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Apostila Civil Responsabildade Civil

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Responsabilidade Civil
1º Conceito e Aspectos Gerais
Segundo José de Aguiar Dias, toda manifestação humana traz em si o problema da
responsabilidade. A responsabilidade civil espécie de responsabilidade jurídica deriva
da transgressão de uma norma civil preexistente, impondo-se ao causador do dano a
consequente obrigação de indenizar.
Qual a diferença entre responsabilidade civil e responsabilidade penal?
Vem prevalecendo na doutrina que a diferença fundamental entre essas formas de
responsabilidade está, basicamente, na carga sancionatória estatal e na tipicidade
exigida para a responsabilidade penal.
2º Sistema Positivo da responsabilidade civil
A despeito do Código Civil não conter tipos especiais como no Direito Penal,
consagrou, contudo, um sistema normativo de responsabilidade calcado entre artigos
fundamentais: 186, 187 e 927.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
O artigo 186, ao definir o ato ilícito, consagra uma regra geral de responsabilidade
civil, complementada pelos arts. 187 (que define o abuso de direito) e 927. Em
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verdade tal sistema visa coibir comportamentos danosos em atenção ao princípio do
“neminem laedere” (segundo o qual a ninguém é dado causar prejuízo a outrem).
O artigo 186 consagra uma responsabilidade subjetiva (baseada na culpa e no
dolo). Contudo, ao lado deste ilicitude, há também o reconhecimento da ilicitude
objetiva (arts. 187 e 927), razão pela qual em nosso sistema convivem dois tipos de
responsabilidade: subjetiva e objetiva.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes. 
O artigo 187, por sua vez, versa sobre o abuso de direito, o qual consagra uma
responsabilidade objetiva, uma vez que, para aferição do abuso, não se analisa
culpa ou dolo, mas a própria finalidade do agente, é dizer, se ultrapassou ou não os
limites ditados pelo fim social ou econômico, pela boa fé ou bons costumes.
Enunciado 37 da I Jornada: responsabilidade civil decorrente do abuso do direito
independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.
Abuso de direito em ação proposta por terceiro para impedir que mulher realize
aborto: Caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade
civil pelos danos causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim
de impedir a interrupção, deferida judicialmente, de gestação de feto portador
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de síndrome incompatível com a vida extrauterina. Caso concreto: uma mulher
descobriu que o bebê que ela estava esperando possuía uma má-formação conhecida
como "Síndrome de Body Stalk", que torna inviável a vida extrauterina. Ela
conseguiu uma autorização judicial para interromper a gestação e foi internada com
esse objetivo. Ocorre que um padre descobriu a situação e impetrou um habeas
corpus em favor do feto pedindo que o Poder Judiciário impedisse o aborto. Quando a
mulher já estava há três dias no hospital fazendo o procedimento de aborto, foi
deferida a liminar no HC e determinou-se que o procedimento fosse suspenso e que a
gravidez prosseguisse. A mulher teve que voltar para casa. Alguns dias após, nasceu a
criança, mas morreu menos de duas horas depois do parto (REsp 1.467.888/GO).
3º Elementos ou requisitos da responsabilidade civil
a) Conduta Humana
A conduta humana, primeiro elemento da responsabilidade civil, traduz o
comportamento humano positivo ou negativo, voluntário e consciente, causador de
resultado danoso.
Excepcionalmente, poderá haver responsabilidade civil derivada de um ato lícito (ex:
passagem forçada).
b) nexo de causalidade
O nexo de causalidade traduz o liame ou vínculo jurídico que une o agente ao
resultado danoso.
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Teorias Explicativas do nexo causalidade
1º Teoria da equivalência de condições (“conditio sine qua non”)
Para esta teoria não haveria diferença entre os antecedentes de um resultado danoso:
tudo aquilo que concorresse para o resultado seria considerado causa.
2º Teoria da causalidade adequada
Aqui, causa é apenas o antecedente que, segundo um juízo abstrato de probabilidade,
seja apto ou idôneo à determinar o resultado danoso.
