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Alguns meios de impugnação de decisões judiciais processo civil III Roberto Borges Evangelista

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VIII - PAULO AFONSO 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROBERTO BORGES EVANGELISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns Meios de Impugnação das Decisões Judiciais: 
Embargos de Divergência, Ação Rescisória, Reclamação Constitucional, 
Recurso Extraordinário, Recurso Especial, Agravo nos Recursos Especial e 
Extraordinário e Querela Nullitatis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAULO AFONSO/BA, out/ 2016 
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Roberto Borges Evangelista 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns Meios de Impugnação das Decisões Judiciais: 
Embargos de Divergência, Ação Rescisória, Reclamação Constitucional, Recurso 
Extraordinário, Recurso Especial, Agravo nos Recursos Especial e 
Extraordinário e Querela Nullitatis. 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina Direito 
Processual Civil III, do curso de Bacharelado em 
Direito da Universidade do Estado da Bahia, como 
requisito para avaliação parcial, sob a orientação 
do Prof. Me. Isan Lima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAULO AFONSO/BA, out/ 2016 
3 
RESUMO: 
O presente artigo visa discutir acerca de alguns dos meio de impugnação de 
decisões judiciais, quais sejam Embargos de Divergência, Ação Rescisória, 
Reclamação Constitucional, Recurso Extraordinário, Recurso Especial, Agravo nos 
Recursos Especial e Extraordinário e Querela Nullitatis. Para tanto, realizou-se uma 
pesquisa bibliográfica e documental para tentar construir conhecimento acerca da plena 
defesa garantida em nossa legislação, inclusive com meios supra citados. O recorte 
metodológico dar-se-à através de revisão sistemática da literatura disponível, ou 
seja, fontes primárias de informação referentes ao assunto. 
 
Palavras-chave: Recursos. Decisão Judicial. Embargos de Divergência. Ação Rescisória. 
Reclamação Constitucional. Recurso Extraordinário. Recurso Especial. Agravo. Querela 
Nullitatis. 
 
RESUMEN 
Este artículo pretende discutir acerca de la clase de ineficacia de los juicios, que 
son embargos de apelación especial de divergencia, acción de rescisión, queja 
constitucional, recurso, apelación interlocutoria en especial y extraordinario 
recursos y querella Nullitatis. Para ello, una investigación bibliográfica y 
documentación para tratar de construir el conocimiento sobre la defensa completa 
garantizada en nuestra legislación, incluyendo los medios de comunicación 
mencionados. El metodológico da a través de la revisión sistemática de la literatura 
disponible, es decir, fuentes primarias de información sobre el tema. 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
 
As decisões judiciais, são sem sombra de dúvida um direito do jurisdicionado e um dever 
do Estado Juiz, posto que, não haveria sentido em se falar em processo civil, ou qualquer 
outro tipo de processo judicial, se não fosse garantida às partes a certeza de que haveria 
decisão, ou decisões, emanadas pelo Juiz para dirimir as contendas trazidas pelas partes 
ao crivo dos órgãos judiciais. Nesse sentido, e tendo em vista a falibilidade humana, pari 
passu com a previsão das decisões estão também previstas nas fontes do Direito 
Brasileiro os meios para com que as partes em litigio, caso haja necessidade 
(inconformismo), impugnar tais decisões. Este trabalho, entretanto, não se prestará a 
esgotar as explicações sobre todos os meios de impugnação das decisões judiciais, 
sendo alvo do presente estudo apenas, conforme citado alhures, os Embargos de 
Divergência, a Ação Rescisória, a Reclamação Constitucional, o Recurso Extraordinário, o 
Recurso Especial, o Agravo no Recursos Extraordinário e Especial e a Querela Nullitatis. 
Assim sendo, iremos neste artigo, através de pesquisa bibliográfica, consultado as 
normas, a jurisprudência e a doutrina, tentar traçar um panorama sobre os meios de 
impugnação supra citados na expectativa de que este material seja muita utilidade para os 
colegas acadêmicos do curso de Direito e quiça para os operadores do Direito em geral. 
 
5 
 
1. Decisão Judicial. 
 
Os atos do Juiz (lato sensu) divide-se em atos administrativos e judiciais. 
Administrativos porque pode o magistrado adotar decisões administrativas dentro de sua 
área de atuação, por exemplo horário de trabalho dos servidores, definir a função de cada 
servidor, etc. Já os atos judiciais, divide-se em despachos e decisões (decisão 
interlocutória e sentença). Nesse sentido o Código de Processo Civil de 2015, Lei 13.105 
de 16 de março de 20151, se mostra bastante didático não deixando muita margem para 
dúvidas no que tange aos pronunciamentos jurisdicionais do Juiz. 
 
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões 
interlocutórias e despachos. 
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, 
sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos 
arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem 
como extingue a execução. 
§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza 
decisória que não se enquadre no § 1o. 
§ 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados 
no processo, de ofício ou a requerimento da parte. 
 
