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Analise tecnica e economica de uma propriedade leiteira em Couto de Magalhães de Minas MG um estudo plurianual


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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO 
JEQUITINHONHA E MUCURI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEANDRO PEREIRA DE ASSIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UMA PROPRIEDADE LEITEIRA 
EM COUTO DE MAGALHÃES DE MINAS – MG: UM ESTUDO 
PLURIANUAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAMANTINA- MG 
2012 
 
 
LEANDRO PEREIRA DE ASSIS 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UMA PROPRIEDADE LEITEIRA EM 
COUTO DE MAGALHÃES DE MINAS – MG: UM ESTUDO PLURIANUAL 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Universidade Federal dos 
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como parte das 
exigências do Programa de Pós-Graduação em 
Zootecnia, para obtenção do título de Magister 
Scientiae. 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Severino Delmar Junqueira Villela 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAMANTINA- MG 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICO 
À Deus, por cada passo dessa caminhada. 
Aos familiares, amigos e professores que me ajudaram 
a conquistar meus objetivos. 
 
 
AGRADECIMENTO 
 
 
À Deus, por me amparar em cada momento. 
Ao professor Severino Delmar Junqueira Villela, pelo conhecimento e 
colaboração; por me apoiar e aconselhar, fazendo com que eu não desistisse. Sem ele, 
definitivamente, eu não chegaria até aqui. 
Ao professor Marcos Aurélio Lopes, pela ajuda essencial prestada na confecção deste 
trabalho. 
Aos professores do departamento de zootecnia. 
Aos meus familiares e amigos. 
À minha esposa Marina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOGRAFIA 
 
LEANDRO PEREIRA DE ASSIS, filho de Luciano de Assis e Maria de Fátima Pereira 
Assis, nasceu em 03 de outubro de 1980, em Belo Horizonte - MG. Em Julho de 2008, 
concluiu o Curso de Graduação em Medicina Veterinária, pela FEAD – Minas, Belo 
Horizonte – MG. Em março de 2010, foi admitido no Curso de Pós-Graduação, em nível de 
Mestrado, na área de Nutrição e Produção de Ruminantes, pela Universidade Federal dos 
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, submetendo-se a defesa de dissertação para a conclusão 
deste curso em setembro de 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 ASSIS, Leandro Pereira. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, 
setembro de 2012. 75p. Análise técnica e econômica de uma propriedade leiteira em 
Couto de Magalhães de Minas – MG: um estudo plurianual. Orientador: Severino 
Delmar Junqueira Villela. Coorientador: Marcos Aurélio Lopes. Dissertação (Mestrado 
em Zootecnia). 
 
 
Objetivou-se, com o desenvolvimento deste trabalho, analisar os dados referentes às despesas, 
receitas e índices zootécnicos provenientes de uma fazenda, referentes ao período de janeiro 
de 2002 a dezembro de 2011. Realizou-se, também, a correlação dos índices econômicos com 
os zootécnicos no período estudado. Durante o estudo, buscou-se identificar os principais 
indicadores técnicos e econômicos que mais afetam a atividade. Dos componentes do custo 
operacional efetivo, a alimentação e a mão-de-obra foram aqueles com maiores 
representatividades. Na análise de regressão linear simples, houve alta correlação da produção 
de leite por hectare com a margem líquida, indicando que alguns índices zootécnicos como a 
produção total, produção média por total de vacas e, principalmente, a produção por 
hectare/ano, influenciam mais o resultado da atividade do que o preço do leite pago ao 
produtor. As receitas oriundas da venda de leite não foram suficientes para cobrir nem os 
custos operacionais efetivos. No entanto, as receitas do leite, juntamente com as vendas de 
animais e subprodutos, permitiram, na média dos dez anos, uma margem líquida negativa. 
 
Palavras-chave: Atividade leiteira, custos de produção, índices zootécnicos, viabilidade 
econômica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 ASSIS, Leandro Pereira. Federal University of the Valleys Jequitinhonha and Mucuri, 
september 2012. 75p. Technical and economic analysis dairy property in Couto de 
Magalhães de Minas - MG: a multi-year study. Advisor: Severino Delmar Junqueira 
Villela. Co-advisor: Marcos Aurélio Lopes. Dissertation (Master’s degree in Animal 
Science). 
 
 
 
The objective of the development of this work is to analyze the data on expenditure, revenue 
and indexes from a farm, for the period from January 2002 to December 2011. Held, also, the 
correlation of economic and zootechnical indexes from the study period. During the study, we 
pursued to identify the main technical and economic indicators that most affect the activity. 
From components of effective operational cost, feeding and manpower were those with higher 
representativeness. In simple linear regression analysis, there was a high correlation of milk 
production per hectare with net margin, indicating that some indexes such as total output, total 
average production per cow, and especially the production per hectare / year, had more 
influence on the result of the activity rather than the milk price paid to producers. Revenues 
from the sale of milk were not enough to cover even the actual operating costs. However, 
revenue from milk, along with sales of animals and byproducts, allowed, at the average of ten 
years, a negative net margin. 
 
Keywords: Dairy activity, production costs, zootechnical indexes, economic viability. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO GERAL ....................................................................................... 10 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 12 
2.1 Panorama da pecuária leiteira no Brasil ................................................................. 12 
2.2 Metodologias para estimativa do custo de produção ............................................. 13 
2.2.1 Custo total ou custo econômico .......................................................................... 14 
2.2.1.1 Custos fixos ...................................................................................................... 15 
2.2.1.1.1 Depreciação .................................................................................................. 16 
2.2.1.1.2 Custos alternativos ou de oportunidades ...................................................... 16 
2.2.1.2 Custos variáveis .............................................................................................. 17 
2.2.2 Custo operacional de produção ........................................................................... 17 
2.3 Indicadores econômicos ........................................................................................ 18 
2.3.1 Receita ou renda bruta ....................................................................................... 18 
2.3.2 Margem bruta ..................................................................................................... 19 
2.3.3 Margem líquida .................................................................................................. 20 
2.3.4 Lucro .................................................................................................................. 20 
2.3.5 Lucratividade..................................................................................................... 20 
2.3.6 Rentabilidade ou retorno do investimento ......................................................... 21 
2.4 Interpretação dos resultados econômicos .............................................................. 22 
2.5 Custo de produção na pecuária leiteira .................................................................. 23 
2.6 Indices zootécnicos ................................................................................................ 25 
2.7 Benchmarking ........................................................................................................ 27 
Referências Bibliográficas ............................................................................................ 28 
3. ARTIGOS ................................................................................................................ 33 
3.1 ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UMA PROPRIEDADE 
LEITEIRA EM COUTO MAGALHÃES DE MINAS – MG: UM ESTUDO 
DE CASO PLURIANUAL ................................................................................... 
 
33 
Resumo ......................................................................................................................... 33 
Abstract ......................................................................................................................... 34 
Introdução ..................................................................................................................... 35 
Material e Métodos ....................................................................................................... 37 
Resultados e Discussão ................................................................................................. 39 
Conclusões...................................................................................................................... 51 
Referências Bibliográficas ............................................................................................ 52 
3.2 ANÁLISE ECONÔMICA DE UMA PROPRIEDADE LEITEIRA EM 
COUTO MAGALHÃES DE MINAS – MG: UM ESTUDO DE CASO 
PLURIANUAL....................................................................................................... 55 
Resumo ......................................................................................................................... 55 
Abstract ......................................................................................................................... 56 
Introdução ..................................................................................................................... 57 
Material e Métodos ....................................................................................................... 58 
Resultados e Discussão ................................................................................................. 60 
Conclusões...................................................................................................................... 74 
Referências Bibliográficas ............................................................................................ 75 
4. CONCLUSÕES GERAIS ....................................................................................... 77 
10 
 
