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RESUMO TÓPICOS INTERDISCIPLINARES

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AULA 01 
TEMAS TRANSVERSAIS: ARTE, CULTURA E FILOSOFIA. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E 
INOVAÇÃO 
 
Tópicos Interdisciplinares busca a interação entre disciplinas aparentemente distintas, como 
Sociologia, Direito, Antropologia, História, Filosofia, Ecologia, Ciência Política, entre outras. 
 
Essa interação é uma maneira complementar ou suplementar que possibilita a formulação de um 
saber crítico-reflexivo, que deve ser valorizado no processo de ensino-aprendizado, no sentido de 
instrumentalizar o estudante para uma formação geral, humanística e plural. 
 
Essa disciplina focada na interdisciplinaridade oferece uma nova postura diante do conhecimento, 
um olhar transformador em relação ao processo de busca do contexto do conhecimento, do ser como pessoa 
integral. Esse afazer é garantidor da construção de um conhecimento globalizante, rompendo com os limites 
das disciplinas que formam o núcleo próprio do ensino jurídico. 
 
Nesta aula, você terá a oportunidade de conhecer diversos temas ligados à Arte, Cultura Filosofia e 
Ciência que formam um todo muito importante, considerando a sua formação como um profissional com 
uma visão cultural ampla, mas especialmente coerente e, em particular, com um componente ético e de 
competência que esteja comprometido com os rumos da sociedade em que vive. Além disso, evidenciará a 
sua compreensão de temas que importantes para a realidade contemporânea e que transcendam ao seu 
ambiente próprio de formação. 
 
Razão pela qual teremos a oportunidade de conhecer a distinção entre o pensamento científico e o 
senso comum, além do movimento de encontro entre a técnica e a ciência e suas consequências mundiais. 
 
ARTE, CULTURA E FILOSOFIA 
 
Por que um profissional do Direito necessita entender um pouco de Arte, de Cultura e de Filosofia? 
Cultura é o conjunto de atividades e modos de agir, costumes e instruções de um povo. É o meio pelo qual o 
homem se adapta às condições de existência transformando a realidade. 
 
Trata-se de um processo em permanente evolução, diverso e rico. É o desenvolvimento de um grupo 
social, uma nação, uma comunidade; fruto do esforço coletivo pelo aprimoramento de valores espirituais e 
materiais. É o conjunto de fenômenos materiais e ideológicos que caracterizam um grupo étnico ou uma 
nação (língua, costumes, rituais, culinária, vestuário, religião etc.), estando em permanente processo de 
mudança. 
 
A Cultura é fundamental para a compreensão de diversos valores morais e éticos que guiam nosso 
comportamento social. Entender como esses valores se internalizaram em nós e como eles conduzem nossas 
emoções e a avaliação do outro é um grande desafio. 
 
Já a Filosofia espera contribuir para uma reflexão mais profunda sobre as questões relativas ao tema 
e, a partir desta, contribuir para a superação de valores de herança colonial que entravam o desenvolvimento 
da sociedade. 
 
Por que é preciso entender um pouco de arte, cultura e filosofia? 
 
CULTURA 
A Cultura humana surge da capacidade única que possuímos de intervir na natureza transformando-a 
a nosso bel prazer. Essa capacidade somente nós, os humanos, possuímos. 
 
A questão é que, por esse dom, tanto podemos melhorar os recursos naturais como podemos destruí-
los, exterminá-los de vez. 
 
A Cultura Humana objetivamente se desenvolveu do fato de sermos seres simbólicos, ou seja, de 
estabelecermos símbolos para nossa comunicação, da possibilidade da comunicação oral e de fabricação de 
instrumentos capazes de tornar mais eficiente o aparato biológico humano. 
 
Então, tudo o que o ser humano faz ele aprendeu com os seus semelhantes, com seus pares. Isso 
significa que tudo o que somos está em nossa própria cultura. Nada veio de fora do ambiente cultural 
humano. Tudo é produto e criação da Cultura Humana. A cultura é coisa nossa! 
 
DIVERSIDADE CULTURAL 
 
São as diferenças culturais entre as pessoas e os diferentes povos, como as diferentes línguas, usos, 
costumes, tradições, bem como a forma como as sociedades se organizam, seus valores morais e religiosos 
etc. 
Negar a diversidade cultural humana (como se uma só cor fosse preferível ao arco-íris) foi o que 
levou, entre outros, aos crimes, massacres e extermínios ocorridos ao longo da História, contra os índios, os 
negros, os aborígenes, os maias, os astecas e tantos outros povos. Sendo certo que, no fundo, as questões 
sempre tinham um viés de ambição econômica. 
 
Adotada em outubro de 2005 pela Conferência Geral da UNESCO, a Convenção da Diversidade 
Cultural tem o objetivo de estreitar os vínculos que unem a cultura com o desenvolvimento sustentável e 
fomentar o diálogo entre as culturas. 
 
As considerações dessa Convenção compreendem, entre outros aspectos: 
• O respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; 
• A igual dignidade das distintas culturas; 
• A proposta de acesso equitativo às expressões culturais e a abertura às culturas do mundo; 
• O direito soberano dos Estados a elaborar políticas culturais para proteger e promover a diversidade 
das expressões culturais; 
• O reconhecimento da natureza distinta dos bens e serviços culturais em sua qualidade de portadores 
de identidade, valores e significados. Aborígenes – são povos originários de um determinado lugar. 
 
RELATIVISMO CULTURAL 
 
É uma ideologia político-social que defende o valor de qualquer cultura local de qualquer sociedade 
e vai contra qualquer questionamento moral e ético dos mesmos por indivíduos externos a esses sistemas. 
 
Seus defensores alegam que o bem e o mal são relativos a cada cultura e que só quem é daquela 
cultura é que pode dizer o que lhe é bom ou mal. São contra a imposição dos valores ocidentais aos demais 
povos, afirmando que isso seria uma prática imperialista. 
 
UNIVERSALISMO OU RELATIVISMO CULTURAL 
 
Em sentido oposto, os universalistas argumentam que é possível identificar traços culturais que 
devem ser comuns em qualquer sociedade, como, por exemplo, a valorização da dignidade da pessoa 
humana e a proteção contra opressão ou arbítrio. 
 
Nesse sentido, afirmam a noção de um núcleo mínimo de direitos que devem ser protegidos em nível 
global. 
 
Contra a crítica da imposição da cultura ocidental aos demais povos, como prática imperialista, os 
universalistas criticam a postura relativista assegurando que vários Estados realizam graves violações aos 
direitos humanos, sob a justificativa da manutenção da identidade cultural. É o caso das mutilações genitais 
das meninas, em alguns países, por exemplo. 
 
ARTE 
 
Desde que o mundo é mundo, o ser humano constrói seus próprios objetos, suas coisas. 
 
