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O exame de periculosidade do agente e a criminalização da doença mental no direito brasileiro apontamentos críticos

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O EXAME DE PERICULOSIDADE DO AGENTE E A CRIMINALIZAÇÃO DA DOENÇA
MENTAL NO DIREITO BRASILEIRO: APONTAMENTOS CRÍTICOS
EL EXAMEN DEL PELIGRO DEL AGENTE Y LA CRIMINALIZACIÓN DE LA ENFERMEDAD
MENTAL EN EL DERECHO BRASILEñO: APUNTES CRÍTICOS
Thayara Castelo Branco
RESUMO
Crítica ao exame de periculosidade do agente. Analisa as medidas de segurança e seus fundamentos. Destaca
o processo de “psiquiatrização” do sistema penal e a Criminologia Clínica e, por conseqüência, o grave
processo de criminalização da doença mental. Aborda especificamente os problemas do exame de verificação
de cessação de periculosidade do agente.
PALAVRAS-CHAVES: Medidas de Segurança; Exame de cessação de periculosidade; Criminologia
Crítica.
RESUMEN
Crítica a lo examen del peligro del agente. Analiza las medidas de seguridad y de sus lechos. Destaca el
proceso del “psiquiatrização” del sistema criminal y de la Criminología clínica y, por consecuencia, el
proceso serio del criminalización de la enfermedad mental. Aborda específicamente los problemas de lo
examen de la verificación de cese del peligro del agente.
PALAVRAS-CLAVE: Medidas de seguridad; Examen de cese del peligro; Criminología crítica
1 INTRODUÇÃO
Desde a concepção do paradigma etiológico de Criminologia (com marco científico positivista)
- com a antropologia criminal de Lombroso - que o discurso oficial tenta buscar explicações para o crime
através do próprio criminoso, levando em consideração dentro das suas proporcionalidades, fatores
imanentes ao próprio delinqüente com determinismo biológico e psíquico do crime – loucura moral,
atavismo, epilepsia, desvios, tendências, maldade inata, etc.
Lombroso com suas pesquisas procurou particularizar nos criminosos e doentes submetidos à
pena, anomalias (anatômicas e fisiológicas) tidas como naturais ao indivíduo, as quais determinavam o
estereótipo delinqüente (anormal) predestinado a cometer crimes.
Traçava-se assim, a explicação das causas da criminalidade na diversidade ou “anormalidade”
dos autores de comportamentos desviantes. A criminologia positivista aparece, portanto, como continuidade
e reforço do projeto científico da Modernidade que, com o domínio da natureza, a sociedade atingiria o ápice
da civilização.
Nesta perspectiva, a pena passa a assumir características de defesa social - introduzida por Ferri
-, agindo não só de modo repressivo, mas, sobretudo de modo curativo e reeducativo. Em face da
necessidade de segregar os incorrigíveis e indesejados e verificando a ineficácia da pena em executar tal ato,
surgem as medidas de segurança, vista como sanção legitimadora capaz de proteger a sociedade segregando
os indivíduos por critério de prevenção.
No Brasil, posteriormente - com a adoção do sistema vicariante - tem-se a inaplicabilidade das
medidas de segurança aos imputáveis e esta passa a ser imposta exclusivamente aos inimputáveis e semi-
imputáveis, sob os mesmos fundamentos teóricos iniciais, de tratamento e recuperação do indivíduo com
base no discurso humanitário de prevenção de delitos futuros.
Diametralmente oposto ao que se declara, observa-se de forma clara e inegável o caráter
retributivo, segregador e cruel da referida sanção, que reflete e reforça o discurso do sistema penal vigente.
Verificam-se tais atributos, de início, pelos pressupostos de aplicabilidade das medidas de segurança, assim
como suas aferições para a manutenção ou não da medida, digo os exames de periculosidade exigidos por lei
ditos capazes de avaliar as condições de permanência ou extinção da sanção penal. 
Diante o exposto, o artigo ora apresentado tem por objetivo analisar criticamente os
fundamentos das medidas de segurança, dando um enfoque específico ao exame de averiguação da
periculosidade do agente. 
Para isso, foi de suma importância um aporte teórico da Criminologia Crítica, como meio de
reflexão do que está exposto ou imposto sobre o objeto em estudo.
 
2 MEDIDAS DE SEGURANÇA: DO DECLARADO AO OCULTO
“Pior do que o escuro em que nos debatemos é a mania de ser o dono da
luz”. (Ariano Suassuna)
As medidas de segurança, na sua gênese, são consideradas uma forma de sanção penal,
diferentemente das penas privativas de liberdade, pois possui cunho eminentemente preventivo orientado pela
prevenção especial[1], ou seja, impedir que o inimputável ou semi-imputável volte a delinqüir,
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* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 1061
salvaguardando assim, o indivíduo doente e o meio social no qual está inserido. 
O discurso oficial, alicerçado pelos princípios de humanidade, legalidade, dignidade, devido
processo, etc., enfatiza que o propósito socializador das medidas de segurança deve prevalecer sobre a
intenção de segurança, pois a base que norteia a aplicação de tal sanção constitui um fim de tratamento-
ressocializador[2], admitindo de forma subsidiária a segregação. Consubstanciando a função declarada,
Marques[3]:
O delinqüente não é tratado sem garantias que lhe protejam a liberdade e seus direitos fundamentais. A
medida de segurança somente se torna cabível depois que o delinqüente, em processo regular, é tido
como perigoso. Uma vez comprovada a sua periculosidade, tenta-se livrá-lo dos elementos que atuam
nocivamente sobre sua personalidade para torná-lo um ser útil à coletividade.
No Brasil, com a adoção do sistema vicariante após a reforma do Código Penal em 1984,
deixou-se de aplicar medidas de segurança ao imputável, cabendo a partir de então exclusivamente aos
inimputáveis e semi-imputáveis[4] (este quando necessário), vedada à acumulação ou sucessão das duas
reações penais, típica do sistema do duplo binário anteriormente adotado. 
 As medidas de segurança detentiva e restritiva[5] passam então a ser concebidas como
instrumentos de proteção social e terapia individual, com natureza preventiva assistencial, fundada na
periculosidade de autores inimputáveis e semi-imputáveis de fatos definidos como crimes com o objetivo de
prevenir prática de fatos puníveis no futuro, conforme artigos 96 e 97 do Código Penal. 
Para a efetiva aplicação das medidas de segurança é preciso a existência simultânea de dois
pressupostos fundamentais: a) a realização de fato previsto como crime; b) a periculosidade do autor[6]. 
