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1 AMANDA CRISTINA SILVA FERNANDO HENRIQUE MORELLI LEONARDO HIROSHI HORIE NILTON FERREIRA RAFAEL RODRIGO MENDES Biomassa, gerando energia para as Cooperativas https://youtu.be/fBtoDPHuTL0 Ourinhos 2019 https://youtu.be/fBtoDPHuTL0 2 AMANDA CRISTINA SILVA FERNANDO HENRIQUE MORELLI LEONARDO HIROSHI HORIE NILTON FERREIRA RAFAEL RODRIGO MENDES Biomassa, gerando energia para as Cooperativas Relatório final do Projeto Integrador (PEP004) apresentado à Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP) no 5º semestre do curso de Engenharia de Produção. Mediador: MARIANA ROLIM GRANZOTO Ourinhos 2019 3 RESUMO O presente trabalho visa a redução do consumo de energia elétrica por parte de uma das unidades da Integrada Cooperativa, aliada ao aproveitamento de resíduos orgânicas, outrora descartados, por meio da geração de biogás e com vistas ao desenvolvimento sustentável. Palavras-chave: Energia. Biogás. Cooperativa. Sustentável. ABSTRACT This paper aims at the reduction of the energy consumption in one of Integrada Cooperativa’s unit, which is a producer cooperative, combined with the good use of organic residues, once rejected, by generating biogas and being concerned about sustainable development at the same time. Keywords: Energy. Biogas. Producer cooperative. Sustainable. 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 5 1.1. Problema 6 1.2. Objetivos da pesquisa 6 1.2.1. Objetivos Específicos 6 1.3. Delimitação e justificativa 6 1.4. Método de pesquisa 6 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 7 2.1. Revisão bibliográfica 7 2.1.1. História do Biogás 7 2.1.2. Processo de digestão anaeróbica 9 2.1.3. Biodigestores 10 2.1.4. Características do biogás 12 2.1.5. Vantagens do biogás 13 2.1.6. Conversão em energia elétrica 14 2.1.7. Apresentação da empresa 14 3. DESENVOLVIMENTO 14 4. RESULTADOS 21 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 24 6. REFERÊNCIAS 25 5 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, devido à deflagração da crise do petróleo, fez-se necessária uma reestruturação na cadeia energética dos países, considerando, sobretudo a disponibilidade de recursos não renováveis e o impacto ambiental oriundo dos processos de produção de energia. Neste contexto, a utilização de energias renováveis ganhou representatividade no panorama energético, favorecendo assim seu desenvolvimento, disseminação e aplicação pelo mundo, tornando-se uma alternativa viável para a atual situação de escassez de recursos (SILVA, et. al., 2009). No Brasil, estudos estão sendo realizadas com o objetivo de adequar novas fontes substitutivas aos recursos não renováveis. Uma das opções estudadas para a produção de energia, a baixo custo, que vem apresentando resultados favoráveis é o biogás. Dessa forma, a partir do ano de 1976, os estudos relacionados ao seu aproveitamento foram intensificados (DEGANUTTI, et. al., 2002). Define-se como biodigestor uma câmara hermeticamente fechada onde ocorre a biodigestão anaeróbica da matéria orgânica. Este é um processo onde uma série de microrganismos, na ausência de oxigênio, atua na transformação da matéria orgânica, passando de moléculas mais complexas para aquelas com estruturas mais simples, que quando metabolizadas, resultam numa mistura de gases e numa série de compostos reduzidos (MATOS, 2016). A biodigestão ou fermentação anaeróbia é bastante complexa e um elevado número de espécies de bactérias, produtoras ou não de metano, contribuem de algum modo para sua degradação. Durante a redução da carga orgânica presente em um resíduo, há a minimização do poder poluente e dos riscos sanitários desses dejetos e ao mesmo tempo, tem-se como subproduto o biogás, que pode ser convertido em energia térmica ou elétrica e o biofertilizante utilizado como adubo (KRETZER, et. al., 2016). A composição do biogás varia de acordo com o material digerido, com a temperatura e o tempo de fermentação, sendo seus principais gases compositores o metano com 65% e o dióxido de carbono com 35%. Outros gases são encontrados no biogás, porém em baixíssimas concentrações (AMARAL, 2004). 