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Aula Resíduos Sólidos

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA DE NITERÓI - UNIAN 
Rua Visconde do Rio Branco, 701 – Centro – Niterói – RJ 
Curso: Tecnólogo em Gestão Ambiental 
Professora: Heloisa Osanai Disciplina: Resíduos sólidos 
 
Informes Gerais - 2017.2 
Importante: Aplicativo SABER (livros) 
Conferir se o nome consta no sistema: Ir em Meu curso – Notas e Frequência 
AVA – É necessário “print” das tarefas realizadas (salvar) 
Canal Conecta – Programa de vagas para alunos. Cadastramento pelo portal. 
1ª Avaliação – Teste (26/09) e P1 (03/10) 
2ª Avalição: Teste (21/11) e P1 (28/11) 
Substitutiva: 12/12 
19/12 – Encerramento do período letivo 
22/12 – Fechamento do semestre (notas, frequências...) 
 
Conteúdo programático 
UNIDADES DE ENSINO 
 
I - CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS - 2016.2 
Conteúdo: Definição, histórico e problemática da geração de resíduos. - 2016.2 
Conteúdo: Aspectos legais e normativas. - 2016.2 
Conteúdo: Características físicas, químicas e biológicas. - 2016.2 
Conteúdo: Classificação dos Resíduos sólidos. - 2016.2 
 
II - GERENCIAMENTO INTEGRADO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - 2016.2 
Conteúdo: Minimização, coleta e transporte dos resíduos. - 2016.2 
Conteúdo: Reciclagem e reaproveitamento de resíduos gerados no meio urbano. - 2016.2 
Conteúdo: Gerenciamento do sistema de limpeza pública. - 2016.2 
Conteúdo: Aspectos de valorização dos resíduos urbanos. - 2016.2 
 
III - GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS - 2016.2 
Competência Técnica: Conhecer os principais aspectos referentes a gestão de resíduos sólidos. - 2016.2 
Conteúdo: Resíduos sólidos de serviço de saúde. - 2016.2 
Conteúdo: Resíduos sólidos de serviço de construção e demolição. - 2016.2 
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Conteúdo: Resíduos sólidos radioativos. - 2016.2 
Conteúdo: Residuos sólidos industriais. - 2016.2 
 Produto: Relatório sobre a gestão de resíduos sólidos - 2016.2 
 
IV - TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS - 2016.2 
Competência Técnica: Conhecer os principais tipos de tratamento e disposição final aplicados aos resíduos 
sólidos. - 2016.2 
Conteúdo: Aterros sanitários. - 2016.2 
Conteúdo: Aterros industriais. - 2016.2 
Conteúdo: Compostagem. - 2016.2 
Conteúdo: Incineração e pirólise. - 2016.2 
 Produto: Elaborar PGRS - 2016.2 
 
A CRISE AMBIENTAL 
 Segundo Miller (1985), nosso planeta pode ser comparado a uma astronave, deslocando-se a uma 
velocidade de cem mil quilômetros por hora pelo espaço sideral, sem possibilidade de parada para 
reabastecimento, mas dispondo de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de 
reciclagem de matéria. Existem atualmente, na astronave, ar, água e alimentos suficientes para manter 
seus passageiros. Com o progressivo aumento de passageiros, em forma exponencial, e a ausência de 
portos para reabastecimento, pode-se vislumbrar, a médio e longo prazos, problemas sérios para a 
manutenção de sua população. 
 A utilização dos recursos naturais de forma predatória e a consequente geração de resíduos pela 
população alteram a qualidade do meio ambiente no interior da astronave. Assim, o nível da qualidade 
de vida no planeta depende do equilíbrio entre a população, os recursos naturais disponíveis e os resíduos 
gerados pela população. 
 A população mundial cresceu de 2,5 bilhões em 1950 para 6 bilhões no ano 2000 (ONU, 1998) e, 
atualmente a taxa de crescimento está em aproximadamente 1,3 por cento ao ano. De acordo com a 
analogia da astronave, isso significa que atualmente ela transporta 6 bilhões de passageiros e, a cada ano, 
embarcam outros 78 milhões de passageiros. Esses passageiros são divididos em 230 nações nos cinco 
continentes, poucas das quais pertencem aos chamados países desenvolvidos, com 20 por cento da 
população total, e as demais são os chamados países em desenvolvimento ou países subdesenvolvidos, 
com os restantes 80 por cento da população. Devido às altas taxas de crescimento populacional que hoje 
somente ocorrem nos países menos desenvolvidos, essa situação de desequilíbrio tende a se agravar 
ainda mais. 
 Após a revolução industrial, com o desenvolvimento tecnológico, a população mundial cresceu 
vertiginosamente e nos dias atuais a taxa mundial bruta de natalidade é de 365.682 habitantes por dia, 
enquanto a taxa bruta de mortalidade é de 149.597 habitantes por dia. Portanto a taxa bruta de 
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natalidade é 2,4 vezes maior que a taxa bruta de mortalidade. A diferença entre as duas taxas significa 
215 mil novos passageiros por dia, 1,5 milhão por semana ou 78 milhões por ano. 
 Dentro dessa perspectiva de crescimento, cabe questionar até quando os recursos naturais serão 
suficientes para sustentar os passageiros da astronave Terra. Existem vários autores, como Lappe e Collins 
(1977), que contestam a tese de insuficiência de recursos naturais e responsabilizam a má-distribuição da 
renda e a má-orientação da produção agrícola pela fome no mundo atualmente (BRAGA. Benetido et al). 
Trechos do livro Introdução à Engenharia Ambiental. O Desafio do Desenvolvimento Sustentável. 
 
I - CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
Definição: Segundo a NBR 10.004/04 - Resíduos Sólidos - Classificação, resíduos sólidos são definidos 
como “resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades de origem industrial, 
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os 
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações 
de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu 
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e 
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”. 
Classificação: É importante classificar o resíduo a ser trabalhado porque em função dessa classificação 
será feito o equacionamento das decisões que devem ser desenvolvidas e executadas. Na literatura, 
observa-se que os resíduos sólidos podem ser classificados de várias maneiras, como por exemplo, 
segundo a natureza física ou pelo grau de biodegradabilidade, que transita entre alta, média e baixa 
degradação (BIDONE & POVINELLI, 1999), ou ainda em função composição química do resíduo, podendo 
identificá-lo com mais facilidade, quando dividida ou classificada a sua matéria em orgânica e inorgânica. 
Pode-se classificá-los também em função da sua origem, embora a classificação em função do seu grau 
de periculosidade também seja bastante utilizada (SAKAI et al., 1996; HARTLÉN, 1996; HOORNWEG, 2000; 
KGATHI e BOLAANE, 2001; BAI e SUTANTO, 2002; OJEDA-BENITEZ et al., 2003). Entretanto, dentre todas, 
as que merecem destaque são as que classificam os resíduos sólidos segundo a periculosidade dos 
mesmos e seus impactos à saúde e ao meio ambiente e segundo a sua fonte geradora. A primeira maneira 
de classificação citada é a adotada pela ABNT, e a segunda é a adotada pela maioria dos autores da área, 
por ser, provavelmente, mais específica e detalhada. A seguir encontram-se as duas classificações. 
Classificação segundo a NBR 10.004/04: 
a) resíduos classe I – Perigosos: são aqueles que apresentam inflamabilidade, corrosividade, reatividade, 
toxicidade ou patogenicidade, ou seja, são aqueles que apresentam risco à saúde pública, provocando 
mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices ou riscos ao meio-ambiente, quando 
gerenciados de forma inadequada; 
b) resíduos classe II – Não perigosos: Esses resíduos subdividem-se em resíduos: 
Classe II A – Não inertes: são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduosclasse I – 
Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Esses resíduos podem ter propriedades de 
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. 
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Classe II B – Inertes: São aqueles resíduos que quando submetidos a um contato dinâmico ou estático com 
água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não tenham nenhum de seus constituintes 
solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspecto, 
cor, turbidez, dureza e sabor. 
Classificação segundo a fonte geradora: 
Conforme SCHALCH (2002), BIDONE e POVINELLI (1999), CASTRO NETO e GUIMARÃES (2000), MARTINS 
(2004) e SANTOS e MARTINS (1995), pode-se classificar os resíduos sólidos, quanto à fonte geradora, em 
três categorias: 
Resíduos urbanos 
Resíduos sólidos urbanos (RSU) - Os resíduos sólidos urbanos implicam em resíduos resultantes das residências 
(domiciliar ou doméstico), resíduos de serviços de saúde, resíduos de construção civil, resíduos de poda e capina, 
resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários e os resíduos de serviços, que abrangem os 
resíduos comerciais, os resíduos de limpeza de bocas de lobo e os resíduos de varrição, de feiras e outros. A seguir 
tem-se uma breve definição de cada tipo. A saber: 
a) Resíduo residencial: denominado também de doméstico ou domiciliar, é originado nas residências e é constituído 
principalmente por restos de alimentação, papéis, papelão, vidros, metais ferrosos e não ferrosos, plásticos, 
madeira, trapos, couros, varreduras, capinas de jardim, entre outras substâncias (SANTOS e MARTINS, 1995); 
b) Resíduo de serviços de saúde (RSS): proveniente de hospitais, clínicas médicas e veterinárias, laboratórios de 
análises clínicas, farmácias, centros de saúde, consultórios odontológicos e outros estabelecimentos afins. 
Conforme a forma de geração, pode ser dividido em dois níveis distintos: o resíduo comum, que compreende os 
restos de alimentos, papéis, invólucros, dentre outros, e o resíduo séptico, constituído de resíduos advindos das 
salas de cirurgias, centros de hemodiálise, áreas de internação, isolamento, dentre outros. Embora represente uma 
pequena quantidade do total de resíduos gerados na comunidade, este tipo de resíduo exige atenção especial, com 
um correto acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final, devido ao potencial risco à saúde 
pública que pode oferecer. Entretanto, segundo a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (2000), citado por 
DA SILVA (2005), 76% das cidades brasileiras dispõem o resíduo de serviços de saúde juntamente com o resíduo 
doméstico nos aterros municipais. Dos municípios que tratam esses resíduos, 43,8% os incineram, 31,3% usam 
autoclave, 9,3% usam micro-ondas e 6,3% os queimam a céu aberto (ABRELPE, 2006). No Brasil, os RSS possuem 
legislação própria para o seu manuseio, através da Resolução CONAMA Nº5 que atribui responsabilidades 
específicas para os vários setores envolvidos: geradores, autoridades ambientais e sanitárias. Assim como os 
demais tipos de resíduos sólidos, a taxa de geração do resíduo de serviço de saúde também depende de vários 
fatores como o tipo da unidade de saúde, a capacidade, o nível de instrumentação e a localização da mesma. 
Entretanto, segundo estimativas de MONREAL (1993), citado por DA SILVA (2005), a média de produção desse tipo 
de resíduo pelos hospitais brasileiros é de 2,63 kg/leito. Dia ou 70 a 120 gramas/hab. Dia (ABRELPE, 2006); 
 c) Resíduo da construção civil ou resíduos de construção e demolição (RCD): denominado de entulho, são rejeitos 
provenientes de construções, reformas, demolições de obras de construção civil, restos de obras e os da preparação 
e da escavação de terrenos e outros. Em termos de quantidade, esse resíduo corresponde a algo em torno de 50% 
dos resíduos sólidos urbanos produzidos nas cidades brasileiras e do mundo com mais de 500 mil habitantes. 
(PINTO, 1999; FREITAS et al., 2003; SARDÁ e ROCHA, 2003). 
d) poda e capina: são produzidos esporadicamente e em quantidade variada. Como exemplos têm-se a folhagem 
de limpeza de jardins, os restos de poda, dentre outros; 
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e) resíduo de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: constituem os resíduos sépticos, que podem 
conter organismos patogênicos nos materiais de higiene e de uso pessoal, em restos de alimentos, dentre outros, 
provenientes de locais de grande transição de pessoas e mercadorias; 
f) resíduo de serviço comercial: abrange os resíduos resultantes dos diversos estabelecimentos 
comerciais, tais como escritórios, lojas, hotéis, restaurantes, supermercados, quitandas, dentre outros. 
No Reino Unido, este tipo de resíduo corresponde a 13% do total dos RSU (BURNLEY et al., 2007); 
g) resíduo de varrição, feiras e outros: abrangem os resíduos advindos da limpeza pública urbana, ou seja, 
são resultantes da varrição regular de ruas, da limpeza e a conservação de galerias, limpeza de feiras, de 
bocas de lobo, dos terrenos, dos córregos, das praias e feiras, dentre outros. 
Resíduos sólidos industriais (RSI) 
 Os resíduos sólidos industriais abrangem os resíduos das indústrias de transformação, os resíduos 
radiativos e os resíduos agrícolas, descritos a seguir: 
a) resíduos das indústrias de transformação: são os resíduos provenientes de diversos tipos e portes de 
indústrias de processamentos. São muito variados e apresentam características diversificadas, pois 
dependem do tipo de produto manufaturado devendo, portanto, serem estudados caso a caso; 
b) resíduos radioativos (lixo atômico): são os resíduos que emitem radiações acima dos limites permitidos 
pelas normas brasileiras, geralmente originados dos combustíveis nucleares, que de acordo com 
legislação que os especificam, são de competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear 
(CNEN); 
c) resíduos agrícolas: são os gerados das atividades da agricultura ou da pecuária, como as embalagens 
de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita e esterco animal. As embalagens de 
agroquímicos, por conterem um alto grau de toxicidade, estão subordinadas a uma legislação específica. 
Resíduos sólidos especiais 
 Existem ainda os resíduos ditos como especiais, em função de suas características diferenciadas, nos 
quais se inserem os pneus, as pilhas e baterias e as lâmpadas fluorescentes. 
a) Pneus: são graves os problemas ambientais causados pela destinação inadequada dos pneus usados, 
pois se deixados em ambientes abertos, sujeitos a chuvas, os mesmos podem acumular água e tornarem-
se locais propícios para proliferação de mosquitos vetores de doenças. Caso sejam encaminhados para os 
aterros convencionais, podem desestabilizar o aterro, em função dos vazios que provocam na massa de 
resíduos e se forem incinerados, a queima da borracha gera enormes quantidades de materiais particulados e gases 
tóxicos, necessitando assim de um sistema eficiente de tratamento dos gases, que é extremamente caro. Em função 
dessas dificuldades, alguns países do mundo responsabilizam os produtores de pneus pelo manejo e disposição 
final dos mesmos (HARTLÉN, 1996). No Brasil, em 1999, o CONAMA publicou a Resolução nº 258, onde “as empresas 
fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente 
adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional”. Atualmente, parte dos pneus são queimados em 
fornos da indústria cimenteira e nas termoelétricas, mas em fornos adaptados para a emissão dos gases dessa 
queima. Na década de 90, surgiu uma tecnologia nova, nacional, que utiliza solventes orgânicos para separar a 
borracha do arame e do nylon dos pneus, permitindo sua reciclagem;b) Pilhas e baterias: em função de suas características tóxicas e da dificuldade em se impedir seu descarte junto 
com o lixo domiciliar, no Brasil, em 1999, foi publicada a Resolução CONAMA nº 257, que atribui a responsabilidade 
do acondicionamento, coleta, transporte e disposição final de pilhas e baterias aos comerciantes, fabricantes, 
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importadores e à rede autorizada de assistência técnica. Esses resíduos devem ter seu tratamento e disposição final 
semelhantes aos resíduos perigosos Classe I. Tratamento semelhante ocorre em outros países, tais como a Suécia, 
onde um acordo entre os fabricantes/importadores e o governo reduziram o descarte de pilhas e baterias no lixo 
doméstico em 60% no primeiro ano, estendido para 90% no segundo (HARTLÉN, 1996); 
c) lâmpadas fluorescentes: essas lâmpadas liberam mercúrio quando são quebradas, queimadas ou enterradas, o 
que as transforma em resíduos perigosos Classe I, uma vez que o mercúrio é tóxico para o sistema nervoso humano 
e quando inalado ou ingerido, pode causar uma enorme variedade de problemas fisiológicos. O mercúrio provoca 
“bioacumulação”, isto é, alguns animais (peixes, por exemplo) que entram em contato com o mesmo, têm suas 
concentrações aumentadas em seus corpos, podendo atingir níveis elevados e causar problemas de saúde em seres 
humanos que se alimentem desses animais. 
 
Dentre todos os tipos de resíduos anteriormente apresentados, os resíduos sólidos urbanos (RSU) parecem ter 
como característica peculiar e marcante, uma composição heterogênea (SCHALCH et al., 2002), uma vez que os 
demais (resíduos sólidos industriais e resíduos sólidos especiais) geralmente são gerados a partir de processos 
controlados, não apresentando grandes variações em suas características. 
 
