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ProfªKelle Magalhães Enfermeira Obstetra PLACENTA PRÉVIA É causa importante de hemorragia, em especial no 3º trimestre de gestação. É a implantação da placenta no seguimento inferior do útero. Sua incidência é de 0,5 a 1,0% das gestações, e sua frequencia está associada a paridade, idade materna avançada, cesarianas e operações ginecológicas anteriores, prenhez gemelar. CLASSIFICAÇÃO Placenta prévia total: O orifício interno cervical está completamente cerrado pela placenta. Placenta prévia parcial: Quando parte da placenta recobre, ainda que incompletamente o orifício interno cervical. Placenta prévia marginal: Alguma porção da placenta está implantada no seguimento inferior, mas não toca o orificio interno cervical. ETIOPATOGENIA Ainda não está claro o que leva esta fixação no seguimento inferior do útero. Qualquer problema que leve a deciduação deficiente, forçando o ovo a buscar outros locais para sua oxigenação e nutrição, ou que interfira no processo de nidação, tornando sua fixação baixa, pode estar relacionado ao desenvolvimento de placenta prévia. QUADRO CLÍNICO Hemorragia: é o sinal mais importante. É hemorragia indolor, de sangue vermelho vivo, desvinculada de qualquer esforço ou traumatismo. Presente em mais de 90% dos casos, despontando no último trimestre, em torno de 34 semanas, mais raramente durante o trabalho de parto. Silenciosa e indolor, surge sem causa aparente, repetindo-se em intervalos. A hemorragia começa com pequeno sangramento, e vai tomando maiores proporções. Há também pacientes assintomáticas. EXAME FÍSICO A palpação identificará a estática fetal alterada: situações oblíquas e transversas, apresentação pélvica e cefálicas altas. Na ausculta de BCF não há alterações, assim como na cardiotocografia, onde apresenta boa vitalidade fetal. O toque vaginal está proscrito. Exame especular: passa-se o espéculo para identificar a fonte hemorrágica do canal cervicovaginal, anotando sua origem sob visão direta. O diagnóstico pode ser feito por USG e ressonância magnética. PARTO A hemorragia tende a crescer com progresso da dilatação. A compressão da placenta e do cordão impedem a insinuação da cabeça. Secundamento: é comum o acretismo, devido menor irrigação do segmento inferior, onde há penetração profunda no miométrio. São habituais retenção placentária. A deficiente contração do seguimento inferior provoca dificuldades no 3º e 4º períodos (atonia e hemorragia) Puerpério: restos placentários podem permanecer aderidos e se infectarem, especialmente pela proximidade entre a zona de inserção e a vagina. A subinvolução uterina e a anemia favorecem o aparecimento de infecção puerperal. TRATAMENTO O tratamento se divide em duas fases: expectante e ativo. Tratamento expectante: (antes de 37 semanas) É a perda inicial de sangue em pequena quantidade, permitindo esperar o amadurecimento do feto. A gestante deve permanecer em repouso e receber suplementação de ferro (300 mg por via oral, de 3 a 4 vezes ao dia) e vitamina C (para melhorar absorção). Em gestações entre 26 e 34 semanas, com hemorragia, deve-se administrar corticoesteróides para amadurecimento pulmonar do feto. Tratamento ativo: (com 37 semanas ou mais) Deve ser realizada nos casos de sangramento materno intenso, vitalidade fetal alterada, maturidade fetal comprovada ou IG acima de 37 semanas. Com aumento da idade gestacional, aumenta o risco de sangramento vaginal que leve ao parto. Por isso é melhor realizar a cesárea eletiva. Nas gestantes com placenta prévia total ou parcial devem realizar cesárea com 37 semanas de IG. No caso de placenta prévia marginal, o parto pode ser vaginal. DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA PROFªKELLE MAGALHÃES ENFERMEIRA OBSTETRA DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA - DPP O descolamento prematuro da placenta é a separação da placenta implantada no corpo do útero antes do nascimento do feto, em gestação de 20 ou mais semanas. O DPP ocorre em cerca de 0,5 – 1% das gestações e constitui em uma das causas mais graves de complicações da gestação, responsável por 15 a 20% das mortes perinatais. Mais comum em mulheres de paridade elevada e com menos de 20 anos, e com história em gravidez anterior. ETIOPATOGENIA A etiologia do DPP tem causa ainda enigmática, porém algumas das possíveis causas são: Tabagismo: necrose da descídua basal e infarto placentário. Hipertensão: está associada quando a pressão diastólica é maior ou igual a 95 mmHg. A hipertensão materna devido toxemia é responsável por 50% dos casos de DPP. Fator mecânico: o descolamento pode ocorrer de traumatismos diretos sobre o útero, especialmente se a placenta está inserida na parede ventral. Outros elementos mecânicos são: cordão curto (ou por circular), retração uterina após esvaziamento de polidrâmnio ou expulsão do 1º feto em prenhez múltipla, hipertensão na veia cava por compressão uterina. PATOLOGIA Alterações Utero-placentárias: Não importa a etiologia do DPP, o sangue atinge a zona de clivagem deciduoplacentária e inicia a separação. Vasos maternos se abrem e o espaço retroplacentário é