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Motores de Indução Assíncronos

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1 
 
Motores de Indução Assíncronos 
Instituto Federal de Sergipe – Campus Lagarto, dezembro de 2017 
Professor: Luiz Miranda 
 
1- Introdução 
Motores assíncronos compões cerca de 90% de todos os motores presentes na indústria. Se 
uma esteira está andando, se um misturador está girando, se uma bomba está funcionando, pode ter 
certeza que existe um motor assíncrono por trás disto. Mas por que esses motores são tão usados? 
Diferentes tipos de motores têm diferentes tipos de aplicação, mas poucos são tão versáteis 
quando os motores assíncronos. Suas principais vantagens são: 
• Baixa manutenção: Diferente de outros motores, o motor assíncrono em geral possui apenas 
dois pontos de contato com o rotor, os rolamentos de sustentação (Figura 1). Em conjunto 
com o rotor gaiola de esquilo (que será descrito mais adiante, mas pode ser visto entre os 
círculos vermelhos da Figura 1) que é uma peça sólida de alumínio, esse tipo de motor 
praticamente não quebra. 
 
Figura 1. Pontos de contato de um motor assíncrono, marcados com os círculos vermelhos. 
 
• Longa vida útil: Como já foi visto, esse motor não precisa de muita manutenção. Justamente 
por isso, quando usados dentro da faixa de operação correta, é comum encontrar motores 
com mais de 10 anos de uso funcionando perfeitamente. 
 
• Versatilidade: O motor a indução assíncrono possui potência suficiente para uma gama muito 
grande de aplicações. Além disso, é possível obter um motor deste tipo com dimensões muito 
menores que outros tipos de motores na mesma faixa de potência. 
 
• Barato: A construção do motor é bastante simples e juntando aos custos de manutenção 
baixos o valor total a curto, médio e longo prazo desse motor é muito atraente. 
 
Como pode ser visto, os motores assíncronos são "pau pra toda obra", mas como tudo na vida, 
ele não é perfeito. As principais desvantagens deste tipo de motor são: 
 
• Baixo Fator de Potência: Motores de indução geralmente tem fator de potência entre 0,6 e 
0,9. Quando apenas um motor é usado, isso não impacta muito na rede elétrica. No entanto, 
em grandes indústrias dezenas de motores são ligados ao mesmo tempo e isso gera um fator 
de potência combinado muito baixo. As concessionárias de energia penalizam bastante esse 
 
 
 2 
 
tipo de comportamento com contas exorbitantemente caras. Existem meios de reduzir isso 
usando, por exemplo bancos de capacitores, mas isso foge ao nosso assunto. 
 
• Alta Corrente de Partida: Ao ligar esse tipo de motor as correntes de partida podem chegar a 
cinco vezes a corrente de operação nominal. Em motores pequenos isso pode não ser grande 
problema, mas em motores que, por exemplo, tem corrente de operação de 10A, na sua 
partida teremos 50A sendo puxados da rede. 
 
• Necessidade de um inversor de Frequência: Existem algumas formas de controlar a 
velocidade de um motor assíncrono, a mais comum, no entanto, é a utilização de um inversor 
de frequência. Esse tipo de dispositivo é dimensionado para a potência do motor e pode, em 
alguns casos, ser o mesmo preço do motor e até mais caro (ver Figura 2). 
 
Figura 2. Como inversores são caros! Não é mesmo? É claro que é possível encontrar mais baratos, mas esse é 
um exemplo para chocar mesmo. 
 
Agora que sabemos as vantagens e desvantagens da utilização de motores assíncronos, vamos 
dar uma olhada em suas partes principais. 
 
2- Principais partes 
 
As principais partes de um motor a indução assíncrono são: Rotor e Estator. Como o nome já 
diz, o Rotor é a parte do motor que rotaciona e o Estator é o restante do motor, ou seja, a parte que 
não gira. Vamos dar uma olhada mais afundo nessas duas partes. 
 