 
Destarte, quando se fala em decisão, tendo em vista a exclusão contida no 
parágrafo terceiro do artigo 203 do CPC, citado acima, temos a sentença e a decisão 
interlocutória, sendo estes atos passives de impugnação pela parte irresignada. Para 
melhor entendimento vejamos a lição do grande doutrinador Bernardo Pimentel Souza.2 
 
Em síntese, os atos jurisdicionais podem ser classificados em 
pronunciamentos e outros atos jurisdicionais. Por sua vez, os 
pronunciamentos jurisdicionais podem ser divididos em razão da existência 
de conteúdo decisório e de gravame. Os pronunciamentos com conteúdo 
decisório e que causam gravame são denominados decisões7 e podem 
ser alvo de impugnação por meio de recurso processual. Em 
contraposição, os pronunciamentos sem conteúdo decisório e que não 
causam prejuízo às partes são intitulados despachos e não estão sujeitos a 
recurso algum. (pag. 52). 
 
 
1https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm, acesso 
em 07/11/2016, 13:00h. 
2 Introdução aos Recursos Cíveis e à Ação Rescisória. 10ª Ed. São Paulo. Saraiva. 
2014. 
6 
 
 
2. Recursos. 
Em que pese o termo recurso já está bastante familiar à comunidade jurídica, 
não nos parece despiciendo trazer uma definição da palavra, em sentido jurídico é claro. 
Assim sendo, sirvo-me da definição trazida pelo grande processualista brasileiro Fredie 
Didier Jr., em seu livro Curso de Direito Processual Civil3, o que deve bastar para 
introduzir o assunto principal do artigo em questão. 
 
Etimologicamente, o termo recurso significa refluxo, refazer o curso, 
retomar o caminho ou correr para o lugar de onde veio. Na linguagem 
jurídica, o termo é usualmente empregado num sentido amplo para 
identificar todo meio empregado por quem pretenda defender o seu direito. 
Nesse sentido, diz-se que a parte deve recorrer às vias ordinárias, deve 
recorrer às medidas protetivas da posse etc.'. Numa acepção mais 
técnica e restrita, recurso é o meio ou instrumento destinado a 
provocar o reexame da decisão judicial, no mesmo processo em que 
proferida, com a finalidade de obter-lhe a invalidação, a reforma, o 
esclarecimento ou a integração. (pag. 87). (grifei). 
 
 
3. Embargos de Divergência 
 
Tecidas as considerações inicias, assentada as definições de decisão e recurso, 
adentremosao tema principal do presente trabalho, começando com o estudo do recurso 
denominado Embargos de Divergência. Previsto nos artigos 1043 e 1044 do nosso 
Código de Processo Civil, este recurso tem como finalidade unificar o entendimento das 
turmas referente a decisões proferidas em acórdãos. Vê-se portanto que o telos (a 
finalidade) deste recurso não é outra senão a de dirimir um dissenso no Superior Tribunal 
de Justiça ou no Supremo Tribunal Federal, servindo para que o tribunal uniformize a sua 
interpretação sobre decisões a serem tomadas em alguma matéria especifica, sendo 
portanto um mecanismo apto a resolver um problema interno de falta de uniformidade de 
interpretação. Os Embargos de Divergência são classificados pela doutrina como recurso 
extraordinário ou excepcional, pois admite a discussão apenas de matéria de direito, 
enquanto os chamados recursos ordinários (apelação por exemplo) pode-se debater as 
matérias de fato e de direito. Quanto à fundamentação, este recurso tem a sua 
fundamentação vinculada, pois as hipóteses de fundamentação estão vinculadas à lei. 
 
3Didier Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: o processo civil nos tribunais, recursos, ações de 
competência originária de tribunal e querela nullitatis, incidentes de competência originária de tribunal. 
Fredie Didier Jr., Leonardo Carneiro da Cunha — 13. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016. 
7 
Este recurso tem a tempestividade normal de 15 (quinze) dias, para interpor e para 
responder (contra-arrazoar). Quanto à fundamentação, a jurisprudência do STJ e do STF 
e a doutrina entendem haver a necessidade de se demonstrar o dissenso entre as turmas. 
Vejamos novamente a posição de Fredie Didier: 
Somente serão admitidos os embargos de divergência, se houver o 
confronto analítico entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma. É 
preciso, na análise dos embargos de divergência, que o órgão jurisdicional 
possa cotejar o caso que foi submetido à sua apreciação com as 
particularidades do precedente com o qual está havendo a divergência. As 
hipóteses julgadas no acórdão recorrido e no acórdão paradigma devem 
conter similitude, a exemplo do que sucede no recurso especial interposto 
pela divergência jurisprudencial (CF/88, art. lo5, III, c; CPC, art. 1.029, § 
1°). (pag. 392). 
 
Nesse mesmo sentido Bernardo Pimentel4 assinala que: 
A petição deve estar acompanhada das razões recursais e do pedido de 
novo julgamento. Nas razões recursais, o embargante deve demonstrar o 
dissenso acerca da interpretação do direito. Para tanto, deve transcrever 
os trechos dos acórdãos confrontados que revelam a existência de 
dissídio. O embargante deve indicar com precisão os trechos que atestam 
a semelhança no tocante ao quadro fático e as diferentes soluções 
jurídicas dos acórdãos embargado e paradigma (pag. 585). 
 
