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ENP 701 – ENGENHARIA DE PROCESSOS MECÂNICOS Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Produção USINAGEM USINAGEM Usinagem é um processo onde a peça é obtida através da retirada de cavacos (aparas de metal) de uma peça bruta, através de ferramentas adequadas. A usinagem confere à peça uma precisão dimensional e um acabamento superficial que não podem ser obtidos por nenhum outro processo de fabricação. É por este motivo que a maioria das peças, mesmo quando obtidas através de outros processos, recebe seu formato final através de usinagem. 3 Prof. Fernando Penteado. A USINAGEM NO CONTEXTO DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO Prof. Fernando Penteado. Uma pequena história da Usinagem A Pré-História compreende o período que vai desde o surgimento do homem até o aparecimento da escrita, sendo subdividida em: -Idade da Pedra Lascada (Paleolítico- machado de pedra lascada) -Idade da Pedra Polida (Neolítico- foice de osso). -Idade dos Metais (pontas de armas). Observe que a usinagem evoluiu juntamente com o homem, sendo usada como parâmetro de subdivisão de um período. Prof. Fernando Penteado. A Usinagem na Pré-História • Surge o Princípio da Fabricação. No Período Paleolítico, as facas, pontas de lanças e machados eram fabricados com lascas de grandes pedras. • No Período Neolítico, os artefatos eram obtidos com o desgaste e polimento da pedra (Princípio da Retificação). A Usinagem na Pré-História • Surge o Conhecimento de Novos Materiais. O Homem passa a usar metais na fabricação de ferramentas e armas no fim da pré-história. • Os primeiros metais a serem conhecidos foram o cobre e o ouro, e , em escala menor, o estanho. O ferro foi o último metal que o homem passou a utilizar na fabricação de seus instrumentos. A Evolução da Usinagem • A Evolução da Ferramenta Com a pancada de uma cunha manual surgiu o cinzel, movimentando esta ferramenta para frente e para trás, aplicando-se pressão surgiu a serra Dispositivo da era Neolítica usado no corte de pedras Prof. Fernando Penteado. Um grande avanço nesse período foi a transformação do movimento de translação em movimento de rotação (com sentido de rotação invertido a cada ciclo). Este princípio foi aplicado em um dispositivo denominado Furação de Corda Puxada A Evolução da Usinagem • As primeiras formas usadas para motorizar máquinas foi a roda d’água. • No século XVIII surgem as máquinas movidas a vapor (energia esta transmitida através da oficina por meio de eixos, correias e roldanas). • Finalmente, no fim do século XIX, o vapor seria substituído pela energia elétrica. Foi após esta inovação que apareceram as máquinas modernas de usinagem, responsáveis em grande parte pelo crescimento da indústria de produtos de consumo. A Evolução da Usinagem • Na obtenção de peças pela retirada de cavacos verificamos que cada material tem um comportamento diferente. • Enquanto uns podem ser trabalhados facilmente, outros apresentam problemas tais como: Empastamento, desgaste rápido da ferramenta, mau acabamento, necessidade de grande potência para o corte, etc. Isto varia de acordo com a usinabilidade do material • Podemos definir usinabilidade como sendo o grau de dificuldade que determinado material apresenta para ser usinado. Usinabilidade dos Materiais • A usinabilidade não depende apenas das características do material, mas também, de outros parâmetros da usinagem, tais como: refrigeração, rigidez do sistema máquina- ferramenta, das características da ferramenta, tipo de operação, etc • Assim, dependendo das condições de usinagem um mesmo material poderá ter variações em sua usinabilidade. Usinabilidade dos Materiais • A usinabilidade normalmente é determinada por comparação e para determinada característica, tal como a vida da ferramenta. • Neste caso pode-se determinar um índice de usinabilidade através da comparação com o desempenho previamente conhecido de um material padrão. Critérios para a Determinação da Usinabilidade dos Materiais Os principais critérios, que são passíveis de serem expressos em valores numéricos, são: • Vida da ferramenta • Força de corte • Potência consumida Determinação da Usinabilidade dos Materiais • Esses parâmetros servem, também, para definir o custo do trabalho de usinagem. • Assim, a vida da ferramenta entre duas afiações