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Responsabilidade Civil no Direito das Obrigações

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Aula 10
Direito Civil p/ Banco do Brasil
(Escriturário) - 2021 - Pré-Edital
Autor:
Paulo H M Sousa
Aula 10
29 de Março de 2021
00774823100 - Juliana Souza Ferreira
 
 
 
 
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Sumário 
Livro I – Direito das Obrigações ........................................................................................................................ 2 
1 – Considerações iniciais............................................................................................................................... 2 
Título IX – Responsabilidade Civil .................................................................................................................. 3 
Capítulo I – Obrigação de indenizar........................................................................................................... 6 
Capítulo II – Indenização .......................................................................................................................... 31 
1. Legítima defesa (art. 188, inc. I) ........................................................................................................... 34 
2. Estado de necessidade (art. 188, inc. II) ............................................................................................... 35 
3. Exercício regular de direito (art. 188, inc. I) ......................................................................................... 36 
4. Estrito cumprimento do dever legal .................................................................................................... 36 
5. Caso fortuito ou força maior (art. 393)................................................................................................. 37 
6. Culpa exclusiva da vítima (art. 945) ..................................................................................................... 37 
7. Fato exclusivo de terceiro .................................................................................................................... 37 
8. Cláusula de não indenizar .................................................................................................................... 39 
9. Absolvição criminal .............................................................................................................................. 39 
2 – Considerações finais ............................................................................................................................... 42 
Questões Comentadas .................................................................................................................................... 44 
Lista de Questões .......................................................................................................................................... 110 
Gabarito ......................................................................................................................................................... 134 
 
 
Paulo H M Sousa
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LIVRO I – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
1 – Considerações iniciais 
Inicialmente, lembro que sempre estou disponível, para você, aluno Estratégia, no Fórum de Dúvidas do 
Portal do Aluno e, alternativamente, também, nas minhas redes sociais: 
 
prof.phms@estrategiaconcursos.com.br 
 
prof.phms 
 
prof.phms 
 
prof.phms 
 
Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno 
Na aula de hoje, você verá o tema Responsabilidade Civil. É um tema que eu, particularmente, gosto 
bastante. O Código Civil traça apenas as regras gerais e a jurisprudência é que vai detalhar esses assuntos. 
Saber o que as Cortes andam julgando, portanto, é importante. 
No mais, segue a aula pra gente bater um papo! =) 
Ah, e o que, do seu Edital, você vai ver aqui? 
Responsabilidade civil 
Boa aula! 
 
Paulo H M Sousa
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Título IX – Responsabilidade Civil 
A responsabilidade não depende de culpa, mas de imputação. Ou seja, determinada ilicitude deve gerar 
uma imputação a alguém. Ou seja, muito mais que a discussão a respeito da culpa, atenta-se para a função, 
ou as funções, que a responsabilidade civil apresenta. Por isso, passo às funções que a responsabilidade civil 
tem, atualmente. Quais são elas? 
 
É, em linhas gerais, a previsão do art. 927, ao estabelecer que aquele que causa dano a outrem fica obrigado 
a repará-lo. Desse dispositivo, a doutrina retira dois princípios, que são habitualmente muito utilizados 
pela jurisprudência: 
 
 
Em outras palavras, nós reconhecemos que o dano extrapatrimonial, imaterial, ou dano moral, é devido, 
mas não há exatamente um consenso sobre quando e quanto ele é devido. Apesar de ter sido reconhecida 
claramente no art. 186, a função compensatória é casuisticamente observada. Em outras palavras, é a 
jurisprudência quem vai visualizar se é, ou não, cabível dano de natureza compensatória. 
•Significa recolocar, recompor, reconstruir o status quo ante deteriorado pelo ato ilícito cometido
•Aqui não há componente sancionatório na responsabilização patrimonial, mas apenas conteúdo
ressarcitório
A. Ressarcitória/Indenizatória/Reparatória
1. Restitutio in 
integrum
(restituição 
integral)
O dano deve ser integralmente ressarcido, o que significa dizer que ele não pode
ser nem ressarcido a menor nem a maior
Isso gera, assim, uma limitação ao ofensor e à vítima, pois aquele terá um piso a
indenizar e esta terá um teto a receber
2. Compensatio 
lucri cum damno
(compensação dos 
danos pelos lucros)
Efeito inverso do ato ilícito, quando ele, que num primeiro momento gerou dano,
acabou por posteriormente trazer benefícios à vítima
Nesse caso, os benefícios gerados pelo evento danoso devem ser descontados do
valor a indenizar
• No plano extrapatrimonial, é impossível recolocar o sujeito na situação anterior, ou seja,
o dano não comporta um dimensionamento econômico
• Por isso, equipara-se o dano a uma quantidade econômica, para fins de indenização
B. Compensatória
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Por conta do princípio da restituição integral, que rege amplamente a responsabilidade civil brasileira, há 
dificuldade de se aceitar a função compensatória (e a punitiva, vista logo mais). As exceções estão previstas 
nos arts. 944, parágrafo único, e 945. 
No primeiro caso, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, 
poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Ou seja, a restituição, para a vítima, não 
será integral. No segundo caso, quando a vítima concorre para o dano, num concurso de culpas, 
há mitigação da indenização, que será fixada se tendo em conta a gravidade de sua culpa em 
confronto com a do autor do dano. Novamente, a restituição não será integral. 
Por isso, o grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional (dolo), deve ser levado em conta 
pelo juiz para a quantificação do dano moral. É a previsão do Enunciado 458 da V Jornada de Direito Civil. Ao 
contrário, o patrimônio do ofendido não pode funcionar como parâmetro preponderante para o 
arbitramento de compensação por dano extrapatrimonial, aduz o Enunciado 588 da VII Jornada de Direito 
Civil. 
Tradicionalmente, são essas as duas funções que a doutrina aponta para a responsabilidade civil. Por isso, 
não se consideram as demais funções como funções genuínas, mas apenas funções incidentais, acidentais 
ou acessórias. 
 
Aqui, destaca-se a Teoria dos Punitive Damages, amplamente utilizada pelo direito consuetudinário, mas 
que enfrenta forte resistência no Brasil, ainda com uma cultura muito arraigada na ideia deque o quantum 
deve sempre corresponder à perda sofrida pela vítima (restitutio in integrum). 
Em regra, aponta-se o art. 944, caput, como impedimento à função punitiva, dado que o dispositivo se baseia 
no dano, e não na ofensa (“A indenização mede-se pela extensão do dano”). Não obstante, o Enunciado 379 
da IV Jornada de Direito Civil estabelece que o art. 944, caput, não afasta a possibilidade de se reconhecer a 
função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil. 
Boa parte da jurisprudência já se utiliza da função punitiva ao estabelecer o valor dos danos morais, de 
forma a evitar que o ofensor continue a praticar condutas lesivas. 
Em se tratando de dano moral, há três correntes a tentar explicar sua natureza jurídica, sendo a terceira a 
mais utilizada pela jurisprudência. A primeira assenta que a indenização tem apenas intuito reparatório. A 
segunda, que ela tem caráter punitivo. A terceira, que a indenização por dano moral à pessoa jurídica tem 
caráter reparatório principal e caráter punitivo secundário ou acessório. 
• Função peculiar, caminhando conjuntamente com a função compensatória do dano
• A quantificação do dano traz em si uma carga de punição ao ofensor (sem ligação
alguma com a responsabilidade criminal)
C. Sancionatória/Punitiva
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Resumidamente, pretende-se imputar ao ofensor responsabilização que extrapole o plano individual, ou 
seja, indeniza-se não apenas porque a vítima sofreu um prejuízo, mas porque é necessário fazer o causador 
do dano tomar maior cautela em seus atos. 
Distingue-se a função sancionatória/punitiva da preventiva pelo âmbito/plano de aplicação. A função 
sancionatória volta-se à individualidade do caso; precisamente porque o ofensor causou dano, deve ser 
punido por aquele ato já praticado. A função preventiva, por sua vez, não se volta ao caso passado, mas à 
eventualidade de casos futuros; precisamente porque o ofensor causou dano, devo admoestá-lo de forma 
que não mais daneie, em outras situações. 
 
São situações nas quais todos os danos acidentais são indenizados, independentemente da origem. Lembrou 
de alguma coisa? Temos alguns exemplos disso: o INSS e o DPVAT. 
 
