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O Direito Ambiental como um ramo do direito
Ramo do direito público
Surgimento do direito ambiental se dá no século XX
A noção de progresso que sustentava a modernização e o crescimento econômico ao longo do século XIX e de parte do século XX colidiam com as noções básicas de preservação ambiental.
Enxergavam os recursos naturais como inesgotáveis, fonte eterna de energia, que suportariam todo e qualquer tipo de atividade econômica exercida pelo ser humano.
O impacto ambiental é evidente nos lugares em que as pessoas se aglomeram em grande número.
As classes menos favorecidas são as mais vulneráveis aos problemas ambientais.
Principais problemas ambientais contemporâneos:
Diminuição da camada de ozônio
Aquecimento global e mudanças climáticas
Destinação dos resíduos
Perda da biodiversidade
Escassez de água
Tragédias ambientais (Tchernobyl, Exxon Valdez, Golfo do México, Cubatão, Mariana, Fukushima)
Direito Internacional do Meio Ambiente
Principais fontes formais internacionais do direito ambiental
Conferência de Estocolmo sobre o meio ambiente humano (1972)
Ao final foi firmada a Declaração sobre o Meio Ambiente (influenciou a CF/88), cujos princípios são prolongamento da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
J.A.S.: abriu caminho para que as Constituições supervenientes reconhecessem o meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental.
Início da idéia de desenvolvimento sustentável: desenvolvimento socioeconômico em harmonia com a preservação do meio ambiente.
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO 92)
Consagração do conceito de desenvolvimento sustentável: incentivar o desenvolvimento econômico-social em harmonia com a preservação do meio ambiente.
A responsabilidade ambiental entre os Estados é comum, mas diferenciada, cabendo aos países desenvolvidos maior responsabilidade (pois suas atividades exercem maior pressão sobre o meio ambiente).
Cúpula Mundial Sobre o Desenvolvimento Sustentável (Joanesburgo 2002)
Reforçou o compromisso de aceleração do cumprimento das metas socioeconômicas e ambientais elaboradas nos encontros anteriores
Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (2012 Rio)
Erradicação da pobreza como condição indispensável para o desenvolvimento sustentável.
Necessidade de promoção de modalidades sustentáveis de produção e consumo.
Acordo de Paris sobre o clima (2015)
Aprovado por 195 países tem como objetivo reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável. O compromisso ocorre no sentido de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. 
Após a aprovação pelo Congresso Nacional, o Brasil concluiu, em 12 de setembro de 2016, o processo de ratificação do Acordo de Paris. No dia 21 de setembro, o instrumento foi entregue às Nações Unidas. Com isso, as metas brasileiras deixaram de ser pretendidas e tornaram-se compromissos oficiais.
O Brasil compromete-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Para isso, o país se compromete a aumentar a participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética em 2030. 
Conceitos fundamentais no direito ambiental, que devem se compatibilizados:
Preservação do meio ambiente
Crescimento econômico
Equidade social
2 visões a respeito da relação entre ser humano e natureza
Visão antropocêntrica: caracteriza-se pela preocupação única e exclusiva com o bem-estar do ser humano. A natureza é um bem coletivo essencial que deve ser preservado como garantia de sobrevivência e bem- estar do homem. Impõe-se, assim, o equilíbrio entre as atividades humanas e os processos ecológicos fundamentais. O mundo natural tem valor apenas enquanto atende aos interesses da espécie humana.
Historicamente, divide-se em:
Antropocêntrica utilitarista: considera a natureza como fonte de recurso para atender as necessidades do ser humano.
Da revolução industrial até a primeira metade do século XX.
Antropocêntrica protecionista: tem a natureza como um bem coletivo essencial que deve ser preservado como garantia de sobrevivência e bem-estar do homem. Impõe o equilíbrio entre as atividades humanas e os processos ecológicos essenciais. 
Tragédias ambientais e descobertas científicas levaram a essa concepção.
O crescimento econômico passa a ser condicionado pela preservação ambiental e pela equidade social. O homem continua sendo o centro, mas se procura alcançar um equilíbrio na utilização dos recursos naturais.
Visão ecocêntrica (ou biocêntrica): considera o ser humano como mais um integrante do ecossistema, do todo, onde a fauna, a flora e a biodiversidade são merecedores de especial proteção e devem ter direitos semelhantes aos dos seres humanos.
É de difícil aplicação diante da inegável necessidade humana de utilizar (racionalmente) os recursos naturais. 
A Constituição de 1988 (e a grande maioria das normas ambientais nacionais e internacionais) adota a visão antropocêntrica, mais especificamente o antropocentrismo protecionista.
A constitucionalização do direito ambiental é uma tendência mundial, em especial nas constituições sociais. 
A previsão constitucional eleva a importância das regras e princípios ambientais e conferem a estes uma maior proteção jurídico-institucional.
Através das normas jurídicas ambientais o poder público busca a implementação de um Estado de Direito Socioambiental (Estado Socioambiental Democrático de Direito).
Consiste em um paradigma de variação do Estado de Social de Direito. 
Trata-se de um Estado em cuja ordem constitucional a proteção ambiental ocupa lugar e hierarquia fundamental, resultando que, na promoção dos direitos prestacionais, a preservação das condições ambientais passa a balizar as ações estatais e as políticas públicas, vez que permitirão a existência digna das gerações futuras.
O Estado socioambiental de Direito, longe de ser um Estado “Mínimo”, é um Estado regulador da atividade econômica, capaz de dirigi-la e ajustá-la aos valores e princípios constitucionais, objetivando o desenvolvimento humano e social de forma ambientalmente sustentável.
Canotilho:
[...] o Estado de direito, hoje, só é Estado de direito se for um Estado protetor do ambiente e garantidor do direito ao ambiente; mas o Estado ambiental e ecológico só será Estado de direito se cumprir os deveres de juridicidade impostos à atuação dos poderes públicos.
Direitos difusos e coletivos
Das constituições brasileiras, apenas a de 1988 fez referência ao meio ambiente e à proteção dos recursos naturais.
As anteriores ainda estavam no paradigma antropocêntrico utilitarista
Conferência de Estocolmo (1972) divulga internacionalmente a visão protecionista. 
No Brasil, em 1973, é criada a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA, transformada em Ministério em 1992).