Humberto Theodoro Júnior5, no seu livro Curso de Direito Processual Civil, 
afirma que 
Ao opor esses embargos, o recorrente deve comprovar a divergência, por 
meio de certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado de 
jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão 
divergente, ou com a reprodução de julgado disponível em rede de 
computadores, indicando a respectiva fonte (§ 4º). É indispensável, ainda, 
que mencione “as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos 
confrontados”. Vale dizer, deverá o embargante demonstrar, de forma 
analítica, a similitude ou identidade do suporte fático. (pag. 857). 
 
4. Ação Rescisória. 
 
Prevista e normatizada nos artigos 966 a 975 do Novo Código de Processo Civil, 
Lei 13.105/2015, a Ação Rescisória é uma verdadeira exceção à coisa julgada, aliais ela 
pressupõe a própria coisa julgada, não se trata portanto de um recurso, pois conforme o 
próprio nome já nos faz antever trata-se de uma ação autônoma de impugnação à 
 
4Bernardo Pimentel Souza: Introdução aos Recursos Cíveis e à Ação Rescisória, 10ª Ed. São Paulo. 
Saraiva . 2014. 
5Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual 
civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. III. 47. ed. rev., atual. e ampl. – Rio 
de Janeiro: Forense. 2016. 
8 
decisão judicial. Antes de gerar polêmica desnecessária ao estudo em questão resta 
assentar que essa exceção ao artigo 5º inciso XXXV da Constituição Federal de 19886 “A 
lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”; está 
também prevista na CF/88, em seu inciso XXXV, “A lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, cabendo pois ao legislador sopesar os limites 
atinentes a cada instituto acima explicitado. 
 
A importância da ação rescisória é a de possibilitar rever uma decisão já 
transitada em julgado, em tese imutável, trazendo um novo provimento judicial com a 
capacidade de rescindir (modificar) o que já fora decidido, dando oportunidade às partes 
de questionar novamente o judiciário em busca de uma nova decisão que lhe seja mais 
proveitosa. 
 
O novo CPC trouxe uma mudança significativa no que tange aos efeitos da Ação 
Rescisória, pois no Código antigo, Lei nº 5.869 de 11 de Janeiro de 19737 a previsão de 
rescindibilidade dizia respeito apenas à sentença, sendo que no CPC de 2015 o termo 
sentença foi substituído pelo termo decisão, mudança essa não apenas com efeito 
gramatical mas com efeito na abrangência deste meio de impugnação. 
 
CPC - Lei nº 5.869 de 11 de Janeiro de 1973. 
 
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser 
rescindida quando: 
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do 
juiz; 
II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; 
III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou 
de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; 
IV - ofender a coisa julgada; 
V - violar literal disposição de lei; 
Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo 
criminal ou seja provada na própria ação rescisória. (grifei). 
 
Vejamos agora a mudança trazida pelo novo Código de Processo Civil8 
 
 
6https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm, acesso em 07/11/2016, às 
19:50h. 
7http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm, acesso em 07/11/2016, às 18:35h. 
8https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm, acesso em 07/11/2016, às 
18:40h. 
9 
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida 
quando: 
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou 
corrupção do juiz; 
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente 
incompetente; 
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte 
vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de 
fraudar a lei; 
IV - ofender a coisa julgada; 
V - violar manifestamente norma jurídica; 
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo 
criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; 
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja 
existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe 
assegurar pronunciamento favorável; 
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. (grifei). 
 
 O contraponto da mudança da expressão sentença pelo termo decisão já foi 
analisado pela nossa doutrina e Fredie Didier9 assinala o seguinte: 
 
O art. 966 do CPC prevê a possibilidade de ação rescisória contra decisão 
de méritotransitada em julgado. O art. 485 do CPC-1973 continha a 
expressão "sentença de mérito". A mudança do termo "sentença" por 
"decisão" não foi ocasional. O propósito é evidente: permitir o 
ajuizamento de ação rescisória contra qualquer tipo decisão de 
mérito: decisão interlocutória,, sentença, decisão de relator ou acórdão. 
Não importa a espécie de decisão: tendo transitado em julgado, é 
rescindível. A mudança está em consonância com o sistema do CPC, que 
permite a prolação de decisões parciais: aquelas que dizem respeito a 
apenas parcela do objeto litigioso. (pag. 423). (grifei). 
 
Nesse mesmo contexto, em que pese ser o Novo Código de Processo Civil lei 
bastante recente, a moderna doutrina jurídica brasileira, agora representada por uma 
entidade denominada de Fórum Permanente de processualistas Civis – F.P.P.C10, nos 
seus enunciados 336 e 337, analisando o artigo 966 do Novo CPC, assinalam que cabe 
ação rescisória contra qualquer decisão seja sentença ou decisão interlocutória, além de 
pacificar a competência para julgar a rescisão considerando o órgão prolator da referida 
 
9Didier Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: o processo civil nos tribunais, recursos, ações de 
competência originária de tribunal e querela nullitatis, incidentes de competência originária de tribunal. 13ª. 
ed. Salvador. Jus Podivm. 2016. 
10http://portalprocessual.com/wp-content/uploads/2016/05/Carta-de-S%C3%A3o-Paulo.pdf, acesso em 
07/11/2016, às 19:25h. 
10 
decisão. 
 
336. (art. 966) Cabe ação rescisória contra decisão interlocutória de mérito. 
(Grupo Sentença, Coisa Julgada e Ação Rescisória). 
 
