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P r o f . E s p . L u c a s M a n o e l L i m a S a n t o s MOLÉCULAS DA VIDA E SUAS TRANSFORMAÇÕES UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS NATURAIS Conceição do Araguaia – PA, Março de 2014. Núcleo Celular O núcleo é um dos compartimentos essenciais da célula eucarionte A presença do núcleo é a principal característica que distingue as células eucariontes. O núcleo ocupa 10% do volume total da célula e nele se encontra confinado o DNA, exceto o das mitocôndrias. Núcleo Celular O núcleo é delimitado pela carioteca ou envoltório nuclear; Composta por duas membranas concêntricas que continuam com a membrana do RE; Núcleo Celular Núcleo Celular O envoltório nuclear tem inúmeras perfurações - chamadas de poros - que comunicam o interior do núcleo com o citosol. Além disso, encontra-se reforçada por duas malhas de filamentos intermediários, uma que se apoia sobre a superfície interna do envoltório - a lâmina nuclear - e outra que o faz sobre a superfície externa; Núcleo Celular No compartimento nuclear estão localizados: 1) Quarenta e seis cromossomos, cada um formado por uma única molécula de DNA combinada com numerosas proteínas. 2)Várias classes de RNA (mensageiro, ribossômicos, de transferência, pequenos), que são sintetizados no núcleo quando seus genes são transcritos. Estes RNA saem do núcleo pelos poros do envoltório nuclear depois de seu processamento. Núcleo Celular 3) O nucléolo, onde estão localizados os genes dos RNAr e os RNAr recém-sintetizados. Núcleo Celular 4) Diversas proteínas, que tem como função: Regular as atividade dos genes; Promover o processamento dos RNA; Se combinam com os: RNAr no nucléolo; DNA polimerases; RNA polimerases, etc. Essas proteínas são produzidas no citosol e ingressam no núcleo pelos poros do envoltório nuclear. Núcleo Celular 5) Os elementos mencionados se encontram dispersos na matriz nuclear ou nucleoplasma, cuja composição é escassamente conhecida. Núcleo Celular Envoltório Nuclear (Carioteca) Dissemos que o envoltório nuclear ou carioteca é composto por duas membranas concêntricas que atravessam os poros; Estas se unem ao nível dos poros, que se acham distribuídos mais ou menos regularmente por todo o envoltório; Núcleo Celular O espaço entre a membrana externa e a membrana interna - ou espaço perinuclear - comunica- se com a cavidade do RE. A membrana externa continua com a membrana do RE e é comum aparecer associada a um grande número de ribossomos; As proteínas sintetizadas nestes ribossomos são incorporadas às membranas do envoltório ou lançadas no espaço perinuclear. Núcleo Celular A membrana nuclear interna é sustentada pela lâmina nuclear, que é uma malha delgada de filamentos laminares (laminofilamentos) entrecruzados; A lâmina nuclear se interrompe somente à altura dos poros; Algumas proteínas integrais da membrana nuclear interna servem como pontos de ancoragem para os filamentos laminares. A lâmina nuclear confere resistência ao envoltório nuclear e estabelece sua forma, geralmente esférica. Núcleo Celular Os poros do envoltório nuclear são estruturas complexas Os 3.000 a 4.000 poros que o envoltório nuclear tem são muito mais que simples canais entre o nucleoplasma e o citosol. Núcleo Celular Neles existe um conjunto de proteínas chamadas nucleoporinas, que compõem uma estrutura denominada complexo do poro e que consta dos seguintes elementos: 1) Oito colunas protéicas que formam uma parede cilíndrica em torno da qual a membrana externa do envoltório nuclear continua com a membrana interna. No lado citosólico, as extremidades das colunas protéicas compõem um anel ou boca interna do poro nuclear. No lado externo ocorre algo similar. Núcleo Celular 2) Proteínas de ancoragem que amarram as colunas proteicas ao envoltório nuclear. Cada proteína se liga a uma das colunas, atravessa a membrana do envoltório e sua extremidade se sobressaindo espaço perinuclear. 