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Curtimento do couro

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Disciplina: Processos I
Professora: Carla Adriana Pizarro Schmidt
Introdução
Curtume é a indústria que transforma uma
pele animal, que é um material putrescível, em
couro, que é imputrescível.
Esta transformação, da pele em couro,
denomina-se curtimento.
O curtimento de uma pele varia de
acordo com:
 seu estado de conservação ao chegar ao
curtume; raça; idade; sexo do animal ao qual
pertencia; a finalidade para qual será
utilizado o couro.
A tendência dos curtumes é se
especializarem em um ou em poucos tipos
de curtimento.
A pele quando recémtirada do animal,
apresenta a constituição química mostrada na
tabela abaixo:
TABELA 1- CONSTITUIÇÃO QUÍMICA DA PELE 
COMPONENTES % 
Água 64 
Proteínas 33 
Gorduras 2 
Sais Minerais 0,5 
Outras Substâncias 0,5 
Entre os constituintes acima, destacam-se
as proteínas e, dentre as proteíras, o colágeno que
constituiu 29% da pele.
O colágeno é talvez a proteína mais abundante
do reino animal. É o principal constituinte da pele, do
tendão, do ligamento, da cartilagem e do osso.
Normalmente apresenta-se sob a forna de
feixes de fibrilas individuais, não ramificados, cujos
diâmetros variam muito de tecido para tecido. Na
pele, quando estes feixes são submetidos a um
exame com microscópio de luz comum, parecem
estar entrelaçados caoticamente, porém se observará
uma ordem bem definida, se examinarmos áreas do
tecido, como mostra a figura a seguir:
Existem mais dois tipos de proteínas
fibrosas encontradas nas peles: a reticulina e a
elastina.
As demais são não fibrosas e eliminadas
durante o processamento da pele.
 a epiderme, que é a camada superior;
 a derme, a camada intermediária, que vai
resultar na pele propriamente dita;
 a hipoderme, que é a camada inferior,
encostada na carne do animal.
A pele, assim como é recebida pelo
curtume, pode ser dividida em três camadas
principais :
A epiderme é formada basicamente
pela queratina, e nela encontramos os pêlos,
também de queratina, e que são eliminados no
processo de depilação.
A derme é a camada mais importante e que
vai resultar no couro final. Ela pode ser dividida
em duas subcamadas:
 a camada termostática ou camada
flor, na qual se encontra o restante do sistema
epidénnico, ou seja, o músculo eretor do pêlo, as
glândulas sebáceas e as glândulas sudoríparas;
 a camada reticular.
Por fim, a hipoderme ou tecido adiposo é
a camada inferior, eliminada pela operação de
descarne, durante o processamento da pele.
A textura das fibras, a espessura e
outra série de características da pele variam de
região para região.
O curtidor brasileiro, baseado nestas
características, divide a pele em três partes:
 o grupão,
 a cabeça e
 os flancos.
O grupão, também chamado lombo ou dono,
é a parte mais nobre, onde existe a melhor textura
das fibras. Deve ser destinado para artigos mais
nobres como jaquetas de diversos tipos, napa
vestuário, napa estofamento, etc.
A cabeça ou pescoço, normalmente de
espessura maior, deve ser destinada a um artigo que
também necessite de uma espessura maior, como
é o caso de solas, artigos para esportes, etc.
Os flancos, barrigas ou lados da pele,
têm uma textura de fibras não tão boa como as
outras partes, além de uma menor espessura.
Devem ser destinados a artigos que não exijam
muita resistência à ruptura e muita espessura,
como forro para calçados.
Fase "Ante-mortem"
a) Defeitos naturais
Os defeitos naturais são aqueles característicos
do animal, tal como a natureza os criou. São
defeitos naturais as partes esponjosas como as
virilhas, rugas, marcas de costelas e da linha
dorsal, redemoinhos, vasos sanguíneos, etc.
b) Defeitos acidentais
Os defeitos acidentais são defeitos que se
originam na pele durante a sua vida provocados por
agentes externos como o berne (tumor causado por
uma larva de mosca), carrapato (que suga o
sangue dos animais, "tinha" (causada por fungos),
bicheira (infestação de larvas de mosca), sarna
(erupção cutânea), marcas de fogo, de arame
farpado, de espinhos, de aguilhões, etc.
