Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Economia Organizador: Adrea Itiro São Paulo 2017 DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Economia Ficha catalográfica realizada pela bibliotecária Dalila Tessitore - CRB DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Economia Presidência da Mantenedora Dr. José Fernando Pinto da Costa Reitoria Dr. José Fernando Pinto da Costa Pró-Reitoria de Ensino e Extensão Profa. Carina Maria Alves Cecchi Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Prof. Ismael Giglio Diretoria Acadêmica Profa. Fernanda Cristina Guassu Diretoria Executiva de EaD Profa. Carina Maria Alves Cecchi Coordenação de EaD Juliana Alves Coordenação de Tecnologia Educacional Lusana Caroline Costa de Araújo Veríssimo Autoria Adrea Itiro Analista Editorial EaD Sênior André Luis Dolencsko Analista de Conteúdo EaD Gabriel da Silva Leles Coordenação de Bibliotecas Edilson Teles Gomes Junior Bibliotecária Dalila Tessitore APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Caro (a) Aluno (a), Seja bem-vindo (a) aos estudos de mais uma disciplina fundamental em seu curso. A “Ciência da Escassez”, como é chamada a economia, nos mostra que, no sistema econômico, é necessário fazer escolhas e saber o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir. Mas como saciar os desejos ilimitados de consumo de uma sociedade que tem seus recursos limitados? Lançaremos um olhar para a história, a fim de identificarmos a evolução do pensamento econômico, sobretudo as bases teóricas e todos os conceitos que atualmente os profissionais desta área fazem uso. Aproveite todas as orientações de estudos apresentadas neste material, faça as leituras e pesquisas indicadas e não deixe de esclarecer as suas dúvidas. Por isso, bons estudos! SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ................................................................................ 1 UNIDADE 1: INTRODUÇÃO À ECONOMIA E EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO ............................................................................................................ 4 1. CONCEITOS INICIAIS .......................................................................................................... 4 2. CAPITALISMO, SOCIALISMO E AS HISTÓRIAS DE PRODUÇÃO ........................................... 5 3. FLUXO DA ATIVIDADE ECONÔMICA .................................................................................. 8 4. TEORIA ECONÔMICA ......................................................................................................... 9 5. FASE PRÉ-CIENTÍFICA (DA GRÉCIA ANTIGA ATÉ 1750) .................................................... 11 6. FASE CIENTÍFICA – FISIOCRACIA (SÉCULO XVIII) .............................................................. 12 7. TEORIA CIENTÍFICA: ADAM SMITH (1723-1790) ............................................................. 12 8. TEORIA NEOCLÁSSICA E AS CONTRIBUIÇÕES DE JOHN KEYNES ...................................... 12 UNIDADE 2: INTRODUÇÃO DA MICROECONOMIA E TEORIA DA PRODUÇÃO E DE CUSTOS .................................................................................................................. 15 1. DEMANDA DE MERCADO ................................................................................................ 15 2. OFERTA DE MERCADO ..................................................................................................... 17 3. EQUILÍBRIO DE MERCADO ............................................................................................... 19 4. ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA (EPD) .................................................................... 21 4.1. DEMANDA ELÁSTICA ................................................................................................... 22 4.2. DEMANDA INELÁSTICA ................................................................................................ 22 4.3. DEMANDA DE ELASTICIDADE PREÇO-UNITÁRIA ......................................................... 22 4.4. DISPONIBILIDADE DE BENS SUBSTITUTOS .......................Erro! Indicador não definido. 4.5. ESSENCIALIDADE DO BEM ................................................Erro! Indicador não definido. 4.6. IMPORTÂNCIA DO BEM, QUANTO A SEU GASTO, NO ORÇAMENTO DO CONSUMIDOR Erro! Indicador não definido. 5. TEORIA DA PRODUÇÃO ................................................................................................... 23 5.1. FATOR DE PRODUÇÃO E TIPO DE REMUNERAÇÃO ..................................................... 24 6. TEORIA DE CUSTOS .......................................................................................................... 27 6.1. CUSTOS TOTAIS ........................................................................................................... 27 6.2. CUSTOS DE OPORTUNIDADE E CUSTOS CONTÁVEIS ................................................... 27 6.3. MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS ....................................................................................... 27 7. ESTRUTURAS DE MERCADO ............................................................................................ 29 7.1. MONOPÓLIO ............................................................................................................... 30 7.2. CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA .......................................................................... 31 7.3. OLIGOPÓLIO ................................................................................................................ 32 8. GRAU DE CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA ........................................................................ 33 UNIDADE 3: INTRODUÇÃO A MACROECONOMIA E CONCEITOS DE PNB E PIB .......... 35 1. CONCEITO DE POLÍTICA MACROECONÔMICA ................................................................ 35 1.2. INTRUMENTOS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA..................................................... 36 2. PRODUTO NACIONAL, DESPESA NACIONAL E RENDA NACIONAL .................................. 37 3. IDENTIDADE BÁSICA DAS CONTAS NACIONAIS ............................................................... 39 4. POUPANÇA AGREGADA E INVESTIMENTO AGREGADO .................................................. 43 5. PRODUTO INTERNO BRUTO - PIB .................................................................................... 44 6. PRODUTO NACIONAL BRUTO – PNB ............................................................................... 44 7. SALÁRIO REAL E SALÁRIO NOMINAL ............................................................................... 45 UNIDADE 4: INFLAÇÃO, SISTEMA FINANCEIRO, SETOR EXTERNO E POLÍTICA FISCAL 48 1. INFLAÇÃO ........................................................................................................................ 48 2. MOEDA E SISTEMA FINANCEIRO ..................................................................................... 50 3. CONCEITO DE OFERTA DE MOEDA .................................................................................. 52 4. TAXA DE CÂMBIO ............................................................................................................ 55 5. BALANÇO DE PAGAMENTOS ........................................................................................... 59 6. SETOR PÚBLICO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ....................................................62 7. POLÍTICA FISCAL EXPANSIVA E RECESSIVA ...................................................................... 64 UNIDADE 1: INTRODUÇÃO À ECONOMIA E EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO OBJETIVOS Compreender os conceitos inicias que embasam a economia, tais como capitalismo, socialismo, as teorias de produção e atividade econômica; Analisar as contribuições das fases pré-científica e científica; Compreender as contribuições das teorias científicas e neoclássicas. CONTEÚDOS 1. CONCEITOS INICIAIS “Economia” é uma palavra que origina do grego óikos (casa) e nómos (norma, lei), resultando no termo oikosnomos que pode ser entendido como “administração de uma casa ou do Estado”. Nesse sentido, uma pessoa “econômica” é alguém que sabe cuidar dos recursos financeiros e materiais que possui e de administrá-los com o objetivo de satisfazer suas necessidades. Para responder essa questão, vejamos primeiro qual o conceito de economia. Juntamente com outras áreas do conhecimento, como, por exemplo, o direito, a psicologia e a política, a economia é uma ciência social, pois analisa o funcionamento da sociedade. O que as diferencia é o ponto de vista sob o qual fazem isso. No caso da economia, a preocupação é o comportamento humano no que se refere à produção, troca e consumo de bens e serviços. Uma sociedade, por mais rica que seja, não tem recursos produtivos ou fatores de produção suficientes para satisfazer as infinitas e renovadas aspirações dessa mesma sociedade. Tem-se então, um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessidades ilimitadas. A questão central da economia está na forma de utilizar os recursos produtivos limitados, de forma a atender ao máximo as necessidades humanas ilimitadas. O que, e quanto produzir? Diante da impossibilidade de produzir tudo e em quantidades infinitas, o primeiro problema econômico fundamental é decidir quais bens e serviços serão produzidos e suas respectivas quantidades. Produzir armas e/ou alimentos? Se decidir produzir apenas alimentos, qual a quantidade? Como produzir? Tendo em vista o volume de recursos produtivos e a melhor tecnologia existente no momento, a sociedade deve escolher o método de produção mais eficiente, ou seja, o que apresente o menor custo de produção possível. Produzir utilizando mais mão de obra ou mais máquinas? Para quem produzir? Após se escolher o que e quanto produzir e como produzir, o próximo problema a ser resolvido é decidir como os bens e serviços produzidos serão distribuídos na sociedade. A produção será igualmente distribuída ou quem se beneficiará mais, ou menos? Esses três problemas econômicos fundamentais serão resolvidos de maneiras distintas, tendo em vista o sistema econômico vigente na sociedade em questão. Basicamente, temos dois sistemas econômicos: o sistema econômico capitalista ou economia de mercado e o sistema econômico socialista ou economia centralizada. 