3º Teoria da causalidade direta e imediata
Para esta teoria, mas objetiva que as antecedentes, causa é o antecedente que
determina o resultado danoso, como consequência sua direta e imediata. Alguns
autores como Gustavo Tepedino e Carlos Roberto Gonçalves, defendem ter sido esta
a teoria adotada pelo Código Civil, em seu art. 403. Contudo, esta matéria está longe
de ser pacífica. Grande parte da doutrina, a exemplo de Cavaliere Filho, a despeito da
dicção do art. 403 do CC, entendem que o Código Civil adotou a teoria da
causalidade adequada. Vem prevalecendo, contudo, que o Código adotou a teoria da
causalidade direta e imediata (Resp 686.208/RJ).
c) Dano ou prejuízo
O dano ou prejuízo traduz a lesão a interesse jurídico tutelado, material ou moral.
Contudo, nem todo dano é indenizável, é dizer, nem todo dano gera a
responsabilidade civil.
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Requisitos do dano indenizável
1º Violação de um interesse jurídico;
2º A subsistência do prejuízo;
3º A certeza do dano: não se pode indenizar danos hipotéticos. É por isso que não se
pode indenizar o mero aborrecimento.
4º Teoria da Perda de uma chance
Em regra, para que o dano seja indenizável é preciso que ele seja certo. Contudo.
mitiga esse terceiro requisito a teoria francesa da perda de uma chance (“perte
d’une chance”). Segundo esta teoria, se alguém, praticando um ato ilícito, faz com
que outra pessoa perca uma oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um
prejuízo, esta conduta enseja indenização pelos danos causados. Em outras palavras,
o autor do ato ilícito, com a sua conduta, faz com que a vítima perca a
oportunidade de obter uma situação futura melhor. Com base nesta teoria,
indeniza-se não o dano causado, mas sim a chance perdida. 
Essa teoria vem sendo adotada pelo STJ em sua decisões, contudo, o Tribunal da
Cidadania vem exigindo que o dano seja REAL, ATUAL e CERTO, dentro de um
juízo de probabilidade, e não mera possibilidade, porquanto o dano potencial ou
incerto, no espectro da responsabilidade civil, em regra não é indenizável.
O dano resultante da aplicação da teoria da perda de uma chance pode ser
classificado como dano emergente ou como lucros cessantes?
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Não. Trata-se de uma terceira categoria. Com efeito, a teoria da perda de uma
chance visa à responsabilização do agente causador não de um dano emergente,
tampouco de lucros cessantes, mas de algo intermediário entre um e outro,
precisamente a perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa, que muito
provavelmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado (Resp 1.190.180/RS). 
Hipóteses em que o STJ já aplicou a teoria da perda de uma chance:
1º Ausência de coleta das células-tronco no momento do parto e aplicação da
perda de uma chance:
Tem direito a ser indenizada, com base na teoria da perda de uma chance, a criança
que, em razão da ausência do preposto da empresa contratada por seus pais para
coletar o material no momento do parto, não teve recolhidas as células-troncoembrionárias. (STJ - REsp 1.291.247 – RJ).
2º Tratamento médico equivocado:
Conquanto seja viva a controvérsia, sobretudo no direito francês, acerca da
plicabilidade da teoria da responsabilidade civil pela perda de uma chance nas
situações de erro médico, é forçoso reconhecer sua aplicabilidade. Basta, nesse
sentido, notar que a chance, em si, pode ser considerado um bem autônomo, cuja
violação pode dar lugar à indenização de seu equivalente econômico, a exemplo do
que se defende no direito americano. Prescinde-se, assim, da difícil sustentação da
teoria da causalidade proporcional. (STJ – Resp 1.254.141/PR).
3º Advogado que perde o prazo para impetração de mandado de segurança em
concurso público:
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Responsabilidade civil do advogado, diante de conduta omissiva e culposa, pela
impetração de mandado de segurança fora do prazo e sem instrui-lo com os
documentos necessários, frustrando a possibilidade da cliente, aprovada em concurso
público, de ser nomeada ao cargo pretendido. Aplicação da teoria da "perda de uma
chance (STJ - EDcl no REsp 1321606/MS).
Hipótese de não aplicação da teoria da perda de uma chance: 
1º Habilitação parcial em concurso não justifica indenização por lucros cessantes
em caso de acidente: Ao analisar dois recursos sobre a condenação imposta a um
motorista que atropelou um médico-residente que obteve boa classificação na
primeira fase de concurso público, os ministros da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) rejeitaram a pretensão de que ele fosse obrigado a
indenizar o suposto prejuízo sofrido pelo candidato por ter sido impossibilitado
de comparecer às provas subsequentes do certame em virtude das sequelas do
acidente.