Marcas de Fogo:
Fase "Post-mortem"
Os defeitos da fase post-mortem são os que se
originam a partir da esfola e do processo de
conservação, como por exemplo, cortes de faca,
manchas de sangue e de urina, manchas de sal,
ataque bacteriano, manchas de ácidos graxos,
manchas de ferro, putrefação, etc.
Com exceção dos curtumes que já
compram as peles em estágios adiantados de
curtimento ou pré-curtimento (peles piqueladas,
"wet-blue"), a grande maioria as adquire em estado
"in-natura".
Neste estado, elas podem ser: verdes,
salmouradas, salgadas, soco-salgadas e secas.
1. Verdes (ou “frescas” ou em
sangue’):
Quando foram recém tiradas do
animal e não passaram por nenhum tratamento
de conservação preventiva. Sua utilização deve
ser feita dentro de poucas horas, para que não
sofram uma decomposição bioquímica natural;
2. Salmouradas:
Quando apenas foram colocadas
numa solução saturada de cloreto de sódio (sal
comum de cozinha) durante algumas horas,
sem nenhum outro tratamento preventivo. Com
este tipo de conservação, a pele tem vida
limitada entre 20 e 30 dias;
3. Salgadas:
Esse é o tipo mais comum de
comercialização, quando, além de sofrerem o
mesmo processo anterior, o de salmoura, são
ainda tratadas com sal médio ou grosso (salga
seca), empilhadas durante 21 dias em "cura".
Alguns frigoríficos juntam bactericidas ao sal.
Estas peles se conservam de 130 a 360 dias;
4. Seco-salgadas:
Quando as peles, depois de serem
salmouradas, são secas à sombra, espichadas
sobre quadros, sua conservação é quase
ilimitada;
5. secas:
Quando as peles são simplesmente
espichadas sobre quadros e secas à sombra,
sua conservação é quase ilimitada.
As peles têm conservação quase ilimitada,
se tratadas com produtos que evitem insetos.
Existem outros processos de conservação, mas
não são comuns no Brasil.
Ribeira:
a) Estocagem
As peles, ao chegarem ao curtume, são
estocadas, sendo classificadas por peso,
tamanho, procedência ou qualidade, de acordo
com o método de trabalho do curtume. As
peles verdes logo entram no processo normal
de curtimento, sem estocagem.
Este local de estocagem das peles "in
natura" é denominado "barraca" (ou
"trapiche" ou armazém de peles).
Alguns curtumes procedem ao recorte de
parte da cabeça, garras, rabo e nutras partes
que não interessam à industrialização, ainda
na barraca, antes de colocar as peles no
processo normal de curtimento. A grande
maioria, no entanto, prefere cortá-las em
etapas mais adiantadas do processo de
curtimento, quando estas partes já se
encontram caleadas.
b) Remolho
O primeiro processo ao qual as peles,
com exceção das verdes, são submetidas é o
remolho ou reverdecimento.
Usa-se como veículo a água com
conservantes e produtos chamados
tensoativos.
O processo de remolho tem a finalidade
de:
v eliminar os eventuais produtos utilizados
para a conservação das peles e possíveis
impurezas contraídas por ocasião do
transporte e da estocagem;
 extrair eventuais restos de sangue
coagulados nos vasos capilares e proteínas
não-fibrosas;
 hidratar (dar água) a pele, deixando-a como
se fosse verde. Modernamente, o processo é
feito em cilindros rotativos chamados ‘‘Mães”
ou “tambores” ou “fulões”.
Fulão
Fulões
c) Depilação e caleiro
Após o remolho ou reverdecimento, efetua-
se a eliminação dos pelos por processo químico,
utilizando-se basicamente soluçõesalcalinas
fortes, constituídas com sulfeto (o mesmo que
sulfureto) de sódio e hidróxido, de sódio (cal
queimada ou hidratada).
As quantidades de um ou de outro variam
de acordo como tempo a que se submete a pele
ao processo e com o fim a pele se destina.