Como se vê, apesar da Reforma Penal de 1984, a aplicação da medida, tanto de internação
quanto de tratamento ambulatorial, pressupõe ao lado da realização de um fato previsto como crime, a
periculosidade do agente - a ameaça de praticar outros crimes -, reforçando o pensamento da escola positiva.
 O próprio conceito de periculosidade, exigido como pressuposto de aplicabilidade da sanção,
traduz o temor, a expectativa, a probabilidade de novo evento criminoso. Nesse contexto, surgem as
indagações: Como averiguar se o evento é provável? Como é possível afirmar categoricamente que a pessoa
irá delinqüir novamente? Afinal, haverá um grupo de risco, que se concentrará numa zona cinzenta entre a
certeza? Abre-se então as infundadas discussões acerca do determinismo dos exames criminológicos,
questionando-se a credibilidade de tais instrumentos.
A crise maior das medidas de segurança detentivas - além da sua total ineficácia frente ao
cumprimento da prevenção especial positiva[7] - gira em torno da prognose, da periculosidade e da eficácia
da internação para transformar condutas ilegais de inimputáveis em condutas legais de imputáveis[8]. A
prognose de crimes futuros indeterminados ou de crimes futuros possíveis não legitima a internação
compulsória em instituições psiquiátricas. Em todos esses casos a aplicação da medida infringe o princípio da
proporcionalidade[9], porque não tem relação nem com o tipo de injusto realizado, nem com a prognose de
fatos criminosos futuros[10].
Nessa linha, Marchewka[11] reitera o raciocínio:Na produção das imagens do doente mental ele é sempre visto pela tônica da piedade e do medo, da
caridade cristã, da intolerância, inclusive da própria família ou da repressão, da vítima ou do criminoso
perigoso, sempre numa dualidade aparente dissociada, mas que representa duas faces de uma mesma
moeda: a representação do destrutivo, do negativo e do mal social. Isto quer dizer que, ao lado da
medida de segurança transparece a demonização dos doentes mentais por aquilo que eles podem
significar: o mito da loucura. 
O “tratamento” e a “ressocialização” propostos pela medida de segurança pressupõem
unicamente uma postura passiva do detento (doente) e ativa das instituições de controle (tanto os hospitais
de custódia quanto as penitenciárias). São heranças anacrônicas da velha criminologia positivista que tinha o
condenado como um indivíduo anormal e inferior que precisava ser readaptado à sociedade, considerando
acriticamente esta como “boa” e aquele como “mau”.[12]
Observa-se então, que o doente mental que comete algum delito é alvo de uma estrutura de
estigmatização e inocuização que pode ser considerada a mais brutal prática punitiva de negação aos direitos
humanos do nosso sistema, em total contradição ao declarado Estado Democrático de Direito[13].
Partindo da veracidade de tal pensamento, as medidas de segurança permanecem, de certa forma,
ligadas à ideia de castigo que no caso seria desproporcional ao bem jurídico cometido. Assim, constituem a
reafirmação do ordenamento jurídico com o intuito de estabilizar contrafaticamente as normas violadas,
gerando tranqüilidade da sociedade de bem[14].
Assim, a tônica da repressão[15] pelo internamento (segregação/inocuização) reflete claramente a
negação ao aceitar o diferente, retirando esses indivíduos de um lugar onde eles não podem circular porque
incomodam, violador de princípios constitucionais os quais o Estado legitimador se propôs a garantir[16].
A função declarada da medida de segurança - tratamento e ressocialização - esconde uma função
“oculta” cruel, que já nem pode ser vista como neutralizadora, mas como inocuizadora dos indesejáveis e
demonizados doentes mentais. Da mesma forma já não se oculta mais, uma vez que faz questão de expressar
seu interesse claro de práticas eficientistas no combate ao mal social.
 
 
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* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 1062
3 ENTRE A CRIMINOLOGIA CLÍNICA E A CRIMINOLOGIA CRÍTICA
“Por baixo ou por trás do que se vê, há sempre mais coisas que convém
não ignorar, e que dão, se conhecidas, o único saber verdadeiro”. (José
Saramago)
 
A busca pelos fatores determinantes da conduta desviante, sobretudo os biológicos, não é um estudo recente.
Iniciaram na segunda metade do século XIX e ao longo dos anos a busca incessante das causas do crime e da
criminalidade, pautada no paradigma etiológico, sempre esteve no auge como objeto de investigação da
Criminologia Positivista, a qual passou a utilizar instrumentos diferenciados e mais modernos para
demonstrar as mesmas coisas que se discutia no período Lombrosiano: o determinismo biológico.
A compreensão biológica da sociedade surge com mais intensidade a partir do pensamento
Darwiniano que inaugura a ideia de evolução, trabalhando sob uma perspectiva positivista dinâmica que
substitui o antigo positivismo estático[17]. A partir de então, o pensamento evolucionista passa a abrir novas
frentes, envolvendo o próprio homem no processo evolucionário, chamando assim sua atenção para sua
origem animal. Como resultado desta Revolução, todas as coisas pareciam estar num fluxo perpétuo e o
otimismo prevalecia sobre o pessimismo, na ênfase da própria natureza produzir novas formas superiores.
Para Darwin, a desigualdade humana básica estava diferenciada em três áreas: raças humanas[18], nações e
indivíduos. Acreditava-se, portanto, em raças superiores e inferiores que contribuíam para os preconceitos
etnocêntricos e o pensamento dos geneticistas e eugenistas da época[19].
Mais adiante, consolidado o capitalismo, restavam os conflitos entre os grupos dominantes e as
classes trabalhadoras no cenário europeu. Na tentativa de um controle social mais efetivo (surgimento do
fenômeno do encarceramento, organizações de milícias, etc.) viu-se aflorar o “paradigma do organismo”.
O organicismo social caracterizou-se pela representação da sociedade como um todo orgânico,
onde as células cerebrais, embora em menor número, eram as que deveriam comandar porque eram as
melhores, as mais diferenciadas, as mais lúcidas. Surgiu, então, a oposição à existência de direitos humanos
individuais. A visão filosófica do homem e da sociedade foi substituída neste momento por uma visão
biológica do homem, para a qual este seria somente um puro produto da evolução, ou seja, um animal na
escala zoológica[20]. 
O pensamento positivista se consolidou e teve como ponto de apoio o cientificismo que acabou
por consagrar a Ciência[21] como a única forma válida de conhecimento, fazendo dela o principal motor do
progresso humano.
