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Plantas Tóxicas Talita Magalhães Rocha Mestre em Farmacologia Universidade Federal do Ceará Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem Departamento de Farmácia Disciplina Farmacognosia I Sumário ´Introdução ´O que são plantas tóxicas? ´Registros de intoxicações ´Principais plantas tóxicas ´Orientações gerais ´Considerações finais Promover alimentação – (caças) Filosofo Sócrates -Executado com Cicuta (Conium maculatum) Alcaloide coniina Fonte de substancias ativas – Desenvolvimento de fármacos Introdução Século XX Idade Média Século XIX O que são plantas tóxicas? São plantas que apresentam substâncias biodisponíveis capazes de causar alterações metabólicas, tais alterações são reconhecidas como sintomas de intoxicação, que em alguns casos podem causar sérios transtornos e até mesmo levar a óbito. Fatores que limitam o potencial tóxico das plantas ♦ Condições ambientais ♦ Dose ♦ Via de administração ♦ Tempo de uso Comigo-ninguém-pode(Dieffenbachia picta ) Mamona (Ricinus communis ) Vasconcelos et al, 2009 NO BRASIL ´Cerca de 60% dos casos de intoxicação por plantas ocorrem em crianças menores de 9 anos. ´ E 80% destes casos de intoxicação são acidentais. (CICT/FIOCRUZ/SINITOX, 2000) Conhecimento sobre plantas tóxicas BotânicaQuímica Farmacognosia Farmacologia Como ocorrem as intoxicações? Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta ) Charuto-do-rei (Nicotiana glauca) Mamona (Ricinus communis L.) Acidentais Confusão botânica Intencional PLANTAS TÓXICAS X PLANTAS POTENCIALMENTE TÓXICAS Algumas plantas são intrinsicamente tóxicas e outras depende da dose ou da via administrada. Copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica) Confrei (Symphytum officinale) O que são? PLANTAS TÓXICAS Cabacinha Confrei Comigo-ninguém- pode Dedaleira Espirradeira Zabumba Mandioca Mamona Chapéu-de-napoleão PLANTA TÓXICA (NOME VULGAR) ESPÉCIE AGENTE TÓXICO Cabacinha Luffa operculata Cucurbitacinas, saponinas Confrei Symphytum officinale Alcaloide pirrolizidinicos Comigo-ninguém-pode Dieffenbachia picta Oxalato de cálcio Chapéu de Napoleão Thevetia neriifolia Heterosideos Cardiotônicos Dedaleira Digitalis purpurea Heterosideos Cardiotônicos Espirradeira Nerium oleander Heterosideos Cardiotônicos Zabumba Datura stramonium Alcaloides tropânicos Mandioca Manihot utilissima Heterosideo Cianogênico Mamona Ricinus communis Ricina e Ricinina PLANTAS TÓXICAS RDC 26/2014 RDC 26/2014 Heterosídeos cianogênicos Heterosídeos cardiotônicos Alcaloides Saponinas Oxalato de cálcio Glicoproteínas CLASSE OU SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS NATURAIS COM POTENCIAL TÓXICO: MANDIOCA-BRAVA (Manihot esculenta Crantz) ´ Parte tóxica: Raiz e folhas ´ Agente tóxico: Heterosídeo cianogênico – Linamarina (termolábil e volátil) Família: Euphorbiaceae Heterosídeos cianogênicos MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) Família: Euphorbiaceae Ingestão • Absorção rápida no tubo digestivo, distribuição para tecidos e sangue Liberação de HCN • Inibição dos complexos enzimáticos HCN Heterosídeos cianogênicos MANDIOCA (Manihot utilissima Pohl.) Família: Euphorbiaceae ´ Ácido cianídrico (HCN) Abs. Grandes quantidades: O radical cianeto - INIBE A RESPIRAÇÃO CELULAR Abs. Pequenas quantidades : O HCN é transformado pela RODONASE em TIOCIANATO (não tóxico). 