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Matéria de Direito das Sucessões

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03/04/2013 
cbisaia@terra.com.br 
- Carlos Roberto Gonsalves - Direito Civil Brasileiro, Volume VII; 
- Pontes de Miranda, Volume LV ao LX, ano 72 → O núcleo é bom, é igual até hoje; 
- Maria Berenice Dias - Manual de Direito das Sucessões; 
- 1° prova → 22/05/2013 (pode mudar) valor 10,0, 2° prova → 10/06/2013 valor 10,0. Ambas 
sem código; 
 
- Processo de transmissão de bens e dívidas do de cujus aos seus sucessores; 
- Rever MEAÇÃO e REGIMES DE CASAMENTO; 
- Direito das sucessões geralmente é dogmático; 
- Inventário Ordinário (clássico), Arrolamento; 
- Abertura da sucessão → SAISINE (art. 1.784, CC). Declaração ou devolução sucessória. 
- Pressupostos da sucessão: falecimento do de cujus e sobrevivência do herdeiro; 
- Com a morte transmite-se a herança aos herdeiros de acordo coma a ordem de vocação 
hereditária (ordem de preferência dos herdeiros); 
A. Sucessão Legítima → herdeiro legítimo; 
B. Sucessão Testamentária → herdeiro testamentário. 
 
TRANSMISSÃO 
 
 Ficção Burocracia 
 Morte 
 Saisine 
 
 
- Saisine → Transferência imediata, automática do patrimônio; 
- Burocracia → Processo, Inventário (declaratório e um pouco constitutivo); 
- O Inventário é sempre necessário. Têm-se três tipos: 
1. Escritura Pública → particular; 
2. Arrolamento → processo, juiz; 
3. Inventário Clássico (no código) → processo, juiz. 
- Declaração → devolução sucessória; 
- Na sucessão testamentária, geralmente se tem uma parte legítima; 
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- A partir da saisine se pressupõe a morte de alguém, cujo patrimônio passa ao herdeiro; 
- Sucessões são sempre relacionadas à questões de religião e família; 
- Começo do direito das sucessões: 
1° Lei das XII Tábuas → pater familia pode dispor de seus bens; 
2° Justiniano → definição do parentesco natural (descendentes, ascendentes, irmãos e 
colaterais); 
3° Século XIII, França → sedimenta-se a saisine; 
4° Código Napoleônico. 
- Os pais transmitem à prole, além de caracteres orgânicos, caracteres relacionados a psique 
dos filhos, para dar continuidade a estes caracteres, tanto na biologia quanto psicológica, a 
lógica diz que o patrimônio deve passar também; 
- Ordem de vocação hereditária → art. 1.829, CC: 
1° Descendentes X Cônjuge; 
2° Ascendentes X Cônjuge; 
3° Cônjuge; 
4° Colaterais (2° grau, irmãos; 3° grau, tio e sobrinho; 4° grau, primo e tio-avô). 
- Sucessão em geral (saisine); 
- Sucessão legítima (ab intestato); 
- Sucessão testamentária; 
- Inventário e partilha; 
 
Exceções ao pacto de exceção de partilha: 
 
a) Contrato antinupcial (Art. 1.668, V; Art. 1.655; Art. 546, todos do Código Civil); 
b) Partilha de bens, entre descendentes, feita pelos pais por ato inter vivos (art. 2.018, 
CC). 
 
Sucessão Geral: 
 
→ Abertura da sucessão: art. 6°, CC → sucessão de ausente (sucessão provisória). 
Pressupostos: 
a) Falecimento do de cujus; 
b) Herdeiro(s); 
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c) Existência de bens a transmitir – lembrar-se do inventário negativo (quando não há 
bens); 
 
- A herança deve ser aceita; 
- Segundo o princípio da saisine, no momento em que morre o de cujus, o herdeiro já é dono 
do patrimônio; 
- Delação → é o oferecimento da herança, ou simplesmente a aceitação da herança; 
- Na comoriência, não havido tempo ou oportunidade para a transmissão, um não herda do 
outro. Não há transferência de bens e direitos entre os comorientes; 
- Num primeiro momento saisine significava posse, atualmente se diz domínio e posse; 
- Segundo o art. 1.845, CC (sucessão testamentária), o companheiro não é herdeiro 
necessário, uma vez que este não é equiparado ao cônjuge; 
- Na sucessão testamentária, somente se pode dispor de 50% dos bens, o resto faz parte da 
sucessão legítima; 
- Sucessão a título universal → quando todo o patrimônio passa para o herdeiro; 
 
Espécies de sucessão 
 
- Legítima: lei; 
- Testamentária: testamento; 
- Universal: herdeiro único; 
- Legatário: quem recebe herança por testamento; 
 