3) Proteínas radiais que surgem das colunas e se orientam para o centro do poro. Como se encurtam e se alongam, convertem o complexo do poro em um diafragma. Núcleo Celular 4) Fibrilas protéicas que nascem das aberturas intema e externa do complexo e se projetam para o nucleoplasma e o citosol, respectivamente. Além disso, uma fibra circular une entre si extremidades distais das fibrilas que partem da abertura interna. Núcleo Celular Mais adiante, veremos que as fibrilas protéicas intervêm na passagem das proteínas através do poro; O complexo do poro mede cerca de 30 nm de altura e 100 nm de diâmetro. Entretanto, as proteínas radiais reduzem seu orifício, cujo diâmetro oscila entre 9 e 25 nm. Núcleo Celular Através dele passam íons e moléculas pequenas e grandes em ambas as direções. Geralmente, os íons e as moléculas pequenas são transferidos de modo passivo, sem gasto de energia. Ao contrário, as macromoléculas (proteínas e moléculas de RNA), antes de passarem forçam o encurtamento das proteínas radiais, e por isso o complexo do poro se comporta como um diafragma que adapta sua abertura às dimensões das moléculas que devem atravessá-lo. Núcleo Celular A passagem de macromoléculas através do complexo do poro é Regulada As macromoléculas que ingressam no núcleo são as e certos RNA pequenos que retomam ao compartimento nuclear depois de tê-lo abandonado temporariamente; As macromoléculas que saem do núcleo, no entanto, são proteínas envelhecidas ou que deixaram de funcionar; Se dirigem ao citosol a fim de serem destruídas por proteassomas - e diversos tipos de RNA combinados com proteínas. Núcleo Celular Entrada de proteínas no núcleo. Ao contrário das proteínas destinadas às mitocôndrias e aos peroxissomas - as proteínas destinadas ao núcleo ingressam estando pregueadas, já que adquirem suas estruturas terciárias e quaternárias no citosol, após o término de sua síntese; A entrada das proteínas no núcleo se realiza mediante um mecanismo seletivo que permite o ingresso somente das proteínas apropriadas, que têm um peptídeo sinalizador (ou peptídeo-sinal) específico que abre o caminho para que elas passem pelo complexo do poro. Núcleo Celular Os peptídeos sinalizadores mais estudados ·são chamados de NSL (do inglês, nuclear signal localization) Eles não interagem diretamente com o complexo do poro e sim mediante uma proteína heterodimérica denominada importina. Por existirem diferentes tipos de NSL para diferentes grupos de proteínas destinadas ao núcleo, cada tipo de NSL exige uma importina especial. Núcleo Celular Por outro lado, existem NSL que se ligam a proteínas diferentes das importinas, entre as quais se encontram certas proteínas que voltarão a ser mencionadas mais adiante, chamadas transportinas. A passagem de uma proteína do citosol para o núcleo, através do complexo do poro, ocorre em várias etapas. Núcleo Celular São as seguintes: 1) A proteína se liga à importina por meio do NSL e ambas as moléculas são colocadas próximo do complexodo poro. Elas o atravessam antes da ampliação de seu diafragma, cujo diâmetro pode alcançar os 25 nm. 2) A passagem exige que a importina seja guiada pelas fibrilas protéicas externas e internas do poro; 3) Durante a passagem é gasto um GTP, cuja hidrólise está a cargo de uma proteína chamada Ran (do inglês, Ras-related nuclear protein ). Núcleo Celular Núcleo Celular Como vemos, trata-se de um transporte ativo. 4) A Ran pertence à família das GTPases que atuam associadas a proteínas reguladoras GEF e GAP. Quando são influenciadas pela GEF, estas GTPases intercambiam o GDP incluído em suas moléculas por um GTP, enquanto que quando são influenciadas pela GAPhidrolisam o GTP a GDP e P; A GEF e a GAP que se associam à Ran estão localizadas no núcleo e no citosol, respectivamente. 5) Como mostra a figura, quando o complexo importina-proteína ingressa no núcleo também o faz a Ran-GDP. Núcleo Celular 6) No núcleo, a GEF promove a substituição do GDP da Ran por um GTP, depois do que a Ran-GTP se une ao complexo importina-proteína. 