1 Kg de mandioca (tubérculo/ext) ~ 0,8 g HCN; matar 3 homens/ intoxicação aguda Heterosídeos cianogênicos ´ Sintomas: Náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, acidose metabólica, sonolência, convulsões e coma. Distúrbios respiratórios: dispneia, apneia, secreções, cianose. Distúrbios cardiocirculatórios. Hipotensão e arritmias SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO POR PLANTAS TÓXICAS CIANOGÊNICAS Heterosídeos cianogênicos ´ Tratamento: • Nitrito de amila (inalação) e Nitrito de sódio 3%, i.v. – • Tiossulfato de sódio a 25% – aumenta a conversão a tiocianato (não tóxico) Na2S2O3 + CN- SCN- + Na2SO4 Transulfurase (fígado) • Lavagem gástrica (carvão ativado) TRATAMENTO DE INTOXICAÇÃO POR PLANTAS TÓXICAS CIANOGÊNICAS: Formação de metahemoglobina Formação de cianometahemoglobina (não tóxica) Hemoglobina Compete com Citocromo-oxidase Heterosídeos cianogênicos Pesquisa de cianogênicos Heterosídeos cianogênicos Teste de Guignard (Papel Picro-sódico) Carbonato de sódio 10% Droga vegetal Ácido pícrico 10% Coloração vermelha R-CN + Reagente de Guignard → Ácido isopurpúrico Família: Scrophulariaceae DEDALEIRA (Digitalis purpurea L.) Heterosídeos cardiotônicos Família: Scrophulariaceae DEDALEIRA (Digitalis purpurea L.) ´ Parte tóxica: Folha e flor ´ Agente tóxico: Heterosídeos Cardiotônicos – Digoxina e digitoxina ´ Uso farmacológico: insuficiência cardíaca e arritmas ´ Índice terapêutico estreito Heterosídeos cardiotônicos ESPIRRADEIRA (Nerium oleander) ´ Parte tóxica: todas as partes da planta ´ Agente tóxico: Heterosídeos Cardiotônicos - Oleandrina e Neriantina Família: Apocinaceae Heterosídeos cardiotônicos CHAPÉU-DE-NAPOLEÃO (Thevetia neriifolia) ´ Parte tóxica: Todas as partes da planta ´ Agente tóxico: Heterosídeos Cardiotônicos – Látex - Tevetina, Tevetoxina, Neriifolina. Família: Apocynaceae Heterosídeos cardiotônicos Heterosídeos cardiotônicos SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO POR PLANTAS TÓXICAS CARDIOTÔNICAS ´ Sintomas: Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia. Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas, confusão mental e distúrbios visuais. Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão. Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival, lacrimejamento. Heterosídeos cardiotônicos TRATAMENTO DE INTOXICAÇÃO POR PLANTAS TÓXICAS CARDIOTÔNICAS ´ Tratamento de suporte, com atenção especial aos distúrbios hidroeletrolíticos. ´ Antiarrítmicos habituais nos distúrbios de ritmo. ´ Antiespasmódicos, antieméticos, protetores de mucosa e adsorventes intestinais (carvão ativado). ´Contato ocular: lavagem com água corrente, colírios antissépticos, analgésicos e avaliação oftalmológica. Heterosídeos cardiotônicos Pesquisa de cardiotônicos Processo de extração Etanol Acetato de chumbo Clorofórmio Heterosídeos cardiotônicos Reação Liebermann-Buchard Determinação de núcleo esteroidal ou terpênico Reação de Kedde Identificação do anel lactônico Reação de Keller-Kiliani Identificação do açúcar ZABUMBA (Datura stramonium) ´ Parte tóxica: todas as partes da planta ´ Agente Tóxico: Hiosciamina, atropina e escopolamina ´ Uso popular: Droga de abuso Família:Solonaceae (dl) Hiosciamina (ATROPINA) Escopolamina Alcaloides ZABUMBA (Datura