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Controle biológico de pragas com predadores O controle biológico é um fenômeno natural que consiste na regulação do número de plantas e animais pelos inimigos naturais, os agentes bióticos de mortalidade. Todos os seres vivos possuem inimigos naturais. Os inimigos naturais de insetos são, às vezes, chamados de “organismos benéficos” ou simplesmente “benéficos”. Eles são classificados em predadores, parasitóides e patógenos. Os insetos predadores são organismos de vida livre (ou seja, caminham sobre o solo ou sobre as plantas para encontrar o seu alimento, que é chamado de presa) durante todo o ciclo de vida, atacando sua presa, matando-a ao mastiga-los e a consumindo ou ao sugar o conteúdo do seu corpo (“sangue”). Outros como a aranha, o louva-a-deus e alguns percevejos, aguardam “pacientemente” a chegada do alimento. Aranha Louva-a-deus São seres que para se alimentarem caçam e devoram outros seres que podem ser , inclusive, da mesma espécie ou um ácaro. Do ponto de vista de hábito alimentar, ocorrem dois tipos de predadores: aqueles com aparelho bucal mastigador, como exemplo, os besouros conhecidos como “joaninhas”, os quais simplesmente mastigam suas vitimas, como um todo e aqueles com aparelho bucal sugador, como insetos da família Reduviidae (percevejos) ou a larvado- bicho-lixeiro, que sugam os sucos internos das vítimas. Joaninhas Percevejo Predação da cochonilha-do-carmim (Dactylopius opuntiae) por bicho-lixeiro Muitos insetos predadores se alimentam de presas apenas enquanto são jovens (larvas ou ninfas), e na fase adulta alimentam-se de substâncias adocicadas, como néctar, pólen ou líquidos liberados por outros insetos sobre as plantas. Outras espécies agem como predadores tanto na fase jovem como na adulta. Os predadores podem ser: Polífagos: tendo uma ampla faixa de hospedeiros; Oligófagos: tendo uma faixa restrita de hospedeiro; Monófagos: altamente específico de uma presa; A maioria dos predadores é composta de insetos que não apresentam muita preferência, alimentando-se de uma infinidade de presas pertencentes a diferentes grupos. Entretanto, alguns desses inimigos naturais são bastante específicos e preferem somente determinadas presas. Exemplo de um predador: joaninha Um predador geralmente é relativamente grande comparado a sua presa, o qual paralisa e depois devora ou suga os sólidos do conteúdo fluido do corpo, rapidamente. Tipicamente, o predador consome vários indivíduos de sua presa durante seu desenvolvimento. Os insetos predadores podem alimentar-se indistintamente de todas as fases do hospedeiro: ovo, larva (ou ninfa), pupa e adulto. Stiretrus decastigmus (predador de Microtheca ochroloma Stal) Normalmente os predadores necessitam, consumir mais de uma presa para completar o seu desenvolvimento. Os predadores estão presentes em várias ordens de insetos, sendo as mais importantes: Coleoptera (Famílias Coccinellidae, Carabidae), Diptera (Familias Syrphidae, Asilidae), Hemiptera (Famílias Anthocoridae, Pentatomidae, Reduviidae), Neuroptera (Família Chrysopidae), Hymenoptera (Família Vespidae), Dermaptera (Famílias Forficulidae, Labiduridae). Alguns exemplos de insetos predadores, Orius insidiosus, Chrysoperla externa, Labidura riparia, Cycloneda sanguinea, Porasilus barbiellinii, Brachygastra lecheguana, Podisus nigrispinus. Os predadores são representados por: joaninha, crisopídeos, crysoperla, percevejos e tesourinhas, moscas sirfídeos, moscas dolicopodídeas, moscas asilídeas, besouros carabídeos, vespas ou marimbondos, percevejos orius, percevejos geocoris, percevejos reduviídeos, percevejos pentatomídeos, ácaros predadores, aranhas. Os insetos chamados, vulgarmente, de joaninhas são pertencentes à família Coccinellidae. No entanto, a atuação no controle biológico de pragas como predadores, é a principal característica que faz com que estes insetos se destaquem. Joaninhas (Coccinellidae) Gêneros: Azya Cycloneda Eriopsis Rodolia Scymnus Presas dos adultos: ovos, larvas, pulgões e ácaros Presas das larvas: ovos, larvas, pulgões e ácaros Besouros Famílias: Carabidae Ciccindelidae Staphylinidae Presas: ovos, larvas, pupas, caracóis Percevejos (Reduviidae) Gêneros: Zelus Presas: ovos, larvas, pulgões, insetos adultos Bicho- lixeiro (Chrysopidae). Percevejos (Reduviidae) Gêneros: Zelus Presas: ovos, larvas, pulgões, insetos adultos Bicho-lixeiro (Chrysopidae) Gêneros: Chrysoperla Ceraeochrysa Presas: ovos, lagartas, ninfas e pulgões Um programa de controle biológico deve ser bem planejado, e várias etapas devem compor este programa, de acordo com van Lenteren (2000) e Parra et.al. (2002): 1. Conhecimento taxonômico da praga-alvo, sua região de origem. 