7) Essa união faz com que a importina se torne independente da proteína, que fica retida no núcleo. 8) Ao contrário, a importina e a Ran-GTP permanecem unidas, atravessam o complexo do poro e retornam ao citosol. 9) No citosol, a GAP induz a Ran a hidrolisar o GTP a GDP e P - é aqui onde o GTP é gasto do que resulta uma Ran-GDP e sua separação da importina. 10) Finalmente, a Ran-GDP e a importina livres podem ser reutilizadas para fazer ingressar novas proteínas no núcleo. Núcleo Celular Cabe assinalar que certas proteínas destinadas ao núcleo - em particular dos receptores dos hormônios esteróides - depois de serem sintetizadas permanecem no citosol até a chegada desses hormônios; Os receptores são retidos porque a eles se unem chaperonas da família hsp90 e adquirem formas que lhes impedem de ingressar no núcleo. Quando chegam os hormônios esteróides, separam-se das chaperonas e mudam a forma dos receptores, o que lhes permite atravessar os poros do envoltório nuclear; Núcleo Celular Saída de proteínas e de moléculas de RNA As proteínas que saem do núcleo dependem também da Ran e de sinais específicos para poder atravessar os poros do envoltório nuclear; Os peptídeos sinalizadores são denominados NES (do inglês, nuclear export signal) ; Os NES são reconhecidos por proteínas equivalentes às importinas, chamadas exportinas; Além disso, existem NES que são reconhecidos por transportinas; Núcleo Celular A passagem de uma proteína do núcleo para o citosol através do complexo do poro ocorre em várias etapas. São as seguintes e estão ilustradas na Fig. l 2.5B: 1. A proteína se une à exportina por meio do NES. Simultaneamente, a GEF remove o GDP de uma Ran-GDP ou substitui por um GTP, de modo que se forma uma Ran-GTP. 2. A Ran-GTP se une à proteína por meio da exportina. 3. Unidas entre si, a Ran-GTP, a proteína e a exportina se aproximam do poro nuclear, atravessando-o após prévio alargamento de seu diafragma, cujo diâmetro pode alcançar 25 nm. Núcleo Celular 4. Igualmente à importina, durante a passagem, a exportina é guiada pelas fibrilas protéicas do complexo do poro. 5. Ao térnino da passagem induzida pela GAP, a Ran-GTP hidrolisa o GTP a GDP e P, do que resulta uma Ran-GDP. 6. Isso faz com que a Ran-GDP se tome independente da exportina que, por sua vez, se toma independente da proteína. 7. A proteína fica retida no citosol. Ao contrário, a Ran-GDP e a exportina retomam ao núcleo separadamente. 8. Finalmente, a Ran-GDP e a exportina livres podem ser reutilizadas para transferir novas proteínas para o citosol. Núcleo Celular Com relação às moléculas de RNA, saem do núcleo combinadas com proteínas, embora estejam impedidas de fazê-lo se não completarem seus processamentos. Sua passagem através dos poros nucleares depende da Ran e de transportinas que reconhecem sinais específicos nas proteínas. Núcleo Celular Cromossomos O material de que são formados os cromossomos é a cromatina Cada cromossomo é constituído por uma molécula muito longa de DNA associada a diversas proteínas. Segundo o cromossomo, o DNA contém entre 50 e 250 milhões de pares de bases. As proteínas associadas são classificadas em dois grandes grupos: as histonas e um conjunto heterogêneo de proteínas não-histônicas. O complexo formado pelo DNA, as histonas e as proteínas não histônicas é chamado cromatina. Assim, a cromatina é o material que compõe os cromossomos. Núcleo Celular O cromossomo tem um centrômero, dois telômeros e numerosas origens de replicação Nos cromossomos existem estruturas que são imprescindíveis para a replicação, ou seja, para a duplicação que o DNA e suas proteínas associadas sofrem antes da divisão celular. São as seguintes: 1) O centrômero ou constrição primária, que participa da repartição das células-filha das duas cópias cromossômicas que são geradas como conseqüência da replicação do DNA. 2) Os telômeros, que correspondem às extremidades dos cromossomos, cujo DNA se replica