Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Níveis tróficos e teias alimentares Ecologia de Ecossistemas Profa. Sandra C. Müller 1 Lembrando: O padrão do fluxo de energia através de um compartimento trófico Ecologia de Ecossistemas 2011/II 2 O Conceito de teias alimentares Charles Elton (1920) salientou que os organismos que viviam num mesmo lugar não apenas apresentavam tolerâncias semelhantes aos fatores físicos no ambiente, mas também interagiam uns com os outros de forma sistemática em relações alimentares TEIA ALIMENTAR Considerar essas relações alimentares como uma unidade ecológica uma idéia nova no início do séc. XX princípios dos ecossistemas Ecologia de Ecossistemas 2011/II 3 Relações alimentares: Níveis tróficos descrevem as posições alimentares de grupos de organismos nos ecossistemas A matéria e a energia circulam … O estabelecimento destas relações de quem se alimenta de quem se denomina cadeia alimentar ou cadeia trófica Isso não implica entender as comunidades como organizadas linearmente… Considera-se a existência de múltiplas interações, com diferentes intensidades e complexidades das relações entre os diferentes níveis teoria das redes tróficas – teias alimentares Ecologia de Ecossistemas 2011/II Um exemplo de brejos salinos – transporte de energia entre ecossistemas através das cadeias tróficas Ecologia de Ecossistemas 2011/II 7 Organismos que não se “encaixam” nos grupos de níveis tróficos… Onívoros – organismos que ocupam múltiplos níveis tróficos Oportunistas alimentares Exemplos… Para fins de estudo e predição de fluxos em ecossistemas, a dieta de organismos onívoros pode ser compartimentada para refletir quanta energia eles consomem dentro de um dado nível trófico Ecologia de Ecossistemas 2011/II Ecologia de Ecossistemas 2011/II Peixes grandes Filhotes de peixes e insetos predadores (baixa abundância) Quironomídeos/ larvas de mosquito-pólvora (abundância alta) Algas filamentosas (abundância baixa) Forte pressão de predação Fraca pressão de predação Forte pressão de predação Fraca pressão de predação Fraca pressão de predação Forte pressão de predação Lagartos Aranhas fiandeiras (abundância alta) Artrópodes herbívoros (abundância baixa) Videiras marinhas (abundância alta) Forte pressão de predação Dois exemplos de teias alimentares com 4 níveis tróficos. As setas indicam a intensidade de predação ou herbivoria. Em (a) ausência de onivoridade. Em (b) presença de onívoros exercendo influência sobre o segundo nível trófico o sistema funciona como se fosse de 3 níveis. 9 Fluxo energético entre níveis tróficos Lembrando… A quantidade de energia transferida de um nível trófico para o próximo depende da qualidade da alimentação, bem como da abundância e da fisiologia do consumidor O fluxo energético entre os níveis tróficos pode ser ilustrado usando pirâmides de energia ou de biomassa Ecologia de Ecossistemas 2011/II Alta taxa de consumo Tempo vida curto dos produtores primários Sistemas aquáticos pobres em nutrientes, têm pirâmides invetidas -> fitoplâncton tem rápida ciclagem e altas taxas de crescimento, com curto tempo de vida Ecologia de Ecossistemas 2011/II Teias alimentares – redes tróficas Os sistemas geralmente apresentam cadeias de 3 a 4 níveis tróficos planta-herbívoro-predador Há ainda os efeitos diretos e indiretos que uma espécie pode ter sobre outras de mesmo nível trófico ou de outros níveis tróficos Os efeitos de um predador sobre indivíduos/populações de sua presa herbívora diretos e fáceis de compreender Entretanto, tais efeitos podem ser sentidos por qualquer população (indiretos - não necessariamente aquela consumida pelos organismos da teia), assim como por outros predadores e parasitas do herbívoro, ou por outros consumidores da mesma espécie vegetal ou competidores do herbívoro... Efeitos em cascata – cascata trófica 12 Cascatas tróficas – Mudanças na abundância dos organismos de um nível trófico podem influenciar o fluxo e energia em múltiplos níveis tróficos Há dois possíveis modos de olhar o controle do fluxo de energia nos ecossistemas Top-down Topo-base (de cima para baixo) Bottom-up Base-topo (de baixo para cima) Ecologia de Ecossistemas 2011/II Ecologia de Ecossistemas 2011/II Teorias de controle do funcionamento das redes tróficas De “cima para baixo” - controle top-down “o funcionamento de um ecossistema está sujeito à influência da predação exercida pelos níveis tróficos superiores (do topo das cadeias tróficas) sobre o inferiores (base das cadeias)” O recíproco também é verdadeiro... De “baixo para cima” – controle bottom-up “os recursos disponíveis, regulados pelo meio