Funções da Responsabilidade Civil 
• Mais presente na esfera cível, já que na sociedade capitalista de consumo atual,
provavelmente, a sanção mais eficaz é a econômica
• A prevenção é tanto geral quanto especial
D. Preventiva
• Funciona como uma distribuição do risco por toda a sociedade
• Assim, evita-se, de um lado, que a vítima não seja indenizada, por variadas razões, e se
faz com que todos paguem por um risco socialmente distribuído, desonerando o devedor
E. Socialização do risco/dano
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Capítulo I – Obrigação de indenizar 
I – Pressupostos do dever de indenizar 
Os pressupostos do dever de indenizar são os elementos que compõem o dever de indenizar. 
Curiosamente, aquilo que é mais elementar em se tratando de responsabilidade civil – quais 
sejam seus pressupostos – não encontra unanimidade na doutrina. Longe disso. Há quem 
considere haver três elementos, há quem considere haver quatro. 
Como superar isso? A meu ver, ou sendo radicalmente sincero – ao dizer que os pressupostos são fluidos e 
podem ser afastados no caso concreto, tendo por base um determinado objetivo, como a proteção da vítima, 
efetivamente –, ou apelando para os pressupostos tradicionais. Farei a segunda coisa, já que a primeira não 
cai nas graças nem dos examinadores e bancas, nem da jurisprudência generalizada e do STJ. 
O art. 186 do CC/2002 trata do ato ilícito. Esse artigo conjuga os pressupostos de verificação do ato ilícito. 
Verificado o ato ilícito, o art. 927 manda o ofensor indenizar, desde que existente dano e nexo de 
causalidade. Eis a literalidade desse dispositivo para que eu possa escrutiná-lo: 
Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Na perspectiva mais tradicional possível traçada pelo art. 927, o dever de indenizar se subsume a uma causa 
que se liga a uma consequência. Os componentes do dever de indenizar são, assim, três, na estrita 
interpretação do art. 927 do CC/2002: 
1. ato ilícito; 
2. dano; 
3. nexo de causalidade. 
A premissa de que a culpa é pressuposto do dever de indenizar foi esbodegada com o art. 187 do CC/2002, 
dispositivo que não encontra similitude no CC/1916. O art. 927 do CC/2002 é claro ao se remeter tanto ao 
ato ilícito do art. 186 (seja ele ato ilícito em sentido amplo, seja ele somente ato ilícito) quanto ao abuso de 
direito do art. 187 (seja ele ato ilícito em sentido estrito, seja ele figura autônoma). 
Ressarcitória/indenizatória/reparatória
Compensatória
Sancionatória/Punitiva
Preventiva
Socialização de riscos/danos
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Assim, não é que a culpa pode ser afastada aqui ou acolá. A culpa não é mais pressuposto do dever de 
indenizar. O que deve haver é a imputação de um fato – ou ato ilícito, nas atécnicas palavras do art. 927, 
caput – a alguém, em vista da causação de dano a outrem. 
A responsabilidade, assim, não depende de culpa, mas de imputação. Ou seja, 
determinada ilicitude deve gerar uma imputação a alguém. E só. Ponto. Atualmente, 
inclusive, fala-se até em responsabilidade por ato lícito, mesmo não havendo abuso de 
direito, como mostrarei a você mais adiante. 
O que é ato ilícito? O que é dano? O que é nexo de causalidade? Vou analisar cada um 
desse pressupostos detalhadamente, fazendo as devidas considerações. Friso, mais uma vez, que tratarei 
nuclearmente dessas perspectivas mais tradicionais, porque se formos criticar com um mínimo de 
profundidade esses elementos, toda a teoria geral da responsabilidade civil estaria escangalhada. 
A) Ato ilícito 
O ato ilícito, por aplicação do art. 186, deverá ser, em regra, culposo lato sensu, ao menos. O direito civil 
brasileiro adota o princípio da culpa, excepcionando o princípio do risco/dano. Entende-se que não há 
responsabilidade sem culpa em sentido amplo (lato sensu). 
Verifica-se a existência da culpa em sentido amplo quando se exige comportamento diverso do agente e há 
censura ao comportamento tomado, contrário ao ordenamento. A culpa é analisada pela censurabilidade da 
conduta, ou seja, não num juízo a priori do magistrado, mas uma análise comparada da censura (probidade, 
ética, moral). 
Primeiro, a culpa em sentido amplo se subdivide em culpa em sentido estrito (stricto sensu) e dolo. Em 
regra, não se faz a distinção entre a culpa stricto sensu e o dolo porque desnecessária; como diz o brocardo, 
culpa lata dolo aequiparatur, ou seja, a culpa se equipara ao dolo, para fins de responsabilidade civil. Não 
obstante, por vezes o Direito Civil distingue a culpa do dolo para imputar responsabilidade ao agente 
apenas no caso de dolo. 
De qualquer forma, as distinções feitas pelo Direito Penal a respeito da matéria são irrelevantes, à exceção 
da culpa vs. dolo, quando cabível (art. 18, inc. II do CP/1940). Dolo eventual (e mesmo o preterdolo) e culpa 
consciente são categorias inaplicáveis ao Direito Civil, felizmente. Ou o dolo é não eventual ou é culpa. A 
culpa stricto sensu baseia-se em três fatores (art. 18, inc. II do CP/1940): 
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No caso de negligência, ou seja, de omissão do agente, necessário tambémprovar 
que seu ato seria apto a evitar o dano. Caso, com a ação, o dano se verificasse do 
mesmo modo, não há que se falar em omissão, em negligência. 
Quanto à imperícia, a rigor ela não é tecnicamente um fator; ou o agente age de 
maneira negligente ou age de maneira imprudente. A imperícia é, em realidade, 
imperícia por negligência ou imperícia por imprudência. De maneira mais apurada tecnicamente, portanto, 
a culpa se baseia em apenas dois fatores: imprudência ou negligência. 
Ultrapassados os fatores da culpa, passa-se à sua classificação. Primeiramente, em relação à atuação do 
agente, pode-se classificar a culpa em: 
 
Em relação à forma de atuação do agente, a classificação da culpa é feita com base em: 
• Conduta omissiva, passiva. Esperava-se que o agente tomasse determinada medida
(omissão genérica), mas ele não toma, se omite, permanece passivo. Exige-se prova da
ausência de prática (omissão específica).
• Exemplo é o motorista que não conserta os freios do carro, após uma revisão, e,
posteriormente, bate o carro por falta deles; o dono não coloca focinheira no cachorro,
que morde um pedestre no parque.
A. Negligência
• Conduta comissiva, ativa. Esperava-se que o agente não tomasse determinada medida,
mas ele se arrisca e a toma, age. Ele tem uma conduta contrária à exigida pelo
ordenamento.
• Exemplo é o motorista que dirige alcoolizado e causa acidente; o dono do imóvel que
deixa coisas no parapeito da janela do prédio e elas caem sobre um passante.
B. Imprudência
• A imperícia, ou falta de perícia, é ligada às atividades técnicas, ou seja, o sujeito age
sem a qualificação ou treinamento necessários ao ato.
• Exemplo é o enfermeiro inexperiente que ministra medicamentos errados; o médico,
sem especialização, que realiza procedimento cirúrgico contra as normas médicas.
C. Imperícia
• Culpa pela prática ativa de um ato
• Por exemplo, o acidente automobilístico provocado por motorista que fura preferencial
A. Culpa in committendo
• Culpa pela falta de iniciativa, desde que exigida a ação
• Por exemplo, a responsabilidade do dono do cachorro que ataca um pedestre porque 
estava sem a coleira
B. Culpa in omittendo
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Ademais, a culpa também admite gradação. Quanto aos graus, a culpa pode ser classificada em: 
 