de um modo diferente do restante do DNA. Núcleo Celular O DNA telomérico contém uma sequencia especial de nucleotídeos que se repetem muitas vezes. Além disso, devido a sua localização, está exposto aos seguintes riscos: pode se fundir com o DNA de outros telômeros ou pode ser degradado por uma nuclease. Normalmente, estas contingências não ocorrem porque o DNA telomérico se dobra sobre si mesmo (adota a forma de um laço) e é protegido por um capuz de proteínas denominadas TRF (do inglês, telomeric repeat bindingfactor); Núcleo Celular 3) O enorme comprimento do DNA exige que sua replicação tenha início em muitos pontos simultaneamente a fim de que sua duração seja relativamente curta. Esses pontos são denominados origens de replicação, e neles o DNA tem sequencias de nucleotídeos especiais. Além disso, todas as origens de replicação têm em comum sequencias conservadas de cerca de uma dezena de nucleotídeos chamadas ARS (do inglês, autonomous replication sequence); Núcleo Celular Os cromossomos têm sequencias de DNA únicas e sequencias de DNA repetidas Nas moléculas de DNA estão depositadas as informações genéticas da célula, e todas as células têm conjuntos virtualmente idênticos de moléculas de DNA. A totalidade da informação Genética depositada no DNA leva o nome de genoma. Podemos dizer que essa informação rege a atividade do organismo do primeiro instante do desenvolvimento embrionário até a morte do indivíduo. Núcleo Celular Dela também depende a imunidade ou a predisposição do organismo a determinadas doenças. A capacidade ou incapacidade funcional do DNA, ou seja, sua aptidão ou sua incompetência para gerar moléculas de RNA (processo conhecido com o nome de transcrição do DNA), baseia-se na sequencia de seus nucleotídeos. Assim, em alguns setores, o DNA exibe sequencias de nucleotídeos que se transcrevem - chamadas de genes - e em outros apresenta sequencias aparentemente prescindíveis, ao menos à luz do conhecimento atual. Núcleo Celular O DNA se acha representado (em 75%) por sequencias de nucleotídeos não repetidas (cópias únicas) ou que se repetem poucas vezes. Nesta parte localizam-seos setores funcionais do DNA ou seja, os genes - que englobam cerca de 10% do DNA (representam 13% desses 75%). Um dos maiores desafios para os biólogos moleculares é decifrar as funções do DNA alheio aos genes. Os 25% restantes do DNA correspondem a sequencias de nucleotídeos que se repetem muitas vezes, chamados DNA repetitivo. Núcleo Celular Suas funções são desconhecidas, embora não se descarte a possibilidade de que desempenhem alguma função na manutenção da estrutura dos cromossomos. Existem dois tipos de DNA repetitivo: o disposto em turnos (no qual o início de uma repetição se acha imediatamente depois do final da outra); e o disperso (cujas cópia não se encontram agrupadas e sim dispersas em pontos diferentes dos cromossomos). Núcleo Celular DNA repetitivo disposto em turnos. A esta categoria pertencem os DNA satélites , os microssatélites e os minissatélites. Nos DNA satélites, o comprimento da seqüência repetida, o número de vezes que se repete em cada turno e o número de turnos variam. O DNA satélite mais destacado localiza-se nos centrômeros, e, por isso, é encontrado em todos os cromossomos (Fig. 12.17). Inclui uma sequencia repetida de 171 pares de bases a que se deu o nome de seqüência alfóide, que varia muito pouco nos diferentes cromossomos. Núcleo Celular Outros DNA satélites se localizam no braço longo do cromossomo Y e na cromatina distante dos centrômeros dos cromossomos 1, 3, 9, 16 e 19; Os microssatélites contêm sequencias de DNA repetidas muito mais curtas que as dos DNA satélites, e são igualmente encontrados em todos os cromossomos. Os minissatélites também contêm seqüências de DNA curtas. Núcleo Celular A esta categoria pertencem O DNA repetitivo dos telômeros e o DNA hipervariável, assim chamado porque é diferente em cada indivíduo. O DNA hipervariável se localiza principalmente