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Artigo Socio retirante

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Pereira Junior A D V O C A C I A www.pereirajunior.adv.br
A RESPONSABILIDADE DO SÓCIO QUE SE RETIRA DA SOCIEDADE E A REFORMA TRABALHISTA – LEI 13.457/2017
A reforma trabalhista aprovada em 13/07/2017 alterou diferentes pontos da Consolidação das Leis do Trabalho, seja no âmbito do direito material ou processual, dentre elas a limitação da responsabilidade trabalhista do sócio retirante.
 Sócio retirante é aquele que opta por deixar a sociedade. A sua saída pode ocorrer de duas formas: pela venda da sua participação para os demais sócios ou para terceiros, ou pelo exercício do seu direito de retirada. 
A saída do sócio não afasta a sua responsabilidade das obrigações trabalhistas referentes a empresa, apenas quando for extemporâneo, ou seja, durante seu vínculo societário não houve a relação trabalhista litigiosa. 
Assim, de acordo com a reforma trabalhista, em seu artigo 10-A: 
O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: 
I - a empresa devedora; 
II - os sócios atuais; e 
III - os sócios retirantes. 
Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. 
De fato, os bens pessoais do sócio retirante poderão ser afetados por constrição judicial na fase da execução da sentença condenatória trabalhista, que ocorrerá somente nos casos que o mesmo integrava o quadro societário da empresa no período de vigência do contrato de trabalho e desde que a ação trabalhista seja ajuizada até dois anos da averbação da saída do sócio retirante (se sociedade não empresária, no Cartório de Pessoas Jurídicas, se sociedade empresária, na Junta Comercial competente). 
O limite temporal para ajuizamento da ação é uma novidade da reforma, visto que, anteriormente, sem regulação, os créditos trabalhistas poderiam atingir o sócio retirante independente da observação dos dois anos, gerando decisões surpresas que em muito causavam comprometimento patrimonial dos retirantes mesmo após mais de 2 (dois) anos da sua saída do quadro social.
Outro ponto importante com relação ao sócio retirante foi a previsão de prévio incidente processual para sua inclusão no processo trabalhista, o que não ocorria anteriormente, visto que a CLT antes da reforma era omissa quanto a chamada desconsideração da personalidade jurídica.
Com a reforma foi inserido o artigo 855-A, que evitará decisões surpresas. O citado dispositivo reza que:
Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil.
§ 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente:
I- na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1º do art. 893 desta Consolidação;
II- na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de garantia do juízo;
III- cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal.
§ 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
Com efeito, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica será processado em processo próprio, apartado do principal, suspendendo o andamento deste. 
No caso de sócio retirante, deverá ser considerada apenas a data da distribuição da ação, que deverá ocorrer no prazo de 02 anos após a averbação do contrato, o que não afetará a data do início da execução.
Ressalta-se que nas lides trabalhistas aplicam-se a desconsideração máxima, ou seja, em caso de inclusão do sócio retirante na lide, este responderá por toda a dívida pendente, independente do montante da sua participação societária, cabendo-lhe direito de regresso com relação aos atuais sócios e/ou sócios cessionários, que adquiriram sua participação.
Assim, a reforma trabalhista quanto a responsabilidade do sócio retirante trará maior segurança jurídica, delimitando o prazo da sua responsabilidade após a saída da sociedade. Do ponto de vista empresarial, a aplicação da responsabilidade ilimitada e sem limite temporal gerava bastante insegurança, afetando empresários e investidores. 
A alteração visou combater, repita-se, a insegurança jurídica, disciplinando a responsabilidade do sócio retirante, que possibilitará a criação de novos negócios e a geração de empregos. 
A Reforma Trabalhista entrará em vigor a partir do dia 11 de novembro de 2017. Assim, os órgãos da Justiça do Trabalho passarão a aplicar a nova regra contida no art. 10-A, com a limitação de dois anos de retirada do sócio para responsabilização trabalhista e a necessidade de prévio processo incidental para sua inclusão na lide trabalhista. 
Estamos à disposição para maiores esclarecimentos.
Salvador(Ba.), 13 de Outubro de 2017.
JULIANA BARBOSA BARRETO 	 CAMILA VIEIRA
juliana@pereirajunior.adv.br 		 camila.vieira@pereirajunior.adv.br

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