O caleiro, também chamado de
encalagem, é realizado juntamente com a
depilação, tendo uma ação química sobre o
colágeno, a elastina e a reticulina. Dá-se um
inchamento da pele com abertura das fibras
que a compõem, ocorrendo a remoção do
material interfibrilar e a saponificação parcial
das gorduras.
As peles, após passarem por estes
processos, sao denominadas "tripas".
d) Descarne
O resíduo que dai resulta recebe o nome
de carnaça.
As peles verdes são descarnadas antes da
depilação, sendo a primeira operação a que
são submetidas. As demais peles devem ser
submetidas ao descarne após o remolho, mas,
por motivos de ordem econômica, muitas vez
isso não acontece.
Após o descarne, efetua-se
um recorte na tripa, com o objetivo de
eliminar partes que não interessam à
industrialização, ou que dificultam
operações mecânicas posteriores.
Descarnadeira
e) Divisão
A divisão ou rachação consiste em cortar a
pele em tripa no sentido de sua superfície,
horizontalmente, em camadas.
O número de camadas é variável,
dependendo da espessura da pele.
Normalmente são duas:
q a parte superior, a mais nobre, onde
originalmeute estavam implantados os pêlos,
denominada “flor”; e
q a parte inferior, considerada como
subproduto, embora sirva para a elaboração de
produtos nobres, tais como, camurções para
calçados e vestimentas, denominada "raspa" ou
"crosta".
Divisora
Alguns curtumes efetuam esta
operação após o Curtimento.
Depois da divisão, faz-se,
principalmente nas raspas, um novo recorte,
retirando-se as partes mais finas.
Curtimento
a) Descalcinação e purga
Após a divisão, as tripas são recolocadas
no fulão e submetidas a dois processos químicos
simultâneos: a descalcinação e a purga.
A finalidade da descalcinação, que também
chamado de desencalagem, é baixar o grau de
acidez ou seja, o pH, que na depilação chega a
13,0 , passando para 8,0 - 8,5, neutralizando a
cal combinada na pele.
A purga, que é um tratamento enzimático,
tem por fim eliminar os restos de sangue
(globulinas) porventura existentes entre as
fibras e nos vasos sanguíneos, digerir gorduras
naturais e melhorar as qualidades da elastina. É
um processo que deve ser muito bem controlado
quimicamente.
Na purga, o pH baixa um pouco em razão
da presença de sais neutros ou levemente ácidos
com os quais é misturada.
Findo o processo, as peles são lavadas com
agua.
b) Piquel
O piquel, também realizado no fulão, é
um tratamento salino-ácido que tem duas
finalidades:
Conservação (pode-se comercializar as
peles neste estágio); e preparação das peles
para o curtimento propriamente dito.
O pH final do piquel varia de acordo
como tipo de curtimento que será efetuado.
a) Curtimento
No mesmo banho do piquel, ou em uma
nova solução, passamos ao processo principal: o
de curtir.
Basicamente são dois os tipos principais
de curtimento presentemente utilizados pelos
curtumes brasileiros:
 Vegetal: os curtentes vegetais variam
muito, de acordo com a natureza dos vegetais
de onde são extraidos. No Brasil, os taninos
vegetais mais usados são os de acácia negra e
quebracho; eventualmente são usados os de
barbatimão, angico e mangue. Dependendo do
vegetal, podem ser extraídos da casca, da folha
ou do lenho.
Este tipo de curtimento é mais usado em
peles que vão originar solas, arreios de
montaria, correias, cintos, alguns tipos de
calçados especiais e uma série de outros
artefatos.
 Mineral: é o tipo de curtimento mais
disseminado hoje em dia, no qual o agente
curtente principal são os sais de cromo
(óxidos). É um curtimento rápido que torna o
couro mais resistente à passagem de da água,
mais elástico e flexível, e que se deixa tingir
melhor. Apesar da enorme variedade de
utilizações deste tipo de curtimento, é usado,
principalmente, em couros que vão originar
vestimentas e cabedais.
 Cabe aqui observar que existem
muitos tipos de curtimento. mas todos muito
pouco usados em escala industrial.