Mas, por que a gradação da culpa é relevante, se basta a simples culpa para a identificação do 
dever de indenizar? Em verdade, já dei a resposta a isso, ainda que não diretamente, mais 
acima. Apesar de não ser possível estabelecer a indenização a partir do grau de culpa, o art. 
944, parágrafo único, permite ao juiz reduzir o montante indenizatório se mínima a culpa. 
A redução equitativa da indenização tem caráter excepcional. Por isso, somente se realiza 
quando a amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à conduta do agente, prevê o 
Enunciado 457 da V Jornada de Direito Civil. 
Atente, porém, pois o inverso não pode ocorrer. O juiz não pode aumentar o valor da indenização, no caso 
de um dano pequeno, mesmo que a culpa seja grave. Aqui, entra novamente a discussão das funções da 
• A falta de acerto na escolha de preposto, representante, empregado ou a falta de
controle sobre os bens usados em uma atividade
• Por exemplo, o empregador é responsabilizado por acidente causado pelo empregado
A. Culpa in eligendo
• É a falta de cuidado e/ou fiscalização do responsável por bens ou pessoas
• Por exemplo, a culpa dos pais pelos atos praticados pelos filhos
B. Culpa in vigilando
• Ocorre quando há falta de atenção e cuidado com coisas sob custódia
• Por exemplo, o acidente em estrada causado por uma vaca que foge da fazenda, por
falta de cerca
C. Culpa in custodiendo
• Inobservância crassa e imperdoável das regras comuns exigidas nas atividades.
Avizinha-se ao dolo (culpa lata dolo aequiparatur), como, por exemplo, o acidente
causado por motorista embriagado.
A. Grave ou lata
• Falta evitável com a atenção comum e normal esperada. Ocorre, por exemplo, no caso
de um acidente causado por motorista desatento que mexe no retrovisor enquanto
dirige.
B. Leve ou média
• Ocorre se evitável o erro apenas com uma atenção especial ou habilidade incomum.
Exemplo disso é o acidente no qual o motorista não desvia de um objeto que aparece
repentinamente, batendo em outros carros.
C. Levíssima
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responsabilidade civil. Pela regra do art. 944, parágrafo único, do CC/2002, pode o juiz reduzir a indenização 
se a culpa for mínima, mas não pode a elevar se ele for máxima, dolosa. 
Assim, a aplicação da função punitiva e/ou preventiva ficaria prejudicada pela aplicação literal do refetido 
dispositivo legal. Aí está precisamente a razão pela qual nossa jurisprudência majoritária rechaça a 
majoração da indenização em prol da vítima simplesmente para “punir” o ofensor ou “prevenir” novas 
condutas, diferentemente do que faz a jurisprudência estadunidense, por exemplo. 
B) Dano 
O dano é o pressuposto central da responsabilidade civil. Em regra, o dano deve envolver 
um comportamento contrário ao Direito (contra legem). Entretanto, nem sempre a 
antijuridicidade é necessária, já que um ato lícito pode também gerar danos. 
De um lado, temos o dano patrimonial ou material. No dano patrimonial há visível 
interesse econômico no fato. Por isso, verifica-se um dano quando uma necessidade 
econômica é insatisfeita, seja negativamente, seja positivamente. 
Esse dano é quantificável em dinheiro, em pecúnia, em “valores econômicos”. Os efeitos patrimoniais podem 
ser imediatos, presentes, ou futuros, mediatos, diminuindo ou impedindo o acréscimo de patrimônio do 
lesado. 
Se o dano for atual, ele é chamado de dano emergente, ou dano positivo, ou seja, é o dano que emerge 
do ato. Ao contrário, se forem danos futuros, eles são chamados de lucros cessantes, ou dano negativo, 
ou seja, danos que cessam os lucros futuros. Trata-se da aplicação do instituto das perdas e danos, instituto 
de Direito das Obrigações presente no art. 402. 
O dano reparável é o dano certo, ainda que seja futuro, o que não se repara é dano eventual. 
É possível estabelecer danos presumidos, de acordo com a doutrina. 
No caso do dano patrimonial, a responsabilização se dá pelo princípio da boa-fé 
objetiva, pela violação dos deveres laterais de conduta esperados pela boa-fé 
objetiva. Abrange a responsabilidade pré-contratual, e até mesmo a 
responsabilidade pré-negocial, além da responsabilização pela culpa post pactum finitum, ou 
seja, mesmo após o término do contrato, cujo adimplemento foi perfeito. 
Por outro lado, temos o dano extrapatrimonial, imaterial, comumente chamado de dano moral. Além de 
uma lesão ao patrimônio, pode o indivíduo sofrer danos que não podem ser quantificados, que não são 
economicamente visíveis e suscetíveis de apreciação monetária. 
São os danos que perturbam a moral, a honra, o nome, a tranquilidade, os sentimentos, o afeto, ou seja, 
todos elementos subjetivos, ao contrário dos danos materiais, que são objetivamente verificáveis. Todo dano 
moral traria ofensa à personalidade, aos direitos de personalidade, segundo a doutrina. Mesmo a partir de 
danos a bens materiais pode haver dano moral, decorrente daqueles. 
Esses configurariam o dano moral em sentido impróprio ou lato sensu, ou seja, os danos que trariam lesão 
a um direito de personalidade. Consequentemente, eles não exigiriam prova de sofrimento, ou seja, 
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seriam dano morais presumidos (inre ipsa). Já o dano moral em sentido próprio constitui o dano moral in 
natura, e causariam dor, sofrimento etc., pelo que necessária a prova. 
De qualquer sorte, é difícil estabelecer com precisão o fundamento da responsabilização por danos 
extrapatrimoniais. De maneira ampla, a doutrina reconhece lesão à dignidade da pessoa humana, vale dizer, 
o dano moral é aquele que viola o princípio da dignidade da pessoa humana. 
Por isso, o absolutamente incapaz e mesmo o nascituro são capazes de experimentar dano moral. É nesse 
sentido que o Enunciado 445 da V Jornada de Direito Civil estabelece que o dano moral indenizável não 
pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento. 
Evidentemente que o princípio-mor ou supraprincípio constitucional é demasiado genérico quando se pensa 
em sua aplicação num caso concreto. E nem poderia ser diferente, claro. Por isso, necessário densificar o 
princípio na concretude do caso, de modo a se construir, doutrinária e jurisprudencialmente, as situações 
concretas que demandam reprimenda do Estado-juiz. 
De qualquer forma, a extensão desses danos será analisada pelo juiz, que definirá o montante da 
indenização. Como não há um valor apriorístico, de antemão, a condenação, em valor inferior, não geraria 
sucumbência à vítima. 
O dano moral deve ser visto amplamente, incluindo-se nele até mesmo o dano 
estético, o dano existencial, e, eventualmente, o dano punitivo, quando aplicado, já 
que não se encaixa na categoria dos danos patrimoniais. 
Quanto ao dano estético, Teresa Ancona Lopez, ao conceituá-lo (1980), estabelece a 
necessidade de se mirar “a modificação sofrida pela pessoa em relação ao que ela 
era”. Isso porque o conceito de estético, e de beleza a ele associado, é eminentemente relativo (daí o 
ditado popular, “quem ama o feio, bonito lhe parece”). 
Desde 1992, o STJ reconhece a cumulabilidade dos danos materiais com os danos morais 
(Súmula 37). Já em 2009, a Corte avançou e permitiu também a cumulação dos danos estéticos 
com os danos morais (Súmula 387). Consequentemente, por lógica sistemática, permite-se não 
apenas a cumulação dupla de danos (morais e estéticos ou materiais e morais), mas também 
a cumulação tripla de danos (materiais, morais e estéticos). 
Superadas as distinções entre o dano a partir de sua patrimonialidade, avancemos. Num caso ou no outro, 
seja no dano material, seja no dano imaterial/moral, o dano pode ser classificado como direto e indireto. 
O dano direto surge do resultado imediato da ação danosa e causa imediato déficit econômico. São os 
danos verificados a partir da conduta, que, se não tivesse existido, inexistiria também dano, ou seja, há 
uma ligação direta ou imediata com as circunstâncias. Assim, por exemplo, sofro dano direto quando 
contrato técnico de informática que, ao tentar consertar um componente eletrônico, quebra minha placa-
mãe, que fica inutilizada. 
Já o dano indireto indaga as consequências indiretas, remotas da ação, ou seja, os efeitos dos efeitos. 
Continuando o exemplo anterior, ao reconectar a placa-mãe ao computador, o componente quebrado gera 
um superaquecimento da máquina, que, consequentemente, atinge o HD, fazendo com que todos os dados 
que eu tenho nele se percam. Esse é o dano indireto. 
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Não confunda, assim, dano indireto com dano reflexo, também conhecido como dano por ricochete. No 
dano indireto, a própria vítima é quem experimenta o dano; sofre o dano direto e o dano indireto (que pode 
não existir, claro). Já no dano reflexo, não é a própria vítima a experimentar um segundo dano, mas terceira 
pessoa. 
 