Em 1981 é criada a Política Nacional do Meio Ambiente (lei 6938).
Constitucionalização do meio ambiente. 
Vantagens:
Estabelecimento de uma obrigação genérica de não degradar;
Ecologização do direito de propriedade e de sua função social;
Legitimação da intervenção estatal em favor da natureza;
Redução da discricionariedade administrativa no processo decisório ambiental;
Ampliação da participação pública;
Aumento da segurança normativa;
Possibilidade de controle de constitucionalidade sob bases ambientais;
Reforço da interpretação pró-ambiente das normas e políticas públicas.
A atuação do Estado a partir de 1988 deve estar sempre direcionada à implementação do princípio do desenvolvimentosustentável e à proteção do meio ambiente saudável.
CF/88 - novo papel do Estado no domínio econômico: agente normativo e regulador, atuando indiretamente.
O meio ambiente saudável é um interesse ou direito difuso, um direito de terceira geração ou dimensão. CF/88:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Meio ambiente é interesse transindividual (extrapola o âmbito individual, particular): todos nós temos interesse na preservação do meio ambiente – a titularidade é coletiva, e não individual.
OBS: os direitos fundamentais não são apenas aqueles previstos no Título II da CF.
Duas espécies de interesse transindividual:
Interesses difusos e interesses coletivos
 Art. 81, CDC:
        I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
        II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
Interesse coletivo: é possível identificar os titulares (ex: membros de um sindicato)
Interesse difuso: os titulares são indeterminados ou indetermináveis (ex: interessados no meio ambiente saudável).
STJ, RESP 200900740337, Segunda Turma, Rel. Min.(a) ELIANA CALMON, DJE:19/11/2009
Ementa
ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - DIREITO AMBIENTAL- AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. IMPRESCRITIBILIDADE DA REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL. PEDIDO GENÉRICO. ARBITRAMENTO DO QUANTUM DEBEATUR NA SENTENÇA: REVISÃO, POSSIBILIDADE – SÚMULAS 284/STF E 7/STJ.
É da competência da Justiça Federal o processo e julgamento de Ação Civil Pública visando indenizar a comunidade indígena
Ashaninka-Kampa do rio Amônia.
2. Segundo a jurisprudência do STJ e STF trata-se de competência territorial e funcional, eis que o dano ambiental não integra apenas o foro estadual da Comarca local, sendo bem mais abrangente espraiando-se por todo o território do Estado, dentro da esfera de competência do Juiz Federal.
3. Reparação pelos danos materiais e morais, consubstanciados na extração ilegal de madeira da área indígena.
4. O dano ambiental além de atingir de imediato o bem jurídico que lhe está próximo, a comunidade indígena, também atinge a todos os integrantes do Estado, espraiando-se para toda a comunidade local, não indígena e para futuras gerações pela irreversibilidade do mal ocasionado.
5. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil assume grande amplitude, com profundas implicações na espécie de responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano.
6. O direito ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro da logicidade hermenêutica, está protegido pelo manto da imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial à afirmação dos povos, independentemente de não estar expresso em texto legal.
7. Em matéria de prescrição cumpre distinguir qual o bem jurídico tutelado: se eminentemente privado seguem-se os prazos normais das ações indenizatórias; se o bem jurídico é indisponível, fundamental, antecedendo a todos os demais direitos, pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer, considera-se imprescritível o direito à reparação.
8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos indisponíveis e como tal está dentre os poucos acobertados pelo manto da imprescritibilidade a ação que visa reparar o dano ambiental.
9. Quando o pedido é genérico, pode o magistrado determinar, desde já, o montante da reparação, havendo elementos suficientes nos autos. Precedentes do STJ.
10. Inviável, no presente recurso especial modificar o entendimento adotado pela instância ordinária, no que tange aos valores arbitrados a título de indenização, por incidência das Súmulas 284/STF e 7/STJ.
11. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.
Direito de terceira dimensão 
OBS: dimensão é preferível à geração
1ª dimensão: liberdade
2ª dimensão: igualdade
3ª dimensão: solidariedade:
A coletividade é que está em evidência. 
O gênero humano é o destinatário desse direito.
Exs: desenvolvimento, paz, meio ambiente, comunicação, patrimônio comum da humanidade.
STF: MS 22164 SP (Relator Min. Celso de Mello)
O DIREITO A INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE - TIPICO DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO - CONSTITUI PRERROGATIVA JURÍDICA DE TITULARIDADE COLETIVA, REFLETINDO, DENTRO DO PROCESSO DE AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, A EXPRESSAO SIGNIFICATIVA DE UM PODER ATRIBUIDO, NÃO AO INDIVIDUO IDENTIFICADO EM SUA SINGULARIDADE, MAS, NUM SENTIDO VERDADEIRAMENTE MAIS ABRANGENTE, A PROPRIA COLETIVIDADE SOCIAL. ENQUANTO OS DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO (DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS) - QUE COMPREENDEM AS LIBERDADES CLASSICAS, NEGATIVAS OU FORMAIS - REALCAM O PRINCÍPIO DA LIBERDADE E OS DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO (DIREITOS ECONOMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS) - QUE SE IDENTIFICA COM AS LIBERDADES POSITIVAS, REAIS OU CONCRETAS - ACENTUAM O PRINCÍPIO DA IGUALDADE, OS DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO, QUE MATERIALIZAM PODERES DE TITULARIDADE COLETIVA ATRIBUIDOS GENERICAMENTE A TODAS AS FORMAÇÕES SOCIAIS, CONSAGRAM O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE E CONSTITUEM UM MOMENTO IMPORTANTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO, EXPANSAO E RECONHECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS, CARACTERIZADOS, ENQUANTO VALORES FUNDAMENTAIS INDISPONIVEIS, PELA NOTA DE UMA ESSENCIAL INEXAURIBILIDADE. 
Classificação do Meio Ambiente
Bens ambientais 
Os bens ambientais são de uso comum do povo. A doutrina os classifica em:
a) Meio Ambiente Natural (ou físico): são os elementos que existem mesmo sem a influência do homem. Art. 225, CRFB/88, Ex. solo, água, ar, fauna, flora.
Patrimônio Nacional
CF, art. 225:
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
O art. 225, § 4º, da CF, não implica a transferência de todas as áreas referidas para o domínio da União. 