sucessivas tem grande influência no custo de operação. • A força e a potência limitam as dimensões máximas de corte e, portanto, o volume de material removido por hora- máquina. • Além disso, a exigência de um acabamento de alta qualidade poderá influir, também, no custo de usinagem. Determinação da Usinabilidade dos Materiais Baseadas principalmente nestes critérios é que são estabelecidas as tabelas e os gráficos que indicam o comportamento de cada material na usinagem. Embora seja impossível determinar-se com precisão um índice de usinabilidade para cada material, estas tabelas são de grande valor para estabelecer parâmetros iniciais de partida que, de acordo com as condições específicas de cada trabalho, poderão ser trazidos para valores mais adequados, através de ensaios e experimentações. Determinação da Usinabilidade dos Materiais Características da Usinagem As peças metálicas fabricadas pelo processos metalúrgicos convencionais – como fundição, forjamento, etc – geralmente apresentam superfícies mais ou menos grosseiras e que, portanto, exigem um determinado acabamento. Através do processo de usinagem é possível produzir peças com mais detalhes, como saliências ou reentrâncias, furos rosqueados, furos passantes, etc. Muitas vezes, podem representar melhores condições de custo e produtividade (fabricação seriada de peças) Através da usinagem, é possível obter superfícies com melhor aspecto superficial e dimensional. • Dureza e resistência mecânica: Valores baixos geralmente favorecem a usinabilidade • Ductibilidade: Valores baixos geralmente favorecem a usinabilidade • Condutividade térmica: Valores elevados geralmente favorecem a usinabilidade • Taxa de encruamento: Valores baixos geralmente favorecem a usinabilidade Propriedade dos Materiais que podem influenciar na Usinabilidade Movimentos na Usinagem Movimento de corte: É o movimento entre a ferramenta e a peça que provoca remoção de cavaco durante uma única rotação ou um curso da ferramenta. Geralmente este movimento ocorre através da rotação da peça (torneamento) ou da ferramenta (fresamento). Prof. Fernando Penteado. Movimento de avanço ( f ): É o movimento entre a ferramenta e a peça que, juntamente com o movimento de corte, possibilita uma remoção contínua do cavaco ao longo da peça. Movimentos na Usinagem Movimentos na Usinagem Movimento de ajuste ou penetração (ap): É o movimento entre a ferramenta e a peça, no qual é predeterminada a espessura da camada de material a ser removida. MOVIMENTO DE AJUSTE Movimentos na Usinagem Movimento efetivo de corte: É o movimento entre a ferramenta e a peça, a partir do qual resulta o processo de usinagem. Quando o movimento de avanço é continuo, o movimento efetivo é a resultante da composição dos movimentos de corte e de avanço. MOVIMENTO EFETIVO Prof. Fernando Penteado. Movimento Efetivo de Corte MC: Movimento de corte O corte nas operações de aplainamento, torneamento e fresamentoMovimento de correção: É o movimento entre a ferramenta e a peça, empregado para compensar alterações de posicionamento devidas, por exemplo, pelo desgaste da ferramenta. Movimento de aproximação: É o movimento da ferramenta em direção à peça, com a finalidade de posicioná-la para iniciar a usinagem. Movimentos na Usinagem Movimento de avanço: Possibilita a retirada do material nos cursos seguintes à aproximação da ferramenta do material. Dá origem à espessura do cavaco. Movimentos na Usinagem Movimentos de Usinagem Movimento de profundidade (mp): Permite a regulagem do corte gerando a profundidade do cavaco. Difere do movimento de aproximação por ser realizado durante o percurso do movimento de avanço. . Movimento de recuo: É o movimento da ferramenta pelo qual ela, após a usinagem, é afastada da peça. Movimentos na Usinagem Torneamento - Torno Mecânico O torneamento é a operação por intermédio da qual um sólido indefinido é feito girar ao redor da máquina operatriz que executa o trabalho de usinagem – o torno – ao mesmo tempo que uma ferramenta de corte lhe retira material perifericamente, de modo a transformá-lo numa peça bem definida, tanto em relação à forma quanto às dimensões. Processos Mecânicos de Usinagem Damos o nome de processos mecânicos de usinagem ao conjunto dos movimentos destinados à remoção do sobremetal mediante o emprego de uma determinada ferramenta. Os processos mecânicos