O Positivismo então marcou o nascimento da Criminologia como uma Ciência causal-explicativa
da criminalidade no fim do século XIX. O olhar criminológico marcado pelo paradigma etiológico
interpretou a sociedade de forma mecanicista, com aceitação plena do comportamento criminoso
determinado, tendo como objeto de estudo, não propriamente o delito, considerado como conceito jurídico,
mas o homem delinqüente, considerado como um indivíduo diferente e, como tal, clinicamente observável. A
Criminologia passou a ter como específica função cognoscitiva e prática, individualizar as causas desta
diversidade, os fatores que determinam o comportamento criminoso, para combatê-los com uma série de
práticas que tendem, sobretudo, a modificar o delinqüente[22].
A percepção do vidente[23] criminológico, apesar de incompleta, torna-se mais clara: os critérios
de cientificidade o fazem olhar objetivamente a patologização do criminoso.
Nesta esteira, a primeira resposta da vidência patológica, sobre as causas do crime, foi dada por
Lombroso com a tese do criminoso nato. Em seu livro “L´uomo Delinqüente” (1876) o autor considerou o
delito como um ente natural, determinado por causas biológicas de natureza, principalmente hereditárias.
Apresentou-se o “tríptico lombrosiano”: atavismo + epilepsia+ loucura moral.[24]
Para Duarte[25], “a originalidade de Lombroso está em adiantar uma hipótese explicativa da
delinqüência, ou seja, o reaparecimento acidental de caracteres ancestrais desaparecidos no curso da espécie
humana.”
Ferri complementou o pensamento Lombrosiano alegando que o crime não era decorrente do
livre arbítrio, mas o resultado previsível de 3 fatores ordenados: causas individuais (orgânicas e psíquicas),
físicas (ambiente telúrico) e sociais (ambiente social). [26]
O professor Baratta[27] destaca que na obra “Sociologia Criminale” (1900) Ferri
(...) ampliava em uma completa e equilibrada síntese o quadro dos fatores do delito. (...) O delito era
reconduzido assim, pela Escola Positiva, a uma concepção determinista da realidade em que o homem
está inserido, e da qual todo seu comportamento é, no fim das contas, expressão. (...) Esta orientação de
pensamento buscava, de fato, a explicação da criminalidade na ‘diversidade’ ou anomalia dos autores
de comportamentos criminalizados.
Ainda na Escola Positiva Italiana, teve-se Garófalo com a acentuação dos fatores psicológicos da
conduta criminosa. Ele abordou a questão da “anomalia moral” que é “um déficit na esfera moral da
personalidade do indivíduo, de base orgânica, endógena, de uma mutação psíquica transmissível por via
hereditária e com conotações atávicas degenerativas”[28].
Assim, Andrade[29] sustenta que:
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É esse potencial de periculosidade social que os positivistas identificaram com anormalidade e situaram
no coração do Direito Penal, que justifica a pena como meio de defesa social e seus fins socialmente
úteis: a prevenção especial positiva (recuperação do criminoso mediante a execução penal) assentada
na ideologia do tratamento que impõe, por sua vez, o princípio da individualização da pena como meio
hábil para elaboração de juízos de prognose no ato de sentenciar.
Após a apresentação do lugar de fala do vidente em questão - atividade de verificação, análise de
condutas anti-sociais, busca das causas da criminalidade - passa-se agora à abordagem efetiva do seu olhar.
Buscando consolidar um conjunto de teorias elucidativas da criminalidade, com várias
investigações científicas nos campos das ciências naturais e biológicas, surgiu o que se denominou de
“Criminologia Clínica”. Esta corrente criminológica destacou-se por alguns de seus ramos - Biologia
Criminal, Criminologia Genética, Psicologia Criminal, Psiquiatria Criminal, Estudos das Toxicomanias, etc.
Está em voga atualmente a Criminologia Genética que, no seu papel de “vidente”, também olha o
fenômeno criminal pela lupa do paradigma etiológico propondo-se a analisar os fatores que determinam a
conduta desviante, principalmente os biológicos.
Para isso, faz uso da biologia[30] criminal que busca no organismo humano a explicação da
conduta criminosa. A biologia criminal cuida do homem delinqüente, buscando localizar e identificar em
alguma parte do corpo ou no funcionamento o fator essencial explicativo da conduta delitiva, sendo esta
entendida como conseqüência de alguma patologia, disfunção ou transtorno orgânico[31]. 
 (...) Jamais se pode deixar de lado a análise do ingrediente endógeno, do comportamento biológico no
comportamento anti-social. Este componente biológico é o equipamento genético, a bagagem
hereditária, como causalidade congênita da criminalidade (...)[32].
Os progressos deste ramo da biologia suscitaram grandes debates acerca da influência biológica
no comportamento criminoso e de uma forma geral, pesquisadores, médicos e psiquiatras vêm buscando nos
genes a explicação e a cura para as enfermidades da humanidade. No entanto, a busca pelas causas das
doenças físicas e mentais nos genes não é mais uma peculiaridade dos pesquisadores das ciências biomédicas.
As Ciências Sociais Aplicadas - o Direito e especificamente o Direito Penal através das suas instituições de
controle - passaram a admitir a genética como uma grande aliada capaz de elucidar questões com muito mais
eficácia, na busca eterna da sonhada segurança jurídica[33]. Para isso, torna-se inteligível a reiteração da
noção de que o comportamento criminoso é um comportamento “anormal”, sustentando a representação
criminoso/doente, pois é exatamente esta estrutura fechada - que traz consigo a determinante patológica - a
justificadora da investigação biomédica, especialmente a genética.
Essas investigações genéticas foram ensejadas pelos dados estatísticos comprovados que
apontavam um significativo percentual de pessoas portadoras de doença mental, unidas por um parentesco
consangüíneo, assim como a presença de um gravame hereditário doentio ou degenerativo muito superior em
pessoas delinqüentes que nas não-delinquentes.[34]
O que se observa de forma bastante acentuada é a lupa do “vidente” neo-lombrosiano
(re)tomando dimensões significativas que retroalimentam a noção estigmatizadora do sujeito
doente/anormal/criminoso/determinado representante e causador do mal social e incômodo da sociedade de
bem (os “normais”), que precisam ser inocuizados para que se garanta a paz social[35]. O olhar deste que vê
a partir de um lugar de observação científica com bases positivistas, adepto ao paradigma etiológico, tenta
agora demonstrar com precisão a linearidade e a nitidez do que vê. Sua fala, por sua vez, acaba sendo quase
inquestionável pelo respaldo do seu lugar de observação antes mencionado: o científico.[36]
A Criminologia Positivista, que sustenta a Criminologia Genética, declara-se como uma ciência
causal-explicativa da criminalidade, exclui a reação social de seu objeto (centrando-se na ação criminal)
quando é dela inteiramente independente, ao mesmo tempo em que se apóia, aprioristicamente, numa noção
ontológica da criminalidade. Assim, ao invés de investigar, fenomenicamente, o objeto da criminalidade, este
aparece já dado pela clientela das prisões e dos manicômios. Fica claro como a Criminologia Positivista,
mesmo nas suas versões mais atualizadas (através da aproximação multifatorial), não opera como uma
instância científica “sobre” a criminalidade, mas como uma instância interna e funcional ao sistema penal,
desempenhando uma função imediata e diretamente auxiliar, relativamente a ele e à política criminal
oficial[37].