O autor da ação indenizatória pediu reparação por lucros cessantes alegando que o
acidente impediu seu acesso ao cargo que disputava. De acordo com o relator do
recurso, ministro Villas Bôas Cueva, a jurisprudência do STJ admite a
responsabilidade civil e o dever de reparação de possíveis prejuízos com fundamento
na chamada “teoria da perda de uma chance”, desde que fique demonstrado que
havia uma real possibilidade de êxito.
A simples inscrição do autor em concurso público ou o fato de estar, no momento do
acidente, bem posicionado em lista classificatória parcial do certame não indicam
existir situação de real possibilidade de êxito capaz de autorizar a aplicação, no
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caso, da teoria da perda uma chance, não havendo falar, portanto, na existência de
lucros cessantes a serem indenizados (Resp 1.591.178- RJ).
5º Responsabilidade Civil Objetiva e atividade de risco
a) Aspectos Gerais
O desenvolvimento tecnológico típico do século 20, consolidando a visão profética
do sociólogo Durkheim, no sentido do crescente aumento da complexidade das
relações sociais, determinou, paulatinamente, o afastamento da noção de culpa como
premissa única da responsabilidade, em face do reconhecimento do risco como
justificativa para uma responsabilidade tão somente objetiva.
b) Responsabilidade objetiva no novo Código Civil
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
O Código de 2002, diferentemente do 1916, acentuadamente subjetivo, consagrou
duas formas de responsabilidade (subjetiva e objetiva), conforme podemos ver do art.
927. Nesse sentido, a doutrina defende que a atividade que justifica a
responsabilidade objetiva traduz uma ação reiteradamente exercida. Além disso, o
autor do dano deve realizar a atividade de risco visando a obtenção de determinado
proveito, expondo a vítima a uma maior probabilidade de dano do que as outras
pessoas da comunidade.
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Enunciado 38 da I Jornada: responsabilidade fundada no risco da atividade, como
prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil,
configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar
a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade. 
6º Causas excludentes da responsabilidade civil 
a) Estado de necessidade e legitima defesa
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular
de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo
somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para
a remoção do perigo.
Como se sabe, o estado de necessidade (art. 188, II) e a legitima defesa (art. 188, I,
primeira parte), ao excluírem a ilicitude da conduta, afastam também a
responsabilidade civil.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do
inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo,
assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que
sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo
ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do
dano ação regressiva para haver a importância que tiver
ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele
em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).
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Vale lembrar, nos termos do arts. 929 3 930 que, atuando em estado de necessidade
ou legitima defesa, se o agente causar dano a um terceiro inocente, deverá
indenizá-lo, cabendo ação regressiva contra o verdadeiro culpado.
b) Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito
Também quem atuar no estrito cumprimento do dever legal, desde que não haja
excesso, está isento de responsabilidade civil. A doutrina entende que a noção do do
estrito cumprimento do dever legal está contida na ideia do exercício regular de um
direito, razão pela qual o Código teria regulado expressamente apenas o exercício
regular de direito, sendo omisso com relação ao estrito cumprimento do dever legal.
O exercício regular de um direito, a teor do art. 188, I, segunda parte, também exclui
a responsabilidade civil. O STJ já pacificou o entendimento de que a apresentação de
notícia crime, em regra, traduz o exercício regular de um direito (EDC no Resp
914.336/MS). Nessa mesma linha, o STJ já decidiu que o mero ajuizamento de ação
judicial não gera dano moral, uma vez que o autor atua no exercício regular de um
direito (Agrg no AG 1.030.872/RJ).
c) Caso Fortuito e Força Maior
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos
resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era
possível evitar ou impedir.
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Em doutrina, existe grande polêmica a respeito da diferença entre caso fortuito e
força maior. De nossa parte, entendemos que a força maior é o acontecimento
inevitável, ainda que previsível (Ex: furacão); ao passo que o caso fortuito é o
acontecimento marcado pela imprevisibilidade. O próprio Código Civil (Art. 393,
parágrafo único) adotou posição de neutralidade, ao se referir ao caso fortuito e força
maior como um“fato necessário”.