1 . INTRODUÇÃO GERAL 
 
A exploração da bovinocultura leiteira no país é uma importante atividade do setor 
agropecuário e é fundamental para o desenvolvimento econômico do Brasil. O estado de 
Minas Gerais se destaca como maior produtor de leite do país. No entanto, há uma grande 
heterogeneidade no processo produtivo, sendo muitas vezes questionada a viabilidade 
econômica da atividade. 
 Não obstante sua posição de destaque no cenário nacional, a pecuária leiteira tem sido 
marcada por diversas crises. As mudanças ocorridas, principalmente a partir de 1990 ,fizeram 
com que a atividade passasse por fortes intervenções do governo, como o fim do tabelamento 
de preço, e também a experimentar profundas modificações em todos os elos da cadeia 
produtiva. Essas mudanças exigiram rápidas transformações no setor, obtendo, como 
resultando, um mercado competitivo no que se refere à qualidade, produtividade e escala de 
produção. 
Constantemente, relatam os produtores do Brasil, que produzir leite não é bom 
negócio, em razão do pequeno lucro, ou até mesmo do prejuízo que essa atividade lhes dá. No 
entanto, poucos são os produtores que realmente conhecem seus resultados, sejam eles os 
econômicos ou zootécnicos. Portanto, diante dos desafios da atividade, os produtores de leite 
necessitam adotar novas posturas em relação aos métodos tradicionais de gestão dos recursos 
produtivos. E para que o produtor permaneça no mercado é fundamental que ele conheça bem 
sua atividade e trate sua propriedade como uma empresa, além de possuir visão crítica sob o 
mercado que no qual está inserido. 
Para um melhor conhecimento de sua empresa rural, o produtor deve conhecer o custo 
unitário de seu produto (litro de leite), as receitas geradas pela atividade e os índices 
zootécnicos acerca dessa produção. Sob o aspecto de produzir leite a baixo custo, atendendo a 
qualidade exigida, os levantamentos de dados zootécnicos, administrativos e econômicos são 
imprescindíveis para o produtor tomar suas decisões de maneira mais acertada. 
 Porém, a determinação do custo de produção do leite dentro de um sistema de 
produção, é uma tarefa bastante complexa e demorada, pois envolve um grande número de 
anotações e cálculos além de requerer muita atenção, mas o trabalho se justifica pelo nível de 
conhecimento gerado no processo. 
O levantamento dos indicadores de eficiência zootécnica e econômica permite aos 
produtores comparar os índices da sua propriedade com os referenciais da literatura na busca 
por melhores resultados possíveis e a correção de algum tipo de ineficiência. Um aspecto que 
11 
 
não pode ser ignorado é o período analisado. Muitas vezes, analisa-se a atividade por um 
período curto de tempo, o que, em alguns casos, pode não ser representativo para a produção, 
dado às conjunturas econômicas de momento ou da própria propriedade. 
 Não há, na literatura acadêmica, trabalhos que contemplem a correlação de índices 
zootécnicos com índices econômicos fazendo também uma análise plurianual. Diante desse 
cenário, bem como a escassez de resultados de pesquisa sobre o tema, objetivou-se, com este 
trabalho, avaliar o desempenho econômico plurianual da atividade pecuária leiteira e a sua 
correlação com alguns índices zootécnicos, obtidos em uma propriedade leiteira, por um 
período de dez anos, situada no município de Couto de Magalhães de Minas, no Alto Vale do 
Jequitinhonha, em Minas Gerais. Especificamente, pretendeu-se estimar: a representatividade 
de cada componente do custo operacional efetivo no custo total de produção; identificar os 
componentes que exerceram maior influência sobre os custos de produção; correlacionar 
índices zootécnicos com os resultados econômicos aferidos; estimar o ponto de equilíbrio; 
apresentar algumas possíveis soluções para reduzir os custos de produção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1 Panorama da pecuária leiteira no Brasil 
 
Quando o mercado é desfavorável para a produção de leite e devido à falta de 
subsídios, os produtores passam por dificuldades e ocorre uma diminuição na rentabilidade da 
atividade, pois o leite, por ser um produto perecível, e não poder ser estocado, faz com que os 
produtores entreguem o produto para as cooperativas e entrepostos por um preço muito abaixo 
do necessário, para cobrir os custos de produção (PERES et al., 2009). 
Segundo Gomes e Zoccal (2003), o crescimento quevem ocorrendo na pecuária 
leiteira no Brasil, caracteriza-se por grandes alterações no decorrer das últimas décadas. Nos 
anos 70, esse crescimento foi explicado pelo aumento da quantidade de vacas; nos anos 80, os 
ganhos de produtividade e o aumento da quantidade de vacas ordenhadas explicam, em igual 
importância, o crescimento da produção. Entretanto, nos anos 90, o fator mais importante para 
o crescimento da produção foi o aumento da produtividade. Outro importante fator para 
aumento na produção de leite brasileira é o aumento do consumo do produto fluido no país. 
Em 1994, o país consumiu, aproximadamente, 3,471 bilhões de litros e, em 2004, esse 
número passou para 5,993 bilhões de litros, aumentando, assim, a demanda desse produto, 
fazendo com que a produção aumentasse para satisfazer a necessidade de mercado 
(ANUALPEC, 2006). Em 2011, a produção de leite de vaca no Brasil foi de 
aproximadamente 31 bilhões de litros (ANUALPEC, 2011), sendo a região sudeste 
responsável por 40,1% do volume total e Minas Gerais o maior estado produtor (IBGE, 
2011). No Brasil, até o início do século XXI, segundo relatou Gomes (2000), os produtores de 
até 50 litros de leite/dia, correspondiam por 50% da quantidade total dos produtores, mas 
respondiam por apenas 10% da produção. No outro extremo, os produtores de mais de 200 
litros de leite/dia, que correspondiam por apenas 10% da quantidade total de produtores, 
respondiam com 50% da produção nacional. O Brasil ainda luta para diminuir essas 
diferenças. 
No cenário da exportação, o Brasil ainda se encontra sob a condição de importador, e 
em 2004, as remessas de lácteos ao exterior chegaram a US$ 95,3 milhões, o que gerou um 
superávit de cerca de US$ 10 milhões em relação à quantidade importada, comparando-se 
como o ano de 2003, onde o déficit na balança comercial foi de US$ 63,8 milhões. O pior 
resultado foi alcançado em 1998, cujo saldo negativo chegou a US$ 503,9 milhões (ALVIM e 
13 
 
MARTINS, 2005). Em 2010, as exportações de leite e derivados somaram 53.569 toneladas, 
valor muito inferior a 2007, que foi de 96.578 toneladas (ANUALPEC, 2011). 
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua análise do ano de 
2010, reportaram produção de 30,5 bilhões de litros de leite no país, onde foram ordenhadas 
22.935 milhões de vacas. A produção nacional subiu, em volume, 5,6% e 14% em valor, 
mostrando um acréscimo no valor do leite no mercado em comparação com o ano de 2009, 
porém, essa produção provém de animais de baixa produtividade, com média de produção de 
5,4 litros/cabeça/dia. De 2001 a 2010 o crescimento da produtividade foi de apenas 15% 
(IBGE, 2011). 
 Em julho de 2012, o custo operacional efetivo (COE) da pecuária leiteira, que 
contempla todos os desembolsos correntes da atividade, e o custo operacional total (COT), 
que é a junção do COE com o pró-labore e as depreciações dos bens de produção, atingiram 
os maiores patamares da série histórica do CEPEA, iniciada em janeiro de 2008. De janeiro a 
julho/12, os incrementos do COE e do COT, na ponderação dos estados de SP, MG, GO, PR, 
SC e RS, foram de 6% e de 5%, respectivamente. De junho/12 para julho/12, os aumentos 
foram de quase 2% para o COE e de 1,7% para o COT. Com tais aumentos, a rentabilidade do 
produtor de leite foi reduzida. A margem líquida do produtor, advinda da subtração dos custos 
operacionais totais pela receita bruta da atividade (venda de leite e de animais), medida em 
janeiro 2012, apresentou crescimento abaixo dos índices de inflação do período, chegando a 
1%. Mesmo com o aumento do preço do leite, notado no período, a rentabilidade do produtor 
diminuiu, em função da elevação expressiva dos custos de produção da atividade (CEPEA, 
2012). 
2.2 Metodologias para estimativa do custo de produção 
 