A arte é uma maneira inventiva de como a humanidade manifesta suas emoções, sua história e sua 
cultura por meio de alguns valores estéticos, como encanto, conformidade, sensatez, equilíbrio, beleza. 
 
A arte se revela através de um sem número de possibilidades formais, em especial na música, na 
escultura, na pintura, no cinema, na dança, entre tantas outras existentes e que podem vir a ser criadas. 
 
FILOSOFIA 
 
A Filosofia ocidental possui data e local de nascimento: final do século VII e início do século VI a.C. 
Nas colônias gregas da Ásia menor, na cidade de Mileto. 
 
O primeiro filósofo foi um grego chamado Tales, que morava nessa cidade de Mileto. 
 
A Filosofia surgiu pela necessidade de um outro tipo de explicação para a ordem do mundo que fosse 
além da explicação mística ― uma explicação racional. Ou seja, uma explicação coerente, justificada por 
argumentos (lógicos e não contraditórios), formando Pensamentos, Ideias e Conceitos. 
 
Assim, a atividade filosófica ou proposta da Filosofia é a formaçãodo pensamento crítico, 
justificado, sistemático. 
 
CIÊNCIA 
 
No início da civilização, as respostas eram feitas de forma mística, utilizando-se da mitologia 
(conjunto dos mitos de um determinado povo) para explicá-las. 
 
Quando o homem passou a questionar essas respostas e a buscar explicações mais plausíveis, por 
meio da razão, excluindo suas emoções e suas crenças religiosas, passou-se a obter respostas mais realistas. 
Podemos dizer que essa nova forma de pensar do homem criou a possibilidade do surgimento da ideia de 
ciência e que sua tentativa de explicar os fenômenos, por meio da razão, foi o primeiro passo para se fazer 
ciência. 
 
O que é Ciência afinal? 
 
A palavra ciência vem do latim scientia, traduzido como ―conhecimento‖. Refere-se a qualquer 
conhecimento ou prática sistemática. 
 
Em sentido estrito, Ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento pesquisando, mas baseado 
no método científico, bem como ao corpo organizado de conhecimentos conseguidos através de tais 
pesquisas. 
 
Em outras palavras, Ciência é o esforço para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como 
o Universo funciona. 
 
Refere-se à investigação ou ao estudo racional de tudo no Universo, direcionados à descoberta da 
verdade e/ou realidade universais. Tal estudo ou investigação é metódico e compulsoriamente realizado em 
acordo com o método científico. 
 
É por isso que o conhecimento científico se distingue do conhecimento adquirido através do senso 
comum. 
 
O que é senso comum? 
 
Senso comum é o que não é Ciência. A Ciência é uma transformação do senso comum. Sem ele, ela 
não pode existir. 
 
Isso quer dizer que há uma relação entre esses conhecimentos, pois se pode observar uma 
continuidade entre o pensamento científico e o senso comum. 
 
Ciência, tecnologia e inovação. 
 
Aliás, é errado equacionar-se tecnologia e ciência. Esta é a busca de conhecimentos mais ou menos 
abstratos, enquanto que a primeira é a aplicação do conhecimento organizado no auxílio à solução de 
problemas em nossa sociedade. 
 
Tendemos a nos esquecer que, mesmo atualmente, grandes partes da tecnologia, das engenharias 
mecânica e civil, por exemplo, podem independer da Ciência. 
 
Existem muitas atividades criadoras e inovadoras importantes que, quando utilizam a Ciência, fazem-
no incidentalmente. 
 
A invenção continua sendo o ingrediente básico da inovação. Ainda precisamos de pessoas que 
tenham pendor, interesse, aspiração e capacidade criadora para serem inventores. 
 
 
AULA 02 
DEMOCRACIA, ÉTICA, CIDADANIA, EXCLUSÃO E MINORIAS 
 
DEMOCRACIA 
 
Você sabia que a palavra ―democracia‖ deriva do grego demo = povo e kracia = governo, ou seja, 
governo do povo? 
Pois é. Por isso, democracia é um sistema em que as pessoas de um país podem participar da vida 
política. Essa participação pode se dar por meio de eleições, plebiscitos e referendos. 
Na democracia, as pessoas possuem liberdade de expressão e manifestação de suas opiniões. Trata-se 
de um sistema (regime) de organização social mais eficiente para se cultivar e se praticar a liberdade de 
ação e de expressão. 
Somente no século XX, fruto de muitas lutas e resistências é que a democracia passou a ser 
predominante em boa parte do mundo. 
Existem alguns critérios definidores de um regime democrático. Talvez o mais importante desses 
critérios seja a necessidade de conceder igual tratamento a sujeitos politicamente iguais. 
Lima e Góes (2015, p.136) nos apontam os critérios elaborados por Robert Dahl, professor de ciência 
política na Universidade Yale: 
 Participação efetiva; 
 Igualdade de voto; 
 Entendimento esclarecido; 
 Controle sobre os temas a serem deliberados; 
 Inclusão do maior número de participantes. 
 
ÉTICA 
A ética é, tradicionalmente, um dos temas mais importantes da filosofia. 
A palavra ―ética‖ deriva da palavra grega ethos = costumes, hábitos e valores de uma sociedade ou 
cultura. 
A ética não se confunde com a moral. Ela é geral e a moral é particular. Cada um tem a sua. 
Ética ≠ Moral 
Afinal o que é ÉTICA? 
A ética é a reflexão filosófica sobre a moral; procura justificar a moral. 
O seu objeto é o que guia a ação, orientando racionalmente a vida humana. 
ATENÇÃO 
A ética não pode ser vista fora da realidade sociocultural concreta. Os valores éticos de uma 
comunidade variam de acordo com o ponto de vista histórico e dependem de circunstâncias 
determinadas. 
 
Exemplos: poligamia, concubinato, sacrifícios humanos. 
 
A ética se refere àqueles valores que a sociedade elege como os escolhidos para serem seguidos e 
serve para que haja uma harmonia e bom funcionamento social, possibilitando uma ordem social. 
 
Razão pela qual a ética está relacionada ao sentimento de justiça social, muito embora não possa 
ser confundida com as leis, com o direito. 
 
A ética é estabelecida por uma sociedade tendo por base seus valores históricos e culturais. 
Do ponto de vista da Filosofia, a ética é uma ciência que tem por objeto o estudo dos valores e 
princípios morais de uma sociedade e de seus grupos sociais próprios. 
Na sociedade, cada grupo possui seus próprios padrões éticos (ética cristã, ética médica, ética do 
advogado, a ética na política, a bioética etc.). É o que chamamos de deontologia. 
Deontologia seria a ciência do que é justo e conveniente que o homem faça, dos valores que 
decorrem do dever ou norma que dirige o comportamento humano. 
 