Especialmente no âmbito do Direito do Consumidor, a doutrina costuma diferenciar o
caso fortuito interno do externo.
O fortuito interno é aquele que integra o próprio processo de elaboração do produto
ou execução do serviço, não excluindo a responsabilidade (Ex: assalto a banco).
O fortuito externo, ao seu turno, por ser alheio a própria atividade do réu, poderá
isentá-lo de responsabilidade (Ex: assalto a ônibus – STJ – Agrg no Resp
620.259/MG).
d) Culpa Exclusiva da vítima
A culpa exclusiva da vítima, não só no direito civil, como também no próprio direito
administrativo e do consumidor, desde que devidamente comprovada, poderá excluir
a responsabilidade civil por quebra do nexo de causalidade.
Não se confunde a culpa exclusiva (causa de exclusão da responsabilidade) com a
culpa concorrente da vítima (que apenas reduz a indenização devida – art. 945,
CC). Vale ressaltar que a redução indenizatória é feita pelo juiz, não havendo um
tabelamento prévio na lei.
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Sentença penal condenatória e sentença cível que reconhece a ocorrência de
culpa recíproca: Diante de sentença penal condenatória que tenha reconhecido a
prática de homicídio culposo, o juízo cível, ao apurar responsabilidade civil
decorrente do delito, não pode, com fundamento na concorrência de culpas, afastar a
obrigação de reparar, embora possa se valer da existência de culpa concorrente da
vítima para fixar o valor da indenização (REsp 1.354.346-PR).
e) Fato de Terceiro
O fato de terceiro traduz o comportamento causal do verdadeiro agente físico e
jurídico do dano, que deverá assumir a responsabilidade civil.
O STF já assentou entendimento no sentido de que, por acidente com passageiro, a
responsabilidade não pode ser afastada por fato de terceiro.
STF – Súmula 187: A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente
com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação
regressiva. 
O que é a teoria do corpo neutro?
Trata-se de uma aplicação do fato de terceiro na hipótese em que o agente físico do
dano, atingido, é involuntariamente lançado contra a vítima (é o clássico exemplo do
engavetamento) No caso do engavetamento, a vítima final deverá demandar
diretamente aquele que causou a cadeia dos acontecimentos danosos, posto que o
veículo atingido e lançado a frente é isento de responsabilidade, já que atua como
simples projétil ou corpo neutro (STJ – Resp 54.444/SP).
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7º Responsabilidade Civil Indireta
A denominada teoria da guarda, de origem francesa, sustenta que a responsabilidade
pelo fato da coisa e do animal é da pessoa que detém o poder de comando sobre ela:
em geral, o proprietário é o guardião presuntivo.
a) Fato do animal
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano
por este causado, se não provar culpa da vítima ou força
maior. 
O artigo 1527 do antigo Código de 16 tratava da matéria com base na
responsabilidade subjetiva. Já o Código de 2002, em seu artigo 936, por conta do
potencial de risco que o animal pode representar, evoluiu ao consagrar a
responsabilidade objetiva.
O STJ admite a responsabilidade subjetiva do Estado por omissão na fiscalização e
sinalização de rodovias (Resp 438.831/RS). Contudo, se a rodovia for privatizada,
a responsabilidade é objetiva da concessionária, com base no CDC (Resp
647.710/RJ).
b) Fato da coisa
1º Responsabilidade pela ruína
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos
danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta
de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
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Ruína, tecnicamente, ocorre quando todo o prédio vem abaixo. Contudo, a doutrina
classifica a ruína em total (quando toda a construção vem abaixo) e parcial (quando
só uma parte da construção vem abaixo). Neste sentido, a responsabilidade pela ruína
é objetiva. É possível reconhecer, com base no art. 946, uma possível solidariedade
entre o dono e o construtor.
2º Responsabilidade por coisas caídas ou arremessadas
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde
pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem
lançadas em lugar indevido.
Em regra, a vítima deverá demandar a unidade residencial onde proveio a coisa, por
meio da chamada “actio de effusis et dejectis” (ação que a vítima propõe contra a
unidade residencial de onde caiu ou foi lançado o objeto). Salienta-se que o réu desta
ação será aquele que habitar o imóvel (proprietário ou locatário).