nas proximidades dos centrômeros e como a sua herança responde às leis mendelianas, a medicina forense recorre a ele quando necessita realizar estudos de paternidade ou de identidade de pessoas. Núcleo Celular DNA repetitivo disperso Existem dois tipos de DNA repetitivo disperso, chamados SINE e LINE (do inglês, short e long interspread nuclear elements). Núcleo Celular Sine Mais estudado corresponde à familia Alu, da qual existem cercas de 500.000 cópias repartidas em todos os cromossomos. Cada cópia tem cerca de 300 nucleotídeos em um sítio que pode ser cortado pela enzima de restrição Alu I (daí o nome desse DNA). Como a sequencia Alu tem uma extensa homologia com a sequencia do gene do RNApc; Durante muito tempo acreditou-se que as seqüências Alu correspondessem às cópias desse gene (Caps. 13-2, 13-11 e 14- 18). Núcleo Celular LINE O LINE mais comum é conhecido com a sigla LI (do inglês, LINE-1). Sua sequencia repetida é relativamente longa e corresponde ao gene de uma transcriptase reversa; Núcleo Celular As células somáticas humanas têm 46 cromossomos As células somáticas humanas têm 46 cromossomos - e, por conseguinte, 46 moléculas de DNA-divididos em 22 pares de autossomas mais um par de cromossomos sexuais. Na mulher, os dois membros do par sexual são iguais, porém isto não ocorre no homem. Assim, com exceção do par sexual do homem, podemos dizer que em cada célula existem dois jogos idênticos de 23 cromossomos, um fornecido pelo espermatozóide e o outro pelo ovócito (oócito) no momento da fecundação; Núcleo Celular Isso é o que define as células somáticas como células diploides e os espermatozóides e os ovócitos como células haplóides. Os DNA dos 46 cromossomos contêm em conjunto cerca 3 X 109 pares de nucleotídeos. Portanto, em média, uma molécula de DNA de um cromossomo humano, se estivesse completamente estendida, mediria cerca de 4 cm de comprimento. Núcleo Celular Logicamente, se estivessem estendidas 46 moléculas de tal tamanho, não poderiam ser contidas no núcleo não somente pelo espaço que demandariam, mas sim pelas tramas que acarretariam, o que afetaria seu funcionamento, inclusive sua integridade. A célula resolveu o problema fazendo com que a molécula de DNA se enrolasse sobre si mesma. Antes de analisar o modo como ela o faz, devemos assinalar que o grau de enrolamento varia segundo o momento do ciclo em que a célula se encontra: é mínimo durante a interfase (quando a síntese de RNA é alta) e máximo quando a célula está prestes a se dividir. Assim, os cromossomo se mostram como estruturas altamente variáveis. Núcleo Celular Existem cinco tipos de histonas comprometidas no enrolamento da cromatina As histonas desempenham um papel fundamental no enrolamento da cromatina. Trata-se de proteínas básicas que têm uma alta proporção de lisina e arginina, quer dizer, de aminoácidos carregados positivamente; Isto contribui para a união das histonas às moléculas de DNA, nas quais predominam as cargas negativas. Existem cinco tipos de histonas chamadas Hl, H2A, H2B, H3 e H4. A Hl, da qual existem seis subtipos, contém cerca de 220 aminoácidos, enquanto as restantes têm entre 103 e 135 aminoácidos cada uma. Núcleo Celular As quatro últimas levam o nome de histonas nucleossômicas porque a molécula de DNA se enrola em torno delas para formar os nucleossomas, que constituem as unidades básicas do enrolamento cromatínico. Em cada nucleossoma, as histonas nucleossômicas associam-se e formam uma estruturaa octamérica - o núcleo do nucleossoma- composta por duas H2A, duas H2B, duas H3 e duas H4 (Fig. 12.8). Vale acrescentar que as extremidades amina - ou "caudas" - das histonas projetam-se para fora do nucleossoma; Núcleo Celular O octâmero de histonas tem a forma de um cilindro baixo de 10 nm de diâmetro e está envolto por um pequeno segmento de DNA que percorre sua circunferência quase duas vezes (Fig. 12.9B). Cada volta equivale a 81 pares de nucleotídeos e, no total, o segmento de DNA associado