337. (art. 966, §3º) A competência para processar a ação rescisória contra 
capítulo de decisão deverá considerar o órgão jurisdicional que proferiu o 
capítulo rescindendo. (Grupo Sentença, Coisa Julgada e Ação Rescisória). 
 
 
O prazo para ajuizar a ação rescisória é de 02 (dois) anos do trânsito em julgado 
da decisão, podendo ser o prazo postergado, conforme indica o artigo 975 do CPC. Note-
se que a possibilidade de mudança do prazo prescricional para além dos 02 (dois) anos 
estabelecidos como regra depende da descoberta de prova nova, ou de ato atentatório à 
boa fé processual, como é o caso da simulação e da colusão (conluio) entre as partes. 
 
Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do 
trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. 
§ 1o Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o 
prazo a que se refere o caput, quando expirar durante férias forenses, 
recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense. 
§ 2o Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo 
será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 
(cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no 
processo. 
§ 3o Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo 
começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, 
que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da 
simulação ou da colusão. 
 
Nesse sentido, e falando de boa fé, cabe a trazer a lume as lições do Prof. 
Rizzatto Nunes11, em seu Curso de Direito do Consumidor: 
 
“Deste modo, quando se fala em boa-fé objetiva, pensa-se em 
comportamento fiel, leal, na atuação de cada uma das partes contratantes 
a fim de garantir respeito à outra. É um princípio que visa garantir ação 
sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão a ninguém, cooperando 
sempre para atingir o fim colimado no contrato, realizando os 
interesses das partes.” (pag. 128). (grifos nossos). 
 
 
5. Reclamação Constitucional 
 
 
11Rizzatto Nunes. Curso de Direito do Consumidor. 2ª. Edição. Saraiva. São Paulo. 2005. 
11 
Prevista no artigo 988 do CPC, está a Reclamação Constitucional. Houve, 
durante algum tempo na doutrina divergências sobre se ela seria recurso, sucedâneo 
recursal ou ação autônoma, conforme assinala Bernardo Pimentel12. 
 
Há séria controvérsia acerca da natureza jurídica da reclamação. Ainda 
que muito respeitáveis todas as diferentes correntes existentes na doutrina 
e na jurisprudência, a reclamação não é recurso nem mero incidente 
processual, mas, sim, processo independente, instaurado por força do 
exercício de ação autônoma de impugnação de estatura constitucional. 
(pag. 926). 
 
Destarte, esta celeuma foi dirimida, pois com advento do novo CPC, posto que, 
estando a reclamação constitucional fora do rol dos recursos, fica constatado que ela se 
trata de uma ação autônoma, com viés recursal, em que pese o entendimento do STF13 , 
que no seu enunciado 323 afirma ser a reclamação constitucional um desdobramento do 
direito de petição e não ação autônoma, conforme defende a maioria da doutrina. 
 
ADI N. 2.212-CE. RELATORA: MIN. ELLEN GRACIE 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 108, INCISO 
VII, ALÍNEA I DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ E ART. 21, 
INCISO VI, LETRA J DO REGIMENTO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
LOCAL. PREVISÃO, NO ÂMBITO ESTADUAL, DO INSTITUTO DA 
RECLAMAÇÃO. INSTITUTO DE NATUREZA PROCESSUAL 
CONSTITUCIONAL, SITUADO NO ÂMBITO DO DIREITO DE PETIÇÃO 
PREVISTO NO ARTIGO 5º, INCISO XXXIV, ALÍNEA A DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO ART. 22, INCISO I DA 
CARTA. 
1. A natureza jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma 
ação e nem de um incidente processual. Situa-se ela no âmbito do 
direito constitucional de petição previsto no artigo 5º, inciso XXXIV da 
Constituição Federal. Em consequência, a sua adoção pelo Estado-
membro, pela via legislativa local, não implica em invasão da competência 
privativa da União para legislar sobre direito processual (art. 22, I da CF). 
2. A reclamação constitui instrumento que, aplicado no âmbito dos 
Estados-membros, tem como objetivo evitar, no caso de ofensa à 
autoridade de um julgado, o caminho tortuoso e demorado dos recursos 
previstos na legislação processual, inegavelmente inconvenientes quando 
já tem a parte uma decisão definitiva. Visa, também, à preservação da 
competência dos Tribunais de Justiça estaduais, diante de eventual 
usurpação por parte de Juízo ou outro Tribunal local. 
3. A adoção desse instrumento pelos Estados-membros, além de estar em 
sintonia com o princípio da simetria, está em consonância com o princípio 
da efetividade das decisões judiciais. 
4. Ação direta de inconstitucionalidade improcedente. (noticiado no 
 
12Bernardo Pimentel Souza: Introdução aos Recursos Cíveis e à Ação Rescisória, 10ª Ed. São Paulo. Saraiva 
. 2014. 
13http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo329.htm, acesso em 
15/11/2016, às 22:00 horas. 
12 
Informativo 323). (grifamos). 
 
Esse entendimento é criticado por Fredie Didier14, que tem a reclamação 
constitucional como ação autônoma de impugnação de decisão judicial, o que me parece 
mais lógico, pois conforme disciplina o artigo 988 do nosso Código de processo Civil, a 
reclamação tem partes, pedido, produção de prova, e tramita ao largo do processo 
principal, autuada em apenso. 
 