têm, portanto, a finalidade de conferir forma, dimensão e acabamento superficial à peça que está sendo executada. Os movimentos de usinagem são executados de acordo com o processo de usinagem empregado. Por exemplo, para executar uma peça cilíndrica, o movimento de corte deve ser rotativo. Já, a execução de uma peça plana solicita o movimento de corte linear. Principais Operações de Torneamento Ferramentas de Torno Apresentam geralmente um única aresta de corte. Podem ser conformadas a partir de uma barra sólida de material para ferramenta (aço-carbono de alto teor de carbono ou aços ou aços especiais com elementos de liga em elevados teores, como os aços rápidos), ou são confeccionados de um aço de menos custo, na forma de cabos, numa das extremidade dos quais são fixadas, por soldagem forte ou por fixação mecânica, pequenas placas – chamadas comumente pastilhas de corte – de um material especial, extremamente duro (carboneto de tungstênio sinterizado aglomerado com cobalto ou material cerâmico do tipo óxido de alumínio). Ferramentas de Torno Furação A operação de usinagem tem por objetivo abrir, alargar ou acabar furos de peças. Os furos podem ser produzidos em dimensões que variam desde poucos milímetros até vários centímetros de diâmetro. A ferramenta utilizada no processo chama-se broca, que é dotada de um movimento giratório contínuo e de um movimento retilíneo de avanço segundo o eixo de perfuração. Os gumes cortantes da ferramenta arrancam material, e o cavaco resultante, à medida que é retirado, se enrola em forma de espiral cilíndrica, deslizando pelos dois canais helicoidais de descarga. Principais Modalidades de Furação Tipos de Furadeiras • Furadeira de coluna (mais comumente utilizada) • Furadeiras portáteis • Furadeiras de bancada • Furadeiras radiais Brocas Especiais • Alargadores ou escoriadores • “Macho de tarracha – utilizados para abrir roscas Aplainamento Consiste em executar superfícies planas, em posição horizontal, vertical ou inclinada, com o emprego de uma ferramenta dotada de um único gume cortante que arranca o cavaco, com movimento linear. Conforme o movimento principal da operação de usinagem, seja da peça ou da ferramenta, as máquinas correspondentes são distinguidas em dois tipos principais: plainas limadoras, em que a ferramenta é dotada do movimento principal e plainas de mesa, em que a peça é dotada desse movimento, de ida e volta. Plaina Limadora Mediante o movimento alternativo de vaivém da ferramenta sobre a superfície plana da peça sob usinagem, procede-se a retirada de material pela formação de cavaco. Podem ser acionadas mecânica ou hidraulicamente. Plaina de mesa Executam os mesmos serviços que as plainas limadoras. Entretanto, a peça possui o movimento principal, alternativo d e ida e volta. A ferramenta é dotada apenas do movimento de avanço. São de dimensões muito maiores que as plainas limadoras, permitindo a usinagem por aplainamento de peças de grandes dimensões. Fresamento Consiste numa operação de usinagem em que o metal é removido por uma ferramenta giratória – chamada de “fresa” – de múltiplos gumes cortantes. Cada gume remove uma pequena quantidade de metal em cada revolução do eixo onde a ferramenta é fixada. A operação propicia a usinagem de superfícies apresentando qualquer orientação, porque tanto a peça quanto a ferramenta podem ser movimentadas em mais de uma direção, ao mesmo tempo. A máquina que realiza essa operação chama-se fresadora, que podem sem horizontais, verticais ou universais. Fresa Fresa é uma ferramenta constituída por um sólido de revolução cuja superfície se caracteriza por apresentar um determinado número de arestas de corte; iguais entre si, equidistantes e dispostas simetricamente em relação ao eixo de rotação. O movimento de avanço é em sentido contrário ao de rotação da ferramenta. Brochamento É o processo realizado com auxílio da brocha. A brocha é uma ferramenta multicortante, de vários formatos. É constituída de dentes com dimensões progressivamente maiores ao longo de toda a sua extensão. A progressão dos dentes é muito importante, pois permite realizar uma operação completa de usinagem desde o desbaste grosseiro até o acabamento. Essa progressão dá origem ao movimento de avanço. Serramento É o processo utilizado para separar uma peça em duas partes (seccionamento). Com o auxílio da