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Universidade Federal do ABC Nome: André Luiz Rosa Santos Silva RA 11201712919 Nome: Deodoro Ribas Neto RA 11201712913 Nome: Elienai de Almeida Reis RA 11094311 Nome: Matheus Pazin Fernandez RA 21070814 Nome: Ricardo Henrique Diniz Klever RA 21092315 Nome: William Freire da Silva RA 11061510 Professor: Dr. Luis Roberto de Paula Data: 06/12/2017 - 3º Quadrimestre - 2017 Trabalho de Introdução às Humanidades e Ciências Sociais 1ª Parte - Escrever o que o grupo entende sobre o projeto “Escola sem Partido” O Programa Escola sem Partido compreendemos como um projeto de lei que toca no debate entre laicidade, ideologia e religião nas escolas visando dessa forma o fim da “doutrinação ideológica” nas salas de aula brasileira, bem como a politização e o debate de gênero, raças, etnias, religião, nacionalidade, orientação sexual, entre outros. Sendo assim, o projeto poderá fomentar o combater a “contaminação político-ideológica das escolas brasileiras” impedindo a imposição da visão de mundo, opiniões políticas e partidárias de certos professores. Pois bem, dessa forma pretendem especificar os limites da atuação dos professores, impedindo que eles promovam suas crenças particulares em sala de aula, incitem estudantes a participarem de protestos e denigram os alunos que pensem de forma distinta. Além disso, o projeto dará o direito dos pais de escolherem como será o ensino de religiões distintas das suas. Aos professores, também cabe garantir que os estudantes ou terceiros cumpram as regras durante suas aulas. Este projeto tem uma visão conservadora, controladora e autoritária buscará monitorar a atuação dos professores em sala de aula, reprimindo o senso crítico e o debate entre os alunos. Portanto, o Projeto Escola sem Partido amplia o debate na qual suas diretrizes ferem ou não a Constituição, bem como se é possível ensinar com neutralidade e até que ponto a educação familiar deve ter influência no ensino escolar. 2ª Parte - 2 Posições favoráveis e 2 contrárias ao tema “Escola sem Partido” ★ Pontos contra ao projeto “Escola sem Partido”. • Neutralidade absoluta é impossível. Segundo especialista Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a neutralidade absoluta é impossível de ser alcançada. Nenhuma pessoa consegue ser totalmente neutra na abordagem de um assunto, pois leva o juízo de valor do mesmo sobre o assunto abordado. E nos casos dos professores essa abordagem pode ser importante na discussão sobre o tema. O que não deve ocorrer é a limitação do professor somente ao seu juízo de valor. O professor não pode ser impedido de apresentar sua visão de mundo, mas deve mostrar aos estudantes outras referências para que ele entenda os debates e posições existentes em relação a determinado assunto. • Educação de acordo com os princípios dos pais. “A escola deve respeitar os direitos dos pais dos alunos a que seus filhos recebam educação religiosa e moral que esteja de acordo com as suas próprias convicções”, estipula o inciso 5º do artigo 5º do projeto de lei”. Um dos pontos abordados pelo projeto é que os professores não interfiram na educação dos alunos no que diz respeito às convicções da família. Esse artigo não tem validade total, pois existem muitos casos que os princípios dos pais podem ser destoantes do pensamento moral da sociedade moderna. Exemplo, se a família possui um comportamento racista, homofóbico e machista, os alunos não devem ser ensinados que estas não são atitudes que devem ser toleradas nos tempos atuais? Neste caso o professor deve poder contribuir e repassar aos seus alunos a importância do respeito, independente de nossa religião, raça ou costumes. • “O aluno não é uma folha em branco, pois é um sujeito social, traz uma história, concepções e ideias e isso precisa ser reconhecido. A escola precisa trabalhar para que esse jovem ou essa criança formule hipóteses, interprete o mundo de diferentes maneiras e desenvolva autonomia sobre seu próprio processo educativo. O papel da educação é garantir as experiências para que ele desenvolva uma visão própria sobre o mundo”, afirma Natacha Costa (Diretora da Associação Cidade Escola Aprendiz), durante uma audiência no senado. ❖ Pontos a favor ao projeto “Escola sem Partido”. ● Respeito ao direito dos pais de dar aos seus filhos a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções. De acordo com os favoráveis ao Movimento Escola sem Partido, o professor se aproveita da presença obrigatória dos alunos em sala de aula para realizar atividades contrárias às crenças dos alunos e/ou as crenças de seus pais, ou seja, o fato de submetê-los a essas atividades eles estariam desrespeitando a liberdade de crença e os valores dos próprios alunos ao obrigá-los a participar de educação religiosa, sexual ou moral se não for de acordo com as convicções do aluno ou da família do aluno. Por outro lado, a exposição, em disciplina obrigatória, de conteúdos que possam estar em conflito com as convicções morais dos estudantes ou de seus pais, viola o art. 12 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, segundo o qual “os pais têm direito a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.” ● Descontaminação e desmonopolização política e ideológica das escolas. Partindo da premissa que o conhecimento é vulnerável a contaminação ideológica o projeto tende a sustentar que o professor tem o dever ético e profissional de se esforçar para alcançar o ideal da perfeita neutralidade e objetividade. Para isso é necessário que as escolas adotem medidas concretas para assegurar a diversidade de perspectivas ideológicas nos seus respectivos corpos docentes para que não haja monopolização ideológica. A doutrinação política e ideológica em sala de aula