 
 
 
 
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Problemática da geração de resíduos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Geração de resíduos sólidos urbanos. Repare que a geração de resíduos sólidos aumentou em todas as 
regiões brasileiras. Fonte: ABRELPE, 2012. 
Para METIN et al. (2003), o processo de urbanização parece ser a grande variável interveniente na 
mudança da composição dos resíduos sólidos domiciliares, uma vez que o teor de matéria-orgânica 
diminui à medida que as cidades vão se tornando maiores, enquanto que o teor de recicláveis aumenta. 
Em concordância com o esse processo, LOUIS (2004) atesta que com o processo de crescimento e 
urbanização da sociedade americana, o teor de papéis, plásticos e materiais duráveis sintéticos passou a 
ser mais expressivo. Tal processo também tem sido observado na China, uma vez que o teor de materiais 
recicláveis tem aumentado (WANG e NIE, 2001). 
Tais diferenças refletem as mudanças inseridas na sociedade à medida que os países vão enriquecendo, 
já que estes tornam-se mais urbanizados, modificando a composição dos seus resíduos. O substancial 
aumento do uso de papel e de embalagens é provavelmente a mais notória mudança, seguida de uma 
maior proporção de plásticos, itens multi-materiais e produtos de consumo, com suas respectivas 
embalagens (HOORNWEG, 2000). As diferenças na composição dos resíduos sólidos urbanos podem, por 
sua vez, acarretar um grande impacto no sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos em diferentes 
localidades. Uma recomendação importante, particularmente quando se tem interesse nos dados para 
questões de transporte e capacidade de aterros, é que a composição do resíduo seja realizada em volume 
(SAKAI et al., 1996). 
No decorrer dos últimos 30 anos, grande parte dos municípios brasileiros apresentaram uma intensa 
urbanização, esta decorrente do processo evolutivo industrial e da massificação populacional, 
provocando com isso, o surgimento de alguns problemas, estes, tanto social como ambientais. 
A degradação do meio ambiente urbano surge na mediada que as cidades começam a receber pessoas, 
principalmente do interior a procura de trabalho e melhores condições de vida, provocando um 
verdadeiro “inchamento” das cidades, tendo em vista que falta moradia, escolas, empregos, saneamento 
básico, saúde, dentre outros, princípios fundamentais para a obtenção de uma sadia qualidade de vida, 
já que esta está ligada diretamente à qualidade do meio ambiente. 
 
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Aspectos legais 
A Lei nº 12.305/10 – Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos 
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: 
I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, 
distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo 
ciclo de vida do produto; 
II - área contaminada: local onde há contaminação causada pela disposição, regular ou irregular, de 
quaisquer substâncias ou resíduos; 
III - área órfã contaminada: área contaminada cujos responsáveis pela disposição não sejam identificáveis 
ou individualizáveis; 
IV - ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção 
de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final; 
V - coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou 
composição; 
VI - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantam à sociedade informações e 
participação nos processos de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas relacionadas 
aos resíduos sólidos; 
VII - destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a 
reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações 
admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, 
observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à 
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; 
VIII - disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, 
observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à 
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; 
IX - geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que geram 
resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo; 
X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas 
de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos 
sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de 
gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na 
forma desta Lei; 
XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os 
resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, 
com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável; 
XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto 
de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao 
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setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra 
destinação final ambientalmente adequada; 
XIII - padrões sustentáveis de produção e consumo: produção e consumo de bens e serviços de forma a 
atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a 
qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras; 
XIV - reciclagem: processode transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas 
propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos 
produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, 
se couber, do SNVS e do Suasa; 
XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e 
recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra 
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada; 
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas 
em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos 
estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades 
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso 
soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; 
XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições 
individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos 
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, 
para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos 
causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos 
desta Lei; 
XVIII - reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, 
física ou físico-química, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes 
do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa; 
XIX - serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades previstas 
no art. 7º da Lei nº 11.445, de 2007. 
Art. 5º A Política Nacional de Resíduos Sólidos integra a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se 
com: 
A Política Nacional de Educação Ambiental, regulada pela Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999; 
A Política Federal de Saneamento Básico, regulada pela Lei nº 11.445, de 2007, e com a Lei no 11.107, de 
6 de abril de 2005. 
 
 
 
 
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Características dos resíduos: 
As características físicas mais relevantes dos RSU estão abaixo descritas. 
- Geração per capita: relaciona a quantidade de resíduos gerada diariamente ou anualmente ao número 
de habitantes de uma determinada região. 
Para os resíduos domiciliares, a quantidade de resíduos produzidos parece estar diretamente relacionada 
com o modo de vida da população. 
Dados da ABRELPE (2006) apontam que os 14 municípios brasileiros com população acima de 1 milhão de 
habitantes são responsáveis por 29% dos RSU gerados no país, enquanto que os 21 municípios com 
população entre 200 mil e 500 mil habitantes somam 10% da geração. 
Segundo a PNSB 2000 (IBGE, 2001), os municípios de 20 mil a 50 mil habitantes, têm uma geração média 
per capita de 0,64 kg/hab.dia de lixo urbano, enquanto que os municípios com mais de 1 milhão de 
habitantes geram 1,50 kg/hab.dia, ou seja, 134% a mais. 
Já para o estado de São Paulo, o índice médio de geração per capita de resíduos sólidos domiciliares para 
cidades de até 100 mil habitantes é de 0,4 kg/hab.dia enquanto que para cidades acima de 500 mil é de 
0,7 kg/hab.dia (CETESB, 2005b). Exceção é feita para a cidade de São Paulo, por ser uma megalópole, 
gerando assim 1,29 kg/hab.dia (ABRELPE, 2006). 
Essas variações na geração per capita podem ser ocasionadas por vários fatores, tais como as atividades 
produtivas predominantes no município, a sazonalidade dessas atividades, o nível de interesse e a 
participação dos moradores em programas de coleta seletiva e em ações governamentais que objetivem 
a conscientização da população, quanto à redução da geração de resíduos, dentre outras. Entretanto, 
parece que o nível socioeconômico dos habitantes parece ser o fator que exerce maior influência (CETESB, 
2005b). 
- Composição gravimétrica: traduz o percentual de cada componente do resíduo em relação à massa total 
da amostra realizada. Esta característica é bastante importante para resíduos bastante heterogêneos, 
como é o caso dos RSU. A partir da composição gravimétrica do lixo, pode-se elaborar projetos de 
redução, de segregação na origem e de aproveitamento dos materiais potencialmente recicláveis, além 
de subsidiar a escolha do tratamento e destinação final mais adequados aos componentes do lixo 
(ANDRADE, 1997; MAGRINHO et al., 2006). Assim como a quantidade, a composição dos resíduos também 
é função do modo de vida da população. Pode-se ainda identificar as seguintes variáveis como 
influenciadoras na heterogeneidade dos resíduos sólidos urbanos: o número de habitantes do local, as 
condições climáticas, os hábitos e costumes da população, o nível cultural dos habitantes, as varrições 
sazonais, o poder aquisitivo da população, a taxa de eficiência do projeto ou do programa de coleta, o 
tipo de equipamento de coleta e as leis e regulamentações específicas (BUENROSTRO e BOCCO, 2003; 
OJEDA-BENITEZ et al., 2003; METIN et al., 2003; IBAM, 2001). Dentre todas, novamente a variável 
“econômica” destaca-se como preponderante (SCHALCH et al., 2002; BURNLEY et al., 2007). 
Exemplificando o que acima foi exposto, HOORNWEG (2000) pesquisou as diferenças na composição dos 
resíduos sólidos domiciliares dos países de baixa, média e alta renda na Ásia, além de fazer uma projeção 
para o ano de 2025. Tais dados encontram-se na Tabela 2.2. 
 
11 
 
H. Osanai 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Massa específica: é a razão entre a massa do resíduo e seu volume ocupado, geralmente expressa 
em kg/m³. Sua determinação é importante para o dimensionamento dos equipamentos e das instalações, 
podendo ser medida no estado solto ou no estado compactado (ANDRADE, 1997). Na ausência de dados, 
podem-se utilizar para a massa específica no estado solto, os valores de 230 kg/m³ para o lixo domiciliar, 
de 280 kg/m³ para os resíduos de serviço de saúde e de 1.300 kg/m³ para os resíduos da construção civil 
(IBAM, 2001). Para a China, os resíduos sólidos municipais apresentam uma massa específica entre 220 e 
450 kg/m3, sendo 353 kg/m3 o seu valor médio (WANG e NIE, 2001). 
 