CIDADANIA 
A cidadania foi uma concepção de caráter revolucionário para a grande luta que varreu o feudalismo 
da face da Europa Ocidental entre os séculos XVII e XIX. Significava o fim das distinções de ―sangue‖ e 
títulos. Concentrava em uma palavra a ideia radical de acabar com os privilégios da nobreza e do clero 
durante a Idade Média. 
Uma das referências históricas mais importantes do conceito de cidadania está no lema da Revolução 
Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 
Para Jean Jacques Rousseau, ao ser alcançada a igualdade jurídica, todos deveriam se transformar 
em ―cidadãos‖. E nenhum homem deveria ter mais privilégios do que outro por sua origem ou seus títulos. 
Todos seriam cidadãos. 
Marshall fez um histórico do desenvolvimento da cidadania moderna, dividindo-a em três partes: 
CIVIL: direitos civis e individuais básicos. 
Os Direitos Civis correspondem àqueles direitos ligados à liberdade individual e estes 
incluem liberdade de expressão e de pensamento, o direito à propriedade privada e o direito do 
acesso à justiça. 
POLÍTICA: participação no poder político. 
Os Direitos Políticos equivalem aos direitos políticos e são aqueles direitos de participação no 
processo político de governança, seja como eleitor ou como membro eleito de uma assembleia. 
As revoluções liberais e a constitucionalização da monarquia, por sua vez, colocam a 
universalização dos direitos políticos, o direito à organização e participação nas instituições da vida 
política do Estado. 
SOCIAL: bem-estar econômico e segurança. 
Até porque a cidadania também comporta um feixe de manifestações e pressões sociais 
exercidas pelos indivíduos, associações, coletividades ou grupos sociais na defesa de seus interesses. 
Essas são anteriores ou mesmo exteriores à legitimidade jurídica e se manifestam em 
diferentes práticas sociais desvinculadas do aparelho de Estado. Ou, como propõe José Murilo, existe 
uma ―cidadania informal‖ exterior às formalidades das relações Estado-sociedade, que se manifesta 
em representações e práticas sociais formadoras de uma identidade social. 
Assim, entende-se que o exercício da cidadania deve ser investigado no complexo jogo de 
relaçõesdialéticas estabelecidas no interior da sociedade pela legitimação de valores como sendo 
universais. Essa relação tem uma dimensão institucional evidente na legislação sobre os direitos e 
deveres do cidadão. 
 
EXCLUSÃO E MINORIAS 
Democracia hoje é vontade da maioria com respeito às minorias. 
Políticas Públicas 
As políticas públicas costumam ser formadas especialmente por iniciativa de um dos poderes do 
Estado: executivo, ou legislativo, isolada ou conjuntamente, a partir das reivindicações e propostas derivadas 
da sociedade civil organizada. 
O instrumento legal previsto para a concretização dessa participação são as audiências públicas, os 
encontros e as conferências setoriais que vem se afirmando aos poucos como forma de garantir o 
comprometimento dos diversos seguimentos da sociedade em um processo onde importa não somente a 
participação; mas, principalmente, o controle por parte da sociedade. 
Em relação à participação da sociedade, a Lei Complementar n.º 131, de 27 de maio de 2009, 
conhecida como a Lei da Transparência, dispõe: 
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, 
durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de 
diretrizes orçamentárias e orçamentos; 
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, 
em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução 
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público (...). 
Da leitura desse breve trecho da lei, é possível concluir que todos os poderes públicos, no que diz 
respeito à administração pública, municipal, estadual ou federal, se obrigam a garantir uma necessária 
participação popular. Ou seja, que a participação popular, no tocante às políticas públicas com previsão 
legal, é um dever do Estado e, portanto, um direito de todos nós, da população. 
Ações Afirmativas 
As ações afirmativas são aquelas que contribuem para superar as desigualdades e encurtar a 
distâncias entre as classes sociais e os excluídos historicamente. 
 
AULA 03 
TEMAS TRANSVERSAIS: GLOBALIZAÇÃO E GEOPOLÍTICA; MAPAS GEOPOLÍTICOS E 
SOCIOECONÔMICOS 
 
É importante demarcar que o termo ―globalização‖ vai começar a ser utilizado no final da década de 
1980, designando não somente esse processo de internacionalização da economia, mas também um outro 
processo que vai se dar em paralelo e que diz respeito ao intercâmbio cultural e a interdependência social e 
política ao nível mundial. 
Razão pela qual se chega à conclusão de que a globalização é um verdadeiro processo geopolítico de 
integração dos países que apresenta as seguintes características: liberalização econômica, revolução dos 
transportes, revolução das telecomunicações, popularização da internet, homogeneização da cultura, 
processo contraditório economicamente. 
 
Algumas características da globalização 
 
• Mundialização da economia; 
• Fragmentação das atividades produtivas nos diferentes territórios e continentes; 
• Desconcentração do aparelho estatal; 
• Expansão de um direito paralelo ao Estado; 
• Internacionalização do Estado; 
• Desterritorialização e reorganização do espaço de produção. 
 
A geopolítica é uma área da Geografia que tem como objetivo fazer a interpretação dos fatos da 
atualidade e do desenvolvimento político dos países usando como parâmetros principais as informações 
geográficas. 
 
A geopolítica visa também compreender e explicar os conflitos internacionais da atualidade e as 
principais questões políticas da atualidade. 
 
Os principais temas estudados pela geopolítica na atualidade são: 
 
• Globalização; 
• Conflito árabe-israelense; 
• Influência dos Estados Unidos no mundo atual; 
• Nova Ordem Mundial; 
• Uso dos recursos energéticos no mundo. 
 
AULA 04 
POLÍTICAS PÚBLICAS: EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO, SANEAMENTO, SAÚDE, TRANSPORTE, 
SEGURANÇA, DEFESA 
 
O que são políticas públicas? 
Para Elenaldo Celso Teixeira (2002, p.08), as políticas públicas são diretrizes, princípios norteadores 
de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, 
mediações entre atores da sociedade e do Estado. 
São, nesse caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis, 
programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos 
públicos. 
Nem sempre, porém, há compatibilidade entre as intervenções e declarações de vontade e as ações 
desenvolvidas. Devem ser consideradas também as ―não-ações‖, as omissões, como formas de manifestação 
de políticas, pois representam opções e orientações dos que ocupam cargos. 
As políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e implantação e, sobretudo, em seus 
resultados, formas de exercício do poder político, envolvendo a distribuição e redistribuição de poder, o 
papel do conflito social nos processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais. 
 