O custo de produção constitui um elemento auxiliar na administração de qualquer 
empreendimento (YAMAGUCHI, 1999). Para se garantir uma satisfatória gestão do 
empreendimento agrícola, é essencial obter e analisar os custos de produção. Pelo estudo 
metódico desses custos que ocorrem na produção do leite, pode o produtor estabelecer 
diretrizes e ajustar as distorções, garantindo que ele continue tendo competitividade em um 
mercado em constantes modificações (LOPES et al., 2000). 
Custos de produção, segundo Reis (2002), é a soma dos valores de todos os recursos 
(insumos e serviços), utilizados no processo produtivo de uma atividade agrícola, em certo 
período de tempo e que podem ser classificados de curto e de longo prazo. Segundo Faria 
14 
 
(2005), o produtor de leite se preocupa muito com o preço do produto, e o preço não justifica 
sucesso ou fracasso de um negócio. O que interessa é o todo, custo em conjunto com o preço 
e renda, o que determinará o lucro da atividade em questão. O custo de produção pode ser 
utilizado, também, para análise da viabilidade do sistema, fornecendo indicadores econômicos 
que possibilitam comparação com outras atividades, seja agropecuária ou não (AGUIAR, 
2010). 
Gomes (1999) acrescentou que, o cálculo por vezes é complexo, por ser uma atividade 
de produção conjunta (leite e carne) e contínua, além da observação passiva na apreciação da 
mão de obra familiar e dos investimentos inerentes a produção rural. Reis (2001) ainda 
comentou que a estimativa dos custos está ligada à gestão da tecnologia, ou seja, à alocação 
eficiente dos recursos produtivos e ao conhecimento dos preços desses recursos. Muitas vezes 
o produtor não tem o controle de todos os seus gastos na produção, especialmente na 
produção leiteira onde, por exemplo, ele troca com a cooperativa insumos gastos no mês, por 
leite entregue. O aumento da eficiência produtiva é fator decisivo para a competitividade do 
setor leiteiro que, produzindo com menor custo, beneficiará toda a cadeia do leite (REIS et al., 
2001). 
 Assim, como o custo de produção engloba os gastos com a produção de determinado 
bem, os custos de uma fazenda leiteira correspondem ao custo da atividade leiteira, e não, 
necessariamente, da produção unitária do leite, pois, a atividade proporciona a 
comercialização de outros produtos como animais e esterco. Deve-se então, segundo Gomes 
(1999), ter muita atenção na comparação entre preço do leite e o custo do mesmo para não se 
comparar erroneamente o preço do leite com o custo da atividade leiteira no total. 
 Numa avaliação econômica de uma propriedade leiteira, podem-se utilizar 
metodologias distintas: o Custo Total como tradicionalmente descrito por Hoffmann (1987) e 
adotado por Gomes (1999) que divide os custos em fixos e variáveis ou a metodologia 
proposta por Matsunaga (1976) que trabalha com custos operacionais de produção. Essas 
metodologias serão apresentadas a seguir. 
2.2.1 Custo total ou Custo econômico. 
 
O custo total é um conceito econômico, alicerçado pela teoria da firma onde se destaca 
a função custo: 
 
C(x) = Cf + Cv 
15 
 
Onde: 
C = Custo total 
Cf = Custo fixo 
Cv = Custo variável 
 Portanto, o custo total (CT) corresponde à soma dos custos fixos e variáveis 
do sistema produção (REIS, 2001). De acordo com Aguiar e Almeida (2002), o custo total de 
produção deve representar todos os pagamentos em dinheiro, assim como as despesas que não 
envolvam desembolso de dinheiro, como exemplo, as depreciações dos bens, dentre outras. 
Em uma definição mais analítica o custo total de produção pode ser obtido através da 
equação: 
 
CT = W1X1 + W2X2+...+WnXn 
 
Em que w1, w2 e wn representam os preços ou remunerações dos fatores de produção 
envolvidos e x1, x2, xn ,são as quantidades empregadas pela empresa desses fatores 
(VASCONCELLOS e OLIVEIRA, 2000).2.2.1.1 Custos fixos 
 
Segundo Lopes e Carvalho (2000), os custos fixos são aqueles que não variam com a 
quantidade produzida, e têm duração superior ao ciclo produtivo, portanto, sua renovação 
acontece em longo prazo. 
 Os investimentos são os bens ou recursos que não serão incorporados ou consumidos 
totalmente num único ciclo de produção. São incluídos os recursos que comporão a infra-
estrutura para a produção. No custo de produção, os bens ou capital imobilizado entram nos 
registros como depreciações. São considerados custos fixos, a depreciação dos bens e 
benfeitorias, impostos e taxas de remuneração fixa, calagem, obras de irrigação, entre outros. 
que compõem o custo de produção (REIS, 1999). 
 Com os valores obtidos após o levantamento dos custos fixos pode-se, pela utilização 
de uma fórmula, estimar o ponto de equilíbrio da empresa rural produtora de leite. Segundo 
REIS (2001), ponto de equilíbrio é o nível de produção atingido, onde os custos totais se 
igualariam às suas receitas totais (RT = CT). Mostra o limiar de produção onde a atividade 
começaria a gerar resultado econômico positivo. É apontado por LOPES e CARVALHO 
16 
 
(2001) como uma das finalidades da apuração dos custos de produção. Sua fórmula é descrita 
abaixo: 
 
 
2.2.1.1.1 Depreciação 
 
Depreciação é o custo necessário para substituir os bens quando esses se tornam 
inúteis pelo desgaste físico. Representa a reserva que a empresa faz durante o período de vida 
útil provável do bem, para sua posterior substituição (LOPES e CARVALHO, 2000). 
 Quando é feito algum investimento na propriedade, que vai ser útil por vários anos 
consecutivos, não é correto que se aproprie esse gasto no mesmo ano em que ele foi gerado. 
Para que os custos não sejam superestimados em anos de investimento e subestimados em 
anos normais é usada à depreciação (AGUIAR e ALMEIDA, 2002). 
Segundo Lopes e Carvalho (2000), Nogueira (2004), Aguiar e Almeida (2002), o 
método mais simples para se calcular a depreciação de um bem é o linear, que consiste na 
seguinte fórmula: 
 
 
 
 
Segundo Nogueira (2004), a reserva do capital obtida com as depreciações não 
precisa, necessariamente, ser dirigida para investimento bancário, podendo ser aplicada em 
novos investimentos. Por convenção, não se deprecia a terra, porque ela não perde valor de 
mercado e na maioria das vezes ela até mesmo se valoriza e seu uso preserva sua qualidade. É 
comum encontrar na literatura outros autores contabilizando a terra somente como capital 
investido, item este tratado mais a diante. 
17 
 
2.2.1.1.2 Custos alternativos ou de oportunidades 
Numa análise econômica, tratam-se os custos referentes aos desembolsos para giro 
financeiro (sustentação da atividade até o início do retorno), compra dos bens de capital, 
máquinas, equipamentos, estruturas e também para a terra como custos alternativos ou em 
alguns casos de custo de oportunidade. 
 Esses custos representariam o retorno que o capital empregado na atividade 
agropecuária proporcionaria, se fosse aplicado em outras atividades disponíveis no mercado, 
sendo possível, dessa forma, verificar a viabilidade econômica do empreendimento, 
comparando o retorno financeiro dessa atividade com a de outras, usadas como alternativas de 
uso do capital, como a taxa de juros da caderneta de poupança, ou a rentabilidade de outras 
atividades (BARBOSA e SOUZA, 2009). 
A recomendação é que seja usada a taxa de 6% ao ano para a remuneração do capital 
investido na atividade (NOGUEIRA, 2007). O autor ainda citou que, se o valor da terra for 
incluído no cálculo, essa taxa deve ser de 3% ao ano para o total imobilizado. 
Outra opção é analisar o rendimento de outras atividades, como agricultura anual, o 
que deve ser feito, cuidadosamente, devido ao fato de que, em algumas regiões, a agricultura 
torna o rendimento por hectare muito acima do que é cobrado como aluguel de pastagens, 
aumentando o custo alternativo da terra. Deve-se, nestes casos, fazer uma consideração 
regionalizada. Um exemplo, em algumas regiões do estado de Minas Gerais utiliza-se o valor 
de um ou dois litros de leite por hectare/dia, como custo alternativo. Dessa forma, acredita-se 
que ficará um valor mais próximo do real. 
2.2.1.2 Custos variáveis 
 
