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Legislação ambiental Profa. Aline Marchesi NESTA AULA VEREMOS: Aspectos gerais da legislação ambiental brasileira, sobretudo daquelas que incidem na proteção dos recursos hídricos. Ênfase para a Lei 9.333 (Lei das Águas) que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Código de Águas (1934) MARCO LEGAL DA LEGISLAÇÃO HÍDRICA Decreto Federal nº 24.643, de 10 de julho de 1934; Elaborado pelo jurista Alfredo Valadão, quando o aproveitamento hidrelétrico era considerado fator primordial para o desenvolvimento econômico do País; Fomentar o progresso industrial; Centralizador: atribuía a responsabilidade pela gestão hídrica à União, num formato centralizador, deixando o Estado aquém dos encargos normativos, punitivos e fiscalizativos; “Princípio-poluidor-pagador” Classificação: Águas públicas, Águas comuns e Águas particulares; Código Florestal (1934) MARCO LEGAL DA CONSERVAÇÃO DAS FLORESTAS Primeira versão instituída por Getúlio Vargas (Decreto no. 23.793 de 1934); Objetivo: mitigar os impactos causados ao ambiente, decorrentes da substituição da vegetação nativa para atender a demanda por carvão, a exploração madeireira e a introdução de espécies exóticas para promover o avanço da pecuária extensiva. Define as florestas como conforme as categorias: a) Protetoras; b) Remanescentes; c) Modelo; d) Rendimento. Protetoras são àquelas que cumprem o papel de preservar os recursos hídricos. (conceito primário do que viria a ser, no futuro: Florestas de preservação permanente e, posteriormente, Áreas de Preservação Permanente). Capítulo II (4º. Parágrafo): “Serão consideradas florestas protetoras as que, por sua localização, servirem conjunta ou separadamente para qualquer dos fins seguintes: a) conservar o regime das águas; b) evitar a erosão das terras pela ação dos agentes naturais; fixar dunas; d) auxiliar a defesa das fronteiras, de modo julgado necessário pelas autoridades militares; e) assegurar condições de salubridade pública; f) proteger sítios que, por sua beleza, mereçam ser conservados; g) asilar espécimes raros de fauna indígena” Ambiguidade, Fragilidade e displicência no cumprimento de suas normas fizeram com que em 16 de setembro de 1965, fosse promulgada pelo Presidente Humberto de Alencar Castello Branco a Lei 4.771, que instituiu e oficializou o “novo” Código Florestal Brasileiro. Código Florestal (1965) Institucionaliza o conceito de “Florestas de Preservação Permanente” e Reserva Legal, adotando um regime de proteção extremamente rígido. Reserva Legal (RL): área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas; (MP nº 2.166-67, de 2001). RL: 80% da vegetação na propriedade rural situada em área de floresta da Amazônia Legal; 30% em área de cerrado na Amazônia legal; 20% nas demais regiões do País, fora da Amazônia Legal. MP n º 2.166-67 de 2001, que instituiu, definitivamente, o termo Áreas de Preservação Permanente (APP). “ Á partir daí, toda área, independentemente de ser munida ou não de cobertura vegetal, torna-se obrigatoriamente, de preservação permanente com a finalidade de se manter a qualidade hídrica.” Áreas de Preservação Permanente “São áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.” Classificam-se em duas modalidades: 1) APP’s legais, instituídas por lei (Possuem relação com a situação topográfica ou locacional das áreas). 2) APP’s declaradas por Ato do Poder Público (São áreas de significativa importância de preservação, instituídas mediante “Ato”, tendo por finalidade proteger o ambiente e assegurar o bem estar da população). ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE APP Ambiguidades: Não seria aplicável ao contexto urbano; Adequação (1989), a partir da inclusão da Lei Federal nº 7.803, determinando que o Código fosse aplicável às áreas urbanas. Explicitação tardia (auge êxodo rural – 1970); MP 2.166-67 altera o artigo 4º do Código Florestal, que passa a permitir a supressão da vegetação em APPs, desde que seja devidamente caracterizada a utilidade pública e/ou interesse social, condicionada à autorização do órgão estadual competente, ou órgão ambiental municipal (com anuência do órgão ambiental estadual), desde que o município possua Conselho de Meio Ambiente com caráter deliberativo e Plano Diretor. Res. CONAMA 369-2006 acrescentou o termo “intervenção” APP Código Florestal (1989): estabelece a faixa mínima de 30 metros de vegetação a ser respeitada, baseada na largura dos rios ou cursos d´água. Entretanto, anteriormente a esse ano, ou seja, em 1979, o inciso III do art. 4º da Lei nº 6.766 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano), já previa a mencionada reserva da faixa non aedificandi de 15 metros ao longo das águas correntes e dormentes. Novo Código Florestal: “Substitutivo” (2012) Criada em setembro de 2009, uma Comissão Especial para analisar os diversos Projetos de Lei que pretendiam alterar o Código em