Políticas públicas e políticas governamentais 
Vimos até agora definições relacionadas à natureza do regime político em que vivemos, com o grau 
de organização da sociedade civil e com a cultura política vigente. Nesse sentido, cabe distinguir ―políticas 
públicas‖ de ―políticas governamentais‖. 
Nem sempre ―políticas governamentais‖ são públicas, embora sejam estatais. Para serem ―públicas‖, 
é preciso considerar a quem se destinam os resultados ou benefícios, e se o seu processo de elaboração é 
submetido ao debate público. 
Assim, a política pública é vista como uma forma de prevenção e de resolução pacífica de conflitos, 
visto que, por meio dela, torna-se possível obter a satisfação de direitos básicos da sociedade sem que seja 
necessário colocá-la em risco. 
Existem muitas formas de políticas públicas, como, por exemplo, as políticas sociais, que são objeto 
da nossa aula de hoje: 
 Educação; 
 Habitação; 
 Saneamento; 
 Saúde; 
 Segurança; 
 Cultura; 
 Transportes; 
 Políticas estruturais; 
 Meio ambiente. 
 
Políticas públicas de educação: A educação é considerada uma ferramenta básica para garantir o 
desenvolvimento de uma sociedade. 
Para Guiomar Namo de Mello (1991, p. 09), diferentemente da maioria dos países desenvolvidos, os 
do Terceiro Mundo precisam adequar as estratégias de desenvolvimento a situações conjunturais 
caracterizadas por: 
 Políticas de ajuste econômico de curto prazo que dificultam consensos em torno de objetivos de 
longo alcance, como são os da educação. 
 Instabilidade e fragilidade da experiência democrática, em função de longos períodos de governos 
autoritários, que prejudicam a articulação entre as instituições políticas e os atores sociais. 
 Crescimento desigual, que faz conviver setores avançados tecnicamente com outros de mão de obra 
intensiva e ainda necessários à integração de grandes contingentes marginalizados da produção e do 
consumo. 
 Grandes desigualdades na distribuição de renda, e ineficiência e desigualdade na oferta de serviços 
educacionais. 
 
Distinção Constitucional entre Direitos Fundamentais e as políticas públicas: 
Existe uma relação muito íntima entre os Direitos Fundamentais, mormente os Direitos 
Fundamentais Sociais, a saber: os direitos à saúde, educação, habitação, segurança coletiva, ao trabalho e ao 
bem-estar social e às obrigações do Estado em garantir as políticas públicas que possibilitem tais 
realizações. 
 
Como fica o desenvolvimento sustentável? 
Vamos encontrar a resposta no seguinte bom texto de Mendes (2016): 
 
 
Qual a diferença entre crescimento e desenvolvimento? 
A diferença é que o CRESCIMENTO não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, 
pois nãoleva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, 
que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. 
O DESENVOLVIMENTO, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o 
objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, 
portanto, a qualidade ambiental do planeta. 
 
O DS tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas: 
 A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer etc.). 
 A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance 
de viver). 
 A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o 
ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal). 
 A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio etc.). 
 A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas 
(erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como, por exemplo, 
os índios). 
 A efetivação dos programas educativos. 
 
AULA 05 
TEMAS TRANSVERSAIS - RELAÇÕES DE TRABALHO E DE GÊNERO 
 
Dois temas aparentemente afastados são objeto desta aula: as relações de trabalho e as relações de 
gênero. Porém, esse afastamento é tão somente aparente, pois quando falamos em trabalho estamos nos 
referindo a algo que faz parte de uma das necessidades humanas e que tem sua origem com o aparecimento 
do ser humano e é fundamental para sua sobrevivência. 
De igual modo, as questões de gênero são parte da essência do ser humano e estão relacionadas 
mesmo com suas necessidades de reconhecimento como seres carentes de uma identidade não somente 
pessoal, mas também sexual. Ambas as relações se encontram entremeadas por um elemento social 
determinante: o PODER. 
É o poder que estabelece que existam escravos e senhores, patrões e empregados. É o poder que 
estabelece a existência de machos dominantes, sociedades com regimes patriarcais, discriminações 
homofóbicas. 
 
Preliminares acerca da noção de relação de trabalho: 
A noção de trabalho é sempre relacional. Com efeito, não se há de pensar o fenômeno humano 
trabalho a não ser da perspectiva de uma relação que o define fundamentalmente. 
O trabalho pode ser definido, a priori, como uma relação do homem com o mundo que o cerca. 
 
As diversas relações de trabalho ao longo da história: 
As relações de trabalho se sucederam, no curso da história, em basicamente cinco fases, segundo 
Mozart Victor Russomano (1984: 105): 
 
1ª fase: A relação de trabalho sob o regime da escravidão se estabelece entre o senhor e o escravo. O 
senhor é sujeito de direitos, mais especificamente titular de um dominium, um direito de propriedade sobre o 
escravo que é res, coisa. 
Portanto, tratava-se de uma relação de direito real. Não se trata de uma locação de serviços, que é o 
contrato de trabalho moderno em forma embrionária, na medida em que não é sobre os serviços do escravo 
que o senhor exerce seus direitos, mas sobre a pessoa, corpo e vontade do escravo. 
 
2ª fase: No regime da servidão, por sua vez, as personagens são o senhor e o servo. Transita-se, 
assim, do escravo-coisa para o servo-acessório-da-terra (Catharino, 1982: 175). 
O direito de propriedade do senhor feudal se exerce sobre a terra, o que lhe dava direito sobre o 
produto do trabalho do servo em sua terra instalado. Porém, como a reprodução da vida social, na Idade 
Média, dependia em quase tudo da terra a qual o servo estava ligado por um vínculo indissolúvel, a 
submissão ao senhor era uma exigência. O servo pode ser dito escravo da terra, ainda que seja nominalmente 
livre. 
3ª fase: No final da Idade Média, surge um novo modo de relação de trabalho: o regime das 
corporações. 
Constituem-se unidades de produção, como oficinas, onde grupos profissionais ― especialmente 
artesãos, mais não exclusivamente — desenvolvem suas atividades de acordo com rígidos métodos e 
hierarquias. 
A relação de trabalho é travada entre o mestre e o aprendiz. 
 
4ª fase: Com o avento da revolução industrial, na modernidade, as relações de trabalho começam a 
adquirir a estrutura atual. 
Ao novo modo de produção vai corresponder uma ideologia político-jurídica, uma superestrutura, em 
termos marxistas, propriamente capitalista, o liberalismo. 
As relações de produção passam a se firmar entre as mesmas forças econômicas atuais, quais sejam a 
classe capitalista e a classe proletária. 
 
5ª fase: No âmbito do estado liberal burguês dos séculos XVIII e XIX, as relações de trabalho se 
firmam com base em um contrato de locação de serviços (locatio operarum), onde os pactuantes são o 
capitalista e o proletário. 
A liberdade econômica se constrói sobre o princípio da autonomia da vontade (pacta sunt servanda). 
O capital é livre para comprar não só o produto do trabalho, mas o próprio trabalho, ou a força de trabalho, 
daqueles que são livres para vendê-la. Não há escravidão: o trabalho é assalariado. 
O regime do salariato, em sua configuração liberal, porém, não vai ser a forma definitiva de relação 
de trabalho. Isso porque as desvantagens derivadas dessa forma de relação social seguem extremamente 
profundas para uma das partes, o proletariado. 
A exploração do trabalho passaria, ainda, por uma nova atualização até atingir sua conformação 
atual. Em nome da produtividade, da razão do capital, as relações de trabalho se tornariam mais amenas no 
que diz respeito ao trabalhador e não menos lucrativas para o capitalista. 
 
