Buscar

Anotações Curso CERS 2013 Direito Civil - Mod. 01 - Aula 13

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 13.1
TEORIA GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL
• Distinções fundamentais entre ato ilícito e responsabilidade civil.
- No CC/16 (art. 159), havia uma relação de implicação entre ato ilícito e responsabilidade civil. Nessa época, todo ato ilícito gerava responsabilidade civil, e vise versa.
Nessa perspectiva, o ato ilícito e a responsabilidade civil se confundiam.
- No CC/2002, a percepção sobre a matéria melhorou. Por uma técnica mais apurada, evidenciou que ato ilícito e responsabilidade civil são conceitos distintos. Prova disso é a própria posição topológica dos institutos. O ato ilícito está na parte geral do CC, nos arts. 186 e 187, enquanto a responsabilidade civil está no art. 927, no campo das obrigações (parte especial). Logo, são conceitos diferentes, produzindo consequências/efeitos distintos.
- Genericamente, a responsabilidade civil é a obrigação de indenizar. Essa obrigação pode emanar tanto de condutas lícitas, como ilícitas. Portanto, a responsabilidade civil não decorre necessariamente de um ato ilícito. 
- Prova disso é que as hipóteses de responsabilidade civil objetiva são condutas lícitas, pois neste tipo de responsabilidade não se discute a ilicitude do antecedente.
- Além disso, o Ato Ilícito (Ver anotações da Aula 08) não gera necessariamente responsabilidade civil.
		- arts. 186 e 187 da CC.
		- Ato ilícito é o ato desconforme com o direito (antijurídico). 
- Em geral, temos o habito de associar ato ilícito comportamento com resultados gravosos, como ocorre no direito penal. Contudo, ato ilícito pode decorrer de condutas banais que muitas vezes não causam prejuízo, porém são proibidas por norma jurídica.
	- Ex: ultrapassar sinal vermelho.
- Ex: utilizar piscina após as 22h quando o estatuto do condomínio proíbe.
		- É a violação culposa da norma.
- o efeito que decorre do ato ilícito depende da norma. Ele pode ser Indenizante, Caducificante, Invalidante, Autorizante, entre outros ...
Logo, não se pode caracterizar o ato ilícito necessariamente pelo efeito. 
Assim, o efeito de um ato ilícito nem sempre será a responsabilidade civil.
* O CC/2002 enriqueceu o ato ilícito com a figura do abuso de direito – art. 187 do CC (Ver anotações da Aula 08).
- Os atos ilícitos podem gerar:
	- Responsabilidade Subjetiva ->ato ilícito subjetivo (CC, art. 186);
	- Responsabilidade Objetiva ->ato ilícito objetivo (CC, art. 187);
		- Enunciado 37 da Jornada de Direito Civil.
* Aplicação Prática:
- (AGU/12) O ilícito contratual caracteriza-se apenas pelo descumprimento de regras expressamente convencionadas, devendo o descumprimento de deveres anexos ser discutido na seara da responsabilidade civil. 
- Errado. O conceito de ato ilícito é agora binário, pode decorrer de violação à norma e abuso de direito. Logo, não decorre “apenas pelo descumprimento de regras”.
- O ato ilícito admite Excludentes de ilicitude (Ver anotações da Aula 08).
	- art. 188 do CC.
- os arts. 929 e 930 do CC endossam a separação definitiva entre ato ilícito e responsabilidade civil. Isso porque esses 2 artigos estabelecem que se o bem jurídico sacrificado em Estado de necessidade pertencia ao causador do perigo, o ato é lícito e não haverá responsabilidade civil.
Mas se o bem jurídico pertencia a um 3º, muito embora o ato continue sendo lícito, haverá responsabilidade civil, com direito de regresso ao causador do perigo.
*Aplicação Prática:
- (AGU/10) Em caso de acidente automotivo, a responsabilidade da transportadora ficará afastada se comprovado que os danos sofridos pelo passageiro decorreram de falha mecânica do veículo. 