Custos variáveis são aqueles recursos consumidos durante um ciclo de produção. São 
recursos que se incorporam totalmente ao produto no curto prazo. Sua incidência acompanha 
proporcionalmente a redução ou o aumento do volume de produção. De acordo com Reis 
(2002), consideram-se como custos variáveis aqueles recursos para os quais se exige 
dispêndio monetário de custeio ao longo da safra. 
 Lopes e Carvalho (2000) definiram custos variáveis como sendo, aqueles que variam 
de acordo com a quantidade produzida, e cuja duração é igual ou menor que o ciclo de 
produção (curto prazo). Segundo Nogueira (2004), muitas vezes, o fluxo de caixa é 
18 
 
confundido com os custos variáveis. O primeiro é a relação entre as entradas e as saídas de 
capital de uma empresa, enquanto o segundo são os recursos que se incorporam ao produto ao 
longo do ciclo. 
2.2.2 Custo operacional de produção 
 
Essa metodologia foi adotada pelo IEA (Instituto de Economia Agrícola) e estima o 
custo operacional, englobando os custos variáveis e alguns custos fixos de curto prazo. A 
vantagem dessa metodologia é não usar avaliações subjetivas, tornando o custo operacional 
um indicador para tomada de decisões de produção mais facilmente mensurável. O custo 
operacional compõe-se de todos os itens de custo considerados variáveis (ou despesas) 
representados pelos dispêndios em dinheiro, em mão-de-obra, sementes, fertilizantes, 
defensivos, manutenção, impostos, taxas, assistências técnicas, combustível, reparos, 
alimentação, vacinas, medicamentos e juros bancários. Adiciona-se aos itens acima a parcela 
dos custos fixos representados pela depreciação dos bens duráveis empregados no processo 
produtivo e pelo valor da mão-de-obra familiar, que apesar de não remunerada, realiza 
serviços básicos imprescindíveis ao desenvolvimento da atividade. Além desses, são 
apropriados ao custo operacional, os impostos e taxas, que, apesar de serem custos fixos, 
estão associados à produção (MATSUNAGA et al., 1976). 
Nogueira (2004) e Gomes (1999) definem o custo operacional efetivo como todo custo 
que implica desembolso pelo produtor, sendo considerado o custo mais importante para a 
decisão do produtor. Deve ser analisado em curto prazo, pois não é admissível na atividade, a 
falta de capital para cobrir todos esses custos. Não incluem nenhum tipo de investimento feito 
na propriedade, somente os gastos realizados num ciclo produtivo que realmente foram 
utilizados em toda sua magnitude, sem deixar que em anos subsequentes a atividade produtiva 
os consuma. 
 Quando o produtor não tem alternativas de trabalho e só sabe fazer aquilo que está 
fazendo, seu custo de oportunidade é muito baixo, e esse custo reduz muito quando há 
desemprego na economia, e isso deve ser levado em conta, para se entender a permanência de 
alguns produtores na atividade (AGUIAR e ALMEIDA, 2002). Essa afirmativa justifica, em 
parte, a não utilização de custo alternativo na metodologia proposta por Matsunaga et al. 
(1976). 
 
 
19 
 
2.3 Indicadores econômicos 
 
2.3.1 Receita ou renda bruta 
 
Segundo Gottshall et al. (2002), a receita ou renda bruta é o resultado do somatório do 
volume vendido multiplicado pelo preço unitário de cada produto. Ou seja, é o valor da venda 
de todos os produtos obtidos durante o exercício. Estes recursos não se limitam apenas ao 
leite, e sim,a quaisquer produtos vendidos que saiam do sistema de produção, como bezerros 
e vacas de descarte. 
Muitos autores incluem a variação patrimonial nesse cálculo, diminuindo o valor da 
receita ou aumentando-a. Porém, alguns cuidados devem ser observados para não duplicar a 
receita com a venda de animais, somando-se a venda dos mesmos com a variação do 
inventário. A variação patrimonial pode ser entendida como as modificações que 
acompanham alguns fatores ligados aos valores, sendo eles positivos ou negativos, 
dependendo da evolução dos mesmos, principalmente quando se trata de um rebanho 
(AGUIAR e ALMEIDA, 2004). Segundo Gomes (1989), para se calcular a variação do 
inventário animal, utiliza-se a seguinte fórmula: 
 
VIA = VRF – VRI – VC 
 
Onde: 
VIA = Variação do inventário animal; 
VRF = Valor do rebanho no final do período; 
VRI = Valor do rebanho no início do período; 
VC = Valor de compras de animais durante o período. 
 
2.3.1 Margem bruta 
 
A margem bruta é obtida através da renda bruta, subtraída do custo operacional 
efetivo, e indica o que sobra da renda bruta quando se paga somente os desembolsos 
realizados durante o exercício. É uma análise que deve ser observada em curto prazo, pois. 
quando há margem negativa, o que se compra e consome é maior do que se consegue de renda 
bruta. Quando há um resíduo positivo, é o que vai remunerar os custos fixos (depreciações, 
20 
 
juros e mão-de-obra familiar), que não foram contemplados no conceito de custo operacional 
efetivo (REIS, 1986). Também, pode ser expressa em termos percentuais (MB%), dividindo-
se seu valor absoluto pela receita e multiplicando-se por 100. 
2.3.1 Margem líquida 
 
É o resíduo que se obtém da renda bruta, menos o custo operacional total (ML=RB–
COT). Essa margem, quando negativa, leva ao empobrecimento do produtor em médio prazo, 
por não remunerar seu trabalho e/ou não cobrir os custos com depreciações (REIS, 1986). 
Também, pode ser expressa em termos percentuais ML (%), dividindo-se seu valor absoluto 
pela receita e multiplicando-se por 100. 
2.3.4 Lucro 
 
É o resultado econômico da atividade produtiva, diminuindo da renda bruta o custo 
total da atividade. Quando esse lucro se encontra negativo, a atividade torna-se não atrativa, 
pois a margem líquida não consegue cobrir a remuneração do capital (LIMA et al., 1984). 
A avaliação do lucro pode ser realizada por área, o que permite a comparação de uma 
atividade em uma determinada fazenda com alternativas de uso da terra, tais como o plantio 
de grãos, ou exploração de gado de corte, leite ou o arrendamento da terra, entre outros. 
 
 
2.3.4 Lucratividade 
 
 Representa o quanto um produto gera de resultado em relação ao seu preço de venda 
e seus custos de produção; em outras palavras, é o número percentual resultante entre a 
divisão do lucro pelo total de receitas (AGUIAR e ALMEIDA, 2004). 
 A lucratividade da pecuária leiteira depende do preço do leite, comparativamente 
aos preços dos insumos e fatores de produção (relação de troca) e também da quantidade 
produzida em relação às quantidades usadas dos fatores de produção, ou seja, sua 
produtividade (OLIVEIRA et al., 2001). Segundo Potter et al. (2000), a maioria dos trabalhos 
científicos não avalia a viabilidade financeira das novas tecnologias estudadas, havendo pouca 
informação sobre sua lucratividade. 
21 
 
A análise da lucratividade consiste em estabelecer um índice percentual para 
representar o lucro obtido na atividade. Sua definição matemática é a percentagem da receita 
que representa o lucro (NOGUEIRA, 2004). É calculada pela fórmula: 
 
 
 
2.3.4 Rentabilidade ou retorno do investimento 
 
Representa quanto uma atividade poderá remunerar o capital que nela foi investido. 
Essa é uma das formas de se avaliar o lucro obtido em uma atividade produtiva em relação ao 
capital investido para o desenvolvimento dessa atividade. Está representado pelo lucro sobre o 
capital investido (AGUIAR e ALMEIDA, 2002): 
 