Relação de trabalho e relação de emprego: 
A teoria contratualista considera a relação entre empregado e empregador um contrato e seu 
fundamento reside na tese de que a vontade das partes é a causa insubstituível e única que pode constituir o 
vínculo jurídico. 
A fase clássica do contratualismo é caracterizada pela explicação do contrato de trabalho com base 
nos mesmos tipos contratuais previstos pelo direito civil, a saber, o arrendamento, a compra e venda, a 
sociedade e o mandato. 
Entretanto, a doutrina moderna rejeita tais teorias porque esta prefere ver, na relação de emprego, um 
contrato de características próprias e regido por um ramo particular do direito: o direito do trabalho. 
A teoria moderna sustenta a natureza contratual, reconhecendo a forte interferência estatal, de modo 
que as leis trabalhistas inserem-se automaticamente no contrato, restringindo a autonomia da vontade das 
partes. 
Alguns doutrinadores argumentam que o contrato de trabalho é de adesão, pois a autonomia da 
vontade está limitada às leis, convenções e acordos coletivos. Outros combatem esta tese defendendo que o 
contrato não pode ser de adesão, pois as partes podem alterá-lo, não se limitando apenas à aceitação das 
cláusulas. 
 
Períodos do capitalismo: 
O primeiro período é aquele em que o processo de industrialização é bastante intenso, e o estado 
será reduzido a mero legitimador do desenvolvimento econômico do capitalismo. 
O segundo período é o momento em que se busca distinguir dentro do projeto sociocultural da 
modernidade o que é realmente possível e o que não é de se realizar em uma sociedade capitalista em 
expansão. 
Já o terceiro período do capitalismo, capitalismo desorganizado em virtude da falta de opção entre o 
pilar da regulação e o da emancipação, surge no final da década de 1960 e continua em vigência até os dias 
de hoje. 
 
Flexibilização das relações de trabalho: 
A questão da flexibilização das relações de trabalho envolve de um lado uma discussão acerca do 
avanço tecnológico junto às ações balizadoras da economia capitalista que potencializarama globalização 
(assunto já tratado em aula anterior). 
A rapidez com que as distâncias são percorridas permite que as fronteiras territoriais sejam 
suprimidas, proporcionando às empresas multinacionais, com capital destinado ao investimento, 
possibilidades de produzir a menor custo. 
A existência de nações pobres, ou em desenvolvimento, onde a mão de obra é pouco qualificada e 
―abundante‖, possibilita que tais empresas internacionalizem suas atividades em busca de maior 
competitividade. 
Questões que envolvem a flexibilização das relações de trabalho: 
TERCEIRIZAÇÃO: É uma forma de organização estrutural do trabalho que permite a uma empresa 
transferir a outra empresa suas atividades-meio, adaptando à maior disponibilidade de expedientes para essa 
sua atividade-fim, diminuindo sua estrutura operacional, abatendo as despesas, moderando recursos e 
otimizando sua administração. 
QUARTEIRIZAÇÃO: É a terceirização da terceirização. 
TRABALHO TEMPORÁRIO: Serve para atender à necessidade transitória de substituição de 
pessoal regular da empresa. 
PRECARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO TRABALHO: É uma tendência da globalização e do 
neoliberalismo. 
 
AULA 06 
TEMAS TRANSVERSAIS - REDES SOCIAIS E RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR 
PÚBLICO E PRIVADO 
 
Nesta aula, vamos promover um diálogo reflexivo envolvendo temas relevantes sobre Redes Sociais 
e responsabilidade social: setor público, privado e network. 
Teremos a oportunidade de reconhecer a importância das Redes Sociais na web e como o direito ao 
acesso ao mundo virtual (ciberespaço) se tornou um direito humano. 
Veremos que, com o aparecimento das Redes Sociais, os cientistas sociais e os especialistas em 
mídia começam a se questionar sobre a efetividade de seus benefícios e em que medida também podem 
causar malefícios. 
De qualquer modo, não podemos negar a importância de ter acesso garantido às Redes Sociais, ou 
seja, de poder ser usuário. Além disso, se torna relevante criar um networking e poder trabalhar com os 
outros, independentemente da distância, mantendo o constante contato com amigos e familiares, estreitando 
os laços, independente de longas distâncias. 
Tudo isso se tornou um verdadeiro direito humano de todos os cidadãos, a ser garantido pelo Estado. 
 
O que é uma Rede Social: 
Vamos começar afirmando que Rede Social é uma das formas de representação dos relacionamentos 
afetivos ou profissionais dos seres humanos entre si ou entre seus agrupamentos de interesses mútuos. 
 
Responsabilidade social: 
A questão da responsabilidade social com o passar do tempo veio provocando uma série de 
discussões e muitas contribuições importantes que levaram à construção de novos conceitos — por vezes 
complementares, às vezes distintos ou até mesmo redundantes ― usados para conceituar a expressão 
―responsabilidade social‖, entre os quais estão: 
RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA (RSC): Conceito usado na literatura 
especializada, sobretudo para empresas, principalmente de grande porte, com preocupações sociais voltadas 
ao seu ambiente de negócios ou ao seu quadro de funcionários. 
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL (RSE): Envolve um espectro mais amplo de 
beneficiários (os denominados stakeholders), englobando qualidade de vida e bem-estar do público interno 
da empresa, mas também a redução de impactos negativos de sua atividade na comunidade e meio ambiente. 
RESPONSABILIDADE SOCIAL AMBIENTAL (RSA): É aquele compromisso ético que se volta 
para a criação de valores ambientais para todos os públicos relacionados com a empresa, a começar por seus 
acionistas, clientes, funcionários, fornecedores, passando pela comunidade, governo. E se materializa por 
meio dos regulamentos internos criados e das ações em termos de respeito ao meio-ambiente do entorno em 
que se insere e da matéria-prima utilizada. 
AULA 07 
TEMAS TRANSVERSAIS: SOCIODIVERSIDADE E MULTICULTURALISMO. O ADVENTO DO 
TERCEIRO SETOR 
 
Nesta aula, vamos delinear alguns pontos da fundamental discussão sobre a universalidade na 
aplicação dos Direitos Humanos em um cenário mundial globalizado. Porém, ponteado por especificidades 
sociais e culturais de caráter regional e tribal que colocam em destaque a discussão acerca de questões como 
soberania, autodeterminação dos povos e dignidade humana em contraposição face a valores ligados 
particularmente às tradições religiosas e ao poder político. 
Esses são os temas que abordaremos quando estudarmos a sociodiversidade e o multiculturalismo. 
É neste marco que vem se configurando paulatinamente, fruto dos acordos, protocolos, convênios e 
tratados, a normatização de um novo Direito, de caráter universal, cujo objeto são os Direitos Humanos. 
Eis que, com essa abordagem, abre-se uma oportunidade para enxergar o assunto sob o prisma da 
preocupação com a garantia da efetividade universal dos Direitos a regular a vida em sociedade sob a égide 
da legitimidade normativa. 
Além disso, vamos conhecer o terceiro setor. 
 