- Errado. Dano a 3º n
- (AGU/09) Com base nessa situação hipotética, julgue o item que se segue. Ricardo, que dirigia seu carro em velocidade normal, atropelou Raimundo, causando-lhe sérios ferimentos. Em depoimento prestado na delegacia de polícia, Ricardo afirmou que o atropelamento ocorrera por motivos de força maior, haja vista que trafegava normalmente pela via quando um motoqueiro, dirigindo em alta velocidade, cruzou a frente do veículo que ele conduzia, não lhe tendo restado outra alternativa senão a de desviar o carro para o acostamento. Alegou, ainda, que não havia visto Raimundo, que aguardava pelo ônibus no acostamento, e que, se não tivesse desviado o veículo, ele poderia ter causado a morte do motoqueiro. Testemunhas confirmaram a versão de Ricardo. 
A despeito de o ato praticado por Ricardo não ser considerado ilícito civil, ele terá a obrigação de indenizar Raimundo, caso haja o ajuizamento de ação com esse fim. 
- Correto.
- Ato lícito por se tratar de Estado de Necessidade (CC, art. 188, II).
- Terá obrigação de indenizar, nos termos dos arts. 929 e 930 do CC.
AULA 13.2
• Tendências do Direito Civil a partir da nova tábua axiológica imposta pela Constituição da República de 1988 (arts. 1º, III, 3º e 5º): a responsabilidade civil como mecanismo de reparação de danos.
- A constitucionalização do direito civil é o movimento que estabelece que o direito civil deve ser interpretado conforme a Constituição.
- Ex: hoje se fala em família conforme a liberdade e igualdade constitucional. Assim, é possível se falar hoje em família homoafetiva.
- Ex: hoje se admite a função social da propriedade, decorrente movimento de constitucionalização dos direitos reais.
- A responsabilidade civil também deve ser interpretada conforme a Constituição. Isso significa que a responsabilidade civil tende a garantir a efetiva da reparação de danos.
- A “garantir a efetiva da reparação de danos” torna-se o fundamento essencial da responsabilidade civil. 
- A responsabilidade civil hoje não se resume a discutir a culpa.
Por isso, na Argentina, já é conhecida como “Direito dos Danos”, de forma a acentuar a o fundamento de “garantir a efetiva da reparação de danos”.
- Dessa forma, com a busca “efetiva de reparação de danos”, decorreram alguns efeitos:
		- Aumento das hipóteses de responsabilidade objetiva; 
- Com a preocupação em garantir a reparação de danos, este efeito das hipóteses de responsabilidade objetiva é evidente.
- Em certas situações concretas, discutir a culpa iria inviabilizar a reparação do dano.
- Flexibilização do nexo de causalidade; 
- Um nexo de causalidade rigoroso pode impedir a reparação de determinados danos.
- Reconhecimento de novas categorias de danos indenizáveis.
	- Ampliar as situações a fim de torna efetiva a reparação dos danos.
- Portanto, esta preocupação com a reparação dos danos é a nova compreensão da responsabilidade civil. É o que decorre da ideia de direito civil constitucional.
• Conceito contemporâneo de responsabilidade civil.
	- Antes, segue o conceito clássico de responsabilidade civil:
- “Responsabilidade civil é a obrigação de reparar o dano causado ao patrimônio de outrem, por ato próprio culposo”. (René Savatier).
	- Esse conceito não está equivocado, porém incompleto.
		- A reparação não visa reparação dano causado ao “patrimônio”
		- A responsabilidade civil não pode ser apena culposa.
		- Não se indeniza somente “ato próprio”.
- Novo Conceito: É o conjunto de medidas, preventivas e/ou reparatórias, tendentes a evitar ou reparar um prejuízo causado a outrem, patrimonial ou extrapatrimonial, por ato próprio, fato de coisa que pertença ao devedor ou fato de um terceiro, com base na culpa ou no risco da atividade exercida.
A responsabilidade civil como conjunto de medidas para garantir a efetiva reparação de danos morais e materiais causados por conduta própria, fato de terceiro ou fato da coisa. A tutela preventiva e a tutela reparatória (ressarcitória) dos danos.
- “conjunto de medidas”: não são só medidas reparatórias. Tão importante quanto reparar o evento danos é evitar impedir a sua ocorrência ou alargamento. Assim, além de reparatória, a responsabilidade civil também é preventiva.