STF: A propriedade particular situada nas florestas e matas mencionadas no artigo 225, § 4º, da Constituição Federal permanece como bem privado, devendo o Estado em que essa estiver localizada responder pela restrição que a ela impuser, visto que a expressão patrimônio nacional contida na norma constitucional não as converteu em bens públicos da União. RE 259267.”
b) Meio Ambiente Artificial: são os elementos criados pelo homem, na interação com a natureza. Compreende o espaço urbano construído (espaço urbano fechado = conjunto de edificações; espaço urbano aberto = equipamentos públicos), bem como por todos os espaços habitáveis pelo homem. Ex.: casa, prédio.
CF/Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
O termo “urbano” não se contrapõe a “campo” ou “rural”, pois qualifica todos os espaços habitáveis, ligando-se ao território, abrangendo todos. 
A cidade, com o advento da CF88, passa a ter natureza jurídica de bem ambiental. 
A CF fixa como objetivos da política urbana: 
1) a realização do pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade. 
Fiorillo identifica cinco aspectos da função social da cidade, vinculando-a à realização: da habitação; da circulação (rede viária e transportes adequados –coletivos); do lazer; do trabalho; edo consumo. 
2) a garantia do bem estar dos seus habitantes. 
Os parâmetros do cumprimento da função social da propriedade urbana são extraídos dos §§ 1º e 2º do art.182 da CF c/c art. 39 da Lei 10.257/01 
Art. 182:
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
Lei 10.257/01:
Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei.
Conjugando os arts. 30, VIII, e 182 da CF, verificamos que o Poder Público municipal recebeu do texto constitucional o dever de promover o adequado ordenamento territorial, de acordo com o planejamento e controle do uso do parcelamento e da ocupação do solo urbano, observadas as diretrizes da lei federal.
Há três situações nas quais a propriedade urbana não atende sua função social: não edificação, subutilização e não utilização.
Art. 182, CF:
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
c) Meio Ambiente Cultural: são os elementos criados ou utilizados pelo homem, mas que detém valor especial para a sociedade. Ex.: valor científico, turístico, cultural, arqueológico, ligado à cultura, à memória. Artigos 215 e 216, da CRFB/88 
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
d) Meio Ambiente do Trabalho: consiste no ambiente de trabalho onde o homem exerce suas atividades laborais, podendo ser um espaço fechado ou aberto. Esse meio ambiente está previsto na CF no artigo 170, inciso VI:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Tendo sido expressamente reconhecido pelo STF no julgamento da ADI 3540. 
E M E N T A: MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) - PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSÃO A ESSE DIREITO FAÇA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS INTERGENERACIONAIS - ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART. 225, § 1º, III) - ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DO REGIME JURÍDICO A ELES PERTINENTE - MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI - SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES NOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE RESPEITADA, QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO REGIME DE PROTEÇÃO ESPECIAL - RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3º, II, C/C O ART. 170, VI) E ECOLOGIA (CF, ART. 225) - COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS - CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO DESSE ESTADO DE TENSÃO ENTRE VALORES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES - OS DIREITOS BÁSICOS DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAÇÕES (FASES OU DIMENSÕES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161) - A QUESTÃO DA PRECEDÊNCIA DO DIREITO À PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UMA LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL EXPLÍCITA À ATIVIDADE ECONÔMICA (CF, ART. 170, VI) - DECISÃO NÃO REFERENDADA - CONSEQÜENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIONAL DE UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável, representa a garantia de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de uso comum das pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural. A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIASDA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações. O ART. 4º DO CÓDIGO FLORESTAL E A MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67/2001: UM AVANÇO EXPRESSIVO NA TUTELA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. - A Medida Provisória nº 2.166-67, de 24/08/2001, na parte em que introduziu significativas alterações no art. 4o do Código Florestal, longe de comprometer os valores constitucionais consagrados no art. 225 da Lei Fundamental, estabeleceu, ao contrário, mecanismos que permitem um real controle, pelo Estado, das atividades desenvolvidas no âmbito das áreas de preservação permanente, em ordem a impedir ações predatórias e lesivas ao patrimônio ambiental, cuja situação de maior vulnerabilidade reclama proteção mais intensa, agora propiciada, de modo adequado e compatível com o texto constitucional, pelo diploma normativo em questão. - Somente a alteração e a supressão do regime jurídico pertinente aos espaços territoriais especialmente protegidos qualificam-se, por efeito da cláusula inscrita no art. 225, § 1º, III, da Constituição, como matérias sujeitas ao princípio da reserva legal. - É lícito ao Poder Público - qualquer que seja a dimensão institucional em que se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) - autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de serviços no âmbito dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios, a instituição de regime jurídico de proteção especial (CF, art. 225, § 1º, III).
d) Meio ambiente genético – controverso – o meio ambiente genético é composto pelos organismos vivos do planeta Terra, que formam a sua diversidade ecológica. A maioria da doutrina o entende abarcado no meio ambiente natural, contra Celso Antônio Pacheco Fiorillo e Terence Trennepohl.
Princípios do Direito Ambiental
1. Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana
art. 225, caput, CF/88.
Está intimamente ligado ao direito fundamental à vida e à proteção da dignidade da vida humana.
Édis Milaré: “o reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio configura-se, na verdade, como extensão do direito à vida, quer sob o enfoque da própria existência física e saúde dos seres humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade desta existência – a qualidade de vida -, que faz com que valha a pena viver”.
Também está nos arts. 2º e 4º, da lei 6938.
A sadia qualidade de vida depende do meio ambiente ecologicamente equilibrado. A dignidade da pessoa humana está diretamente vinculada, portanto, à qualidade do meio ambiente. Não existe patamar mínimo de bem-estar sem respeito ao direito fundamental ao meio ambiente sadio.
2. Princípio do desenvolvimento sustentável. 
Considerado o princípio fundador do direito ambiental.
O desenvolvimento sustentável visa a harmonização de crescimento econômico com preservação ambiental e equidade social. 
A Constituição Federal alberga esse princípio, no artigo 170, caput, e inciso VI, e artigo 225, caput.
O desenvolvimento sustentável traz em si o reconhecimento de que os recursos naturais não são inesgotáveis. 
Ao mesmo tempo, expressa a compreensão de que não pode haver desenvolvimento pleno se os caminhos trilhados para sua consecução desprezarem um sistema de exploração racional e equilibrada do meio ambiente. 