Corroborando com esta lógica determinista e estigmatizante está o maniqueísmo, o combate do
Estado - representante da moral, do bem, do justo, do normal, respaldado pela ciência - contra a
criminalidade, composta por uma minoria de sujeitos potencialmente perigosos, anormais (o mal).
No entendimento Hulsmaniano[38]:
Esta cosmologia implica na existência de um ponto absoluto - um Deus onipotente e onisciente - e é
referência a este ponto absoluto que os adeptos do discurso do sistema de justiça criminal são levados a
se identificar, ainda que inconscientemente. Deus foi afastado - os crucifixos foram retirados dos
tribunais - mas o ponto absoluto continua lá: a lei, as instituições do momento, consideradas como
expressão de uma justiça eterna. 
Admitindo-se a função real do sistema, na sua empreitada de maximização[39], o uso da
Genética Criminal ou de qualquer outro recurso das ciências biomédicas refletem precipuamente que há
novos instrumentos, que pautados no conhecimento científico e no paradigma etiológico, julgam-se capazes
de demonstrar pelos seus resultados a necessidade de operacionalização e vigência das agências de controle
social, como único meio eficaz e viável no “combate”[40] à criminalidade, em suas mais variadas formas[41].
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Partilhando desta lógica, os “operadores secundários”, que seriam apenas auxiliadores neste
processo, exercem suas funções como juízes paralelos, fracionando o poder de punir, pois formulam sobre o
crime e o criminoso um discurso biopsicopatológico para justificarem a punição[42].
 Considerando a mudança paradigmática, enquanto a Criminologia Positivista se ocupa com a
investigação das causas da criminalidade, indicando soluções para combatê-la, com a ilusão da “solução”[43]
extremamente sedutora, a Criminologia Crítica - que observa o que está visível - desloca o foco de estudos
do comportamento desviante para os mecanismos de controle social, especialmente para o processo de
criminalização. Assim, em vez de indagar, “quem é criminoso?”, “por que é que o criminoso comete crime?”,
quer saber agora “quem é definido como desviante?”, “por que determinados indivíduos são definidos como
tais?” [44]
A visão que se tem pela lupa da Criminologia Crítica, quanto às novas formas de determinismo e
atribuição da etiqueta “anormal” somente à alguns, gira em torno da seletividade penal. A criminalidade se
manifesta como comportamento da maioria antes que de uma minoria perigosa/anormal da população e em
todos os estratos sociais, mas a criminalização é, com regularidade, desigual e seletivamente distribuída. Isso
porque o próprio sistema foi desenvolvido para ser incapaz de operacionalizar toda a programação da lei
penal, especificamente porque se issofosse possível não se teria espaço físico suficiente para suportar tanta
demanda. Assim, o sistema está estruturalmente destinado à administrar uma pequena parcela das infrações,
tendo que realmente escolher a clientela a ser atendida. Nesse diapasão, a impunidade passa ser a regra do
funcionamento do sistema penal e não a criminalização, sendo a seletividade o carro-chefe que reforça essa
dinâmica de operacionalidade[45].
Nesse sentido, torna-se muito mais interessante trabalhar com a dialética anormal (criminoso) X
normal (cidadão de bem) para justificar a estrutura de repressão e seletividade do sistema.
Trava-se então, uma guerra contra um inimigo interno (doente), que oferece ameaça à paz social
e a ordem pública, sob uma forte base ideológica de eficientismo penal, causando assim, uma expansão cada
vez maior do sistema, pautada nos movimentos de “Lei e Ordem”[46] vinculados ao capitalismo globalizado.
 
As reflexões e ponderações consubstanciadas pela Criminologia Crítica são refletidas pelas
palavras de Merleau-Ponty[47]: “O vidente não se apropria do que vê; apenas se aproxima dele pelo olhar, se
abre ao mundo”. 
 
 
4 O EXAME DE PERICULOSIDADE E A PSIQUIATRIZAÇÃO DO SISTEMA PENAL
“O que é que sempre é e nunca está em devir?” (Platão, Timeu)
A medida de segurança, tanto estacionária (internação), quanto ambulante (tratamento
ambulatorial), perdura enquanto persistir a periculosidade do agente. Sendo assim, a averiguação da cessação
de periculosidade deve ocorrer mediante exame pericial, o qual será feito ao término do prazo mínimo fixado
(de 1 a 3 anos), e repetida de ano em ano, até a cessação da periculosidade. A qualquer tempo, porém, o juiz
da execução poderá determinar um novo exame, mesmo antes do prazo mínimo fixado (artigo 97, §2° do
Código Penal e artigos 175 e 176 da LEP).
Na construção do conceito de periculosidade do agente, além dos aspectos sociológicos e
jurídicos (que se diga, no caso da imposição da medida de segurança detêm uma importância secundária),
inclui-se o caráter patológico ao fenômeno do crime, ou seja, o estado pessoal do sujeito perigoso, remete ao
seu passado, ao presente e, sobretudo, ao seu futuro (como um ser perigoso capaz de cometer novos crimes
e que precisa ser neutralizado). 
Nesse sentido, Souto[48]:
O trabalho exigido pelo Direito inverte a ordem rotineira das investigações psiquiátricas: não se trata da
averiguação de crime cometido por indivíduo, já anteriormente conhecido como doente mental, mas sim,
na maioria dos casos, da investigação da existência de doença mental em virtude do cometimento de
crime (já que o incidente de insanidade só é possível porque pesa sob o indivíduo um processo
criminal). O perito, ao realizar o exame psiquiátrico, pressupõe como culpado um sujeito pela prática de
um fato delituoso do qual a materialidade e a imputabilidade não foram ainda juridicamente
comprovadas.