ofende a liberdade de consciência do estudante; afronta o princípio da neutralidade política e ideológica do Estado; e ameaça o próprio regime democrático, na medida em que instrumentaliza o sistema de ensino com o objetivo de desequilibrar o jogo político em favor de um dos competidores. Essas práticas, todavia, apesar de sua manifesta inconstitucionalidade e ilegalidade, tomaram conta do sistema de ensino. A pretexto de “construir uma sociedade mais justa” ou de “combater o preconceito”, professores de todos os níveis vêm utilizando o tempo precioso de suas aulas para “fazer a cabeça” dos alunos sobre questões de natureza político-partidária,ideológica e moral. Que fazer para coibir esse abuso intolerável da liberdade de ensinar, que se desenvolve no segredo das salas de aula, e tem como vítimas indivíduos vulneráveis em processo de formação? Nada mais simples: basta informar e educar os alunos sobre o direito que eles têm de não ser doutrinados por seus professores; basta informar e educar os professores sobre os limites éticos e jurídicos da sua liberdade de ensinar. “Em uma sala de aula, a palavra é do professor, e os estudantes estão condenados ao silêncio. Impõem as circunstâncias que os alunos sejam obrigados a seguir os cursos de um professor, tendo em vista a futura carreira; e que ninguém dos presentes a uma sala de aula possa criticar o mestre. É imperdoável a um professor valer-se dessa situação para buscar incutir em seus discípulos as suas próprias concepções políticas, em vez de lhes ser útil, como é de seu dever, através da transmissão de conhecimento e de experiência científica.” - Max Weber 3ª Parte - Projeto de Lei - Escola sem partido O projeto de Lei do Senado nº, de 2016, que trata o "Programa Escola sem Partido". A lei dispõe sobre a inclusão de normas para as diretrizes e bases da educação nacional (a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996). A Lei no segundo artigo apresenta que a educação atenderá princípios de liberdade e neutralidade (política, ideológica, religiosa), e também veda a utilização da “ideologia de gênero”. As escolas terão que afixar cartazes com o conteúdo desta lei. A lei também obriga que escolas que seguem determinado orientação ou princípios morais e religiosos que obtenham autorização dos país no ato da matrícula, a fim de continuarem suas práticas. No artigo 5º a lei apresenta uma série de proibições aos professores: como vetado a utilização da aula para promover suas opiniões, ou preferências religiosas, por exemplo; não poderá constranger os alunos em razão das escolhas e convicções políticas, ideológicas, morais e religiosas; não poderá fazer propaganda política; ao tratar das questões políticas apresentará diferentes lados, teorias e opiniões sobre o assunto; deve respeitar o direito dos pais de indicar os conceitos religiosos que lhe convém; não poderá permitir que os direitos citados nos itens anteriores sejam violados por outros estudantes ou terceiros, dentro da sala de aula. Os alunos deverão ser informados sobre o conteúdo desta lei e os professores e pais deverão ser informados sobre o conteúdo desta lei. A lei conta com os Meios de Comunicação do Ministério da Educação para permitir denúncias sobre casos que violem esta lei. O conteúdo desta lei também se aplicará, no que couber às: às políticas e planos educacionais e aos conteúdos curriculares; aos materiais didáticos e paradidáticos; às avaliações para o ingresso no ensino superior; às provas de concurso para o ingresso na carreira docente; às instituições de ensino superior, respeitado o disposto no art. 207 da Constituição Federal. As justificativas para a criação da lei estão possíveis utilização de aulas por parte dos professores para doutrinar alunos para suas correntes políticas e ideológicas e também para evitar uma possível violação do direito de liberdade de consciência, entre outros. 4ª Parte - Conclusão - Já na primeira análise da ideia central do assunto, uma educação “apartidária” de combate à “contaminação político-partidária”, já nos parece meio disparatada e conjectural querendo de certa forma substituir o'que eles pressupõem ser uma ideologia em sala de aula por outra ideologia, só que escondida sob um falso manto da neutralidade. Ao nos aprofundarmos no assunto e analisarmos as opiniões favoráveis e contrárias ao projeto Escola sem Partido foi possível ver claramente muitos argumentos falaciosos como por exemplo, parte do pressuposto de que os estudantes são “folhas em branco” e que professores se aproveitam da audiência cativa dos alunos para incentivar que eles sigam por um determinado caminho ideológico. Para alguns especialistas, o primeiro erro é acreditar que o estudante é uma folha em branco incapaz de formar seu juízo sobre o mundo a partir de experiências, referências e saberes que traz consigo. A aparente neutralidade do exercício do magistério, como propõe a medida legislativa, pode levar, no dia a dia da sala de aula, a situações absurdas de relativização. O historiador Leandro Karnal afirma que o professor/educador é aquele que constrói pontes, auxiliando o estudante a atravessar o árduo percurso da leitura e interpretação dos principais pensadores e teorias já produzidas pela humanidade. Em uma aula sobre política, por exemplo, o professor que deseja ver seu aluno “caminhar com as próprias pernas” deveria estimular a leitura e o debate franco de pensadores como Karl Marx e John Stuart Mill. A ressignificação dessas leituras cabe, exclusivamente, ao estudante. Assim como em todos os aspectos da vida, o magistério deve ser fundamentado no respeito ao outro. E o respeito ao outro só se concretiza quando eu abro mão das minhas verdades absolutas.
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