ao nucleossoma contém 146 pares de nucleotídeos. Como mostra a Fig. 12.9A, as duas voltas do DNA se fixam ao núcleo do nucleossoma graças à histona Hl. Núcleo Celular O complexo formado pelo nucleossoma mais a histona Hl recebe o nome de cromatossoma (Fig. 12.9C) e o segmento de DNA que a ele se associa é de 166 pares de nucleotídeos, 20 a mais que o nucleossoma. Na cromatina existem duas proteínas acessórias - ambas ácidas - que ajudam as histonas para que se liguem entre si. Denominam-se proteína Nl e nucleoplasmina Núcleo Celular A primeira, associa a H3 à H4; a segunda, associa a H2A à H2B. Os nucleossomas estão separados por segmentos de DNA espaçadores de comprimento variável, que contêm entre 20 e 60 pares de nucleotídeos. Como mostram as Figs. 12.9A e 12.10, a alternância dos nucleossomas com os segmentos espaçadores dá à cromatina a aparência de um colar de contas. Já que comumente um gene contém cerca de 10.000 pares de nucleotídeos, tem em torno de 50 nucleossomas separados por outros tantos DNA espaçadores. Núcleo Celular O tratamento da cromatina com enzimas que digerem o DNA (nucleases) provoca cortes somente nos DNA espaçadores. Se o tratamento for moderado, os cromatossomas se tomam independentes e tanto suas histonas como o DNA associado a elas permanecem íntegros(Fig. l 2.9C). Porém, quando a digestão enzimática é intensa, obtêm-se nucleossomas (Fig. '12.9B). Para que possa ser contida no pequeno espaço que o núcleo lhe oferece, a cromatina de cada cromossomo deve sofrer novos e sucessivos graus de enrolamento, cada vez maiores. Núcleo Celular Estes novos enrolamentos são induzidos por um complexo de proteínas nucleares chamadas condensinas. Em um primeiro momento, os cromossomos se enrolam sobre si mesmo e dão lugar a uma estrutura helicoidal chamada solenóide, de 30 nm de diâmetro (Figs. 12.11e l2.12C). Como mostraa Fig. 12.11 , este enrolamento depende das histonas Hl - que se unem entre si - e cada volta do solenóide contém seis nucleossomas. Cabe assinalar que em intervalos mais ou menos regulares, o enrolamento das fibras de 30 nm é interrompido, de modo que se observam - entre setores de 30 nm - segmentos de cromatina mais delgada. Núcleo Celular Neles, o DNA se encontra associado a proteínas não histônicas, em sua maioria reguladoras da atividade gênica (Cap. 14-5). o entanto, a cromatina cada vez mais se compacta. Assim, a fibra de 30 nm forma laços (ou alças) de comprimento variado, que nascem de um eixo protéico constituído por proteínas não histônicas (Figs. 12.12D e 12.13). Visto que o conjunto de cordões protéicos compõe uma espécie de armação, nos extremos de cada laço o DNA associado ao cordão protéico recebe o nome de SAR (do inglês. scaffold associated regions). Núcleo Celular Os laços encontram-se firmemente unidos ao cordão, porém não sabemos como as SAR se sujeitam a eles. Considera-se que cada laço constituiria uma unidade de replicação do DNA (Cap. 17-3) e, provavelmente, uma unidade de transcrição, ou seja, um gene (Cap. 14-12). Núcleo Celular A cromatina pode ser eucromática ou heterocromática Em alguns setores, a cromatina sofre um grau de enrolamento ainda maior, como se observa na Fig. 12.12. Durante a interfase, a cromatina assim condensada recebe o nome de heterocromatina; Já o nome eucromatina é reservado para aquela menos compactada (Fig. 12.2). Existe uma relação direta entre o grau de enrolamento e a atividade transcricional do DNA. A cromatina menos compactada é a que tem o DNA transcricionalmente ativo, quer dizer, o DNA que sintetiza moléculas de RNA. Núcleo Celular Este DNA envolve cerca de 10% do genoma. Ao contrário, o DNA que corresponde à cromatina mais condensada é inativo do ponto de vista transcricional. A esta categoria pertencem toda a heterocromatina e o setor da eucromatina onde o enrolamento se acha em um grau intermediário entre a eucromatina transcricionalmente ativa e a heterocromatina. As regiões eucromáticas experimentam