 
O que se põe em cheque são os conteúdos dos referidos laudos médicos, devido sua fundamental
importância no que tange a determinação da permanência ou não da medida de segurança. Isto porque, o juiz
de nosso dias - magistrado ou jurado - não julga mais sozinho, ou seja, ao longo do processo penal e da
execução da pena, prolifera toda uma série de instâncias anexas. Pequenas justiças e juízes paralelos se
multiplicam em torno do julgamento principal: peritos psiquiátricos e psicólogos, magistrados da aplicação
da pena, educadores, funcionários da administração penitenciária, fracionam o poder de punir. Assim, os
“operadores secundários” formulam sobre o crime e o criminoso um discurso biopsicopatológico para
justificarem a punição[49].
Na realidade, o sistema penalógico adotado pela LEP ainda “psiquiatriza” a decisão do
magistrado, quanto ao exame de verificação de periculosidade do agente. A constante delegação por parte
dos magistrados, da motivação do ato decisório ao perito, que o realiza a partir de julgamentos morais sobre
as opções e condições de vida do sancionado, estabelece mecanismos de (auto) reprodução da violência pelo
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reforço da identidade criminosa[50].
Nesse viés, assim como os inquéritos policiais - os quais são preenchidos em sua grande maioria
como verdadeiros formulários, num tom invariável, monótono, impessoal, refletindo valores sociológicos da
polícia que constitui uma subcultura do sistema penal - os exames psicossociais e as perícias psiquiátricas
acabam por refletir a mesma cultura. Tais documentos - que evidentemente utilizam uma outra linguagem -
também têm sua rigidez, refletindo decodificações igualmente redutoras da realidade, profissionalizadas![51].
O problema da tentativa de elaboração de critérios objetivos para aferição da periculosidade dos
sujeitos desviantes é uma batalha da psiquiatria forense advinda desde o séc. XIX com a escola positiva e a
antropologia criminal. Mesmo com a Reforma do Código Penal em 1984, a Reforma Psiquiátrica e a
introdução de novos conceitos e entendimentos quanto à periculosidade, tem-se discutido muito acerca da
confiabilidade dos documentos periciais. 
O excesso de subjetivismo observado nos laudos, denominado por Lopes Júnior[52] de “ditadura
do modelo clínico” vulnera os princípios mais importantes do sistema processual penal brasileiro, quais
sejam: o da livre convicção, o da motivação das decisões, o da presunção de inocência, dentre outros.
Isso porque, acrescenta Santos[53]:
O problema começa com a falta de credibilidade do prognóstico de periculosidade criminal: se a
medida de segurança pressupõe prognose de comportamento criminoso futuro, então inconfiáveis
prognósticos psiquiátricos produzem conseqüências destruidoras, porque podem determinar
internações perpétuas - em condições ainda piores do que as de execução penal. Na verdade, parece
comprovada a tendência de supervalorização da periculosidade criminal no exame psiquiátrico, com
inevitável prognose negativa do inimputável - assim como, por outro lado, parece óbvia a confiança
ingênua dos operadores jurídicos na capacidade do psiquiatra de prever comportamentos futuros de
pessoas consideradas inimputáveis, ou de determinar e quantificar a periculosidade de seres humanos. 
Torna-se, então, complexo e perigoso falar em confiabilidade do prognóstico de periculosidade
criminal do exame psiquiátrico e na sua manutenção de uma relação direta e “possível” com a perpetuidade
da internação, exatamente por estar envolvida uma carga de subjetividade do profissional em questão,
comprometendo desta maneira, a “razão e objetividade científicas” tão buscadas.
O diagnóstico de cessação de periculosidade, ao tratar do conteúdo da periculosidade, assume o
caráter normativo, moralista, estigmatizante do discurso político criminal de defesa social preconizado pela
criminologia positivista, deixando de lado, portanto, os preceitos estruturais das ciências médicas.
Assim, uma vez considerado inimputável, perigoso, demonizado, o indivíduo é destinado aos
cuidados psiquiátricos e, a partir deste momento, os operadores secundários passam a ter o poder de definir
sobre a permanência ou não da medida de segurança, respaldados em ditas bases científicas - a psiquiatria -
para estabelecer as previsões de prognose futura. Nessa linha, Zaffaroni[54] afirma que “uma das pretendes
mais ambiciosas desta criminologia etiológica individual foi te tornar realidade o velho sonho positivista:
medir a perigosidade”.
Tem-se, portanto, o que se denomina de “criminalização da doença”[55], em que a doença
mental impulsiona a qualificação do sujeito como perigoso e ser perigoso passa a ser fator criminógeno. O
que a princípio seria motivo de clemência (a doença) acaba se tornando a razão de supressão de direitos.
Na base de taldiscurso predomina o que Souto[56] chama de “futurologia perigosista de controle
social”, pois o “criminoso” (doente mental), a partir do resultado negativo do laudo do exame de
averiguação de cessação de periculosidade dado pelos operadores secundários do direito, é tomado como
uma ameaça à sociedade ante a probabilidade de cometer novos delitos. O laudo médico proferido, por sua
vez, é considerado suficientemente capaz de estabelecer uma futurologia do comportamento humano de
forma inquestionável, pelas suas bases “científicas”.
Ensina Baratta[57] que:
É preciso que esqueçamos, por todas suas conseqüências práticas negativas, a concepção patológica -
própria da criminologia positivista - sobre o preso. (...) A única anomalia específica comum, a toda
população carcerária, é o estar preso. Sabemos, de fato, que a condição carcerária é, por natureza,
desassociabilizadora e pode ser a causa de perturbações psíquicas e de síndromes específicas. O fato é
que o preso não o é por ser diferente, mas é diferente porque está preso. 
Por fim, cabe enfatizar que o método biológico, utilizado pelos psiquiatras em geral, precisa ser
revisto exatamente por admitir, aprioristicamente, um nexo constante de causalidade entre o estado mental
patológico do agente e o crime, colocando os juízes na absoluta dependência dos peritos (médicos
psiquiatras, psicólogos, etc), os quais passam a ser os verdadeiros magistrados dos casos, pois dão o
indiscutível veredicto com bases na ciência médica: a manutenção ou não da medida de segurança. 
5 CONCLUSÃO
“Quem está em condições de avaliar o avaliador? Como controlar as
derivas ligadas às miragens dessa ideologia da perícia generalizada que
assaltou as sociedades democráticas e que pretende, em nome da segurança
das populações, controlar o incontrolável?” (Elisabeth Roudinesco)
 
A pergunta da autora acima destacada é fundamental: como controlar o avaliador?
Está-se diante de um espaço de execução de sanção penal que representa talvez o último grau de brutalidade
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do sistema penal genocida: a medida de segurança. Medida esta, mantida predominantemente por uma
dinâmica eficientista que visa proteger a sociedade de bem contra o mal social, demonizado, indesejado que
tanto incomoda os cidadãos que agem em conformidade com a lei e são ditos normais.