A diversidade de concepções sobre a sustentabilidade pode ser resumida através de três distintas configurações/correntes: 
a) antropocentrismo utilitarista; 
b) antropocentrismo protecionista 
c) ecocentrica. 
O STF de maneira vinculante validou a vedação regulamentar à importação de pneus usados, pois isso afeta o desenvolvimento sustentável e a saúde, uma vez que os resíduos sólidos geram um grande passivo ambiental (ADPF 101).
ADPF 101/DF
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Ementa
EMENTA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL: ADEQUAÇÃO. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE. ARTS. 170, 196 E 225 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONSTITUCIONALIDADE DE ATOS NORMATIVOS PROIBITIVOS DA IMPORTAÇÃO DE PNEUS USADOS. RECICLAGEM DE PNEUS USADOS: AUSÊNCIA DE ELIMINAÇÃO TOTAL DE SEUS EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO. AFRONTA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO. COISA JULGADA COM CONTEÚDO EXECUTADO OU EXAURIDO: IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO. DECISÕES JUDICIAIS COM CONTEÚDO INDETERMINADO NO TEMPO: PROIBIÇÃO DE NOVOS EFEITOS A PARTIR DO JULGAMENTO. ARGUIÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. Adequação da arguição pela correta indicação de preceitos fundamentais atingidos, a saber, o direito à saúde, direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (arts. 196 e 225 da Constituição Brasileira) e a busca de desenvolvimento econômico sustentável: princípios constitucionais da livre iniciativa e da liberdade de comércio interpretados e aplicados em harmonia com o do desenvolvimento social saudável. Multiplicidade de ações judiciais, nos diversos graus de jurisdição, nas quais se têm interpretações e decisões divergentes sobre a matéria: situação de insegurança jurídica acrescida da ausência de outro meio processual hábil para solucionar a polêmica pendente: observância do princípio da subsidiariedade. Cabimento da presente ação. 2. Argüição de descumprimento dos preceitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos: decisões judiciais nacionais permitindo a importação de pneus usados de Países que não compõem o Mercosul: objeto de contencioso na Organização Mundial do Comércio – OMC, a partir de 20.6.2005, pela Solicitação de Consulta da União Europeia ao Brasil. 3. Crescente aumento da frota de veículos no mundo a acarretar também aumento de pneus novos e, consequentemente, necessidade de sua substituição em decorrência do seu desgaste. Necessidade de destinação ecologicamente correta dos pneus usados para submissão dos procedimentos às normas constitucionais e legais vigentes. Ausência de eliminação total dos efeitos nocivos da destinação dos pneus usados, com malefícios ao meio ambiente: demonstração pelos dados. 4. Princípios constitucionais (art. 225) a) do desenvolvimento sustentável e b) da equidade e responsabilidade intergeracional. Meio ambiente ecologicamente equilibrado: preservação para a geração atual e para as gerações futuras. Desenvolvimento sustentável: crescimento econômico com garantia paralela e superiormente respeitada da saúde da população, cujos direitos devem ser observados em face das necessidades atuais e daquelas previsíveis e a serem prevenidas para garantia e respeito às gerações futuras. Atendimento ao princípio da precaução, acolhido constitucionalmente, harmonizado com os demais princípios da ordem social e econômica. 5. Direito à saúde: o depósito de pneus ao ar livre, inexorável com a falta de utilização dos pneus inservíveis, fomentado pela importação é fator de disseminação de doenças tropicais. Legitimidade e razoabilidade da atuação estatal preventiva, prudente e precavida, na adoção de políticas públicas que evitem causas do aumento de doenças graves ou contagiosas. Direito à saúde: bem não patrimonial, cuja tutela se impõe deforma inibitória, preventiva, impedindo-se atos de importação de pneus usados, idêntico procedimento adotado pelos Estados desenvolvidos, que deles se livram. 6. Recurso Extraordinário n. 202.313, Relator o Ministro Carlos Velloso, Plenário, DJ 19.12.1996, e Recurso Extraordinário n. 203.954, Relator o Ministro Ilmar Galvão, Plenário, DJ 7.2.1997: Portarias emitidas pelo Departamento de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Decex harmonizadas com o princípio da legalidade; fundamento direto no art. 237 da Constituição da República. 7. Autorização para importação de remoldados provenientes de Estados integrantes do Mercosul limitados ao produto final, pneu, e não às carcaças: determinação do Tribunal ad hoc, à qual teve de se submeter o Brasil em decorrência dos acordos firmados pelo bloco econômico: ausência de tratamento discriminatório nas relações comerciais firmadas pelo Brasil. 8. Demonstração de que: a) os elementos que compõem o pneus, dando-lhe durabilidade, é responsável pela demora na sua decomposição quando descartado em aterros; b) a dificuldade de seu armazenamento impele a sua queima, o que libera substâncias tóxicas e cancerígenas no ar; c) quando compactados inteiros, os pneus tendem a voltar à sua forma original e retornam à superfície, ocupando espaços que são escassos e de grande valia, em especial nas grandes cidades; d) pneus inservíveis e descartados a céu aberto são criadouros de insetos e outros transmissores de doenças; e) o alto índice calorífico dos pneus, interessante para as indústrias cimenteiras, quando queimados a céu aberto se tornam focos de incêndio difíceis de extinguir, podendo durar dias, meses e até anos; f) o Brasil produz pneus usados em quantitativo suficiente para abastecer as fábricas de remoldagem de pneus, do que decorre não faltar matéria-prima a impedir a atividade econômica. Ponderação dos princípios constitucionais: demonstração de que a importação de pneus usados ou remoldados afronta os preceitos constitucionais de saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado (arts. 170, inc. I e VI e seu parágrafo único, 196 e 225 da Constituição do Brasil). 9. Decisões judiciais com trânsito em julgado, cujo conteúdo já tenha sido executado e exaurido o seu objeto não são desfeitas: efeitos acabados. Efeitos cessados de decisões judiciais pretéritas, com indeterminação temporal quanto à autorização concedida para importação de pneus: proibição a partir deste julgamento por submissão ao que decidido nesta arguição. 10. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental julgada parcialmente procedente.
3. Princípio da Prevenção. 
Previsto implicitamente no art. 225, da CF. 