físico-químico, controlam as cadeias tróficas desde os produtores até os predadores” Entre os produtores, é verificada uma competição interespecífica pelos nutrientes, espaço, etc., como um fator regulador das populações Quando o sistema é visto como “controlado pelos recursos” também há a denominação “donor control” (controladas pelo doador) 15 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Entendendo os controles conforme o nº. de níveis tróficos... Desde 1 (!) até 4 Representação diagramática de comunidades com 1 a 4 níveis tróficos. Está ilustrado se o controle é previsto de baixo para cima (B – bottom-up) ou de cima para baixo (T – top-down) e se as dinâmicas populacionais são determinadas principalmente por competição (comp) ou predação (pred) Carnívoro secundário Carnívoro primário Herbívoro Plantas 1 2 3 4 níveis tróficos Ex. Tartaruga-das-galápagos --qdo isolada Ex. do inseto predador Trichhocorixa 16 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Um sistema de 4 níveis espera-se que As plantas e os carnívoros sejam limitados de cima para baixo, Herbívoros e carnívoros secundários sejam limitados de baixo para cima Carnívoro secundário Carnívoro primário Herbívoro Plantas 1 2 3 4 níveis tróficos 17 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Efeitos indiretos e diretos A remoção de espécies instrumento poderoso para revelar o funcionamento de uma teia alimentar O que se espera (sentido lógico)? Um aumento de um competidor ou, se a sp. removida for um predador, um aumento na abundância da presa Entretanto, as vezes o inverso pode ocorrer quando os efeitos indiretos são mais importantes que as vias diretas Um exemplo: a predação por aves foi manipulada experimentalmente por 2 anos Utilizaram-se gaiolas (10m²), gaivotas e ostreiros (2 spp aves) foram excluídas de áreas onde 3 spp de lapas (presa das aves) eram comuns No total, a biomassa de lapas foi muito menor na presença de aves efeito cascata sobre a biomassa de algas Entretanto, as respostas das espécies de lapas foram diferentes entre si… 18 Ecologia de Ecossistemas 2011/II 19 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Lottia digitalis Lottia pelta Lottia strigatella Tende a ocorrer sobre cracas suavemente coloridas, onde é camuflada Tende a ocorrer sobre mexilhões escuros É competitivamente inferior que as duas acima 20 Ecologia de Ecossistemas 2011/II O efeito cascata continua... ...sobre o nível trófico vegetal As lapas se alimentam das algas As cracas competem por espaço com as algas 21 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Exemplo de 3 níveis tróficos e a relação de controles... O decréscimo da salinidade num determinado ano permitiu a invasão do predador Trichocorixa reduziu a densidade do herbívoro - zooplancton aumento da densidade do fitoplancton menor transparência da água Salinidade Densidade de inseto predador Trichocorixa Densidade do herbívoro Artemia Taxa de pastejo Clorofila a Transparência da água 22 Ecologia de Ecossistemas 2011/II As cascatas tróficas são válidas para qualquer hábitat? Diferenças no efeito cascata em nível de espécies ou de comunidades... Já que a maioria dos estudos que apontam um efeito cascata foi realizada em ambientes aquáticos, perguntou-se: As cascatas tróficas são sempre molhadas? Um estudo (Schmitz et al. 2000) revisou 41 trabalhos em habitats terrestres demonstrando a ocorrência do efeito cascata Entretanto, Polis et al. (2000) destacou que tais trabalhos apontavam o efeito para um determinado conjunto da comunidade e não para níveis tróficos inteiros efeito cascata em nível de espécies Os autores destacaram que os efeitos mensurados eram em escalas pequenas e de curta duração não representavam a comunidade como um todo, tal como seria se a biomassa ou produtividade total fosse mensurada. 23 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Cascatas em nível de comunidade ocorrem em sistemas com as seguintes características (Polis et al. 2000): Habitats relativamente discretos e homogêneos As dinâmicas de populações de presas são uniformemente rápidas se comparadas com as de seus consumidores A presa comum tende a ser uniformemente comestível Os níveis tróficos tendem a ser discretos (bem definidos) e as ações entre as espécies tende a ser forte (cadeias tróficas bem delimitadas) 24 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Se as proposições anteriores forem corretas... as cascatas tróficas tendem a ocorrem mais em comunidades pelágicas de lagos e comunidades bentônicas de rios e costões rochosos (“molhadas”) Talvez em comunidades agrícolas também... Entretanto, afirmar isso