vigência, sendo nomeado como relator o deputado Aldo Rebelo (PCdoB- SP), sob a presidência de Moacir Micheletto (PMDB/PR), Audiências Públicas 25/05/12 é aprovado o Novo Código Florestal, sancionado pela Lei nº 12.651, substitutivo do Código Florestal de 1965. Maior flexibilização foi contemplada no que se refere ao uso de áreas protegidas. Por detrás do discurso de apoio ao agricultor familiar, sob o qual se basearam as propostas de alteração do Código, escondem-se reais interesses por exploração dos recursos naturais. APP Mantém o conceito de APP e o aplica às áreas urbanas e rurais; Altera os parâmetros relacionados às faixas a serem preservadas, uma vez que passam a ser medidas a partir do leito regular do Rio (perda de proteção de até 60% dessas áreas na Amazônia). Em zona urbana as faixas a serem preservadas ficam estabelecidas em 30 metros; Permissão para realização de atividades agropecuárias em áreas protegidas rurais que, até julho de 2008, tenham sido palco para a agricultura e pecuária. Pelo código de 1965, não era permitido o cultivo de quaisquer sistemas de produção em APP’s. As APP’s passam a ser computadas na RL (incoerente: funções ambientais distintas); Pequenas propriedades (propriedades e posses rurais com até 04 módulos fiscais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris) ficam desobrigadas a recompor a vegetação nativa das RL’s desmatadas até julho de 2008. 90% das propriedades rurais brasileiras possuem menos de 4 módulos fiscais (Resultado: desproteção) Acima de quatro módulos fiscais, a RL a ser recuperada ou mantida passa a levar em consideração apenas a área que exceder os quatro módulos fiscais, e não, a área total do imóvel. No caso de RL’s desmatadas após 22/07/2008, o novo Código estabelece a suspensão imediata das atividades nelas realizadas para que seja iniciado o processo de recomposição, sem prejuízo dassanções administrativas, cíveis e penais cabíveis, desde que essa comprovação não extrapole dois anos; Passa, agora, a permitir a recomposição com a introdução de espécies exóticas, desde que não exceda a 50% da área a ser recuperada. (Alteração da biodiversidade local) A recomposição permite que proprietários rurais utilizarem integralmente seus terrenos, adquirindo o percentual de terras a serem recompostas estabelecido pela lei, recompondo-o e preservando-o em outra localidade que não a de sua propriedade, desde que seja contemplado o mesmo bioma. Não há mais a obrigatoriedade de recompor o ecossistema dentro da própria bacia hidrográfica, como preconizava o Código de 1965, podendo fazê-la em outra localidade, em outro estado, inclusive (Art. 66, parágrafo 6). Lei 9.433 (Lei das Águas): “Política Nacional de Recursos Hídricos” (1997) 1991 surge um projeto de lei estabelecendo a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH); Referência no modelo francês de gestão de águas; 08/01/1997 é aprovada e sancionada no Congresso a Lei 9.433 (lei das águas), que institui a PNRH; “Dentre os diversos mecanismos de gestão contemplados na PNRH, além da descentralização e do apelo à participação social trazida pelo instrumento, merece destaque, ainda, a organização estrutural criada para conferir maior eficiência nas ações, ou seja, a criação de conselhos, comitês e agências de água com características próprias (complementares no tocante ao gerenciamento hídrico); a adoção da Bacia Hidrográfica como unidade territorial de análise e gestão; e a valorização econômica da água, a partir da cobrança pelo direito de uso.” FUNDAMENTOS DA PNRH (CAP. I – ARTIGO 10) I – A água é um bem de domínio público; II – Recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III – Em situações de escassez, há de se priorizar o consumo humano e a dessedentação de animais; IV – A gestão dos recursos hídricos deve proporcionar o uso múltiplo das águas; V – A Bacia Hidrográfica é a unidade territorial de análise e gestão para a implementação da PNRH e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH); VI – A gestão deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e da comunidade. OBJETIVOS DA PNRH (CAP. II – ARTIGO 20) I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO (CAP. III – ARTIGO 30) I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade; II - a adequação da gestão às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País; III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras. Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum. INSTRUMENTOS DA PNRH (CAP. IV - ARTIGO 50) I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios (VETADO); VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. I – PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS São planos diretores, de longo prazo, que fundamentam e orientam a implementação da PNRH e o gerenciamento dos recursos hídricos em uma bacia hidrográfica; Contemplam o diagnóstico situacional da bacia; a análise de alternativas de crescimento demográfico e modificações na ocupação do solo; o balanço entre demanda e disponibilidade hídrica; as metas de racionalização de uso e o aumento da quantidade e da qualidade hídrica com as respectivas ações, programas e projetos necessários para o atendimento destas metas; a outorga de direitos de uso dos recursos hídricos; e, finalmente, as propostas de criação de áreas de uso restrito para proteção hídrica. Constitui-se em uma ferramenta de trabalho das Agências, dos Comitês de Bacias, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, enfim, do Sistema Nacional de Recursos Hídricos. II – ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES: Consiste em fixar o nível de qualidade (classes) a ser alcançado e/ou mantido em um segmento do corpo hídrico, ao longo do tempo conforme os seus usos preponderantes, integrando, portanto, uso e qualidade da água; As classes referentes à água doce são determinadas pela Resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005; II – ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES: Classificação dos Corpos de Água doce segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) Classe Descrição Especial Águas destinadas ao abastecimento humano, com desinfecção; à prevenção do equilíbrio das comunidades aquáticas; à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação. I Águas destinadas ao abastecimento humano, após tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação e mergulho; à irrigação de hortaliças e de frutas; e à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas. II – ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES: Classe Descrição II Águas destinadas ao abastecimento humano, após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário; irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais a população possa vir a ter contato direto; e à aquicultura e à atividade de pesca. III Águas destinadas ao abastecimento humano, após tratamento convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas ou forrageiras; à pesca amadora; à recreação de contato secundário; e à dessedentação de animais. IV Águas destinadas somente à navegação e à harmonia paisagística III – OUTORGA DOS RECURSOS HÍDRICOS: • Consiste na autorização, concessão ou permissão dada ao usuário para captar, fazer uso e lançar as águas servidas nos cursos d’água. • Tem por objetivo garantir o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e os direitos de acesso ao recurso, condicionados às prioridades estabelecidas no Plano de Recursos Hídricos, devendo ser respeitada a classe de enquadramento do corpo d’água. • União: solicita à ANA • Estados: órgão ambiental competente (MG – Instituto Mineiro de Gestão das Águas, IGAM) III – OUTORGA PELO PODER PÚBLICO (ART. 120): I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processoprodutivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. III – INDEPENDEM DE OUTORGA (ART. 120) PELO PODER PÚBLICO: I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. III – (ART. 150) SUSPENSÃO PARCIAL OU TOTAL DA OUTORGA EM CARÁTER DEFINITIVO OU POR PRAZO DETERMINADO: I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; II - ausência de uso por três anos consecutivos; III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental; V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas; VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água. Observação: Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável (Art. 16). IV – COBRANÇA PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS Reconhece a água como bem de valor econômico, incentiva a sua racionalização e arrecada recursos financeiros para a realização dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Por terem que pagar pela água captada, as empresas potencializam os serviços evitando desperdícios, bem como passam a ter maior rigor no controle sobre os efluentes despejados nos rios. Usuário-pagador e poluidor-pagador (quanto maior for a captação de água, maior será o valor cobrado, bem como, quanto melhor for a qualidade da água devolvida ao curso hídrico, menor o valor a ser pago). A cobrança é realizada junto àqueles que detêm a outorga e fazem uso do recurso para fins econômicos, quais sejam: companhias de tratamento e abastecimento de água e esgoto, produtores rurais, empresas geradoras de energia elétrica, indústrias, dentre outras. Recursos advindos da cobrança pelo uso da água deverão ser aplicados, prioritariamente, na própria bacia hidrográfica em que foi gerado. IV – OBJETIVOS DA COBRANÇA PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS: I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; II - incentivar a racionalização do uso da água; III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. VI – SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS Constitui-se em um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão. Os dados por ele