2. CAPITALISMO, SOCIALISMO E AS HISTÓRIAS DE PRODUÇÃO Atualmente, a maior parte dos países é capitalista. Suas principais características são: Regido pelas forças de mercado (oferta e demanda); Predomínio da propriedade privada dos fatores de produção. Os três problemas econômicos fundamentais (o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir) são resolvidos predominantemente pelo mecanismo de mercado, ou seja, pela oferta e demanda. A Rússia foi o primeiro país a adotar o socialismo após a Revolução de 1917. Os defensores desse sistema consideravam injusto o capitalismo e que era possível substituí-lo por um modelo diferente. A partir de 1989, com a queda do muro de Berlim, a maior parte dos países socialistas aderiu à economia de mercado. Suas principais características são: Propriedade pública dos fatores de produção; Planejamento econômico. Os três problemas econômicos fundamentais (o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir) são resolvidos por um órgão central de planejamento, a quem cabe elaborar os planos de produção de todos os setores econômicos. A Curva de Possibilidades de Produção (CPP) é um conceito teórico que busca mostrar como a questão da escassez obriga uma sociedade a realizar escolhas entre as alternativas de produção. Imagine uma economia que só produza dois bens, máquinas e alimentos. Supondo- se que estão sendo utilizados todos os fatores de produção disponíveis e a melhor tecnologia disponível, as alternativas de produção seriam: A alternativa A mostra uma situação em que todos os recursos produtivos disponíveis são utilizados apenas na produção de máquinas (25 mil). Se o desejo for produzir 30 toneladas de alimentos (alternativa B), necessariamente a produção de máquinas deverá diminuir para 20 mil, pois agora os recursos produtivos, que antes eram utilizados para se produzir apenas máquinas, serão deslocados para a produção de alimentos também. Assim ocorrerá, sucessivamente, com as demais alternativas até chegarmos ao ponto E, em que produzimos apenas alimentos (70 toneladas) e nada de máquinas. Figura 1: Curva de Possibilidades de Produção Como observamos, devido à escassez de recursos é preciso fazer escolhas. O custo de oportunidade é a expressão utilizada para exprimir os custos no que se refere às alternativas sacrificadas, ou seja, toda vez que fazemos uma escolha, incorremos em um custo de oportunidade. Por exemplo, se você pode ir ao cinema ou assistir ao futebol e optou por ir ao cinema, o custo de oportunidade de ir ao cinema é medido pelo que você deixou de fazer (no caso, assistir ao futebol). Em uma sociedade que produz apenas dois bens (X e Y), o custo de oportunidade é medido a partir do grau de sacrifício de se deixar de produzir parte de um bem X para se produzir mais de outro bem (Y). Analisando a tabela 1, o custo oportunidade de se passar da alternativa B para C é de 5 mil máquinas, ou seja, para aumentar a produção de alimentos em 30 toneladas são sacrificadas (deixadas de produzir) 5 mil máquinas. Do mesmo modo, o custo de oportunidade de se passar da alternativa E para D é de 10 toneladas de alimentos, ou seja, para aumentar a produção de zero para 10 mil máquinas são sacrificadas 10 toneladas de alimentos. O formato côncavo em relação à origem da curva de possibilidades de produção é explicado pelo fato de os custos de oportunidade serem decrescentes, ou seja, acréscimos iguais na produção de um determinado bem resultam em decréscimos cada vez maiores do outro bem. Mas por que esses decréscimos são cada vez maiores? A explicação é de que os recursos utilizados na produção de determinado bem podem não ser tão eficientes quando transferidos para a fabricação de outro bem. Vejamos o caso da mão de obra. Inicialmente, os sacrifícios são menores, pois para aumentarmos a produção de um bem X, transferimos apenas os trabalhadores que não eram tão eficientes na produção do bem Y. Entretanto, com o passar do tempo, as quantidades sacrificadas na produção do bem Y são cada vez maiores, já que deslocaremos trabalhadores menos adaptados à produção do bem X. Um deslocamento da curva de possibilidades de produção para a direita significa um crescimento econômico, ou seja, o país aumentou as quantidades dos dois bens produzidos. Isso ocorre apenas quando há um aumento na quantidade de recursos produtivos e/ou quando ocorre um progresso tecnológico. A curva de possibilidades de produção pode se deslocar também para a esquerda. Isso ocorre apenas quando há uma redução na quantidade de recursos produtivos e/ouquando ocorre um retrocesso tecnológico. Nesse caso, as novas alternativas de produção desse país serão compostas de quantidades menores dos dois bens produzidos. 3. FLUXO DA ATIVIDADE ECONÔMICA A expressão “fluxo circular da atividade econômica” retrata como funciona uma economia de mercado (capitalista) e a forma como os indivíduos interagem nesse sistema, buscando atingir seus objetivos individuais. Considere uma economia livre da interferência do governo e que não mantenha transações com o exterior (economia fechada). As famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às empresas, por meio do mercado de fatores de produção. Por outro lado, as empresas produzem bens e serviços a partir da utilização dos fatores de produção e os fornecem às famílias por meio do mercado de bens e serviços. Essas relações formam o chamado fluxo real da economia. A contrapartida do fluxo real é o fluxo monetário. Esse fluxo mostra a remuneração dos fatores de produção (salários, juros, lucros, aluguéis e royalties) e o pagamento pelos bens e serviços. Os preços e também as quantidades dos bens e serviços são determinadas no mercado, ou seja, pela demanda e oferta. É dessa maneira que o problema econômico “o que e quanto produzir” é solucionado. Do mesmo modo, é o mercado de fatores de produção o responsável pelos seus respectivos preços, que indicarão às empresas como produzir. O problema econômico é equacionado no mercado de fatores de produção. Assim, quanto maior a participação na renda, maior a participação das famílias. Figura 2: Fluxo Circular da Renda (Vasconcellos & Garcia, 2006, p. 4) Para entendermos o funcionamento de uma economia, é importante levar em consideração que os bens podem ser classificados de diversas maneiras. Quando vendidos para consumo ou utilização final, ou seja, já passaram por todos os processos produtivos, são chamados bens finais. As matérias-primas, como o açúcar utilizado por uma fábrica de biscoitos ou o tecido utilizado na indústria têxtil, que ainda sofrerão novas transformações até se tornarem bens finais, são classificados como bens intermediários. Os bens finais, por outro lado, podem ser classificados em bens de capital e bens de consumo. Máquinas e equipamentos utilizados na fabricação de outros bens, mas que não se desgastam totalmente no processo produtivo são denominados bens de capital. O automóvel utilizado pelo taxista na produção do serviço de transporte é um exemplo de bem de capital. No entanto, quando se destina diretamente ao atendimento das necessidades humanas é denominado bem de consumo, e pode ser durável ou não durável. Assim, um automóvel utilizado para satisfazer apenas às necessidades diretas de uma pessoa de se locomover é um bem de consumo durável. Já o açúcar, para o consumo de uma família, é definido como bem de consumo não durável, pois serve apenas para suprir uma necessidade básica do homem de se alimentar. 