Entre estes, podemos citar o curtimento
com taninos sintéticos, com sais de alumínio de
zircônio, formol, etc.
f) Rebaixe
A pele, agora curtida, é chamada couro.
Este, para ser aproveitado industrialmente,
deve apresentar uma espessura uniforme. A
divisão, por mais exata que seja, não deixa a
pele uniforme depois do curtimento. A
explicação é a seguinte: a pele, na sua estrutura
fibrilar, não é igual em todo sua superfície e,
assim, em cada parte existe um certo tipo de
tecido.
Como o curtimento nada mais é do que a
penetração e a fixação dos curtentes nos
interstícios dos tecidos, a pele, após o
curtimento, tende a inchar mais em um local do
que em outro. Efetua-se então o enxugamento
mecânico, passando a pele entre dois rolos que
retiram o excesso de água, e a seguir a
operação de rebaixe, que consiste em igualar a
espessura da pele.
Rebaixadeira
Etapas do Recurtimento
a) Neutralização
Após o rebaixe, o couro volta ao fulão para
ser submetido a novos processos químicos.
Em couros curtidos ao mineral, é
indispensável a neutralização.
Como o nome diz, o processo visa
neutralizar os ácidos livres, bem como sais de
cromo e outros sais solúveis.
Tais produtos, quando não eliminados
adequadamente, provocam uma fixação
irregular dos produtos adicionados
posteriormente, como por exemplo, recurtentes,
graxas e corantes, ocasionando manchas e/ou
problemas de fixação.
b) Recurtimento propriamente dito
O recurtimento, de modo geral, é um
complemento do curtimento. Neste processo
são dadas certas características ao couro, não
obtidas no curtimento básico. Qualquer agente
curtente pode ser usado como recurtente,
sozinho ou em combinação com outros. Existem,
além destes, produtos específicos para este
processo, sendo normalmente taninos de
origem sintética ou resinas.
c) Tingimento
O tingimento é o processo no qual se
proporciona cor ao couro através de anilinas.
Como as anilinas são solúveis,
transparentes, conferem a cor sem cobrir
qualquer parte do couro.
Este processo pode ser feito em fulão, em
tanque, em máquinas de imersão, por aplicação
manual com escovas, com pistolas de ar
comprimido.
Nesta seqüência de operações, o
tingimento é efetuado em fulão.
d) Engraxe
O engraxe consiste na adição de
lubrificantes que devem conferir ao couro a maciez
desejada, sem incorrer em problemas de queda de
resistência ou de migração de componentes que
possam dificultar as operações seguintes. Além
disso, o engraxe deve proteger as fibras contra a
oxidação. Os óleos usados no engraxe do couro
podem ser de origem animal, vegetal ou mineral.
Também podem ser crus ou quimicamente tratados.
Pré-acabamento
a) Secagem
Após o engraxe, o couro encontra-se
totalmente molhado. Efetua-se então o processo
de secagem, com o qual procura-se retirar toda
água que o couro contém (dependendo do tipo de
couro, pode-se submetê-lo à máquina de estirar,
antes da secagem, a fim de alisar a flor do couro
e permitir melhor rendimento).
A operação de secagem pode ser efetuada de
várias maneiras:
 ao ar - secagem natural, onde os couros
são pendurados ou presos em quadros de
madeira (estaqueados) e deixados em
ambiente natural;
 em estufas - secagem efetuada em recintosfechados ou aparelhos com câmaras aquecidas. Os
couros podem ser simplesmente pendurados,
presos em quadros de madeira (estaqueados) ou
de aço (toggling), deitados sobre esteiras (túneis)
ou colocados em placas de vidro (pasting.). O
toggling normalmente é apenas usado para a
secagem do couro após o amaciamento e os túneis
para a secagem dos filmes de acabamento, como
veremos mais adiante;
Estufa de ar quente
Pasting
 Com água quente - sistema em que os couros
são colocados sobre uma chapa de ferro,
esmaltada ou não, aquecida com vapor d’água
(secoterm)
 a vácuo - secagem feita em aparelho que gera
calor e que produz no seu interior um vácuo
(retirada de ar), onde está depositado o couro,
fazendo as moléculas d’água se dispersarem
rapidamente;
 outros - existem outros métodos de secagem
pouco usados comercialmente, como a secagem
com raios infravermelhos ou sistema de alta
freqüência.
b) Recondicionamento
Também chamado reumedecimento ou
reumidificação, o processo de
recondicionamento consiste em proporcionar
ao couro uma determinada umidade, uma vez
que a secagem, principalmente quando muito
rápida, elimina praticamente toda a água.