 
Em qualquer caso, deve-se analisar o vínculo de causalidade entre a conduta e os danos. Deve 
haver um vínculo de causalidade entre ambos (nexo de causalidade), ou seja, a conduta deve 
desempenhar papel suficientemente decisivo na consumação daquele dano em específico. 
Portanto, deve haver uma relação direta de causa e efeito entre as situações, como veremos 
mais à frente, quando tratarmos do nexo de causalidade. 
C) Nexo de causalidade 
O nexo de causalidade, como o próprio nome diz, investiga a causa e, por isso, está intimamente ligado ao 
pressuposto anterior. Trata-se do elemento imaterial, virtual, “espiritual” dos pressupostos do dever de 
indenizar. É um daqueles casos fáceis de se visualizar e difíceis de se analisar, conceituar, tratar 
analiticamente e reconhecer tecnicamente. 
Já verificamos a conduta e o dano, falta analisar o liame que liga essas duas fontes. Desse modo, faz-se a 
triangulação necessária e se configura a responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar. 
Assim, para se responsabilizar um sujeito, ante um dano causado, é necessário analisar 
se a conduta por ele tomada encontra uma ligação com esse dano. O nexo causal, 
portanto, pode ser chamado de imputação, mais ou menos como a doutrina do Direito 
Penal, mas mais ampla que ela, pois mais abrangente. 
Dano indireto
Efeitos dos efeitos 
Própria vítima experimenta 
o dano
Dano reflexo/ricochete 
Dano não causado pela 
vítima 
Dano que não se verifica na 
vítima, mas em terceiro
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Os problemas enfrentados pelo Direito Penal, nesse sentido, são igualmente causadores de dor de cabeça 
no Direito Civil. O grande questionamento que se faz é: até que ponto se pode estabelecer que entre um 
evento (a causa, a conduta danosa) e outro (o efeito, o dano sofrido), há uma ligação suficientemente forte 
para se responsabilizar o agente do primeiro evento em relação ao outro? Ou, em que momento “se 
quebra” a corrente que liga um evento a outro? 
A doutrina se divide em muitas teorias. Segundo a maioria, o art. 403 traz, ainda que 
relativamente às perdas e danos (“as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros 
cessantes por efeito dela direto e imediato”), um indicativo da teoria adotada pelo CC/2002, a 
Teoria do dano direto e imediato. 
Outra parte substancial ainda adota a Teoria da causalidade adequada, que teria sido adotada 
pelo art. 944 (“A indenização mede-se pela extensão do dano”). Segundo ela, somente o fato relevante ao 
evento geraria o dever de indenizar. 
De qualquer forma, há certa unanimidade da doutrina em não adotar a Teoria da equivalência das 
condições, ou Teoria da conditio sine qua non ou ainda Teoria do histórico dos antecedentes. Em tese 
adotada pelo art. 13 do CP/1940 (“O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável 
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”), na 
redação dada pela Lei 7.209/1984, ela enuncia a necessidade de se verificar a presença de cada uma das 
condições identificadas na situação concreta necessárias ao evento danoso. 
Segundo a Teoria da causalidade adequada, interessa o dano que é efeito imediato e 
direto do fato causador. Por isso, num acidente automobilístico, reparam-se os danos 
decorrentes do acidente e não do tratamento ruim, ou do acidente com a ambulância, 
por exemplo. 
Em relação ao nexo de causalidade, faz-se necessário atentar para a questão da culpa 
concorrente, pois o art. 945 estabelece que se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento 
danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do 
autor do dano. Assenta o Enunciado 47 da I Jornada de Direito Civil que essa regra não exclui a aplicação da 
“Teoria da causalidade adequada”. 
Assim, se a vítima do dano concorrer com o agente causador, cada um arcará equitativamente com o 
prejuízo, na proporção de suas culpas.O problema, fático, é saber qual é a proporção das culpas. Nesses 
casos, não há muito o que se fazer, deve-se recorrer ao arbítrio do juiz, numa tentativa de se mensurar a 
culpa in concreto. 
De outra banda, de maneira diversa do Direito Penal, todos os membros de um grupo podem ser 
responsabilizados quando não seja possível determinar, dentre eles, quem deu causa à lesão. É a chamada 
“Teoria da causalidade alternativa”, aplicável a casos, por exemplo, de dano físico causado por agressões 
cometidas por várias pessoas. 
Por fim, de um modo um tanto excepcional quanto à regra trazida pela “Teoria do dano direto e imediato”, 
surge a “Teoria da perda de uma chance”. Nas situações em que se aplica tal Teoria, o dano, em realidade, 
é virtual, probabilístico, abandonando-se a perspectiva de que o dano precisa ser certo, direto, imediato. 
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Por aplicação dela, indeniza-se a vítima pelas situações em que, havendo uma oportunidade potencial, ela 
é perdida pelo dano causado. Ou seja, na realidade, verificando-se com relativa precisão a conduta danosa 
e o nexo de causalidade, dispensa-se a prova do dano, ao menos no plano concreto, material, projetando-se 
o dano em uma probabilidade, uma chance. 
Essa chance, porém, não é qualquer chance, mas uma chance efetiva, real, probabilisticamente razoável. 
A “Teoria da perda de uma chance”, assim, permite aplicar a responsabilidade civil mesmo no caso de dano 
não tão certo assim. O STJ afirma que a aplicação da Teoria depende de ser o dano real, atual e certo, 
dentro de um juízo de probabilidade, e não de mera possibilidade eventual. 
A Teoria incide tanto em situações de responsabilidade contratual quanto em situações de responsabilidade 
extracontratual. No entanto, deve ser séria e real a possibilidade de êxito, o que afasta a reparação no caso 
de simples esperança subjetiva ou mera expectativa aleatória. Não se exige a comprovação da existência 
do dano final, bastando prova da certeza da chance perdida, pois esta é o objeto de reparação. 
O CC/2002, de qualquer forma, já previa algumas situações que ficam, na realidade, no meio-termo entre a 
aplicação da “Teoria perda de uma chance” e a “Teoria de causalidade adequada”. Vou falar a respeito delas. 
O art. 948 estabelece que no caso de homicídio, a indenização consiste no pagamento das 
despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família e na prestação de 
alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável 
da vida da vítima. O artigo não exclui outras reparações, como o dano moral. 
Se, em vez de homicídio, tratar-se de dano à incolumidade física, segundo o art. 949, o 
ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim do tratamento, 
além de eventuais outros prejuízos sofridos. 
Por fim, se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou 
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do 
tratamento e lucros cessantes, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para 
que se inabilitou, conforme regra do art. 950. 
Tanto no caso do art. 949 quanto no do art. 950, não se excluem outras indenizações. Nesse sentido, o 
Enunciado 192 da III Jornada de Direito Civil prevê que os danos devem ser analisados em conjunto, para o 
efeito de atribuir indenização por perdas e danos materiais, cumulada com dano moral e estético. 
O parágrafo único do art. 950 ainda permite que o prejudicado, se preferir, possa exigir que a indenização 
seja arbitrada e paga de uma só vez. O STJ (REsp 1.349.968) entende que esse dispositivo, porém, não pode 
ser aplicado indiscriminadamente, de maneira absoluta. Ao contrário, pauta-se na conveniente análise 
judicial, que deve ponderar a satisfação do crédito do beneficiário e o risco de o devedor ser levado à 
ruína. 
Nesses três casos (art. 948, no caso de homicídio; art. 949, no caso de lesão à saúde; e art. 950, no caso de 
perda de capacidade laborativa), o art. 951 determina que a indenização é devida por aquele que, no 
exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, 
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. 
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Por fim, veja que o caso fortuito, a força maior e a culpa exclusiva da vítima afastam o dever 
de indenizar precisamente porque há rompimento do nexo de causalidade. De qualquer forma, 
não há como enunciar uma regra absoluta em se tratando de nexo causal, como tenta a “Teoria 
do dano direto e imediato”, devendo o julgador atentar para o caso concreto. Essa perspectiva 
encontra contraprova fática, uma vez que nossas Cortes decidem de maneira eclética, até 
casuística. 
II – Classificação 
A) Objetiva e subjetiva 
A responsabilidade subjetiva é regra, conforme estabelece o art. 927 do CC/2002. Arnaldo Rizzardo 
estabelece que: 
Pela teoria da responsabilidade subjetiva, só é imputável, a título de culpa, aquele que 
praticou o fato culposo possível de ser evitado. Não há responsabilidade quando o agente 
não pretendeu e nem podia prever, tendo agido com a necessária cautela. 
O art. 186, por sua vez, traça as linhas gerais da responsabilidade civil subjetiva: 
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
A responsabilidade civil subjetiva era a única presente no CC/1916 originário. Com o tempo, porém, nos 
casos de prova de culpa muito difícil ou impossível (no processo civil a chamada prova impossível ou 