		- Ex: A Tutela Específica (CPC, art. 461) visa cessar ou impedir o dano. 
- “patrimonial ou extrapatrimonial”: acrescenta a proteção à personalidade.
- “ato próprio, fato de coisa [...] oufato de terceiro”.
- “com base na culpa ou no risco da atividade exercida”: abarca agora a responsabilidade subjetiva e objetiva.
• Espécie de responsabilidade.
1) Responsabilidade contratual (CC, arts. 389 e 395) e extracontratual (CC, arts. 186 e 187).
		- A diferença é tão somente quanto ao dever originário violado.
- Responsabilidade Civil Contratual: o dever jurídico violado está estabelecido em um contrato.
	- Aqui o dever jurídico é voluntariamente assumido.
- Como o agente assume voluntariamente o dever, haverá a presunção de culpa na responsabilidade contratual.[1: Presunção de culpa não significa que a responsabilidade é objetiva. Na verdade, a responsabilidade se mantém subjetiva, o que muda é ônus da prova.]
Assim, conclui-se que o sistema reputa uma maior gravidade à violação de dever voluntariamente assumido.
- Responsabilidade Civil Extracontratual (ou Aquiliana): o dever jurídico violado não estava em um NJ, mas sim imposto por norma jurídica.
- O CC estabelece um sistema binário em relação aos juros:
1) Responsabilidade Civil Contratual: juros devidos desde a data da citação (CC, art. 406).
2) Responsabilidade Civil Extracontratual: juros devidos a partir do evento lesivo (STJ, Súmula 54).
- No CC/16, havia uma distinção entre responsabilidade contratual e extracontratual no que tange ao incapaz. Este poderia responder extracontratualmente, e não contratualmente.
O CC/2002, acertadamente não mais promove a diferença. Assim, no novo CC não se distingue a responsabilidade contratual e extracontratual no que tange ao incapaz. Agora, o incapaz pode responder civilmente, seja no seara contratual ou extracontratual. Tem regra de responsabilização própria (CC, art. 928).
- Conforme o art. 928 do CC, a responsabilidade do incapaz é subsidiária, pois só responde se “as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.
Além disso, não será possível a indenização se “privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”. Logo, a responsabilidade é também condicionada.
- Quando o representante, p.ex, não “tem obrigação de fazê-lo”? No caso de medida sócio-educativa (ECA, art. 112). Quando o adolescente pratica ato infracional, aplica-se a ele uma medida sócio-educativa. Dentre as várias medidas, uma delas é a obrigação de reparar o dano.
Nesse caso, os pais, representantes ou assistentes não tem obrigação de fazer a medida sócio-educativa.
- Ex: Se um adolescente de 16 anos bate em seu carro, você poderia ajuizar uma ação contra ele? Não. Também não poderia ajuizar a ação contra o menor em litisconsórcio com o pai, pois essa responsabilidade não é solidária, mas sim subsidiária.
Nesse caso, a ação deve ser ajuizada em face do pai somente. Se este não dispuser de meios ou não tiver a obrigação, a ação se volta contra o filho.
* Existe, todavia, um caso em que o litisconsórcio poderia ser formado. Seria no caso de um litisconsórcio eventual ou sucessivo.[2: É aquele litisconsórcio que se diz assim: “Juiz, eu quero isso da pessoa X, porém, se você não me der isso desta pessoa, eu passo a querer o mesmo da pessoa Y”.]
Só essa possibilidade que ocorre ao prof.
		* Aplicação Prática
- TRF – 5ª Região/13: “Quanto à sua origem, a responsabilidade civil pode ser classificada em contratual ou negocial e extracontratual ou aquiliana. Esse modelo binário de responsabilidades, embora consagrado de modo unânime pela doutrina e pela jurisprudência pátria, não está expressamente previsto no Código Civil, ao contrário do que ocorre no CDC”.
- Errado. Está sim no CC, inclusive com as distinções que lhe são naturais.
2) Responsabilidade objetiva (CC 927, Parágrafo Único) e subjetiva (CC 927, caput). 