Ideia chave: evitar a incidência de danos ambientais é melhor que remediá-los.
Deve ser dada prioridade às medidas que previnam (e não simplesmente reparem) a degradação ambiental. A finalidade do princípio é evitar que o dano possa chegar a ser produzido.
Traz a ideia que se há base cientifica para prever os danos ambientais decorrentes de determinada atividade lesiva ao meio ambiente, deve-se impor ao empreendedor condicionantes no licenciamento ambiental para mitigar ou elidir os prejuízos. 
4. Princípio da Precaução. 
Previsto expressamente na Declaração do Rio (ECO 92) – princípio 15. 
Ideia chave: evitar a incidência de danos ambientais é melhor que remediá-los.
No caso de ausência de certeza científica formal, a existência de um dano sério ou irreversível ao meio ambiente requer a implementação de medidas que possam prever, minimizar e/ou evitar esse dano.
A ausência de certeza cientifica absoluta não deve servir de pretexto para postergar a adoção de medidas efetivas de modo a evitar a degradação ambiental.
Se determinado empreendimento puder causar danos ambientais sérios ou irreversíveis, contudo inexiste certeza cientifica quanto aos efetivos dos danos e sua extensão, mas há base científica razoável fundada em juízo de probabilidade não remoto da sua potencial ocorrência, o empreendedor deverá ser compelido a adotar medidas de precaução para elidir ou reduzir os riscos ambientais para a população. 
Este princípio se volta ao risco incerto, desconhecido ou abstrato, incidindo a máxima in dubio pro natura ou salute. 
Por esse princípio admite-se a inversão do ônus da prova em processos ambientais. 
Nesse sentido: 
5. O princípio da precaução, aplicável à hipótese, pressupõe a inversão do ônus probatório, transferindo para a concessionária o encargo de provar que sua conduta não ensejou riscos para o meio ambiente e, por consequência, aos pescadores da região. (...)7. A inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, contém comando normativo estritamente processual, o que a põe sob o campo de aplicação do art. 117 do mesmo estatuto, fazendo-a valer, universalmente, em todos os domínios da Ação Civil Pública, e não só nas relações de consumo (REsp 1049822/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, DJe 18.5.2009). (...). (REsp 883.656/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/03/2010, DJe 28/02/2012).
6. Princípio do Poluidor-Pagador. 
Deverá o empreendedor responder pelos custos sociais da degradação causada por sua atividade impactante, devendo-se agregar esse valor no custo produtivo da atividade, para se evitar que se privatizem os lucros e se socializem os prejuízos ambientais, que também deverão ser internalizados. 
Este Princípio não deverá ser interpretado de forma que haja abertura para a poluição incondicionada, desde que se pague (não é pagador-poluidor), só podendo o poluidor degradar o meio-ambiente dentro dos limites de tolerância previstos na legislação ambiental, após regular licenciamento ambiental. 
Um exemplo prático do princípio do poluidor-pagador decorre da obrigação dos fabricantes de pilhas e baterias que contenham chumbo, cádmio e Mercúrio, e de pneumáticos, de lhes dar destinação ambientalmente correta.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
RECURSO ESPECIAL Nº 605.323 
EMENTA
PROCESSO CIVIL. DIREITO AMBIENTAL. AÇAO CIVIL PÚBLICA PARA TUTELA DO MEIO AMBIENTE. OBRIGAÇÕES DE FAZER, DE NAO FAZER E DE PAGAR QUANTIA. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇAO DE PEDIDOS ART. 3º DA LEI 7.347/85. INTERPRETAÇAO SISTEMÁTICA. ART. 225, 3º, DA CF/88, ARTS. 2º E 4º DA LEI 6.938/81, ART. 25, IV, DA LEI 8.625/93 E ART. 83 DO CDC. PRINCÍPIOS DA PREVENÇAO, DO POLUIDOR-PAGADOR E DA REPARAÇAO INTEGRAL.
1. O sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado em normas constitucionais (CF, art. 225, 3º) e infraconstitucionais (Lei 6.938/81, arts. 2º e 4º), está fundado, entre outros, nos princípios da prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral. Deles decorrem, para os destinatários (Estado e comunidade), deveres e obrigações de variada natureza, comportando prestações pessoais, positivas e negativas (fazer e não fazer), bem como de pagar quantia (indenização dos danos insuscetíveis de recomposição in natura ), prestações essas que não se excluem, mas, pelo contrário, se cumulam, se for o caso.
7. Princípio do Usuário-Pagador 
As pessoas que utilizam recursos naturais devem pagar pela sua utilização, mesmo que não haja poluição. 
Mais abrangente que o Princípio do Poluidor-pagador, a fim de demonstrar a economicidade dos recursos naturais, racionalizando o seu uso e angariando recursos em prol do equilíbrio ambiental.Ex. uso da água.
ADI 3378
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EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO § 1º DO ART. 36. 1. O compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver sido a própria lei que previu o modo de financiamento dos gastos com as unidades de conservação da natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da separação dos Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor deveres aos administrados. 2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório - EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a significar um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. 4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. Compensação ambiental que se revela como instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional. Medida amplamente compensada pelos benefícios que sempre resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em sua higidez. 5. Inconstitucionalidade da expressão "não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os custos do empreendimento. 6. Ação parcialmente procedente.
8. Princípio da Cooperação entre os povos. 
A integração e a cooperação no campo da proteção do meio ambiente determinam a conjugação de esforços entre sociedade e Estado, no sentido da realização de uma política ambiental consentânea com o valor a ser protegido.
 Nessa mesma linha, o caráter transfronteiriço do processo de degradação do meio ambiente aponta para a necessidade de implementação de mecanismos de cooperação internacional, mediante a inspiração do princípio em tela. 
9. Princípio da Solidariedade intergeracional ou equidade. 
Inspirado na parte final do caput do art. 225, da CF, que prevê que as presentes gerações devem preservar o meio ambiente e adotar políticas ambientais para a presente e as futuras gerações, não podendo utilizar os recursos ambientais de maneira irracional de modo que prive seus descendentes do seu desfrute.
10. Princípio da natureza pública da proteção ambiental. 
É dever irrenunciável do Poder Público promover a proteção do meio ambiente, por ser bem difuso e indispensável à vida humana sadia e também da coletividade. 
