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AULA 01 TEMAS TRANSVERSAIS: ARTE, CULTURA E FILOSOFIA. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Tópicos Interdisciplinares busca a interação entre disciplinas aparentemente distintas, como Sociologia, Direito, Antropologia, História, Filosofia, Ecologia, Ciência Política, entre outras. Essa interação é uma maneira complementar ou suplementar que possibilita a formulação de um saber crítico-reflexivo, que deve ser valorizado no processo de ensino-aprendizado, no sentido de instrumentalizar o estudante para uma formação geral, humanística e plural. Essa disciplina focada na interdisciplinaridade oferece uma nova postura diante do conhecimento, um olhar transformador em relação ao processo de busca do contexto do conhecimento, do ser como pessoa integral. Esse afazer é garantidor da construção de um conhecimento globalizante, rompendo com os limites das disciplinas que formam o núcleo próprio do ensino jurídico. Nesta aula, você terá a oportunidade de conhecer diversos temas ligados à Arte, Cultura Filosofia e Ciência que formam um todo muito importante, considerando a sua formação como um profissional com uma visão cultural ampla, mas especialmente coerente e, em particular, com um componente ético e de competência que esteja comprometido com os rumos da sociedade em que vive. Além disso, evidenciará a sua compreensão de temas que importantes para a realidade contemporânea e que transcendam ao seu ambiente próprio de formação. Razão pela qual teremos a oportunidade de conhecer a distinção entre o pensamento científico e o senso comum, além do movimento de encontro entre a técnica e a ciência e suas consequências mundiais. ARTE, CULTURA E FILOSOFIA Por que um profissional do Direito necessita entender um pouco de Arte, de Cultura e de Filosofia? Cultura é o conjunto de atividades e modos de agir, costumes e instruções de um povo. É o meio pelo qual o homem se adapta às condições de existência transformando a realidade. Trata-se de um processo em permanente evolução, diverso e rico. É o desenvolvimento de um grupo social, uma nação, uma comunidade; fruto do esforço coletivo pelo aprimoramento de valores espirituais e materiais. É o conjunto de fenômenos materiais e ideológicos que caracterizam um grupo étnico ou uma nação (língua, costumes, rituais, culinária, vestuário, religião etc.), estando em permanente processo de mudança. A Cultura é fundamental para a compreensão de diversos valores morais e éticos que guiam nosso comportamento social. Entender como esses valores se internalizaram em nós e como eles conduzem nossas emoções e a avaliação do outro é um grande desafio. Já a Filosofia espera contribuir para uma reflexão mais profunda sobre as questões relativas ao tema e, a partir desta, contribuir para a superação de valores de herança colonial que entravam o desenvolvimento da sociedade. Por que é preciso entender um pouco de arte, cultura e filosofia? CULTURA A Cultura humana surge da capacidade única que possuímos de intervir na natureza transformando-a a nosso bel prazer. Essa capacidade somente nós, os humanos, possuímos. A questão é que, por esse dom, tanto podemos melhorar os recursos naturais como podemos destruí- los, exterminá-los de vez. A Cultura Humana objetivamente se desenvolveu do fato de sermos seres simbólicos, ou seja, de estabelecermos símbolos para nossa comunicação, da possibilidade da comunicação oral e de fabricação de instrumentos capazes de tornar mais eficiente o aparato biológico humano. Então, tudo o que o ser humano faz ele aprendeu com os seus semelhantes, com seus pares. Isso significa que tudo o que somos está em nossa própria cultura. Nada veio de fora do ambiente cultural humano. Tudo é produto e criação da Cultura Humana. A cultura é coisa nossa! DIVERSIDADE CULTURAL São as diferenças culturais entre as pessoas e os diferentes povos, como as diferentes línguas, usos, costumes, tradições, bem como a forma como as sociedades se organizam, seus valores morais e religiosos etc. Negar a diversidade cultural humana (como se uma só cor fosse preferível ao arco-íris) foi o que levou, entre outros, aos crimes, massacres e extermínios ocorridos ao longo da História, contra os índios, os negros, os aborígenes, os maias, os astecas e tantos outros povos. Sendo certo que, no fundo, as questões sempre tinham um viés de ambição econômica. Adotada em outubro de 2005 pela Conferência Geral da UNESCO, a Convenção da Diversidade Cultural tem o objetivo de estreitar os vínculos que unem a cultura com o desenvolvimento sustentável e fomentar o diálogo entre as culturas. As considerações dessa Convenção compreendem, entre outros aspectos: • O respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; • A igual dignidade das distintas culturas; • A proposta de acesso equitativo às expressões culturais e a abertura às culturas do mundo; • O direito soberano dos Estados a elaborar políticas culturais para proteger e promover a diversidade das expressões culturais; • O reconhecimento da natureza distinta dos bens e serviços culturais em sua qualidade de portadores de identidade, valores e significados. Aborígenes – são povos originários de um determinado lugar. RELATIVISMO CULTURAL É uma ideologia político-social que defende o valor de qualquer cultura local de qualquer sociedade e vai contra qualquer questionamento moral e ético dos mesmos por indivíduos externos a esses sistemas. Seus defensores alegam que o bem e o mal são relativos a cada cultura e que só quem é daquela cultura é que pode dizer o que lhe é bom ou mal. São contra a imposição dos valores ocidentais aos demais povos, afirmando que isso seria uma prática imperialista. UNIVERSALISMO OU RELATIVISMO CULTURAL Em sentido oposto, os universalistas argumentam que é possível identificar traços culturais que devem ser comuns em qualquer sociedade, como, por exemplo, a valorização da dignidade da pessoa humana e a proteção contra opressão ou arbítrio. Nesse sentido, afirmam a noção de um núcleo mínimo de direitos que devem ser protegidos em nível global. Contra a crítica da imposição da cultura ocidental aos demais povos, como prática imperialista, os universalistas criticam a postura relativista assegurando que vários Estados realizam graves violações aos direitos humanos, sob a justificativa da manutenção da identidade cultural. É o caso das mutilações genitais das meninas, em alguns países, por exemplo. ARTE Desde que o mundo é mundo, o ser humano constrói seus próprios objetos, suas coisas. A arte é uma maneira inventiva de como a humanidade manifesta suas emoções, sua história e sua cultura por meio de alguns valores