 
 
 
 
- Compressividade: é o quanto o volume do resíduo pode reduzir quando este sofrer compactação. 
Como referência, pode-se utilizar que quando submetido a uma pressão de 4 kg/cm², o volume de lixo 
domiciliar pode ser reduzido de 1/3 a 1/4 do seu volume original (IBAM, 2001). 
- Teor de umidade: representa a quantidade de água presente nos resíduos, medida em 
percentual da massa total dos mesmos. Excluindo-se a água obtém-se o teor de resíduo seco, que 
corresponde à massa total seca dos resíduos, também medida em percentual da massa total. Estes 
parâmetros se alteram em função das estações do ano e da incidência das chuvas (ANDRADE, 1997; IBAM, 
2001). Essa característica é importante uma vez que se relaciona com outras características (massa 
específica e poder calorífico), tendo implicações nas operações de gerenciamento dos resíduos, 
principalmente quando se trata o resíduo através da incineração. Segundo BAI e SUTANTO (2002), o teor 
de umidade dos resíduos sólidos de Cingapura varia de 30 a 60%, sendo que o seu valor típico é de 48,6%, 
A massa é uma grandeza escalar expressa em quilograma (kg). 
O volume de uma porção de matéria expressa quanto espaço é ocupado por ela. Unidades 
importantes são o decímetro cúbico (dm³), o litro (L),...metro cúbico (m³). 
12 
 
H. Osanai 
 
enquanto que para a China esses valores variam entre 45 e 70%, sendo 55,4% o valor médio (WANG e 
NIE, 2001). 
O conhecimento das características químicas dos RSU é bastante importante na avaliação das 
possíveis opções de recuperação e processamento dos seus constituintes. Dentre as características 
químicas mais relevantes dos RSU, pode-se citar: 
- o poder calorífico, que indica a quantidade de calor ou energia que pode se desprender de 
determinada massa de resíduo quando este é submetido à queima. Sabe-se que se o poder calorífico do 
resíduo for maior que 813 kcal/kg, o mesmo pode ser incinerado diretamente sem qualquer necessidade 
de outro combustível (WANG e NIE, 2001). Para o Brasil, pode-se estimar o valor de 5000 kcal/kg para o 
RS domiciliar (IBAM, 2001) e 4000 kcal/kg, para os RSS (ANDRADE, 1997). Em Cingapura, a incineração é 
o principal meio de tratamento de resíduos, onde grande parte da energia da queima desses resíduos é 
recuperada, sendo esta utilizada para operar as centrais incineradoras, e a parte excedente é vendida ao 
sistema de abastecimento público (BAI e SUTANTO, 2002). 
Juntamente com o teor de umidade, esta característica é bastante evidenciada quando se pensa 
em projetos de incineradores que visem também a recuperação de calor gerado durante a queima dos 
resíduos. 
- O potencial hidrogeniônico (pH), que indica o teor de acidez ou alcalinidade dos resíduos, 
situando-se, em geral, na faixa de 5 a 7, para o lixo domiciliar (IBAM, 2001). 
As substâncias que possuem valores de pH 0 a 7, são consideradas ácidas, valores em torno de 7 
são neutras e valores acima de 7 são denominadas básicas ou alcalinas. O pH de uma substância pode 
variar de acordo com sua composição, concentração de sais, metais, ácidos, bases e substâncias orgânicas 
e da temperatura. 
 
 
 
 
 
- A composição química, que consiste principalmente na determinação dos (MACHADO JUNIOR et 
al., 1978 e LI e JENQ, 1993, citados por ANDRADE, 1997): 
- teores de carbono, uma vez que a eficiência dos processos de decomposição biológica ou 
incineração relacionam-se diretamente com o carbono dos resíduos; 
- dos teores de nitrogênio, sendo relacionados ao poder calorífico além de auxiliar na avaliação da 
decomposição do resíduo e na própria decomposição; 
- dos teores de hidrogênio, que indicam parcialmente a quantidade de materiais plásticos 
presentes nos resíduos; 
- dos teores de oxigênio, pois relacionam-se também com o poder calorífico e tem influência sobre 
os processos que abrangem a combustão dos resíduos; 
Potencial Hidrogeniônico (pH) - Indicadores ácido-base. Segundo Arrhenius, um ácido é 
todo composto molecular que em solução aquosa sofre ionização liberando íons H+ e 
uma base é todo composto iônico que em solução aquosa libera íons OH-. 
13 
 
H. Osanai 
 
- dos teores de enxofre, pois estes podem poluir o ar ao converter-se em dióxido de enxofre (SO2) 
durante a incineração; 
- dos teores de cloro, pois estes permitem conhecer as quantidades de ácido clorídrico geradas 
pela queima dos resíduos; 
- dos sólidos voláteis (orgânicos), que indica a porcentagem em massa dos resíduos que podem 
ser volatilizados e; 
- do teor de cinzas, que corresponde à porcentagem em massa do material remanescente após a 
queima. 
Uma relação bastante utilizada é a carbono/nitrogênio, que indica o grau de decomposição da 
matéria orgânica do resíduo nos processos de tratamento e disposição final, encontrando-se, em geral, 
na ordem de 35/1 a 20/1, também para os resíduos domiciliares (IBAM, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As características biológicas dos resíduos são aquelas determinadas pela população microbiana e 
agentes patogênicos presentes no resíduo. O conhecimento dessas características é importante, 
sobretudo porque contribui na avaliação dos riscos à saúde pública causados pela incorreta manipulação 
desses resíduos, além de servir de ensejo para um correto gerenciamento dos mesmos (ANDRADE, 1997). 
O conhecimento dessas características biológicas, juntamente com as características químicas, 
propicia a seleção dos métodos de tratamento e disposição final mais adequados para cada tipo de 
resíduo produzido (IBAM, 2001). Dos grupos de características apresentados, pode-se destacar as 
características físicas, uma vez que, sem o seu conhecimento, torna-se difícil efetuar a gestão adequada 
dos serviços de limpeza urbana, uma vez que este constitui o primeiro procedimento para se obter 
projetos eficazes e eficientes no que diz respeito ao acondicionamento, coleta, transporte, tratamento 
e/ou disposição final dos resíduos sólidos das cidades. É oportuno salientar que as informações advindas 
da caracterização dos resíduos sólidos de uma cidade podem ser reaproveitadas ou comparadas com as 
de outra cidade, tornando-se uma referência para aquela cidade na qual falte este tipo de pesquisa. Esta 
comparação torna-se mais eficaz quando as comunidades de localidades distintas possuem características 
muito semelhantes. 
14 
 
H. Osanai 
 
Política Nacional de Resíduos Sólidos 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei nº 12.305/2010 foi regulamentada pelo Decreto Nº 
7.404/2010, com as diretrizes para a criação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, a ser elaborado pela 
União, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e submetido à consulta pública, com 
atualizações a cada 04 anos. 
Ao ampliar-se a visão sobre os Planos de Resíduos Sólidos de competência do Poder Público, tem-
se que os Planos Estaduais de Resíduos Sólidos deverão abranger todo o território da respectiva unidade 
federativa e os Planos Regionais de Resíduos Sólidos, microrregionais, das regiões metropolitanas ou 
aglomerações urbanas, deverão garantir a participação de todos os municípios que integram a respectiva 
área de abrangência. 
Já os Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos serão atualizados ou revistos 
concomitantemente com a elaboração dos planos plurianuais municipais e deverão identificar e indicar 
medidas saneadoras para passivos ambientais de áreas contaminadas e empreendimentos sujeitos à 
elaboração de planos de gerenciamento de resíduos sólidos. 
Os municípios com população inferior a 20 mil habitantes poderão adotar planos simplificados 
contendo diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no território. Os municípios que optarem 
por soluções consorciadas intermunicipais para gestão dos resíduos sólidos estão dispensados da 
elaboração do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, desde que o plano intermunicipal 
atenda ao conteúdo mínimo previsto no art. 19 da Lei nº 12.305/2010. 
O Decreto Nº 7.404/2010, também, criou o Comitê Interministerial da Política Nacional de 
Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa. 
O Comitê Interministerial tem a função de instituir os procedimentos para a elaboração do Plano 
Nacional de Resíduos Sólidos e avaliar a sua implementação, definir informações complementares ao 
Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Perigosos, promover estudos e propor medidas de 
desoneração tributária de produtos recicláveis e a simplificação de procedimentos para o cumprimento 
de obrigações relativas à movimentação de produtos e embalagens fabricadas com esses materiais. Bem 
como, promover estudos para a criação de linhas de financiamento, formular estratégia para a promoção 
e difusão de tecnologias limpas para a gestão e o gerenciamento de resíduos, propor medidas para a 
implementação dos instrumentos e efetivação dos objetivos da PNRS, definir e avaliar a implantação de 
mecanismos de descontaminaçãode áreas órfãs, implantar ações de apoio à elaboração, implementação 
e revisão dos planos de resíduos, contribuir com o estabelecimento de mecanismos de cobrança dos 
serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos. 
No que tange à logística reversa, a Lei da PNRS determina, em seu Artigo 33, que são obrigados a 
estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo 
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos 
sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de agrotóxicos, pilhas e baterias, 
pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista e produtos 
eletroeletrônicos e seus componentes. 
A logística reversa é obrigatória para essas seis cadeias produtivas, mas, com possibilidades de 
expansão para outros segmentos, a partir dos acordos setoriais. O acordo setorial é um tema muito 
15 
 