- O art. 927 do CC estabelece que a regra geral do sistema é a Responsabilidade Subjetiva (caput), baseada na culpa.
- Esta culpa, ordinariamente, deve ser provada pela vítima, salvo os caso de presunção de culpa previstos em lei.
- Ex: a responsabilidade contratual pode trazer consigo a presunção de culpa. Nesse caso, a responsabilidade se mantém subjetiva, apenas com inversão do ônus da prova.
- Ao lado da regra geral (exceções), todavia, vamos encontrar hipóteses de Responsabilidade Objetiva (Parágrafo único). Esta é uma responsabilidade sem culpa.
Há 3 hipóteses de responsabilidade objetivas:
1) Por decisão judicial: juiz pode de ofício transformar uma responsabilidade subjetiva em objetiva, e, dessa forma, dispensar a prova da culpa.
- o juiz somente pode tornar a responsabilidade objetiva quando presente 2 requisitos:
		1) Atividade de Risco; e
		2) Atividade Habitual.
* OBS: Para prof., se o juiz proceder de ofício, deve antes de decidir intimar as partes para que o réu tente provar que a atividade não é habitual ou de risco (garantia do devido processo legal).
AULA 13.3
2) Casos previstos em lei: a lei pode tornar objetiva a responsabilidade quando perceber que a atividade desenvolvida pelo agente é de risco.
- O risco é, portanto, o fundamento da responsabilidade objetiva aqui tratada.
- No nosso sistema, há 2 tipo de risco:
1) Risco Integral: o caso fortuito e a força maior não eliminam a responsabilidade baseada em risco integral.[3: Sob o ponto de vista prático, o caso fortuito e a força maior são os diferenciais entre o Risco Integral e o Risco Não Integral.]
- Sob o ponto de vista linguístico, nenhum risco seria totalmente integral, pois a ideia de risco integral tenta incutir que a responsabilidade civil não poderia ser eliminada por nada. Porém, a ideia de risco integral tem uma outra conotação, é aquele que não pode ser afastado pelo caso fortuito e força maior, embora possa ser afastado por outro motivo, p.ex., culpa exclusiva da vítima.
-Ex: Dano ambiental/nuclear é uma hipótese de responsabilidade objetiva com risco integral.
Supondo que um terrorista brasileiro resolvesse explodir a Usina de Angra dos Reis.
Nessa situação, a família de todas as vítimas terá direito a indenização da União, pois ela tem responsabilidade objetiva com risco integral.
Contudo, a família do terrorista não poderá pleitear uma indenização, pois nesse caso há culpa exclusiva da vítima.
- Ex: Perda ou deterioração de coisa pelo possuidor de má-fé é hipótese de risco intergral. Nesse caso, a responsabilidade do esbulhador é objetiva, mesmo que a perda ou deterioração decorra de caso fortuito ou força maior.
Contudo, o possuidor de má-fé pode se exonerar da responsabilidade se provar que teria se perdido ou deteriorado mesmo sem a sua posse (CC, arts. 1217 e 1218).
- Ex: Responsabilidade do comodatário em mora é hipótese de risco intergral. 
2) Risco Não integral: o caso fortuito e a força maior eliminam a responsabilidade baseada em risco integral.
		- Subdivide-se ainda em:
			1) Risco Proveito;
			2) Risco Criado;
			3) Risco da Atividade Exercida;
			4) Risco Administrativo;
			5) (...)
- Ex: Dano ao consumidor é hipótese de responsabilidade por risco não integral (CDC, arts. 12 e 18).[4: No CDC, em relação ao profissional liberal e veículo de comunicação por publicidade enganosa, a responsabilidade será subjetiva.]
- Ex: Dano causado pela Administração Pública (CRFB, art. 37, § 6º).[5: Responsabilidade não só aplicada à Administração pública, mas também para as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público.]
- Sempre por condutas comissivas. Para as condutas omissivas, o STF entende que a responsabilidade é subjetiva.
- Ex: Responsabilidade do transportador (CC, arts. 732 e 734).
* Exceção: No transporte por cortesia desinteressada (carona) a responsabilidade se torna subjetiva (Ver anotações da Aula 06).