invadido. O útero que reage com hipertonia, aumenta a tensão provocando o descolamento em diversas áreas. Quando mais da metade da placenta está descolada é inevitável a morte fetal. Parte do sangue se coagula, fica aprisionada atrás da placenta e será eliminada somente após o parto, constituindo o hematoma retroplacentário. Outra parte descola as membranas e flui para o exterior, configurando a hemorragia externa, presente em 80% dos casos. Nos outros 20% restantes, o sangue fica totalmente retido, determinando a hemorragia oculta. Ocasionalmente, pode o sangue atingir a cavidade ovular através de soluções de continuidade da membrana e causar o hemoâmnio. Quando as membranas se rompem tardiamente e se encontram totalmente descoladas pelo sangue, o peso do hematoma retroplacentário e o da própria placenta podem determinar a rotação intra-uterina do ovo, constituindo o prolapso da placenta. Hemorragia Oculta Hemorragia Externa Hemoâmnio Prolapso da Placenta Alterações renais: o DPP é causa comum de necrose renal, levando a oligúria e em formas graves podendo levar a anúria completa. Alterações de hemocoagulação: a coagulação intravascular disseminada (CID) está presente em 10% dos casos de DPP, especialmente nos casos graves, suficientes para determinar o óbito fetal, associados a toxemia gravídica. QUADRO CLÍNICO Manifesta-se pela dor abdominal súbita de intensidade variável. Segue-se em prazo curto, sangramento vaginal, geralmente em pequena quantidade, em 80% dos casos, constituindo a hemorragia externa. Nos outros 20% dos casos, o sangue retroplacentário, embora possa atingir grandes proporções, não chega a descolar as membranas, fica aprisionado, configurando a hemorragia oculta ou interna. Pode surgir anemia decorrente do sangramento interno e externo. Os sinais e sintomas clássicos do DPP são: Sangramento vaginal vermelho escuro em pequena quantidade; Dor súbita e intensa do abdome; Dor à palpação do útero e contrações uterinas (taquisistolia ou hipertonia); Útero em consistência lenhosa. Está intimamente ligada ao sofrimento fetal. Diagnótico: se dá pela sintomatologia clínica e USG para confirmaro coágulo de sangue atrás ou próximo a placenta. PROGNÓSTICO Materno: a mortalidade materna chega a atingir 3% dos casos. A piora do caso é agravada por postergação do parto, antecedentes toxemicos, CID, choque e insuficiência renal aguda. Fetal: Mais grave que o materno. A morte do feto ocorre em 90% dos casos. A prematuridade é fator de relevância no óbito neonatal, visto que mais de 50% dos acidentes acontecem em RNs com menos de 2.5 kg. TRATAMENTO O tratamento obstétrico estando o concepto vivo é a cesariana. O feto estando morto deve-se: Acelerar o parto vaginal (amniotomia); Reposição da volemia: o sangramento externo, pela existênica do coágulo retroplacentário não reflete perdas reais; Tratamento cirúrgico se necessário. Caso as plaquetas estiverem abaixo de 50.000 mm3, deve ser infundido seu concentrado. PROLAPSO DE CORDÃO PROCIDÊNCIA E PROLAPSO É procidência ou procúbito a presença de cordão antes da apresentação com o saco amniótico íntegro, será prolapso após amniorrexe. Incidência: a incidência é de 1:250 partos. Etiologia: multiparidade, vícios pélvicos, placenta baixa (má acomodação e inserção placentária do cordão próximo do pólo inferior do ovo), Inserção velamentosa do cordão, polidrâmnio, gemelaridade, apresentações pélvicas e córmicas, cordão longo, prematuridade. DIAGNÓSTICO O diagnóstico precoce é fundamental para preservar a vida do concepto. Na procidência, íntegra a bolsa, os dedos podem identificar através das membranas, pequeno corpo móvel e pulsátil, não confundir com os batimentos dos vasos uterinos. O diagnóstico do prolapso é mais fácil, palpa-se o cordão na vagina, e as vezes ele ultrapassa a vulva. Prognóstico: é sempre reservado, depende da cronologia do acidente, da compressão, do comprimento da alça prolapsada. Não somente a compressão diminui o fluxo sanguíneo, mas a mudança de temperatura também. CONDUTA No caso da realização de amniotomia de bolsas volumosas, manter o dedo na vagina, até que o feto desça e obstrua o canal cervical. A terapêutica depende da condição fetal, se feto vivo ou morto, na dúvida proceder como se feto estiver vivo. Comprovado o óbito a complicação perde a importância, devendo então aguardar parto espontâneo. No feto vivo a intervenção é de urgência. Deve ser solicitado cesárea de emergência. Enquanto se prepara a organização da sala de cesárea (que deve durar de 5-10 min.) a paciente é mantida na posição genupeitoral ou em céfalo declíve (trendelemburg). O obstetra deve ficar ao lado da paciente, com os dedos na vagina, recalcando o pólo de apresentação para evitar piora das condições do feto. Assim permanece a parturiente até o último minuto até ir para a mesa de cirurgia. POSIÇÃO GENUPEITORAL TRENDELEMBURG Referência Bibliográfica: BUSSÂMARA, Neme. “Obstetrícia básica”, 3 edição. Editora savier, 2006 REZENDE, Carlos. “Obstetrícia Fundamental”, Editora Goanabara koogan, 11 edição, 2008. ZUGAIB, Marcelo. Obstetrícia. Editora Manole, 2008
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