A operação pode ser efetuada em
máquina que pulveriza água, ou com pistolas
manuais, sendo os couros empilhados para
melhor distribuição desta umidade.
Os couros secos também podem ser
empilhados no meio de serragem de
madeira, previamente umedecida.
c) Amaciamento
Após a secagem, o couro tende a ficar
encartonado, principalmente devido a um
ressecamento excessivo das fibras, além de
outros fatores. Assim, após o reumidecimento
dos couros, efetua-se o amaciamento.
Antigamente a operação era feita manualmente.
Hoje, os sistemas usados são mecânicos. Assim,
o amaciamento pode ser efetuado das seguintes
maneiras:
Através do "jacaré": que é uma máquina
que possui um funcionamento semelhante ao
abrir e fechar das mandíbulas de um jacaré. A
máquina efetua o amaciamento por meio de
um esfregamento energético, que estende o
couro em todos os sentidos, uniformizando-lhe
as fibras;
Através da máquina de amaciar vibratória:
onde este "esfregamento" é feito por vários
pregos ou pinos, grossos, com pontas
arredondadas. que penetram em um buraco com
o formato desse pino; o couro passa entre os
pregos e os buracos, efetuando-se assim o
amaciamento;
Máquina de Amaciar Vibratória
Através de fulões: onde inclusive é
possível efetuar o amaciamento conjuntamente
com o recondicionamento. Os couros são
trabalhados em fulão seco, com serragem de
madeira previamente umedecida ou mesmo com
um pouco de água pura, além de bolas de ferro
ou chumbo, revestidas com uma camada de
borracha;
Através da roda de amaciar: que consiste
em uma roda giratória, com dentes
arredondados, por sobre o qual se esfrega o
couro, hoje praticamente não mais usada.
d) Estaqueamento
A operação de estaqueamento já foi
comentada no item sobre secagem.
É normalmente efetuada após o
amaciamerto, para retirada do excesso de
umidade e aumentar o rendimento do couro.
Toggling
Grampo para Toggiling
ou Cachorrinho
e) Lixamento
Esta operação, também chamada
bufeamento ou correção da flor, visa a
uniformizar a superficie flor do couro
eliminando, quando não muito profundos,
eventuais defeitos existentes, além de facilitar a
penetração e aderência do filme de acabamento.
Os couros lixados também são chamados couros
com flor corrigida.
Lixadeira
f) Desempoamento
O desempoamento consiste
simplesmente em tirar o pó do couro, produzido
durante a lixagem.
Tal operação é feita mecanicamente, com
escovas ou por sistemas de exaustão.
Após o desempoamento, ou, no caso de
couros flor integral, após o estaqueamento, os
couros são recortados nas bordas, onde existem
partes ásperas ou outras não interessantes,
sendo então classificados para receber o
acabamento.
g) lmpregnação
Esta operação é efetuada, eventualmente,
em couros que apresentam flor solta, defeito
identificado pela formação de inúmeras rugas
no couro, quando este é dobrado e resultante do
rompimento das fibras que ligam a camada
termostática (flor) à camada reticular.
Consiste na aplicação de resinas especiais
(bastante diluídas) que, com auxilio de
penetrantes, têm a capacidade de se introduzir
no couro e ligar, entre si, as camadas flor e
reticular.
Acabamento
a) Características exigidas
Os tratamentos aos quais se submete um
couro diferem segundo a finalidade deste couro.
Portanto, as características exigidas do
acabamento dependem das propriedades
individuais desejadas.