diabólica) passou-se para a responsabilidade civil com “culpa presumida”. 
A culpa presumida nada mais é do que o inverso da presunção de inocência do Direito Penal. 
Eu presumo que o causador do dano é culpado e ele tem de provar que estava certo. Nesses 
casos, não se prescinde a culpa, apenas inverte-se o ônus da prova. 
Passa-se, então, para a responsabilidade civil “sem culpa”, ou objetiva. Nesses casos, 
dispensa-se a culpa, sequer se falando em culpa ou ônus; agiu ou se omitiu? É responsável, mesmo que 
prove que não tem culpa alguma. 
Há uma diferença fundamental entre a responsabilidade subjetiva com presunção de culpa e a 
responsabilidade objetiva. Na responsabilidade subjetiva com presunção de culpa, admite-se 
o afastamento da responsabilidade se o agente provar que não agiu com culpa; na 
responsabilidade objetiva, inversamente, mesmo que o agente prove não ter culpa, não se 
isenta do dever de indenizar. 
E quando falaremos em responsabilidade objetiva, sem culpa? Tradicionalmente pensamos no Direito do 
Consumidor, que é o sub-ramo do Direito Privado no qual está ela presente por excelência. O CC/2002, não 
obstante, também versa sobre a responsabilidade civil objetiva. O art. 927, parágrafo único, traz as linhas 
gerais da responsabilidade objetiva: 
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Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados 
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por 
sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
O art. 931, por sua vez, prevê que ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários 
individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos 
postos em circulação. Esclarece o Enunciado 378 da IV Jornada de Direito Civilque esse dispositivo se aplica 
haja ou não relação de consumo. 
O art. 927, parágrafo único, e o art. 931 tratam da objetivação da responsabilidade a partir de uma teoria 
muito em voga nos anos 1970-1990, a “Teoria do risco”. Assim, a responsabilidade objetiva presente no 
CC/2002 baseia-se largamente na “Teoria do Risco”, que, segundo Arnaldo Rizzardo, se adota porque: 
Todo aquele que dispõe de um bem deve suportar os riscos decorrentes, a que expõem os 
estranhos. 
Essa Teoria surge com o risco-proveito, estampado no art. 931. Assim, aquele que quer ter determinado 
lucro com uma atividade, um proveito, deve arcar com os prejuízos, os riscos, decorrentes dessa atividade. 
Posteriormente, essa discussão abrange também o risco da atividade, constante do art. 927, parágrafo único, 
segunda parte. No que tange a esse dispositivo, há grande discussão doutrinária e jurisprudencial a respeito 
de sua extensão, em termos mais práticos. 
Isso porque o dispositivo trata de uma “cláusula geral do dever de responsabilidade civil objetiva” quando 
a atividade normalmente desenvolvida implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
Segundo o Enunciado 555 da VI Jornada de Direito Civil, esses “direitos de outrem” abrangem não apenas a 
vida e a integridade física, mas também outros direitos, de caráter patrimonial ou extrapatrimonial. 
A questão é saber o que é essa tal atividade de risco. Propõe o Enunciado 38 da I Jornada de Direito Civil que 
ele se configura quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa 
determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade. Assim, é um risco “para além do 
normal”. 
Já o Enunciado 448, também da V Jornada de Direito Civil, vai além. Exige a aplicação desse dispositivo 
sempre que a atividade normalmente desenvolvida, mesmo sem defeito e não essencialmente perigosa, 
induza, por sua natureza, risco especial e diferenciado aos direitos de outrem. 
Mostrei, até aqui, duas modalidades sobre a “Teoria do risco”, o risco-proveito e o risco da atividade. Mas a 
“Teoria do risco” tem diversas modalidades, a depender do seu âmbito de aplicação e de seus pressupostos. 
Em resumo, quais são as principais modalidades da “Teoria do risco”? 
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A partir da “teoria do risco”, o CDC inaugura um novo ramo na responsabilidade civil, pois tem pressupostos 
e características peculiares e especiais em relação ao CC/2002. A Teoria é o mote do CDC, já que as 
atividades direcionadas ao consumo são criadoras de risco por natureza. 
Quando se tratará de responsabilidade subjetiva ou objetiva, sinteticamente? Não há uma resposta fixa, 
pois a espécie depende da lei, da atividade e mesmo da jurisprudência. A resposta é casuística, sem 
prefixação, e mutável. 
• Art. 37, §6º, da CF/1988
• Adotada nos casos de responsabilidade civil objetiva do Estado
Teoria do risco administrativo
• Art. 927, parágrafo único, segunda parte, do CC/2002
• Adotada nos casos de atividades criadoras de riscos a terceiros
Teoria do risco da atividade ou Teoria do risco profissional
• Art. 931 do CC/2002 e CDC
• Adotada nos casos de riscos decorrentes de atividades lucrativas
Teoria do risco-proveito
• Arts. 936, 937 e 938 do CC/2002
• Adotada nos casos de riscos criados por pessoas ou coisas
Teoria do risco criado
• Art. 14, §1º, da Lei 6.938/1981 e art. 21, inc. XXIII, d, da CF/1988
• Adotada nos casos que não há excludentes de responsabilidade
Teoria do risco integral
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B) Contratual e extracontratual 
É possível distinguir a responsabilidade civil em contratual, ou negocial, e extracontratual, ou aquiliana. 
Lembra-se quando eu falei da responsabilidade e disse que a responsabilidade era diferente da obrigação? 
Pois bem, “a responsabilidade pode advir do descumprimento de uma obrigação estabelecida entre as partes 
ou advir do contato social”. 
No primeiro caso, o descumprimento de uma obrigação gerará a responsabilidade civil 
contratual quando há a violação de deveres inerentes ao contrato, quando o contratante 
deixa de cumprir com o acordado, gerando prejuízo à contraparte. Nesse caso, aplica-se a 
disciplina das perdas e danos, prevista nos arts. 389 e ss., dispositivos próprios do Direito das 
Obrigações. 
Já a responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana se verifica pela ocorrência de ato ilícito em sentido 
amplo (ato ilícito stricto sensu e abuso de direito). Não me parece ter havido mudança substancial em 
relação ao CC/1916, dado que o art. 187 do CC/2002 trata do abuso de direito como espécie de ato ilícito, e 
não como categoria jurídica absolutamente autônoma, ainda que possa assim ser visto em determinados 
casos. Nesse caso, aplica-se o disposto nos arts. 186 e ss. 
Não obstante, persistem diferenças importantes, como, por exemplo, em relação ao 
ônus da prova. Na responsabilidade contratual, por exemplo, basta ao credor 
demonstrar o descumprimento de uma cláusula contratual para exigir a 
responsabilização do devedor/agente, não sendo necessária a demonstração de culpa. 
Já na responsabilidade extracontratual, deve o credor demonstrar a culpa do 
devedor/agente para obter a indenização (lembrando que a regra geral é a 
responsabilidade subjetiva, que demanda prova de culpa). 
Além disso, vale acrescentar a polêmica jurisprudência do STJ que fixa prazo prescricional trienal para as 
ações reparatórias derivadas de responsabilidade extracontratual, mas prazo prescricional decenal para as 
ações reparatórias derivadas de responsabilidade contratual. Contato e contrato, portanto, trazem 
diferenças na ótica de responsabilização. 
Teoria da Culpa
Responsabilidade 
subjetiva
Regra do CC/2002 Presunção de culpa
Teoria do Dano 
Responsabilidade 
Objetiva
Exceções do CC/2002
Regra do CDC
Socialização dos 
danos/riscos: seguro 
social
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III – Responsabilidade por ato alheio 
A cisão entre Schuld e Haftung fica bem clara quando se estudam algumas das hipóteses de responsabilidade 
civil elencadas pelo CC/2002. Dentre elas encontram-se as situações de responsabilidade por fato de 
terceiro, responsabilidade por fato de coisa e responsabilidade por fato de animal. Ou seja, ainda que o 
causador do dano seja outra pessoa, é necessário responsabilizar alguém. Essa pessoa, mesmo não tendo 
causado o dano, terá dever de indenizar. 
Assim, é possível aduzir que, em regra, a responsabilidade civil é por fato próprio, ou seja, responsabiliza-se 
o causador direto do dano. No entanto, na responsabilidade civil por fato impróprio responsabiliza-se alguém 
por fato não cometido diretamente por ela. Por uma série de razões, o ordenamento jurídico imputa a 
responsabilidade, ainda que indiretamente, àquele que não causou o dano. 
Vê-se aqui a possibilidade de não causar dano a outrem e, ainda assim, ser responsabilizado. A lei, em 
situações especiais, remete a responsabilidade por um dano a terceiro, que não o causador do dano. 
Via de regra, o fundamento último é um dever de guarda, controle, vigilância ou proteção. Verifica-se, 
tradicionalmente, a responsabilidade por fato de outrem em relações de submissão ou autoridade, como no 
caso do patrão e empregado ou do pai e filho, por exemplo. Juridicamente falando, essa responsabilização 
de um terceiro se fundamenta numa omissão no seu dever. 
Quais são essas hipóteses? Elas estão presentes nos incisos do art. 932 do CC/2002: 
 