estéticos, como encanto, conformidade, sensatez, equilíbrio, beleza. A arte se revela através de um sem número de possibilidades formais, em especial na música, na escultura, na pintura, no cinema, na dança, entre tantas outras existentes e que podem vir a ser criadas. FILOSOFIA A Filosofia ocidental possui data e local de nascimento: final do século VII e início do século VI a.C. Nas colônias gregas da Ásia menor, na cidade de Mileto. O primeiro filósofo foi um grego chamado Tales, que morava nessa cidade de Mileto. A Filosofia surgiu pela necessidade de um outro tipo de explicação para a ordem do mundo que fosse além da explicação mística ― uma explicação racional. Ou seja, uma explicação coerente, justificada por argumentos (lógicos e não contraditórios), formando Pensamentos, Ideias e Conceitos. Assim, a atividade filosófica ou proposta da Filosofia é a formaçãodo pensamento crítico, justificado, sistemático. CIÊNCIA No início da civilização, as respostas eram feitas de forma mística, utilizando-se da mitologia (conjunto dos mitos de um determinado povo) para explicá-las. Quando o homem passou a questionar essas respostas e a buscar explicações mais plausíveis, por meio da razão, excluindo suas emoções e suas crenças religiosas, passou-se a obter respostas mais realistas. Podemos dizer que essa nova forma de pensar do homem criou a possibilidade do surgimento da ideia de ciência e que sua tentativa de explicar os fenômenos, por meio da razão, foi o primeiro passo para se fazer ciência. O que é Ciência afinal? A palavra ciência vem do latim scientia, traduzido como ―conhecimento‖. Refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemática. Em sentido estrito, Ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento pesquisando, mas baseado no método científico, bem como ao corpo organizado de conhecimentos conseguidos através de tais pesquisas. Em outras palavras, Ciência é o esforço para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como o Universo funciona. Refere-se à investigação ou ao estudo racional de tudo no Universo, direcionados à descoberta da verdade e/ou realidade universais. Tal estudo ou investigação é metódico e compulsoriamente realizado em acordo com o método científico. É por isso que o conhecimento científico se distingue do conhecimento adquirido através do senso comum. O que é senso comum? Senso comum é o que não é Ciência. A Ciência é uma transformação do senso comum. Sem ele, ela não pode existir. Isso quer dizer que há uma relação entre esses conhecimentos, pois se pode observar uma continuidade entre o pensamento científico e o senso comum. Ciência, tecnologia e inovação. Aliás, é errado equacionar-se tecnologia e ciência. Esta é a busca de conhecimentos mais ou menos abstratos, enquanto que a primeira é a aplicação do conhecimento organizado no auxílio à solução de problemas em nossa sociedade. Tendemos a nos esquecer que, mesmo atualmente, grandes partes da tecnologia, das engenharias mecânica e civil, por exemplo, podem independer da Ciência. Existem muitas atividades criadoras e inovadoras importantes que, quando utilizam a Ciência, fazem- no incidentalmente. A invenção continua sendo o ingrediente básico da inovação. Ainda precisamos de pessoas que tenham pendor, interesse, aspiração e capacidade criadora para serem inventores. AULA 02 DEMOCRACIA, ÉTICA, CIDADANIA, EXCLUSÃO E MINORIAS DEMOCRACIA Você sabia que a palavra ―democracia‖ deriva do grego demo = povo e kracia = governo, ou seja, governo do povo? Pois é. Por isso, democracia é um sistema em que as pessoas de um país podem participar da vida política. Essa participação pode se dar por meio de eleições, plebiscitos e referendos. Na democracia, as pessoas possuem liberdade de expressão e manifestação de suas opiniões. Trata-se de um sistema (regime) de organização social mais eficiente para se cultivar e se praticar a liberdade de ação e de expressão. Somente no século XX, fruto de muitas lutas e resistências é que a democracia passou a ser predominante em boa parte do mundo. Existem alguns critérios definidores de um regime democrático. Talvez o mais importante desses critérios seja a necessidade de conceder igual tratamento a sujeitos politicamente iguais. Lima e Góes (2015, p.136) nos apontam os critérios elaborados por Robert Dahl, professor de ciência política na Universidade Yale: Participação efetiva; Igualdade de voto; Entendimento esclarecido; Controle sobre os temas a serem deliberados; Inclusão do maior número de participantes. ÉTICA A ética é, tradicionalmente, um dos temas mais importantes da filosofia. A palavra ―ética‖ deriva da palavra grega ethos = costumes, hábitos e valores de uma sociedade ou cultura. A ética não se confunde com a moral. Ela é geral e a moral é particular. Cada um tem a sua. Ética ≠ Moral Afinal o que é ÉTICA? A ética é a reflexão filosófica sobre a moral; procura justificar a moral. O seu objeto é o que guia a ação, orientando racionalmente a vida humana. ATENÇÃO A ética não pode ser vista fora da realidade sociocultural concreta. Os valores éticos de uma comunidade variam de acordo com o ponto de vista histórico e dependem de circunstâncias determinadas. Exemplos: poligamia, concubinato, sacrifícios humanos. A ética se refere àqueles valores que a sociedade elege como os escolhidos para serem seguidos e serve para que haja uma harmonia e bom funcionamento social, possibilitando uma ordem social. Razão pela qual a ética está relacionada ao sentimento de justiça social, muito embora não possa ser confundida com as leis, com o direito. A ética é estabelecida por uma sociedade tendo por base seus valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a ética é uma ciência que tem por objeto o estudo dos valores e princípios morais de uma sociedade e de seus grupos sociais próprios. Na sociedade, cada grupo possui seus próprios padrões éticos (ética cristã, ética médica, ética do advogado, a ética na política, a bioética etc.). É o que chamamos de deontologia. Deontologia seria a ciência do que é justo e conveniente que o homem faça, dos valores que decorrem do dever ou norma que dirige o comportamento humano. CIDADANIA A cidadania foi uma concepção de caráter revolucionário para a grande luta que varreu o feudalismo da face da Europa Ocidental entre os séculos XVII e XIX. Significava o fim das distinções de ―sangue‖ e títulos. Concentrava em uma palavra a ideia radical de acabar com os privilégios da nobreza e do clero durante a Idade Média. Uma das referências históricas mais importantes do conceito de cidadania está no lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Para Jean Jacques Rousseau, ao ser