Contrariamente ao que entende o STF, a reclamação não deve ser 
enquadrada como manifestação do direito de petição. Na reclamação, há 
exercício de pretensão à tutela jurídica do Estado, que se faz por meio de 
uma ação ou demanda judicial, cujos elementos estão presentes: há, na 
reclamação, partes, causa de pedir e pedido. Há, na reclamação, 
procedimento predefinido com observância do contraditório, não podendo 
o tribunal proceder de ofício. A reclamação depende de provocação da 
parte ou do Ministério Público,formando relação processual autônoma. É 
possível, na reclamação, haver concessão de tutela provisória, cabendo 
recurso da decisão que a defere ou indefere. O acórdão que julga a 
reclamação produz coisa julgada. A reclamação deve ser proposta por 
advogado constituído pela parte, podendo ser proposta pelo Ministério 
Público que detém capacidade postulatória. Tudo isso faz ver que a 
reclamação não constitui mero exercício do direito de petição; é uma ação. 
(pag. 536). 
 
Quanto ao cabimento, a doutrina é pacifica ao estender o cabimento da 
reclamação para os tribunais estaduais, usando para isso o princípio da simetria, 
superando a visão de que esta caberia apenas em sede do STJ e do STF. Vejamos as 
opiniões de Fredie Didier15 e Bernardo Pimentel16. 
 
Apoiados em uma interpretação literal e considerando a dificuldade de 
acesso direto ao STF e ao ST] a partir da primeira instância, alguns 
autores defendem somente ser cabível a reclamação a esses dois 
tribunais. Excepcionalmente, em razão do princípio da simetria, admitem 
reclamação para garantir a observância de decisão de tribunal de justiça 
em controle concentrado de constitucionalidade de leis locais em face da 
Constituição Estadual. Quem assim entende deverá, provavelmente, 
passar a sustentar, diante do disposto no art. 988 do CPC, que: seus 
incisos I e II são válidos, desde que o termo "tribunal" compreenda 
somente o STF, o STJ e os tribunais de justiça no exercício do controle 
 
14Didier Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: o processo civil nos tribunais, recursos, ações de 
competência originária de tribunal e querela nullitatis, incidentes de competência originária de tribunal. 13ª. 
ed. Salvador. Jus Podivm. 2016. 
15Didier Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: o processo civil nos tribunais, recursos, ações de 
competência originária de tribunal e querela nullitatis, incidentes de competência originária de tribunal. 13ª. 
ed. Salvador. Jus Podivm. 2016. 
16Bernardo Pimentel Souza: Introdução aos Recursos Cíveis e à Ação Rescisória, 10ª Ed. São Paulo. Saraiva 
. 2014. 
13 
concentrado de inconstitucionalidade local; a previsão do inciso II do § 50 
do art. 988 também seria válida; o inciso III é indiscutivelmente válido, 
sendo inconstitucional a previsão do inciso IV, sendo cabível a reclamação, 
nesta última hipótese, apenas para o STF e STJ, a fim de garantir a 
observância de precedente firmado em incidente de assunção de 
competência. Esse entendimento restritivo não é correto, pois limita 
indevidamente a possibilidade de o legislador criar reclamação, cujo 
fundamento repousa na teoria dos poderes implícitos. Ademais, o 
entendimento restritivo deixa sem solução o problema da inadmissão da 
apelação pelo juiz de primeiro grau. A este não é mais possível exercer a 
admissibilidade da apelação (art. 1.010, § 3°, CPC), não sendo cabível 
agravo de instrumento da decisão que inadmite apelação, justamente 
porque não é possível haver decisão que inadmita apelação. Na verdade, 
nesse caso, "cabe reclamação, por usurpação de competência do tribunal 
de justiça ou do tribunal regional federal, contra a decisão de juiz de 1° 
grau que inadmitir recurso de apelação". (Didier Jr., Fredie, pag 528/529). 
 
Em suma, além das competências constitucionais expressas em prol do 
Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, é lícito afirmar 
que a reclamação também é admissível em outros tribunais, como nos 
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal. (Bernardo Pimentel, 
pag 930). 
 
A doutrina afirma que a reclamação constitucional baseia-se na existência do 
princípio dos poderes implícitos dos Tribunais, e na reserva legal, pois tendo eles a 
competência para julgar devem, por óbvio, deter o poder dar efetividade aos seus 
julgados, bem como o defender a sua competência. 
 
Quanto à fundamentação, a reclamação tem a sua vinculada aos cânones do 
artigo 988 do CPC e aos artigos 102 e 103 da Constituição Federal de 1988. Ademais, a 
doutrina entende que o rol do artigo 988 para o cabimento da reclamação é exaustivo e 
não permite dilações. Explica Fredie Didier que: “A reclamação somente cabe, enfim, se 
houver sido afirmada uma das hipóteses típicas previstas em lei. Os casos de reclamação 
não são exemplificativos; o rol do art. 988 do CPC é exaustivo” (pag. 540). 
 
 
6. Recursos Extraordinário e Especial 
 
6.1 DO RECURSO ESPECIAL 
 
 
 
É o recurso interposto junto ao STJ - Superior Tribunal de Justiça, o qual detém 
a competência e legitimidade para proceder a interpretação jurisprudencial e o fomento 
pela manutenção da legislação federal infraconstitucional. 
 