A afirmação de que a proteção ambiental obedece a uma diretriz de índole pública repercute a ideia de que a dimensão coletiva deve preponderar, via de regra, sobre os interesses individuais.
11. Princípio da Participação Comunitária. 
Determina que as pessoas têm o direito de participar ativamente das decisões políticas ambientais, em decorrência do sistema democrático semidireto, uma vez que os danos ambientais são transindividuais. 
Esse princípio se concretiza nas audiências públicas em licenciamentos ambientais mais complexos (EIA/RIMA).
12. Princípio da função socioambiental da propriedade. 
O direito de propriedade é relativo e deve ser exercido em consonância com a sua função social, em especial a função socioambiental. 
Um dos requisitos para que a propriedade atenda a sua função social é respeitar a legislação ambiental (ex: art. 186, III, CF). 
Da mesma forma o Código Civil traz no seu art. 1228, §1º, a previsão de que: 
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
13. Princípio da Informação. 
O Poder Público deve propiciar à sociedade o pleno acesso às informações relativas às políticas públicas sobre meio ambiente, bem como sobre a existência de atividades potencialmente nocivas ao bem estar das comunidades. 
O direito à participação pressupõe o direito de informação, pois há vínculo indissociável entre ambos. Edis Milaré doutrina nesse sentido, apontando
que “os cidadãos com acesso à informação têm melhores condições de atuar sobre a sociedade, de articular mais eficazmente desejos e ideias e de tomar parte ativa nas decisões que lhes interessam diretamente”.
14. Princípio do Limite. 
Cuida-se de dever estatal de editar e efetivar normas jurídicas que instituam padrões máximos de poluição, a fim de mantê-lo dentro de bons níveis para não afetar o equilíbrio ambiental e a saúde pública.
15. Princípio da intervenção estatal compulsória. 
Deriva do dever genérico que tem o Estado de proteger e promover os direitos fundamentais. 
No que concerne à proteção ambiental, o Estado tem o dever de adotar uma postura positiva – no sentido de assegurar e proporcionar a higidez do bem em tela – e, também, uma postura negativa – impondo-se-lhe o dever de não agir de forma prejudicial ao meio ambiente.
16. Princípio do acesso equitativo aos recursos naturais: 
 
Princípio 5 da Declaração de Estocolmo, de 1972: “os recursos não renováveis da Terra devem ser explorados de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe os benefícios de sua utilização”. 
Essa equidade possui, de outra face, uma dimensão temporal subjacente, impondo a salvaguarda dos interesses destas e das novas gerações.
17. Princípio da vedação do retrocesso. 
Como o direito ao meio ambiente ecologicamente é dotado de status de direito fundamental, as garantias de proteção ambiental, uma vez conquistadas, não podem retroagir. 
É inadmissível o recuo da salvaguarda ambiental para níveis de proteção inferiores aos já consagrados, a não ser que as circunstâncias de fato sejam significativamente alteradas.
18. Princípio do Protetor-recebedor. 
É a outra face da moeda do princípio do poluidor-pagador. Defende que os indivíduos responsáveis pela proteção do meio ambiente devem ser agraciados com benefícios de alguma natureza, pois estão colaborando com toda a sociedade. 
Espécie de compensação pela preservação dos serviços ambientais. Ex. Redução de tributos; concessão de subsídios e implementação de isenções.
Política Nacional do Meio Ambiente
Conceito: A PNMA é o plano de ação governamental, integrando União, Estados e Municípios, objetivando a preservação do meio ambiente. 
Objetivos da política nacional do meio ambiente: No art. 2º, caput, a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente estabelece como objetivo geral “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida para, em seguida, no art. 4º, estabelecer seus objetivos específicos (ler este dispositivo em sua íntegra). 
Princípios da política nacional do meio ambiente: (art. 2º, da Lei 6.938/81). 
Os incisos do art. 2º relacionam programas, metas ou modalidades de ação, e não verdadeiramente “princípios”. 
De acordo com Milaré, os princípios da Política Nacional do Meio Ambiente não se confundem, nem se identificam com os princípios de Direito do Ambiente. São formulações distintas, embora convirjam para o mesmo grande alvo, a qualidade ambiental e a sobrevivência do planeta; por conseguinte, eles não poderão ser contraditórios. 
Instrumentos: (art. 9º da L. 6.938/81). Os instrumentos da PNMA, no magistério de Paulo Bessa Antunes, são “mecanismos legais e institucionais postos à disposição da AdministraçãoPública para a implementação dos objetivos da PNAMA”. São eles:
Padrões de qualidade ambiental – é a necessidade do Poder Público de estabelecer os limites máximos de lançamentos de matérias ou energias, de efluentes ou resíduos no meio ambiente. 
Zoneamento ambiental – mais conhecido como “zoneamento ecológico-econômico” – Édis Milaré o define como “um processo de conhecimento do meio ambiente em função do seu ordenamento”, destacando que o mesmo é apresentado na forma de representação cartográfica de áreas com características homogêneas (Milaré, p. 362). Assim, o escopo do ZEE é precipuamente o ordenamento físico-territorial, numa conceituação geográfica que deve levar em conta a “vocação” própria de cada área, respeitadas suas características físicas (Milaré, p. 366); 
Avaliação de impactos ambientais (AIA) – é um instrumento de gestão ambiental com inspiração no direito norte-americano, aplicável às atividades e empreendimentos que efetiva ou potencialmente possam causar poluição ou degradação ambiental. Não se confunde com o estudo prévio de impacto ambiental (EIA). A AIA é o gênero dos estudos ambientais e inclui o EIA como espécie. 
Em suma, a AIA é gênero, de que são espécies todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais apresentados como subsídio para a análise da Licença Ambiental, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco (Milaré, p. 381). 
Licenciamento ambiental: A Lei Complementar 140/2011 tem sua vigência e aplicabilidade imediata ... cabendo aos municípios o licenciamento ambiental das atividades de impacto local conforme definido no artigo 9°. 
A atuação dos entes federados nos termos dos Incisos III, VI e VIII e do parágrafo único do Art. 23 da Constituição Federal de 1988, dar-se-á de forma cooperada. 
Pode o Município, segundo o previsto na LC140/2011, iniciar imediatamente a exercer seu direito, não dependendo de qualquer tipo de transferência, delegação, qualificação ou habilitação e muito menos se submetendo à assinatura de convênio. 