 
 
 
A rentabilidade é uma relação entre o rendimento financeiro de um total de capital 
imobilizado aplicado numa produção de bens. Destaca-se, então, a importância da análise 
financeira de projetos agropecuários (NORONHA, 1987), que permite avaliar a compensação 
do investimento em determinada atividade (SCHREINER, 1989). Adota-se, no caso da 
agropecuária, o lucro operacional como numerador dessa razão e o capital imobilizado como 
denominador. Portanto, a rentabilidade pode ser interpretada como um índice que permite 
comparar o rendimento da atividade em questão com outras opções de mercado. Deve-se, para 
isso, usar o lucro operacional ao invés de usar o lucro econômico, já que nesse último é 
extraída a remuneração do capital investido (NOGUEIRA, 2004). 
Entretanto, empresas que definem juros de remuneração de capital para ser realmente 
pago aos proprietários do capital, devem considerar o lucro econômico da atividade. Também 
no caso de capital de terceiros (empréstimos) (AGUIAR e ALMEIDA, 2004). 
 A rentabilidade da atividade pecuária está diretamente ligada aos índices técnicos 
obtidos, uma vez que todos eles têm influência direta na produção e, consequentemente, nos 
lucros do produtor. Assim, produtores e técnicos devem estar atentos para identificar os 
índices que estão apresentando maior influência negativa no desempenho da atividade, para 
22 
 
assim identificar os gargalos e, por conseguinte, maximizar a produção e minimizar os custos 
(LOPES et al., 2009a). 
2.4 Interpretação dos resultados econômicos 
 
Depois de estimar os custos de produção, o próximo passo consiste na análise dos 
resultados obtidos para identificar a viabilidade econômica e a perpetuidade da atividade em 
questão. Nessa avaliação, podem-se encontrar vários resultados e cada um tem sua forma de 
ser analisada, conforme sugere Reis (1997 e 2002). 
No quadro 1, tem-se um resumo da interpretação dos índices econômicos. Segundo 
Leite et. al (2006), o lucro supernormal ,que também é denominado lucro econômico, é uma 
situação em que a atividade está obtendo retorno superior a outras alternativas possíveis de 
emprego do capital, indicando que a empresa pode expandir-se no médio ou longo prazo. 
Ocorre quando a receita ou o preço for maior que o custo econômico. 
 
Quadro 1: Interpretação dos índices econômicos 
Se a renda bruta for: Situação Tendência 
RB < COE MB negativa Paralisação da produção 
COE < RB < COT MB positiva Sucatear bens 
COT < RB < CT ML positiva Permanência 
RB = CT Lucro zero (normal) Crescimento estável 
RB > CT Lucro positivo (supernormal) Maior crescimento 
RB=renda bruta, COE=custo operacional efetivo, COT=custo operacional total. 
Fonte: Leite et al. (2006) 
 
Se a receita média ou preço for maior que o custo operacional total médio, a atividade 
apresenta resíduo positivo. Ainda se trata de um retorno, mesmo que inferior aos possíveis de 
se obter em alternativas que possam apresentar melhores resultados, indicando que a empresa 
está cobrindo todos os custos operacionais, mas, recebendo menos que o valor alternativo (ou 
de oportunidade) (REIS, 2002). 
Caso a receita média (ou preço) seja igual ao custo operacional total médio, o resíduo 
é nulo. Nesse caso, a atividade cobre todos os custos operacionais, mas não proporciona a 
remuneração do capital empatado na atividade. Uma atividade nessa situação não pode 
sustentar-se por muito tempo (REIS, 2002). 
23 
 
Se o preço é menor que o custo operacional total médio, mas ainda superior ao custo 
operacional variável médio, a atividade está cobrindotodos os custos operacionais variáveis e 
somente parte do operacional fixo. Nessa situação, o empreendimento pode sustentar-se só no 
curto prazo, não levando em conta a remuneração do capital e a reposição de parte dos 
recursos fixos. É um processo de descapitalização (REIS, 2002). 
Se o preço é igual ao custo operacional variável médio, a atividade cobre as despesas 
de custeio com recursos variáveis, sustentando-se por pouco tempo, tendendo ao 
sucateamento das máquinas e benfeitorias (instalações), se a situação assim permanecer 
(REIS, 2002). 
Se o preço é menor do que o custo operacional variável médio, então a atividade não 
cobre as despesas de custeio com recursos variáveis, as quais são obrigatórias, no curto prazo, 
tendo que injetar recursos de outras fontes, o que se trata de subsidiar a atividade (REIS, 
2002). 
2.5 Custo de produção na pecuária leiteira 
 
De abril de 2006 a setembro de 2008 (30 meses), Yamaguchi et al. (2008) observaram 
uma evolução de 42,5% no custo de produção, enquanto nos 12 últimos meses foi registrada 
uma alta de 17,8%. Para cada ano, o aumento observado foi de 11% em 2006, 17% em 2007 e 
de 9% nos primeiros nove meses de 2008. Tanto em 2006 quanto em 2007, a aceleração dos 
custos foi expressiva no segundo semestre, impulsionada pela valorização da alimentação 
concentrada no mercado mundial. A maior variação ocorreu na alimentação, principalmente 
concentrado e sal mineral. Esses dois somados à produção e compra de volumosos, 
respondem por 80,81% do custo de manutenção do setor de produção de leite. O sal mineral 
foi o que registrou maior aumento nos 30 meses aferidos; contudo, sua influência na formação 
do custo de produção é pequena. Assim, grande parte da variação de custo foi devido ao 
concentrado, produção e compra de volumosos e mão-de-obra. Em estudo feito na região do 
sul de Minas Gerais, Reis et al. (2001) observaram que, entre os custos variáveis, os gastos 
com alimentação e mão-de-obra foram os de maiores representatividades, com 45,83% e 
15,51%, respectivamente. 
Em trabalho realizado em sistemas de produção com diferentes níveis tecnológicos, 
Lopes et al. (2005), encontraram o custo operacional efetivo médio em fazendas de nível 
tecnológico médio, de R$0,34/ litro. Quando considerado que a venda de animais e esterco, 
transforma-se essa receita em litros de leite vendido (leite virtual) e esta é acrescida á renda 
24 
 
bruta, o custo operacional efetivo passou a ser de R$0,29, sendo que o preço médio de venda 
foi de R$0,39. O resultado dessa pesquisa mostrou que, em algumas situações, pode ser 
verdadeira a afirmação feita por muitos produtores de leite: “produzir leite é mau negócio, o 
que é bom negócio são as crias. As crias, sim, valem a pena”. Os dados desta pesquisa 
confirmam a importância e a aplicabilidade da conversão dos valores de venda de animais e 
esterco em litros de leite. Ainda nesse trabalho, a alimentação e mão-de-obra representaram 
39,2% e 16,65%, respectivamente, do custo operacional efetivo. 
Levando-se em consideração as propriedades estudadas pelo CEPEA (2009), o item 
concentrado representou 34% do custo operacional efetivo, seguido pela mão-de-obra 
(17,2%), a alimentação volumosa (13,9%) e suplementação mineral (3,68%). O estado do 
Paraná é o que possui maior renda por unidade de área, chegando a R$12.550,00/ha. Em 
Minas Gerais, a renda é de R$1.018,53/ha. Isso pode ser explicado pela baixa taxa de lotação, 
menor produção por animal, e ainda um maior gasto com mão-de-obra, já que em Minas 
Gerais representa em média 19,7%, enquanto, no estado do Paraná, 11,9%. 
O custo operacional total é uma forma de se avaliar se a atividade é sustentável no 
longo prazo, pois, além dos desembolsos, ele considera as depreciações, capital que será 
necessário para que o produtor possa reinvestir na atividade. No estudo feito pelo CEPEA 
(2011), foi observado que, na maioria das regiões, a receita do produtor superou o custo 
operacional efetivo; entretanto, a receita total da atividade foi menor, em média 10% do custo 
operacional total, mostrando que a atividade, no longo prazo, não se sustentará, acarretando 
em sucateamento dos bens de produção. Uma alternativa seria o aumento da produtividade 
diluindo os custos fixos. 
Ainda, segundo o CEPEA (2007), em estudo realizado no mesmo ano, em oito regiões 
pesquisadas, a atividade leiteira cobre somente o custo operacional efetivo. Esse resultado 
pode ocorrer pela baixa produtividade medida em litros por hectare/ ano, e, também, à baixa 
proporção de vacas em lactação e o total de vacas na propriedade. Os valores médios de 
produtividade por hectare, por ano, em Minas Gerais, foram de 1.095 litros em Uberlândia e 
1.825 litros em Barbacena. 
No sul do país, a margem bruta da atividade leiteira supera em quase três vezes o valor 
do arrendamento da terra para outra atividade, evidenciando um potencial de crescimento da 
atividade leiteira. No entanto, em Minas Gerais, duas das cinco regiões estudadas 
apresentaram desvantagem na produção leiteira, quando comparada ao arrendamento como 
atividade alternativa. Isso pode ser explicado pelo fato de que, em cidades mais 
desenvolvidas, tende haver maior demanda por terras, e, consequentemente, maior 
25 
 