não quer dizer que tais forças não aconteçam em sistemas mais difusos e ricos em espécies aqui os efeitos podem (e provavelmente são) abafados pela amplitude de trocas e padrões existentes (efeito de “gota” e não “cascata”) 25 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Top-down, bottom-up e as cascatas Sistemas sujeitos às cascatas tróficas + controles top-down Sistemas onde as cascatas só ocorrem em nível de espécies (se é que ocorrem...) controles top-down ou bottom-up Importância do controle top-down Por que o mundo é verde? (Hairston et al. (1960), propuseram isso num artigo) Por predominar o controle top-down a biomassa se acumula por que os predadores mantêm os herbívoros sob controle Pimm (1991), descrevendo as idéias de Murdoch (1966), afirma que Com um controle bottom-up o mundo também seria verde... “o mundo é verde, tem sabor desagradável e é espinhento” Plantas têm vários mecanismos de evitar a herbivoria limitando muito o que pode ser efetivamente consumido herbívoros estariam competindo pelo recurso escasso Há outras sugestões a produtividade estaria mantendo o balanço entre controles top-down e bottom-up, alterando a extensão das cadeias tróficas e os graus de influência de um ou outro controle. 26 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Redes tróficas: cuidados com relação às generalizações O que pode variar e tornar as generalizações imprecisas… O recrutamento dos predadores e da presas pode variar anualmente Várias sp. podem mudar de nível trófico ao longo de sua vida (ex.: um peixe na fase larval pode se alimentar de plâncton, na fase juvenil de invertebrados e de peixes na fase adulta) Uma presa pode ser consumida por predadores de diferentes níveis tróficos (as redes não consideram a freqüência e a intensidade) A composição da alimentação evolui ao longo das estações, conforme a disponibilidade Podem ocorrer trocas e nutrientes, detritos ou organismos entre os diversos tipos de habitat Transporte de matéria orgânica e nutrientes pelos consumidores entre sistemas - redistribuição rápida entre os habitats As migrações de numerosas espécies As classificações precisas das espécies quanto aos regimes alimentares… o regime onívoro é, provavelmente, mais expandido na natureza do que se considera, sendo subestimado nas redes tróficas 27 Teias alimentares são modelos conceituais de interações tróficas de organismos num ecossistema Diagramas mostrando as conexões entre organismos e o alimento por eles consumido Importante ferramenta para modelar as interações ecológicas que definem o fluxo de energia e as relações predador-presa e, consequentemente, a dinâmica de populações e comunidades associadas Teias alimentares são complexas! Ecologia de Ecossistemas 2011/II As forças de interações tróficas são variáveis Lembrar sempre que os modelos de teias alimentares são uma descrição estática de fluxo de energia e interações tróficas Na vida real, elas são dinâmicas com o passar do tempo… Além disso, em geral não consideram interações adicionais entre os organismos, como mutualismos de polinização e relações com microorganismos Ecologia de Ecossistemas 2011/II Padrões empíricos em redes tróficas: nº de níveis e ligações O comprimento das redes tróficas... Uma característica de qualquer rede trófica é o número de ligações tróficas (de uma espécie basal predador de topo) O nº de ligações normalmente tem sido investigado através da avaliação das redes tróficas Outra falha de qualquer aproximação é o fato de que os parasitas são em geral ignorados... 32 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Matriz de comunidade. Os caminhos possíveis considerando todas as cadeias alimentares são listados. 1. detritos, 2. plâncton, 3. algas bentônicas Ex. considerando o “1” via sp. “4” 4 comprimentos de cadeias alimentares (food chain lengths): 3, 3, 2 e 2. A fig. mostra 21 cadeias adicionais, sendo a média dos comprimentos = 2,32 Adicionando 1 a este valor, temos o nº de níveis tróficos que podem ser designados à rede trófica 33 A idéia da compartimentalização das redes tróficas... Qdo o nº de interação entre habitats é menor do que o esperado ao acaso... Não há respostas claras ainda Ecologia de Ecossistemas 2011/II 34 Ecologia de Ecossistemas 2011/II Atributos...análises e comparações... 1. Posição trófica: espécies basais, intermediárias, topo; 2. Links: relações tróficas entre espécies; 3. Conectância: C=L/(S(S-1)/2); 4. Densidade de ligações: L/S; 5. Compartimentação; 6. Onivoria: predação em mais de um nível trófico; Ecologia de Ecossistemas 2011/II Nature, 1991 Ecologia de Ecossistemas 2011/II
Compartilhar