Caso a vítima não saiba de qual residência partiu o objeto, aplica-se a chamada teoria
da causalidade alternativa. Segundo essa teoria, quando não se puder identificar
concretamente o responsável pelo dano, imputa-se alternativamente a
responsabilidade. Assim, ação deverá ser proposta contra o condomínio, uma vez que,
em tese, todos os condôminos poderiam ser responsáveis pela queda. A
jurisprudência, contudo, sustenta que se houver moradores em blocos ou fachadas de
onde seria impossível a queda ou arremesso, eles deverão ser excluídos da
responsabilidade.
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8º Responsabilidade Civil por ato de terceiro
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia;
A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária,
condicional, mitigada e equitativa:
Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos,
terão responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do
art. 928 do CC. 
a) Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios
para ressarcir a vítima.
b) Condicional e mitigada: porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do
patrimônio mínimo do infante.
c) Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação
do mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz. A responsabilidade dos
pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária.
A vítima de um ato ilícito praticado por menor pode propor a ação somente
contra o pai do garoto, não sendo necessário incluir o adolescente no polo
passivo: Em ação indenizatória decorrente de ato ilícito, não há litisconsórcio
necessário entre o genitor responsável pela reparação (art. 932, I, do CC) e o menor
causador do dano. 
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É possível, no entanto, que o autor, por sua opção e liberalidade, tendo em conta que
os direitos ou obrigações derivem do mesmo fundamento de fato ou de direito,
intente ação contra ambos – pai e filho –, formando-se um litisconsórcio facultativo e
simples.
Ex: Lucas, 15 anos de idade, brincava com a arma de fogo de seu pai e, por
imprudência, acabou acertando um tiro em Vítor, que ficou ferido, mas sobreviveu.
Vítor ajuizou ação de indenização por da nos morais e materiais contra João (pai de
Lucas). Não era necessário que Vítor propusesse a ação contra João e Lucas, em
litisconsórcio. Vale a pena esclarecer, no entanto, que seria plenamente possível que o
autor (vítima) tivesse, por sua opção e liberalidade, ajuizado a ação contra ambos (pai
e filho). Neste caso, teríamos uma hipótese de litisconsórcio: facultativo e simples.
Não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente
pelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da
conduta: O art. 932 do CC prevê que os pais são responsáveis pela reparaçãocivil
em relação aos atos praticados por seus filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia.
O art. 932, I do CC, o se referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos
filhos, quis explicitar o poder familiar (a autoridade parental não se esgota na
guarda), compreendendo um plexo de deveres, como proteção, cuidado, educação,
informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e
diária, sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores
venham a causar danos.
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Em outras palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor
simplesmente pelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no
momento da conduta (REsp 1.436.401/MG).
Hipótese de inexistência de responsabilidade civil da mãe de menor de idade
causador de acidente: A responsabilidade dos pais por filho menor
(responsabilidade por ato ou fato de terceiro) é objetiva, nos termos do art. 932, I, do
CC, devendo-se comprovar apenas a culpa na prática do ato ilícito daquele pelo qual
são os pais responsáveis legalmente (ou seja, é necessário provar apenas a culpa do
filho). Contudo, há uma exceção: os pais só respondem pelo filho incapaz que esteja
sob sua autoridade e em sua companhia; assim, os pais, ou responsável, que não
exercem autoridade de fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder
familiar, não respondem por ele. Desse modo, a mãe que, à época de acidente
provocado por seu filho menor de idade, residia permanentemente em local distinto
daquele no qual morava o menor - sobre quem apenas o pai exercia autoridade de fato
- não pode ser responsabilizada pela reparação civil advinda do ato ilícito, mesmo
considerando que ela não deixou de deter o poder familiar sobre o filho (REsp
1.232.011-SC).
OBS: Perceba que o que foi decidido no Resp 1.202.843 parece conflitar com o
decidido no REsp 1.436.401/MG. Na humildade opinião desse autor, é preciso
distinguir as duas situações: o simples fato de o genitor não está fisicamente ao lado
do menor não exclui sua responsabilidade (REsp 1.436.401/MG).. Contudo, se ficar
constatado que o genitor, de forma permanente, por morar em outra localidade, não
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teria como evitar o dano, é possível afastar sua responsabilidade (REsp 1.232.011-
SC). Entendo que foi isso que o STJ quis dizer.