Diversos são os grupos de pesquisa que aproximam a questão dos Direitos Humanos do 
chamado multiculturalismo crítico. 
Dentre esses grupos, o de Boaventura de Souza Santos é um dos que se reporta à hermenêutica 
diatópica e ao conceito de equivalentes homeomórficos, propostos por Raimon Panikkar (2002). 
A partir desse pressuposto instrumental fundamental, Santos (2001, 2008) consegue identificar três 
fontes de tensões dialéticas que afetam sobremaneira não somente as relações intersubjetivas na 
modernidade ocidental em todo o seu espectro social, como também a política de direitos humanos, desde o 
final do século passado. 
PRIMEIRA TENSÃO 
A primeira dentre elas corresponderia à tensão dialética entre o que o autor denomina ―regulação 
social e emancipação social‖, ou seja, o estabelecimento de limites e o transcender dos limites no sentido 
dos avanços no campo social. 
Desde o final do século XX, essa tensão teria perdido o seu potencial criativo, na medida em que ―a 
emancipação deixou de ser o outro da regulação para se tornar no duplo da regulação‖ (SANTOS, 2001, 
p.1). 
Se desde o início do século XX até seus meados as mobilizações emancipatórias foram 
consequências diretas das crises de regulação e tiveram como resultado o fortalecimento das políticas 
emancipatórias, nos dias atuais, tanto a crise do Estado — seja enquanto regulador ou como Welfare State 
(Estado de bem-estar social) — como as crises de emancipação social — simbolizadas, para Santos (2001), 
pela crise da revolução social e do socialismo tomados como padrão da transformação social radical — são 
simultâneas e alimentam-se uma da outra. 
De igual sorte, a política dos direitos humanos, que foi ao mesmo tempo uma política reguladora e 
uma política emancipadora, está enredada nessa crise dúplice, do mesmo modo em que é sinal do desejo de 
ultrapassá-la. 
SEGUNDA TENSÃO 
A segunda tensão dialética está situada na relação entre o Estado e a sociedade civil. 
Segundo Santos, o Estado da modernidade, ainda que se apresente de modo minimalista, é, 
virtualmente, um Estado maximalista, na medida em que a sociedade civil, configurada como o outro do 
Estado, se autorreproduz por meio de leis e regulações originadas do próprio aparelho estatal, e, para essas, 
não parecem existir limites, desde que o processo de produção legislativa respeite as regras democráticas 
colocadas pelo Estado. 
Aqui também Santos (2001, p. 2) aponta a questão dos direitos humanos como o cerne da tensão: 
―[...] enquanto a primeira geração de direitos humanos (os direitos cívicos e políticos) foi concebida 
como uma luta da sociedade civil contra o Estado, considerado como o principal violador potencial dos 
direitos humanos, a segunda e terceira gerações(direitos econômicos e sociais e direitos culturais, da 
qualidade de vida etc.) pressupõem que o Estado é o principal garantidor dos direitos humanos.‖ 
TERCEIRA TENSÃO 
Finalmente, Santos considera que a terceira tensão dialética sobrevém do atrito entre o Estado-nação 
e o fenômeno designado por globalização. 
O modelo político praticado na modernidade ocidental é aquele caracterizado por uma unidade 
básica referencial, os Estados-nação soberanos, que convivem em um sistema internacional interestatal, 
formado por Estados igualmente soberanos. 
Santos observa, no entanto, que esse sistema interestatal sempre foi idealizado de certo modo 
anárquico, regulado por uma legalidade muito indelével, e ―mesmo o internacionalismo da classe operária 
sempre foi mais uma aspiração do que uma realidade‖ (2001, p.3). 
Hoje, com a intensificação da globalização que leva a um esgotamento do modelo do Estado-nação, a 
questão que se coloca é a de investigar se ambas, regulação social e emancipação social, caminham no 
sentido dessa mesma escala global. 
 
Terceiro setor e desenvolvimento social: 
Nos últimos tempos, temos percebido, tanto no Brasil como em outros países, o crescimento de um 
novo ―setor‖, em paralelo com os dois setores tradicionais. 
TRADICIONAIS 
O primeiro setor, também chamado de ―setor público‖, que seria aquele no qual a origem e a 
destinação dos recursos são públicas, corresponde às ações do Estado; 
O segundo setor, também denominado ―setor privado ou particular‖, que corresponde ao capital 
privado, sendo a aplicação dos recursos revertida em benefício próprio. 
NOVO SETOR 
Denominado como o ―terceiro setor‖. Representa a esfera de atuação pública não estatal, formada a 
partir de iniciativas privadas, voluntárias, sem fins lucrativos, visando o bem comum. 
Assim considerado, o terceiro setor representa um conjunto altamente diversificado de instituições, 
no qual se incluem organizações não governamentais, fundações e institutos empresariais, associações 
comunitárias, entidades assistenciais e filantrópicas, assim como várias outras instituições sem fins 
lucrativos. 
Atributos que distinguem o terceiro setor: 
Formalmente constituídas: Alguma forma de institucionalização, legal ou não, com um nível de 
formalização de regras e procedimentos, para assegurar a sua permanência por um período mínimo de 
tempo. 
Estrutura básica não governamental: São privadas, ou seja, não são ligadas institucionalmente a 
governos. 
Gestão própria: Realiza sua própria gestão, não sendo controladas externamente. 
Sem fins lucrativos: A geração de lucros ou excedentes financeiros deve ser reinvestida 
integralmente na organização. Estas entidades não podem distribuir dividendos de lucros aos seus dirigentes. 
Trabalho voluntário: Possui algum grau de mão de obra voluntária, ou seja, não remunerada ou o uso 
voluntário de equipamentos, como a computação voluntária. 
 
AULA 08 
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO. INCLUSÃO/EXCLUSÃO DIGITAL 
 
Esta aula é muito especial porque nela você tomará conhecimento de um assunto muito atual: as 
TICs — Tecnologias de Informação e Comunicação. 
Você sabia que o processo de globalização e de inovação tecnológica possibilitaram a interligação do 
mundo em tempo real? Porém, infelizmente, não são todos que têm acesso a essas tecnologias, seja por falta 
de infraestrutura, como, por exemplo, condições financeiras de comprar um celular ou computador, ou até 
mesmo acesso à luz elétrica ou linha telefônica. 
Eis a razão pela qual os determinantes econômicos e sociais são fatores fundamentais para maior 
possibilidade de acesso à Internet, e, por via de consequência, de participar do mundo globalizado, além do 
outros fatores não menos importantes como: classe social, idade, e região do mundo onde a pessoa vive. 
 