Os “anormais criminosos” ou “criminosos anormais”, como queiram, estão à mercê dessa ideologia da
psiquiatrização do direito penal, que tenta de todas as formas, pautada no discurso científico, controlar o que
não é controlável, melhor dizendo, tenta prever comportamento futuro das pessoas (com base no risco de
periculosidade) com laudos médicos que na verdade só consubstanciam o poder segregador.
Os laudos negativos (em sua maioria) dos exames de verificação de periculosidade são apenas provas que
sustentam a “verdade” processual, que justificam a segregação e inocuização indeterminada (pela medida de
segurança) do indivíduo doente, criminoso, incômodo, que não vota, não consome e, por assim ser, é
absolutamente descartável e inútil para os interesses do sistema.
Ante toda a explanação, verificou-se que as medidas de segurança e a pena privativa de liberdade
nada mais são que duas formas semelhantes de controle social formal. Seus fundamentos, objetivos, e
operacionalizações justificam um discurso oficial criminalizador, seletivo e estigmatizante, sendo a cada dia
maximizado.
Por derradeiro, vê-se de forma latente que a objetividade, a razão, enfim, a cientificidade,
falharam e ainda falham por não proporcionarem melhoras na confiabilidade quanto as prognoses de
comportamento criminoso futuro, por não respeitarem diferenças culturais, individuais e particularidades de
condutas. Logo, fizeram “implodir”, senão “explodir” da pior forma, os encarceramentos em hospitais de
custódia e tratamento psiquiátrico, vulgarmente conhecidos como manicômios judiciários, ou à falta, em
outro estabelecimento adequado, entenda-se “presídios”.
 
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[1] As idéias especiais prevencionistas - exacerbadas pelos positivistas - defendiam que o delinqüente não precisava mais de
retribuição pelo mal praticado, mas de tratamento. Nesse pensamento baseia-se a prevenção especial - essência das medidas de
segurança - a qual visa evitar que o criminoso, doente, volte a delinqüir. (FERRARI, Eduardo Reale. Medidas de segurança e
direito penal no estado democrático de direito. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001, p. 51)
[2] “A conseqüência politicamente tão discutível e discutida desta colocação é a duração tendencialmente indeterminada da pena, já
que o critério de mediação não está ligado abstratamente ao fato delituoso singular, ou seja, à violação do direito ou ao dano social
produzido, mas às condições do sujeito tratado; e só em relação aos efeitos atribuídos à pena, melhoria e reeducação do delinqüente,
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pode ser medida sua duração.” (BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do
direito penal. Tradução Juarez Cirino dos Santos. Rio de Janeiro: Revan, 2002, p. 40)
[3] MARQUES, José Frederico. Tratado de direito penal. Campinas: Millennium, 1999, p. 251.
[4] Neste ponto, o sujeito não pode mais ser destinatário de duas reações penais, aplicadas sucessivamente. A medida de internamento
perde sua função de complemento da pena, permanecendo apenas como medida de substituição judicial, quando em causa um semi-
imputável. (DOTTI, René Ariel. Penas e medidas de segurança no anteprojeto de código penal. In:_. Revista de Direito Penal. Rio
de Janeiro: Forense, 1982, p.58)
[5] O ordenamento jurídico-penal brasileiro prevê somente duas espécies de medidas de segurança, quais sejam: uma detentiva,
consistente na internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico e outra restritiva, referente ao tratamento ambulatorial.
(art. 96 do Código Penal). De forma geral, a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico destina-se,
obrigatoriamente, aos inimputáveis que tenham cometido um injusto (crime), punível com reclusão; e facultativamente, aos que
tenham praticado um injusto cuja natureza da pena abstratamente cominada seja de detenção (art. 97 CP). Ademais, o semi-imputável
também poderá ter a pena privativa de liberdade substituída por medida de segurança (art. 98 CP), inclusive na modalidade de
internação, se comprovado necessidade de especial tratamento curativo. Quanto ao tratamento ambulatorial só é imposto em casos
crimes apenados com detenção.
[6] Neste ponto, faz-se interessante ressaltar a crítica: “A crise das Medidas de Segurança decorre da inconsistência desses
fundamentos: primeiro, nenhum método científico permite prever o comportamento futuro de ninguém; segundo, a capacidade da
medida de segurança para transformar condutas anti-sociais de inimputáveis em condutas ajustadas de imputáveis não está
demonstrada”. (SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito penal: parte geral. Curitiba: Lumen Juris, 2006, p. 638)
[7] Para Baratta: “A realidade prisional apresenta-se muito distante daquilo que é necessário para fazer cumprir as funções de
ressocialização e os estudos dos efeitos da cadeia na vida criminal (atestam o alto índice de reincidência) têm invalidados amplamente
a hipótese da ressocialização do delinqüente através da prisão. A discussão atual parece centrada em dois pólos: um realista e outro
idealista. No primeiro caso, o reconhecimento científico de que a prisão não pode ressocializar, mas unicamente neutralizar; que a
pena carcerária para o delinqüente não significa em absoluto uma oportunidade de reintegração à sociedade, mas um sofrimento
imposto como castigo, se materializa em um argumento para a teoria de que a pena deve neutralizar o delinqüente e /ou representar o
castigo justo para o delito cometido. Renascem, dessa forma, concepções absolutas, compensatórias à pena ou, entre as teorias
relativas, se confirma a da prevenção especial negativa. O reconhecimento do fracasso da prisão como instituição de prevenção
especial positiva conduz, no segundo caso, à afirmação voluntária de uma norma contrafactora, a qual, não obstante, deve ser
considerada como lugar e caminho de ressocialização. Na realidade, o reconhecimento do aspecto contrafactor da idéia de
ressocialização surge, às vezes, na mesma argumentação daqueles que sustentam a nova ideologia de tratamento. Nesses dois
extremos, nos quais se polariza hoje a teoria penal, perpetram-se dois equívocos iguais e contraditórios entre si. No primeiro caso, na
teoria do castigo e/ou naturalização, comete-se o que a filosofia prática chama de falácia naturalista: elevam-se os fatos a normas ou
deduz-se uma norma dos fatos. No segundo caso, com a nova teoria da ressocialização, incorre-se na falácia idealista: apresenta-se
uma norma contrafactora que não pode ser concretizada, uma norma impossível.” (BARATTA, Alessandro. Ressocialização ou
controle social: uma abordagem crítica da reintegração social do sentenciado. Entre 1995 e 2003. Disponível em:
http://www.eap.sp.gov.br/pdf/ressocializacao.pdf. Acesso em: 20 de maio de 2008)
[8] Neste ponto, expõe Marchewka (2004, p. 183): “Assim, podemos dizer que chegamos a um perfil dado ao doente mental infrator
traçado pela opinião pública, pela psiquiatria forense, pela justiça, e que a questão da periculosidade criminal do doente mental dada
pela opinião pública e dos profissionais do direito e da psiquiatria forense corresponde a um mito que é falado, repetido e assimilado e
que se tornou uma verdade, mas que não pode ser provado “cientificamente”. O mito da negatividade, do perigoso, do criminoso, da
sujeira, do abandono, da solidão, da tristeza, da pobreza, da vitimização. E, como toda opinião pública, é um reduto impenetrável em
função da preservação de seu próprio mundo, aquela que representa o que a grande maioria da sociedade acaba por traçar, uma
representação social para essa pessoa que tem como lógica uma razão cientificamente difícil de ser contestada.” 