H. Osanai 
 
recente e complexo, devendo ser bem discutido por todos os elos das cadeias, uma vez que não existe 
nenhum acordo setorial envolvendo resíduos sólidos em vigor no mundo. 
Os acordos setoriais são atos de natureza contratual, firmados entre o Poder Público e os 
fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, visando à implantação da responsabilidade 
compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Os mesmos poderão ser iniciados por demanda espontânea, 
a partir da elaboração de proposta de logística reversa pelo setor privado (fabricantes, importadores, 
distribuidores ou comerciantes). 
A cadeia de fabricantes, poderá preparar a sua proposta de acordo setorial contendo a logística 
reversa pactuada e subscrita pelos representantes do setor empresarial e pelo presidente do Comitê 
Orientador e apresentá-la formalmente ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). As propostas serão 
objeto de consulta pública, sendo encaminhadas ao Comitê Orientador, responsável pela sua aprovação, 
solicitação de complementação ou arquivamento do processo. 
As propostas aprovadas serão regulamentadas via Decreto Presidencial e será firmado um termo 
de compromisso entre os envolvidos (poder público, fabricante, importador, distribuidor e comerciante), 
sendo que a condição para que isso se concretize é a inexistência de acordos setoriais na mesma área de 
abrangência. Importante se faz salientar a necessidade da homologação por órgão do SISNAMA e que 
compromissos ou metas mais exigentes que os previstos na Lei da PNRS poderão ser firmados. 
Os acordos setoriais também poderão ser iniciados pelo Poder Púbico, através de editais de 
chamamento. O governo apostará na logística reversa através de edital de chamamento, nos quais os 
proponentes poderão analisar as propostas dos acordos setoriais e as metas para logística reversa 
específicas. Caso não haja proponente, o governo poderá elaborar a proposta de logística reversa, abrindo 
espaço para consulta pública. As logísticas reversas de produtos e embalagens com maior grau e extensão 
de impacto à saúde pública e ao meio ambiente serão priorizadas. 
Os termos de compromisso serão celebrados entre o Poder Público e os fabricantes, importadores, 
distribuidores ou comerciantes nas situações em que não houver acordo setorial ou regulamento 
específico na mesma área de abrangência ou então para fixar metas mais exigentes. 
 
MARCO LEGAL 
A PNRS integra a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81) e articula-se com: 
 Política Nacional de Educação Ambiental – Lei nº 9.795/99; 
 Política Nacional de Recursos Hídricos – “Lei das Águas” – nº 9.433/97; 
 Lei Federal de Saneamento Básico – nº 11.445/07; 
 Lei de Crimes Ambientais – 9.605/98; 
 Lei de Consórcios Públicos – nº 11.107/05; 
 
AS PERSPECTIVAS DA PNRS 
A PNRS abrange todos os tipos de resíduos sólidos e define diretrizes, princípios e instrumentos 
fundamentais ao tema, como ciclo de vida do produto e logística reversa, buscando a coordenação entre 
produção e consumo consciente. Na PNRS foi estabelecida a responsabilidade compartilhada na 
16 
 
H. Osanai 
 
destinação dos resíduos, onde cada integrante da cadeia produtiva e os órgãos governamentais possuem 
funções específicas no manejo e controle adequado dos resíduos sólidos. 
A PNRS terá a sua aplicação vivenciada em conjunto com as normas do Sistema Nacional do Meio 
Ambiente (SISNAMA), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de 
Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA) e do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e 
Qualidade Industrial (SINMETRO), além das Leis Nº 11.445/2007 (Lei do Saneamento Básico), Nº 
9.974/2000 (Embalagens de Agrotóxicos) e Nº 9.966/2000 (poluição causada por óleo e outras substâncias 
nocivas lançadas em águas sob jurisdição nacional). 
Diante da discussão sobre metas para redução da geração de resíduos, no Brasil, a única meta 
nacional até a adoção da Lei da PNRS, havia sido estabelecida pelo Plano Nacional de Mudança Climática 
(Decreto Nº 6.263/2007): “compromisso de que até 2015 - alcançar o percentual de 20% de reciclagem 
de resíduos”. A adoção da Lei da PNRS, então, estabeleceu uma meta ambiciosa e desafiadora em seu Art. 
54: “A disposição final ambientalmente adequada de rejeitos deverá ser implantada em até 4 anos”. 
Ou seja, projeta o fim dos “lixões” até meados de 2014. 
A Lei da PNRS introduziu a diferenciação entre resíduos e rejeitos, reconhecendo o resíduo sólido 
como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania e define 
como rejeitos os “resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e 
recuperação por processos tecnológicos disponíveis e tecnicamente viáveis não apresentem outra 
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada” (artigo 3º, inciso XV). 
No contexto dos Planos de Resíduos Sólidos de competência do setor privado, o Plano de 
Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), que já era uma exigência no processo de licenciamento e que 
precisava ser aprovado pelo órgão competente do SISNAMA, no que tange à sua implantação, não poderá 
prescindir como solução tecnológica da inovação e competitividade nas áreas de produção mais limpa, 
logística reversa e de recuperação energética dos resíduos. 
Logo, se por um lado a PNRS exerce pressões sobre a cadeia produtiva, de outro, o momento torna-
se mais favorável para a análise do ciclo de vida do produto e a construção de soluções inovadoras 
orientadas para a melhoria da eficiência no uso de materiais. Bem como, aponta para a valorização dos 
resíduos e geração de negócios, para a simbiose industrial, para a engenharia de materiais visando à 
redução e para a melhoria das ações de responsabilidade socioambiental das empresas. 
Os responsáveis pelos PGRS deverão disponibilizar, por meio eletrônico e anualmente, ao órgão 
municipal competente e ao órgão licenciador do SISNAMA, informações completas e atualizadas sobre a 
implementação e a operacionalização do plano, de acordo com a demanda do Sistema Nacional de 
Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR). A Lei da PNRS exige um responsável técnico 
devidamente habilitado para a elaboração, implementação, operacionalização e monitoramento de todas 
as etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos industriais. 
Importante se faz salientar que a utilização dos subprodutos e resíduos de valor econômico, de 
origem animal ou vegetal (referidos na Lei Nº 8.171/1991 - Lei agrícola e na Lei Nº 9.972/2000 - Institui a 
classificação de produtos vegetais, subprodutos e resíduos de valor econômico), como insumos de cadeias 
produtivas, será valorizada no processo de aprovação dos planos, assimcomo o aproveitamento de 
biomassa na produção de energia e o rerrefino de óleos lubrificantes usados ou contaminados. 
17 
 
H. Osanai 
 
Os empreendimentos ou as atividades geradoras ou operadoras de resíduos perigosos (geram 
resíduos perigosos no processo produtivo, comercializam produtos que podem gerar resíduos perigosos 
e cujo risco seja significativo, que prestam serviços que envolvam a operação com produtos que possam 
gerar resíduos perigosos, que prestam serviços de coleta, transporte, transbordo, armazenamento, 
tratamento, destinação e disposição final de resíduos ou rejeitos perigosos), em qualquer fase do seu 
gerenciamento, são obrigadas a elaborar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Perigosos e submetê-lo 
ao órgão competente do SISNAMA. O plano de gerenciamento de resíduos perigosos poderá ser inserido 
no PGRS. 
Quanto às regras aplicáveis aos PGRS, os empreendimentos sujeitos à elaboração desses planos, 
localizados em um mesmo município, região ou aglomeração urbana, que exerçam atividades similares e 
que possuam mecanismos de governança coletiva ou de cooperação, poderão apresentar o plano de 
forma coletiva e integrada, que deverá conter a indicação individualizada das atividades e dos resíduos 
sólidos gerados, bem como as ações e responsabilidades atribuídas a cada um dos geradores. 
Esse plano, que poderia se configurar em um fator complicador para as pequenas e 
microempresas, definidas na Lei Complementar Nº 123/2006 e que gerem apenas resíduos sólidos 
domiciliares, tem para as mesmas a prerrogativa da dispensa podendo ser elaborado de maneira coletiva 
por micro e pequenas empresas da mesma área de abrangência, com redução de custos e simplificação 
do projeto. Assim, soluções coletivas poderão ser criadas para Arranjos Produtivos Locais (APLs), o que 
dependerá da aprovação pelos órgãos ambientais estaduais. Contudo, isso não se aplica a empresas 
geradoras de resíduos perigosos. O PGRS sempre que possível deverá prever a participação de 
cooperativas de catadores de materiais recicláveis. 
Notório se faz ressaltar que as etapas do gerenciamento de resíduos incluem: identificação, 
inventário, amostragem (NBR 10007), classificação (NBR 10004) (ABNT, 2004), a busca de alternativas de 
destinação, tratamento, reutilização, reprocessamento, reciclagem e disposição, a valoração dos 
resíduos, a avaliação do fornecedor do serviço ambiental, a validação do projeto pelos órgãos ambientais, 
o transporte dos resíduos. 
Na atualidade, as informações sobre resíduos sólidos têm um universo restrito, pois, além de 
esparsas, as mesmas, não são consolidadas num Sistema de Informações. A ótica da Lei da PNRS é a 
implantação do Sistema Nacional de Informações de Resíduos Sólidos (SINIR), estabelecido no art. 12 da 
Lei 12.305/2010, até o final de 2012. A PNRS ancorar-se-á no SINIR, que está ligado ao Sistema Nacional 
de Informações sobre Meio Ambiente (SINIMA) e ao Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento 
Básico (SINISA), ambos, ainda buscando o status de plena operação. 
 