2. Informações coletadas, através de pesquisa na literatura, sobre a biologia, comportamento da praga, e outras que auxiliem no processo de controle da mesma. 3. Inventário dos inimigos naturais. 4. Seleção dos inimigos naturais mais promissores. Estudos mais detalhados sobre biologia, comportamento etc. 5. Criação massal do inimigo natural selecionado. Técnicas para criação massal. Controle de qualidade 6. Liberação do inimigo natural 7. Avaliação final da efetividade biológica e econômica Além dessas etapas do programa de controle biológico, é fundamental que haja certa lógica para que ele atinja o usuário, e as etapas, para tal lógica, seriam as seguintes: (a) seleção da (s) cultura (s) e do (s) inimigo (s) natural (is); (b) criação de pequeno porte do hospedeiro/presa para desenvolvimento de pesquisa básica; (c) desenvolvimento de um sistema de criação massal; (d) avaliação do custo/benefício e (e) transferência da tecnologia ao usuário (Figura 2). No Brasil, vários programas de controle biológico com entomófagos têm sido conduzidos e aplicados. O controle biológico pode ser realizado de duas maneiras: A primeira delas é por meio da aquisição dos insetos diretamente de fábricas comerciais e liberação no campo. Outra maneira é a preservação dos agentes do controle biológico natural existente na área, evitando práticas danosas a esses inimigos naturais, como o uso de produtos químicos não seletivos e baixo impacto ambiental. O efeito das introduções múltiplas no controle das populações das pragas depende de como os inimigos naturais, as pragas e as plantas interagem. Deve-se, portanto, levar em conta toda a teia alimentar do sistema na avaliação da compatibilidade de inimigos naturais, considerando não somente as interações numéricas (por exemplo, predação e competição), mas também as interações funcionais (resistência induzida, comportamento antipredador, etc.). Efeitos aditivos ou sinérgicos de liberações múltiplas de inimigos naturais podem ser alcançados quando as espécies introduzidas exploram diferentes subpopulações das pragas. Por exemplo, a liberação simultânea do crisopídeo Chrysoperla plorabunda e da joaninha Coccinella septempunctata teve um efeito aditivo negativo na população do pulgão Aphis fabae em feijão fava, pois esses predadores preferem explorar áreas diferentes das atacadas pelo pulgão nessaplanta. Um efeito sinérgico da utilização múltipla de inimigos naturais pode ser obtido quando a presença ou comportamento de um deles altera o comportamento da praga, tornando-a mais vulnerável ao outro inimigo natural. Efeitos indesejáveis no controle de pragas podem resultar da interferência de um inimigo natural no comportamento de outro, da predação intraguilda (feita por predadores que atacam e se alimentam de outros predadores), ou da modificação do comportamento de uma das pragas devido à presença de um dos inimigos naturais, tornando-a menos vulnerável ao ataque deles. Quando se utilizam predadores generalistas, apesar das suas vantagens (por exemplo: sobrevivência em situações de baixa densidade populacional da praga; facilidade de criação em laboratório quando comparados aos especialistas, e adaptação a presas alternativas), eles competem e se alimentam de outros inimigos naturais específicos (predação intraguilda). Como consequência, pode haver um aumento na população das pragas-alvo devido à exclusão da outra espécie de inimigo natural (presa intraguilda) e/ou à redução do tempo e esforços gastos pelo predador polífago (que come muito e coisas variadas) na predação da praga-alvo. Nesta figura, é apresentada parte de uma teia artificial em plantas de pepino em casas de vegetação, na Holanda, onde o controle biológico é aplicado. A teia alimentar é formada pela planta, duas espécies de pragas, o tripes Frankliniella occidentalis e o ácaro-rajado Tetranychus urticae e os inimigos naturais utilizados para controlá-lo. Os inimigos naturais do tripes são o ácaro predador Neoseiulus cucumeris e o predador generalista Orius laevigatus. Os Phytoseiulus persimilis e o N. californicus são usados para controlar o ácaro-rajado. . Referências http://www.emater.go.gov.br/intra/wp-content/uploads/downloads/2011/07/Controle- Biol%C3%B3gico-de-Pragas-em-Hortali%C3%A7as.pdf https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/985985/1/cap.8.pdf http://www.cnpms.embrapa.br/mipmilho/arquivos/500PRcontrole.pdf https://www2.cead.ufv.br/espacoProdutor/scripts/verArtigo.php?codigo=21&acao=exibi r http://www.den.ufla.br/attachments/article/75/ApostilaCB%20%28final%29.pdf
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