Responsabilidade civil dos genitores pelos danos causados por filho
esquizofrênico: Os pais de portador de esquizofrenia paranoide que seja solteiro,
maior de idade e more sozinho, têm responsabilidade civil pelos danos causados
durante os recorrentes surtos agressivos de seu filho, no caso em que eles, plenamente
cientes dessa situação, tenham sido omissos na adoção de quaisquer medidas com o
propósito de evitar a repetição desses fatos, deixando de tomar qualquer atitude para
interditá-lo ou mantê-lo sob sua guarda e companhia (REsp 1.101.324-RJ).
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se
acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e
educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos
produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos. 
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Diferentemente do Código de 16, que consagrava presunções de culpa, novo Código
Civil, no que tange a responsabilidade por ato de terceiro (art. 932), consagrou a
responsabilidade objetiva do representante pelo representado.
O fato de a relação interna entre representante e representado haver sido objetivada
(Art. 933), não significa que nunca se possa discutir culpa na relação entre o
representado e a vítima. Por isso, exemplificativamente, embora o empregador não
possa alegar a ausência de culpa na escolha do empregado, poderá, perfeitamente, em
caso de acidente de trânsito, afirmar que o seu empregado não teve culpa no acidente.
Em relação a ação de regresso, com base no art. 934, a ação de regresso em regra é
possível, ressalvada a hipótese de o representado ser descendente, absoluta ou
relativamente incapaz, do representante que efetuou o pagamento a vítima.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de
fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que
deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário
o incapaz ou as pessoas que dele dependem
9º Dano Moral
a) Conceito
Dano moral é a lesão a direito da personalidade.
b) Quantificação do dano
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Doutrinariamente, a respeito da quantificação do dano moral, existem dois sistemas
básicos:
1º Sistema livre, aberto ou por arbitramento
Segundo esse sistema, caberá ao juiz, na sentença, por arbitramento, fixar o valor
indenizatório devido. Nessa linha de pensamento, seria inconstitucional o
arbitramento legal. Vale lembrar que, a teor da Súmula 362 do STJ, que a correção
monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do
arbitramento.
2º Sistema do tarifamento legal
Esse segundo sistema pretende o tabelamento da indenização devida por dano moral
na própria lei. Vale lembrar que o próprio STJ já teve a oportunidade de reconhecer a
inconstitucionalidade do tarifamento legal existente na antiga lei de imprensa
(Súmula 281).
c) Dano Bumerangue
Segundo Salomão Rosedá, em sua obra “A função social do dano moral”, este tipo de
dano traduz uma situação em que o próprio infrator, como consequência de seu
comportamento anterior danoso, sofre um prejuízo causado pela própria vítima,
resultando em uma compensação de danos.
Atualmente, a doutrina brasileira, além da natureza compensatória da vítima, tem
defendido também a função pedagógica ou de desestímulo em face do próprio réu.
Esta segunda função punitiva, com reflexos em alguns julgados do STJ (Resp
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860.705 e 910.764), teoricamente é traduzida no que se convencionou chamar de
teoria do desestímulo, oriunda do instituto do “Punitive Damages” do direito norte
americano.
Enunciado nº 379 da IV Jornada: O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a
possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade
civil
d) Dano Moral e prescrição
A pretensão reparatória de responsabilidade civil prescreve em 03 anos ou 05 anos,
conforme se trata de relação civil ou consumerista, respectivamente.
e) Dano Moral e imposto de renda
O STJ, reconhecendo o caráter reparatório do dano moral, entende que não haverá a
incidência de imposto de renda sobre a indenização.
STJ – Súmula 498: Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos
morais. 
10º Questões especiais envolvendo o dano
a) O que se entende por dano reflexo ou em ricochete?
Dano reflexo é aquele que atinge a vítima indireta ligada a vítima direta da atua
ilícita. Não se confunde esse dano reflexo, em que uma vítima primária e secundária,
com o que alguns autores chamam de danos indiretos, caso que em a mesma vítima
sofre uma cadeia de prejuízos.
https://www.instagram.com/direitodiretoblog/b) o que se entende por dano “in re ipsa”?