valorização, tornando-se necessária maior eficiência do sistema de produção nessas regiões 
(CEPEA, 2011). Neste mesmo ano (2011), foi relatado pelo CEPEA, que o maior retorno por 
cada real investido na pecuária leiteira foi de R$0,51 no Rio Grande do Sul, considerando-se 
apenas o custo operacional efetivo, e em seguida, o Triângulo Mineiro, com R$0,32. No Sul e 
Sudoeste de Minas Gerais foi encontrado o retorno mais baixo, R$0,12 por real investido, e, 
em todas essas regiões, quando considerado o custo operacional total, o retorno da atividade 
leiteira tornou-se negativo. 
 
2.6 Índices zootécnicos 
 
O controle zootécnico é uma técnica de gerenciamento utilizada na propriedade 
leiteira, em que o produtor faz anotações sobre a vida produtiva (controle leiteiro) e 
reprodutiva (controle reprodutivo) de cada animal da propriedade. Os indicadores de 
desempenho zootécnico obtidos são fundamentais para a tomada de decisões do produtor de 
leite, visando à eficiência produtividade da atividade (CARNEIRO JUNIOR 2008). 
A utilização de índices para avaliar a eficiência na pecuária leiteira tem sido uma 
prática constante. Visando a auxiliar pecuaristas e técnicos nessa tarefa, Lopes et al. (2004a, 
2005) calcularam diversos índices técnicos e gerenciais. No entanto, alguns índices 
zootécnicos possuem significativa importância, indicando produtividade, desempenho e 
evolução de rebanhos, assim como, rentabilidade de sistemas de produção de leite. 
Os índices zootécnicos são indicativos do desempenho animal dentro do sistema 
produtivo, podendo ser analisados, individualmente ou coletivamente, possibilitando uma 
análise sobre a eficiência no sistema. São obtidos através da escrituração zootécnica da 
propriedade abastecida pela caderneta de campo com as informações básicas sobre a rotina e 
os animais. A utilização de índices para avaliar a eficiência na pecuária leiteira tem sido uma 
prática constante (LOPES et al., 2009b), porém, existem diversos fatores que influenciam o 
desempenho de uma atividade leiteira, mas na esfera da propriedade, ou, como é comum ouvir 
no meio rural “da porteira para dentro” ,os que envolvem o manejo nutricional e o manejo 
reprodutivo, tem influência direta na eficiência de um sistema de produção de leite e podem 
ser analisados por meio desses índices, que permitem verificar o nível produtivo e reprodutivo 
do rebanho. Sendo assim, as principais vantagens de se fazer o apontamento dosíndices da 
produção analisada seriam: conhecer melhor cada um dos animais; identificar aqueles mais 
produtivos; identificar, com rapidez, possíveis problemas que estejam ocorrendo no rebanho; 
facilitar o manejo em geral; reduzir custos com alimentação, separando os animais por 
26 
 
categorias de produção; determinar melhores épocas para práticas sanitárias e reprodutivas; 
identificar animais mais sensíveis e propensos a enfermidades; e observar o histórico 
reprodutivo dos animais (LEITE et al., 2006). 
É possível avaliar a lucratividade da pecuária leiteira utilizando os índices zootécnicos, 
uma vez que eles estão relacionados à produção e, consequentemente, aos lucros do produtor 
(LOPES et al., 2009c). O acompanhamento desses índices na propriedade se faz necessário 
para um maior controle da produção, possibilidade de estabelecimento de metas e para uma 
correlação com os índices econômicos, não penalizando a atividade, por uma deficiência 
técnica do próprio produtor (Fassio et al., 2006). Os autores ainda afirmaram que para se 
produzir leite a baixos custos, e também com qualidade, é de extrema importância, uma 
gestão eficiente do empreendimento, implicando na adoção de controles zootécnicos, 
administrativos e econômicos. 
O produtor, juntamente com assessoria técnica, deve mensurar e classificar índices 
zootécnicos de sua propriedade, segundo cada sistema, identificando unidades produtoras de 
referência, ou benchmark. A utilização de índices zootécnicos dentro da empresa rural é 
importante na avaliação da capacidade produtiva do negócio e adequação da tecnologia 
utilizada (LEITE et al., 2006). 
Segundo Prado et al. (1995), em estudo na bacia leiteira de Divinópolis-MG, 
constatou-se prejuízos econômicos em propriedades que apresentavam bons níveis de 
produção e produtividade. A causa principal dos prejuízos foi o desconhecimento de 
indicadores zootécnicos e econômicos. 
A produtividade é fundamental para a competição do produtor no mercado 
(CONTADOR, 1995), pois ela representa a quantidade de litros de leite produzido por 
vaca/dia/ano, por vaca/ha/ano ou por vaca/dia, em lactação, demonstrando, na propriedade, a 
eficiência de utilização da terra para a produção de leite (LEITE et al., 2006). Na literatura 
ainda não se definiu quais os melhores índices produtivos para as empresas rurais produtoras 
de leite. Tal fato deve-se pela diversidade climática e topográfica brasileira, que obriga a 
diversidades nos sistemas de produção, com diferentes níveis de sucesso e explorações mais 
ou menos complexas (JANK, 1999). 
No estudo realizado por Leite et al. (2006), foi apontado como fundamental a análise 
de produtividade por hectare em relação à rentabilidade da empresa, buscando produtividade 
aliada a um menor custo de produção e maior rentabilidade, pois, nem sempre a atividade de 
maior produtividade é a de maior rentabilidade; e nesse caso, o tamanho da propriedade pode 
justificar sua ineficiência. 
27 
 
2.7 Benchmarking 
 
O termo benchmarking foi disseminado, em nível mundial, a partir do livro de Robert 
Camp, publicado em 1989. O autor, considerado referência no tema a partir de sua 
experiência com a prática de benchmarking na empresa Xerox, definiu benchmarking como a 
busca por melhores práticas da indústria, que conduzem a um desempenho superior. Para 
Alarcón et al. (2001), benchmarking é o processo contínuo e sistemático de comparação de 
práticas, processos e resultados com padrões de excelência, que contribui para a melhoria do 
desempenho da organização com relação a seus concorrentes, proporcionando vantagem 
competitiva e melhoria contínua dos processos da empresa. 
O objetivo do benchmarking é, portanto, estimular e facilitar as mudanças 
organizacionais e a melhoria de desempenho através da aprendizagem com os outros. O 
processo de avaliação e comparação pode ser efetuado para a organização como um todo ou 
visar apenas um determinado processo, departamento ou unidade de negócio. O 
benchmarking permite a análise e a melhoria dos processos-chave de uma organização e a 
melhoria do desempenho. A força do benchmarking concentra-se em possibilitar a tomada de 
decisões baseadas em fatos e não em intuições e apresenta um potencial enorme de benefícios 
para as indústrias, quando usado como um processo contínuo, identificador de áreas de 
potencial mudança e como um processo de medição para monitorizar as melhorias atingidas 
(AEP, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
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33 
 