alcançada a igualdade jurídica, todos deveriam se transformar em ―cidadãos‖. E nenhum homem deveria ter mais privilégios do que outro por sua origem ou seus títulos. Todos seriam cidadãos. Marshall fez um histórico do desenvolvimento da cidadania moderna, dividindo-a em três partes: CIVIL: direitos civis e individuais básicos. Os Direitos Civis correspondem àqueles direitos ligados à liberdade individual e estes incluem liberdade de expressão e de pensamento, o direito à propriedade privada e o direito do acesso à justiça. POLÍTICA: participação no poder político. Os Direitos Políticos equivalem aos direitos políticos e são aqueles direitos de participação no processo político de governança, seja como eleitor ou como membro eleito de uma assembleia. As revoluções liberais e a constitucionalização da monarquia, por sua vez, colocam a universalização dos direitos políticos, o direito à organização e participação nas instituições da vida política do Estado. SOCIAL: bem-estar econômico e segurança. Até porque a cidadania também comporta um feixe de manifestações e pressões sociais exercidas pelos indivíduos, associações, coletividades ou grupos sociais na defesa de seus interesses. Essas são anteriores ou mesmo exteriores à legitimidade jurídica e se manifestam em diferentes práticas sociais desvinculadas do aparelho de Estado. Ou, como propõe José Murilo, existe uma ―cidadania informal‖ exterior às formalidades das relações Estado-sociedade, que se manifesta em representações e práticas sociais formadoras de uma identidade social. Assim, entende-se que o exercício da cidadania deve ser investigado no complexo jogo de relaçõesdialéticas estabelecidas no interior da sociedade pela legitimação de valores como sendo universais. Essa relação tem uma dimensão institucional evidente na legislação sobre os direitos e deveres do cidadão. EXCLUSÃO E MINORIAS Democracia hoje é vontade da maioria com respeito às minorias. Políticas Públicas As políticas públicas costumam ser formadas especialmente por iniciativa de um dos poderes do Estado: executivo, ou legislativo, isolada ou conjuntamente, a partir das reivindicações e propostas derivadas da sociedade civil organizada. O instrumento legal previsto para a concretização dessa participação são as audiências públicas, os encontros e as conferências setoriais que vem se afirmando aos poucos como forma de garantir o comprometimento dos diversos seguimentos da sociedade em um processo onde importa não somente a participação; mas, principalmente, o controle por parte da sociedade. Em relação à participação da sociedade, a Lei Complementar n.º 131, de 27 de maio de 2009, conhecida como a Lei da Transparência, dispõe: I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público (...). Da leitura desse breve trecho da lei, é possível concluir que todos os poderes públicos, no que diz respeito à administração pública, municipal, estadual ou federal, se obrigam a garantir uma necessária participação popular. Ou seja, que a participação popular, no tocante às políticas públicas com previsão legal, é um dever do Estado e, portanto, um direito de todos nós, da população. Ações Afirmativas As ações afirmativas são aquelas que contribuem para superar as desigualdades e encurtar a distâncias entre as classes sociais e os excluídos historicamente. AULA 03 TEMAS TRANSVERSAIS: GLOBALIZAÇÃO E GEOPOLÍTICA; MAPAS GEOPOLÍTICOS E SOCIOECONÔMICOS É importante demarcar que o termo ―globalização‖ vai começar a ser utilizado no final da década de 1980, designando não somente esse processo de internacionalização da economia, mas também um outro processo que vai se dar em paralelo e que diz respeito ao intercâmbio cultural e a interdependência social e política ao nível mundial. Razão pela qual se chega à conclusão de que a globalização é um verdadeiro processo geopolítico de integração dos países que apresenta as seguintes características: liberalização econômica, revolução dos transportes, revolução das telecomunicações, popularização da internet, homogeneização da cultura, processo contraditório economicamente. Algumas características da globalização • Mundialização da economia; • Fragmentação das atividades produtivas nos diferentes territórios e continentes; • Desconcentração do aparelho estatal; • Expansão de um direito paralelo ao Estado; • Internacionalização do Estado; • Desterritorialização e reorganização do espaço de produção. A geopolítica é uma área da Geografia que tem como objetivo fazer a interpretação dos fatos da atualidade e do desenvolvimento político dos países usando como parâmetros principais as informações geográficas. A geopolítica visa também compreender e explicar os conflitos internacionais da atualidade e as principais questões políticas da atualidade. Os principais temas estudados pela geopolítica na atualidade são: • Globalização; • Conflito árabe-israelense; • Influência dos Estados Unidos no mundo atual; • Nova Ordem Mundial; • Uso dos recursos energéticos no mundo. AULA 04 POLÍTICAS PÚBLICAS: EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO, SANEAMENTO, SAÚDE, TRANSPORTE, SEGURANÇA, DEFESA O que são políticas públicas? Para Elenaldo Celso Teixeira (2002, p.08), as políticas públicas são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis, programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos. Nem sempre, porém, há compatibilidade entre as intervenções e declarações de vontade e as ações desenvolvidas. Devem ser consideradas também as ―não-ações‖, as omissões, como formas de manifestação de políticas, pois representam opções e orientações dos que ocupam cargos. As políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e implantação e, sobretudo, em seus resultados, formas de exercício do poder político, envolvendo a distribuição e redistribuição de poder, o papel do conflito social nos processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais. Políticas públicas e políticas governamentais Vimos até agora definições relacionadas à natureza do regime político em que vivemos, com o grau de organização da sociedade civil e com a cultura política vigente. Nesse sentido, cabe distinguir ―políticas públicas‖ de ―políticas governamentais‖. Nem sempre ―políticas governamentais‖ são públicas, embora sejam estatais. Para serem ―públicas‖, é preciso considerar a quem se destinam os resultados ou benefícios, e se o seu processo de elaboração é submetido ao debate público. Assim, a política pública é vista como uma forma de prevenção e de resolução pacífica de conflitos, visto que, por meio dela, torna-se possível obter a satisfação de direitos básicos da sociedade sem que seja necessário colocá-la