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Art. 157 Roubo

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Direito penal: parte especial
Prof. MsC. Eduardo Ferraz
ROUBO
Legislação
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
Legislação (cont.)
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância;
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
Bem jurídico
O roubo é um crime complexo, vez que é constituído de elementos de dois outros crimes. Assim, protege-se:
a inviolabilidade do patrimônio (compreendendo-se a propriedade, a posse e a detenção), e;
também a liberdade individual e a integridade corporal.
Sujeito ativo
Qualquer pessoa (delito comum).
O proprietário do objeto, praticando violência ou grave ameaça, visando recuperar coisa sua, responde por exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 CP), a depender das circunstâncias e do elemento subjetivo que orientar sua conduta, além de incorrer nas sanções correspondentes à violência empregada.
Sujeito passivo
O proprietário, o possuidor e o detentor da coisa.
A violência ou grave ameaça pode ser exercida ainda contra terceira pessoa, desligada da lesão patrimonial.
Tipo objetivo
Roubo próprio. É a figura do caput, situação em que o agente, visando apoderar-se do patrimônio alheio, se utiliza de:
grave ameaça;
violência; 
qualquer outro meio capaz de impossibilitar a vítima de resistir ou de defender-se.
O primeiro modus operandi é a grave ameaça, é a violência moral, a promessa, direta ou indireta, implicita ou explicita, de fazer mal a vítima, intimidando-a, viciando sua vontade, devendo ser grave de modo a evitar a reação contra o criminoso. A análise da ameaça é subjetiva, dependendo sua eficácia das circunstâncias do caso concreto (momento (dia ou noite), local (ermo ou escuro), aparência do agente etc.) e das qualidades pessoais da vítima (idade, sexo, condição social, saúde, grau de instrução).
Tipo objetivo (cont.)
O segundo é a violência física, isto é, o constrangimento físico da vítima, o emprego de força corporal contra seu corpo. Para sua caracterização é suficiente que ocorra lesão leve ou simples vias de fato (violência física sem dano à integridade corporal), como, v.g., violentos empurrões ou trombadas; se estes forem leves, caracterizado está o furto. A lesão grave ou morte qualifica o crime de roubo (§ 3º).
O terceiro modus operandi, qualquer meio, como modo de reduzir ou impossibilitar a resistência da vítima, requer uma interpretação analógica para seu perfeito entendimento. Assim, abrange todos os meios que podem produzir um estado físico-psíquico apto a reduzir ou suprimir totalmente a capacidade de resistência da vítima (anestésicos, narcóticos, álcool, hipnose). Esses meios devem ser empregados sub-repticiamente, fraudulentamente, sem violência ou grave ameaça, do contrário configurará as hipóteses anteriores. Se, no entanto, a própria vítima se coloca nessa situação de incapacidade de oferecer resistência, o crime será o de furto.
Tipo objetivo (cont.)
Roubo impróprio. É a figura contemplada no art. 157, § 1º, em que a violência ou grave ameaça é empregada para assegurar a detenção da coisa ou garantir a impunidade do crime.
A diferença desta espécie para o roubo próprio reside no momento e na finalidade da vis corporalis ou da vis compulsiva. No roubo próprio, a violência ou grave ameaça é utilizada antes ou durante a subtração, enquanto no roubo impróprio é utilizada imediatamente após o apossamento da coisa. Exs.: a violência exercida contra o guarda-noturno quando o agente, já carregando o produto do crime, desperta a atenção do policial, ou quando, já tendo escondido a coisa subtraída, volta ao local para apanhar um documento que deixou cair e pode servir de identificação, praticando violência contra aquele que o encontrou.
Roubo e princípio da insignificância (ou princípio da bagatela)
Os tribunais pátrios tem negado aplicação do princípio da insignificância nos crimes de roubo.
Há, entretanto, quem o entenda aplicável, vez que, por ser o roubo um crime complexo, em que são protegidos o patrimônio, a liberdade individual e a integridade corporal, quando ínfima a lesão ao primeiro, o agente deverá ser punido apenas pela lesão aos demais, assim, pelo constrangimento ilegal, ameaça, lesão corporal.
Tipo subjetivo
Dolo (vontade e consciência) de realizar o tipo objetivo (subtrair coisa alheia móvel, mediante violência ou grave ameaça), e;
O elemento subjetivo especial do tipo (comum a ambos os tipos de roubo) representado pelo especial fim de agir no sentido de apossar-se injustamente da coisa, para si ou para outrem.
No roubo impróprio há ainda o elemento subjetivo especial do tipo – fim especial de agir – de empregar a violência ou a grave ameaça para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída.
O roubo de uso é crime, não importando a real intenção do agente.
Consumação
No roubo próprio, com o efetivo apossamento da coisa, ainda que por curto lapso temporal, na posse tranquila do sujeito, que dele pode dispor. Irrelevante a perda da coisa.
No roubo impróprio, com o emprego da violência ou grave ameaça à pessoa, logo após a subtração da coisa.
Tentativa
No roubo próprio, a tentativa é pacífica.