6 1.1. Problema A necessidade de produzir com custos menores e visando a preservação do meio ambiente gera expectativas quanto aos tipos de energias que se podem processar. Como o biogás pode contribuir nesse sentido? 1.2. Objetivos da pesquisa Apresentar o projeto para produção de biogás a partir de resíduos sólidos gerados por uma cooperativa agroindustrial. 1.2.1. Objetivos Específicos • Levantar os dados de produção de resíduos orgânicos da cooperativa; • Realizar a quantificação teórica do potencial de geração do biogás no tratamento anaeróbia destes resíduos; • Propor a melhor configuração de biodigestor e fazer a projeção do mesmo dentro do perímetro da cooperativa; • Cálculo do custo de implantação, manutenção do biodigestor e expectativa de economia. 1.3. Delimitação e justificativa Devido à geração de grande quantidade de resíduos, até então não aproveitados pela Cooperativa alvo deste estudo e visando a contribuição ao meio ambiente e redução de custos para a empresa, o presente trabalho delimita-se a apresentar uma sugestão de destinação desses rejeitos, por meio da prototipação de um sistema de reuso de matéria orgânica, utilizando-a para a geração de biogás. O protótipo a ser apresentado será um modelo em 3D. 1.4. Método de pesquisa Definido o objeto de estudo do presente relatório, optou-se pelas seguintes metodologias para desenvolvimento do trabalho: - Pesquisa bibliográfica: livros, textos, publicações científicas que abordam o tema de biomassa e fontes de energia renováveis; 7 - Pesquisa de campo: visitas técnicas ao local escolhido para implantação do sistema de geração de energia a partir de biomassa, sendo que a coleta de dados se dará por meio de entrevistas estruturadas e questionários. A partir das informações coletadas, será possível definir qual modelo, que vise o melhor custo x benefício, poderá ser implantado na cooperativa. Além disso, a proposta deverá ser factível frente à realidade financeira e disponibilidade de mão-de-obra da empresa alvo. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Revisão bibliográfica Este capítulo tem como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica de diferentes visões sobre o tema geração de energia elétrica utilizando o biogás gerado por biodigestores, como foi à evolução dessa ideia até chegarmos ao que sabemos hoje e porque é tão importante as empresas adotarem políticas socialmente responsáveis, que visem o desenvolvimento da sociedade e proteção ao meio ambiente. 2.1.1. História do Biogás A data de descoberta do biogás, ou "gás dos pântanos" é do ano de 1667 e só um século mais tarde que se volta a reconhecer a presença de metano no gás dos pântanos, atribuído a Alessandro Volta, em 1776 (CLASSEN; LIER; STAMRS, 1999). Já no século XIX, Ulysse Grayon, aluno de Louis Pasteur, realizou a fermentação anaeróbica de uma mistura de estrume e água, a 35 °C, conseguindo obter 100 litros de gás por metro cúbico de matéria. Em 1884, Louis Pasteur, ao apresentar os trabalhos do seu aluno à Academia das Ciências, considerou que essa fermentação podia constituir uma fonte de aquecimento e iluminação (NOGUEIRA, 1986). Os primeiros países a utilizarem o processo de biodigestão, de forma mais intensa e com finalidade energética foram à Índia e a China, nas décadas de 50 e 8 60, sendo que esses países e outros, geralmente do terceiro mundo, desenvolveram seus próprios modelos de biodigestores (NOGUEIRA, 1986). Com a crise do petróleo na década de 70 foi trazida para o Brasil a tecnologia da digestão anaeróbia. Na região do nordeste foram implantados vários programas de difusãodos biodigestores e a expectativa era grande, porém os benefícios obtidos a partir do biogás e do biofertilizante não foram suficientes para dar continuidade aos programas e os resultados não foram muito satisfatórios (BOLETIM ENFOQUE, 1999). Atualmente, esse processo vem se difundindo por vários países. A recuperação de energia gerada pelos processos de tratamento