2.1 - O Rotor 
 
Como já foi dito, o rotor é a parte do motor que rotaciona, nele serão induzidas correntes que 
irão interagir com o campo magnético do estator e gerar uma força que fará o motor girar. Entendeu? 
Não? Não se preocupe que eu explico melhor mais à frente. Existem dois tipos de rotores que são 
usados nos motores de indução: Rotor Gaiola de Esquilo e Rotor Bobinado. 
 
2.1.1 - Rotor Gaiola de Esquilo 
 
O rotor do tipo Gaiola de Esquilo é o tipo de rotor mais comum de todos. Se em algum 
momento da sua vida você abriu um ventilador você já viu um. Mas por que Gaiola de Esquilo? Veja a 
Figura 3, não lembra uma gaiola de hamster? Então, é justamente por isso. Mas quem deu nome a 
isso criava esquilo ao invés de preá. 
 
 
 3 
 
O Rotor gaiola de esquilo consiste em barras de condutores organizados como na Figura 3.a 
curto circuitadas nas suas pontas por anéis e com placas de alumínio colocadas no seu interior (Figura 
3.b) resultando no rotor mostrado na Figura 3.c. 
 
Figura 3. A) Estrutura que dá nome a esse rotor, a gaiola de preá. B) Placas de alumínio colocadas no 
seu interior. C) Rotor completo. 
 
2.1.2 - Rotor Bobinado 
 
Como o próprio nome já diz, este tipo de rotor possui bobinas. Mais especificamente, este 
tipo de rotor é composto por: um núcleo de ferro (ou alumínio) laminado com ranhuras para a 
alocação das bobinas, as bobinas e anéis coletores que dão acesso às bobinas. Essa composição pode 
ser vista na Figura 4. 
 
Figura 4. Composição do rotor bobinado. 
 
2.1.3 - Por que usar um ou outro? 
 
Quando em funcionamento, o Rotor Gaiola é praticamente um pedaço de alumínio sólido 
rotacionando sem contato algum com a carcaça do motor além dos rolamentos. Isso faz com que, em 
funcionamento normal, não exista motivo para que haja falha nesse rotor (claro que acaba 
 
 
 4 
 
acontecendo eventualmente, mas, ou demora muito ou é uma ocasião muito fora do padrão). Além 
de ser robusto, este tipo de rotor é barato. 
O Rotor bobinado é usado quando queremos ter controle sobre o funcionamento do motor 
mais facilmente. O acesso às bobinas do motor faz com que seja possível colocar resistores variáveis 
em série com os enrolamentos do mesmo. Isso faz com que seja possível controlar o torque e a 
corrente de partida sem ter que adicionar outros dispositivos ao motor. A principal desvantagem da 
utilização deste rotor é a presença de escovas. Manter algo em atrito com os anéis coletores adiciona 
um elemento de desgaste que necessita reparos constantemente. Além disso, a produção deste rotor 
é mais cara que o rotor gaiola de esquilo pois, além do núcleo magnético, é necessário encaixar espiras 
de cobre e uni-las em anéis coletores. 
 
2.2 - O Estator 
 
Novamente o nome diz a característica principal dessa parte do motor, ele fica estático, ou 
seja, parado. No Estator está todo o restante do motor assíncrono, no entanto, a principal função do 
estator é alojar os enrolamentos que serão ligados à rede elétrica. Esta parte do motor é composta 
primariamente por duas partes, os enrolamentos (Figura 5.a) e o núcleo de ferro laminado (Figura 
5.b). 
 
Figura 5. A) Enrolamentos presentes no estator (em laranja). B) Núcleo de aço laminado para reduzir 
correntes de Foucault. 
 
O estator de um motor assíncrono trifásico tem três agrupamentos de enrolamentos, um para 
cada fase. Já o estator de motores assíncronos monofásicos tem dois enrolamentos, um principal que 
mantem o rotor girando e um secundário que, em conjunto com um capacitor, serve para dar a partida 
no motor. 
Isso tudo é muito interessante e tal, mas como ligar o motor na rede elétrica faz o rotor girar? 
Que bom que você perguntou, pois é exatamente isso que será apresentado na próxima seção. 
 