em risco. Existem muitas formas de políticas públicas, como, por exemplo, as políticas sociais, que são objeto da nossa aula de hoje: Educação; Habitação; Saneamento; Saúde; Segurança; Cultura; Transportes; Políticas estruturais; Meio ambiente. Políticas públicas de educação: A educação é considerada uma ferramenta básica para garantir o desenvolvimento de uma sociedade. Para Guiomar Namo de Mello (1991, p. 09), diferentemente da maioria dos países desenvolvidos, os do Terceiro Mundo precisam adequar as estratégias de desenvolvimento a situações conjunturais caracterizadas por: Políticas de ajuste econômico de curto prazo que dificultam consensos em torno de objetivos de longo alcance, como são os da educação. Instabilidade e fragilidade da experiência democrática, em função de longos períodos de governos autoritários, que prejudicam a articulação entre as instituições políticas e os atores sociais. Crescimento desigual, que faz conviver setores avançados tecnicamente com outros de mão de obra intensiva e ainda necessários à integração de grandes contingentes marginalizados da produção e do consumo. Grandes desigualdades na distribuição de renda, e ineficiência e desigualdade na oferta de serviços educacionais. Distinção Constitucional entre Direitos Fundamentais e as políticas públicas: Existe uma relação muito íntima entre os Direitos Fundamentais, mormente os Direitos Fundamentais Sociais, a saber: os direitos à saúde, educação, habitação, segurança coletiva, ao trabalho e ao bem-estar social e às obrigações do Estado em garantir as políticas públicas que possibilitem tais realizações. Como fica o desenvolvimento sustentável? Vamos encontrar a resposta no seguinte bom texto de Mendes (2016): Qual a diferença entre crescimento e desenvolvimento? A diferença é que o CRESCIMENTO não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, pois nãoleva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O DESENVOLVIMENTO, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta. O DS tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas: A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer etc.). A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver). A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal). A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio etc.). A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como, por exemplo, os índios). A efetivação dos programas educativos. AULA 05 TEMAS TRANSVERSAIS - RELAÇÕES DE TRABALHO E DE GÊNERO Dois temas aparentemente afastados são objeto desta aula: as relações de trabalho e as relações de gênero. Porém, esse afastamento é tão somente aparente, pois quando falamos em trabalho estamos nos referindo a algo que faz parte de uma das necessidades humanas e que tem sua origem com o aparecimento do ser humano e é fundamental para sua sobrevivência. De igual modo, as questões de gênero são parte da essência do ser humano e estão relacionadas mesmo com suas necessidades de reconhecimento como seres carentes de uma identidade não somente pessoal, mas também sexual. Ambas as relações se encontram entremeadas por um elemento social determinante: o PODER. É o poder que estabelece que existam escravos e senhores, patrões e empregados. É o poder que estabelece a existência de machos dominantes, sociedades com regimes patriarcais, discriminações homofóbicas. Preliminares acerca da noção de relação de trabalho: A noção de trabalho é sempre relacional. Com efeito, não se há de pensar o fenômeno humano trabalho a não ser da perspectiva de uma relação que o define fundamentalmente. O trabalho pode ser definido, a priori, como uma relação do homem com o mundo que o cerca. As diversas relações de trabalho ao longo da história: As relações de trabalho se sucederam, no curso da história, em basicamente cinco fases, segundo Mozart Victor Russomano (1984: 105): 1ª fase: A relação de trabalho sob o regime da escravidão se estabelece entre o senhor e o escravo. O senhor é sujeito de direitos, mais especificamente titular de um dominium, um direito de propriedade sobre o escravo que é res, coisa. Portanto, tratava-se de uma relação de direito real. Não se trata de uma locação de serviços, que é o contrato de trabalho moderno em forma embrionária, na medida em que não é sobre os serviços do escravo que o senhor exerce seus direitos, mas sobre a pessoa, corpo e vontade do escravo. 2ª fase: No regime da servidão, por sua vez, as personagens são o senhor e o servo. Transita-se, assim, do escravo-coisa para o servo-acessório-da-terra (Catharino, 1982: 175). O direito de propriedade do senhor feudal se exerce sobre a terra, o que lhe dava direito sobre o produto do trabalho do servo em sua terra instalado. Porém, como a reprodução da vida social, na Idade Média, dependia em quase tudo da terra a qual o servo estava ligado por um vínculo indissolúvel, a submissão ao senhor era uma exigência. O servo pode ser dito escravo da terra, ainda que seja nominalmente livre. 3ª fase: No final da Idade Média, surge um novo modo de relação de trabalho: o regime das corporações. Constituem-se unidades de produção, como oficinas, onde grupos profissionais ― especialmente artesãos, mais não exclusivamente — desenvolvem suas atividades de acordo com rígidos métodos e hierarquias. A relação de trabalho é travada entre o mestre e o aprendiz. 4ª fase: Com o avento da revolução industrial, na modernidade, as relações de trabalho começam a adquirir a estrutura atual. Ao novo modo de produção vai corresponder uma ideologia político-jurídica, uma superestrutura, em termos marxistas, propriamente capitalista, o liberalismo. As relações de produção passam a se firmar entre as mesmas forças econômicas atuais, quais sejam a classe capitalista e a classe proletária. 