4. TEORIA ECONÔMICA Antes de prosseguirmos, é essencial compreendermos como a Economia aborda determinados temas. Para Vasconcellos & Garcia (2006), a teoria econômica está dividida em quatro áreas de estudos: Microeconomia, Macroeconomia, Economia Internacional e Desenvolvimento Econômico. Inicialmente precisamos compreender as diferenças entre Microeconomia e Macroeconomia. Microeconomia deriva da palavra grega mikros, que significa “pequeno”. Nesse sentido, analisa o comportamento da economia em detalhes, ou seja, o comportamento dos agentes econômicos individuais (famílias, empresas e governos) e mercados específicos. Por outro lado, macroeconomia deriva da palavra grega makros, que significa “grande”. Analisa o comportamento geral da economia, ou seja, se concentra no panorama geral e desconsidera os pequenos detalhes. Na tabela 3 apresentamos alguns exemplos de análises microeconômicas e macroeconômicas. Basicamente as diferenças estão na abordagem empregada. Nos três exemplos de microeconomia, estamos analisando apenas uma parcela do país (emprego na indústria de refrigerantes; comparação dos juros cobrados em duas modalidades de crédito e a produção apenas de automóveis). Do outro lado, ao analisar o comportamento geral da economia (emprego no Brasil; os juros e a produção no país) estamos realizando uma análise macroeconômica. Tabela 3: Exemplos de Análises Microeconômica Macroeconômica Assim, fica mais fácil entendermos porque muitas vezes ouvimos o governo falar que o em- prego no país aumentou, quando você acaba de ficar desempregado. O que ocorre é que quando o governo fala isso, ele está realizando uma análise macroeconômica e você uma análise microeconômica. Ou seja, no conjunto do país, foram criados mais empregos; contudo, não significa que isso ocorreu em todos os setores do país. Outro aspecto importante é diferenciar a economia positiva da economia normativa. A análise positiva busca explicar os fatos da realidade, já a normativa envolve dizer o que deveria ser. Quando afirmamos “se o preço da carne aumentar, o consumo desse produto diminui” é uma análise positiva, pois não envolve juízo de valor (opinião) e é uma análise do fato em si. Por outro lado, afirmações como “o preço da carne deveria diminuir” é uma análise normativa, visto que envolve juízo de valor e é uma análise do que deveria ser. Segundo Vasconcellos & Garcia (2006, p.10), “a economia é uma ciência social e utiliza fundamentalmente uma análise positiva, que deve explicar os fatos da realidade”. Todavia, como a economia aborda o comportamento humano, ela frequentemente sofre a interferência de novos valores, do que consideramos uma coisa boa ou má. A Economia Internacional, analisa as relações econômicas entre residentes e não residentes de um país. Estas relações econômicas envolvem transações financeiras e transações com bens e serviços onde são abordados os principais aspectos das relações de um país com o resto do mundo. O Desenvolvimento Econômico, preocupa-se essencialmente com a melhoria do padrão de vida de sociedade ao longo do tempo. Nesta área é dado enfoque para as questões estruturais e de longo prazo, como por exemplo: Estratégias de crescimento, progresso tecnológico e infraestrutura. 5. FASE PRÉ-CIENTÍFICA (DA GRÉCIA ANTIGA ATÉ 1750) A fase pré-científica engloba três períodos históricos: Figura 3 - Períodos históricos da fase pré-científica Durante a antiguidade, tanto na Grécia, quanto na Roma Antiga não havia um pensamento econômico estruturado e independente. As discussões econômicas apareciam como coadjuvantes em meio a temas centrais sobre política, filosofia e moral. Na Idade Média, entre os séculos XI e XIV, ocorre a intensificação do comércio entre as várias regiões da Europa. Com o intuito de moralizar os interesses pessoais, a Igreja condenou a cobrança de juros e defendeu o preço justo. O Mercantilismo é o conjunto de práticas econômicas implementadas pelos governos absolutistas entre 1450 e 1750 na Europa, com o objetivo de aumentar a riqueza das nações. Para Vasconcellos e Garcia (2006, p.16), “Apesar de não representar um conjunto técnico homogêneo, o mercantilismo tinha algumas preocupações explicitas sobre a acumulação de riqueza de uma nação.”. Segundo os mercantilistas, a riqueza de um país estava associada ao acúmulo de metais preciosos (ouro e prata). Assim, defendiam a manutenção de saldos positivos no comércio (exportações maiores que as importações) mediante a interferência direta do Estado, estimulando as expor- tações e limitandoao máximo as importações. 6. FASE CIENTÍFICA – FISIOCRACIA (SÉCULO XVIII) A fisiocracia é a escola do pensamento econômico que surgiu na França no século XVIII. Seu principal representante é François Quesnay (1694-1774), que publicou o livro Tableau Economique (Quadro Econômico), em 1758. Diferentemente dos mercantilistas, a fisiocracia entendia que a terra era a única fonte de riqueza de uma nação, e a agricultura, o setor mais importante na economia, ou seja, a indústria e o comércio seriam totalmente dependentes do que a natureza podia oferecer. Os fisiocratas acreditavam na existência de uma ordem natural suprema. Sendo assim, viam como desnecessária qualquer espécie de regulamentação por parte do governo. 7. TEORIA CIENTÍFICA: ADAM SMITH (1723-1790) Adam Smith é considerado o fundador da moderna teoria econômica e o primeiro a elaborar um modelo abstrato completo e relativamente coerente do sistema capitalista (Troster; Mochon, 2003). Sua principal obra é A Riqueza das Nações (1776). Smith acreditava que, em ambiente de livre concorrência, sem a interferência do Estado, uma mão invisível conduziria a economia ao equilíbrio. Ou seja, se todos fossem realmente livres para perseguirem e alcançarem seus próprios interesses, isso resultaria em um benefício para toda a sociedade. Smith defende que a causa da riqueza de uma nação é o trabalho humano. A partir do exemplo de uma fábrica de alfinetes mostra que, quanto maior a especialização do trabalhador, maior a divisão do trabalho e maior o nível de produtividade. 8. TEORIA NEOCLÁSSICA E AS CONTRIBUIÇÕES DE JOHN KEYNES O principal representante da escola neoclássica é Alfred Marshall (1842-1934), que, em 1890, publicou o livro Princípios de Economia. Essa obra serviria como referência até a metade do século XX. Seguindo os preceitos do pensamento clássico de crença na existência das forças de mercado e de um sistema autor regulável, os neoclássicos passariam a se preocupar com questões claramente microeconômicas. Novas teorias envolvendo o comportamento dos consumidores foram desenvolvidas, baseando-se na premissa de que os indivíduos procuram maximizar seus benefícios. Assim, seguindo o raciocínio dos economistas clássicos, concluíam que, se todos os indivíduos agissem dessa maneira, os benefícios para o conjunto da sociedade também seriam maximizados. A Matemática passou a ser utilizada amplamente. Equações algébricas e gráficos tornaram-se instrumentos importantes como expressão das teorias econômicas. Nosso último autor, John Maynard Keynes (1883-1946) é considerado o último grande economista britânico que influenciou diretamente o desenvolvimento da teoria econômica. Sua principal obra foi A Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda (1936). Essa obra é importante não apenas porque trouxe novas explicações para os problemas econômicos, mas, particularmente, em função da maneira distinta de analisar a economia e o papel do Estado na sociedade. Ao contrário dos economistas clássicos que acreditavam na existência de forças de mercado, Keynes defendia que esse equilíbrio automático nem sempre ocorria. Assim, em momentos de crise, o Estado deveria atuar, aumentando os gastos públicos. Keynes defende que em momentos de retração econômica ao aumentar os gastos, o Estado injeta dinheiro na economia que, por sua vez, se multiplica. É o que ficou conhecido como multiplicador de gastos ou multiplicador keynesiano. A ideia básica de Keynes é simples. A fim de manter o pleno emprego na economia, o governo deve gerar déficits orçamentários quando a economia entrar em recessão. A baixa atividade econômica resultaria do fato de o setor privado não estar investindo o suficiente. O pensamento keynesiano influenciou diretamente o governo norte-americano no período da Grande Depressão em 1929. Com o objetivo de tirar a economia da grave crise, o então presidente, Franklin Delano Roosevelt, em 1933, implementou o New Deal (novo acordo). Entre as medidas lançadas no New Deal estava o aumento nos investimentos do governo em obras de infraestrutura. As ideias de Keynes influenciaram fortemente a tomada de decisões de vários governos no mundo, no período da pós-segunda guerra mundial até o início da década de 1970. PESQUISA OBRIGATÓRIA Clique aqui e leia o artigo que complementa os estudos desta unidade a partir do enfoque brasileiro. LEAL, I. Z. C. C.; DE CARVALHO, A. L. B. D. Uma introdução à história econômica. Economia e Sociedade, Campinas, v. 17, n. 3 (34), p. 539-548, dez. 2008. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ecos/v17n3/08.pdf> Acesso em agosto de 2016 PONTOS DE REFLEXÃO REVISÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Nesta unidade compreendemos os conceitos inicias que embasam a economia, tais como capitalismo, socialismo, as teorias de produção e atividade econômica; Analisamos as contribuições das fases pré-científica e científica; Finalizamos com a compreensão das contribuições das teorias científicas e neoclássicas. MANKIW, N.G. Introdução à economia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 4ª Ed. São Paulo: Pioneira, 2003. STIGLITZ, J. E.; WALSH, C. E. Introdução à microeconomia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. TROSTER, R. L.; MOCHON, F. Introdução à economia. São Paulo: Makron Books, 2002. VASCONCELLOS, M. A.S; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2006. No caso de uma sociedade, diante da questão da escassez, é necessário fazer escolhas, dada a escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do homem, originando os problemas econômicos fundamentais: O que, e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? UNIDADE 2: INTRODUÇÃO DA MICROECONOMIA E TEORIA DA PRODUÇÃO E DE CUSTOS OBJETIVOS Compreender os conceitos relacionados à demanda, oferta e equilíbrio de mercado, bem como relacioná-los às teorias de produção e custo; Analisar as estruturas de mercado, tais como monopólio, concorrência pura ou perfeita e oligopólio; Refletir sobre o conceito de grau de concorrência econômica e articulá-lo os estudos abordados. CONTEÚDOS 1. DEMANDA DE MERCADO Você já deve ter escutado frases do tipo “a procura por passagens aéreas está muito alta”. Mesmo aquelas pessoas que nunca estudaram economia entendem que estamos nos referindo ao comportamento do consumidor. Do ponto de vista teórico, “a demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo.” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006, p. 38). Contudo, a escolha do consumidor pode sofrer a influência de apenas uma das variáveis em determinado momento. Mas como podemos ter certeza disso? Com o objetivo de analisar o impacto de cada uma dessas variáveis isoladamente, utilizamos a hipótese do coeteris paribus (tudo o mais permanece constante). Segundo a Lei Geral da Demanda, “Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade demandada e o preço do bem, coeteris paribus” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006, p. 38). Isso quer dizer que a cada preço menor a quantidade demandada aumenta, e a cada preço maior, a quantidade demandada diminui, supondo-se que todas as outras variáveis não se alterem. A tabela mais a frente representa uma escala de demanda, que mostra as várias alternativas de preços de um bem e suas respectivas quantidades demandadas, coeteris paribus.De acordo com a lei geral da demanda, se, ao preço de R$ 1,00, os consumidores desejam adquirir 11.000 unidades de um bem qualquer, a um preço maior de R$ 3,00 a quantidade demandada diminui para 9.000 unidades e assim por diante. Além disso, se ao preço de R$ 10,00 os consumidores desejam adquirir 2.000 unidades, a um preço menor de R$ 8,00 a quantidade demandada aumenta para 4.000 unidades. Assim, variações na quantidade demandada de um determinado bem, decorrem de variações no preço do próprio bem, coeteris paribus. Graficamente, representam movimentos ao longo da curva. Tabela: Escala de Demanda (Vasconcellos & Garcia, 2006, p.39) Podemos também representar graficamente a curva de demanda (ver figura 3.1). No eixo vertical, estão inseridas as alternativas de preços e, no eixo horizontal, as quantidades demandadas. A curva de demanda é inclinada negativamente, o que demonstra a relação inversamente proporcional entre o preço e a quantidade demandada. Curva de Demanda Você já pensou por que a curva de demanda é inclinada negativamente? A explicação é resultado da combinação do efeito substituição e do efeito renda. Por exemplo, suponha a demanda por Coca-Cola: EFEITO SUBSTITUIÇÃO Refrigerantes são bens substitutos na demanda. Se o preço do Refrigerante A subir demasiadamente, os consumidores passarão a demandar o Refrigerante B, reduzindo assim sua demanda por Coca-Cola, coeteris paribus; EFEITO RENDA Se aumentar o preço do Refrigerante A, tudo o mais constante (renda do consumidor e preço de outros bens permanecem estáveis), o consumidor perde poder aquisitivo e a demanda por esse produto diminui, embora seu salário monetário não tenha sofrido nenhuma alteração. Quando toda a curva de demanda se desloca? Quando quaisquer umas das variáveis que afetam a demanda desse bem (preço dos outros bens, renda do consumidor, gostos e preferências do consumidor, entre outros), com exceção do preço do próprio bem, sofrerem alterações. Quando toda a curva de demanda se desloca? Quando quaisquer umas das variáveis que afetam a demanda desse bem (preço dos outros bens, renda do consumidor, gostos e preferências do consumidor, entre outros), com exceção do preço do próprio bem, sofrerem alterações. 2. OFERTA DE MERCADO “A oferta pode ser definida como as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo. ” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006, p. 42). Assim, a tomada de decisão do empresário em ofertar, é mais ou menos diretamente influenciada por essas variáveis, seja por uma isoladamente, ou por mais simultaneamente. Com o objetivo de analisar, como de fato cada uma das variáveis afeta a oferta, usamos também a hipótese do coeteris paribus (tudo o mais permanece constante). A lei geral da oferta afirma que “há uma relação diretamente proporcional entre a quantidade ofertada e o preço do bem, coeteris paribus. ” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006, p. 42). Significa que a cada preço maior de um bem, a quantidade que os produtores desejam oferecer aumenta também. Por outro lado, a cada preço menor a quantidade ofertada diminui. Em ambos os casos se supõe que todas as outras variáveis não se alterem. A tabela a seguir representa as várias alternativas de preços e as respectivas quantidades que os produtores desejam oferecer. Ao preço de R$ 1,00 a unidade, os produtores desejam ofertar 1.000 unidades de um bem. A um preço maior de R$ 3,00 a quantidade ofertada aumenta para 3.000 unidades e assim por diante. Observando a escala, verificamos que está de acordo com a lei geral da oferta, pois a relação entre preço e quantidade caminha no mesmo sentido. Tabela: Escala de Oferta (Vasconcellos & Garcia, 2006, p. 43) Figura: Curva de Oferta (Vasconcellos & Garcia, 2006, p.43) Um preço maior aumenta a quantidade ofertada, não apenas porque estimula os produtores já estabelecidos no ramo, como também porque provoca a entrada de novas empresas. Quando o preço diminui, a relação direta com a quantidade ofertada caminha no mesmo sentido, ou melhor, o preço diminui e a quantidade ofertada também diminui. Nesse caso, isso decorre do fato de que as empresas serão deslocadas para a produção de outros bens cujos preços não se alteraram. Em todos esses casos, estamos supondo que todas as outras variáveis permanecem constantes. Assim, variações na quantidade ofertada de um determinado bem decorrem de variações no preço desse bem. Variações na oferta de um determinado bem decorrem de variações em quaisquer umas das variáveis que afetam a oferta desse bem (preço dos outros bens, preço/custo dos fatores de produção, mudanças na tecnologia, mudanças climáticas), com exceção do preço do próprio bem. Graficamente, representam deslocamentos de toda a curva de oferta. 3. EQUILÍBRIO DE MERCADO Em um mercado altamente competitivo, formado por bens totalmente idênticos, o preço é determinado pela interação da demanda e oferta. Na tabela a seguir temos as quantidades demandadas e ofertadas, a cada preço, e as situações de mercado de um bem qualquer. A representação gráfica aparece na figura a seguir. Tabela: Demanda e Oferta (Vasconcellos & Garcia, 2006, p. 45) Nesse tipo de mercado há uma tendência natural ao equilíbrio de mercado. Veremos agora como isso funciona! Na tabela anterior, existe apenas um único preço (R$ 6,00) em que as quantidades demandadas e ofertadas são iguais (6.000 unidades). A esse preço, dizemos que o mercado está em equilíbrio. Na intersecção das curvas de oferta e demanda (ponto E), teremos o preço e a quantidade de equilíbrio, isto é, o preço e a quantidade que atendem às aspirações dos consumidores e produtores simultaneamente. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006, p. 45). Figura: Equilíbrio de Mercado (Vasconcellos & Garcia, 2006, p.45) Se a quantidade demandada for maior do que a do equilíbrio, teremos uma “escassez da mercadoria”. Ocorrerá uma competição entre consumidores, uma vez que as quantidades demandadas serão maiores do que as ofertadas. Nessa situação, muitos consumidores estarão dispostos a pagar um preço mais elevado pelo produto e os preços de fato se elevarão. Com o aumento do preço, a quantidade demandada diminuirá, pois, alguns consumidores desistirão de adquirir o produto. Por outro lado, em resposta ao aumento dos preços, os produtores elevam a produção, aumentando a quantidade ofertada. Portanto, a tendência é a diferença entre as quantidades demandadas e ofertadas reduzindo-se cada vez mais, a cada elevação do preço da mercadoria, chegando finalmente ao ponto de equilíbrio. Se a quantidade ofertada for maior do que a do equilíbrio, teremos um “excesso de produção da mercadoria”. Esse acúmulo de estoque de mercadorias provocará um aumento na concorrência entre os produtores que reduzirão o preço buscando eliminar o estoque. Com a redução do preço, a quantidade demandada aumentará e a quantidade ofertada diminuirá. Assim sendo, a tendência é a diferença entre as quantidades demandadas e ofertadas reduzindo-se, cada vez mais, a cada redução do preço da mercadoria, chegando finalmente ao ponto de equilíbrio. Veremos mais adiante que em setores com pouca ou nenhuma competição o equilíbrio não é atingido. 4. ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA (EPD) No decorrer do curso, aprendemos que existe uma relação inversamente proporcional entre os preços de um bem e as quantidades demandadas, coeteris paribus. Assim, seja para um carro popular quanto para um carro de luxo, se opreço diminui a quantidade demandada aumenta e se o preço aumenta a quantidade demandada diminui. A elasticidade-preço da demanda é o conceito teórico que busca responder a essa questão. Matematicamente, podemos representar da seguinte maneira: Dependendo do bem, as quantidades demandadas podem aumentar ou reduzir em proporção maior, menor ou igual à variação dos preços. Portanto, a elasticidade-preço da demanda é classificada como demanda-elástica, demanda inelástica ou demanda preço- unitária. 4.1. DEMANDA ELÁSTICA Uma variação percentual no preço (∆%P) provoca uma variação na quantidade de- mandada (∆%Qd) relativamente maior, coeteris paribus. Assim, dizemos que a quantidade demandada do bem é muito sensível as variações de seu preço. Em módulo a |Epd| > 1. 4.2. DEMANDA INELÁSTICA Uma variação percentual no preço (∆%P) provoca uma variação na quantidade de- mandada (∆%Qd) relativamente menor, coeteris paribus. Dizemos, então, que a quantidade demandada do bem é pouco sensível a variações de seu preço. Em módulo a |Epd| < 1. 4.3. DEMANDA DE ELASTICIDADE PREÇO-UNITÁRIA Uma variação percentual no preço (∆%P) provoca uma variação na quantidade de- mandada (∆%Qd) da mesma magnitude, porém, em sentido inverso, coeteris paribus. Em módulo a |Epd| = 1. Por exemplo: Caso uma empresa queira aumentar sua receita total o que ela deverá fazer com os preços dos seus produtos? Aumenta ou diminui? Dependerá da reação dos consumidores, isto é, do grau de elasticidade-preço da demanda do bem. • Bem de Demanda Elástica: • Bem de Demanda Inelástica: • Bem de Elasticidade Preço Unitário: Em um bem que apresenta a demanda elástica, como o carro popular, qualquer aumento no preço provoca uma redução proporcionalmente maior na quantidade demandada. Desse modo, a receita total tende a diminuir. Já para o carro de luxo, um aumento no preço provoca uma redução proporcionalmente menor na quantidade demandada. Por ser voltada a um público de alta renda, uma variação no seu preço compromete muito pouco a procura por esse produto. Assim, a receita total aumenta. 5. TEORIA DA PRODUÇÃO Esse processo pode, contudo, ser realizado de maneiras diferentes dependendo da combinação de fatores que a empresa utilizar. Quando são empregados mais mão-de-obra, dizemos que é um método de produção intensivo em trabalho. Quando empregamos mais máquinas e equipamentos temos um método de produção intensivo em capital. No cotidiano, cada vez mais, observamos as transformações ocorridas nos métodos produtivos das empresas, cada vez mais intensivos em capital/tecnologia. Tomemos como exemplo os bancos. É nítido que, com o passar do tempo, os bancos estão aumentando seus investimentos em tecnologia mediante o uso de mais equipamentos. Como o empresário escolhe qual método de produção deverá utilizar? Logicamente essa decisão passa pelos custos menores que veremos mais adiante. A função de produção é, no entanto, uma ferramenta importante. A função produção indica a quantidade máxima que se pode obter de um produto, por unidade de tempo, a partir da utilização de determinada quantidade de fatores de produção e mediante a escolha do processo de produção mais adequado. Onde: q = quantidade produzida do bem em determinado período de tempo. x1, x2, x3, ... , xn = quantidades utilizadas de cada fator de produção em determinado período de tempo. Para efeitos didáticos, a função de produção costuma ser representada resumidamente: Onde: N = quantidade utilizada de mão-de-obra K = quantidade utilizada de capital No processo produtivo, as empresas dispõem de uma série de fatores de produção, classificados em fatores de produção variáveis e fatores de produção fixos. Os fatores de produção variáveis são aqueles cujas quantidades variam quando o volume de produção varia. Mão-de-obra e matérias-primas são exemplos, pois conforme aumenta ou diminui a quantidade produzida, o volume produzido também varia. Os fatores de produção fixos são aqueles cujas quantidades não variam quando o produto varia. As instalações da empresa, no curto prazo, são fatores de produção fixos, tendo em vista que as quantidades variam apenas em longo prazo. 5.1. FATOR DE PRODUÇÃO E TIPO DE REMUNERAÇÃO Os fatores de produção chamados recursos de produção da economia, são constituídos pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia. A cada fator de produção corresponde uma remuneração ao seu proprietário, conforme quadro abaixo: Tabela: Fator de redução e tipo de remuneração O curto prazo é o horizonte de tempo em que pelo menos um fator de produção é fixo, já o longo prazo é o horizonte de tempo em que todos os fatores de produção são variáveis. Suponha uma siderúrgica que produz aço e utilize basicamente três fatores de produção: No curto prazo, a siderúrgica só pode aumentar sua produção aumentando a quantidade de mão-de-obra e minério de ferro. No longo prazo, é possível aumentar a produção aumentando a quantidade de todos os fatores de produção, inclusive o tamanho da siderúrgica. Se dezoito meses é o tempo necessário para aumentar o tamanho da siderúrgica, dezoito meses é o curto prazo e, mais que isso, o longo prazo dessa siderúrgica. O curto e o longo prazo de cada empresa dependem do grau de complexidade de seu processo de produção. Setores que apresentam um grau de complexidade maior têm um curto prazo maior do que de outros setores. Comparando uma padaria a uma siderúrgica, o curto prazo da siderúrgica é maior, pois, para ampliar as suas instalações, é necessário um tempo maior do que para uma padaria. Suponha que, no curto prazo, a quantidade produzida dependa somente de uma variação da quantidade utilizada do fator variável, isto é, depende de uma variação da quantidade de mão-de-obra. A tabela abaixo mostra o que ocorreria. Produto total: mede a quantidade produzida. Produtividade média do trabalho: mede o quanto, em média, cada trabalhador produz. Produtividade marginal do trabalho: mede o quanto a produção total varia cada vez que se acrescente mais um trabalhador na produção. Na tabela anterior, por que em determinado momento a cada trabalhador adicionado, a produção para de aumentar e, mais adiante, a produção decai? Porque chega um instante em que o espaço físico se torna pequeno em relação ao número de trabalhadores. A lei dos rendi- mentos decrescentes explica isso. E no longo prazo, por que isso não ocorre? Porque todos os fatores de produção são variáveis. A quantidade produzida depende, portanto, da variação da quantidade utilizada de todos os fatores de produção, isto é, de uma variação da quantidade de mão-de-obra e de capital. 6. TEORIA DE CUSTOS 6.1. CUSTOS TOTAIS O Custo Total (CT) de produção é dado pela soma do Custo Fixo Total (CFT) e o Custo Variável Total (CVT). O Custo Variável Total representa a parcela dos custos totais que depende da produção e por isso muda com a variação do volume de produção. A folha de pagamentos do pessoal está ligada diretamente à produção, e os gastos com matérias-primas, normalmente, são os principais itens desse custo. O Custo Fixo Total é a parcela dos custos totais que independe da produção e, por isso, não muda com a variação do volume de produção. O aluguel da fábrica e osgastos com o pessoal da parte administrativa representam os itens do custo fixo. 6.2. CUSTOS DE OPORTUNIDADE E CUSTOS CONTÁVEIS Os custos contábeis são aqueles que exigem um desembolso monetário (custos explícitos). Por exemplo, o gasto com o aluguel da sede da empresa. Os custos de oportunidade são os custos relativos aos insumos pertencentes à empresa e que não envolvem desembolso monetário (custos implícitos). Imagine o caso de uma firma que não tem o custo contábil do aluguel já que o prédio é próprio. Apesar de não desembolsar nenhum valor, o proprietário está deixando de receber uma quantia. Assim, o custo de oportunidade é o que ganharia se alugasse o imóvel e utilizasse o valor correspondente ao do prédio em outra aplicação no mercado financeiro. 