- Ex: Riscos do desenvolvimento (CC, art. 931): as pessoas jurídicas empresariais respondem objetivamente pelo danos causados pelos produtos/serviços postos em circulação.
* OBS: A responsabilidade Sem Risco Integral admite exclusão para o caso fortuito e força maior, porém o STJ, tratando da matéria, resolveu estabelecer uma ressalva.O STJ passou a estabelecer que o caso fortuito e força maior, que servem como excludentes de responsabilidade, dizem respeito aos fortuitos externos. Por outro lado, os fortuitos internos não tem força para excluir a responsabilidade objetiva.
- Ex: Responsabilidade do transportador – se uma pedra jogada de fora do ônibus atinge um passageiro, exclui-se a responsabilidade da transportadora, pois trata-se de fortuito externo.
Mas se o ônibus se acidentar por falta de freio, não se elimina a responsabilidade do transportador, pois trata-se de fortuito interno.
				* Aplicação Prática
- TRF-5ª Região/13: “A jurisprudência do STJ tem afastado a caracterização de assalto ocorrido em estabelecimentos bancários como caso fortuito ou força maior, mantendo o dever de indenizar da instituição bancária, já que a segurança é essencial ao serviço prestado”.
		- Correto. Trata-se de fortuito interno.
- TRF – 1ª Região/09: “O Código Civil consagra a responsabilidade civil objetiva das empresas pelos danos causados pelos produtos postos em circulação”.
		- Correto. Riscos do Desenvolvimento – art. 931 do CC.
3) Teoria do Seguro Obrigatório: estabelece que determinadas atividades trazem consigo um risco tão acentuado, que o preço que a sociedade cobra por autorizar aquela atividade é cobrar daquele que a exerce um seguro obrigatório.
- Em outros países, são inúmeras essas atividades. Já no Brasil, só existe 1 caso: DPVAT (Seguro obrigatório para veículo automotor). 
- Responsabilidade Objetiva do Seguro obrigatório. A vítima não precisa provar a culpa do causado para requerer a indenização.
- Se um veículo automotor causar dano a alguém, o seguro obrigatório pagará uma indenização, tabelada na norma que criou o DPVAT. Já o causador do dano, responde pela regra geral, ou seja, responsabilidade subjetiva.
Supondo que a vítima tenha recebido a indenização do DPVAT e posteriormente tenha ajuizado ação contra o causador do dano. Caso essa ação seja procedente, o valor pago do DPVAT à vítima deve ser descontado da indenização judicial? Sim, pois, como quem paga o seguro obrigatório é o causador do dano, a não dedução geraria bis in idem.
- STJ 246: “O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada.”
				* Aplicação Prática
- TRF – 5ª Região/09: “É entendimento corrente que o valor do seguro obrigatório recebido pela vítima de evento danoso ocorrido em acidente com veículo automotor, em razão de sua natureza especial, não deve ser descontado da indenização comum”.
	- Errado. Súmula 246 do STJ.
	3) Responsabilidade civil e penal.
- Um mesmo fato pode interessa ao mesmo tempo ao direito civil e ao direito penal.
- Ex: A violação da honra pode ter repercussão civil (dano moral) e penal (crime contra a honra).
- Ex: Um acidente de veículo pode gerar dano patrimonial e crime de trânsito.
		- o art. 935 do CC consagrou como regra geral a Autonomia das Instâncias.
			- Essa regra também serve para o direito administrativo.
- É certo que a responsabilidade civil é muito mais ampla que a responsabilidade criminal.
		- A responsabilidade civil pode ser objetiva, mas a penal não.
- A responsabilidade civil pode ser baseada em culpa stricto sensu (negligência, imprudência e imperícia), mas a penal, ordinariamente, não, salvo os casos previstos em lei.
- A responsabilidade civil pode ser por fato da coisa ou de 3º, mas a penal é sempre pessoal.
- Considerando que a responsabilidade penal é mais estrita, o art. 935 do CC, logo depois da regra geral, estabeleceu uma exceção.
- Regra geral: juiz civil julga responsabilidade civil e juiz penal julga responsabilidade penal (Autonomia das Instâncias).