Solução para o conflito em relação a competência para o licenciamento ambiental: 
Poder de Polícia Preventivo. A competência vai depender da atividade. 
Qual é o impacto da atividade que querem fazer? E aí veio esta solução: a área de influência direta do projeto. 
Se a atividade a licenciar se limita ao território do município, a competência é do município e não há razão para União intervir. 
Se a área de influência do projeto extrapolar mais de um município a área de influência direta cabe ao estado licenciar. 
E por fim, se a área de influência direta do projeto extrapolar mais de um estado se estender a território estrangeiro ou bem da União, a competência será desta. 
LC 140/ 2011 - nova divisão dos parâmetros. 
O artigo 7ª trabalha as atribuições da União, artigo 8ª – estado e o artigo 9ª – município. 
Ver também: arts. 13 e 15.
Incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental – pode se dar através de incentivos fiscais e econômicos. Aplica-se esse instrumento em mecanismos empresariais como o ISO 14001, tecnologias limpas, produção mais limpa etc; 
Criação de espaços territoriais especialmente protegidos – tem como principal instrumento o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), criado pela L. 9.985/2000;
7. Sistema nacional de informações sobre o meio ambiente (SINIMA) – é responsável por organizar, sistematizar e divulgar as informações ambientais dos órgãos e entes integrantes do SISNAMA, nos três níveis de governo. Decorre do princípio da informação. O SINIMA possui três eixos estruturantes: o desenvolvimento de ferramentas de acesso à informação baseadas em sistemas computacionais livres; a sistematização de estatísticas e elaboração de indicadores ambientais; e a integração e interoperabilidade de sistemas de informação.
8. Cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental – consiste na identificação obrigatória de pessoas físicas e jurídicas que se dediquem à consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras. 
9. Penalidades disciplinares – cuida-se do poder de polícia ambiental conferido aos entes e órgãos integrantes do SISNAMA para a aplicação de penalidades pelo cometimento de infrações administrativas ambientais; 
10. Relatório de qualidade do meio ambiente – apesar de sua previsão entre os instrumentos do PNMA, o Poder Público até hoje não produziu um RQMA. O mais próximo disso foi a publicação, pelo IBAMA, do Geo-Brasil 2002, em que analisou em profundidade a situação ambiental brasileira. Os Geo’s são uma contribuição do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Nessa perspectiva, a Agência Nacional de Águas (ANA) editou em 2006 o Geo-Brasil recursos hídricos; 
11. Garantia de acesso a informações relativas ao meio ambiente – Milaré ensina que, através desse instrumento (que nada mais é do que uma garantia constitucional – converge para o direito insculpido no art. 5º, XXXIII da CRFB), associado ao SINIMA, torna-se possível o cumprimento de um dos objetivos da PNMA, que visa à “difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico” (Milaré, pp. 471-472); 
12. Cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais – objetiva o registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou a extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora. O certificado de registro não desobriga as pessoas físicas ou jurídicas inscritas no cadastro de obter as licenças, autorizações, permissões ou concessões, os alvarás e outros documentos obrigatórios para o exercício de suas atividades (Milaré, p. 474). 
Jurisprudência: “É condição constitucional para a cobrança de taxa pelo exercício de poder de polícia a competência do ente tributante para exercer a fiscalização da atividade específica do contribuinte (art. 145, II da Constituição). Por não serem mutuamente exclusivas, as atividades de fiscalização ambiental exercidas pela União e pelo estado não se sobrepõem e, portanto, não ocorre bitributação.” (STF, AgR no RE 602089); o STF assentou também que a receita da empresa pode ser utilizada como critério para aferir o seu potencial poluidor e, assim, fixar o valor da TCFA (STF, AgReg no AI 746.875); 
13. Instrumentos econômicos – esse instrumento foi criado recentemente, pela Lei 11.284/06, acompanhando a previsão do Princípio 16 da Declaração Rio-92, o qual dispõe que “as autoridades nacionais devem procurar promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais”. A lei traz um rol exemplificativo desses instrumentos: 
a) servidão ambiental – consiste na possibilidade de o proprietário renunciar, em caráter permanente ou temporário, total ou parcialmente, ao direito de uso, exploração ou supressão de recursos naturais existentes na propriedade, mediante a anuência do órgão ambiental competente (art. 9º-A, caput). 
b) concessão florestal – delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação,à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. 
c) seguro ambiental – ainda encontra-se pendente de regulamentação. É instrumento de implementação do princípio da reparação integral do dano ambiental, pois garante a disponibilidade dos recursos financeiros necessários à repristinação total do dano causado ao meio ambiente, mesmo na hipótese de insolvência do poluidor. 
Outros instrumentos econômicos: imposto de renda ecológico; ICMS ecológico; índice de sustentabilidade empresarial; “princípios do equador” – referem-se a um conjunto de procedimentos utilizados espontaneamente por instituições financeiras na gestão de questões socioambientais associadas a operações de financiamento de projetos; “mecanismo de desenvolvimento limpo” (MDL) – torna eficaz o Protocolo de Kyoto, mediante a instituição de um mercado de venda de créditos de carbono, visando a facilitar o atingimento das metas de redução de emissão de gases de efeito estufa definidas para os países que o ratificaram. A proposta do MDL consiste em que cada tonelada de CO² que deixar de ser emitida ou for retirada da atmosfera por um país em desenvolvimento poderá ser negociada no mercado mundial (Milaré, pp. 477-479).
SISNAMA
1. Conceito. O SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) é o conjunto de órgãos e instituições dos diversos níveis do Poder Público incumbidos da proteção do ambiente. 
É uma estrutura político-administrativa oficial/governamental, mas que permite a participação de instituições não governamentais e da sociedade, ainda que por delimitadas vias. Não possui personalidade jurídica. 
Podem ser implantados Sistemas Estaduais e Municipais. 
A LPNMA inclui, portanto, como integrantes do SISNAMA também os órgãos estaduais (seccionais) e municipais (locais), e não apenas órgãos da União. 