Inclusão digital, um direito de todo brasileiro: 
A utilização em massa das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs) ligadas à 
modernização do setor produtivo e das atividades estatais promoveu o surgimento de uma nova classe de 
excluídos socialmente: os analfabetos digitais ou excluídos digitais. 
Trata-se de cidadãos e cidadãs que, quando vão à procura de emprego, por exemplo, não têm e-mail 
para fornecer em uma entrevista ou colocar no currículo; que precisam de uma certidão negativa da 
administração pública municipal, estadual ou federal, mas não fazem ideia de que pode ser obtida fora do 
ambiente físico da repartição pública; que não foram ―alfabetizados‖ digitalmente, ou seja, não conseguem 
sequer entender o que significa o termo ―mouse‖; nunca estiveram diante de um computador e não têm 
acesso à Internet. 
AULA 09 
TEMAS TRANSVERSAIS: VIDA URBANA E RURAL. ECOLOGIA/BIODIVERSIDADE E 
DESENVOLVIMENTO 
 
Nesta aula, serão abordados temas relacionados ao modo de vida de nossas sociedades demarcando 
as distinções entre o urbano e o rural e a tendência ao cosmopolitismo. Combinado a isso, trataremos de 
questões relacionadas à violência nos grandes centros urbanos e sua importação para a ambiência rural. 
Abordaremos uma temática muito atual e que diz respeito a como o desenvolvimento está 
comprometido com a qualidade de vida no planeta. 
Conheceremos propostas de uma economia que se coadune com a preservação dos recursos humanos 
e naturais. A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham 
chance de viver). 
Essas e outras questões são relevantes e estão intimamente relacionadas com o desenvolvimento 
sustentável, que você, enquanto estudante universitário, precisa tomar conhecimento. 
Divisão econômica do trabalho, a saber: 
 
Mudanças no campo e na cidade: 
O rural, hoje em dia, está desenvolvendo atividades múltiplas além das ligadas à agricultura 
(primárias), e passou a ser visto como uma questão territorial, onde o uso do solo e as atividades da 
população moradora no campo se ligam à várias atividades terciárias (comércio e serviços), sendo 
compreendido como não urbano, ou seja, o que não pertence à cidade. 
Os costumes rurais já não são mais os mesmos do passado distante. As mudanças na forma de 
produção, da cultura local, de se vestir, de como falar, em como administrar as propriedades, estão seguindo 
as regras da cidade, porque os moradores do campo creem que tudo que é da cidade é que é bom, que as 
coisas e modos do campo são atrasados, fora de moda. 
Por isso, o campo vem passando por um processo acelerado de urbanização. Motivo pelo qual, 
podemos dizer que, muitas vezes, rural e urbano hoje se confundem, se aperfeiçoam e se interdependem, na 
medida em que um não existiria sem o outro. 
Por outro lado, e contraditoriamente, na cidade, as pessoas procuram copiar alguns hábitos rurais, 
considerados como mais saudáveis, tais como produzir alguns produtos para consumo próprio em pequenas 
hortas nos seus jardins, terraços e varandas, além de preferir produtos orgânicos. 
 
Sem contar com o sucesso dos grupos de música sertaneja entre os jovens nas cidades grandes. Isso 
reflete o desejo de estar próximo da natureza, buscando uma melhora nas condições de vida e de saúde, 
ingerindo alimentos sem agrotóxicos e de conhecer a cultura da zona rural em todo seu espectro e amplitude. 
No entanto, com o aumento da urbanização, ocorre o seguinte: vê-se o aperfeiçoamento das técnicas, 
das condições de vida, dos encantos culturais; mas, infelizmente, também se vê, a miséria e a violência das 
favelas, o desemprego, a falta de saneamento básico, a falta de condições mínimas de vida e saúde para as 
populações periféricas nos grandes centros urbanos. 
Infelizmente esse é o preço a ser pago, por essas pessoas que um dia fugiram do campo sem 
eletricidade e outros confortos,com a ilusão do progresso da cidade grande, dos grandes centros urbanos. 
 
Como é hoje? 
Presentemente, mais de 80% da população brasileira vive nas cidades (zona urbana), mas, apesar 
disso, o Brasil ainda é um país tão urbano quanto industrial e agrícola. 
Ao longo de décadas a população brasileira cresceu de forma desordenada, os espaços nas cidades 
foram sendo ocupados sem qualquer critério ou planejamento, imensas malhas urbanas foram formadas, 
ligando uma cidade a outra e criando as regiões metropolitanas (ajuntamento de duas ou mais cidades). 
A ausência de um plano diretor não só acarreta problemas sociais e econômicos como também 
produz danos ambientais. Um bom exemplo dessa realidade é a poluição: do ar, dos rios, o acúmulo de lixo 
não tratado. 
São milhões de pessoas nas regiões metropolitanas consumindo e produzindo lixo e detritos que 
diariamente são depositados muitas vezes em lixões a céu aberto, sem que recebam qualquer tratamento. 
Isso sem contar com a poluição ambiental, derivada da emissão de gases de automóveis e indústrias, 
que provocam problemas de saúde, principalmente respiratórios. 
A registrar-se, por fim, a poluição das águas, pois os dejetos das residências e indústrias (esses muito 
maiores e mais perigosos) são lançados, muitas vezes, sem tratamento nos córregos e rios. No período 
chuvoso, ocorrem as cheias fazendo com que se disperse a poluição por toda a área. 
Não é preciso pensar muito para concluir que a maioria dos problemas urbanos é em primeiro lugar 
de responsabilidade do poder público que se omite em relação a essas questões, porém não se pode esquecer 
da responsabilidade da própria população. 
Isso porque fazer com que a cidade seja um lugar bom para se viver é tarefa de todos os que nela 
habitam. 
Desenvolvimento sustentável: 
O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a 
possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-
chave: 
1. O conceito de ―necessidades‖, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que 
devem receber a máxima prioridade; 
2. A nação das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio-
ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras (...). 
 