- Exceção: a responsabilidade penal pode influenciar a responsabilidade civil quando:
1) As questões se acharem decididas no juízo criminal (Anterioridade); e
2) Já se tenha julgado a existência do fato e seu autor (Analisado o Mérito Penal).[6: Mérito Penal diz respeito a autoria e materialidade.]
- Para que a sentença penal seja proferida antes, o juiz civil pode suspender o andamento do processo civil (art. 265 do CPC e art. 64 do CPP).
		- Visa evitar decisões conflitantes.
- Se a sentença penal proferida antes foi condenatória (com análise do mérito penal), produzirá efeitos na seara civil, ou seja, gera o dever de reparar o dano.
Se ela for absolutória, todavia, depende do fundamento:
- Por falta de provas ou extinção de punibilidade -> a prova pode ser apreciada no cível.
			- Aqui não há apreciação do mérito penal.
- Por negativa do fato ou de autoria -> decisão penal produzirá efeitos civis (reparação).
	- Aqui há apreciação do mérito penal.
		- A recíproca não é verdadeira. A sentença civil não produz efeitos penais.
* OBS: Sobre esse assunto, o Carlos Roberto Gonçalves comente um equívoco. O autor afirma que em 3 casos a sentença civil excepcionalmente produziria efeitos penais. São os casos de esbulho possessório, falsidade documental e bigamia.
No entanto, em nenhum desses casos há efeitos penais, mas sim uma questão heterotópica (processual) externa prejudicial. 
Assim, p.ex., enquanto não for proferida a sentença civil reconhecendo a nulidade do casamento, não há bigamia. Isso não é um efeito penal de sentença civil, mas sim uma questão processual externa prejudicial. Enquanto não se julgar o cível, não se pode julgar o crime.
- O juiz penal pode até fixar o mínimo indenizatório. Nesse caso, basta executar no cível, nem precisa mais liquidar.
- Quando o juiz penal condenou, tornou certa a obrigação de reparar (Ação Civil ex delicto).
- Renato Brasileiro aduz que o juiz penal pode, inclusive, fixar dano moral.
- Esta influência da sentença penal sobre o direito civil não ocorrerá em 3 casos:
		1) Perdão judicial (STJ, Súmula 18);
2) Prescrição da pretensão executória;
3) Absolvição em revisão criminal.
* Ou seja, o dever de indenizar pela sentença penal condenatória não será afastado pela superveniência por uma sentença de perdão judicial, prescrição da pretensão executória ou absolvição em revisão criminal.
* Perceba que se o juiz civil quiser, pode julgar direto. E se o fizer, gerará coisa julgada, logo não se terá mais o que se discutir.
AULA 13.4
• Pressupostos da responsabilidade civil.
	- São 4 pressupostos:
		1) Conduta;
2) Culpa; 
3) Dano; e
4) Nexo de causalidade.
* Nos casos de Responsabilidade Objetiva, dispensa-se a culpa.
* O STJ tem flexibilizado o nexo de causalidade para garantir a reparação do dano em determinados casos.
• A conduta.
	- É comportamento humano voluntário, comissivo ou omissivo.
		- A voluntariedade não está no resultado lesivo, mas sim no comportamento.
- Ex: em geral, ninguém sai com o carro querendo bater e provocar um prejuízo. A vontade é da conduta de sair com o carro.
- Danos causados dos atos reflexos, ordinariamente, não geram dever de indenizar, pois não há vontade na conduta.[7: Ex: sonambulismo, hipnose, ...]
	- A conduta pode ser:
		1) Própria/Direta.
			- Pode ser comissiva ou omissiva
2) Imprópria/Indireta: 
- É sempre omissiva.
- Subdivide-se ainda em:
- Fato de 3º; e
- Fato da Coisa.
	- Analisando cada tipo de conduta:
		1) Conduta Própria/Direta.
- Pode ser comissiva ou omissiva.
- Pode ou não estar baseada na culpa.
	- Quando não é culposa, é por fato que gere risco.
- A conduta é praticada diretamente pelo agente.
- Ex: Cobrança indevida de dívida (CC, arts. 939 a 941) – significa cobrar uma dívida:
- Já paga, no todo ou em parte (CC, art. 940); ou
- Gera contra o credor: Repetição em dobro.