5ª fase: No âmbito do estado liberal burguês dos séculos XVIII e XIX, as relações de trabalho se firmam com base em um contrato de locação de serviços (locatio operarum), onde os pactuantes são o capitalista e o proletário. A liberdade econômica se constrói sobre o princípio da autonomia da vontade (pacta sunt servanda). O capital é livre para comprar não só o produto do trabalho, mas o próprio trabalho, ou a força de trabalho, daqueles que são livres para vendê-la. Não há escravidão: o trabalho é assalariado. O regime do salariato, em sua configuração liberal, porém, não vai ser a forma definitiva de relação de trabalho. Isso porque as desvantagens derivadas dessa forma de relação social seguem extremamente profundas para uma das partes, o proletariado. A exploração do trabalho passaria, ainda, por uma nova atualização até atingir sua conformação atual. Em nome da produtividade, da razão do capital, as relações de trabalho se tornariam mais amenas no que diz respeito ao trabalhador e não menos lucrativas para o capitalista. Relação de trabalho e relação de emprego: A teoria contratualista considera a relação entre empregado e empregador um contrato e seu fundamento reside na tese de que a vontade das partes é a causa insubstituível e única que pode constituir o vínculo jurídico. A fase clássica do contratualismo é caracterizada pela explicação do contrato de trabalho com base nos mesmos tipos contratuais previstos pelo direito civil, a saber, o arrendamento, a compra e venda, a sociedade e o mandato. Entretanto, a doutrina moderna rejeita tais teorias porque esta prefere ver, na relação de emprego, um contrato de características próprias e regido por um ramo particular do direito: o direito do trabalho. A teoria moderna sustenta a natureza contratual, reconhecendo a forte interferência estatal, de modo que as leis trabalhistas inserem-se automaticamente no contrato, restringindo a autonomia da vontade das partes. Alguns doutrinadores argumentam que o contrato de trabalho é de adesão, pois a autonomia da vontade está limitada às leis, convenções e acordos coletivos. Outros combatem esta tese defendendo que o contrato não pode ser de adesão, pois as partes podem alterá-lo, não se limitando apenas à aceitação das cláusulas. Períodos do capitalismo: O primeiro período é aquele em que o processo de industrialização é bastante intenso, e o estado será reduzido a mero legitimador do desenvolvimento econômico do capitalismo. O segundo período é o momento em que se busca distinguir dentro do projeto sociocultural da modernidade o que é realmente possível e o que não é de se realizar em uma sociedade capitalista em expansão. Já o terceiro período do capitalismo, capitalismo desorganizado em virtude da falta de opção entre o pilar da regulação e o da emancipação, surge no final da década de 1960 e continua em vigência até os dias de hoje. Flexibilização das relações de trabalho: A questão da flexibilização das relações de trabalho envolve de um lado uma discussão acerca do avanço tecnológico junto às ações balizadoras da economia capitalista que potencializarama globalização (assunto já tratado em aula anterior). A rapidez com que as distâncias são percorridas permite que as fronteiras territoriais sejam suprimidas, proporcionando às empresas multinacionais, com capital destinado ao investimento, possibilidades de produzir a menor custo. A existência de nações pobres, ou em desenvolvimento, onde a mão de obra é pouco qualificada e ―abundante‖, possibilita que tais empresas internacionalizem suas atividades em busca de maior competitividade. Questões que envolvem a flexibilização das relações de trabalho: TERCEIRIZAÇÃO: É uma forma de organização estrutural do trabalho que permite a uma empresa transferir a outra empresa suas atividades-meio, adaptando à maior disponibilidade de expedientes para essa sua atividade-fim, diminuindo sua estrutura operacional, abatendo as despesas, moderando recursos e otimizando sua administração. QUARTEIRIZAÇÃO: É a terceirização da terceirização. TRABALHO TEMPORÁRIO: Serve para atender à necessidade transitória de substituição de pessoal regular da empresa. PRECARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO TRABALHO: É uma tendência da globalização e do neoliberalismo. AULA 06 TEMAS TRANSVERSAIS - REDES SOCIAIS E RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO E PRIVADO Nesta aula, vamos promover um diálogo reflexivo envolvendo temas relevantes sobre Redes Sociais e responsabilidade social: setor público, privado e network. Teremos a oportunidade de reconhecer a importância das Redes Sociais na web e como o direito ao acesso ao mundo virtual (ciberespaço) se tornou um direito humano. Veremos que, com o aparecimento das Redes Sociais, os cientistas sociais e os especialistas em mídia começam a se questionar sobre a efetividade de seus benefícios e em que medida também podem causar malefícios. De qualquer modo, não podemos negar a importância de ter acesso garantido às Redes Sociais, ou seja, de poder ser usuário. Além disso, se torna relevante criar um networking e poder trabalhar com os outros, independentemente da distância, mantendo o constante contato com amigos e familiares, estreitando os laços, independente de longas distâncias. Tudo isso se tornou um verdadeiro direito humano de todos os cidadãos, a ser garantido pelo Estado. O que é uma Rede Social: Vamos começar afirmando que Rede Social é uma das formas de representação dos relacionamentos afetivos ou profissionais dos seres humanos entre si ou entre seus agrupamentos de interesses mútuos. Responsabilidade social: A questão da responsabilidade social com o passar do tempo veio provocando uma série de discussões e muitas contribuições importantes que levaram à construção de novos conceitos — por vezes complementares, às vezes distintos ou até mesmo redundantes ― usados para conceituar a expressão ―responsabilidade social‖, entre os quais estão: RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA (RSC): Conceito usado na literatura especializada, sobretudo para empresas, principalmente de grande porte, com preocupações sociais voltadas ao seu ambiente de negócios ou ao seu quadro de funcionários. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL (RSE): Envolve um espectro mais amplo de beneficiários (os denominados stakeholders), englobando qualidade de vida e bem-estar do público interno da empresa, mas também a redução de impactos negativos de sua atividade na comunidade e meio ambiente. RESPONSABILIDADE SOCIAL AMBIENTAL (RSA): É aquele compromisso ético que se volta para a criação de valores ambientais para todos os públicos relacionados com a empresa, a começar por seus acionistas, clientes, funcionários, fornecedores, passando pela comunidade, governo. E se materializa por meio dos regulamentos internos criados e das ações em termos de respeito ao meio-ambiente do entorno em que se insere e da matéria-prima utilizada. AULA 07 TEMAS TRANSVERSAIS: SOCIODIVERSIDADE E MULTICULTURALISMO. O ADVENTO DO TERCEIRO SETOR Nesta aula, vamos delinear alguns pontos da fundamental discussão sobre a universalidade na aplicação dos Direitos Humanos em um cenário mundial globalizado. Porém, ponteado por especificidades sociais e culturais de caráter regional e tribal que colocam em destaque a discussão acerca de questões como soberania, autodeterminação dos povos e dignidade humana em contraposição face a valores ligados particularmente às tradições religiosas e ao poder político. Esses são os temas que abordaremos quando estudarmos a