anaeróbio teve grande impulso com a crise do petróleo, quando diversos países buscaram alternativas para a sua substituição. Entretanto, as soluções para os problemas de desenvolvimento devem ser apropriadas às necessidades, às capacidades, os recursos humanos e financeiros e à cultura. Assim, o impulso recebido no período e crise não chegou a constituir um sólido movimento de substituição dos recursos não renováveis por outras fontes renováveis (NOGUEIRA, 1986). Até pouco tempo, o biogás era simplesmente conhecido como um subproduto obtido a partir da decomposição anaeróbia de lixo urbano, resíduos animais e de estações de tratamento de efluentes domésticos. No entanto, o acelerado desenvolvimento econômico dos últimos anos e a alta acentuada do preço dos combustíveis convencionais tem encorajado as investigações na produção de energia a partir de novas fontes renováveis e economicamente atrativas, tentando sempre que possível, criar novas formas de produção energética que possibilitem a poupança dos recursos naturais esgotáveis (VILLELA; SILVEIRA, 2005). O primeiro documento relatando a coleta de biogás de um processo de digestão anaeróbia ocorreu em uma estação de tratamento de efluentes municipal da Inglaterra, em 1895, sendo que o primeiro estudo de aproveitamento em uma pequena planta, com uso de estrume e outros materiais, remontam de 1941, na Índia. Desde então, o processo anaeróbio tem evoluído e se expandido ao tratamento de resíduos industriais, agrícolas e municipais (VILLEN; et. Al., 2001). 9 Posteriormente, passou-se a desenvolver e utilizar esse processo fermentativo para o tratamento de esgoto doméstico, objetivando, principalmente, a destruição da matéria orgânica. Isso ocorreu na metade do século XIX e o gás produzido era destinado à iluminação. No começo do século XX, ocorreu na Índia e na China, o início do desenvolvimento de biodigestores para a produção de gás metano a partir de esterco de animais, principalmente bovinos (COELHO et al., 2006). Somente a partir de 1960, a digestão anaeróbia passou a ser pesquisada com caráter mais científico, havendo então, grandes progressos quanto à compreensão dos fundamentos do processo e também de projetos de biodigestores e equipamentos auxiliares (COELHO et al., 2006). 2.1.2. Processo de digestão anaeróbica Existem três grupos microbianos, com comportamentos distintos, que participam da biodigestão anaeróbia em biodigestores: bactérias fermentativas, bactérias acetogênicas e as bactérias metanogênicas (GARTNER, 2015). Baseado em CHERNICHARO (1997) apud AMARAL (2004), assim se pode definir as quatro fases do processo de digestão anaeróbia: ● Hidrólise: transformação de materiais particulados complexos (polímeros) em materiais dissolvidos mais simples (moléculas menores), que podem atravessar as paredes celulares das bactérias fermentativas. É conseguida através da ação de exoenzimas excretadas pelas bactérias fermentativas hidrolíticas; ● Acidogênese: conversão dos produtos solúveis, oriundos da hidrólise, em ácidos graxos voláteis, principalmente, e ainda alcoóis, ácido lático, gás carbônico, hidrogênio, amônia e sulfeto de hidrogênio além de novas células bacterianas. Os produtos solúveis oriundos da hidrólise são metabolizados no interior das células das bactérias fermentativas e excretados. Essas bactérias são também denominadas bactérias fermentativas acido gênicas; ● Acetogênese: oxidação, pelas bactérias acetogênicas, dos produtos gerados na fase acidogênica, por exemplo, propionato e butirato, em substrato apropriado para as bactérias metanogênicas. De todos os produtos metabolizados pelas bactérias acidogênicas apenas o hidrogênio e o acetato podem ser utilizados 10 diretamente pelas metanogênicas. Os produtos gerados pelas bactérias acetogênicas são o hidrogênio, o dióxido de carbono e o acetato; ● Metanogênese: a etapa final no processo global de degradação anaeróbia de compostos orgânicos em metano e dióxido de carbono. É efetuada pelas bactérias metanogênicas em substratos como ácido acético, hidrogênio, dióxido de carbono, ácido fórmico, metanol, metilaminas e monóxido de carbono. As metanogênicas, que formam metano a partir de ácido acético ou metanol, são ditas acetoclásticas. E as que produzem metano a partir de hidrogênio e dióxido de carbono, de hidrogenotróficas. A figura a seguir representa o conjunto de processos bioquímicos envolvidos na formação de biogás: Figura 1. Etapas de produção do biogás. Fonte: ARAÚJO (2017). 