Entretanto, algumas exigências são
fundamentais, devendo satisfazer a qualquer
acabamento:
v A camada de acabamento aplicada no
couro deve ser fixada de forma firme e
permanente, a aplicação e distribuição deve ser
uniforme, sem manchas, com exceção dos
chamados produtos de apresto (acabamento)
para couros afelpados como camurça, nobuc,
etc;
v Após a aplicação da solução líquida, esta
deve secar rapidamente para evitar a aderência
de sujeiras
v Deve ter a propriedade de inchar facilmente,
para que uma outra camada líquida aplicada se
fixe bem, porém não deve inchar
demasiadamente, para que, numa aplicação
mais brusca, por exemplo, manualmente, de
uma outra camada, não se arranque ou estropie
a que está seco;
v Os produtos de acabamento devem
igualar o máximo possível o aspecto de couro
em toda a superfície, permanecendo
transparente, ou cobrindo-a completamente,
dependendo do acabamento, de modo que a
cabeça tenha o mesmo aspecto que o rabo;
v O acabarnento não deve formar uma
crosta, mas sim, carregar o menos possível a
superfície, adaptando-se a ela de tal maneira,
que o couro ao ser dobrado não produza rugas,
conservando o toque natural;
v O acabamento deve ser terminado de
maneira que no armazenamento e na
transformação não tome pó e seja susceptível
o menos possível, para que não fique marcada
impressão dos dedos, e que, ao menos possa
ser limpo depois da elaboração; Na costura
não deve arrebentar ao ser perfurada pela
agulha, nem separar-se do couro. Não deve
permanecer branda, nem pegajosa, nem
tampouco endurecida;
v Deve ser estável à prensagem, não
modificando o tom da cor nem descolando,
devendo ainda ser resistente à ação de
dissolventes orgânicos como por exemplo
acetona, álcoois, etc., encontrados na
composição de certos adesivos, lustros, etc,
v Para o uso dos artigos de couro, o
que se exige principalmente do acabamento á
uma boa durabilidade, para que o couro
conserve o maior tempo possível o mesmo
estado que apresentava antes de seu uso, o
acabamento deve ser o menos susceptível
possível oferecendo condições de ser limpo
facilmente, sem que se deteriore pelo
tratamento de limpeza;
v Não deve desbotar, nem perder o brilho
inicial, ou, em caso de ser fosco, não ganhar
brilho; deve repelir a umidade, e a água não
deve manchá-lo nem descorá-lo, nem depois
do couro novamente seco, porém isso não
deve prejudicar a transpiração;
v Deve ser suficientemente elástico, para
que não se rompa ao ser dobrado. Além de ser
suficientemente duro, para que não se
desgaste por abrasão, não deve ficar pegajoso,
sob a ação do calor ou exposição aos raios
solares, nem deve ficar quebradiço sob a ação
do frio.
A questão agora é como obter um
acabamento que atenda a propriedades tão
antagônicas.
b) Tipos de acabamento
Os acabamentos podem ser classificados
de várias formas, seja pelo tipo de resina
utilizado,pelo aspecto final apresentado, pelo
tipo de couro usado, etc.
Vamos aqui comentar os acabamentos
em função do material corante usado, assim,
os acabamentos podem ser:
 pigmentados (efetuado principalmente em
couros onde há a necessidade de efetuar
correções mais profundas, visando a atenuar
defeitos do material, já que os pigmentos,
sendo insolúveis, cobrem a superfície do
couro);
 anilina (não possui pigmentos, recebendo
apenas corantes, a fim de que sejam
salientados o aspecto e a aparência natural do
couro);
 semi-anilina (acabamentos anilina que
sofrem a aplicação de pequenas quantidades
de pigmento para uniformizar a cor ou
proporcionar certos tipos de efeitos);
 natural (no caso de atanados, raspas
acamurçadas e outros tipos, onde não é usado
qualquer tipo de material que possa conferir
alguma cor diferente da cor natural do
curtimento).
c) Aplicação
Os acabamentos pigmentados são aplicados,
de modo geral, em três camadas: fundo, a
cobertura e o apresto ou lustro. Desta forma é
que se consegue conciliar as diferentes
propriedades exigidas de um acabamento.
O fundo prepara o couro para aplicação da
cobertura. Geralmente é à base de resinas
moles, para conservar a flor suave e elástica.