Mas a responsabilidade dessas pessoasé objetiva ou subjetiva? Segundo o art. 933 do CC/2002, a 
responsabilidade é objetiva (“Teoria do risco-criado”), sequer existindo espaço para que o terceiro prove 
que tomou todas as medidas que lhe competiam para evitar o dano: 
As pessoas indicadas no artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos 
praticados pelos terceiros ali referidos. 
• Pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia
Os pais
• Pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições
O tutor e o curador
• Por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir,
ou em razão dele
O empregador ou comitente
• Pelos seus hóspedes, moradores e educandos
Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação
• Até a concorrente quantia
Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime
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ATENÇÃO!!! A responsabilidade civil do responsável legal (pais, tutores, curadores, 
empregadores, donos de hospedagens, beneficiários do produto do crime) é OBJETIVA. 
No entanto, a responsabilidade civil dos causadores do dano, dos agentes (filhos, 
tutelados, curatelados, empregados, hóspedes e criminosos) é SUBJETIVA! 
Em outras palavras, analiso a conduta do agente de maneira culposa. Trata-se do que 
alguns autores chamam de “responsabilidade objetiva indireta” ou “responsabilidade objetiva impura”. 
Isso porque se exige culpa do agente (responsabilidade subjetiva), mas não do responsável legal 
(responsabilidade objetiva). 
Em qualquer caso, nem que o responsabilizado (empregador ou hotel) prove que não teve culpa alguma e 
não podia ter evitado o dano, responderá, havendo culpa do agente. E o responsável legal arca com o 
prejuízo? Exclusivamente? O agente por nada responde? 
Mais ou menos, porque há a possibilidade de ação regressiva do responsável legal contra o causador do 
dano, nos termos do art. 934. Esclarece o dispositivo que aquele que ressarcir o dano causado por outrem 
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou. Na via regressiva, a indenização atribuída a cada 
agente será fixada proporcionalmente à sua contribuição para o evento danoso (Enunciado 453 da V Jornada 
de Direito Civil). 
A exceção fica por conta da primeira situação. Se o causador do dano for descendente do responsável legal, 
absoluta ou relativamente incapaz, não pode ele agir regressivamente contra o filho. Segundo Venosa, 
ainda que não se diga expressamente, inclui-se na exceção do art. 934 também os tutores e curadores pelos 
danos causados pelos pupilos ou curatelados. 
Veja-se que, em verdade, o art. 934 não trata apenas dos casos de responsabilidade civil por fato impróprio, 
mas é de redação bastante geral: 
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem 
pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. 
É com base nesse dispositivo que se dá azo à ação in rem verso, prevista genericamente 
no art. 886 (“Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado 
outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido”). Assim, aquele que ressarce dano 
causado por outrem empobrece ao mesmo tempo em que o causador do dano enriquece, 
na medida em que deixa de indenizar não fica mais rico, literalmente, mas, ao deixar de 
empobrecer, quando deveria, enriquece. 
Em todos os casos supracitados, a responsabilidade do causador do dano com o responsável 
legal é solidária, por previsão expressa do art. 942, parágrafo único do CC/2002. Porém, o 
incapaz (absoluta ou relativamente) responde pelos prejuízos que causar de maneira 
subsidiária, inversamente. 
Vou mostrar a você cada uma dessas situações detalhadamente. 
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A) Responsabilidade dos pais 
Em regra, os filhos não exercem atividades que possibilitem auferir renda, não possuem patrimônio e não 
terão como arcar com a indenização, se devida, ao contrário dos pais, que, também geralmente, possuem 
melhores condições para tanto. Mesmo que inexista capacidade ou imputabilidade, o dano causado pelo 
menor deve ser indenizado, já que o Direito Civil pretende a tutela da vítima. 
Ainda que o menor não tenha causado ato ilícito, na perspectiva mais criminal do termo, pois incapaz, há 
responsabilidade civil. Aqui se evidencia a perspectiva mais técnica de que na responsabilidade civil se fala 
mais em imputação do que em culpa propriamente dita. Imputa-se uma conduta danosa ao menor porque 
o ordenamento o permite. 
Evidentemente, apesar de a responsabilidade dos pais ser objetiva, a responsabilidade do menor é subjetiva, 
pressupondo culpa. Evidentemente que a responsabilidade dos pais não é objetiva mesmo que não haja 
conduta culposa do menor, ou se responsabilizariam os pais por um ato no qual o menor é vítima. 
Obviamente que a imputabilidade penal é irrelevante. 
Inicialmente, se há responsabilidade civil por dano causado por incapaz, quem responde são 
responsáveis legais (responsáveis principais), em regra, e não o próprio incapaz (responsável 
subsidiário). Agora, se os responsáveis legais não tiverem a obrigação de indenizar (não 
estiver o menor sob a autoridade, p.ex.) ou quando estes não possuírem meios para adimplir 
a indenização, segundo o art. 928, parágrafo único, os próprios incapazes responderão. 
Segundo o Enunciado 40 da I Jornada de Direito Civil, há uma exceção. O menor fica responsável como 
devedor principal, diretamente, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes (pessoas entre 12 
e 18 anos) que praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do ECA, no âmbito das medidas 
socioeducativas ali previstas. 
De volta ao art. 928, parágrafo único, há limitação da responsabilidade dos incapazes. Não se pode privar do 
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem, atentando-se ao mínimo existencial. Trata-se de 
aplicação do estatuto jurídico do patrimônio mínimo, tese defendida por Fachin. 
Cuidado em relação às expressões “sob sua autoridade” e “em sua companhia”. A autoridade liga-se ao 
poder familiar; se um ou ambos ou genitores não detém poder familiar sobre o menor, não responde pelo 
dano, como, por exemplo, no caso do filho sob a guarda dos avós. 
A companhia não remete apenas à companhia momentânea, mas duradoura. Assim, se o menor sai, à 
noite, e causa um dano, os pais são responsáveis, ainda que não na companhia “efetiva” do menor. Veja-se 
que se o filho não está na companhia dos pais por vontade ou desídia destes, não se afasta a 
responsabilidade. Além disso, o mero fato de um genitor não deter guarda de seu filho ou não estar com ele 
não o isenta de responsabilidade, entende o STJ. 
Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, 
e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente 
responsáveis por tais atos. Segundo o Enunciado 450 da V Jornada de Direito Civil, ainda que estejam eles 
separados, a solidariedade persiste, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos 
genitores. 
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Nesse ponto entra também a controvérsia a respeito da emancipação. Ou seja, o filho, ainda menor, é 
emancipado e torna-se plenamente capaz para os atos da vida civil. Persiste a responsabilidade dos pais? 
A jurisprudência, prevendoessa “jogada”, passou a estabelecer que não se isentariam os pais de 
responsabilidade ao emanciparem o filho. Assim, a emancipação concedida pelos pais (emancipação 
voluntária) não exclui sua responsabilidade pelos danos causados pelo filho menor. Ao contrário, a 
emancipação legal (casamento, exercício efetivo de emprego público, existência de economia própria 
decorrente de emprego e estabelecimento de empresa), isenta os pais do dever de indenizar. 
Se o menor tiver sido emancipado voluntariamente (art. 5º, parágrafo único, inc. I), a responsabilidade 
dele com os pais deixa de ser subsidiária e passa a ser solidária. Essa seria a única hipótese em que poderá 
haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais, estabelece o Enunciado 41 da I Jornada 
de Direito Civil. 
 