3. ARTIGOS 
 
3.1 Análise técnica e econômica de uma propriedade leiteira em Couto de Magalhães 
de Minas – MG: um estudo plurianual 
 
 
Resumo 
 
Objetivou-se, com este trabalho, analisar os dados referentes às despesas, receitas e índices 
zootécnicos provenientes de uma fazenda situada no município de Couto de Magalhães de 
Minas-MG, referentes ao período de janeiro de 2002 a dezembro de 2011. Realizou-se, 
também, a correlação dos índices econômicos com os zootécnicos no período estudado. 
Durante o estudo, buscou-se identificar os principais indicadores técnicos e econômicos que 
mais afetavam a atividade. Os dados, queestavam cadastrados em um software comercial de 
gerenciamento de rebanhos, foram tabulados em planilhas eletrônicas, em Excel, 
desenvolvidas especialmente para esse fim. Foram avaliados margem bruta, margem líquida e 
os resultados (lucro/prejuízo) como indicadores de eficiência econômica; e produção por 
hectare, produção média do rebanho, média de dias em lactação, intervalo de partos, relação 
leite/funcionário, relação leite/concentrado e relação matriz/funcionário como indicadores de 
eficiência técnica. Dos componentes do custo operacional efetivo, a alimentação e a mão-de-
obra foram aqueles com maiores representatividades. Na análise de regressão linear simples, 
houve alta correlação da produção de leite por hectare com a margem líquida, indicando que 
alguns índices zootécnicos, como a produção total, produção média por total de vacas e, 
principalmente, a produção por hectare/ano, influenciam mais o resultado da atividade do que 
o preço do leite pago ao produtor. As receitas oriundas da venda de leite não foram suficientes 
para cobrir nem os custos operacionais efetivos. No entanto, as receitas do leite, juntamente 
com as vendas de animais e subprodutos, permitiram, na média dos dez anos, uma margem 
líquida negativa. 
 
Palavras-chave: Atividade leiteira, custos de produção, índices zootécnicos, viabilidade 
econômica 
 
 
34 
 
Economic analysis of a dairy property in Couto de Magalhães de Minas-MG: a multi-
year study 
Abstract 
 
 
 
The objective of this study was to analyze the data on expenditure, revenue and zootechnical 
indexes from a farm in the municipality of Couto de Magalhães de Minas, Minas Gerais, for 
the period from January 2002 to December 2011. Held, also, the correlation of economic 
indices with zootechnical in the study period. During the study, we pursued to identify the 
main technical and economic indicators that most affect the activity. The data, which were 
registered in a herd management software, were tabulated on spreadsheets in Excel, 
developed especially for this purpose. We assessed gross margin, net margin and results 
(profit / loss) as indicators of economic efficiency, and production per hectare, the average 
herd production, average days in milking, parturition interval, relationship milk / employee, 
relationship milk / concentrate and relationship mother / employee as indicators of technical 
efficiency. From components of effective operational cost, feeding and manpower were those 
with higher representativeness. In simple linear regression analysis, there was a high 
correlation of milk production per hectare with the net margin, indicating that some indexes 
such as total output, total average production per cow, and especially the production per 
hectare / year, had more influence on the result of the activity rather than the milk price paid 
to producers. Revenues from the sale of milk were not enough to cover even the actual 
operating costs. However, revenue from milk, along with sales of animals and byproducts, 
allowed, at the average of ten years, a negative net margin. 
 
Keywords: Dairy activity, production costs, zootechnical indexes, economic viability. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
Introdução 
 
A exploração da bovinocultura leiteira é uma importante atividade do setor 
agropecuário sendo fundamental para o desenvolvimento econômico do Brasil. O estado de 
Minas Gerais se destaca como maior produtor de leite do país; no entanto, há uma grande 
heterogeneidade no processo produtivo, sendo, muitas vezes, questionada a viabilidade 
econômica da atividade. 
Devido à baixa remuneração pelo litro de leite, poucos centavos podem levar o 
produtor ao sucesso ou fracasso, dependendo de onde esses valores estão inseridos, seja ele no 
lucro ou no custo, o que definirá a viabilidade do negócio. Entretanto, os produtores de leite 
não conseguem controlar o preço do produto que vende, pois o mesmo é obrigado a adquirir 
os insumos necessários para a produção (medicamentos, concentrado, sal mineral, dentre 
outros) pelo preço estipulado pela indústria, e o preço recebido pelo leite é determinado pelos 
laticínios. Sendo assim, o produtor, por si só, não possui poder nenhum de negociação com 
indústrias e laticínios. Portanto, ele necessita conhecer as variáveis que estão sob seu controle, 
como uma estratégia de manter-se competitivo, atingindo menores custos de produção. 
A atividade leiteira, conduzida com fins lucrativos, deve ser contabilizada para 
periódicas análises do desempenho econômico e técnico. Entretanto, poucas são as 
propriedades rurais de pequeno e médio porte que contabilizam suas atividades para posterior 
análise econômica, e, por isso, não conhecem seus custos de produção de leite. 
Juntamente com a análise dos índices econômicos, é fundamental a correlação dos 
mesmos com os índices zootécnicos, pois, além dos fatores ligados ao ambiente 
macroeconômico, a eficiência zootécnica também determina a lucratividade da atividade 
leiteira. Isso pode ser confirmado como, por exemplo, um maior intervalo de partos, uma 
baixa produção de leite por hectare, alto índice de vacas vazias no rebanho, baixa persistência 
das vacas, dentre outros índices, que podem tornar a atividade um mau negócio. Portanto, 
trabalhos sobre eficiência zootécnica e análises econômicas são importantes para avaliar a 
viabilidade da atividade e permitindo a outros produtores e técnicos compararem seus índices 
com os do sistema de produção em estudo. 
Outro fator que deve ser levado em consideração é o período analisado. A atividade 
analisada por um curto período pode de um modo geral, não ser representativo devido ao 
preço do leite estar acima da média, por exemplo, devido à maior demanda ou escassez 
momentânea do produto no mercado, ou por outro lado, pode acontecer um aumento acima do 
esperado no custo da ração, afetando, assim, a avaliação econômica. 
36 
 
A determinação dos custos de produção é uma tarefa complexa, pela necessidade de 
um grande número de anotações e cálculos, e laboriosa pela quantidade de detalhes a serem 
observados, sendo que, diante dessa complexidade, deve-se ter muita atenção, pois, um 
pequeno erro pode mascarar alguns dados, apresentando um diagnóstico incorreto sobre 
atividade. Por isso, há ainda pouca informação sobre avaliações econômicas e os fatores que 
mais a afetam e a relação dos indicadores econômicos com os índices zootécnicos na pecuária 
de leite. Esses levantamentos são de extrema importância nas tomadas de decisões e para que 
o produtor conheça os pontos críticos de cada setor de produção. Diante disso, objetivou-se, 
com este trabalho, avaliar o desempenho econômico plurianual da atividade de pecuária 
leiteira e a sua correlação com alguns índices zootécnicos, obtidos em uma propriedade 
leiteira, por um período de dez anos, situada no município de Couto de Magalhães de Minas, 
no Alto Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Especificamente, pretendeu-se estimar: a 
representatividade de cada componente do custo operacional efetivo no custo total de 
produção; identificar os componentes que exerceram maior influência sobre os custos de 
produção; correlacionar índices zootécnicos com os resultados econômicos aferidos; estimar o 
ponto de equilíbrio; apresentar algumas possíveis soluções para reduzir os custos de produção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
Material e Métodos 
 