sociodiversidade e o multiculturalismo. É neste marco que vem se configurando paulatinamente, fruto dos acordos, protocolos, convênios e tratados, a normatização de um novo Direito, de caráter universal, cujo objeto são os Direitos Humanos. Eis que, com essa abordagem, abre-se uma oportunidade para enxergar o assunto sob o prisma da preocupação com a garantia da efetividade universal dos Direitos a regular a vida em sociedade sob a égide da legitimidade normativa. Além disso, vamos conhecer o terceiro setor. Diversos são os grupos de pesquisa que aproximam a questão dos Direitos Humanos do chamado multiculturalismo crítico. Dentre esses grupos, o de Boaventura de Souza Santos é um dos que se reporta à hermenêutica diatópica e ao conceito de equivalentes homeomórficos, propostos por Raimon Panikkar (2002). A partir desse pressuposto instrumental fundamental, Santos (2001, 2008) consegue identificar três fontes de tensões dialéticas que afetam sobremaneira não somente as relações intersubjetivas na modernidade ocidental em todo o seu espectro social, como também a política de direitos humanos, desde o final do século passado. PRIMEIRA TENSÃO A primeira dentre elas corresponderia à tensão dialética entre o que o autor denomina ―regulação social e emancipação social‖, ou seja, o estabelecimento de limites e o transcender dos limites no sentido dos avanços no campo social. Desde o final do século XX, essa tensão teria perdido o seu potencial criativo, na medida em que ―a emancipação deixou de ser o outro da regulação para se tornar no duplo da regulação‖ (SANTOS, 2001, p.1). Se desde o início do século XX até seus meados as mobilizações emancipatórias foram consequências diretas das crises de regulação e tiveram como resultado o fortalecimento das políticas emancipatórias, nos dias atuais, tanto a crise do Estado — seja enquanto regulador ou como Welfare State (Estado de bem-estar social) — como as crises de emancipação social — simbolizadas, para Santos (2001), pela crise da revolução social e do socialismo tomados como padrão da transformação social radical — são simultâneas e alimentam-se uma da outra. De igual sorte, a política dos direitos humanos, que foi ao mesmo tempo uma política reguladora e uma política emancipadora, está enredada nessa crise dúplice, do mesmo modo em que é sinal do desejo de ultrapassá-la. SEGUNDA TENSÃO A segunda tensão dialética está situada na relação entre o Estado e a sociedade civil. Segundo Santos, o Estado da modernidade, ainda que se apresente de modo minimalista, é, virtualmente, um Estado maximalista, na medida em que a sociedade civil, configurada como o outro do Estado, se autorreproduz por meio de leis e regulações originadas do próprio aparelho estatal, e, para essas, não parecem existir limites, desde que o processo de produção legislativa respeite as regras democráticas colocadas pelo Estado. Aqui também Santos (2001, p. 2) aponta a questão dos direitos humanos como o cerne da tensão: ―[...] enquanto a primeira geração de direitos humanos (os direitos cívicos e políticos) foi concebida como uma luta da sociedade civil contra o Estado, considerado como o principal violador potencial dos direitos humanos, a segunda e terceira gerações(direitos econômicos e sociais e direitos culturais, da qualidade de vida etc.) pressupõem que o Estado é o principal garantidor dos direitos humanos.‖ TERCEIRA TENSÃO Finalmente, Santos considera que a terceira tensão dialética sobrevém do atrito entre o Estado-nação e o fenômeno designado por globalização. O modelo político praticado na modernidade ocidental é aquele caracterizado por uma unidade básica referencial, os Estados-nação soberanos, que convivem em um sistema internacional interestatal, formado por Estados igualmente soberanos. Santos observa, no entanto, que esse sistema interestatal sempre foi idealizado de certo modo anárquico, regulado por uma legalidade muito indelével, e ―mesmo o internacionalismo da classe operária sempre foi mais uma aspiração do que uma realidade‖ (2001, p.3). Hoje, com a intensificação da globalização que leva a um esgotamento do modelo do Estado-nação, a questão que se coloca é a de investigar se ambas, regulação social e emancipação social, caminham no sentido dessa mesma escala global. Terceiro setor e desenvolvimento social: Nos últimos tempos, temos percebido, tanto no Brasil como em outros países, o crescimento de um novo ―setor‖, em paralelo com os dois setores tradicionais. TRADICIONAIS O primeiro setor, também chamado de ―setor público‖, que seria aquele no qual a origem e a destinação dos recursos são públicas, corresponde às ações do Estado; O segundo setor, também denominado ―setor privado ou particular‖, que corresponde ao capital privado, sendo a aplicação dos recursos revertida em benefício próprio. NOVO SETOR Denominado como o ―terceiro setor‖. Representa a esfera de atuação pública não estatal, formada a partir de iniciativas privadas, voluntárias, sem fins lucrativos, visando o bem comum. Assim considerado, o terceiro setor representa um conjunto altamente diversificado de instituições, no qual se incluem organizações não governamentais, fundações e institutos empresariais, associações comunitárias, entidades assistenciais e filantrópicas, assim como várias outras instituições sem fins lucrativos. Atributos que distinguem o terceiro setor: Formalmente constituídas: Alguma forma de institucionalização, legal ou não, com um nível de formalização de regras e procedimentos, para assegurar a sua permanência por um período mínimo de tempo. Estrutura básica não governamental: São privadas, ou seja, não são ligadas institucionalmente a governos. Gestão própria: Realiza sua própria gestão, não sendo controladas externamente. Sem fins lucrativos: A geração de lucros ou excedentes financeiros deve ser reinvestida integralmente na organização. Estas entidades não podem distribuir dividendos de lucros aos seus dirigentes. Trabalho voluntário: Possui algum grau de mão de obra voluntária, ou seja, não remunerada ou o uso voluntário de equipamentos, como a computação voluntária. AULA 08 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO. INCLUSÃO/EXCLUSÃO DIGITAL Esta aula é muito especial porque nela você tomará conhecimento de um assunto muito atual: as TICs — Tecnologias de Informação e Comunicação. Você sabia que o processo de globalização e de inovação tecnológica possibilitaram a interligação do mundo em tempo real? Porém, infelizmente, não são todos que têm acesso a essas tecnologias, seja por falta de infraestrutura, como, por exemplo, condições financeiras de comprar um celular ou computador, ou até mesmo acesso à luz elétrica ou