito de alguns pontos-chave, em especial do 
Estado, o qual é um dos principais objetos de estudo das Ciências Políticas. 
Apresentamos, de forma um pouco mais extensa, a obra de Nicolau 
Maquiavel, em especial os preceitos de “O Príncipe”, obra que demarcou o 
limiar da teoria política moderna, inovando ao falar do Estado e da política sem 
correlacioná-los com religião ou com aspectos metafísicos. 
Essa obra é, até os dias atuais, motivo de grande discussão na Filosofia, 
Sociologia, História, Direito e muitas outras áreas do conhecimento que, de 
alguma forma, dedicam-se ao estudo do Estado e das práticas que envolvem a 
manutenção do seu poder e do seu funcionamento. 
Como dito, Maquiavel inova, pois separa a moral e a ética tradicionais 
(cristãs) da política, construindo, na visão de grande parte de seus 
comentaristas, uma nova ética: a ética política, a qual coexiste com a ética 
cristã. 
Por fim, apresentamos também o pensamento de Kant e Hegel sobre o 
Estado e seu papel. Esses dois filósofos viveram e escreveram suas obras no 
contexto do iluminismo, bradando contra o absolutismo e defendendo o 
exercício das liberdades individuais, sendo suas obras e suas teses utilizadas 
até os dias de hoje nos estudos sobre o Estado e o Direito. 
Não finalize seus estudos sem antes acessar o material on-line e conferir 
a videoaula de síntese da professora Carla. 
 
 
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Referências 
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humanidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 
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<http://pt.slideshare.net/ricardogeo11/estado-e-sociedade-civil-em-hegel>. 
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MOREIRA NETO, Estevam A. Sobre a sociedade civil em Hegel, Marx e 
Gramsci. In: IV Simpósio Lutas Sociais na América Latina, 2010, Londrina-PR, 
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2016. 
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<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/ciencia-politica.htm>. Acesso 
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segundo Kant. Disponível em 
<http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=7b1ce3d73b70f1a7>. Acesso 
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Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/9580>. Acesso em: 19 abr. 2016. 
SILVA, Carla A. A. O sentido da reflexão sobre autonomia no serviço social. 
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Sobral-CE, ano 1, n. 1, p. 52-64, jul/dez 2013.

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