Esta expressão remete-nos a ideia do dano que, pela sua gravidade ou reiteração,
dispensa prova em juízo, é dizer, o dano é presumido.
1º Ofensa à dignidade da pessoa humana: dano moral “in re ipsa”: Sempre que
ocorrer ofensa injusta à dignidade da pessoa humana restará configurado o dano
moral, não sendo necessária a comprovação de dor e sofrimento. Trata-se de dano
moral in re ipsa (dano moral presumido) (REsp 1.292.141-SP).
c) O que se entende por danos sociais?
1º Conceito
Danos sociais, segundo Antônio Junqueira de Azevedo, “são lesões à sociedade, no
seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral – principalmente a
respeito da segurança – quanto por diminuição na qualidade de vida. Os danos sociais
são causa, pois, de indenização punitiva por dolo ou culpa grave, especialmente,
repetimos, se atos que reduzem as condições coletivas de segurança, e de indenização
dissuasória, se atos em geral da pessoa jurídica, que trazem uma diminuição do índice
de qualidade de vida da população”. O dano social é, portanto, uma nova espécie
de dano reparável, que não se confunde com os danos materiais, morais e
estéticos, e que decorre de comportamentos socialmente reprováveis, que
diminuem o nível social de tranquilidade. De igual forma, dano social não é
sinônimo de dano moral coletivo. 
2º Exemplos de danos sociais
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Alguns exemplos dados por Junqueira de Azevedo: o pedestre que joga papel no
chão, o passageiro que atende ao celular no avião, o pai que solta balão com seu filho.
Tais condutas socialmente reprováveis podem gerar danos como o entupimento de
bueiros em dias de chuva, problemas de comunicação do avião causando um acidente
aéreo, o incêndio de casas ou de florestas por conta da queda do balão etc.
3º Indenização por danos sociais tem caráter punitivo
Diante da prática dessas condutas socialmente reprováveis, o juiz deverá condenar o
agente a pagar uma indenização de caráter punitivo, dissuasório ou didático, a título
de dano social. 
4º O valor da indenização é destinado à coletividade (e não à “vítima” imediata)
Conforme explica Flávio Tartuce, os danos sociais são difusos e a sua indenização
deve ser destinada não para a vítima, mas sim para um fundo de proteção ao
consumidor, ao meio ambiente etc., ou mesmo para uma instituição de caridade, a
critério do juiz. 
5º Em uma ação individual por danos morais, o juiz ou Tribunal pode, de ofício,
condenar o autor do ilícito a indenizar a coletividade por danos sociais? 
Não. É indispensável o pedido expresso (STJ – Rcl 12.062-GO).
6º E se o autor tivesse pedido a condenação por danos sociais, seria possível seu
deferimento?
NÃO. Mesmo que houvesse pedido de condenação em danos sociais na demanda em
exame, o pleito não poderia ter sido julgado procedente, pois esbarraria na ausência
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de legitimidade para postulá-lo. Isso porque, na visão do STJ, a condenação por
danos sociais somente pode ocorrer em demandas coletiva e, portanto, apenas os
legitimados para a propositura de ações coletivas poderiam pleitear danos sociais.
Em suma, não é possível discutir danos sociais em ação individual. (STJ – Rcl
12.062-GO).
d) Questões especiais envolvendo veículo
1º Em caso de acidente que envolva veículo alienado, cuja transferência não houver
sido feita ainda no DETRAN, a responsabilidade civil, por conta da tradição operada,
é do novo proprietário e não do antigo.
STJ – Súmula 132: a ausência de registro de transferência não implica a
responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva
veículo alienado.
2º No caso de infração administrativa tem se entendido no STJ haver solidariedade
entre o alienante e o novo proprietário, no caso de ausência de registro no DETRAN
(Agrg no Resp 1.024.632/RS).
3º STF – Súmula 492: A empresa locadora de veículos responde, civil e
solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do
carro locado. 
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4º STJ – Súmula 145: No transporte desinteressado, de simples cortesia, o
transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado
quando incorrer em dolo ou culpa grave. 
e) Critério utilizado para o estabelecimento de pensão aos pais do filho morto
como indenização por danos materiais.