 
 
 
O Inventário de Resíduos se somará ao Sistema Declaratório Anual de Resíduos Sólidos, que será 
preenchido e atualizado pelas indústrias, sinalizando a origem, transporte e destinação final dos resíduos. 
O Cadastro Técnico de Operadores de Resíduos Perigosos é um ponto carente de maiores 
esclarecimentos. O IBAMA será responsável por coordenar esse cadastro e promover a sua integração 
Pesquisar o site: SINIR 
18 
 
H. Osanai 
 
com o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos 
Ambientais e com o SINIR. 
Os dados, informações, relatórios, estudos, inventários e instrumentos equivalentes que se 
refiram à regulação ou à fiscalização dos serviços relacionados à gestão dos resíduos sólidos, bem como, 
aos direitos e deveres dos usuários e operadores, serão disponibilizados pelo SINIR na rede mundial de 
computadores, resguardadas as informações de caráter sigiloso, protegidas por Lei, desde que essa 
circunstância seja informada de forma expressa e fundamentada. 
Quanto aos aspectos econômicos e sociais no pano de fundo da PNRS os esforços do Governo 
Federal focalizam a redução da pobreza, a distribuição de renda e a inclusão social a partir de um modelo 
de desenvolvimento inédito de produção e consumo sustentáveis. 
As perspectivas da implementação da PNRS, como um dos instrumentos para o desenvolvimento 
sustentável no país, incluem o fortalecimento da estrutura produtiva nacional, estimulada pela formação 
de consórcios municipais para modelos mais eficientes de gestão de resíduos sólidos, a consolidação de 
cooperativas de catadores, a reciclagem, o reaproveitamento e a adoção da responsabilidade 
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Segundo a lei, haverá financiamento aos municípios que 
investirem na coleta seletiva e na profissionalização das cooperativas e com isto a inclusão e garantia de 
renda dos catadores serão subsidiados. Pelo viés econômico, a PNRS obriga os grandes empreendedores 
a fazerem uma opção entre a redução, reuso e reciclagem, reconhecendo o valor econômico do resíduo 
ou pela integração com as cooperativas de catadores de materiais reciclados. 
De acordo com a PNRS, esta opção pela inclusão dos catadores será foco especial dos planos 
municipais de gestão integrada de resíduos sólidos, para complementar os programas de saneamento, 
reforçar a garantia de direitos, promover a proteção social e gerar oportunidades de inclusão qualificada 
e de cidadania. Os setores produtivos que gerenciam eficazmente os seus resíduos também serão 
beneficiados pela PNRS, que prevê, através do Comitê Interministerial, a proposição de medidas que 
visem à desoneração tributária para produtos recicláveis e reutilizáveis, além de linhas de créditos em 
instituições financeiras federais. 
Entre os desafios para a implantação do sistema de logística reversa está a identificação dos 
sistemas que estão operando de maneira incompleta, parciais, com abrangências restritas, seguida pela 
incorporação dessas atividades no sistema de logística previsto na Lei da PNRS, através do diálogo com 
interessados e com negócios estruturados que já estão em funcionamento. O compartilhamento dos 
custos é outra questão de difícil discussão, mas sob este aspecto a disposição de negociar em busca de 
soluções coletivas torna-se imprescindível. 
Importante se faz considerar que, nos sistemas de logística reversa, a parceria com municípios é 
vital. Mas os sistemas de logística reversa que envolvem os setores produtivos poderão ser relativamente 
independentes dos sistemas de coleta e tratamento do resíduo urbano. 
A responsabilidade pela estruturação e implementação dos sistemas de logística reversa é dos 
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos produtos que colocarem no mercado 
interno podendo adotar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usadas e instituir postos 
de entrega dos resíduos reutilizáveis e recicláveis. 
O princípio da responsabilidade compartilhada, previsto na Lei da PNRS, implica em 
responsabilidades vinculadas entre todos os envolvidos no ciclo de vida do produto, mas, especificando a 
19 
 
H. Osanai 
 
responsabilidade de cada um. Desta forma, os consumidores após o uso dos produtos, deverão efetuar a 
devolução dos resíduos aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos e das embalagens, nos postos 
de coleta disponibilizados pelos fabricantes. Os comerciantes e distribuidores deverão efetuar a 
devolução aos fabricantes ou aos importadores dos produtos e embalagens reunidos ou devolvidos. Os 
fabricantes e os importadores darão destinação ambientalmente adequada aos produtos e às embalagensreunidos ou devolvidos, sendo o rejeito encaminhado para a disposição final ambientalmente adequada, 
na forma estabelecida pelo órgão competente do SISNAMA e, se houver, pelo plano municipal de gestão 
integrada de resíduos sólidos. 
As iniciativas estratégicas, que serão advindas da implementação da PNRS, 
garantirão a recuperação da qualidade das águas, o acesso à água potável, às condições 
sanitárias adequadas e à proteção dos biomas. As mesmas dependerão dos esforços 
orientados para a otimização e a redução do uso de matéria-prima, para o uso de 
materiais renováveis, recicláveis, reciclados e energeticamente eficientes, para melhoria 
das técnicas de produção e dos sistemas de distribuição e para redução do descarte de 
resíduos, onde, reinseri-los sempre que possível na cadeia produtiva como insumos será 
a lógica fundamental de uma nova sociedade. 
 
PRINCIPAIS OBJETIVOS DA PNRS 
 
 Não geração, redução reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos sólidos; 
 Disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; 
 Racionalização do uso dos recursos naturais (água, energia, insumos) no processo de 
produção; 
 Intensificação de ações de educação ambiental; 
 Promoção da inclusão social; 
 Geração de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis. 
 
 
 
Não geração
Redução
Reutilização Reciclagem
Tratamento
Disposição 
final adequada
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H. Osanai 
 
Logo: 
 
 
 
 
 
 
IMPORTANTE 
Estruturação de acordo com a Política Nacional de Meio Ambiente – Lei 6938/81 
O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, foi instituído pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 
1981, regulamentada pelo Decreto 99.274, de 06 de junho de 1990, sendo constituído pelos órgãos e 
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo 
Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, e tem a seguinte estrutura: 
 Órgão Superior: O Conselho de Governo 
 Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA 
 Órgão Central: O Ministério do Meio Ambiente - MMA 
 Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA 
 Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, 
projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; 
 Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas 
atividades, nas suas respectivas jurisdições. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O melhor resíduo é aquele que não se produz. 
Mas, se for consumir, reduza o consumo e procure reutilizar o resíduo. Se não puder mais 
aproveitá-lo, envie para a reciclagem/ para o tratamento adequado. E, por fim, se o resíduo 
não tiver mais uso será um rejeito, com destinação e disposição em aterro sanitário. 
21 
 
H. Osanai 
 
Legislações federais de interesse são: 
RESOLUÇÃO CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001- Estabelece o código de cores para os diferentes 
tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas 
campanhas informativas para a coleta seletiva. 
RESOLUÇÃO CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002 - Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos 
para a gestão dos resíduos da construção civil; 
RESOLUÇÃO CONAMA nº 313, de 29 de outubro de 2002 - Dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos 
Sólidos Industriais. 
RESOLUÇÃO CONAMA nº 005, de 31 de março de 1993 – Dispõe sobre o tratamento de resíduos gerados 
em estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários. 
Lei ordinária 787, de 1997 – Dispõe sobre o Programa de Prevenção de Contaminação por Resíduos 
Tóxicos, a ser promovido por empresas fabricantes de lâmpadas fluorescentes, de vapor de mercúrio, 
vapor de sódio e luz mista e dá outras providências. 
RESOLUÇÃO CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997 – Estabelece norma geral sobre licenciamento 
ambiental, competências, listas de atividades sujeitas a licenciamento, etc. 
RESOLUÇÃO CONAMA nº 257, de 30 de junho de 1999 – Define critérios de gerenciamento para 
destinação final ambientalmente adequada de pilhas e baterias, conforme especifica. 
RESOLUÇÃO CONAMA nº 283/2001 – Dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos 
serviços de saúde. Esta resolução visa aprimorar, atualizar e complementar os procedimentos contidos 
na Resolução Conama nº 005/93 e estender as exigências às demais atividades que geram resíduos de 
serviços de saúde. 
 