gerados são incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH). o SIRH é de máxima relevância para a gestão desses recursos, por se constituir na base de dados necessária para a aplicação de todos os demais instrumentos de gestão. VI – Objetivos do Sistema de Informações sobre RH (Art. 26): I - descentralização da obtenção e produção de dados e informações; II - coordenação unificada do sistema; III - acesso aos dados e informações garantido à toda a sociedade. VI – Objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre RH (Art. 27): I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil; II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos. Art. 29. Compete ao Poder Executivo Federal: I – Implementar e fazer funcionar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; II – Outorgar os direitos de uso, regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência; III – Implantar e gerir o SIRH, em âmbito nacional; IV – Promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. Observação: O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade responsável pela efetivação de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob domínio da União. Art. 30. Compete aos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal, na sua esfera de competência: I – Outorgar os direitos de uso e regulamentar e fiscalizar os usos dos recursos hídricos; II – Realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica; III – Implantar e gerir o SIRH, em âmbito estadual e do Distrito Federal; IV – Promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental. VI – OBJETIVOS DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS I – coordenar a gestão integrada das águas; II – arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; III – implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; IV – planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; V – promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. INTEGRAM O SNGRH: I – Conselho Nacional de Recursos Hídricos; I–A – Agência Nacional de Águas; II – Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; III – Comitês de Bacia Hidrográfica; IV – Órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; V – Agências de Água. Conselho Nacional de Recursos Hídricos Trata-se de um colegiado intergovernamental, órgão máximo normativo e deliberativo, composto por representantes dos ministérios e secretarias da Presidência da República, dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, dos usuários e das organizações civis de recursos hídricos, organizações técnicas e de ensino e pesquisa voltadas aos recursos hídricos, e organizações não governamentais. Tem por função: a) analisar propostas de alteração nas legislações pertinentes aos recursos hídricos e à PNRH; b) aprovar propostas de criação de comitês de bacia hidrográfica; c) promover a articulação dos planejamentos de recursos hídricos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; d) arbitrar em última instância administrativa, os conflitos entre os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CERH). Agência Nacional de Águas Trata-se de um órgão executor, não formulador de política pública, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, cujo funcionamento é marcado por autonomia administrativa e financeira; Atua nos corpos hídricos de domínio da União. Tem por função: a) coordenar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos; b) outorga e a cobrança pelo uso da água nos rios de domínio da União; c) regulação dos serviços de irrigação em regime de concessão e de adução de água bruta em corpos d’água. Conselhos Estaduais e Distrital de Recursos Hídricos São órgãos deliberativos e normativos, compostos por representantes do Poder Público Estadual e Municipal, representantes de usuários e de entidadesda sociedade civil ligadas aos recursos hídricos. Tem por função: a) estabelecer os princípios e as diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos; b) aprovar proposta do Plano Estadual de Recursos Hídricos; c) decidir conflitos entre comitês de bacias hidrográficas; d) atuar como instância de recurso nas decisões dos comitês de bacia hidrográfica; e) estabelecer critérios e as normas para a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança pelo seu direito de uso. Comitês de Bacias Hidrográficas São órgãos deliberativos de gestão dos recursos hídricos. Tem por função: a) promoção de debates relacionados aos recursos hídricos, com articulação das entidades intervenientes nessas discussões; b) arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos que, se não resolvidos, serão levados à instância dos Conselhos Estaduais ou Nacional; c) aprovar e acompanhar a execução dos Planos de Recursos Hídricos da bacia; d) identificar e propor aos CERH e CNRH as situações de usos das águas que deverão ser isentas da obrigatoriedade da outorga; e) estabelecer os mecanismos