ciclos de contração e extensão. No Cap. 14-12 analisaremos os mecanismos que regulam o enrolamento da cromatina e o papel que desempenham no controle da atividade gênica. Núcleo Celular A heterocromatina pode ser constitutiva ou facultativa Durante a interfase, a cromatina altamente condensada que se encontra de maneira constante em todos os tipos celulares, ou seja, como um componente estável do genoma, não conversível em eucromatina, recebe o nome de heterocromatina constitutiva. A esta categoria pertencem a cromatina dos setores cromossômicos que têm DNA repetitivo satélite - como o dos centrômeros, o do braço longo do cromossomo Y etc (Seção 12-7) - e a maior parte da cromatina que forma os braços curtos dos cromossomos acrocêntricos (Seção 12-12). Ao contrário, denomina-se heterocromatina facultativa àquela detectada em localizações que variam nos diferentes tipos celulares ou nas sucessivas diferenciações de uma determinada célula, de modo que setores que aparecem como heterocromatina em um tipo celular ou em uma etapa de sua diferenciação, em outros tipos celulares e em outras etapas se apresentam como eucromatina. Núcleo Celular O exemplo mais significativo de heterocromatina facultativa corresponde a um dos cromossomos X na mulher, que se acha totalmente compactado (salvo em alguns setores) e é conhecido como cromatina sexual ou corpúsculo de Barr. Esta heterocromatina se apresenta durante toda a vida da mulher (menos no começo do desenvolvimento embrionário), em todas as células do organismo (exceto nas ovogônias). Núcleo Celular No cariótipo, os cromossomos se ordenam de acordo com seus tamanhos e as posições de seus centrômeros Durante o ciclo celular, dependendo do fato de a célula estar atravessando a interfase ou estar se dividindo - por mitose ou por meiose - os cromossomos passam de estados de menor a maior compactação. O grau maior de enrolamento é alcançado na etapa da divisão chamada metáfase, na qual a cromatina dos cromossomos mostra um estado de condensação similar ao da heterocromatina interfásica (Fig. 12.14). Tal grau de compactação faz com que os cromossomos cheguem a ser vistos como estruturas individuais, as quais, uma vez fixadas e fotografadas , podem ser isoladas, classificadas e ordenadas com relativa facilidade. Núcleo Celular O conjunto de cromossomos ordenados segundo um critério preestabelecido recebe o nome de cariótipo (Fig. 12.15). As 46 unidades normalmente presentes nas células humanas constam de 23 pares de homólogos. Como vimos, 22 deles estão presentes tanto na mulher como no homem e recebem o nome de autossomos. O par restante - que é conhecido como par sexual - na mulher se acha composto por dois cromossomos idênticos, os cromossomos X, e no homem, por dois cromossomos bastante diferentes, pois um deles é um cromossomo X e o outro é o pequeno cromossomo Y. Núcleo Celular Os cromossomos metafásicos apresentam uma morfologia característica. São compostos por dois componentes filamentosos - as cromátides -unidos pelo centrômero (ou constrição primária). Como veremos no Cap. 18-9, o centrômero desempenha um papel essencial na separação das cromátides irmãs durante a anáfase, que segue a metáfase. Em consequência dessa separação, uma vez segregadas nas respectivas células-filhas, cada uma das cromátides se converte em um cromossomo. Núcleo Celular A presença do centrômero divide as cromátides do cromossomo metafísico em dois braços, geralmente um mais longo que o outro. O braço curto é identificado com a letra p e o braço longo com a letra q. Os extremos dos braços são denominados telômeros. Núcleo Celular De acordo com a posição do centrômero, o cromossomos são classificados em três grupos (Fig. 12.16), a saber: 1) Os metacêntricos têm o centrômero em uma posição mais ou menos central, de modo que existe pouca ou nenhuma diferença no comprimento dos braços das cromátides. 