Da normalização técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) são citadas somente 
algumas mais específicas ao tema tratado: 
NBR 10004, de 2004 - Esta Norma substitui a NBR 10004/1987 – Classificação RS. 
NBR 7039, de 1987 – Pilhas e acumuladores elétricos – Terminologia. NBR 7500, de 1994 – Símbolos de 
riscos e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais. 
NBR 7501, de 1989 – Transporte de produtos perigosos – Terminologia. 
NBR 9190, de 1993 – Sacos plásticos – Classificação. 
NBR 9191, de 1993 – Sacos plásticos – Especificação. 
NBR 9800, de 1987 – Critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor 
público de esgoto sanitário – Procedimento. 
NBR 10007 – Amostragem de resíduos. 
NBR 11174, de 1990 – Armazenamento de resíduos classe II, não-inertes, e III, inertes – Procedimentos. 
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NBR 12245, de 1992 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos – Procedimentos. 
NBR 12807, de 1993 – Resíduos de serviço de saúde – Terminologia. 
NBR 12808, de 1993 – Resíduos de serviço de saúde – Classificação. 
NBR 12809, de 1993 – Manuseio de resíduos de serviço de saúde – Procedimento. 
NBR 13055, de 1993 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Determinação da capacidade 
volumétrica. 
NBR 13221, de 1994 – Transporte de resíduos – Procedimento. 
NBR 13463, de 1995 – Coleta de resíduos sólidos – Classificação. 
NBR 8419, de 1992 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
II - Gerenciamento Integrado dos RSU – Resíduos Sólidos Urbanos 
 
Uma das atividades do saneamento ambiental municipal é aquela que contempla a gestão e o 
gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (GIRSU), tendo por objetivo principal propiciar a 
melhoria ou a manutenção da saúde, isto é, o bem-estar físico, social e mental da comunidade. Os termos 
gestão e gerenciamento, em geral, adquirem conotações distintas para grande parte dos técnicos que 
atuam na área de resíduos sólidos urbanos, embora possam ser empregados como sinônimos. O termo 
gestão é utilizado para definir decisões, ações e procedimentos adotados em nível estratégico (Lima, 
2001), enquanto o gerenciamento visa à operação do sistema de limpeza urbana (Projeto BRA/922/017, 
1996 apud Lima, 2001). 
O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve ser integrado, ou seja, deve englobar etapas 
articuladas entre si, desde a não geração até a disposição final, com atividades compatíveis com as dos 
demais sistemas do saneamento ambiental, sendo essencial a participação ativa e cooperativa do 
primeiro, segundo e terceiro setor, respectivamente, governo, iniciativa privada e sociedade civil 
organizada. 
 
Importante 
Os Planos de Gestão integrada de Resíduos Sólidos devem ter alcance de 20 anos, com 
revisão a cada 4 anos e conter no mínimo: diagnóstico, proposição de cenários, metas para 
redução de rejeitos, programas, projetos e ações. 
A elaboração dos planos é condição para estados, municípios e o DF continuarema ter 
acesso aos recursos da União, a partir de 2012. 
 
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Pode-se, por conseguinte, definir o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos 
como “o conjunto de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento 
realizadas de maneira articulada por uma administração (municipal, estadual, federal, 
economia mista, etc.), apoiada em critérios sanitários, ambientais e econômicos, para 
coletar, tratar e dispor os resíduos de uma cidade, ou seja, é acompanhar de forma criteriosa 
todo o ciclo dos resíduos, da geração à disposição final, empregando técnicas e 
tecnologias compatíveis à realidade do local” (LEITE, 1997). 
 
Verifica-se que a destinação mais utilizada ainda é o depósito de resíduos sólidos a céu aberto na 
maioria dos municípios com população inferior a 10.000 habitantes, considerados de pequeno porte. 
O depósito de resíduos sólidos a céu aberto ou lixão é uma forma de disposição desordenada sem 
compactação ou cobertura dos resíduos, o que propicia a poluição do solo, ar e água, bem como a 
proliferação de vetores de doenças. Por sua vez, o aterro controlado é outra forma de deposição de 
resíduo, tendo como único cuidado a cobertura dos resíduos com uma camada de solo ao final da jornada 
diária de trabalho com o objetivo de reduzir a proliferação de vetores de doenças. 
A predominância dessas formas de destinação final pode ser explicada por vários fatores, tais 
como: falta de capacitação técnico-administrativa, baixa dotação orçamentária, pouca conscientização da 
população quanto aos problemas ambientais ou mesmo falta de estrutura organizacional das instituições 
públicas envolvidas com a questão nos municípios, o que acaba refletindo na inexistência ou inadequação 
de planos GIRSU. 
Para reverter essa situação, uma das ações possíveis é a busca de alternativas tecnológicas de 
disposição final sustentável, entendida como aquela que atente para as condições peculiares dos 
municípios de pequeno porte quanto às dimensões ambiental, sociocultural, política, econômica e 
financeira, e que, simultaneamente, seja integrada às demais etapas do GIRSU. 
Além da Constituição Federal, o Brasil já dispõe de uma legislação ampla (leis, decretos, portarias, 
etc.) que, por si só, não tem conseguido equacionar o problema do GIRSU. A falta de diretrizes claras, de 
sincronismo entre as fases que compõem o sistema de gerenciamento e de integração dos diversos órgãos 
envolvidos com a elaboração e aplicação das leis possibilitam a existência de algumas lacunas e 
ambiguidades, dificultando o seu cumprimento. 
A Constituição Federal, promulgada em 1988, estabelece em seu artigo 23, inciso VI, que “compete 
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios proteger o meio ambiente e combater a 
poluição em qualquer das suas formas”. No artigo 24, estabelece a competência da União, dos Estados e 
do Distrito Federal em legislar concorrentemente sobre “(...) proteção do meio ambiente e controle da 
poluição” (inciso VI) e, no artigo 30, incisos I e II, estabelece que cabe ainda ao poder público municipal 
“legislar sobre os assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e a estadual no que 
couber”. 
A Lei Federal no 6.938, de 31/8/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, institui 
a sistemática de Avaliação de Impacto Ambiental para atividades modificadoras ou potencialmente 
modificadoras da qualidade ambiental, com a criação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). A AIA é 
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formada por um conjunto de procedimentos que visam assegurar que se realize exame sistemático dos 
potenciais impactos ambientais de uma atividade e de suas alternativas. Também no âmbito da Lei no 
6.938/81 ficam instituídas as licenças a serem obtidas ao longo da existência das atividades modificadoras 
ou potencialmente modificadoras da qualidade ambiental. 
A Lei de Crimes Ambientais - 9.605 de fevereiro de 1998 dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. 
Em seu artigo 54, parágrafo 2º, inciso V, penaliza o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos 
em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos. No parágrafo 3º do mesmo 
artigo, a lei penaliza quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de 
precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreparável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No Brasil, tradicionalmente cabe aos municípios gerir os resíduos sólidos produzidos em seu 
território, com exceção dos resíduos industriais, uma vez que a Lei Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 
6.938 de 31/08/1981) responsabiliza o gerador pela manipulação e destino final de seu resíduo (princípio 
poluidor-pagador). Entretanto, cabe aos órgãos de controle ambiental dos estados e municípios interferir 
no problema de forma suplementar, através da fiscalização, exigindo um adequado manuseio, estocagem, 
transporte e destinação final desses resíduos (IBAM, 2001). 
 