Sua finalidade é fechar a superfície do couro
para impedir que a cobertura,
conseqüentemente, os pigmentos penetrem
demasiadamente no couro. O fundo deve fixar-
se bem, já que dele depende a boa adesão de
todo o filme de acabamento.
A camada fundo não é composta
necessariamente de uma só aplicação, podendo
ter duas ou mais demãos, o fundo pode ser
aplicado manualmente, com escovas, com
máquinas munidas de escovas, máquinas de
cortina, com pistola ou com máquina de gravar
por pontos.
Máquina de Cortina
Esta última é a máquina mais
recentemente desenvolvida, na qual a tinta é
aplicada sobre o couro através de um rolo, cheio
de pequenos buracos (pontos) simetricamente
distribuídos, que retém a tinta (pela própria
tensão superficial), soltando-a quando o couro
passa e a absorve.
A formulação do fundo compreende os
seguintes irgredientes:
Material de cor (pigmentos), resinas
(responsáveis pela formação do filme),
produtos auxiliares (penetrantes, plastificantes,
ceras, etc) e solvente (água ou solvente
orgânico).
A quantidade de cada ingrediente varia
muito de formulação para formulação, devido a
diversos fatores como o tipo de couro, sua
textura e seu toque, a cor do acabamento, etc.
A camada de cobertura tem uma
importância básica no acabamento. Sua
composição, em geral, é base de resinas mais
duras que as da camada de fundo. Isto melhora
sua resistência à fricção. Esta camada deve ser
bem fina, para que permaneça o mais elástica
possível.
Por isso, recomenda-se que seja aplicada
com pistola, seja rotativa ou manual. Isto
também facilitará a obtenção de uma maior
uniformidade. A aplicação da camada de
cobertura não se restringe a uma só demão,
podendo ser aplicada em mais vezes.
A camada lustro, também chamada top,
por ser a última camada do acabamento, é a que
determina, de um modo geral, o aspecto final do
couro quanto a brilho, opacidade e toque da
superfície.
Do lustro depende a resistência aos
diversos tratamentos pelos quais passa o couro,
em especial a resistência à umidade e à fricção.
O lustro pode influir também na resistência aos
produtos de proteção e limpeza.
O lustro, normalmente, é à base de resinas
duras, não apresentando pigmento na sua
composição. É importante que o técnico de
acabamento observe que, quanto mais dura for
a resina, tanto mais fina deve ser a camada,
pois, do contrário, podem ser prejudicadas a
estrutura da flor e a elasticidade do
acabamento.
Após a aplicação de cada camada. ou após
cada demão, o couro é submetido a uma
prensagem a quente, a fim de moldar e
uniformizar as camadas, usando-se a
propriedade de termoplasticidade das resinas.
Para tanto, podem ser usadas a estampadeira, a
prensa hidráulica ou prensa rotativa
(espelhadeira).
Estampadeira
Prensa 
Hidráulica
Em couro anilina, o material de cor
utilizado, logicamente, é a anilina. Neste tipo de
couro, existem várias possibilidades de
trabalho.
A anilina pode ser aplicada no processo de
tingimento em fulão de modo que o couro, após
a secagem, já se encontre na cor desejada.
Pode, então, ainda receber uma leve correção,
efetuada com pistola, e uma camada de lustro,
como no caso de couros pigmentados.
A anilina também pode ser aplicada na
máquina de tingir por imersão, onde o couro,
deitado sobre uma esteira, passa por um tanque
com uma solução de corantes. Também pode ser
aplicada através de pulverização com pistola, ou
com a máquina de gravar por pontos.
No caso de couros semi-anilina, temos um
acabamento que combina corantes e pigmentos.
A anilina é aplicada por um dos processos
mencionados anteriormente para couros anilina.
Após o couro estar seco, aplica-se uma leve
camada de cobertura com pigmentos,
principalmente para uniformizar a cor. No mais,
recebem tratamento idêntico ao dos couros
pigmentados.
Couros com acabamento natural, ou seja,
sem a utilização de materiais que dão cor,
podem receber um acabamento especial à base
de ceras ou somente resinas para a obtenção de
certos efeitos.