2) Nos submetacêntricos, o centrômero encontra-se afastado do ponto central, de modo que as cromátides têm um braço curto e um longo. Núcleo Celular 3) os acrocêntricos, o centrômero se encontra próximo de um dos extremos do cromossomo, de modo que os braços curtos das cromátides são muito pequenos. Na Fig. 12.15 é mostrado um cariótipo humano no qual os cromossomos aparecem ordenados de acordo com seu tamanho e o comprimento de suas cromátides. Os membros de cada par são identificados com números correlativos. Os cromossomos acrocêntricos correspondem aos números 13, 14, 15, 21 e 22 (Fig. 12.17). Núcleo Celular Eles têm uma pequena massa de cromatina chamadasatélite - não deve ser confundida com o DNA satélite - localizada no extremo livre do braço curto. Os satélites se encontram ligados ao resto do braço curto por uma haste delgada de cromatina denominada constrição secundária (para diferenciá-la da constrição primária ou centrômero) (Fig. 12.16). À exceção da cromatina correspondente à constrição secundária - na qual se localizam os genes do RNA ribossômico 45S (Cap. 13-8) - o braço curto dos cromossomos acrocêntricos é composto por heterocromatina. Núcleo Celular As técnicas de bandeamento cromossômico revelam detalhes estruturais dos cromossomos Quando os cromossomos metafásicos são submetidos a certas técnicas de coloração, exibem bandas claras e escuras intercaladas ao longo de seus eixos longitudinais (Fig. 12.1 7). A distribuição destas bandas é constante em cada cromossomo, o que - ao se analisar um cariótipo – facilita sua identificação. Além disso, nos casos em que as localizações não coincidem com os padrões normais, as bandas constituem um guia muito valioso para diagnosticar transtornos genéticos, como, por exemplo, deleções, duplicações, inversões e translocações cromossômicas (Cap. 20-10). Núcleo Celular As técnicas de bandeamento cromossômico mais utilizadas são as seguintes: Bandeamento G. Os cromossomos são tratados com tripsina (para desnaturar suas proteínas) e corados com o corante de Giemsa. As bandas G que aparecem escuras contêm DNA ricos em pares de nucleotídeos A-T. Bandeamento Q. Se os cromossomos forem tratados com quinacrina desenvolvem um padrão; específico de bandas escuras intercaladas com outras brilhantes (Q), as quais são identificadas com a ajuda de microscópio de fluorescência (Cap. 23-25). As bandas Q coincidem quase exatamente com as bandas G e, por isso, também são ricas em pares de nucleotídeos A-T. Núcleo Celular Bandeamento R. Este caso, os cromossomos são submetidos a calor antes da coloração pelo Giemsa, o que lhes dá um padrão de bandas escuras (bandas R) e claras, inverso ao obtido com os bandeamentos G e Q. A análise molecular das bandas R mostra uma maior proporção de pares de nucleotídeos G-C. Bandeamento C. Este método cora de maneira específica os segmentos de cromatina que permanecem condensados na interfase, como, por exemplo, a heterocromatina constitutiva dos centrômeros. Núcleo Celular Os componentes nucleares encontram- se ordenados espacialmente É desconhecida, no núcleo, a existência de uma armação de filamentos equivalente à do citoesqueleto, projetada para sustentar os cromossomos. Entretanto, durante a interfase, os cromossomos ocupam regiões especiais denominadas territórios cromossômicos, que estão separados por espaços chamados domínios intercromossômicos, onde se encontram moléculas de RNA em trânsito para os poros nucleares ou se processando (Cap. 15). Núcleo Celular Os padrões de distribuição dos telômeros, dos centrômeros e da heterocromatina variam nos diferentes tipos de células; E se modificam ao longo do ciclo celular, embora geralmente os centrômeros e a maior parte da heterotromatina tendam a se congregar próximo do envoltório nuclear e do nucléolo. A localização dos genes que codificam os RNA ribossômicos constitui o caso mais aparente de ordenamento nuclear, pois eles se agrupam em um setor do núcleo facilmente identificável, como o é o nucléolo (Cap. 13-8).
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