14 
Os pressupostos de cabimento ao recurso especial são vinculadas no inciso III 
do art. 105 da CF/88, conforme enunciado: 
 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) III – julgar, em 
recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, 
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, 
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) 
contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar 
válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a 
lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro 
tribunal. (Grifo nosso). 
 
O STJ examina e decide o recurso especial aplicando a lei recepcionando ou 
não, a reforma da decisão impugnada; uniformizando o entendimento da norma 
sobreposta de forma contrária a interpretação de outros tribunais, face a decisão 
recorrida. 
 
Cássio Scarpinella BUENO17 leciona: 
 
O recurso especial volta-se a questões de direito infraconstitucional 
federal. O que se quer com ele, em última análise, é viabilizar que o STJ, 
no exercício de sua competência recursal especial, dê a última palavra 
sobre a interpretação da lei federal em todo o território nacional. Mesmo 
nos casos da alínea b do inciso III do art. 105, o confronto lá retratado diz 
respeito ao prevalecimento de lei federal sobre ato infra legal estadual. 
(2016. p. 783) 
 
Também o NCPC – a partir da Lei nº 13.105, de 17 de março de 2015, D.O.U. – 
Elencados na Seção II do Capítulo VI do Título II do Livro III da Parte Especial dispõem 
sobre a interposição do recurso extraordinário e do recurso especial, conjuntamente. 
Notam-se duas subseções que compartilham a disciplina: artigos 1.029 a 1.035, suas 
disposições gerais; e, os artigos 1.036 a 1.041, que tratam do julgamento dos Recursos 
Extraordinário e Especial Repetitivos. 
 
Fredie DIDIER JR reporta-se sobre essa matéria ressaltando a queda da 
admissibilidade no juízo a quo, e a mudança concernente a essas disposições genéricas: 
 
O Recurso Extraordinário será dividido em duas partes: 1- modo geral; 2- 
mudanças nos recursos repetitivos. 1 - Mudança na parte geral dos 
Recursos Extraordinário: Não há mais nos Recursos extraordinários (RE 
no STF e Resp no STJ) juízo de admissibilidade no juízo a quo, o tribunal a 
quo vai apenas ouvir a outra parte e remeter para o tribunal superior, com 
essa mudança deixou de existir o agravo para destrancar o recurso 
extraordinário, era um recurso previsto no artigo 544 do CPC/73. Não há 
mais juízo de admissibilidade na origem. (2016. p. 392) 
 
Estatuindo, assim, tais dispositivos, procedimento único para interposição, tanto 
do Recurso Especial, quanto do Recurso Extraordinário. 
 
Nesse aporte é de muita valia a lição assertiva de Daniel Amorim Assumpção 
 
17Cassio Scarpinella Bueno. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, 
de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo. Saraiva. 2016.15 
Neves18: 
 
O prazo para o ingresso dos recursos excepcionais é de 15 dias, 
sendo aplicáveis as regras de contagem de prazo em dobro, 
devendo-se alertar que a contagem em dobro do prazo na hipótese 
de haver na demanda litisconsortes com pluralidade de patronos de 
diferentes sociedades de advogados depende, além da sucumbência 
de mais de um dos litisconsortes, de que mais de um deles tenha 
ingressado com o recurso que gerou o acórdão – ou 
excepcionalmente a decisão na hipótese do art. 34 da LEF –, que 
agora se pretende impugnar por meio do recurso extraordinário e/ou 
do recurso especial.(2016. p. 2920). 
 
O Recurso especial não se voltará apenas contra o acórdão que versar sobre 
matéria de mérito. Poderá, também, impugnar julgado que não apreciou o mérito da 
causa, a partir de interpretação de lei processual diversa daquela que lhe haja atribuído o 
acordão emanado de outro tribunal. 
 
Nesse diapasão está a cediça hermenêutica de José Tadeu Neves XAVIER19, 
no livro Novo código de processo civil anotado / OAB. – Porto Alegre, assim reportada: 
 
As petições dos recursos especial e extraordinário deverão conter: (a) a 
exposição do fato e do direito, consistente numa narrativa do conteúdo do 
recurso, tanto em relação aos aspectos que delimitam a situação posta em 
juízo como do direito debatido no caso; (b) a demonstração do cabimento 
do recurso, com o a indicação do direito federal violado no caso do recurso 
especial e do preceito constitucional discutido, em se tratando de recurso 
extraordinário, indicando respectivamente a incidência de algum dos 
incisos dos art. 105 e 102, da CF, de acordo com a espécie recursal 
adequada; (c) as razões do pedido de reforma ou de invalidação da 
decisão recorrida. 
Na hipótese do recurso especial fundar-se na divergência jurisprudencial é 
vedada a sua não admissão por meio de decisão que contenha 
fundamento genérico de que as circunstâncias fáticas são distintas (v.g.: 
“não admito o presente recurso especial eis que não está presente a 
similitudes de situações fáticas”). 
O texto legislativo autoriza o STF e o STJ a desconsiderarem vício formal 
de recurso tempestivo ou determinar a sua correção, quando este não seja 
reputado como grave. Trata-se de mensagem que nitidamente indica a 
superação da nefasta jurisprudência defensiva dos tribunais em sede 
recursal. (2015. p. 812). 
 