No roubo impróprio, há controvérsia:
Para uma corrente, não é possível, vez que a tentativa de usar da violência ou grave ameaça é juridicamente irrelevante nessas circunstâncias. Consumada a subtração e, em seguida, a violência ou a grave ameaça, ter-se-á o roubo. Se apenas tiver a subtração sem violência ou grave ameaça, o crime é de furto.
A doutrina majoritária, porém, entende admissível quando o autor é flagrado no momento em que procura empregar a violência ou a grave ameaça, sem conseguir obter êxito.
Causas de aumento de pena (§ 2º, I)
Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma. O vocábulo arma é empregado não apenas no seu sentido técnico (arma própria), em que quer significar o instrumento destinado ao ato de ataque ou de defesa, mas também em sentido vulgar (arma imprópria), isto é, qualquer outro instrumento que se torne vulnerante, bastando que seja utilizado de forma diversa para a qual foi destinado (faca, machado, foice, tesoura etc.).
Para Régis Prado, é suficiente que a arma seja portada ostensivamente, ameaçando a vítima, sendo prescindível que dela venha a fazer uso. Bitencourt e Capez, entretanto, exigem seu efeito emprego.
Causas de aumento de pena (§ 2º, I) (cont.)
O agente que não tem o porte de arma responde em concurso material com o delito previsto no art. 14 ou 16, da Lei nº 10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, respectivamente).
Na hipótese de associação criminosa armada para a prática de roubo, há concurso material entre os delitos dos arts. 288, 157, caput ou § 1º e arts. 14 ou 16 da Lei nº 10.826/03. Não se aplicam as causas de aumento de pena dos incs. I e II do roubo e nem a do parágrafo único do delito de associação criminosa, em razão da previsão de tipo penal autônomo.
Dividia-se a doutrina acerca da possibilidade da arma de brinquedo caracterizar o aumento. A orientação moderna é a de que figura o roubo
simples, vez que a arma de brinquedo é inidônea, pois não possui potencialidade lesiva.
Causas de aumento de pena (§ 2º, II)
Se há o concurso de duas ou mais pessoas. A pluralidade de agente (duas ou mais pessoas) também é causa de aumento de pena, sendo necessário que todos participem da execução do delito, direta ou indiretamente, sendo prescindível que todos estejam no local do crime ou sejam imputáveis. Aplica-se a regra do art. 29, CP.
Existindo associação criminosa com a intenção específica de praticar delitos de roubo, ter-se-á a aplicação do art. 288 em concurso material com o art. 157, caput, ou § 1º.
Causas de aumento de pena (§ 2º, III)
Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. O inc. III procura conceder maior proteção àqueles que tem por ofício o transporte de valores (aí se incluindo dinheiro, pedras preciosas, ouro em pó ou em barra, selos, estampilhas, títulos ao portador etc.), excluindo-se o proprietário.
O presente dispositivo tem como fundamento os constantes assalto praticados contra carro-forte.
É indispensável que o agente tenha conhecimento de que a vítima transporta valores, devendo esse conhecimento ser abrangido pelo dolo.
Causas de aumento de pena (§ 2º, IV)
Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Tem como motivação o alto índice de furto e roubo de veículos, especialmente para levá-los a países fronteiriços. Incide a causa de aumento de pena não só no caso de transporte para o exterior, mas também se for levado para outro Estado da Federação.
Causas de aumento de pena (§ 2º, V)
Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. Exige-se que a pessoa que tenha sido privada de sua liberdade seja a vítima do roubo.
Se for pessoa diversa, haverá concurso material entre roubo e sequestro.
Se o sequestro é praticado depois da subtração e sem qualquer vínculo com este, teremos concurso material do roubo com a extorsão mediante sequestro, art. 159, CP.
Formas qualificadas (§ 3º)
Em sua primeira parte, cuida do roubo qualificado pela lesão corporal grave. O resultado só pode ser imputado a título de dolo (direto ou eventual) ou culpa. Aplica-se ao roubo próprio e impróprio, e a violência pode ser exercida contra terceira pessoa. 
Na segunda parte, cuida do latrocínio, roubo qualificado pelo resultado morte. Embora atinja o bem vida, a ofensa a este é um meio para a violação do direito patrimonial da vítima. O resultado só pode ser imputado a título de dolo ou culpa.
O maior problema no que diz respeito a presente qualificadora incide na questão referente à tentativa e à consumação. Vejamos as hipóteses quanto ao resultado mais grave:
Formas qualificadas (§ 3º) (cont.)
Em relação à lesão corporal grave:
Lesão corporal grave consumada + roubo consumado = roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave.
Lesão corporal grave consumada + roubo tentado = roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave.
Em relação à morte:
Roubo consumado + homicídio tentado = tentativa de latrocínio.
Roubo consumado + homicídio consumado = latrocínio consumado.
Roubo tentado + homicídio tentado = tentativa de latrocínio.
Roubo tentado + homicídio consumado = latrocínio consumado. Ver súmula 610, STF.
É inaplicável o art. 9º da Lei nº 8.072/90, por revogação do art. 224, CP, pela Lei nº 12.015/09.
Ação penal
Pública incondicionada.

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