 
 
B) Responsabilidade do tutor/curador 
Em regra, os próprios pais são os tutores e curadores, mas nem sempre. Há grande crítica à responsabilidade 
objetiva, especialmente em relação à curatela, que é, em geral, ato de altruísmo e gratuito. 
• Pais têm responsabilidade principal, filhos têm responsabilidade subsidiária
Regra 1
• Filhos têm responsabilidade principal por ato infracional (art. 116 do ECA)
Exceção
• Entre 12 anos e 18 anos (adolescentes, absoluta ou relativamente incapazes)
Quando?
• Pais têm responsabilidade principal, filhos têm responsabilidade subsidiária
Regra 2
• Filhos têm responsabilidade solidária, se voluntariamente emancipados (art. 5º,
parágrafo único, inc. I do CC/2002)
Exceção
• Entre 16 anos e 18 anos (relativamente incapazes)
Quando?
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De qualquer forma, o CC/2002 mantém a responsabilidade dos tutores e curadores pelos atos praticados 
pelos tutelados e curatelados, igualmente de maneira objetiva. Friso que, segundo Venosa, se o causador 
do dano for o tutelado ou o curatelado, não pode o responsável legal, tutor ou curador, agir 
regressivamente contra o tutelado ou curatelado. 
Por fim, cuidado com a antinomia aparente entre o art. 942, parágrafo único (responsabilidade solidária dos 
responsáveis legais) e o art. 928 (responsabilidade subsidiária do filho menor). Ora, se os pais são curadores 
do próprio filho menor, como num caso em que ele não pode, transitória ou permanentemente exprimir sua 
vontade, em virtude de um transtorno (art. 1.767, inc. I; não se falando aqui nas regras do Estatuto da Pessoa 
com Deficiência), a responsabilidade dos pais é subsidiária ou solidária? 
O entendimento prevalece no sentido de que a responsabilidade solidária é a regra geral, excepcionada no 
caso dos pais pelos filhos menores. Assim, mesmo que os pais sejam também curadores, respondem 
subsidiariamente os filhos. Se cessar a menoridade e a curadoria se mantiver, passaria a ser essa 
responsabilidade solidária. 
C) Responsabilidade do empregador/comitente 
O conceito de empregador não está contido na legislação civil, mas no art. 2º da CLT, que considera 
“empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, 
assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”. Esse artigo, no §1º, equipara determinadas figuras ao 
empregador: 
Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as 
instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem 
trabalhadores como empregados. 
Ou seja, em resumo, todo aquele que contrata alguém e se utiliza de seu trabalho, mediante 
remuneração, para auferir algum benefício, mediante estabelecimento de uma relação 
hierárquica de subordinação, é empregador, ao menos para os fins desse artigo do CC/2002. 
Eventuais discussões de cunho trabalhista são resolvidos pela legislação, doutrina e 
jurisprudência próprias, evidentemente. 
Essa responsabilização ocorre, em regra, apenas durante a execução da atividade subordinada, ou seja, 
durante o “expediente”. Porém, com base na “Teoria da aparência”, há exceções, dado que aquele que 
sofre o dano “acredita” que o causador do dano o fez em razão do emprego e, por isso, deve ser 
indenizado. 
Por isso, determina o Enunciado 451 da V Jornada de Direito Civil que a responsabilidade civil por ato de 
terceiro se funda na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de 
culpa presumida. Assim, a Súmula 341 do STF (“É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo 
do empregado ou preposto”) está superada, porque ainda baseada no modelo do CC/1916 de presunção de 
culpa, solapado pelo art. 933 do CC/2002. 
Porém, no RE 601.811, o STF entendeu que não há responsabilidade civil da empregadora por ato doloso 
(homicídio) praticado por seu empregado (vigia), por razões estritamente pessoais, estranhas ao serviço, 
contra vizinho do estabelecimento. Entendeu o Min. Lewandowski, em decisão monocrática, que isso não 
violaria a Súmula 341 do STF. Assim, reconheceu a Corte, a despeito da remissão a Súmula superada, que a 
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responsabilidade do empregador, apesar de objetiva, pode ser afastada em caso de ato doloso do 
empregado, sem qualquer correlação com o emprego, em ação estritamente pessoal. 
Além disso, prevê o Enunciado 44 da I Jornada de Direito Civil que o empregador e o comitente somente 
podem agir regressivamente contra o empregado ou preposto se estes tiverem causado dano com dolo ou 
culpa. Óbvio, já que somente haverá responsabilidade do empregador/comitente se o empregado/preposto 
agir, no mínimo, culposamente. 
D) Responsabilidade dos estabelecimentos de albergue 
A amplitude desse artigo abrange todo tipo de estabelecimento de albergue remunerado: creche, escola, 
hotel, motel, SPA, asilo, hospital, sanatório, centros de recuperação de dependentes etc. Sublinhe-se a 
necessidade de contraprestação para haver responsabilidade objetiva. 
Essa responsabilidade abrange os danos causados pelos hóspedes a terceiros e pelo estabelecimento aos 
hóspedes. No mesmo sentido, o art. 14 do CDC estabelece a responsabilidade objetiva na prestação de 
serviços. Mesmo danos causados fora da instituição são passíveis de indenização por ela, como, por exemplo, 
no caso de uma excursão de alunos organizada pela escola. 
Além disso, cláusulas que atenuam ou isentam a responsabilidade do estabelecimento são nulas, mesmo 
que existam avisos ostensivos, conforme regra do art. 51, inc. I do CDC. 
E) Responsabilidade pelo produto de crime 
Primeiro, não confunda participação com a coautoria, talqualmente não se pode fazer no âmbito da 
responsabilidade penal. Em resumo, o coautor age e o partícipe apenas auxilia. Todavia, nem de um nem 
de outro trata o art. 932, inc. V do CC/2002. Aqui, a pessoa apenas recebe o produto do crime, ou seja, não 
pode ser considerado nem coautor nem partícipe. São situações bem diferentes, portanto. 
No entanto, a repercussão penal é irrelevante para a responsabilidade civil. Em qualquer caso, a pessoa 
responde, objetivamente. Irrelevante, portanto, seu conhecimento sobre o crime, que a tornaria imputável 
por receptação (art. 180, caput, do CP/1940), ou sobre a possibilidade de se presumir seu conhecimento (art. 
180, §3º). Irrelevante ser inimputável, como um menor que recebe produto de crime; a responsabilidade 
subsiste. 
Aquele que recebe produto de crime responde apenas pelo dano até o valor que recebeu. Ao 
contrário, tanto na coautoria quanto na participação, a pessoa responderia integralmente 
pelo dano, e não de maneira limitada. Essa distinção é fundamental, monetariamente falando. 
Se João assalta um supermercado, roubando R$1 milhão, responde perante a vítimapor R$1 
milhão. Eventuais coautores e partícipes responderão, igualmente, por R$1 milhão. As 
repercussões criminais são resolvidas na esfera penal, conforme o caso. 
O Enunciado 558 da VI Jornada de Direito Civil estabelece que são solidariamente responsáveis pela 
reparação civil, juntamente com os agentes públicos que praticaram atos de improbidade administrativa, as 
pessoas, inclusive as jurídicas, que para eles concorreram ou deles se beneficiaram direta ou indiretamente. 
Veja que a responsabilidade civil é objetiva, não se confundindo com a penal. 
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IV – Responsabilidade por fato de coisa 
Segundo Arnaldo Rizzardo: 
O dono de uma coisa inanimada é responsável pelos danos que a mesma causar. 
A responsabilidade por fato de coisa abrange tanto o proprietário quanto aquele que exerce 
sua guarda (detentor). No CC/2002 adotou-se a responsabilidade objetiva, ou seja, o lesado 
deve apenas provar o dano e o nexo causal com a conduta, sendo desnecessário questionar a 
culpa do dono da coisa. 
Ainda assim, o agente poderá eximir-se da responsabilidade se conseguir comprovar o caso 
fortuito e força maior ou a culpa exclusiva da vítima. Não há um dispositivo legal próprio para essa espécie 
de responsabilidade, aplicando-se o art. 927. Isso porque se entende a responsabilidade por fato da coisa 
como espécie da responsabilidade objetiva por risco de atividade. 
A responsabilidade por fato da coisa diferencia-se das demais espécies porque não requer uma conduta 
direta do autor do dano com a coisa em relação ao dano. Basta a posse, propriedade ou detenção da coisa 
e o dano para configurar-se a responsabilidade. Duas espécies têm grande importância: 
A) Responsabilidade pela ruína de edifício 
Caso especial de responsabilidade for fato de coisa está presente no art. 937 do CC/2002, que estipula que 
“o dono do edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta 
de reparos, cuja necessidade fosse manifesta”. 
A responsabilidade do dono do imóvel ou da construção é objetiva, pois se entende que não 
agiu com o devido cuidado, seja por falta de reparos, seja por falha construtiva. Não há mais 
que se falar em presunção de culpa, como no regime do CC/1916, pois o dispositivo aplica a 
“Teoria do risco-criado” ou do risco-proveito, mas o dispositivo é controverso. 
Isso porque, em tese, o art. 937 abre amplas possibilidades de defesa do dono da obra, pois lhe 
permite provar que agiu com o devido cuidado, inexistindo falta de reparos, o que evidenciaria a existência 
de caso de presunção de culpa. Além disso, o artigo menciona a manifesta necessidade dos reparos para 
configurar a responsabilidade. 
A responsabilidade pela ruína estende-se a todo tipo de imóvel, não apenas às construções ou imóveis 
novos, incluindo-se aí a responsabilidade do proprietário que adquire imóvel já com muitos anos de uso, 
pois se entende que deveria tê-lo vistoriado adequadamente. 
O único modo de afastar a responsabilização é comprovar a ocorrência de um caso fortuito ou de culpa 
exclusiva da vítima. 
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B) Responsabilidade pela queda ou lançamento de coisas de edifícios 
Outro caso especial de responsabilidade por fato de coisa está presente no art. 938, que aduz 
que aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que 
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. É a chamada responsabilidade por 
defenestramento, termo que remonta à derivação parassintética de sufixo verbal do termo 
oriundo do francês antigo fenestre (fenêtre, janela). 
O termo “prédio” é entendido de maneira bastante alargada, compreendendo, além do condomínio edilício 
vertical, casas, hotéis, ou seja, todo local em que as pessoas ficam, permanecem, “habitam”. O termo “coisa” 
é também genérico, abrangendo lixo, placas, pequenos objetos, vasos de plantas e mesmo água, ou seja, 
qualquer objeto, líquido ou sólido (effusius et dejectis, respectivamente). 
A responsabilidade do dono do edifício é objetiva, pois se entende que não agiu com o 
devido cuidado ao deixar que coisas fossem lançadas ou caíssem do edifício (“Teoria do 