3 – Funcionamento do Motor 
 
Antes de começarmos é bom lembrar de duas coisinhas muito importantes para o 
funcionamento de todo tipo de motor: A lei de indução de Faraday e a Força de Lorentz. 
 
3.1- Lei de induçãode Faraday 
 
De maneira incrivelmente simplista, a lei de indução de Faraday diz que, se você tem uma 
espira condutora imersa em um campo magnético e a intensidade deste campo varia, uma força 
 
 
 5 
 
eletromotriz (uma tensão, ou voltagem) será gerada neste fio e consequentemente uma corrente será 
induzida na espira. Este processo está ilustrado na Figura 6. 
 
Figura 6. Ilustração da lei de indução de Faraday. O imã de aproxima da bobina, fazendo a intensidade 
do campo magnético que passa pelas espiras variar, induzindo uma corrente nas mesmas. 
 
A intensidade dessa tensão varia de acordo com a fórmula (1). 
 (1) 
em que: ε é a tensão gerada, ΔΦ é a variação de densidade de campo magnético e Δt é a 
variação do tempo. Isso é obtido para cada espira, então se quisermos obter uma tensão maior 
podemos simplesmente adicionar mais espiras no sistema, ou seja, fazer mais enrolamentos. 
 
3.2- Força de Lorentz 
 
Resumidamente e de maneira específica às nossas aplicações, a Força de Lorentz acontece 
quando temos um fio conduzindo corrente imerso em um campo magnético. A direção desta força é 
obtida conforme a Figura 7 e sua intensidade é calculada pela equação (2). 
 
Figura 7. Ilustração da Força de Lorentz em um fio condutor. Se temos um fio conduzindo uma 
corrente I (na direção do indicador) imerso em um campo magnético B (na direção do dedo médio) teremos 
uma força resultante na direção do polegar. 
 
F=B.i.l (2) 
 
 
 6 
 
em que: 'F' é a intensidade da força, 'B' é a intensidade do fluxo magnético, 'I' é a intensidade da 
corrente e 'l' é o comprimento do condutor. 
 
 
3.3 - Como o rotor gira? 
 
Agora que fizemos esta rapidíssima revisão da Lei da Faraday e Força de Lorentz, podemos 
começar a entender como o motor de indução funciona. Em algum momento do passado, em uma 
disciplina de Física, você viu que sempre que há passagem de corrente em um condutor, um campo 
magnético é gerado ao seu redor (fenômeno conhecido nas ruas como lei de Ampère), o sentido desse 
campo segue a regra da mão direita ilustrada na Figura 8. 
 
Figura 8. Ilustração do sentido do campo magnético gerado pela corrente no condutor. 
 
Esse fenômeno pode ser amplificado se enrolarmos esse fio no formato de uma mola (Figura 
9). Isso fará com que o campo magnético resultante seja concentrado no interior do enrolamento, 
simulando um imã permanente. Essa composição é chamada de eletroímã. 
 
Figura 9. Como fazer um eletroímã. 
 
No estator dos nossos motores de indução temos dezenas, quando não centenas, de 
eletroímãs que são gerados pela passagem de corrente da rede elétrica pelos enrolamentos do 
estator. Como vocês devem saber, a tensão na tomada de sua casa, assim como nas indústrias, é 
alternada, ou seja, oscila de –127v a 127v constantemente a cada 16,66 milissegundos (também 
conhecido como frequência de 60Hz), pelo menos no Brasil é assim, em outros países a frequência 
pode ser 50Hz. 
 
 
 7 
 
A consequência de a tensão ser alternada é que a intensidade do campo gerado nas espiras 
também é alternada. O resultado disso é um campo magnético que gira de maneira proporcional à 
frequência da rede elétrica como mostrado na Figura 10 para um motor trifásico. 
 
Figura 10. Ilustração de como é gerado o campo magnético girante. Do lado esquerdo temos uma 
versão simplificada dos enrolamentos do estator de um motor trifásico. Do lado inferior direito temos a 
intensidade da corrente que passa pelos enrolamentos das respectivas cores. Na parte superior temos uma 
ilustração do campo magnético resultante para os momentos I, II e III em relação à corrente nos enrolamentos. 
 