[9] Sobre o assunto ver: FELDENS, Luciano. Direitos fundamentais e direito penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
[10] SANTOS, J. op. cit., p. 639.
[11] MARCHEWKA, Tânia Maria Nava. As contradições das medidas de segurança no contexto do direito penal e da reforma
psiquiátrica no Brasil. In:_. Revista da Associação Brasileira de Professores de Ciências Penais. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2004, p. 183.
[12] BARATTA,op. cit.
[13] Essa lógica de intolerância parte da gestão de exclusão, orientada para a política de homogeneização, introjetada pela
modernidade capitalista. Na construção deste universalismo antidiferencialista, obteve-se o direito à indiferença e não o direito à
diferença como o idealizado. “As mulheres, os homossexuais, os loucos, os toxicodependentes foram objeto de várias políticas todas
elas vinculadas ao universalismo antidiferencialista, neste caso sob a forma de normatividades nacionais e abstratas quase sempre
traduzidas em lei. (...) A gestão controlada da exclusão tratou de diferenciar entre as diferenças, entre as diferentes formas de
exclusão, permitindo que algumas delas passassem por formas de integração subordinada, e outras fossem confirmadas no seu
interdito”. (SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006. p
292-293)
[14] FERRARI, op. cit., p. 63.
[15] Os métodos punitivos (penas e medidas de segurança) devem ser analisados como técnicas que têm sua especificidade no campo
maisgeral dos outros processos de poder, ou seja, devem ser vistos como tática política. Pela análise da suavidade penal como técnica
de poder, pode-se compreender como o homem, a alma, o indivíduo normal ou anormal vieram fazer a dublagem do crime como
objetos de intervenção penal. (FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência na prisão. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 24)
[16] Nessa perspectiva de violação dos preceitos constitucionais e de destaque da criminalização, Andrade aponta como saída para
essa estrutural desigualdade dos espaços impostos pelo caminho único que: “a construção social da cidadania deve funcionar como
antítese democrático-emancipatória à construção social autoritário-reguladora da criminalidade; a maximização dos potenciais vitais e
democráticos da cidadania deve operar, processualmente, no sentido da minimização dos potenciais genocidas da criminalização”. A
autora continua afirmando que “nesse momento deve-se lutar pela radical primazia do Direito Constitucional sobre o Direito Penal, da
Constituição e seus potenciais simbólicos para a efetivação da(s) cidadania(s) sobre o Código Penal, da constitucionalização sobre a
criminalização”. (ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Sistema penal máximo X cidadania mínima: códigos da violência na era
da globalização. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003a,p. 28-29)
[17] Baumer destaca: “Que devemos notar que a idéia de evolução, quer darwiniana quer não, de nenhum modo era nova. Spencer
escreveu um ensaio sobre este assunto em 1852, em que compara modos de pensamento estático e dinâmico e defende a evolução.
Muito antes de Darwin, e independentemente de Spencer, Matthew Arnold preocupou-se com o tempo, como quando, por exemplo,
em “the Scholar-Gypsy (1853), comparou a correria doentia da vida moderna com a vida estável da velha Inglaterra. Mas o
Darwinismo apresentou provas. Depois de 1859, a idéia da evolução não só se infiltrou, como dominou o pensamento europeu.”
(BAUMER, Franklin, L. O pensamento europeu moderno: volume II, séculos XIX e XX. Lisboa: Edições 70, 1977, p. 98)
[18] Há que se destacar que o pensamento da raça já existia antes de Darwin com o Conde de Gobineau e sua obra “Ensaio sobre a
Desigualdade das Raças (1853)”. Gobineau, que era amigo pessoal de D. Pedro II, ao vir ao Brasil analisou a mistura racial de forma
pessimista, afirmando que a espécie negra desenvolvia inteligência e imaginação na raça branca ao mesmo tempo que enfraquecia o
poder de raciocínio deles, posicionando-se com certa resistência à miscigenação. (DUARTE, 2006, p. 92)
[19] BAUMER, op cit., pp. 97-99; 112-113.
[20] ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de derecho penal. Buenos Aires: Ediar, 1990, pp. 228-244.
[21] “O positivismo em suas várias vertentes assenta-se nas seguintes idéias fundamentais: distinção entre sujeito e objeto e entre
natureza e sociedade ou cultura; redução da complexidade do mundo as leis simples suscetíveis de formulação matemática; uma
concepção da realidade dominada pelo mecanicismo determinista e da verdade como representação transparente da realidade; uma
separação absoluta entre conhecimento científico - considerado o único válido e rigoroso - e outras formas de conhecimentos como o
senso comum ou estudos humanísticos; privilegiamento da causalidade funcional, hostil à investigação das causas últimas,
consideradas metafísicas, e centrada na manipulação e transformação da realidade estudada pela ciência.” (SANTOS, B. op. cit. p.
25)
[22] BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. Tradução
Juarez Cirino dos Santos. Rio de Janeiro: Revan, 2002, p. 30.
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[23] A Criminologia Positivista, ao mesmo tempo que se coloca como vidente detentora da verdade (por estar sustentada pelo
conhecimento científico inquestionável) capaz de solucionar o problema “criminalidade”, esquece que também é visível por outros
olhares. Sobre a questão do vidente e do visível, ver (MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito: seguido de A linguagem
indireta e as vozes do silêncio e A dúvida de Cézanne. São Paulo: Cosac & Naify, 2004).
[24] Há que se destacar que o estudo das anomalias aproximava o delinqüente mais ao selvagem que ao louco, como forma de
justificativa do projeto colonialista europeu da época.