2.1.3. Biodigestores O biodigestor é constituído por um reservatório que armazena a biomassa por um determinado tempo, e por uma câmara (gasômetro) que armazena o biogás 11 produzido. O biogás fica retido na parte livre do biodigestor e em seguida pode ser canalizado para ser utilizado em diversas aplicações, como processos de aquecimento, resfriamento, ou na geração de energia elétrica. O biodigestor pode ser classificado como contínuo ou intermitente. No primeiro caso, o abastecimento de biomassa é diário, com descarga proporcional à entrada de biomassa. Já no intermitente, utiliza-se a capacidade máxima de armazenamento de biomassa, retendo-a até a completa biodigestão. Em seguida, são retirados os restos da digestão e realiza-se uma nova recarga (ARAÚJO, 2017). Existem diversos tipos de biodigestores, cada um com suas vantagens e desvantagens e características próprias de operação. A seguir segue os principais modelos utilizados atualmente e suas principais características, segundo JUNQUEIRA (2014): • Biodigestor Batelada: No sistema do tipo batelada, a matéria prima é inserida no biodigestor fechado, totalmente sem ar, para que seja realizada a fermentação anaeróbica do material. O gás inserido é armazenado num gasômetro acoplado no próprio recipiente ou permanece no biorreator servindo de digestor. Após o término da produção de biogás, o biodigestor é aberto e os resíduos são retirados. A seguir, é feita a limpeza do sistema e é inserida uma nova quantidade de substrato, reiniciando o processo. • Biodigestor Contínuo: Nos biodigestores do tipo contínuo, ao contrário do tipo batelada, a produção de biogás e biofertilizante, enquanto o mesmo for alimentado com substrato, nunca cessa. Esse tipo de biodigestor é alimentado continuamente com um substrato que seja de fácil degradação e disponível abundantemente no local através de dutos de alimentação, enquanto o biogás é extraído por tubulação na parte superior e o biofertilizante é removido através de dutos de saída. • Biodigestor Modelo Indiano: O biodigestor modelo indiano possui uma cúpula geralmente construída de ferro ou fibra que se movimenta para cima e para baixo conforme a produção de biogás. Nesse modelo de biodigestor o processo de fermentação ocorre mais rápido, pois se beneficia da pouca amplitude térmica do solo, o que favorece a ação das bactérias. Por se tratar de uma construção subterrânea, ocupa pouco espaço, além disso, não necessita o uso de reforços, 12 como cintas de concreto. No caso da cúpula ser construída de metal, deve-se prever uma boa pintura com o intuito de evitar a oxidação da mesma. Por se tratar de um biodigestor que fica semienterrado é preciso ter cuidado para evitar infiltração no lençol freático (FRANÇA JR., 2008). O modelo Indiano possui pressão de operação constante, ou seja, à medida que o volume de gás produzido não é consumido de imediato,o gasômetro tende a deslocar-se verticalmente, aumentando o volume deste, portanto, mantém a pressão em seu interior constante (DEGANUTTI et. al., 2002). • Biodigestor da Marinha ou Canadense: É um modelo tipo horizontal, tem a largura maior que a profundidade, sua área de exposição ao sol é maior, com isso é maior a produção de biogás. Sua cúpula é de plástico maleável, tipo PVC, que infla com a produção de gás, como um balão. Pode ser construído enterrado ou não. Esse modelo com cobertura em lona de PVC, em substituição às campânulas (metálica ou fibra de vidro), vem ganhando maior espaço em virtude dos menores custos e facilidade de implantação. A cúpula pode ser retirada, o que ajuda na limpeza. A vantagem desse processo está na produção constante de biogás que é relacionado com a carga diária de sólidos voláteis. 