Em seu sentido mais amplo, a estratégia de desenvolvimento sustentável visa a promover a harmonia 
entre os seres humanos e a humanidade e a natureza. No contexto específico das crises do desenvolvimento 
e do meio ambiente surgidas nos anos 1980 – que as atuais instituições políticas e econômicas nacionais e 
internacionais ainda não conseguiram e talvez não consigam superar -, a busca do desenvolvimento 
sustentável requer: 
 UM SISTEMA POLÍTICO que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório; 
 UM SISTEMA ECONÔMICO capaz de gerar excedentes e know-how técnico em bases confiáveis e 
constantes; 
 UM SISTEMA SOCIAL que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não 
equilibrado; 
 UM SISTEMA DE PRODUÇÃO que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do 
desenvolvimento; 
 UM SISTEMA TECNOLÓGICO que busque constantemente novas soluções; 
 UM SISTEMA INTERNACIONAL que estimule padrões sustentáveis de comércio e financiamento; 
 UM SISTEMA ADMINISTRATIVO flexível e capaz de autocorrigir-se. 
 
AULA 10 
VIOLÊNCIA E TERRORISMO 
 
Vamos tratar de um fenômeno muito próprio de nosso tempo, qual seja a violência individual e 
coletiva, no âmbito histórico e atual, bem como o terrorismo, seja praticado pelos particulares, seja pelo 
próprio Estado. 
 
 
 
 
 
FÓRUM 
 
A formação da sociedade e do ser humano como ser pensante, possui, na sua constituição, uma 
importante tríade que são a arte, a cultura e a filosofia. 
A arte é uma manifestação simbólica seja pela pintura, escultura, arquitetura etc, com o propósito de 
atingir os sentidos e assim as emoções humanas. A cada época histórica, o ser humano seguiu uma linha 
sistemática de expressão artística, assim foi na Pré-história, na Idade Antiga, na Idade Média, no 
Renascimento etc. 
A cultura reflete os hábitos de convívio em sociedade, se apresenta em vários a aspectos de interação 
humana, com na língua, nos costumes, nos rituais, na culinária, no vestuário, na religião etc. A cultura é uma 
criação essencialmente humana. 
A filosofia é o raciocínio humano enquanto ser questionador de conceitos. Ela busca as causas 
primárias daquilo que se prestar a questionar. É a partir do questionamento filosófico que se desenvolve o 
interesse pelo conhecimento científico. 
 
Vamos analisar a questão abaixo: 
(SGA-AC) O caráter globalizado da economia contemporânea traz consequências que não se restringem ao sistema produtivo 
propriamente dito. Entre outros aspectos relevantes, pode-se afirmar que a globalização altera o papel e a forma de atuação dos 
Estados nacionais, modifica significativamente o mundo do trabalho, incentiva o contínuo desenvolvimento científico e 
tecnológico, subordina às leis do mercado atividades esportivas e artístico-culturais, e agiliza, sobremaneira, a circulação de 
bens e de capitais. Contudo, ao mesmo tempo em que faz avançar o turismo mundial, impõe barreiras à imigração, sobretudo 
quando se trata de egressos de áreas pobres que partem em busca de melhores condições de vida nos países mais ricos. Além 
disso, cada vez mais, condiciona as relações internacionais aos interesses econômicos. Entre as opções abaixo, assinale a que 
não corresponde a característica da globalização contemporânea. 
a. A ampliação dos mercados em decorrência da eliminação de políticas protecionistas por parte dos países economicamente mais 
poderosos. 
b. A formação de blocos regionais e continentais com o objetivo de melhor inserção na economia mundial. 
c. O aumento da capacidade de produção, assentada na tecnologia e voltada para um mercado extremamente competitivo. 
d. A grande mobilidade financeira, com os capitais - produtivos ou especulativos - circulando com facilidade pelos mercados 
mundiais. 
e. Profunda desigualdade social entre as nações desenvolvidas e as não desenvolvidas do globo. 
Podemos concluir que a resposta correta é a letra A, pois o mercado não se torna mais amplo, e sim cada vez mais restrito, pois 
as grandes economias é que dominam. 
Ainda tem alguma dúvida sobre essa questão? Faça-a, ou deixe seu comentário. 
Boa noite profa. e colegas, 
A globalização surge da necessidade que os países têm de escoar sua produção por meio de novos mercados 
consumidores. 
Iniciada no período das Grandes Navegações por Portugal e Espanha, ganhou novos ares por meio da Inglaterra e 
sua Revolução Industrial, auferindo características políticas pela influência dos EUA no pós 2ª Guerra Mundial, 
no decorrer da Guerra Fria. 
O protecionismo, prática que visa proteger o mercado interno de um país, embora não extinto, foi relativizado 
com o avanço das relações comerciais por meio da globalização, visto a criação e intermediação da OMC 
(Organização Mundial do Comércio) que tem o papel de promover a liberalização do mercado mundial combatendo 
práticas protecionistas. 
Um país que não abrir mão do seu protecionismo, mesmo que em parte, acabará por perder mercado externo 
gerando um atraso tecnológico do seu parque industrial, sendo prejudicial, inclusive, para o seu mercado 
consumidor interno, visto que, sem a concorrência externa, a tendência é que os preços subam. 
Por isso, no meu entendimento, o texto da letra A dá a entender que os países desenvolvidos não eliminaram o 
protecionismo, porém, embora isso seja verdade, necessário se faz perceber que, embora o protecionismo não 
seja uma práticaextinta, atualmente ela está relativizada. 
Att. 
 
 
 
 
A desigualdade nas competições é natural e sempre haverá empresas com maior poder de mercado 
que outras. 
 
A globalização trouxe avanço tecnológico para os países subdesenvolvidos e acesso a tecnologias 
para os cidadãos desses países. Não é um mundo perfeito, ainda há desigualdades, porém algo incontestável 
que a globalização trouxe foi a internet, que permite a milhões de pessoas, das mais diversas classes sociais, 
o acesso a informação de todos os segmentos, acesso a cursos e professores de qualidade que jamais teriam 
se vivessem isolados do resto do mundo dependendo apenas do progresso local. 
 
Sem falar que muitas pessoas de países pobres conseguiram migrar para outros países e, assim, 
mudaram sua vida e de sua família de uma forma que jamais aconteceria se a globalização não fosse uma 
realidade. 
Os países desenvolvidos, quando impõe limites à imigração, nada mais estão fazendo do que 
protegendo seu povo e seus interesses, pois esse é o propósito principal de existência de cada nação, é bem 
verdade que as nações mais ricas devem muito da sua atual condição a exploração que por séculos ocorreu 
com as nações mais frágeis e que tem uma dívida para com elas, porém isso não é justificativa suficiente 
para deixar suas fronteiras abertas o que geraria um verdadeiro caos interno, a exemplo temos a Europa com 
os seus recente e muito mais constantes casos de terrorismo, coincidentemente posterior a abertura de sua 
fronteiras à refugiados de guerra. 
Nem proibição total e nem permissão sem regras, tudo deve ser feito com bom senso e equilíbrio, 
para que seja possível separar o joio do trigo, visto que as nações mais ricas necessitam da mão de obra de 
outras nações. 
A desigualdade sempre existiu ela não é fruto da globalização, mas da natureza humana.

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