 
 
 
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Minimização, coleta e transporte dos resíduos 
 
A minimização de resíduos - que inicialmente, foi implantada no setor industrial, gerador de 
resíduos perigosos, mas que pode ser estendida aos resíduos urbanos – pode acontecer, basicamente, 
por meio da redução na fonte, muitas vezes chamada de prevenção de resíduos, que, segundo a Agência 
Americana de Proteção Ambiental, a Environmental Protection Agency (USEPA, 2001), significa consumir 
e jogar fora menos, incluindo a aquisição de bens duráveis e busca por produtos e embalagens que 
tenham o mínimo de toxicidade possível. Isso pode significar redesenhar um produto que tenha menos 
matéria-prima na produção, vida mais longa ou, ainda, que seja usado de novo depois que seu uso original 
terminou (reutilização). A USEPA considera como minimização “qualquer alteração na forma, produção, 
comercialização ou uso de materiais ou produtos (incluindo embalagens) que reduza a quantidade ou 
toxicidade antes que este se transforme em resíduo sólido urbano”. 
Além disso, mesmo sendo uma das responsáveis por essa crescente geração de resíduos sólidos, 
há uma rejeição por parte da população em relação à implantação de aterros sanitários próximos à sua 
residência (preocupações com cheiro, vetores, lixo, poluição e desvalorização de suas casas, entre outros 
motivos), comportamento esse denominado pelos americanos de NIMBY ou “not in my backyard” (no 
meu quintal, não) (RAMOS, 2001). Esse comportamento confirma a assertiva de Mandelli (1999) quanto 
à população querer livrar-se do lixo e não ter a consciência de que é necessário se dispor esses resíduos 
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H. Osanai 
 
em algum lugar, já que foram gerados. As pessoas acham, em geral, que é responsabilidade unicamente 
dos governos e não se envolvem com essa problemática. 
A experiência de Dilbeek/Bélgica - Com 38 mil habitantes, muita área verde e áreas de agricultura, 
foi implantado na cidade um sistema de gestão dos RSU, baseado na ação de participação voluntária, que 
envolveu todos os habitantes e instituições da municipalidade. Em paralelo, foi introduzido um novo 
esquema financeiro, com a meta final de decrescer a quantidade total de resíduos coletados. Em 1995, os 
habitantes pagavam uma taxa pela coleta de seu resíduo (que não correspondia à quantidade gerada por 
cada um); essa taxa foi substituída por outra, calculada com base no princípio poluidor pagador. Várias 
medidas foram tomadas pela municipalidade junto com representantes de diferentes grupos de 
comunidades, especialistas, ambientalistas e políticos: 
− Compostagem local da fração orgânica dos resíduos sólidos;− Redução da embalagem; 
− Segregação de resíduos; 
− Vantagens financeiras levando em conta o princípio poluidor pagador. 
Foi iniciativa da comunidade a ideia de compostar coletivamente a fração orgânica dos resíduos, 
usando um pedaço de terra nas proximidades. Hoje, cerca de 60% da população composta seus resíduos 
orgânicos, ou utiliza uma das três mil pequenas unidades de compostagem distribuídas pela 
municipalidade. O sistema de pagamento é baseado na quantidade de resíduo gerado por cada domicílio. 
A municipalidade vende dois tipos de sacos plásticos para resíduo, um para o RD e outro para embalagem 
reciclável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Por isso, a escolha das políticas para influenciar os padrões de consumo deve considerar com cuidado os 
impactos dos diferentes instrumentos na tomada de decisão dos consumidores, que podem determinar o tipo e a 
velocidade das mudanças, como mostra o quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gerenciamento do sistema de limpeza pública 
O sistema de limpeza urbana das cidades pode ser administrado de três maneiras: 
 Diretamente pelo município, através de empresa pública específica; 
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 Através de uma empresa de economia mista criada para desempenhar especificamente essa 
função. 
 Por meio de concessão ou terceirização junto à iniciativa privada. Na concessão, a 
concessionária planeja, organiza, executa e coordena o serviço, podendo inclusive 
terceirizar operações e arrecadar os pagamentos referentes à sua remuneração, 
diretamente junto ao usuário/beneficiário dos serviços. Já na terceirização, a prefeitura 
exerce as funções administrativas, tais como planejamento, coordenação e fiscalização, 
deixando às empresas privadas a operação propriamente dita. 
 
Obs: Existe ainda a possibilidade de consórcio com outros municípios, sendo utilizado 
principalmente para a destinação final dos resíduos (IBAM, 2001). 
 
COMO ESTÁ A MINIMIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL 
 Na maioria dos municípios no Brasil, o sistema de gestão dos resíduos sólidos apresenta 
características semelhantes, da geração à disposição final, envolvendo apenas as atividades de coleta 
regular, transporte e destinação final, ocorrendo esta última, na maioria das vezes, a céu aberto. Em raras 
situações, inclui procedimentos diferenciados, tais como coleta seletiva, processos de compostagem e 
tratamento térmico e, mesmo assim, frequentemente esses processos são mal planejados, o que dificulta 
a operação e torna-os inviáveis em curtíssimo prazo. A gestão, em geral, não contempla soluções que 
visem à prevenção da geração de resíduos, ou seja, não parte de uma atitude pró-ativa, antecipando os 
problemas que possam causar a geração da grande quantidade de resíduos sólidos. 
 
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Unidade III – Conhecer os principais aspectos referentes a gestão de resíduos sólidos – Em anexo 
 Resíduos sólidos de serviço de saúde; 
 Resíduos sólidos de serviço de construção e demolição; 
 Resíduos sólidos radioativos; 
 Resíduos sólidos industriais; 
 
Unidade IV - TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 
Principais tipos de tratamento e disposição final aplicados aos resíduos sólidos: 
Aterros sanitários 
Trata-se de um processo para a disposição de resíduos sólidos no solo, que fundamentado em critérios 
de engenharia e normas operacionais específicas, permite um confinamento seguro em termos de 
controle de proteção ambiental e proteção à saúde pública. Método que utiliza princípios de engenharia 
para confinar resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume possível, cobrindo-os 
com uma camada de terra na conclusão da jornada de trabalho ou a intervalos menores, se necessário. 
Os aterros sanitários apresentam em geral a seguinte configuração: setor de preparação, setor de 
execução e setor concluído. Alguns aterros desenvolvem esses setores concomitante em várias áreas, 
outros de menor porte desenvolvem cada setor de cada vez. 
Na preparação da área são realizados, basicamente, a impermeabilização e o nivelamento do terreno, as 
obras de drenagem para captação do chorume (ou percolado) para conduzi-lo ao tratamento, além das 
vias de circulação. As áreas limítrofes do aterro devem apresentar uma cerca viva para evitar ou diminuir 
a proliferação de odores e a poluição visual. 
Na execução os resíduos são separados de acordo com suas características e depositados separadamente. 
Antes de ser depositado todo o resíduo é pesado, com a finalidade de acompanhamento da quantidade 
de suporte do aterro. Os resíduos que produzem material percolado são geralmente revestidos por uma 
camada selante 
Atingida a capacidade de disposição de resíduos em um setor do aterro, esse é revegetado, com os 
resíduos sendo então depositados em outro setor. Ao longo dos trabalhos de disposição e mesmo após a 
conclusão de um setor do aterro, os gases produzidos pela decomposição do lixo devem ser queimados e 
os percolados devem ser captados. Em complemento, também devem ser realizadas obras de drenagem 
das águas pluviais. 
Os setores concluídos devem ser objeto de contínuo e permanente monitoramento para avaliar as obras 
de captação dos percolados e as obras de drenagem das águas superficiais, avaliar o sistema de queima 
dos gases e a eficiência dos trabalhos de revegetação. Nesse sentido, segundo IPT (1995), as seguintes 
técnicas de monitoramento são geralmente utilizadas: piezometria, poços de monitoramento, 
inclinômetro, marcos superficiais e controle da vazão. 
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O Aterro Sanitário abriga resíduos sólidos, em geral resíduos domésticos, atendendo a normas legais e 
critérios ambientais para combate à poluição do solo e camadas inferiores. Este tipo de aterro utiliza 
técnicas de engenharia e tecnologia seguras para evitar danos ao meio ambiente e à saúde pública e passa 
por monitoramento constante para evitar vazamentos no solo. 
Antes da instalação do aterro sanitário é realizada a impermeabilização total do local que receberá os 
resíduos e são instaladas redes para coleta e tratamento do chorume, material que reúne todas as 
impurezas líquidas e tóxicas do lixo. Os gases que emanam do aterro são captados e tratados, e a 
quantidade e qualidade do lixo depositado é controlada. 
Devido ao monitoramento constante, o aterro sanitário não contamina o solo, o lençol freático, as águas 
superficiais e a atmosfera. Controla ainda a proliferação de vetores de doenças e não apresenta risco de 
desabamentos. 
De acordo com a Norma Técnica BNT 8419, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o aterro 
deve ser instalado a pelo menos 200 metros de cursos d’água, respeitar a distância de 1,5 metro entre a 
superfície de destinação e a camada de lençol freático e estar em área livre de inundação. Assim, o aterro 
sanitário possui risco praticamente nulo de interdição. 
 
A figura acima ilustra um esquema de aterro sanitário 
 
 
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Formas de aterramento: 
A. Método de Trincheira ou vala: 
 
No método de trincheira as valas são colocadas com dois a três metros de profundidade, chegando em 
alguns casos até cinco metros, dependendo da profundidade do lençol freático. 
O material escavado serve para cobertura do próprio aterro. Os resíduos precisam ser compactados para 
que seja aumentada a vida útil do aterro. 
Indicado para terrenos planos ou levemente inclinados, onde o lençol freático não é raso. Inviável para 
terrenos rochosos. 
Geralmente utilizado para municípios de pequeno a médio porte (operação e equipamentos mais 
simples). 
Para municípios de grande porte

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