Se você não entendeu como esse campo magnético é gerado apenas olhando a Figura 10, não 
se preocupe. A física por trás desse fenômeno é importante pois ajuda na compreensão de outros 
eventos, mas não é essencial para a compreensão da disciplina. Caso você queira uma explicação mais 
detalhada sobre o campo girante acesse esse link 
(https://www.youtube.com/watch?v=AQqyGNOP_3o) o vídeo tem legenda em português. Se você 
está com a versão impressa desse material, pesquise no Youtube "How does an induction Motor 
Works?" e ative a legenda em português. 
 
Agora nós já sabemos que a rede trifásica gera um campo magnético que gira uma frequência 
proporcional à rede elétrica. Mas quão proporcional? Exatamente como na equação (3) 
Ns = 120.f/p (3) 
em que Ns é a velocidade de giro do campo magnético (em RPM), f é a frequência da rede elétrica 
(em Hz) e p é o número de polos gerados pelos enrolamentos do estator, na Figura 10, por exemplo 
esse número é 2 (um polo Norte e um polo Sul). Como não é possível gerar um pólo Norte sem gerar 
automaticamente um polo Sul correspondente, geralmente consideramos apenas o número de pares 
de polos, assim podemos reescrever a equação (3) como: 
Ns = 60.f/p2 
Em que p2 é o número de pares de polos. Ns também é conhecida como velocidade síncrona, pois está 
em sincronia com a rede elétrica. Com essa informação podemos também saber como controlar a 
velocidade de giro do rotor, basta alterar a frequência da tensão que energiza o sistema. Essa é a 
principal função do inversor de frequência. Outra informação importante é como inverter o sentido 
de giro do motor, para isso basta selecionar duas fases e troca-las de terminais no motor. 
 
OBS: O número de pares de polos gerados pelo estator é um critério de projeto do motor e é obtido 
reorganizando os enrolamentos no estator. 
 
 
 
 8 
 
Já sabemos que existe um campo girante e sabemos calcular sua velocidade de giro. Agora 
vamos ver como esse campo faz o rotor girar. 
Veja novamente a Figura 3.a. O rotor gaiola é constituído de várias barras condutoras curto-
circuitadas, certo? Considere que o rotor esteja parado, quando o campo magnético do estator 
começar a girar, teremos uma variação na intensidade do campo magnético em que a barra do rotor 
está imerso. Onde já vimos algo parecido com isso? Na lei de indução de Faraday, assim, a variação da 
intensidade do campo magnético vai induzir uma corrente nas barras do rotor (daí o nome de motor 
de indução). Outra coisa que já sabemos é que, quando um condutor imerso em um campo magnético 
conduz corrente, a força de Lorentz age sobre este condutor. No nosso caso, temos as barras do rotor 
conduzindo corrente e o campo magnético gerado pelo estator, a consequência disso é que a força de 
Lorentz irá agir sobre o rotor, fazendo-o girar na mesma direção de giro do campo magnético. Uma 
ilustração desse efeito pode ser vista na Figura 11. 
 
Figura 11. Ilustração da força de Lorentz agindo sobre o rotor (simplificado como uma espira em 
laranja). Quando corrente passa pelo rotor imerso no campo magnético do estator, a força de Lorentz age 
sobre ele, fazendo-o girar. 
 
O rotor gira no mesmo sentido do campo magnético? Sim. Com a mesma velocidade de giro? 
Não, o rotor nunca consegue alcançar a velocidade síncrona pois sempre quando ele se aproxima 
desse valor a intensidade da corrente induzida fica menor (pois o rotor fica com a mesma velocidade 
do campo e não há variação de campo magnético para induzir corrente) e consequentemente a força 
de Lorentz resultante fica menor. Assim, o rotor sempre irá girar um pouco mais lento que a 
velocidade síncrona, daí o outro nome deste tipo de motor, assíncrono. 
A diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade de giro do rotor é chamada de 
escorregamento eé calculada a partir da equação (4). 
S (%) = (Ns – N)/Ns x 100% (4) 
Em que S é o escorregamento (em %), Ns é a velocidade síncrona e N é a velocidade de giro 
do rotor. O valor de S para motores em funcionamento normal é entre 2% e 5%. 
 