stramonium) Família:Solonaceae Alcaloides ZABUMBA (Datura stramonium) Sintomas de intoxicação: Inicio rápido: Náuseas, vômitos, pele quente, seca e avermelhada, rubor facial, mucosas secas, taquicardia, midríase, distúrbios de comportamento, alucinações e delírios, vasodilatação periférica. Casos graves: Depressão neurológica e coma, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e óbito Família:Solonaceae Tratamento: Esvaziamento gástrico, carvão ativado e controle das funções vitais Alcaloides ♦ Parte tóxica: Folhas e Raízes ♦ Agentes químicos: Alantoína (princípio ativo) Alcaloides pirrolizidínicos (princípio tóxico) Aminoácidos Mucilagem CONFREI (Symphytum officinale L.) Família: Boraginaceae Alcaloides Uso terapêutico Anti- inflamatórioCicatrizante Risco tóxico Uso interno Doenças hepáticas Confrei (Symphytum officinale) Alcaloides DOENÇA HEPÁTICA VENO-OCLUSIVA Manifestações clínicas: • Dores abdominais • Ascite • Hepatomegalia CÂNCER DE FÍGADO PORTARIA Nº 19, 30/01/92 - SNVS/MS. Proibe o uso do confrei em fitoterápicos destinados ao uso interno TOXICIDADE DO CONFREI Alcaloides Pesquisa de alcaloides Reagentes gerais Cor do precipitado Mayer (iodeto de potássio e cloreto de mercúrio ) Branco Dragendorff (iodeto de potássio e subnitrato de bismuto) Alaranjado Bertrand (ácido sílico- túngstico) Branco Bouchardat (iodo e iodeto de potássio) Marrom Hager (ácido pícrico) Amarelo Alcaloides CABACINHA (Luffa operculata Cogn) Familia: Cucurbitaceae ´ Parte tóxica: Frutos secos ´ Agente tóxico: Cucurbitacinas, saponinas ´ Etnofarmacologia: Abortiva, rinite e sinusite Saponinas CABACINHA (Luffa operculata Cogn) Familia: Cucurbitaceae Saponinas Sintomas de intoxicação: Vômito, cólicas abdominais, diarreia intensa, e hemorragia na mucosa sinusal Tratamento: Sintomático: Distúrbios GI -antiespasmódicos CABACINHA (Luffa operculata Cogn) Saponinas Pesquisa de saponinas Saponinas Determinação do índice de espuma Atividade hemolítica COMIGO-NINGUÉM- PODE (Dieffenbachia picta Schott) (Dieffenbachia seguine Schott) Família: Araceae Oxalato de cálcio ♦ Parte tóxica: todas as partes da planta. ♦ Agente tóxico: Idioblastos - Cristais de oxalato de cálcio (ráfides), ácido oxálico e substâncias lipídicas (Ác. Graxos insaturados – irritantes) COMIGO-NINGUÉM-PODE ♦ Sintomas de intoxicação: Irritação com sensação de queimadura, salivação, dor, edema da mucosa oral, obstrução das vias aéreas e óbito. Oxalato de cálcio TRATAMENTO: • Deve-se assegurar a desobstrução das vias respiratórias, evitar asfixia. • Tratamento sintomático ou de suporte (líquidos gelados – alivio). • Adm de analgésico e anti-inflamatórios e anti-histamínicos. NÃO fazer lavagem gástrica nem provocar vômitos COMIGO-NINGUÉM-PODE Oxalato de cálcio Família: Araceae Tinhorão Caladium bicolor Vent. Taioba-brava Colocasia antiquorum Schott. Copo-de-leite Zantedeschia aethiopica Spreng. Oxalato de cálcio ♦ Parte tóxica: Sementes e folhas ♦ Agente tóxico: Ricina, ricinina e glicoproteinas (alergizante) Ricina (glicoproteína) – Inativa os ribossomos, (sementes) Ricinina – Alcalóide (sementes e folhas) -1 a 6 sementes – Letal para crianças Óleo de mamona ou rícino não é tóxico, a não ser que esteja contaminado com ricina. MAMONA (Ricinus communis L.) Família: Euphorbiaceae Glicoproteínas MAMONA (Ricinus communis L.) Sintomas de