Analisou-se os dados referentes às despesas, receitas e índices zootécnicos 
provenientes de um sistema de produção de leite, situado no município de Couto de 
Magalhães de Minas, no Alto Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, referentes aoperíodo 
de janeiro de 2002 a dezembro de 2011. Tais dados, que estavam cadastrados no software 
Prodap Profissional foram tabulados em planilhas eletrônicas, em Excel, desenvolvidas 
especialmente para esse fim. 
A área total utilizada para atividade leiteira foi de 255ha, sendo 49ha de pastagem de 
Tanzânia (Panicum maximum), utilizada sob pastejo rotacionado, 169 ha de pastagem de 
Brachiária brizantha e Brachiária humidícola, 4ha de forrageiras de corte sendo o capim-
elefante (Pennisetum purpureum) e a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) e 3ha 
ocupados com benfeitorias. O rebanho era constituído de animais mestiços (Holandês/Gir). O 
fornecimento de ração era realizado após a ordenha, de acordo com produção de leite, dias em 
lactação, escore de condição corporal e ordem de parto. As vacas eram ordenhadas duas vezes 
ao dia, através do sistema de ordenha mecânica do tipo “balde ao pé”. No que se refere a 
cuidados sanitários, eram aplicadas vacinas contra aftosa, peste manqueira e brucelose. 
Sistematicamente, foram combatidos os bernes, carrapatos e vermes, além da aplicação de 
medicamentos nos casos de doenças dos animais. O proprietário realizou, com muita precisão, 
os controles de cobertura, nascimentos, vacinações, produções de leite (o controle leiteiro é 
feito uma vez ao mês) e de receitas e despesas. 
Foram contempladas duas estruturas de custo de produção: custo total de produção, 
que envolve o custo fixo e o variável, e custo operacional, conforme proposto por 
MATSUNAGA et al. (1976). Os custos fixos foram constituídos pela depreciação, impostos 
fixos e remuneração do capital imobilizado em forrageiras, benfeitorias, máquinas, 
equipamentos, bem como pela remuneração do rebanho produtivo (vacas, novilhas e bezerras) 
e do recurso terra. Quanto a esse fator, a remuneração resultou do valor do aluguel por 
hectare, que foi baseado em 1 litro de leite/ha/dia, segundo a região onde se localizava o 
sistema de produção (LOPES et al., 2004a). A partir dos custos fixos, estimou-se o ponto de 
equilíbrio, dividindo-os pelo preço do leite subtraído do custo variável médio (LOPES et al., 
2008). 
Para os demais fatores de produção, incluindo–se os animais produtivos, estipulou–se, 
como custo do capital empatado na atividade leiteira, a taxa de juros de 6% ao ano (LOPES et 
al., 2008). Sendo assim, não se considerou a depreciação das matrizes evitando a duplicidade 
38 
 
de lançamento de despesas, uma vez que se avaliou o custo de produção da atividade como 
um todo, e os custos de cria e recria de fêmeas de reposição, assim como os de manutenção de 
vacas secas, também foram contemplados pela mesma (LOPES et al., 2004b). 
Quanto aos custos variáveis, consideraram–se as despesas com alimentação do 
rebanho, produtos veterinários, mão-de-obra, manutenção de máquinas e equipamentos, 
serviços profissionais de consultorias e análises laboratoriais, impostos variáveis e uma série 
de despesas de custeio da exploração, além da remuneração do capital de giro, utilizado na 
atividade leiteira, que foi calculado estipulando–se uma taxa de 6%a.a. sobre os valores. No 
cálculo de despesas de mão-de-obra, consideraram–se as despesas com salários e serviços de 
terceiros e encargos sociais. Foram feitas comparações dos percentuais gastos em cada item 
do custo operacional efetivo ao longo desses anos, e realizada uma série histórica de preços 
médios mensais recebidos pelo produtor, no período de 2002 a 2011 sendo estes valores 
deflacionados pelo IPCA. 
Para cálculo do custo do “leite virtual”, converteram-se todas as receitas, venda de 
animais e subprodutos, em leite, utilizando-se o preço do leite praticado. O resultado obtido 
foi somado à produção efetiva do produto (LOPES e LOPES, 1999). A receita da atividade foi 
constituída pela venda de leite, animais e pela venda de subprodutos que, no sistema de 
produção estudado, foi comercializada somente a sacaria vazia. Para cálculo de depreciação, 
foi utilizado o método linear utilizado por Nogueira (2004). 
Os índices zootécnicos analisados foram: intervalo de partos, percentagem de vacas 
em lactação, dias em lactação, produção total, média de lactação do rebanho, relação litros de 
leite/kg de concentrado, relação matrizes/funcionário, relação litros de leite/funcionário, 
produção por hectare. A interpretação dos índices foi feita de forma conjunta com as 
características de produção empregados no sistema de produção. Neste estudo, os índices 
zootécnicos e o preço do leite pago ao produtor foram correlacionados com os indicadores de 
eficiência econômica como: a margem líquida, custo operacional efetivo, custo operacional 
total e rentabilidade através de análise de correlação de Pearson por meio do sistema 
computacional estatístico R Development Core Team (2011). 
O método de trabalho utilizado nesta pesquisa foi a aplicação do estudo de caso, visto 
ser o mais recomendado quando se pretende estudar a unidade com mais profundidade 
(CARVALHO et al., 2009). 
39 
 
Resultados e Discussão 
 
Os índices zootécnicos (Tabela 1), no período de 2002 a 2011, refletem a eficiência 
produtiva do sistema de produção em questão, o que, naturalmente, é relacionado com as 
tecnologias adotadas e, especialmente, com a gestão da propriedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
Tabela 1 – Índices zootécnicos de um sistema de produção, no município de Couto de Magalhães de Minas – MG, durante o período de 2002 a 
2011. 
Especificação VL (%) 
DEL 
(dias) 
PTD 
(kg) 
MVL 
(kg) 
MTR 
(kg) 
RLC 
(kg) 
RMF 
(cabeças) 
RLF 
(kg) 
PHA 
(kg) 
IP 
(dias) 
2002 56,65 165,50 426,25 9,60 5,25 3,10 40,63 213,42 618,91 424,50 
2003 57,70 149,50 505,50 10,53 5,80 3,02 39,92 253,10 846,70 475,25 
2004 61,30 176,50 582,25 10,25 5,85 3,01 49,88 295,95 1.019,14 438,75 
2005 57,68 190,00 529,50 9,40 5,35 2,54 63,00 344,75 870,84 496,75 
2006 63,08 133,00 592,75 9,13 5,38 2,61 65,53 381,62 616,81 578,75 
2007 68,07 183,50 648,75 8,68 5,53 2,63 47,91 292,18 964,87 547,50 
2008 72,23 200,00 880,25 10,93 7,38 3,45 54,08 406,63 1.302,99 545,00 
2009 76,23 166,00 1.049,50 10,78 8,08 3,11 45,77 397,07 1.420,00 508,50 
2010 72,08 168,00 940,00 10,50 7,25 2,79 48,95 393,35 1.314,89 446,75 
2011 75,45 161,50 917,25 11,30 8,20 2,94 39,63 350,63 1.264,96 436,00 
Média 66,05 169,35 707,20 10,11 6,41 2,92 49,53 332,87 1.024,01 491,98 
Desvio 
Padrão 7,67 19,50 218,26 0,86 1,18 0,28 9,10 66,42 291,67 58,56 
VL: Vacas lactação; DEL: Dias em lactação; PTD: Produção total diária; MVL: Média por vacas em lactação; MTR: Média total rebanho; RLC: Relação leite/concentrado; 
RMF: Relação matrizes/ funcionário; RLF: Relação leite/funcionário; PHA: Produção/hectare/ano; IP: Intervalo de partos 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
41 
 
Em 2011, ocorreu a maior produtividade média, de 11,3 litros por
vaca; em 2008 a melhor relação leite/concentrado e maior relação leite/funcionário; e em 
2009 foi registrada a maior produção de leite diária e por hectare. Esses índices foram 
similares aos encontrados por Mancio et al. (1999), que em seus estudos selecionou quatro 
empresas produtoras de leite do tipo B, onde adotou-se o pastejo rotacionado intensivo no 
verão em todos os rebanhos. Analisando–se esses resultados, pode-se verificar que alguns dos 
indicadores obtidos mostraram–se similares aos descritos por Lopes et al. (2004b); dentre 
eles pode-se destacar a produção média por vaca em lactação, que na propriedade em estudo 
foi de 10,11 e produção por hectare de 1.024,01, sendo que os autores em seus estudos 
encontraram os valores de 9,65 kg de leite de média