2.1.4. Características do biogás Os principais constituintes do biogás são o metano e o gás carbônico, havendo também baixas concentrações de monóxido de carbono, sulfeto de hidrogênio, amônia, entre outros (LIMA; PASSAMANI, 2012). A Tabela 1 apresenta a porcentagem de cada constituinte presente no biogás: Tabela 1. Possíveis percentuais dos constituintes do biogás 13 Fonte: Cassini (2013) apaud Lima; Passamani (2012). De acordo com Ferling (2003), a composição do biogás se torna difícil definir, pois depende diretamente do material orgânico utilizado e do tipo de tratamento anaeróbio que sofre. Porém, de modo geral, sua composição varia basicamente em 50% a 70% de metano do volume do gás produzido, dióxido de carbono de 25% a 65% e pode ainda produzir outros gases como nitrogênio, hidrogênio, gás sulfídrico, oxigênio e amoníaco, que, somados, atingem aproximadamente 10% do volume do gás produzido. Analisando esses dados, pode-se assumir que o biogás é composto basicamente por metano, que é o seu principal combustível, e também de gás carbônico. Entretanto, a presença de outros gases faz com que a escolha da tecnologia utilizada influencie na operação, limpeza e combustão do biogás de acordo com a necessidade do projeto. Outro aspecto importante a se levar em conta de acordo com Ferling (2003) é a umidade presente no biogás, pois esta tem influência direta no processo de combustão, afetando, assim, o poder calorífico do gás gerado. 2.1.5. Vantagens do biogás O biogás apresenta grandes vantagens sobre outras formas de obtenção de energia. Do ponto de vista ambiental, o biogás tem seu uso defendido por toda parte do mundo pelo fato deste poluir muito menos a atmosfera, ajudando assim a desacelerar o aquecimento global. Do ponto de vista agrícola, a substituição dos derivados combustíveis a base de 14 petróleo pode economizar com a ausência de gastos no transporte de bujões de gás. E existem ainda os resíduos sólidos usados como adubos orgânicos, chamados de biofertilizante. Do ponto de vista sanitário, o uso de biodigestores para coleta de dejetos humanos e animais poderiam ajudar ou até mesmo sanar os problemas de saúde pública oriundos desses dejetos carregados de micro- organismos parasitas (ROYA, et al., 2011). 2.1.6. Conversão em energia elétrica Existem diversas tecnologias para efetuar a conversão energética do biogás. Entende-se por conversão energética o processo que transforma um tipo de energia em outro. No caso da conversão do biogás em energia elétrica, a energia química contida em suas moléculas é convertida em energia mecânica por um processo de combustão controlada. Essa energia mecânica ativa um gerador, que a converte em energia elétrica (COELHO et al., 2006). Há de se mencionar, também, o uso da queima direta do biogás em caldeiras para cogeração e do surgimento de tecnologias remanescentes, porém não comerciais atualmente, como a da célula combustível. As turbinas a gás e os motores de combustão interna do tipo "Ciclo - Otto" ainda são as tecnologias mais utilizadas para esse tipo de conversão energética. 2.1.7. Apresentação da empresa A empresa alvo do trabalho é do ramo do agronegócio, atuante no mercado desde 1995, no estado do Paraná. 3. DESENVOLVIMENTO Para melhor compreendimento na formação do processo do biogás, serão abordadas algumas etapas e variáveis que são fundamentais e requisitos para a montagem do projeto. Em cada processo podemos avaliar as funções e processos químicos que ocorrem em cada ponto do sistema, assim pode-se ter uma melhor avaliação ao modelo do biodigestor que será apresentado, logo abaixo segue a figura 02, apresentando o fluxograma do processo biodigestor. 