intoxicação: Vômito, cólicas abdominais, diarreia muco sanguinolenta, letargia, sonolência, apneia e coma TRATAMENTO: Lavagem gástrica imediata - carvão ativado Estimulação de vômito Hidratação Administração de eletrólitos Controle renal e hepático Tratamento sintomático Família: Euphorbiaceae Glicoproteínas ORIENTAÇÕES GERAIS: ´ Manter as plantas venenosas fora do alcance das crianças. ´ Ensinar as crianças a não colocar plantas na boca e não utilizá-las como brinquedos (fazer comidinhas, tirar leite, etc.). ´ Não preparar remédios ou chás caseiros com plantas sem orientação médica. ´ Não comer folhas, frutos e raízes desconhecidas . Não há regras ou testes seguros para distinguir as plantas comestíveis das venenos as. Nem sempre o cozimento elimina a toxidade da planta . ´ Tomar cuidado ao podar as plantas que liberam látex provocando irritação na pele e principalmente nos olhos; ´ Em caso de acidente, procurar imediatamente orientação médica e guardar a planta para identificação . ´ Em caso de dúvida ligar para o Centro de Intoxicação de sua região. Conscientizar a população a respeito do potencial de toxidade de algumas plantas é fundamental para se evitar acidentes. ORIENTAÇÕES GERAIS: ´Em caso de dúvida ligue p/ o Centro de Intoxicação de sua região ´CEATOX – Centro de Assistência Toxicológica– IJF - INSTITUTO DR. JOSÉ FROTA RUA BARÃO DO RIO BRANCO, 1816 - CENTRO CEP: 60025-061 FORTALEZA - CE PABX: 085.3255.5000 ´SINITOX – Sistema Nacional de Informações Toxico- Farmacológicas (FIOCRUZ) – 0800 722 6001 CONSIDERAÇÕES FINAIS ü O que são plantas tóxicas? ü Frequência de intoxicações ocorre principalmente em quem? üQuais os principais motivos de intoxicações em adultos? ü Todas as plantas apresentadas são apenas tóxicas? üQuais plantas apresentadas apresentam efeitos farmacológicos cientificamente comprovados? üQuais providencias devem ser tomadas em casos de intoxicação? ü Vocês agora sabem identificar as plantas tóxicas apresentadas nesta aula? Qual o seu nome popular? Cabacinha Confrei Comigo-ninguém-pode Dedaleira Espirradeira Zabumba Mandioca Mamona Chapéu-de-napoleão REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SIMÕES, C. M. O.;; SCHENKEL, E. P.;; GOSMANN, G.;; MELLO, J.C.P.;; MENTZ, L.A.;; PETROVICK, P.;; Farmacognosia: da Planta ao medicamento, Porto Alegre/Florianópolis Editora da UFRGS/Editora da UFSC, 5ª Ed, 2003. Intoxicações por Plantas Tóxicas Quadro - Resumo de Plantas Tóxicas: Quadro Clínico e Tratamento segundo Princípio Ativo acesso em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/zoonoses_intoxicacoes/plantas/Intoxicacoes _por_Plantas_Toxicas.pdf. Visitado em: 12 out 2016. Teixeira, J.B.P.; Lima, A.A PLANTAS ORNAMENTAIS TÓXICAS: PREVENÇÃO DE ACIDENTES. Acesso em http://www.gege.agrarias.ufpr.br/plantastoxicas/arquivos/euphorbia%20pulc herrima.pdf Visitado em: 12 out 2016. Centro de atendimento toxicológico PLANTAS- Acesso em http://slideplayer.com.br/slide/375305/ Visitado em: 12 out 2016. BARG, D.G. Plantas tóxicas. Instituto Brasileiro de Estudos Homeopáticos .Faculdade de ciências da saúde de São Paulo. São Paulo-SP, 2004. Vasconcelos, J;; Vieira, J.G,P;; Vieira, E.P.P. Plantas tóxicas: Conhecer para prevenir. Belém-PA. Revista cientifica da UFPA, v.7, nº 1, 2009. Obrigada!
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