O objeto da análise do recurso extraordinário pelo STF é a uniformização do 
entendimento jurisprudencial nacional, seja da interpretação ou aplicação normativa 
constitucional, e, assim também, o controle de constitucionalidade difuso. Tudo, nos 
termos da Constituição Federal de 1988, artigo 103, III, alíneas a, b, c, d. Observando-se, 
ainda, o disposto no § 3º, do artigo 102, CF/88 “No recurso extraordinário o recorrente deverá 
demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da 
lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela 
 
18Daniel Amorim Assumpção Neves. Manual de direito processual civil – Volume único 8. ed. Salvador. 
JusPodivm. 2016. 
 
19José Tadeu Neves Xavier. OAB/ESA-RS. Novo código de processo civil anotado / OAB. – Porto Alegre: 
OAB RS. 2015. 
16 
manifestação de dois terços de seus membros”. 
 
O CPC de 2015 traz na disposição do seu artigo 1.029, as premissas 
constitucionais de cabimentos desses recursos excepcionais. Segundo, Cássio 
Scarpinnella BUENO20: 
 
É necessário extrair do inciso III do art. 102 da CF, outrossim, o 
entendimento de que o recurso extraordinário pressupõe decisão proferida 
em única ou última instância. Não há, aqui, necessidade de ela ter sido 
proferida por nenhum Tribunal, sendo bastante que da decisão não caiba 
mais nenhum outro recurso ordinário, os termos da classificação que 
proponho no n. 2.2, supra. A exigência, além de confirmar a necessidade e 
a importância da causa decidida, marca a função, a ser exercida pelo STF 
no exercício de sua competência recursal extraordinária, de estabelecer 
parâmetros interpretativos objetivos das questões constitucionais. Não se 
trata de uma nova, terceira ou quarta instâncias. Como aquele dispositivo 
não faz nenhuma menção a Tribunal, é correto entender que é possível 
recurso extraordinário de decisões dos Juizados Especiais, desde que se 
tratem das decisões sobre as quais não caiba nenhum outro recurso. 
(2016. p. 782). 
 
Do exposto importa ressaltar que os mesmos requisitos pressupostos ao 
recurso extraordinário e a indeclinável exigência do esgotamento recursal por via do 
exaurimento da instância são também imperativas para a admissibilidade do recurso 
especial, ao qual também requer causa decidida. 
 
Há, contudo, único aspecto singular reportado ao recurso especial, para o qual 
implica que a decisão impugnada no STJ seja originada ou exarada por Tribunal de 
Justiça ou Tribunal Regional Federal. Isso é o bastante para rejeitar o recurso especial de 
decisões emanadas dos Juizados Especiais, inclusive, ainda que esgotados todos os 
meios de recursos cabíveis prevalecendo o modelo constitucional. É o entendimento 
unificado na Súmula 203 – STJ. 
 
Via de regra, quando da ocorrência múltiplas de recursos extraordinários, cujos 
fundamentos incidam em controvérsia análoga, deverá o Presidente do tribunal de origem 
do recurso escolher um ou mais, dentre os recursos idênticos, como representativos 
daquela controvérsia exarando também a suspensão dos demais até decisão do STF 
definitiva. 
 
O Professor Doutor Daniel Neves21, nesse ínterim preceitua o seguinte: 
 
 O reconhecimento da repercussão geral sobre determinada matéria 
acarreta como efeito mediato a suspensão do processamento de todos os 
processos pendentes que tramitem no território nacional que tenham por 
objeto a matéria em questão, quer sejam de natureza individual ou 
coletiva. No caso de já existirem recursos extraordinários interpostos, estes 
terão o seu curso sobrestado, até o julgamento do recurso paradigma, que 
deverá ocorrer no prazo de um ano. (2015.p. 814) 
 
 
20Cassio Scarpinella Bueno. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, 
de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo. Saraiva. 2016. 
21Daniel Amorim Assumpção Neves. Manual de direito processual civil – Volume único 8. ed. 
Salvador. JusPodivm. 2016. 
17 
 
7. Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário: 
 
 
O nosso Código de Processo civil de 201522, com vigência a partir de 2016, 
traz as seguintes assertivas: 
 