de cobranças para as situações que convierem e sugerir os seus respectivos valores; f) estabelecer critérios e promover o rateio de custos das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. Das decisões dos comitês, caberá recurso ao CERH e CNRH, de acordo com a sua esfera de competência. Agências de Água São órgãos com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criadas para dar apoio técnico aos Comitês de Bacia Hidrográfica; São criadas a partir da solicitação dos comitês, mediante autorização do CNRH ou CERH, desde que haja viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação. Tem por função: a) manter o balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação; b) manter o cadastro de usuário de recursos hídricos; c) efetuar a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; d) analisar e emitir parecer sobre projetos a serem financiados com os recursos oriundos da cobrança pelo uso da água e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos; Agências de Água e) acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados; f) gerir o SIRH; g) celebrar convênios e financiamentos para execução de suas competências, elaborando proposta orçamentária para aprovação do comitê; h) elaborar o Plano de Recursos Hídricos para aprovação dos comitês. i) propor aos comitês: 1) o enquadramento dos corpos d’água nas classes de uso, para posterior encaminhamento ao CNRH e /ou CERH, de acordo com o domínio desses; 2) valores a serem cobrados pelos usos da água; 3) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança de uso da água; 4) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum e coletivo. Art. 49 - Das infrações (recursos superficiais e subterrâneos) I - derivar ou utilizar recursos hídricos, sem a respectiva outorga de direito de uso; II - iniciar ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade, sem autorização dos órgãos ou entidades competentes; III - (VETADO) IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga; V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização; VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos; VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes; VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções. Art. 50 – Das Penalidades Advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades; II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos; IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, ou tamponar os poços de extração de água subterrânea. Art. 50 – Das Penalidades § 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo combinado em abstrato; § 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados incisos; § 3º Da aplicação das sanções previstas neste título caberá recurso à autoridade administrativa competente, nos termos do regulamento; § 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro. Lei 11.445 (Lei do Saneamento Básico): “Política Nacional de Saneamento Básico” (2007) Art. 2º (Cap. 1): Instrumentos necessários à implementação dos serviços públicos de saneamento básico: I - universalização do acesso; II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados; III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente; IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado; V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais; VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social, voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante; VII - eficiência e sustentabilidade econômica; VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados; X - controle social; XI - segurança, qualidade e regularidade; XII - integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos. Cenário de Saneamento Básico no Brasil Cenário de Saneamento Básico no Brasil Desafios da Universalização Setor que menos avança no cenário nacional; Dispersão na aplicação das políticas setoriais, por diversos órgãos do governo federal; Indefinição da titularidade (fragmentaçãodo poder); Dependência de elevados investimentos; Falta de articulação intergovernamental para execução de reformas setoriais. Desafios da Universalização Dados contidos no relatório de 2003, do Programa de Modernização do Setor de Saneamento, regido pelo Ministério das Cidades, apontam que, para a universalização dos serviços de água e esgoto nas 05 regiões do Brasil, até o ano 2020, serão necessários investimentos da ordem de 178 bilhões de reais. Todavia, dados da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, editados pelo Ministério das Cidades, afirmam que, mediante recursos onerosos e não onerosos, o governo federal desembolsou, entre 2003 e 2006, R$ 6.31 bilhões de reais, correspondendo a uma média anual de R$ 1.58 bilhões. Para que a meta da universalização fosse alcançada, considerando 2003 como período inicial de investimentos, seriam necessários R$ 9,9 bilhões/ano. Obrigada!
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