Observações: 
- Os herdeiros colaterais podem ser excluídos da sucessão por testamento, uma vez que estes 
são herdeiros legítimos facultativos; 
- Testamento é um ato de disposição de última vontade, não é contrato; 
 
10/04/2013 
- Sucessão Legítima: definida em lei (ordem de vocação hereditária). Inclusão, a partir de 
2002, da concorrência do cônjuge; 
- Sucessão Testamentária: Dá-se por disposição de última vontade. Em havendo herdeiros 
necessários (art. 1.845, CC) divide-se a herança em duas partes iguais. O testador só poderá 
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dispor de uma metade (parte disponível). A outra constitui a legítima, que pertence aos 
herdeiros necessários (ver art. 1.846, CC); 
- Sucessão a título universal e singular: quando sucede na totalidade da herança ou em bem 
certo e determinado (legado). Herdeiro-Legatário; 
- Legítimo: indicado pela lei; 
- Testamentário: beneficiado pelo testamento; 
- Necessário: ascendente, descendente e cônjuge (art. 1.845, CC); Colateral é herdeiro 
facultativo. Poderá ser excluído por testamento; 
- Universal: herdeiro único, que recebe a totalidade da herança; 
- Legatário: herdeiro que recebe por testamento; 
- Aptidão para receber bens deixados pelo de cujus (não é a mesma capacidade civil) - serve 
para qualquer herdeiro, legítimo ou testamentário; 
- É diferente da capacidade civil, por isso: 
* Incapaz de praticar atos da vida civil - capaz para herdar; 
* Incapaz de suceder (indigno) capaz de praticar atos. 
- Trata de todos aqueles que podem ser invocados a suceder por possuírem um título jurídico 
para fazer jus a sucessão - qualidade virtual de suceder na herança deixada pelo de cujus; 
- Segundo Caio Mario, a incapacidade sucessória identifica-se como impedimento legal para 
adir à herança; 
- Verificada ao tempo da abertura da sucessão→ se capaz o herdeiro quando da feitura do 
testamento e incapaz na abertura da sucessão, nada herdará; 
- Apenas a pessoa viva pode suceder. Se falecer antes do autor da herança, perderá a 
capacidade; 
- Se o falecimento for do herdeiro testamentário, a cédula perde a validade, salvo se houver 
indicação de substituto; 
- Herdeiro Concebido: a regra do art. 1.798, CC deve ser estendida aos embriões formados 
mediante o uso de técnicas de reprodução assistida. O mesmo se aplica ao embrião 
crioconservado, gerado com material germinativo do de cujus; 
- Herdeiro morto (pré-morto) - direito de representação ou passagem de sua parte aos demais 
da mesma classe ou da classe subsequente; 
- Pessoa ainda não concebida: herdará no caso do art. 1.799, I, CC (desde que indicada em 
testamento e viva ao tempo da sucessão) - ver art. 1.800, CC → prazo de dois anos; 
- Nascituro: o já concebido no momento da abertura da sucessão é chamado a suceder. 
Adquire em estado potencial o domínio e a posse da herança, como se fosse nascido. Como 
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lhe falta personalidade jurídica, nomeia-se-lhe curador (curador ao ventre). Nascendo vivo, 
ser-lhe-á deferida a sucessão, recebendo os frutos a partir do falecimento do autor da herança 
(art. 1.800, §, 3°, CC); 
- Pessoa Jurídica: somente pode suceder por testamento, desde que exista legalmente 
(inscrição dos atos constitutivos no registro 1.799, II, CC); 
- Ainda, tolera-se que o testador transmita bens a um ente moral, sob a condição de constituir-
se regularmente; 
- O relativamente incapaz adquire capacidade de estar em juízo quando é assistido; 
- Os direitos do nascituro retrotraem até o momento da abertura da sucessão; 
- Herança é um todo indivisível (até a partilha); 
- Antes da partilha, porém, pode o herdeiro alienar ou ceder apenas sua quota ideal, através 
de escritura pública - cessãode direitos hereditários; 
Observação: 
1. Somente pode ocorrer após a abertura da sucessão; 
2. Instrumento público; 
3. Outorga/autorização do cônjuge; 
4. Cedente: capaz de alienar. Não responde pela evicção. 
5. Cessionário fica sub-rogado em todos os direitos e obrigações do cedente; 
6. Não se pode ceder bens em sua singularidade, por isso que somente se cede a quota ideal. 
- O cessionário somente tem uma expectativa de vir a ser proprietário da coisa, uma vez que 
sua quota ideal pode ser absorvida pelos credores, se existirem; 
- Aceitação é o ato pelo qual o herdeiro anui à transmissão dos bens do de cujus, ocorrida com 
abertura da sucessão. É uma confirmação, já que a aquisição dos direitos sucessórios não 
depende de aceitação, em razão da saisini. Em outras palavras, o aceite é apenas para 
consolidar a saisine; 
- O que a lei disponibiliza ao herdeiro é a faculdade de deliberar se aceita ou não a herança. 
Por isso que a aceitação só pode ser compreendida juntamente com a renúncia; 
- A aceitação tem efeitos retro-operantes: os direitos operários não nascem com ela, mas 
retroage a data da abertura da sucessão (art. 1.804, CC); 
- A aceitação é um processo de sedimentação da saisine, ou seja, aquela confirma a esta. Não 
precisa ser expressa. O que se vê é a renuncia, pois a aceitação pode ser tácita, pelo silêncio; 
- A aceitação é um negócio jurídico unilateral, não necessitando de comunicação. Instado a se 
manifestar e silenciando, tem-se por aceita a herança; 
- Espécies: a) Expressa (por escrito - carta é o suficiente); 
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b) Tácita (resulta da conduta do herdeiro - intervenção no inventário, apossamento dos bens); 
c) Presumida (quando o herdeiro permanecer silente, após notificação - art. 1.807, CC); 
- Não exprime aceitação os atos oficiosos, como os relacionados ao funeral, bem como os 
meramente conservatórios e de administração do espólio (art. 1.805, §1°, CC); 
- Quem aceita a herança: 
1. O próprio herdeiro; 
2. Os seus sucessores (art. 1.809, CC): falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a 
herança, o poder de aceitar passa-lhe aos seus herdeiros, salvo em se tratando de vocação 
vinculada a condição não verificada - Exemplo: se um herdeiro foi nomeado sob a condição 
de obter o primeiro lugar num concurso, falecendo antes disso, os referidos direitos não se 
sucederão; 
- Cuidar o artigo 1.809, § único, CC → "concordar em receber a segunda herança". 
* Exemplo: Falecendo o pai e sendo herdeiro um dos seus filhos, que morre depois da 
abertura do inventário sem ter aceitado a herança, os filhos do herdeiro, netos do primeiro 
falecido, só herdarão do avô em representação ao pai se previamente aceitarem a herança do 
pai; 
3. Mandatário (procurador): desde que com poderes especiais; 
4. Tutor ou Curador: desde que com autorização judicial; 
5. Credor: Art. 1.813, CC → afasta a possibilidade de haver renúncia lesiva a credores. Se 
isso ocorrer, pode o credor aceitar em nome do renunciante, nos autos do inventário; 
- Observação: aceitação não pode ocorrer sob condição ou termo (art. 1.808, CC); não se 
aceita em partes; se o herdeiro é também legatário, pode aceitar os dois, ou um ou outro; a 
aceitação é irretratável (art. 1.812, CC). 
 