Tipos de couro
Definimos a seguir alguns dos tipos de couro
mais comuns encontrados no mercado
brasileiro:
Abufalado: Também chamado nobuc, é couro
usualmente curtido ao cromo, tingido. usado
principalmente para cabedais, feito de peles
vacuns (inclusive bezerros), e algumas vezes de
peles suínas, lixado no lado flor para dar uma
superfície aveludada e suave.
Anilina: Couro normalmente flor integral,
tingido por imersão em banho de corantes e que
não recebeu qualquer cobertura de um
acabamento pigmentado, também o couro
tingido com corantes por pulverização (spray”)
ou outro método qualquer.
Antique: Couro ao qual foi dada a aparência de
velho e usado, por exemplo, pela formação, no
couro tingido, de uma superfície marcada ou
enrugada, usualmente de forma regular, através
de gravação.
Box-calf: Couro de bezerro, totalmente curtido
ao cromo, liso ou graneado, usado
principalmente como couro cabedal.
Camurça: Termo genérico que identifica os
couros afelpados. Couros muito macios, sem flor
(originam-se normalmente de raspas),
normalmente curtidos ao cromo e tingidos.
Camurção: Camurça de grande espessura,
originária de crostas vacuns (raspas).
Camurcina: Camurção fino.
Chamois (Chamoá): Couro de aspecto afelpado,
curtido por processos envolvendo óleos
marinhos ou de peixe.
Couro ao cromo: Couro cujo curtimento foi
efetuado com sais de cromo; pode ser recurtido
com qualquer outro curtente.
Couro atanado: Couro cujo curtimento foi
efetuado com taninos.
Flor corrigida: Couro cuja superffeie flor foi
levemente lixada para remover defeitos e
restaurada mais ou menos pela aplicação de
acabamentos que contêm pigmentos, resinas
sintéticas, etc.
Flor integral: Couro cuja superfície flor
permanece intacta, não possuindo qualquer
cobertura pigmentada.
Impregnado: Couro ao qual foi introduzida uma
considerável quntidade de materiais, tais como
graxas, ceras parafínicas, resinas a fim de
melhorar propriedades, tais como,
permeabilidade à água ou resistência ao uso.
Diz-se também dos couros que sofreram a
aplicação de resinas especiais, no processo de
impregnação, a fim de amenizar o problema de
flor solta.
Naco: Couro vaqueta, espesso, resistente,
destinado geralmentepara acabamento tipo
verniz ou nitrocelulósicos.
Napa: Couro usualmente curtido ao cromo que
se caracteriza pela maciez, flor integral ou pelo
acabamento de toque bem suave; usado
inicialmente em estofamento e vestuário e hoje
também em calçados.
Nobuc: O mesmo que abufalado.
Pelica: Couro fino, geralmente de cabra,
podendo também ser de carneiro ou cabrito, de
toque brando e macio, destinado normalmente
para artigos finos.
Pigmentado: Diz-se do couro que recebeu a
aplicação de uma camada de cobertura
resultante da mistura de pigmentos, resinas e
outros produtos, que esconde a superfície flor
natural.
Semi-acabado: Couro que, após curtido,
recurtido e engraxado, foi secado não tendo
ainda recebido qualquer tratamento quanto ao
seu aspecto final; couro que ainda não sofreu a
aplicação da camada de acabamento.
Semi-anilina: (Couro tingido, geralmente por
imersão, com corantes, e que recebeu uma
pigmentação bem leve, usualmente para
uniformizar a cor.
Semi-cromo: Couro no qual o curtimento foi
efetuado em duas etapas: na primeira, ele é
curtido com tanino, seguido de um curtimento
ao cromo ou vice-versa.
Sola: Couro curtido e acabado para solas de
calçados; normalmente é curtido com tanino
vegetal e tratado com cargas para aumetar-lhe
a espessura e a resistência ao uso.
Vaqueta: Couro curtido ao tanino, cromo ou
semi-cromo, flor integral ou corrigida, liso ou
estampado, mais armado que couro napa,
destinado a cabedais de calçados.
Wet-blue: Couro que já sofreu os processos de
ribeira foi curtido ao cromo e que permanece
úmido, podendo ser estocado ou comercializado
neste estado.

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