 
Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão de presidente ou de vice-
presidente do tribunal que: 
I - indeferir pedido formulado com base no art. 1.035, § 6o, ou no art. 
1.036, § 2o, de inadmissão de recurso especial ou extraordinário 
intempestivo; 
II - inadmitir, com base no art. 1.040, inciso I, recurso especial ou 
extraordinário sob o fundamento de que o acórdão recorrido coincide com 
a orientação do tribunal superior; 
III - inadmitir recurso extraordinário, com base no art. 1.035, § 8o, ou no 
art. 1.039, parágrafo único, sob o fundamento de que o Supremo Tribunal 
Federal reconheceu a inexistência de repercussão geral da questão 
constitucional discutida. 
§ 1o Sob pena de não conhecimento do agravo, incumbirá ao agravante 
demonstrar, de forma expressa: 
I - a intempestividade do recurso especial ou extraordinário sobrestado, 
quando o recurso fundar-se na hipótese do inciso I do caput deste artigo; 
II - a existência de distinção entre o caso em análise e o precedente 
invocado, quando a inadmissão do recurso: 
a) especial ou extraordinário fundar-se em entendimento firmado em 
julgamento de recurso repetitivopor tribunal superior; 
b) extraordinário fundar-se em decisão anterior do Supremo Tribunal 
Federal de inexistência de repercussão geral da questão constitucional 
discutida. 
§ 2o A petição de agravo será dirigida ao presidente ou vice-presidente do 
tribunal de origem e independe do pagamento de custas e despesas 
postais. 
§ 3o O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no 
prazo de 15 (quinze) dias. 
§ 4o Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será 
remetido ao tribunal superior competente. 
§ 5o O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o 
recurso especial ou extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação 
oral, observando-se, ainda, o disposto no regimento interno do tribunal 
respectivo. 
§ 6o Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário e 
especial, o agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não 
admitido. 
§ 7o Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal 
competente, e, havendo interposição conjunta, os autos serão remetidos 
ao Superior Tribunal de Justiça. 
§ 8o Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, 
se for o caso, do recurso especial, independentemente de pedido, os autos 
serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do agravo a 
ele dirigido, salvo se estiver prejudicado. 
 
 
22Novo Código de Processo Civil. – Lei nº 13.105, de 16 de março de 2016. 1. ed. Rev. e atual. – 
DISPONÍVEL: >www.megajuridico.com< Acesso em: 15 nov 2016. 
18 
Trata-se de um agravo privativo contra a decisão de presidente ou vice-
presidente de tribunal. Tal instrumento recursal não tem parâmetro com nenhum agravo 
do código de 1973. Dada a redação da Lei n. 13.256/2016 consigna um novo recurso a 
ser prestigiado sem quaisquer prevenções do jurista. Os requisitos de cabimento dar-se-
ão quando da inadmissão de Recurso Extraordinário ou Recurso Especial, salvo quando 
basear-se na observância de entendimento jurisprudencial firmado em regime de 
Repercussão Geral ou da apreciação de recursos repetitivos. Nesse sentido, DIDER JR23 
é performático ao lecionar: 
 
A única justificativa desse agravo é a inadmissão do STJ e do STF do 
recurso, sendo que o recurso é distinto do caso precedente. É um recurso 
de fundamentação vinculada. É um Recurso sem preparo. Permite juízo de 
retratação. O objetivo aqui é o de permitir que o recurso inadmitido suba ao 
tribunal superior, sendo julgado o agravo e o recurso anteriormente 
inadmitido ao mesmo tempo. Um agravo para cada recurso: extraordinário 
e especial. Um agravo vai para o STJ e o outro para o STF. Quando se 
interpõe conjuntamente o Resp e o REx, primeiramente vai para o STJ e 
depois para o STF. Esse recurso é exclusivo ao sistema de julgamento de 
casos repetitivos. Compõe esse sistema e somente se aplica a ele. (2016. 
p.419). 
 
 
23 Fredie Didier Jr. Curso do Novo Código de Processo Civil. 2. ed. Rev. e atual. – Salvador: JusPodivm, 
2016. 
19 
REFERÊNCIAS 
 
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente 
estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. 
rev., atual. e ampl. – São Paulo. Saraiva. 2016. 
 
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. 2. ed. São Paulo. Atlas. 
2016. 
 
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: o processo civil nos tribunais, 
recursos, ações de competência originária de tribunal e querela nullitatis, 
incidentes de competência originária de tribunal 13. ed. Salvador. JusPodivm. 2016. 
 
DIDIER JR, Fredie. Curso do Novo Código de Processo Civil. 2. ed. Rev. e atual. – 
Salvador. JusPodivm. 2016. 
 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único 
8. ed. Salvador. JusPodivm. 2016. 
 
NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 2ª. Edição. São Paulo. Saraiva. 
2005. 
SOUZA, Bernardo Pimentel,: Introdução aos Recursos Cíveis e à Ação Rescisória, 10ª 
Ed. São Paulo. Saraiva . 2014. 
 
THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do 
direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. III. 
47. ed. rev.– Rio de Janeiro. Forense. 2016. 
 
XAVIER, José Tadeu Neves. OAB/ESA-RS. Novo código de processo civil anotado / 
OAB. – Porto Alegre: OAB RS. 2015. 
 
BRASIL, Constituição da República Federativa do. Vade Mecum Saraiva 2014. 17. ed. 
Atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
BRASIL, Código de Processo Civil. Novo Código de Processo Civil. – Lei nº 13.105, de 
16 de março de 2016. 1. ed. Rev. e atual. – DISPONÍVEL: >www.megajuridico.com< 
Acesso em: 15 nov 2016. 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm, acesso em 
15/11/2016, às 22:00 horas. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm, acesso em 15/11/2016, às 22:10 
horas. 
 
http://portalprocessual.com/wp-content/uploads/2016/05/Carta-de-S%C3%A3o-Paulo.pdf, 
acesso em 15/11/2016, às 22:30 horas. 
 
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo329.htm, acesso em 
15/11/2016, às 22:00 horas. 
 
20 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm, acessado em 
17/11/2016, às 17:00 horas.

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