6.3. MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS Segundo a Teoria Microeconômica Tradicional, o objetivo de qualquer empresa é a maximização de lucros. Assim, o Lucro Total (LT) é dado pela diferença entre as receitas das vendas da empresa (RT) e seus custos totais de produção (CT). Com o objetivo de maximizar seus lucros, a empresa escolherá o nível de produção para o qual a diferença entre receita total e custo total seja a maior possível. Afinal, quando a empresa maximiza seu lucro? Isso ocorre quando a receita marginal (RMg) é maior do que o custo marginal (CMg), quando este é crescente. Receita Marginal (RMg): é o acréscimo da receita total da empresa quando esse vende uma unidade adicional do seu produto. Custo Marginal (CMg): é o acréscimo do custo total da produção da empresa quando esse produz uma unidade adicional do seu produto. Vejamos então o que acontece: Rmg = Cmg (quando o Cmg é decrescente) ► empresa deve continuar a produzir, pois cada unidade adicional fabricada aumenta ainda mais seus lucros, já que sua Rmg é maior que o Cmg. RMg > CMg ► empresa deve continuar a produzir, pois cada unidade adicional fabricada aumenta seus lucros, já que sua Rmg é maior que o Cmg. RMg < CMg ► empresa deve reduzir a produção, pois cada unidade adicional que deixa de ser fabricada aumenta seus lucros, já que seu Cmg é maior que a Rmg. De acordo com a tabela 4.2, a empresa maximizará seu lucro quando o nível de produção for igual a 8 unidades. Ou seja, quando a receita marginal for igual ao custo marginal e o lucro máximo for de R$ 5,00. Mas por que o lucro máximo não ocorre quando a produção for de 1 unidade? Por- que, apesar de o custo marginal ser realmente igual à receita marginal, nesse caso, o custo marginal é ainda decrescente. 7. ESTRUTURAS DE MERCADO Cada mercado apresenta características diferentes que afetam não só os produtores como também os consumidores. Basicamente podemos classificar os mercados de bens e serviços em: monopólio, concorrência perfeita, concorrência monopolista e oligopólio. Entretanto, quais são as características que os diferenciam? O número de empresas que compõem o mercado, o tipo do produto fabricado (produtos homogêneos, idênticos ou diferencia- dos) e se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. 7.1. MONOPÓLIO O que caracteriza um monopólio é a existência de uma única empresa que domina todo o mercado, sendo que o produto não tem substitutos próximos. A presença de apenas uma empresa ocorre, pois existem barreiras à entrada de novas firmas. Mesmo que outras empresas almejem participar desse mercado, as dificuldades serão tão grandes que isso não ocorrerá. As principais barreiras são a proteção de patentes, o controle sobre o fornecimento de matérias-primas básicas, a exigência de um elevado nível de capital e a existência de monopólio puro ou natural. Um exemplo de proteção de patentes está presente na criação de um novo medicamento. Quando um laboratório farmacêutico desenvolve um remédio novo, ele o registra em seu nome com o objetivo de evitar que outros se beneficiem de sua criação. Assim, por lei, se outro fabricante quiser produzi-lo terá que pagar por isso. Quando uma única empresa tem acesso à principal matéria-prima utilizada no desenvolvi- mento de um produto, isso se torna também uma barreira à entrada de novas firmas. Nos Estados Unidos, há muito tempo, a Alcoa, uma das maiores fabricantes de alumínio do mundo, foi acusada pelo governo de ser monopolista por controlar praticamente toda a reserva de bauxita do país. O monopólio puro ou natural ocorre quando pelas próprias características do empreendimento, é mais barato ter uma única empresa do que ter duas ou várias outras. Por que a SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) é a única empresa a oferecer o serviço de água encanada em São Paulo? A resposta é que os custos fixos dos encanamentos seriam tão elevados que não compensariam os investimentos, dado que cada empresa deverá construir os seus próprios encanamentos com o objetivo de oferecer os seus serviços. A falta de concorrência permite que, mesmo no longo prazo, a empresa monopolista mantenha os seus lucros extraordinários. Por outro lado, em um mercado altamente concorrencial, se um setor apresenta lucros muito altos, isso tende a atrair a entrada de novas empresas o que reduz os lucros no longo prazo. PESQUISA OBRIGATÓRIA 7.2. CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA Em uma concorrência pura ou perfeita há um número muito grande de empresas no setor, sendo que nenhuma delas tem o poder de alterar o funcionamento desse segmento. Isso decorre do fato de os produtos oferecidos por participante serem idênticos. Nesse tipo de estrutura, não há barreiras à entrada de novas empresas no mercado, o que faz com que no longo prazo os lucros extraordinários desapareçam. Diferentemente de um mono- pólio, em um setor altamente concorrencial, ao apresentar lucros muito altos tende a atrair novas empresas o que, no longo prazo, reduz os lucros. Qual o setor no país que apresenta todas essas características? Concluiremos que nenhum, pois os bens tendem a se diferenciar de algum modo. O mercado de pizzarias na cidade de São Paulo é composto por inúmeros estabelecimentos comerciais. Contudo não podemos afirmar que se trata de uma concorrência pura ou perfeita, visto que mesmo uma pizza de mozzarella nem sempre é igual. Mas por quê? A diferenciação aparece na qualidade da matéria- Clique aqui e leia o artigo que faz uma discussão sobre a realidade das empresas de pequeno porte com relação às disputas pelo monopólio GUERRA, O.; TEIXEIRA, F. A sobrevivência das pequenas empresas no desenvolvimento capitalista. Rev. Econ. Polit. vol.30 no.1 São Paulo Mar. 2010. Disponível em <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-31572010000100008> Acesso em agosto de 2016 prima, na localização do empreendimento, no atendimento, na qualificação do profissional entre outros. Assim a concorrência pura ou perfeita é uma estrutura de mercado irreal, que não existe de fato. O setor que mais se aproxima é o de hortifrutigranjeiros, no qual os produtos tendem a ser mais parecidos. Em um mercado de concorrência monopolista temos um grande número de firmas, assim como em uma concorrência pura ou perfeita. No entanto, em um mercado de concorrência monopolista, cada empresa fabrica um produto diferenciado, mas com substitutos próximos. Por conta da diferenciação do produto, cada empresa tem certo poder sobre os preços cobrados. Isso torna esse tipo de mercado mais realista que o de concorrência perfeita que tem os produtos completamente idênticos. A concorrência dessa estrutura de mercado surge também em função da não existência de barreirasà entrada de novas firmas, o que, no longo prazo, faz com que os lucros extraordinários desapareçam. Dessa maneira, no mundo real, os mercados altamente concorrenciais tendem a ser exemplos de mercados de concorrência monopolista. 7.3. OLIGOPÓLIO Essa estrutura de mercado é um meio termo entre um monopólio e um setor de concorrência. No oligopólio, pode existir um pequeno ou um grande número de empresas, mas o que o caracteriza é que apenas um pequeno número delas domina o setor. Mas o quanto seria um pequeno número? Não há um número exato. Podemos medir isso, por exemplo, pela participação de cada empresa no volume total de vendas do setor. Quanto ao produto oferecido pelas empresas, em um oligopólio, podemos ter tanto bens idênticos quanto diferenciados. Na maior parte dos casos, os bens são diferenciados. O controle do setor, por parte de um número reduzido de empresas, é consequência também da ocorrência de barreiras à entrada de novas firmas no segmento em questão. No longo prazo permanecem os lucros extraordinários, porém menores do que em um setor monopolista, no qual o grau de concentração é máximo. No oligopólio, a concorrência entre as empresas aparece via preços ou promoções. Entretanto, pelo fato de serem poucas que dominam o setor, muitas vezes se juntam e combinam os preços a serem cobrados, e a participação de cada empresa no mercado. Essa prática é chamada cartel. Na maioria dos países, incluindo o Brasil, o cartel é proibido por lei, pois fere a lei da concorrência, não oferecendo ao consumidor o direito de escolher livremente o que deseja. Atualmente o cartel mais famoso é a OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo), cujos integrantes são os principais países produtores e exportadores de petróleo do mundo, tais como a Venezuela, Arábia Saudita, Nigéria. 8. GRAU DE CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA Podemos medir o grau de concentração de um determinado setor por meio da participação do valor do faturamento das quatro maiores empresas de cada ramo de atividade sobre o total faturado no ramo respectivo. O índice varia de 0% a 100%. Quanto mais próximo de 100%, maior é o grau de concentração desse mercado e quanto mais próximo de 0%, menor é o grau de concentração. No Brasil, o CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico), órgão ligado ao Ministério da Justiça, é o responsável por fiscalizar as empresas e assim não permitir que as mesmas abusem economicamente. Esse controle ocorre, entre outras maneiras, analisando os casos de fusões. PONTOS DE REFLEXÃO REVISÃO Nesta unidade compreendemos os conceitos relacionados à demanda, oferta e equilíbrio de mercado, bem como relacioná-los às teorias de produção e custo; Analisamos as estruturas de mercado, tais como monopólio, concorrência pura ou perfeita e oligopólio; Finalizamos com a reflexão sobre o conceito de grau de concorrência econômica e articulamos aos estudos abordados. Com base nos conceitos estudados nesta unidade, defina o que é o que é o curto e o longo prazo de uma empresa? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MANKIW, N.G. Introdução à economia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 4ª Ed. São Paulo: Pioneira, 2003. STIGLITZ, J. E.; WALSH, C. E. Introdução à microeconomia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. TROSTER, R. L.; MOCHON, F. Introdução à economia. São Paulo: Makron Books, 2002. VASCONCELLOS, M. A.S; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2006. UNIDADE 3: INTRODUÇÃO A MACROECONOMIA E CONCEITOS DE PNB E PIB OBJETIVOS Compreender o conceito de política macroeconômica, bem como as suas terminalidades tais como produto nacional, despesa nacional e renda nacional; Estudar os conceitos de identidade básica, poupança agregada, investimento agregado e relacioná-los à temática; Compreender os conceitos de produto interno bruto e produto nacional bruto, além de relacioná-los ao salário real e ao salário nominal. CONTEÚDOS 1. CONCEITO DE POLÍTICA MACROECONÔMICA A Macroeconomia, diferentemente da Microeconomia, estuda a economia em sua totalidade. Na verdade, oferece uma visão global da economia de um país. Da mesma maneira que a política microeconômica está associada a medidas que afetarão apenas determinados segmentos, a política macroeconômica engloba um conjunto de medidas implantadas pelo governo que, de alguma maneira, afetará a economia como um todo. Basicamente são quatro os objetivos de uma política macroeconômica: Alto nível de emprego; Estabilidade de preços (inflação baixa e estável); Distribuição socialmente justa da renda; Crescimento econômico. Um dos grandes problemas enfrentados pelos governantes é que, apesar desses objetivos, estarem diretamente interligados, por outro lado, são conflitantes. Isso ocorre porque, em muitos casos, o custo de se alcançar um objetivo é o agravamento de outro. Veremos mais adiante que o Plano Real (julho de 1994) conseguiu a estabilidade de preços, mas à custa de um aumento do desemprego. No período de 1968-1973, denominado “Milagre Econômico”, o Brasil presenciou uma época sem precedentes de alto crescimento econômico; todavia, o efeito colateral foi a piora na distribuição de renda do país. Para atingir os objetivos almejados, o governo dispõe de uma série de ferramentas, os instrumentos de política macroeconômica: política fiscal, política monetária, política cambial, política comercial e política de rendas. Ao longo do curso, analisaremos cada um deles com maiores detalhes. Com o objetivo de acompanhar a situação econômica de um país e, consequentemente, implementar as políticas macroeconômicas, cada país conta com uma série de indicadores. No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é o órgão oficial do governo brasileiro responsável por essa mensuração e acompanhamento. 1.2. INTRUMENTOS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva e as despesas planejadas com o objetivo de permitir que a economia opere no pleno emprego, com baixas taxas de inflação, com distribuição de renda justa e crescimento sustentável e contínuo. Os principais instrumentos utilizados pelo Governo para atingir tais objetivos são: POLÍTICA FISCAL Refere-se a todos os instrumentos de que o governo dispõe para arrecadar tributos (política tributária) e controlar suas despesas (política de gastos). A política tributária é utilizada para estimular ou inibir os gastos de consumo do setor privado. Por exemplo, quando o Governo tem interesse em inibir os gastos do setor privado, ele pode aumentar os tributos, fazendo com que tenhamos menos dinheiro em circulação na sociedade em virtude desses pagamentos e inibindo o consumo. Caso o Governo tenha interesse em aumentar os gastos do setor privado, ele poderá realizar o processo inverso, reduzindo os tributos. Em consequência, sobrará mais dinheiro para o setor privado que elevará o consumo e aumentará seus gastos. POLÍTICA MONETÁRIA Refere-se à atuação do Governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos existentes na economia. Emissões; Reservas compulsórias; Open market; Redescontos; Regulamentação sobre crédito e taxa de juros. Assim, se, por exemplo, o objetivo do Governo for o controle da inflação, a medida adequada é reduzir o volume monetário da economia, reduzindoa quantidade de dinheiro disponível na sociedade. Para isso, pode-se, por exemplo, aumentar a taxa de juros, aumentar as reservas compulsórias, entre outros instrumentos. No entanto, se o objetivo for aumentar o volume monetário da economia, pode-se reduzir a taxa de juros e a taxa de compulsório. POLÍTICA CAMBIAL São políticas que atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia. A política cambial refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. As autoridades monetárias podem fixar a taxa de câmbio (regime de taxas fixas de câmbio) ou permitir que ela seja flexível e determinada pelo mercado de divisas (regime de taxas flutuantes de câmbio). POLÍTICA DE RENDAS A política de rendas refere-se à intervenção direta do governo na formação de renda (salários, aluguéis), com o controle e congelamento de preços. Alguns tipos de controle exercidos pelas autoridades econômicas podem ser considerados dentro do âmbito das políticas monetária, fiscal ou cambial. Por exemplo, o controle de taxas de juros e da taxa de câmbio. Entretanto, os controles sobre preços e salários situam-se em categoria própria de política econômica. A característica especial é que, nesses controles, os preços são congelados e os agentes econômicos não podem responder às influências econômicas normais do mercado. 2. PRODUTO NACIONAL, DESPESA NACIONAL E RENDA NACIONAL O produto nacional é o “valor de todos os bens e serviços finais, medidos a preços de mercado, produzidos em dado período de tempo” (VASCONCELLOS & GARCIA, 2006, p.126). Onde: p = preço unitário dos bens e serviços finais; q = quantidades produzidas dos bens e serviços. PN = ∑ pi .qi Exemplo: Suponha um país que produza apenas sacas de café, fogões, bilhetes de metrô e consultas médicas no ano de 2008. O produto nacional desse país será resultado da somatória dos preços multiplicados pelas consecutivas quantidades produzidas de cada bem ou serviço em 2008. Portanto, conforme a tabela abaixo, o Produto Nacional desse país imaginário é de R$ 11.605,00. Bens e Serviços Preço (p) Quantidade (q) Preço x Quantidade Sacas de café 200,00 15 3.000,00 Fogões 400,00 20 8.000,00 Bilhetes de metrô 2,10 50 105,00 Consultas médicas 100,00 5 500,00 Produto Nacional ( ∑ ) 11.605,00 Um aspecto importante é que, no produto nacional, não podemos contabilizar os bens intermediários (matéria-prima), pois eles já estão embutidos nos preços dos bens e serviços finais (produtos acabados). A despesa nacional é o “gasto dos agentes econômicos com o produto nacional no período.” (VASCONCELLOS & GARCIA, 2006, p. 127). Quem são os agentes econômicos? São as famílias, as empresas, o governo e os demais países. O produto nacional de um país é comprado por quem? Pelas famílias, ao consumirem os bens e serviços finais, as empresas ao investirem, pelo governo, ao aumentar os gastos públicos e pelos outros países, ao comprarem nossas mercadorias (exportações). Como a despesa nacional é apenas os gastos com o produto nacional deduzimos as importações. PN = ∑ pi .qi = p sacas de café . q sacas + p fogões . q fogões+ ... + p bilhetes de metrô . q bilhetes + p consultas médicas . q Onde: C= consumo das famílias; I= investimento das empresas; G= gastos do governo; X= exportações; M= importações; (X-M) = despesas líquidas do setor externo. A renda nacional é “a soma dos rendimentos pagos aos fatores de produção no período” (VASCONCELLOS & GARCIA, 2006, p. 127). RN = w + j + l Onde: w= salários; j= juros; a= aluguéis; l= lucros. 3. IDENTIDADE BÁSICA DAS CONTAS NACIONAIS Ao acessarmos o site do IBGE (www.ibge.gov.br) verificamos que há uma identidade entre o produto nacional, a despesa nacional e a renda nacional para cada período. Ou seja: PN=DN=RN Onde: Ótica da Produção → PN (Produto Nacional); Ótica da Despesa → DN (Despesa Nacional); Ótica da Renda → RN (Renda Nacional). Na tabela logo mais abaixo, temos o exemplo de uma economia formada apenas por famílias e três empresas, sem a participação do Estado e do resto do mundo (economia fechada). A empresa A é uma fazenda, produtora de trigo e, por hipótese, não tem gastos com bens intermediários. A empresa B, um moinho, que fabrica farinha de trigo e adquire toda a produção de trigo da fazenda. A empresa C, uma padaria, compra toda a produção de farinha de trigo do moinho e a vende aos consumidores finais. A empresa A, que produz trigo, não tem gastos com matérias-primas por hipótese e as únicas despesas são os gastos com os salários, os juros, os aluguéis e os lucros. Esse último item é classificado como despesa, já que, do ponto de vista econômico, o lucro é a remuneração da capacidade empresarial. A receita da empresa A resulta da venda de toda a produção para o moinho (empresa B). A empresa B, um moinho que produz farinha de trigo, tem como despesas o dinheiro gasto com a compra de matéria-prima (o trigo), da fazenda e os gastos com salários, juros, lucros e aluguéis. Do lado das receitas, temos o total das vendas da farinha de trigo para