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ENGENHARIA QUÍMICA ESAMC ALESSANDRA VIEIRA GABRIEL HENRIQUE LEONARDO LIMA SAYURI HIGO GERAÇÃO DE ENERGIA BIOMASSA CAMPINAS 2017 1. INTRODUÇÃO Biomassa é todo recurso renovável oriundo de matéria orgânica (de origem animal ou vegetal) que pode ser utilizada na produção de energia. (ANEEL, 2003) A digestão anaeróbia, assim como a pirólise, ocorre na ausência de ar, mas nesse caso, o processo consiste na decomposição do material pela ação de bactérias (microrganismos acidogênicos e metanogênicos). Trata-se de um processo simples, que ocorre naturalmente com quase todos os compostos orgânicos. O tratamento e o aproveitamento energético de dejetos orgânicos (esterco animal, resíduos industriais etc.) podem ser feitos pela digestão anaeróbia em biodigestores. (ANEEL, 2003) Biodigestor é o local onde ocorre a digestão anaeróbia dos dejetos. As bactérias são as principais responsáveis pela degradação da matéria orgânica e produção de biogás. Fezes de suínos, aves e bovinos são excelentes matérias-primas para o biodigestor. O Biodigestor é composto por uma câmara de digestão e o gasômetro. (IENGEP, 2005) Em termos energéticos, o produto final da digestão anaeróbia é o biogás, composto essencialmente por metano e dióxido de carbono. O efluente gerado pelo processo pode ser usado como fertilizante. (ANEEL, 2003). Uma das principais vantagens da biomassa é que, embora de eficiência reduzida, seu aproveitamento pode ser feito diretamente, por intermédio da combustão em fornos, caldeiras etc. (ANEEL, 2003) A médio e longo prazo, a exaustão de fontes não renováveis e as pressões ambientalistas poderão acarretar maior aproveitamento energético da biomassa. (ANEEL, 2003) 2. OBJETIVO Construir um biodigestor afim de armazenar a biomassa, e através da digestão anaeróbia das bactérias ali presentes produzir biogás, e demonstrar a geração de energia mediante sua queima. 3. MATERIAIS Para a construção do biodigestor e a realização de geração de energia através da biomassa, foram utilizados os seguintes materiais: • Durepoxi • Conexão em T • Torneira de plástico • Registro de gás • Braçadeira para mangueira • Mangueira de gás - 1,5m • Bico metálico • Bexiga • Vela • Galão de água - 10L • 3 kg de dejetos bovinos • 3 L de água Figura 1. Materiais para construção do sistema de gás Figura 2. Material para construção estrutural do biodigestor 4. MÉTODOS Para a construção do biodigestor, primeiramente deve-se diluir os dejetos bovinos em água (figura 3), até se transformar em uma mistura homogênea (figura 4). Em seguida, essa mistura deve ser colocada em um galão de água de 10L (figura 5), e depois fechada com durepoxi e a torneira de plástico, isolando qualquer saída de gás (figura 6). A mistura deve permanecer no biodigestor por no mínimo 7 dias para haver a digestão anaeróbia, e assim a produção do biogás. Para a verificação da produção de biogás utiliza-se uma bexiga (figura 7), que após a abertura da torneira deve inflar, de modo a sinalizar a formação do gás. Para melhor segurança no transporte do biogás deve ser utilizado uma mangueira de gás com um registro e um bico metálico, para ser realizada a sua queima (figura 8). Após o enchimento da bexiga, deve-se abrir levemente o registro de gás apontando o bico metálico para uma fonte de ignição, no caso uma vela, para realizar a queima do gás e assim demonstrar a geração de energia. Para finalizar o processo de queima deve ser fechado o registro de gás, e em seguida a torneira de plástico. Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Após a construção do biodigestor e o isolamento da biomassa por 7 dias, foram obtidos os seguintes resultados conforme as imagens a seguir: Figura 9. Biodigestor Figura 10. Sinalização da produção de biogás Figura 11. Queima do biogás e demonstração da geração de energia Após uma semana de repouso do sistema, foi constatado a produção de um gás, através do crescimento do balão no momento de abertura da mangueira. Com o teste de ignição, pôde ser visualizado que houve produção de uma quantidade de gás suficiente para que houvesse a queima, porém, a mesma apresentou uma coloração alaranjada diferente de uma chama de metano, que normalmente se apresenta na cor azul. Alguns fatores podem ter interferido na produção do biogás, o que ocasionou a formação de um gás com baixa concentração de metano. A grande quantidade de água misturada ao dejeto pode ter diminuído o rendimento do processo, já que a umidade diminui o poder calorífico da biomassa. O esterco pode ter carregado consigo alguns nutrientes ou substâncias tóxicas/impuras, que podem ter inibido/diminuído os efeitos da digestão anaeróbia. Como o biodigestor construído é caseiro e, diferente de equipamentos industriais, não se pode controlar as variáveis de processo, a temperatura e o pH podem não ter se encontrado nas condições necessárias para sustentar a atividade enzimática das bactérias. O biodigestor pode não ter sido totalmente vedado, o que afetaria também o produto final do processo, já que as bactérias anaeróbias atuam apenas na ausência de ar. A natureza do substrato pode ter interferido no resultado também, já que cada biomassa tem uma capacidade diferente de produção energética. E o tempo de detenção hidráulica pode não ter sido o suficiente, se a biomassa ficasse isolada por mais dias talvez produzisse maior quantidade de biogás, com sua composição sendo na maior parte constituída por metano. Os dejetos bovinos, como a maioria dos compostos orgânicos, possuem bactérias, e estas são responsáveis pela digestão anaeróbia, que tem como um de seus produtos finais o biogás. Esse processo é realizado basicamente em três etapas. Na primeira, a matéria orgânica é convertida em moléculas menores pela ação de bactérias hidrolíticas e fermentativas. As bactérias hidrolíticas transformam proteínas em peptídeos e aminoácidos, polissacarídeos em monossacarídeos, gorduras em ácidos graxos, pela ação de enzimas extracelulares, como a protease, a amilase e a lípase. As bactérias fermentativas transformam esses produtos em ácidos solúveis (ácido propiônico e butírico), álcoois e outros compostos. Numa segunda etapa, as bactérias acetogênicas transformam os produtos obtidos na primeira etapa em ácido acético (CH3COOH), hidrogênio e dióxido de carbono. Essas bactérias são facultativas, ou seja, elas podem atuar tanto em meio aeróbio como anaeróbio. O metano é formado na última etapa da produção do biogás. As bactérias metanogênicas, que formam o metano, transformam o hidrogênio, o dióxido de carbono e o ácido acético (CH3COOH) em metano e dióxido de carbono. Estas bactérias anaeróbias são extremamente sensíveis a mudanças no meio, como temperatura e pH. As bactérias produtoras do biogás são mesofílicas, vivem entre 35 a 45ºC e são sensíveis a alterações de temperatura. Variações bruscas de temperatura fariam com que as bactérias metanogênicas não sobrevivessem, o que acarretaria na diminuição considerável da produçãode biogás. A porcentagem dos gases que formam o biogás varia de acordo com os resíduos e as condições utilizadas no processo de biodigestão. Independentemente do resíduo orgânico utilizado para formação do biogás, ele será essencialmente constituído por gás metano (CH4) e gás carbônico (CO2). Outros gases, como o sulfeto de hidrogênio, o nitrogênio, o hidrogênio e o monóxido de carbono também compõe o biogás, mas em menores concentrações. Algumas substâncias presentes no biogás têm caráter indesejado e podem interferir na combustão tornando-a menos eficiente, pois, durante a queima absorvem energia. A umidade e o dióxido de carbono são as principais, tendo também o gás sulfídrico que causa corrosão nos equipamentos utilizados na geração de energia elétrica e em seu uso como combustível veicular por exemplo. 