[25] DUARTE, Evandro Charles Piza. Criminologia e racismo: introdução à criminologia brasileira. Curitiba: Juruá, 2006, p. 112.
[26] “Daí a tese fundamental de que ser criminoso constitui uma propriedade da pessoa que a distingue por completo dos indivíduos
normais. Ele apresenta estigmas determinantes da criminalidade.” (ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Sistema penal máximo X
cidadania mínima: códigos da violência na era da globalização. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003a, p. 37)
[27] BARATTA, op. cit, p. 39.
[28] MOLINA, Antônio García Pablos de. Criminologia: uma introdução a seus fundamentos teóricos. São Paulo: RT, 1992, p. 125. 
[29] ANDRADE, loc. cit.
[30] A Biologia estuda tipos individuais e fixa biótipos (caracteres morfo-físico-psicológico).
[31] MOLINA, Antônio García Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos. São Paulo:
RT, 1997, p. 174.
[32] FERNANDES, Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia integrada. São Paulo, RT, 2005, p. 161.
 
[33] “É precisamente em nome da segurança jurídica, que aparece no discurso da Dogmática Penal como a idéia síntese de sua
promessas, que ela tem pretendido justificar, historicamente, a importância de sua já secular e o seu ideal de Ciência. E ao mesmo
tempo em que o discurso da segurança jurídica aparece fortemente enraizado e consolidado na mentalidade dogmática, em geral
considera-se, a contrario sensu, que a ausência de uma Dogmática Penal implicaria o império da insegurança jurídica. Revisitar suas
promessas significa então indagar: mas, em que medida têm sido cumpridas as funções declaradas da Dogmática Penal na trajetória
da modernidade? Tem a Dogmática penal conseguido garantir os Direitos Humanos individuais contra a violência punitiva? Tem sido
possível controlar o delito com igualdade e segurança jurídica?” (ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A ilusão da segurança
jurídica: do controle da violência à violência do controle penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003b, p. 27)
[34] MOLINA e GOMES, op. cit.., p. 191.
[35] “As representações do determinismo/ criminalidade ontológica / periculosidade / anormalidade / tratamento / ressocialização se
complementam num círculo extraordinariamente fechado, conformando uma percepção da criminalidade que se encontra, há um
século, profundamente enraizada nas agências do sistema penal e no senso comum da sociedade.” (ANDRADE, Vera Regina Pereira
de. Sistema penal máximo X cidadania mínima: códigos da violência na era da globalização. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2003a, p. 38)
[36] Segundo Carvalho: “Embebidas no sonho cientificista da radical resolução do problema (criminalidade), e operando no interior
de modelo bio-psico-social sanitarista que identifica na diversidade estético-racial o objeto de eliminação (homo criminalis), as
disciplinas criminológicas, longe de inaugurar novo paradigma, pautam tecnologia repressiva de raiz totalitária que revive a
inquisitio”. (CARVALHO, Salo de. Antimanual de Criminologia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 147). 
[37] ANDRADE, op. cit. pp. 58-59.
[38] HULSMAN, Louk; CELIS, Jacqueline Bernat de. Penas perdidas: o sistema penal em questão. Tradução de Maria Lúcia
Karam. Rio de Janeiro: LUAM, 1993, p. 68.
[39] Sobre o assunto, ver (ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Sistema penal máximo X cidadania mínima: códigos da violência
na era da globalização. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003a).
[40]Deve-se ressaltar que a função oculta e real do sistema não é de combater a criminalidade, mas de construí-la e geri-la.
[41] O projeto sanitarista de erradicação da criminalidade-violência, proposto pela Criminologia Positivista, na busca de eliminar os
últimos resquícios de barbárie da civilização ocidental, transmutou-se na brutalidade dos sistemas policialescos genocidas.
(CARVALHO, Salo de. Antimanual de Criminologia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 147).
[42] FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência na prisão. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 24.
[43] Complementa Carvalho: “A experiência criminológica positivista, desde a perspectiva da construção de projeto epistemológico
pioneiro para as ciências criminais, redundou fracassada. A multidisciplinaridade ínsita ao modelo positivista, ao invés de acrescentar
adeptos pertencentes às mais variadas áreas de conhecimento, provocou desagregação, irrompendo cisão nas ciências criminais
plenamente visível na atualidade”. (CARVALHO, loc. cit)
[44] ANDRADE, op. cit. pp. 35-48)
[45] ANDRADE, op. cit., p. 51.
[46] “O movimento de Lei e Ordem é o nome, adequado na sua inadequação, que, em terreno de Políticas Criminais se vulgarizou
para designar esse gigante punitivo. Em suas diversas materializações públicas e legislativas, caracteriza-se por preconizar o
fortalecimento da punição e da prisão, acompanhado da supressão de garantias penais e processuais básicas, que violam frontalmente
o ideal constitucional do Estado democrático de Direito”. (ANDRADE, op. cit., p. 25)
[47] MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito: seguido de A linguagem indireta e as vozes do silêncio e A dúvida de
Cézanne. São Paulo: Cosac & Naify, 2004, p16.
[48] SOUTO, Ronya Soares de Brito. Medidas de Segurança: da criminalização da doença aos limites do poder de punir. In_.:
CARVALHO, Salo de (coord). Crítica à execução penal. 2ª. Edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 579. 
[49] FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência na prisão. Petrópolis: Vozes, 1991, p.24.
[50] CARVALHO, Salo de. O (novo) papel dos “criminólogos” na execução penal: as alterações estabelecidas pela Lei 10.792/03.
In_.: CARVALHO, Salo de (coord). Crítica à execução penal. 2ª. Edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 161.
[51] HULSMAN, op. cit., p. 81.
[52] LOPES JÚNIOR, Aury. A instrumentalidade garantista do processo de execução penal. In:_. CARVALHO, Salo de. Crítica à
execução penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002, p 470.
[53] SANTOS, Juarez Cirino dos. Teoria da pena: fundamentos políticos e aplicação judicial. Curitiba: Lumen Juris, 2005, p. 193. 
[54] ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Criminologia: aproximación desde um margen. Santa Fé de Bogotá: Temis, 1993, p. 244.
[55] SOUTO, op. cit., p. 585.
[56] SOUTO, op. cit., p. 586.
[57] BARATTA, Alessandro. Ressocialização ou controle social: uma abordagem crítica da reintegração social do sentenciado.
Entre 1995 e 2003. Disponível em: http://www.eap.sp.gov.br/pdf/ressocializacao.pdf. Acesso em: 20 de maio de 2008.
 
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* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 1070