4- Características do Motor 
 
Podemos considerar o motor de indução como um transformador rotativo. Se parar para 
pensar, os elementos são os mesmos, temos um lado primário (estator) que irá induzir uma tensão no 
secundário (rotor) que por sua vez fornecerá energia para uma carga (carga ligada ao eixo do rotor 
 
 
 9 
 
como uma esteira, misturador, ventoinha, etc). Assim, podemos considerar o circuito equivalente da 
Figura 12. 
 
Figura 12. Circuito equivalente para um motor de indução assíncrono. 
 
Em que: 
• R1 = resistência do estator por fase; 
• X1 = reatância do estator por fase; 
• X2' = reatância do rotor por fase refletido no estator; 
• R2' = resistência do rotor por fase refletido no estator; 
• Xm = reatância de magnetização por fase; 
• Rc = resistência de perdas por fase; 
 
Lembrando que: 
• R1 e R2 são as perdas por efeito Joule no lado primário e secundário; 
• X1 e X2 são as perdas por dispersão de fluxo; 
• Rc é a resistência que representa todo tipo de perda extra como, por exemplo, perdas com o 
atrito com o ar, perdas de atrito mecânico, etc; 
• Xm são as perdas por magnetização no núcleo; 
• R2'(1-s)/s é o que representa a carga colocada sobre o eixo do rotor. 
 
4.1 - Relação Corrente x Rotação do rotor 
 
Quando usamos um motor de indução assíncrono temos que prestar bastante atenção na 
corrente que ele puxa da rede elétrica, pois como já vimos na seção 1 a partida pode ser uma 
região muito delicada do funcionamento deste motor. Por este motivo iremos dar uma rápida 
olhada na relação entre a corrente do motor e a rotação do rotor. Esta relação pode ser vista no 
gráfico da Figura 13. 
 
 
 10 
 
 
Figura 13. No eixo y temos a corrente que o motor precisa e no eixo x temos a rotação do motor. 
Inom é a corrente nominal de funcionamento e I0 é a corrente que seria usada e se o rotor chegasse à 
velocidade síncrona 
Observe que com a rotação 0, a corrente é elevada, entre 5 e 6 vezes o valor da 
corrente nominal, este o problema que encontramos na seção 1, corrente de partida (Ip) 
elevada. Com o aumento da rotação, a corrente tende a diminuir até chegar à corrente 
nominal, quando o escorregamento fica em torno de 4%. 
 
4.2 - Relação Conjugado x Rotação 
 
Conjugado? O que é isso? É o torque do motor, não me pergunte porque, mas chamam o 
torque do motor de conjugado. 
 
Esta é a relação mais importante que veremos, e quando você entende o gráfico 
completamente, muita coisa faz mais sentido. Vamos lá, a relação Conjugado x Rotação é 
representada pelo gráfico na Figura 14. 
 
Figura 14. Relação Conjugado x Rotação. 
Vamos fazer uma rápida análise deste gráfico. No ponto A podemos ver o conjugado 
de partida do motor. Com o aumento da rotação, o torque do motor aumenta até um ponto 
máximo, o ponto B. A partir dessa rotação, o conjugado começa a cair, até a região de 
operação com escorregamento em torno de 4%, com torque nominal, ponto C. 
Imagine esse processo como se você estivesse em uma bicicleta. Quando você começa 
a pedalar girando os pedais devagar não necessário tanta força para fazer a bicicleta andar, 
ponto A. Se você quiser acelerar, é necessário aplicar mais força nos pedais por um tempo até 
 