- Ainda não vencida (CC, art. 939).
- Gera contra o credor:
- Aguardo do vencimento;
- Pagamento das custas em dobro; e 
- Perda do direito aos juros convencionados.
* O art. 941 do CC estabelece que as penas acima não se aplicarão quando o autor (credor) desistir da ação antes da contestação.
- “salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido” – depois da contestação, a responsabilidade para o réu(suposto devedor) é subjetiva. Nesse caso, o autor (credor) da ação somente responde se provada a sua culpa.
- Na caso da “Carta insolente” – carta enviada para sujeito fazendo ameaça de cobrança de crédito ao qual não está obrigado –, não há cobrança indevida de dívida para fins de aplicação do art. 941 do CC, pois a regra diz respeito somente a cobrança de dívida em juízo.
- A “Carta insolente” pode, todavia, gerar a cobrança vexatória (CDC, art. 71), a qual gera responsabilidade objetiva.
- Em suma, a Cobrança Indevida de Dívida (judicial) gera Responsabilidade Objetiva do credor, decorrente de Fato Próprio.
		2) Conduta Imprópria/Indireta de Fato de 3º (CC, art. 932).
- É quando uma pessoa responde indiretamente, ou seja, responde pelo dano causado por outrem (3º).
- A responsabilidade pelo fato de 3º é objetiva (CC, art. 933).
* OBS: A responsabilidade pelo fato de 3º é objetiva. Não é a responsabilidade do 3º, mas a responsabilidade pelo fato do 3º.
Assim, se o motorista a serviço de uma empresa bater em seu carro, você precisará provar a culpa do motorista? Sim, porque não é a responsabilidade do 3º que é objetiva, é sim a responsabilidade pelo fato do 3º. Logo, provada a culpa do motorista, a empresa responderá objetivamente.
- São 5 casos:
1) Pais pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
* OBS: No caso de pais separados, o art. 1632 do CC estabelece que a dissolução do casamento ou união estável não afeta o exercício do poder familiar.
Portanto, o pai que não ficou com o filho continua no exercício do poder familiar, razão pela qual “autoridade” e “companhia” não se refere aos pais separados. Esta-se a dizer sobre os pais que transferem a autoridade jurídica sobre o filho.
- Ex: quando o filho está na escola, a autoridade não é mais do pai, mas da escola – Autonomia Educativa.
2) Tutor e Curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
3) Empregador ou Comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
- Não é só no exercício do trabalho, mas também em razão dele.
- Ex: Empregado de oficina mecânica, for do horário de expediente, pegou um dos carros de cliente para dar uma volta e bateu.
O fato não ocorreu no exercício do trabalho (estava de folga), mas em razão dele.
Nesse caso, o empregador responde.
- Não é necessário caracterizar relação de emprego na forma da CLT, basta que se tenha subordinação. 
Pode ser, então, arelação de prestação de serviços, como no caso, p.ex., da diarista. Assim, há responsabilidade do tomador de serviços.
4) Donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
- Hoteleiro e Educandário responde pelos danos causados pelos seus hospedes e educandos a terceiros, pois se estes causarem dano a outro hospede ou educando é relação de consumo, que se resolve pelo CDC.
5) Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
* Todas essas pessoas respondem objetivamente (CC, art. 933) pelo dano causado por outrem.
- A responsabilidade pelo fato de 3º é objetiva. Não é a responsabilidade do 3º, mas a responsabilidade pelo fato do 3º.
Assim, se o motorista a serviço de uma empresa bater em seu carro, você precisará provar a culpa do motorista? Sim, porque não é a responsabilidade do 3º que é objetiva, é sim a responsabilidade pelo fato do 3º. Logo, provada a culpa do motorista, a empresa responderá objetivamente.
* Este rol é taxativo, pois ordinariamente a responsabilidade é por conduta própria. Assim, somente haverá responsabilidade pelo fato de 3º nos casos previstos em lei.
* O art. 934 do CC prevê o direito de regresso contra o causador do dano, exceto quando o causador do dano for descendente seu, absoluto ou relativamente incapaz.