serra (ferramenta multicortante), são realizados os movimentos de corte e de avanço. Dependendo do tipo de seccionamento ou recorte exigido, esses movimentos poderão ocorrer ou não simultaneamente, enquanto a peça se desloca ou se mantém parada. No serramento alternativo, o corte ocorre no movimento de ida; no retorno, a serra é levantada para minimizar o atrito e preservar a afiação dos dentes. Ao reiniciar o corte, a serra desce além da posição anterior, dando origem ao movimento de avanço. As máquinas empregadas são máquinas de serrar e as ferramentas correspondentes são as serras. ROSCAMENTO O roscamento é empregado para confecção de elementos de fixação (parafusos, porcas), transporte de materiais (roscas transportadoras), transmissão de movimentos (fusos). O roscamento tem origem nos filetes, que são sulcos helicoidais sobre superfícies cilíndricas, cônicas ou planas. No roscamento, são utilizadas ferramentas com perfis de diferentes formatos: triangular, trapezoidal, quadrado e outros. As roscas podem ser confeccionadas manualmente (cossinetes, machos, etc) ou por meio de máquinas (roscadeiras, tornos, fresadoras, etc). LIMAGEM É o processo usado para o desbaste ou acabamento de superfícies planas, côncavas e convexas. Em sua execução, empregamos a lima manual ou mecânica, que é uma ferramenta multicortante que apresenta dentes, filetes ou ranhuras, também conhecidos porpicado. LIMAGEM RASQUEAMENTO Consiste na aplicação manual de uma ferramenta monocortante denominada rasquete sobre a peça a ser usinada. Este processo é utilizado para gerar uma superfície plana, que apresenta determinado número de pontos de contato. Em contato com outra peça, esses pontos são caracterizados como área de apoio e as cavidades, bolsões de acúmulo de óleo para lubrificação. RASQUEAMENTO TAMBORAMENTO Para a realização deste processo, as peças são colocadas no interior de um tambor rotativo para serem rebarbadas ou polidas. Misturadas ou não a outros materiais especiais, como pedras e abrasivos, as peças são rebarbadas ou recebem o acabamento devido ao impacto sofrido entre si. Usinagem por Abrasão Corresponde uma série de operações de corte, em que a quantidade de material removida é diminuta. Seu objetivo é “acabar” as superfícies metálicas usinadas, ou seja, dar-lhes o aspecto superficial e as dimensões definitivas, dentro de tolerâncias especificadas, que não podem ser obtidas normalmente pelos processos usuais de usinagem. A usinagem por abrasão Inclui: a retificação, a afiação e outras operação de acabamento como espelhamento, lapidação, etc., todas elas indispensáveis principalmente no caso de materiais duros ou endurecidos por tratamentos térmicos, em condições tais, portanto, que se torna muito difícil sua usinagem comum. RETIFICAÇÃO É o processo de abrasão utilizado na execução de peças que devem apresentar dimensões e formas rigorosas, rugosidade superficial muito pequena ou, ainda, peças com dureza elevada (acima de 40RC). Na retificação, são empregadas ferramentas abrasivas rotativas denominadas rebolos. Os rebolos são responsáveis pela realização do movimento de corte. Dependendo do perfil do rebolo, as superfícies a serem usinadas (internas ou externas) podem ser cilíndricas, cônicas, planas, entre outras. RETIFICAÇÂO BRUNIMENTO O brunimento é empregado no acabamento de furos cilíndricos, em geral profundos, com ferramentas abrasivas. No brunimento, são utilizados segmentos de material abrasivo. Os movimentos de corte e de avanço são realizados com auxílio do brunidor, que é um suporte para segmentos de material abrasivo. BRUNIMENTO AFIAÇÃO É o processo de usinagem por abrasão que utiliza rebolos. É empregado para gerar as superfícies da cunha cortante. A peça trabalhada é a própria ferramenta de corte. DENTEAMENTO É utilizado na execução de elementos denteados, engrenagens, por exemplo. A ferramenta transfere o formato de seu dente para a peça executada (formação) ou, gera o perfil do dente pela conjugação dos movimentos de corte e de avanço (geração). Referências Bibliográficas • Cindra,M.- Introdução aos processos de fabaricação. • CIMM, Usinagem. Disponível em https://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/3347- introduo#.WiVYXVWnGUk • SENAI. SP. DRD. Usinagem - tecnologia do corte. 3v. São Paulo, 1998.
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