linha telefônica. Eis a razão pela qual os determinantes econômicos e sociais são fatores fundamentais para maior possibilidade de acesso à Internet, e, por via de consequência, de participar do mundo globalizado, além do outros fatores não menos importantes como: classe social, idade, e região do mundo onde a pessoa vive. Inclusão digital, um direito de todo brasileiro: A utilização em massa das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs) ligadas à modernização do setor produtivo e das atividades estatais promoveu o surgimento de uma nova classe de excluídos socialmente: os analfabetos digitais ou excluídos digitais. Trata-se de cidadãos e cidadãs que, quando vão à procura de emprego, por exemplo, não têm e-mail para fornecer em uma entrevista ou colocar no currículo; que precisam de uma certidão negativa da administração pública municipal, estadual ou federal, mas não fazem ideia de que pode ser obtida fora do ambiente físico da repartição pública; que não foram ―alfabetizados‖ digitalmente, ou seja, não conseguem sequer entender o que significa o termo ―mouse‖; nunca estiveram diante de um computador e não têm acesso à Internet. AULA 09 TEMAS TRANSVERSAIS: VIDA URBANA E RURAL. ECOLOGIA/BIODIVERSIDADE E DESENVOLVIMENTO Nesta aula, serão abordados temas relacionados ao modo de vida de nossas sociedades demarcando as distinções entre o urbano e o rural e a tendência ao cosmopolitismo. Combinado a isso, trataremos de questões relacionadas à violência nos grandes centros urbanos e sua importação para a ambiência rural. Abordaremos uma temática muito atual e que diz respeito a como o desenvolvimento está comprometido com a qualidade de vida no planeta. Conheceremos propostas de uma economia que se coadune com a preservação dos recursos humanos e naturais. A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver). Essas e outras questões são relevantes e estão intimamente relacionadas com o desenvolvimento sustentável, que você, enquanto estudante universitário, precisa tomar conhecimento. Divisão econômica do trabalho, a saber: Mudanças no campo e na cidade: O rural, hoje em dia, está desenvolvendo atividades múltiplas além das ligadas à agricultura (primárias), e passou a ser visto como uma questão territorial, onde o uso do solo e as atividades da população moradora no campo se ligam à várias atividades terciárias (comércio e serviços), sendo compreendido como não urbano, ou seja, o que não pertence à cidade. Os costumes rurais já não são mais os mesmos do passado distante. As mudanças na forma de produção, da cultura local, de se vestir, de como falar, em como administrar as propriedades, estão seguindo as regras da cidade, porque os moradores do campo creem que tudo que é da cidade é que é bom, que as coisas e modos do campo são atrasados, fora de moda. Por isso, o campo vem passando por um processo acelerado de urbanização. Motivo pelo qual, podemos dizer que, muitas vezes, rural e urbano hoje se confundem, se aperfeiçoam e se interdependem, na medida em que um não existiria sem o outro. Por outro lado, e contraditoriamente, na cidade, as pessoas procuram copiar alguns hábitos rurais, considerados como mais saudáveis, tais como produzir alguns produtos para consumo próprio em pequenas hortas nos seus jardins, terraços e varandas, além de preferir produtos orgânicos. Sem contar com o sucesso dos grupos de música sertaneja entre os jovens nas cidades grandes. Isso reflete o desejo de estar próximo da natureza, buscando uma melhora nas condições de vida e de saúde, ingerindo alimentos sem agrotóxicos e de conhecer a cultura da zona rural em todo seu espectro e amplitude. No entanto, com o aumento da urbanização, ocorre o seguinte: vê-se o aperfeiçoamento das técnicas, das condições de vida, dos encantos culturais; mas, infelizmente, também se vê, a miséria e a violência das favelas, o desemprego, a falta de saneamento básico, a falta de condições mínimas de vida e saúde para as populações periféricas nos grandes centros urbanos. Infelizmente esse é o preço a ser pago, por essas pessoas que um dia fugiram do campo sem eletricidade e outros confortos,com a ilusão do progresso da cidade grande, dos grandes centros urbanos. Como é hoje? Presentemente, mais de 80% da população brasileira vive nas cidades (zona urbana), mas, apesar disso, o Brasil ainda é um país tão urbano quanto industrial e agrícola. Ao longo de décadas a população brasileira cresceu de forma desordenada, os espaços nas cidades foram sendo ocupados sem qualquer critério ou planejamento, imensas malhas urbanas foram formadas, ligando uma cidade a outra e criando as regiões metropolitanas (ajuntamento de duas ou mais cidades). A ausência de um plano diretor não só acarreta problemas sociais e econômicos como também produz danos ambientais. Um bom exemplo dessa realidade é a poluição: do ar, dos rios, o acúmulo de lixo não tratado. São milhões de pessoas nas regiões metropolitanas consumindo e produzindo lixo e detritos que diariamente são depositados muitas vezes em lixões a céu aberto, sem que recebam qualquer tratamento. Isso sem contar com a poluição ambiental, derivada da emissão de gases de automóveis e indústrias, que provocam problemas de saúde, principalmente respiratórios. A registrar-se, por fim, a poluição das águas, pois os dejetos das residências e indústrias (esses muito maiores e mais perigosos) são lançados, muitas vezes, sem tratamento nos córregos e rios. No período chuvoso, ocorrem as cheias fazendo com que se disperse a poluição por toda a área. Não é preciso pensar muito para concluir que a maioria dos problemas urbanos é em primeiro lugar de responsabilidade do poder público que se omite em relação a essas questões, porém não se pode esquecer da responsabilidade da própria população. Isso porque fazer com que a cidade seja um lugar bom para se viver é tarefa de todos os que nela habitam. Desenvolvimento sustentável: O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos- chave: 1. O conceito de ―necessidades‖, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade; 2. A nação das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio- ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras (...). Em seu sentido mais amplo, a estratégia de desenvolvimento sustentável visa a promover a harmonia entre os seres humanos e a humanidade e a natureza. No contexto específico das crises do desenvolvimento e do meio ambiente surgidas nos anos 1980 – que as atuais instituições políticas e econômicas nacionais e internacionais ainda não conseguiram e talvez não consigam superar -, a busca do desenvolvimento sustentável requer: UM SISTEMA POLÍTICO