Com relação aos danos morais, o STJ vem fixando, em caso de morte, uma
indenização entre 300 a 500 salários-mínimos Vale ressaltar, contudo, que este valor
não é absoluto, podendo ser estipulado fora desses parâmetros, de acordo com as
peculiaridades do caso concreto. Isso porque a indenização por dano moral não está
sujeita a tarifação, é dizer, valores fixos, devendo obedecer ao princípio da reparação
integral
Por seu turno, com relação aos danos materiais, o STJ tem condenado o autor do
ilícito a pagar um valor a título de danos emergentes e uma pensão aos pais do
falecido como lucros cessantes. Esta indenização encontra fundamento no art. 948 do
CC:
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem
excluir outras reparações (dano moral): 
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima,
seu funeral e o luto da família (danos emergentes);
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os
devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima (lucros cessantes).
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Segundo o STJ, em se tratando de família de baixa renda, presume-se que o filho
contribuiria para o sustento de seus pais, quando tivesse idade para passar a exercer
trabalho remunerado, dano este passível de reparação, na forma do inciso II do art.
948.
Para calcular o valor desta pensão e o seu turno final, o STJ utiliza os seguintes
critérios:
a) No período em que o falecido teria entre 14 anos e 25 anos: os pais devem receber
pensão em valor equivalente a 2/3 do salário-mínimo;
b) No período em que o filho falecido teria acima de 25 anos até 65 anos: os pais
devem receber pensão em valor equivalente a 1/3 do salário-mínimo.
A jurisprudência utiliza esses parâmetros de idade e valor pelos seguintes motivos:
a) 14anos é a idade em que a pessoa pode começar a trabalhar como aprendiz,
segundo a CF/88 (Art. 7º, XXXIII). Antes disso ela não poderia ter nenhuma
atividade laborativa remunerada.
b) 25 anos é a idade em que a jurisprudência arbitrou na qual normalmente as pessoas
se casam e, com isso, constituem novo núcleo familiar e, em razão disso, passam a
ajudar menos financeiramente os pais;
c) 65 anos é a expectativa de vida considerada pela jurisprudência.
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Vale ressaltar que o autor do delito deverá pagar aos pais do falecido, no final de
todos os anos, uma parcela extra desta pensão, como se fosse um 13º salário que teria
direito o filho caso estivesse vivo e trabalhando (Resp 555.036/MT). Contudo, para
inclusão do 13º salário no valor da pensão indenizatória é necessário a comprovação
de que a vítima exercia atividade laboral na época em que sofreu o dano morte (Resp
1.279.173/SP).
O STJ entende ainda que é devida a indenização de dano material consistente em
pagamento mensal aos genitores de menor falecido, ainda que este não exerça
atividade remunerada, considerando que se presume a ajuda mútua entre os
integrantes de família de baixa renda (Agrg no resp 1.228.184/RS)
Nesse mesmo sentido o STF:
STF - Súmula 491: é indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda
que não exerça trabalho remunerado.
f) Possibilidadede absolutamente incapaz sofrer dano moral: Determinado
indivíduo é portador de doença mental grave (demência total e irreversível). Certo
dia, a filha desse indivíduo notou que houve saques indevidos (fraudulentos) que
foram feitos de sua conta bancária por um terceiro. Foi proposta ação de indenização
por danos morais contra o banco. O absolutamente incapaz, mesmo sem entender
seus atos e os de terceiros, pode sofrer dano moral? SIM. O absolutamente incapaz,
ainda quando impassível de detrimento anímico, pode sofrer dano moral. O dano
moral caracteriza- se por uma ofensa a direitos ou interesses juridicamente protegidos
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(direitos da personalidade). A dor, o vexame, o sofrimento e a humilhação podem ser
consequências do dano moral, mas não a sua causa. Dano moral: é a ofensa a
determinados direitos ou interesses. Basta isso para caracterizá-lo. Dor, sofrimento,
humilhação: são as consequências do dano moral (não precisam necessariamente
ocorrer para que haja a reparação) (REsp 1.245.550/MG).
Bibliografia consultada para elaboração da apostila e indicada para
aprofundamento do tema:
- Manual de Direito Civil – Flávio Tartuce.
- Direito Civil Brasileiro Vol. 4 – Carlos Roberto Gonçalves.
– Dizer o Direito (http://www.dizerodireito.com.br).
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