Art. 158 Extorsão

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Direito penal iii: parte especial
Prof. MsC. Eduardo Ferraz
EXTORSÃO
Legislação
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
Bem jurídico
A extorsão é uma espécie de constrangimento ilegal, e apresenta dois elementos:
coação da vítima;
obrigação de agir ou deixar de agir de modo a proporcionar o proveito ilícito para o autor do delito.
Sendo assim, é um crime complexo, que viola simultaneamente:
o patrimônio, e;
a integridade física e psíquica do ser humano.
Sujeito ativo
Qualquer pessoa.
Sujeito passivo
Qualquer pessoa. A pessoa constrangida pode ser pessoa diversa da pessoa extorquida. Também a pessoa jurídica pode ser sujeito passivo da extorsão.
Tipo objetivo
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa, a fim de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica.
Constranger deve ser entendido como coação, física ou moral, por parte do sujeito ativo.
O delito em espécie tem como requisitos:
Constrangimento do sujeito passivo, mediante emprego de violência ou da grave ameaça, para que faça, deixe de fazer ou tolere que se faça alguma coisa.
Finalidade de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica.
O comportamento deve ter a intenção de obter indevida vantagem, que é elemento normativo do tipo, e econômica. Ausente um desses requisitos, o crime será outro.
Tipo subjetivo
O dolo (vontade consciente de constranger), e;
O elemento subjetivo especial do tipo (com o intuito de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica).
Consumação
Com o constrangimento e o comportamento da vítima, fazendo, tolerando que se faça ou deixando de fazer alguma coisa.
A obtenção da vantagem indevida configura mero exaurimento.
Tentativa
Admissível.
Causas de aumento de pena (§ 1º)
Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, a pena é aumentada de um terço até metade.
Acerca do concurso de pessoas e do emprego de arma de fogo, consulte-se as notas relativas aos incs. I e II do § 2º do art. 157, CP.
Forma qualificada (§ 2º)
Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do art. 157, CP.
Forma qualificada (§ 3º)
O § 3º trata do que se convencionou chamar “sequestro relâmpago”. Embora conte com o apoio de boa parcela doutrinária, carece de distinção, comparado ao crime do art. 159, CP, extorsão mediante sequestro. Nesse sentido, Régis Prado. Todavia, costuma-se elencar como requisitos do extorsão com sequestro:
Constrangimento ilegal;
Intenção de obter indevida vantagem econômica;
Que esse constrangimento seja praticado mediante a restrição da liberdade da vítima;
Que tal restrição seja indispensável para se obter a vantagem econômica indevida.
Forma qualificada (§ 3º) (cont.)
Para Delmanto et alli, a distinção do art. 158, § 3º, por ele chamada de extorsão com sequestro, do crime do art. 159, extorsão mediante sequestro, reside no fato de que na primeira figura é a própria pessoa sequestrada que é extorquida, enquanto na segunda, a pessoa sequestrada é uma, a extorquida é outra.
Se da extorsão com sequestro resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
Ação penal
Pública incondicionada.