15 Figura 02: Fluxograma processo biodigestor O primeiro estágio é a hidrólise, em que compostos orgânicos complexos, tais como carboidratos, proteínas e lipídios, são decompostos em substâncias menos complexas como aminoácidos, açúcares e ácidos graxos. No processo atuam bactérias hidrolíticas, cujas enzimas liberadas decompõem o material por meio de reações bioquímicas. Com a necessidade de sabermos qual o volume da demanda química enviada do processo de amido para a lagoa de hidrólise, foram efetuadas algumas coletas no efluente e analisada a D.Q.O (demanda química oxigênio), abaixo o gráfico 01 e tabela 02, temos a demanda de efluente descartada na lagoa de hidrólise e o valor da demanda química do material nisto podemos definir a qualidade da matéria sendo alimentada para o processo da geração de biogás. 16 17 Tabela 02: Demanda química e volume m³ inseridos a lagoa hidrólise Com a analise da primeira etapa a partimos para a segunda e terceira etapas sendo a acidogênese as substâncias resultantes da hidrólise são transformadas por bactérias fermentativas em ácido propanóico, ácido butanoico, ácido láctico e álcoois assim como hidrogênio e gás carbônico. A formação de produtos nesta fase também depende da quantidade de hidrogênio dissolvido na mistura. Quando a concentração de hidrogênio é muito alta, interfere negativamente na eficiência da Acidogênese o que causa o acúmulo de ácidos orgânicos. Com isso, o pH da mistura baixa e o processo pode ser quase que afetado, para que não ocorra distúrbio na produção é feito monitoramento do PH nas lagoas de hidrólise nisto poderemos ter uma melhor segurança em tempo real qual é a PH que está trabalhando o sistema caso necessário é dosado soda de concentração 50% e novamente refeito a leitura e correção do PH, no gráfico abaixo segue a análises obtidas nas datas 23 de outubro a 03 novembro. 18 A definição e características da matérias e no processo 2 e 3 no fluxo sendo, que na etapa 02 é realizado a correção de PH e adição de bactérias ao sistema, estes responsáveis pela formação de metano neste ponto do ciclo é conhecida como metanogênese, e ocorre a formação de metano, que é o principal componente do Biogás e substância de maior interesse para o processo. Teremos notas nos seguintes itens para avaliar o biogás. Temperatura: as bactérias metanogênicas são muito sensíveis a alterações de temperatura. A faixa ideal para a produção do biogás é entre 35 a 45 °C, podendo também ser possível a produção em uma faixa de 50 a 60 °C. O mais importante é não haver uma variação brusca da temperatura, pois as bactérias não sobreviveriam; Alcalinidade e pH: a acidez ou alcalinidade do meio é indicada pelo pH. A alcalinidade determina a capacidade de uma solução aquosa em neutralizar ácidos sendo que em sistemas anaeróbios tal neutralização decorre da presença de bicarbonatos no meio. Esse parâmetro se faz importante uma vez que as bactérias produzem ácidos, sendo o decaimento do pH impedido pela reação de neutralização desses ácidos com as espécies que conferem alcalinidade ao meio. A ocorrência de tais reações é importante pois as bactérias metanogênicas sobrevivem em faixas estreitas de pH (6,5 a 8,0). Teor de água: o teor de água dentrodo biodigestor deve variar de 60% a 90% do peso do conteúdo total, sendo os biodigestores que operam com o teor de água próximo a 90% classificados como biodigestores com baixo de teor de sólidos totais 19 e aqueles com teor de água próximo à 60%, classificados como biodigestores com alto teor de sólidos totais; Nutrientes: para que as necessidades de nitrogênio e fósforo das bactérias responsáveis pelo processo de digestão anaeróbia sejam supridas, o substrato deve conter concentrações destes nutrientes, em relação ao seu conteúdo de carbono que satisfaçam as seguintes relações: � � ≤ 30 e � � ≤ 150. Esses valores referem-se ao N e P efetivamente disponíveis para as bactérias, como o N- amoniacal e o ortofosfato. As seguintes relações podem ser consideradas caso não se tenha certeza dessa disponibilidade: � � ≤ 20 e � � ≤ 100 (SOUZA, 1984). Caso o substrato não contenha quantidades suficientes de nutrientes, estes devem ser adicionados, levando-se em conta o fato de que altas concentrações de nitrogênio total podem provocar inibição na digestão, visto que durante o processo uma parte considerável do nitrogênio