 
 11 
 
que a velocidade que você quer seja atingida, ponto B. A partir daí, não é necessário mais 
tanta força para se manter nessa velocidade, ponto C. Não sei se essa analogia ajudou muito, 
mas enfim. 
Pode ser visto também que existem outras duas regiões no gráfico: Freio e Gerador. 
Na região de freio, a rotação do rotor está negativa, ou seja, girando no sentido contrário ao 
campo do estator, um exemplo bem comum deste tipo de situação é um ventilador de teto 
girando em um sentido e você pressiona o interruptor para ele mudar de sentido. 
Na região de gerador, a rotação do rotor está maior que a velocidade síncrona. 
Naturalmente, isso só irá ocorrer se houver uma fonte externa de energia mecânica, como 
uma turbina eólica, por exemplo. Justamente por isso essa região é chamada de gerador. 
No rotor do tipo bobinado é possivel ter acesso aos enrolamentos do rotor. Por causa 
disso, podemos alterar a impedância dos enrolamentos, alterando os gráficos anteriores de 
acordo com a figura 15. Isso faz com que seja possível ao mesmo tempo controlar a corrente 
e torque de partida do motor. 
 
Figura 15. No topo: esquemático de um motor com rotor bobinado e resistores variáveis 
ligados às escovas. No centro: Relação corrente x rotação para R0, R1 e R2>R1. Embaixo: Relação 
conjugado x rotação para R0, R1 e R2>R1. 
 
Pode ser visto que, quando aumentamos a resistência ligada às escovas é possível 
diminuir a corrente de partida e aumentar o torque de partida. Essas resistências são variadas 
durante a aceleração do motor para obter sempre a melhor configuração possível. 
 
5- Balanço de Energia 
 
Como já sabemos, nenhuma máquina é perfeita. Assim, a energia elétrica que entra 
no motor não é convertida 100% em energia cinética, boa parte dela é perdida nos pontos de 
contato e atrito com o ar. É possível ver na Figura 16 o ponto em que cada tipo de perda 
ocorre. 
 
 
 12 
 
 
Figura 16. Perdas que ocorrem no motor assíncrono. 
 
Em que: 
• Pf = Potência fornecida pela rede = 
• Pje = Perdas Joule no estator = 3. R1. If² 
• Prot = Perdas rotacionais = Perdas no ferro + Perdas de atrito e ventilação 
• Pjr = Perdas Joule no rotor = 3. R2'. I2'² 
• Putil = Potência útil = 3.R2'.I2'².(1-s)/s, que é a potência que realmente será convertida em 
movimento. 
Temos também uma medida de rendimento dada por: 
 η(%) = (Putil/Pf) x 100% 
Rendimento é uma variável que, por lei, deve estar na placa de informações do motor. 
Uma outra forma de calcular a potência útil é 
 
Putil = Pf.η, ou seja Putil = 3^(½) . Vl. Il. cos(θ) η 
Em que Vl e Il são respectivamente, a tensão e corrente fornecidas pela fonte e cos(θ) 
é o fator de potência do motor. 
 
6- Ligação Estrela e Triângulo 
 
Para um motor trifásico temos sempre três agrupamentos de enrolamentos que, em geral, 
estão organizados como na Figura 17. 
 
 
 13 
 
 
Figura 17. Enrolamentos de cada fase de um motor trifásico. Cada letra representam uma fase e os 
números representam os terminais dos enrolamentos. 
 
Em geral, os motores trazem, nas suas placas de informações, as instruções de como 
fazer a ligação estrela ou triângulo neles. Alguns motores, no entanto, já estão sendo usados 
a muito tempo e essas placas acabaram perdendo a tinta. Como fazer então? 
A ligação padrão para estrela e triângulo do motor apresentado na Figura 17 pode ser 
vista na Figura 18. 
 
Figura 18. A) Ligação estrela. B) Ligação triângulo. 
 
Agora que já sabemos como fazer a ligação estrela ou a ligação triângulo para um 
motor trifásico. Vamos ver uma característica comum dos motores, quase sempre eles 
trabalham com duas tensões. Por que? Por causa dos dois tipos de ligação que podemos fazer. 
Como assim? Vamos fazer uma revisão sobre tensão e corrente de linha e tensão e corrente 
de fase, que provavelmente isso ficará mais claro. 
 