2. Estrutura. (art. 6 da Lei 6938/81). 
Órgão Superior: Conselho de Governo (composição – art. 7, caput, da Lei 10.683/03). Atua também por meio de suas Câmaras. Câmara de Políticas de Recursos Naturais (Dec. 11696/95): objetivo de formular políticas públicas e diretrizes relacionadas com os recursos naturais, é composta somente por representantes de órgãos do Governo Federal. Órgão Consultivo e Deliberativo: CONAMA. Presidido pelo Ministro do Meio Ambiente. Tem composição paritária. Decreto 99.274/90 regulamenta (art. 5, §1, I, prevê um representante do MPF na condição de Conselheiro Convidado). Tem como finalidade assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
Câmara Especial Recursal – É a instância administrativa do CONAMA responsável pelo julgamento, em caráter final, das multas e outras penalidades administrativas impostas pelo IBAMA. Suas decisões têm caráter terminativo. 
Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente. 
Órgãos Executores: 
a) IBAMA – autarquia federal de regime especial vinculada ao Ministério do Meio Ambiente; principais atribuições: exercer o poder de polícia ambiental; executar ações das polícias nacionais de meio ambiente, referentes às atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização, monitoramento e controle ambiental; executar as ações supletivas de competência da União; 
b) Instituto Chico Mendes (ICM-Bio) – autarquia federal de natureza especial, com autonomia financeira e administrativa, criada pela Lei 11.516/07, com competência para administrar as unidades de conservação previstas e criadas no âmbito federal a partir da L. 9.985/00. A criação do ICM-Bio representou a redefinição de competências antes atribuídas ao IBAMA.
Finalidades do ICM-Bio: executar ações da política nacional de unidades de conservação da natureza; executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis e ao apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação de uso sustentável instituídas pela União; fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e de educação ambiental; exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação instituídas pela União; promover e executar, em articulação com os demais órgãos e entidades envolvidos, programas recreacionais, de uso público e de ecoturismo nas unidades de conservação, onde estas atividades sejam permitidas.
Órgãos Setoriais: entes integrantes da Administração Federal direta e indireta, cujas atividades se direcionem ao meio ambiente. 
Órgãos Seccionais e Locais: órgãos ou entidades estaduais e municipais, respectivamente, que executam programas e exercem função de fiscalização e controle. 
As competências ambientais na federação brasileira
Em relação ao meio ambiente, a Constituição Federal – núcleo definidor da “competência das competências” - estabelece a competência legislativa (concorrente entre a União, Estados e Distrito Federal, nos termos do art. 24, VI, VII e VIII e entre Municípios, art. 30, I) e administrativa comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para proteger o meio ambiente, referindo-se, ainda, de forma redundante, ao combate à poluição e à preservação das florestas, da fauna e da flora (art. 23, incisos VI e VIII). 
A regra do art. 23, da CF, não se refere à titularidade de serviços ou ações administrativas, mas, sim, à necessidade de definição de estratégias para implementação cooperada e integrada de medidas que expressem o alcance de finalidades comuns aos diversos entes federativos, em nome do “equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional
Nesse sentido, foi editada a Lei Complementar 140/2011. 
Competência legislativa concorrente: 
A União deve estabelecer as normas gerais (CF, art. 24, §1º) e os Estados e Distrito Federal devem legislar de maneira suplementar (§2º), porque “inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades” (§3º). Porém, “a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.” (§4º) 
Nesse sentido, vale exemplificar a existência de regras nacionais editadas pela União e que devem ser observadas pelos Estados, na implantação de sua política ambiental, como o Novo Código Florestal, que estabelece regras gerais para a criação do Cadastro Ambiental Rural e dos Programas de Regularização Ambiental, mas aos Estados competirá sua implantação e execução. (arts. 18, 29 e 59, caput, §1º da Lei 12.651/12 e
Decreto Federal nº 7.830/12)
Competência administrativa comum: 
O exercício de competência material comum deve observar o indicativo constitucional no tocante à competência legislativa concorrente. De acordo com essa diretriz constitucional à União cabe ditar normas gerais, reservando-se para os demais entes políticos a legislação de caráter suplementar.
A partir daí, reconhece-se a proeminência da União no terreno das competências administrativas em matéria ambiental, levando-se em conta a existência de interesse geral ou nacional que se sobrepõe, em muitas situações, a interesses de cunho estadual ou local. 
Houve, no entanto, uma mudança de cenário com a vigência da LC 140, que atribuiu mais competências de fiscalização e licenciamento aos Estados e Municípios. 
Vale ressaltar a possibilidade de serem editadas normas de âmbito regional ou local de conteúdo mais protetor em relação às peculiaridades do meio ambiente em determinada região, donde resulta a ideia de preponderância do nível mais elevado de proteção ambiental no exercício da competência comum. 
Embora seja comum a competência para proteger o meio ambiente, isso não dispensa o estabelecimento deparâmetros mínimos para a atuação administrativa de cada um dos entes políticos nesse campo, ante o risco de ocorrência de atividades superpostas e colidentes, geradoras de insegurança e incerteza jurídicas. 
Nesse ponto, sustenta-se dois critérios definidores de competências: 1. a titularidade do bem atingido; 2. a repercussão da atividade, como elemento determinante da predominância do interesse envolvido.
Dessa forma, é incabível que um Estado-Membro, por exemplo, aplique seu instrumental sancionador em face de infração administrativa ambiental praticada em detrimento de bem, serviço ou interesse tutelado diretamente da União. 
Veja-se, segundo Nicolao Dino, o seguinte rol de bens, serviços ou interesses que, se atingidos, ensejarão, num primeiro plano, a competência de ente federal para atuação destinada à repressão administrativa: 
a) Bens que integram o patrimônio da União, especificados no art. 20 da CF. 
b) Unidades de conservação instituídas pela União;
c) Fauna. Nesse sentido, foi editada a Súmula 91 do STJ. A dominialidade da fauna silvestre deve continuar a ser atribuída à União, haja vista o disposto no art. 20, I, CF.
d) Atividades que estejam sob fiscalização do órgão ambiental federal (impacto ambiental de âmbito nacional ou regional); 
e) Florestas. A Lei 11.284/2006 reserva ao IBAMA apenas a outorga para exploração nas florestas públicas pertencentes à União e nos empreendimentos potencialmente causadores de impacto nacional ou regional, conforme definidos pelo CONAMA (art. 19, § 1º, Lei 4.771/65); 
f) Regiões declaradas como patrimônio nacional pela Constituição Federal (art. 225, § 4º, da CF)

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