que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório; UM SISTEMA ECONÔMICO capaz de gerar excedentes e know-how técnico em bases confiáveis e constantes; UM SISTEMA SOCIAL que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não equilibrado; UM SISTEMA DE PRODUÇÃO que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento; UM SISTEMA TECNOLÓGICO que busque constantemente novas soluções; UM SISTEMA INTERNACIONAL que estimule padrões sustentáveis de comércio e financiamento; UM SISTEMA ADMINISTRATIVO flexível e capaz de autocorrigir-se. AULA 10 VIOLÊNCIA E TERRORISMO Vamos tratar de um fenômeno muito próprio de nosso tempo, qual seja a violência individual e coletiva, no âmbito histórico e atual, bem como o terrorismo, seja praticado pelos particulares, seja pelo próprio Estado. FÓRUM A formação da sociedade e do ser humano como ser pensante, possui, na sua constituição, uma importante tríade que são a arte, a cultura e a filosofia. A arte é uma manifestação simbólica seja pela pintura, escultura, arquitetura etc, com o propósito de atingir os sentidos e assim as emoções humanas. A cada época histórica, o ser humano seguiu uma linha sistemática de expressão artística, assim foi na Pré-história, na Idade Antiga, na Idade Média, no Renascimento etc. A cultura reflete os hábitos de convívio em sociedade, se apresenta em vários a aspectos de interação humana, com na língua, nos costumes, nos rituais, na culinária, no vestuário, na religião etc. A cultura é uma criação essencialmente humana. A filosofia é o raciocínio humano enquanto ser questionador de conceitos. Ela busca as causas primárias daquilo que se prestar a questionar. É a partir do questionamento filosófico que se desenvolve o interesse pelo conhecimento científico. Vamos analisar a questão abaixo: (SGA-AC) O caráter globalizado da economia contemporânea traz consequências que não se restringem ao sistema produtivo propriamente dito. Entre outros aspectos relevantes, pode-se afirmar que a globalização altera o papel e a forma de atuação dos Estados nacionais, modifica significativamente o mundo do trabalho, incentiva o contínuo desenvolvimento científico e tecnológico, subordina às leis do mercado atividades esportivas e artístico-culturais, e agiliza, sobremaneira, a circulação de bens e de capitais. Contudo, ao mesmo tempo em que faz avançar o turismo mundial, impõe barreiras à imigração, sobretudo quando se trata de egressos de áreas pobres que partem em busca de melhores condições de vida nos países mais ricos. Além disso, cada vez mais, condiciona as relações internacionais aos interesses econômicos. Entre as opções abaixo, assinale a que não corresponde a característica da globalização contemporânea. a. A ampliação dos mercados em decorrência da eliminação de políticas protecionistas por parte dos países economicamente mais poderosos. b. A formação de blocos regionais e continentais com o objetivo de melhor inserção na economia mundial. c. O aumento da capacidade de produção, assentada na tecnologia e voltada para um mercado extremamente competitivo. d. A grande mobilidade financeira, com os capitais - produtivos ou especulativos - circulando com facilidade pelos mercados mundiais. e. Profunda desigualdade social entre as nações desenvolvidas e as não desenvolvidas do globo. Podemos concluir que a resposta correta é a letra A, pois o mercado não se torna mais amplo, e sim cada vez mais restrito, pois as grandes economias é que dominam. Ainda tem alguma dúvida sobre essa questão? Faça-a, ou deixe seu comentário. Boa noite profa. e colegas, A globalização surge da necessidade que os países têm de escoar sua produção por meio de novos mercados consumidores. Iniciada no período das Grandes Navegações por Portugal e Espanha, ganhou novos ares por meio da Inglaterra e sua Revolução Industrial, auferindo características políticas pela influência dos EUA no pós 2ª Guerra Mundial, no decorrer da Guerra Fria. O protecionismo, prática que visa proteger o mercado interno de um país, embora não extinto, foi relativizado com o avanço das relações comerciais por meio da globalização, visto a criação e intermediação da OMC (Organização Mundial do Comércio) que tem o papel de promover a liberalização do mercado mundial combatendo práticas protecionistas. Um país que não abrir mão do seu protecionismo, mesmo que em parte, acabará por perder mercado externo gerando um atraso tecnológico do seu parque industrial, sendo prejudicial, inclusive, para o seu mercado consumidor interno, visto que, sem a concorrência externa, a tendência é que os preços subam. Por isso, no meu entendimento, o texto da letra A dá a entender que os países desenvolvidos não eliminaram o protecionismo, porém, embora isso seja verdade, necessário se faz perceber que, embora o protecionismo não seja uma práticaextinta, atualmente ela está relativizada. Att. A desigualdade nas competições é natural e sempre haverá empresas com maior poder de mercado que outras. A globalização trouxe avanço tecnológico para os países subdesenvolvidos e acesso a tecnologias para os cidadãos desses países. Não é um mundo perfeito, ainda há desigualdades, porém algo incontestável que a globalização trouxe foi a internet, que permite a milhões de pessoas, das mais diversas classes sociais, o acesso a informação de todos os segmentos, acesso a cursos e professores de qualidade que jamais teriam se vivessem isolados do resto do mundo dependendo apenas do progresso local. Sem falar que muitas pessoas de países pobres conseguiram migrar para outros países e, assim, mudaram sua vida e de sua família de uma forma que jamais aconteceria se a globalização não fosse uma realidade. Os países desenvolvidos, quando impõe limites à imigração, nada mais estão fazendo do que protegendo seu povo e seus interesses, pois esse é o propósito principal de existência de cada nação, é bem verdade que as nações mais ricas devem muito da sua atual condição a exploração que por séculos ocorreu com as nações mais frágeis e que tem uma dívida para com elas, porém isso não é justificativa suficiente para deixar suas fronteiras abertas o que geraria um verdadeiro caos interno, a exemplo temos a Europa com os seus recente e muito mais constantes casos de terrorismo, coincidentemente posterior a abertura de sua fronteiras à refugiados de guerra. Nem proibição total e nem permissão sem regras, tudo deve ser feito com bom senso e equilíbrio, para que seja possível separar o joio do trigo, visto que as nações mais ricas necessitam da mão de obra de outras nações. A desigualdade sempre existiu ela não é fruto da globalização, mas da natureza humana.
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