Tensão e Corrente de Fase: São as tensões e correntes que circulam pelas fases do 
motor. 
Tensão e Corrente de Linha: São as tensões e correntes que circulam pela rede 
elétrica. 
Considere o circuito da Figura 19.14 
 
 
Figura 19. Motor em ligação triângulo em que Vl e Il são as tensões e correntes de linha. Vf é a 
tensão de fase da carga (enrolamento) entre os terminais 3 e 6. 
 
Como pode ser visto, o nós A e C se conectam diretamente na tensão de linha Vl, 
fazendo com que a tensão de fase Vf seja igual a Vl. No entanto, quando a corrente Il chegar 
ao nó A ela irá se dividir em duas correntes IAC e IAB que são, respectivamente, a corrente de 
fase da carga entre A e C e a carga entre A e B. De maneira geral podemos dizer que, para uma 
ligação Triângulo, a tensão de linha é igual à tensão de fase, no entanto, a corrente de linha é 
dada por: 
Il = 3^(½).If, ou seja, a corrente de linha é igual à raiz de três vezes a corrente de fase. 
Assim, se um motor ligado em triângulo numa rede de 220v puxa 2A de corrente de 
linha, a corrente em cada enrolamento do motor será de 1,15A. 
 
Considere agora o circuito da Figura 20. 
 
Figura 20. Motor em ligação estrela em que Vl e Il são a tensão e corrente de linha, enquanto os Vf são 
as tensões de fase nas cargas entre 1 e 4 e entre 3 e 6. 
 
Quando a corrente Il chega ao terminal 2, ela não tem nenhum outro caminho a seguir 
a não ser o enrolamento entre os terminais 2 e 5. A corrente que passa por estes terminais é 
a corrente de fase deste enrolamento, ou seja, a corrente de linha é igual à corrente de fase. 
A tensão de linha, no entanto, não é a mesma que as tensões de fase. Como podemos ver na 
Figura 20, semelhante à o que acontece com as correntes de fase na ligação triângulo, a tensão 
de linha é igual à soma das tensões de fase Vf. Assim, sem perda de generalidade, podemos 
dizer que, para uma ligação estrela a corrente de linha é igual à corrente de fase, enquanto a 
tensão de linha é igual ao produto da raiz de 3 pela tensão de fase Vf. Assim, se um motor 
 
 
 15 
 
ligado em estrela feito para ter 220V nos seus enrolamentos a tensão de linha aplicada a ele 
deve ser de 220*1,73, ou seja, 380V. 
É por isso que os motores trifásicos possuem dois modos de funcionamento, suas 
bobinas são projetadas para operarem com uma mesma tensão de fase, assim, se o motor for 
ligado em estrela a tensão da rede elétrica deve ser maior para satisfazer a relação entre 
tensão de fase e tensão de linha. 
Considere os circuitos da Figura 19 e 20, imagine que a impedância de cada um dos 
enrolamentos neste motor vale 10 ohms e eles são projetados para funcionar com uma tensão 
de fase igual a 220V. Vamos calcular a corrente de linha de cada um dos casos: 
 
• Ligação triângulo: Primeiro vamos calcular a corrente de fase. Para isso basta fazer Vf=If.R, com 
R=10, temos If = 22A. Agora só precisamos multiplicar por raiz de 3 para encontrar a corrente 
de linha. Assim obtemos 38,1A. 
• Ligação estrela: Sabemos que neste tipo de ligação a corrente de fase é igual à corrente de 
linha. Já calculamos a corrente de fase que é 22A. Então a corrente de linha também será 22A. 
O que podemos ver com esse exemplo? A corrente que o motor puxa da rede é menor 
quando ele é ligado em estrela, a desvantagem disso é que o torque também é menor. Por 
essa característica, uma forma muito comum de dar partida em motores trifásicos é iniciar o 
giro com a ligação estrela e após algum tempo, quando o motor já estiver com uma rotação 
maior comutar a ligação para triângulo. Esse processo é conhecido como partida Estrela-
Triângulo e garante que a corrente de partida do motor seja menor sem precisar dos artifícios 
mostrados na seção 4.2.

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