* Aplicação Prática
- TRF – 5ª Região/11:
“O empregador é responsável pelos atos do preposto, ainda que a relação não tenha caráter oneroso”
	- Correto.
“Para responsabilização do empregador, não basta que o dano tenha sido causado em razão do trabalho”.
- Errado. Basta sim que o dano tenha sido causado em razão do trabalho.
“Em relação regidas pelo Código Civil, ainda que o empregado não tenha atuado com culpa, o empregador será objetivamente responsável pelo dano por ele causado”.
- Errado. Só será responsável o empregador se provada a culpa do empregado.
* A solidariedade não se presume, depende de lei iu da vontade das partes (CC, art. 265). 
O art. 942 do CC estabelece a solidariedade entre as pessoas envolvidas da responsabilidade pelo fato de 3º.
Em todos os casos de responsabilidade por fato de 3º, haverá responsabilidade solidária entre o 3º e o Garante, salvo quando se tratar de incapaz, em que a responsabilidade é subsidiária (CC, art. 928).
		3) Conduta Imprópria/Indireta de Fato da Coisa.
- É a responsabilidade do proprietário. Este responde pelas coisas que lhe pertencem.
- Regra geral, a responsabilidade do proprietário é subjetiva.
- O proprietário responde pelos danos causados pelas coisas que lhe pertence, caso provada a sua culpa.
- Exceções: provar a culpa em determinados casos seria muito difícil, por isso o sistema estabelece 3 casos de responsabilidade objetiva (CC, arts. 936 a 938): 
	1) Proprietário de animal (CC, art. 936);
		- Além do proprietário, o Detentor também responde.
			- Ex: Veterinário; Adestrador; Caseiro; ...
- Trata-se, pois, de Responsabilidade Objetiva Sem Risco Integral, pois a responsabilidade pode se afastada “se não provar culpa da vítima ou força maior”.
*Aplicação Prática
- TRF – 1ª Região/11: “Conforme entendimento do STJ, em nenhuma hipótese, deve-se responsabilizar o detentor de animal que cause dano a terceiro”.
- Errado. A responsabilidade é do dono ou detentor.
	2) Ruína de prédio ou construção (CC, art. 937).
- Deve-se provar que a ruína era devida a necessidade manifesta de reparos.
- O dono do edifício, que responde objetivamente à vítima, terá direito de regresso contra o construtor. E esse construtor, dentro do prazo de garantia mínimo de 5 anos (CC, art. 618), contados da entrega, responderá objetivamente. Caso passados os 5 anos de garantia mínima, a responsabilidade do construtor será subjetiva.
*Aplicação Prática
- TRF – 1ª Região/09: “O dono de edifício responde pelos danos causados pela ruína da edificação, dispensando o lesado de provar que a ruína foi devida à falta de reparos e que a necessidade dessas reparações era manifesta”
- Errado. Deve-se provar que a ruína era devida a necessidade manifesta de reparos.
		
	3) Coisa caída/Objeto lançado - effusis et dejectis (CC, art. 938).
		- Saco de água ou um ovo jogado, isso é coisa caída.
Um pedaço da parede ou uma placa do prédio, nesse caso é ruína de prédio (defeito na estrutura física).
- É a única hipótese de Responsabilidade Objetiva do proprietário Com Risco Integral.
- Mesmo que seja proveniente de caso fortuito ou força maior, o proprietário responde.
* OBS: a doutrina defende que essa regra da Responsabilidade Objetiva Com Risco Integral deve ser aplicada a coisa caída do espaço (pedaço de satélite, pedaço de aeronave).
* OBS: se a coisa caiu de um condomínio, a responsabilidade será da unidade de onde proveio, caso for identificável. 
Caso não seja possível identificar a unidade de onde proveio a coisa, a responsabilidade será do condomínio. Nesse caso, o condomínio terá direito de regresso contra o dono da unidade, caso consiga identificá-lo, ou contra os prováveis causadores (Moradores do Bloco A, p.ex.).[8: A isso se dá o nome de “Causalidade Alternativa”, que é a ação dirigida aos prováveis causadores quando nãose pode identificar o causador.]

Outros materiais