total é transformada em nitrogênio amoniacal. O nitrogênio amoniacal tem efeito tóxico em concentrações acima de 1500 mg/L e altos valores de pH e em concentrações maiores que 3000 mg/L para qualquer valor de pH (SOUZA, 1984). Seguimos para a etapa 04 onde são destinados ao processo de aeração do efluentes e coleta de gás onde é enviado ao gerador. Como o processo da geração do biogás consome oxigênio presente na água ficando abaixo 1 ppm, este necessita- se realizar a recuperação, para este processo define-se a aeração. Este processo consiste em colocar a água em contato estreito com uma fase gasosa (geralmente o ar) para transferir substâncias solúveis do ar para a água, aumentando seus teores de oxigênio e nitrogênio, e substâncias voláteis da água para o ar, permitindo a remoção do gás carbônico em excesso, do gás sulfídrico, do cloro, metano e substâncias aromáticas voláteis, assim como, proporcionar a oxidação e precipitação de compostos indesejáveis, tais como ferro e manganês. A aeração pode ser por gravidade, aspersão, difusão de ar ou forçada. Já no processo do gás mesmo é aspirado por um ventilador radial de 2 cv com a capacidade de 200 m³/h, este sendo captado e enviado ao gerador biogás que 20 transforma e energia elétrica com a queima do gás na turbina, e o consumo da eletricidade para a própria indústria. 21 4. RESULTADOS Após as definições e esclarecimentos sobre o sistema biodigestor chegamos no senso que o biodigestor que melhor se aplica ao processo em análise é o modelo canadense devido ao seu custo baixo e fornecer ótimos resultados assim proporcionando melhores garantias ao sistema e do consumo de matéria DQO, contudo levamos em consideração que o sistema trabalhará em regime contínuo e não por bateladas, a capacidade na lagoa de hidrólise sendo de 750 m³ nisto permitindo uma entrada de 30 a 40 m³/h de efluente, o biodigestor com a capacidade de 6000 m³. A eficiência energética com a produção do biogás e consumo interno seria destinado ao processo de geração de energia, a um gerador de potência 420 kva. A demanda total projetada no sistema biogás é estimada a geração de 150 m³ de gás metano onde o mesmo será responsável por gerar energia aproximadamente 19 horas por dia, tendo uma diminuição na produção em dias, onde a temperatura fica baixa 22ºC, a potência estabelecida pela empresa é de uma carga 260 amperes, o gerador dimensionado é de geração de tensão 380 Vca no limite de corrente a 280 A, a potência total consumida do gerador será P = UxI P=Potência, U= Tensão, I= Corrente, nisto temos P = 380 x 260 = 98.800 W , equivale a 98,8 Kw x 19 = 1.877,2 Kw /dia se trabalhar 30 dias no mês teremos um consumo de 1.877,2 kw x 30 = 56.316 kw. O preço do Kw/h é de R$ 0.74 sendo assim a geração do biogás economiza o valor de R$ 41.673.84 reais. Nisto o por ano uma economia total de R$ 500.086,08, e os gases emitidos na atmosfera não seriam mais dispensado na natureza mas sim no uso ecológico. 22 Segue abaixo maquete eletrônica do sistema biodigestor. Figura 03: Maquete eletrônica sistema Biodigestor, vista diagonal. Figura 04: Maquete eletrônica sistema Biodigestor, vista frontal. 23 Figura 05: Maquete eletrônica sistema Biodigestor, vista Superior. 24 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em consideração a avaliação obtida a partir do estudo de implementação da produção do biogás na cooperativa, verificou-se que as expectativas de resultados vão ao encontro do que vimos em bibliografia sobre o assunto. Portanto, além da preocupação socioambiental, o biogás também cumpre seu papel na economia de energia elétrica, bem como ajuda na eliminação dos resíduos da cooperativa e evitando a liberação de gases nocivos na atmosfera. 25 6 REFERÊNCIAS AMARAL, F. L. M. do. Biodigestão anaeróbica dos resíduos sólidos urbanos: um panorama tecnológico atual. 2004. 118 f. Dissertação (Mestre em tecnologia ambiental). Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), São Paulo, 2004. ARAÚJO, Ana Paula Caixeta. 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