6. CONCLUSÃO O uso da biomassa vem crescendo dia a dia no Brasil e no mundo, devido sua alta aplicabilidade, disponibilidade e suas vantagens econômicas e ambientais. A biomassa vem para complementar e/ou diminuir o uso de combustíveis fósseis convencionais, que possuem alguns problemas como custo elevado, disponibilidade limitada e grandes emissões de gases poluentes. Diferente de combustíveis como o petróleo, a biomassa é adquirida a um baixo custo e cobre uma extensa categoria de materiais, sendo resíduos sólidos urbanos e dejetos animais os mais utilizados, o que se pode concluir que estes são elementos bastante disponíveis, por isso o chamamos de fonte renovável. Dentre as diversas aplicações da biomassa, a mais relevante é seu uso como fonte energética para produção de energia. Nesse processo, há a produção de biogás, que tem em sua composição gases altamente poluentes, porém que serão queimados no processo de geração de energia elétrica, o que implica na não emissão de poluição na atmosfera, logo este método se mostra menos danoso ao ambiente. Além de seu uso para produção de energia elétrica, o biogás também é utilizado em instalações de pequena escala, sendo aproveitadas para aquecimento, cocção e iluminação. Nesses casos, os biodigestores podem ser facilmente construídos, como no caso deste trabalho, para uso individual em centrais de pequeno porte, principalmente em fazendas, ou locais com alto índice de compostos orgânicos, para suprir de maneira econômica e facilitada algumas necessidades. Em unidades maiores, acoplados a esse processo podem ser implantados sistemas de cogeração, que tendem a aumentar o rendimento do processo, aproveitando o calor de descarte/residual, operando similarmente a caldeiras de recuperação. Observa-se também seu uso como combustível veicular, após sua purificação a biometano, que chega muito próximo do poder calorífico do gás natural. A digestão anaeróbia também tem sido aplicada com sucesso no tratamento de efluentes industriais e domésticos, estabilização de lodo de efluentes, manejo de aterros e reciclagem de resíduos biológicos e agrícolas como fertilizantes orgânicos. Além disso, cada vez mais os processos de digestão anaeróbica estão sendo usados para degradação de poluentes orgânicos pesados como os organoclorados ou materiais resistentes ao tratamento aeróbico. Muitos digestores anaeróbicos de carga elevada encontram-se também em operação em todo o mundo para tratar efluentes de indústrias de bebidas, alimentos, carnes, papel e celulose, laticínios, dentre outros. O metano, constituinte do biogás, pode ser utilizado como matéria-prima para a síntese de uma série de compostos orgânicos. Na atualidade deve ser destacada a sua utilização na obtenção de metanol. Além do biogás, a digestão anaeróbia promove a produção de biofetilizantes, que podem ser usados individualmente ou podem servir como produto de venda, com intuito de aumentar a fertilidade do solo. Diante de tantas vantagens e aplicações, pode-se concluir que o uso da biomassa tende a aumentar cada vez mais, tanto em processos industriais de dimensões elevadas, como em escala reduzida e individual, de modo caseiro simples e econômico, porém suas condições de processo devem ser severamente fiscalizadas a fim de realizar um resultado eficaz. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEEL. Biomassa. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/05-Biomassa(2).pdf>. Acesso em: 12/05/2017. IENGEP. Biodigestores. Disponível em: <http://www.iengep.com.br/biodigestores.htm>. Acesso em: 12/05/2017. YARA. Biogás production optimizer. Disponível em <http://www.yarabrasil.com.br/quimicos/especialidades-quimicas/biogas-production -optimizer/>. Acesso em: 12/05/2017. UFRJ. Potencial de aproveitamento energético do biogás no Brasil. Disponível em: <http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/zanette_luiz.pdf>. Acesso em: 12/05/2017. UFPR. Geração de energia elétrica através de biogás gerado em biodigestores. Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.br/ufpr2/tccs/148.pdf>. Acesso em: 12/05/2017.
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