a padaria. A empresa C, a padaria, tem como despesas o gasto com a farinha de trigo e os salários, lucros, juros e aluguéis. A receita é formada pelo valor das vendas de pães adquiridos pelos consumidores. Mas qual é o valor do produto nacional, da despesa nacional e da renda nacional? Como vimos, segundo a identidade básica das contas nacionais, o valor dos três indicadores devem ser iguais. O valor do produto nacional é resultado do total de bens e serviços finais produzidos. Qual é o bem final desse país? É o pão e, portanto, o produto nacional é R$ 390,00. E a despesa nacional? O único item de despesa é o gasto dos consumidores que é R$ 390,00 também. Por último, a renda nacional é a soma de salários, juros, lucros e aluguéis pagos pelas três empresas. Assim, o valor da renda nacional é de R$ 390,00. PN = DN = RN = 390 Despesas Receitas Salários 80 Vendas de trigo para a empresa B 140 Juros 30 Aluguéis 20 Lucros 10 Total 140 Total 140 Tabela - Exemplo de uma Economia a Dois Setores: famílias e empresas. Empresa A (Produção de trigo em $). Fonte: Adaptado de Vasconcellos & Garcia (2006, p.128-129). Despesas Receitas Compra de trigo da empresa A 140 Vendas de farinha de trigo para a empresa C 245 Salários 50 Juros 10 Aluguéis 15 Lucros 30 105 Total 245 Total 245 Tabela - Empresa B (Produção de farinha de trigo em $). Fonte: elaborado pela autora baseado em Vasconcellos & Garcia (2006, p.128-129). Despesas Receitas Compra de farinha Vendas de pães para os de Trigo da empresa B 245 consumidores finais 390 Salários 60 Juros 20 Aluguéis 30 Lucros 35 145 Total 390 Total 390 Tabela - Empresa C (Produção de pães em $). Fonte: Adaptado de Vasconcellos & Garcia (2006, p.128-129). No mundo real, o governo calcula o produto nacional, por meio do que denominamos valor adicionado, ou seja, a diferença entre o faturamento e o custo dos bens intermediários em cada estágio de produção. Estágio de Produção Vendas no Período Custo dos Bens Intermediários Valor Adicionado Produção de Trigo 140 0 140 Produção de Farinha 245 140 105 Produção de Pão 390 245 145 Total 390 Tabela: Exemplode Valor Adicionado. Fonte: Adaptado de Vasconcellos & Garcia (2006, p.128). Valor Adicionado = Faturamento - Custos dos bens intermediários Na tabela acima, calculamos o valor adicionado em cada etapa de produção com base no exemplo anterior. Observe que o produto nacional é igual a R$ 390,00, ou seja, a soma do valor adicionado nos três estágios de produção. Estágio de Produção Vendas no Período Custo dos Bens Intermediários Valor Adicionado Produção de Trigo 140 0 140 Produção de Farinha 245 140 105 Produção de Pão 390 245 145 Total 390 Tabela -: Exemplo de Valor Adicionado. Fonte: Adaptado de Vasconcellos & Garcia (2006, p.128). PESQUISA OBRIGATÓRIA 4. POUPANÇA AGREGADA E INVESTIMENTO AGREGADO A poupança agregada é a “parcela da Renda Nacional (RN) que não é Consumida (C) no período” (VASCONCELLOS & GARCIA, 2006, p. 129). S = RN - C O investimento agregado é o gasto com bens que foram produzidos, mas não foram consumidos no período e que aumentam a capacidade produtiva da economia nos períodos seguintes (VASCONCELLOS & GARCIA, 2006, p. 130). Assim, o investimento representa não apenas o investimento em bens de capital (máquinas e equipamentos), mas também a variação de estoques. Segundo Vasconcellos & Garcia (2006) não são computados como investimentos econômicos a compra de ações, por exemplo, pois é uma mera transferência financeira, não aumentando a capacidade de produção. Cabe notar que o “investir em ações” não é investimento para a economia, mas é considerado quando a empresa emissora de ações compra bens de capital com esse dinheiro. A aquisição de bens usados também não é investimento econômico, pois significa que alguém “desinvestiu” e já foi computado como investimento anteriormente. Clique aqui e leia o artigo que complementa os estudos sobre o conceito de macraeconomia a partir da inclusão do enfoque estruturalista PEREIRA, L. C. B.; GALA, P. Macroeconomia estruturalista do desenvolvimento. Rev. Econ. Polit. vol.30 no.4 São Paulo Out./Dec. 2010. Disponível em <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-31572010000400007> Acesso em agosto de 2016 5. PRODUTO INTERNO BRUTO - PIB Outro conceito importante é o PIB per capita, que mede o quanto em média cada habitante teria, se a distribuição de renda fosse total- mente igual. O cálculo do PIB per capita é resultante da divisão do PIB total pelo total de habitantes do país. 6. PRODUTO NACIONAL BRUTO – PNB O Produto Nacional Bruto (PNB) é a “renda que efetivamente pertence aos residentes do país” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006, p.135). Vejamos o exemplo da Nintendo que é uma empresa japonesa. Se instalar uma fábrica na China, o valor de toda a produção dessa fábrica será contabilizado no PIB da China, pois foi produzida dentro dos limites territoriais chineses. No entanto, a parcela dos lucros obtida na China pela Nintendo será contabilizada no PNB japonês, pois essa renda pertence efetivamente ao Japão. Suponha um pequeno país que produza apenas bananas. Nesse caso, para calcularmos o PIB desse país, basta multiplicar o preço de cada dúzia da banana pela quantidade produzida, respectivamente, em cada ano. ANO PREÇO (P) QUANTIDADE (Q) EM DÚZIAS PIB = PREÇO X QUANTIDADE 2000 2,00 200 400,00 2001 4,00 200 800,00 Tabela : Exemplo de Cálculo do PIB Nominal. O valor do PIB em 2001 é maior que em 2000. Podemos afirmar realmente que o país cresceu, ou seja, aumentou sua produção de bananas de um ano para outro? Não, porque a tabela acima mostra o PIB nominal, no qual não é descontada a inflação. Analisando a tabela, verificamos que o país não cresceu, pois apesar do valor do PIB ter aumentado, isso ocorreu em função da inflação (preço da banana ter dobrado de R$ 2,00 para R$ 4,00), já que a quantidade produzida se manteve em 200 dúzias. Assim, se calcularmos o PIB real, descontando a inflação, veremos que o PIB não se alterou. PIB per capita = PIB total nº de habitantes O PIB nominal é medido a preços correntes, do próprio ano (sem descontar a inflação no período). O PIB real é medido a preços constantes de um dado ano qualquer, chamado ano base. Os preços ficam fixados nesse ano, como se a inflação a partir de então fosse zero. Dessa maneira, podemos medir o crescimento real, da produção física (quantidade produzida), livre do efeito da inflação. Para transformar o PIB nominal em real é necessário deflacioná-lo, ou seja, extrair o crescimento da inflação no período. Para isso, utilizamos um índice geral de preços que represente esse crescimento da inflação. Podemos fazer isso também com salários, faturamentos das empresas entre outros. Ano PIB Nominal em bilhões de R$ Índice de Preços PIB Real (ano- base 2000) em bilhões de R$ 2000 800 100 800 2001 880 110 800 Tabela - Exemplo de Cálculo do PIB Nominal Apesar de o PIB nominal ter aumentado entre os dois anos, quando calculamos o PIB real (livrando-o do efeito da inflação), verificamos que o crescimento real (quantidade produzida) foi zero. 7. SALÁRIO REAL E SALÁRIO NOMINAL Enquanto o salário nominal mostra a quantidade de dinheiro recebida, o salário real mede o poder aquisitivo, ou seja, a quantidade de bens e serviços que se pode adquirir. PIB real = PIB nominal x 100 Índice geral de preços PIB real 2001 = PIB nominal 2001 x 100 Índice geral de preços 2001 PIB real 2001 = 880 x 100 110 Meses (1) Salário Nominal (R$) (2) Índice de preços (3) Salário real (R$) Janeiro 2005 500 100 500,0 Janeiro 2006 508 102 498,0 Na tabela acima a quantidade de dinheiro recebida aumentou em 1,6% passando de R$ 500,00 para R$ 508,00 (salário nominal). No entanto, a taxa de inflação no período foi de 2% (índice de preços passou de 100 para 102). Portanto, o salário real passou de R$ 500,00 para R$ 498,00, o que significa que, apesar de estar recebendo maior quantidade de dinheiro, houve uma redução do poder de compra do salário. PONTOS DE REFLEXÃO Salário real 2006 = Salário nominal 2006 x 100 Índice geral de preços 2006 Salário real 2006 = 508 x 100 102 Com base nos conceitos estudados nesta unidade, elabore uma dissertação e resposta a seguinte pergunta: o que o governo busca atingir quando implementa um conjunto de políticas macroeconômicas? REVISÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Nesta unidade compreendemos o conceito de política macroeconômica, bem como as suas terminalidades tais como produto nacional, despesa nacional e renda nacional; Estudamos os conceitos de identidade básica, poupança agregada, investimento agregado e relacioná-los à temática; Finalizamos com a compreensão dos conceitos de produto interno bruto e produto nacional bruto, além de relacioná-los ao salário real e ao salário nominal. MANKIW, N.G. Introdução à economia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 4ª Ed. São Paulo: Pioneira, 2003. STIGLITZ, J. E.; WALSH, C. E. Introdução à microeconomia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. TROSTER, R. L.; MOCHON, F. Introdução à economia. São Paulo: Makron Books, 2002. VASCONCELLOS, M. A.S; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2006.
Compartilhar