risco-criado”. Não importa se o objeto foi lançado acidentalmente ou dolosamente. Não 
importa quem lançou o objeto, acionando-se todos os proprietários. 
Se condomínio edilício, geralmente aciona-se o próprio condomínio, pois é difícil, ou mesmo 
impossível, precisar o autor. Esse entendimento está contido no Enunciado 557 da VI Jornada de Direito Civil: 
“se a coisa cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, 
responderá o condomínio, assegurado o direito de regresso”. 
Porém, se possível for fixar quem foi o autor do dano, ou seja, se for possível identificar a unidade 
condominial, não pode a vítima pretender obter a indenização do condomínio, pois manifesta sua 
ilegitimidade passiva. 
V – Responsabilidade por fato de animal 
Mesmo na vigência do CC/1916 havia presunção de culpa do proprietário do animal que causa dano, pela 
presunção de falta de cuidado e diligência do dono (culpa in custodiendo). Não mais se discute a respeito; a 
responsabilidade do dono do animal é objetiva por dano por este causado, sendo irrelevante se tomou as 
cautelas devidas e exigidas. 
O CC/2002 exclui a responsabilidade apenas nos casos de culpa exclusiva da vítima ou de força maior, 
segundo art. 936. A fuga do animal, ou sua permanência em local inapropriado, portanto, importam em 
responsabilização do dono. São os casos de animal que pula o muro, animal que morde a pessoa através de 
uma grade ou ataca alguém durante uma festa de rua. 
Nesses casos, o animal deveria estar bem guardado/não deveria estar lá. Por isso, a vítima deve apenas 
apontar o dano e o nexo causal com a conduta. Cumprirá ao dono provar a existência de culpa exclusiva da 
vítima ou de força maior. 
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O excludente de culpa exclusiva da vítima limita-se à culpa exclusiva. Se a vítima concorre 
com o dano, responde o dono, ainda assim. 
Mesmo que o animal fuja, permanece o dever de indenizar. Caso o animal esteja sob guarda de 
terceiro, também permanece o dever de indenizar. Neste caso, respondem preposto e dono, 
solidariamente, por força do art. 936, como nos casos em que o animal, sendo adestrado, ataca 
outrem (respondem adestrador e dono). 
VI – Responsabilidade civil-penal 
O ato ilícito pode ter naturezas jurídicas distintas, a partir de sua perspectiva de análise. Isso porque, 
originariamente, o conceito de ato ilícito não tinha distinção no Direito Civil e no Direito Penal. A noção 
mais clássica de ato ilícito, independente se civil ou criminal consolidou-se ao longo do tempo e se 
cristalizou, sob uma perspectiva claramente dotada dessa historicidade, no art. 186: 
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
É daí que se retira o conceito mais elementar de ato ilícito, dotado de culpabilidade e antijuridicidade, 
respectivamente pela exigência de culpa, caracterizada tanto por ação quanto por omissão (conduta 
negligente ou imprudente), e pela exigência de violação direito alheio, causando dano. 
Desse conceito é que se caracterizam os pressupostos do dever de indenizar, quais sejam a conduta (ilícita), 
o dano e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano, somados à culpa, no caso da responsabilidadesubjetiva. 
O mesmo vale para o Direito Penal, cuja noção de ato ilícito se confunde com a noção de 
ato ilícito civil, ante a ausência de diferenciação que havia entre ambos. Porém, 
paralelamente ao estabelecimento do princípio da legalidade cria-se também a noção de 
tipicidade. 
Aí eu volto para aquele conceito analítico tradicional de crime, a “conduta típica, 
antijurídica e culpável”. Fora a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade já eram pressupostos do ato 
ilícito, válido também para o Direito Civil. A tipicidade, portanto, é o elemento que distingue o ato ilícito, 
nuclearmente, no Direito Penal e no Direito Civil. 
Obviamente, como a tipicidade simplesmente não existe no Direito Civil, numerosas soluções – 
e problemas – sobre a tipicidade não são objeto de análise na Responsabilidade Civil. Assim, os 
excludentes de tipicidade, como o caso da aplicação do princípio da insignificância, não se 
analisam na responsabilidade civil, por absoluta incompatibilidade sistêmica. 
Ademais, a forma como se analisa os pressupostos de antijuridicidade e culpabilidade são 
distintos. Ao passo que a doutrina civilística mantém a culpabilidade baseada na culpa em sentido amplo 
(subdividida em culpa em sentido estrito e dolo), a doutrina penal ampliou horizontes, criando também as 
figuras da culpa consciente e do dolo eventual. 
Inclusive, a distinção de culpa e dolo é irrelevante na maioria dos casos para aplicação da responsabilidade 
civil, exigindo-se dolo para responsabilizar o agente apenas em situações excepcionais, como no caso da 
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responsabilidade do doador pelos danos causados ao donatário em relação ao bem doado. Ao contrário, no 
Direito Penal, a distinção é imprescindível e irá impactar profundamente na aplicação do direito, já que 
existem numerosos casos de tipos apenas dolosos, como o tipo de dano (ao passo que no Direito Civil o dano 
independe de dolo!). 
Grande parte da responsabilidade civil passa ao largo dessas discussões sobre 
culpabilidade, pela aplicação da responsabilidade civil objetiva, que afasta completamente 
as noções subjetivas. Igualmente, o grau de culpabilidade é em regra irrelevante no Direito 
Civil, exceto no caso de aplicação do art. 944, parágrafo único (“Se houver excessiva 
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a 
indenização”). 
Curiosamente, por outro lado, a responsabilidade civil ainda se encontra essencialmente ligada ao dano, por 
conta do princípio da restituição integral. Não se fala em responsabilidade civil sem dano. Quando, em uma 
situação concreta, não existe dano ou sua prova é impossível, a doutrina e a jurisprudência se valem do 
chamado dano in re ipsa, o dano presumido. 
O mesmo ocorre quando não há dano a ser indenizado. A partir de uma dada conduta, há situações nas quais 
certa conduta ilícita gera dano, mas, às vezes, em outras situações, sequer há dano. Novamente, presume-
se o dano, ainda que a contraparte comprove a inexistência dele. 
Isso ocorre com o dano moral no caso de inclusão indevida do consumidor em serviço de restrição de 
crédito. A jurisprudência, uníssona, estabelece o dever de indenizar a partir do dano in re ipsa. 
Sinceramente, na maioria das situações trata-se de responsabilidade sem dano. 
No Direito Penal, ao contrário, ainda que sob fortes críticas, o tipo de dano vem se tornando mais comum, 
especialmente nos tipos penais presentes no Código de Trânsito Brasileiro – CTB. O art. 306 do CTB 
estabelece que a condução de veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de substância psicoativa que determine dependência é vedada. A pena é aplicada mesmo que o 
condutor não tenha causado dano algum, apenas pelo perigo decorrente da conduta eventualmente danosa. 
Ainda dentro da culpabilidade, outro foco de grande discussão no Direito Penal é a imputabilidade. As 
discussões sobre a maioridade penal provavelmente se eternizarão, alguns clamando por sua redução – e, 
no limite, pela exclusão de um critério temporal objetivo –, outros clamando por sua extensão – e, no limite, 
pela exclusão quiçá da própria punição estatal. A imputabilidade é assunto de suma importância no crime. 
No cível, essa discussão é praticamente inócua. Tecnicamente falando, por conta dos institutos 
da tutela, curatela e representação, estende-se a responsabilidade dos “inimputáveis” a seus 
representantes legais. O Direito Civil vai além, fixando a responsabilidade civil objetiva dos pais 
pelos danos causados pelos seus filhos e a responsabilidade civil objetiva dos tutores e dos 
curadores pelos danos causados pelos tutelados e curatelados, segundos o art. 932, incs. I e II, 
c/c art. 933. 
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Já no âmbito do Direito das Obrigações, analisamos as diferenças entre obrigação e 
responsabilidade, pelo que se pode imputar a alguém a responsabilidade pelo 
inadimplemento de uma obrigação de outrem (como nos casos dos pais pelos filhos). Esse 
raciocínio é impensável no Direito Penal, dado que a condenação de alguém, que não o 
próprio agente, pela conduta alheia significaria que a pena ultrapassa a pessoa do ofensor. 
Nem mesmo as propostas criminais mais endurecedoras sugerem essa possibilidade. 
As diferenças também existem quanto ao nexo de causalidade. Enquanto se utiliza, largamente, no Direito 
Civil, a “Teoria da causalidade adequada” ou a “Teoria do dano direto e imediato” (a depender do gosto do 
freguês) para limitar o nexo de causalidade, no Direito Penal, o limitador do nexo causal é o dolo, pela “Teoria 
Finalista”. Se analisada a “Teoria da imputação objetiva” do Direito Penal, chegaremos à conclusão de que 
ela se parece, em certa medida, com a “Teoria do dano direto e imediato” do Direito Civil. 
Ainda que seja pouco utilizada a “Teoria da imputação objetiva” lá, já que ela não resolve a maioria das 
situações concretas, as críticas a ela dirigidas são bastante parecidas com as críticas que a “Teoria do dano 
direto e imediato” sofre aqui, no Direito Privado. 
A própria essência do Direito Civil e do Direito Penal é distinta. Enquanto na 
responsabilidade civil a tutela se volta à vítima, no Direito Penal a tutela se volta ao 
ofensor, em linhas gerais. 
Na responsabilidade civil é frequente a crítica a dispositivos que tutelam o ofensor, como o parágrafo 
único do art. 944 (“Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz 
reduzir a indenização”). A redução da indenização se dá em razão do ofensor; a vítima ficará sem restituição 
integral, o que viola a racionalidade básica do sistema. 
Na responsabilidade penal, ao contrário, há frequente crítica a dispositivos que tutelam a vítima, como o art. 
72 da Lei 9.099/1995 (“Na audiência preliminar, presente o representante do MP, o autor do fato e a vítima, 
o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos”). Quebra-se, em alguma medida, o 
monopólio estatal da aplicação da lei penal, já que o ofendido poderá obstar a continuidade da persecução 
penal, voluntariamente. 
Modernamente, os pontos de contato também se tornam mais frequentes. Enquanto há uma 
tendência, no Direito Penal, ao uso maior das penas alternativas (como a restritiva de direitos 
ou mesmo a composição penal) em detrimento das penas privativas de liberdade, há uma 
tentativa, no Direito Civil, de ampliar o uso de medidas não-pecuniárias de reparação, de 
reparação in natura, como o direito de resposta e as obrigações de não-fazer. 
Ainda que atualmente as diferenças entre a responsabilidade civil e a responsabilidade penal sejam 
marcantes e bastante evidentes,

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