Renuncia da herança 
 
- É negócio jurídico unilateral, pelo qual o herdeiro manifesta a intenção de se demitir dessa 
qualidade; 
- Observação: 
1. Instrumento público ou termo judicial (art. 1.806, CC). Não pode ser tácita (por isso é 
negócio solene). Não admite renúncia tácita ou presumida, porque constitui abdicação de 
direitos; nem promessa de renúncia, porque implicaria em pacto sucessório; 
2. Capacidade jurídica do renunciante (capacidade de alienar); 
3. Anuência do cônjuge (exceto no regime de separação de bens); 
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4. Não pode prejudicar credores. 
- Espécies de Renuncia: 
* Abdicativa: quando o herdeiro a pratica sem ter praticado qualquer ato que exprima 
aceitação. Ainda, quando é pura e simples, em benefício do monte, sem indicação do 
beneficiário (art. 1.805, §2°, CC); 
* Translativa: quando o herdeiro renuncia em favor de determinada pessoa, citada 
nominalmente. Neste caso está praticando dupla ação: aceitando tacitamente a herança e, em 
seguida, doando-a. Implica aceitação e transferência posterior de direitos hereditários. 
- Tributação: na Abdicativa (imposto causa mortis); na translativa (causa mortis e inter 
vivos). 
 
- Restrições à renúncia: 
a) Capacidade jurídica plena do renunciante - capacidade de alienar. A renuncia realizada pelo 
incapaz não tem validade, ainda que feita por representante, salvo se com autorização judicial 
(art. 1.691, CC). Pode ainda ser feita por mandatário, se tiver poderes para tanto (autorização 
judicial também, nesse caso); 
b) Anuência do cônjuge: se o renunciante for casado, exceto se pelo regime da separação (art. 
1.647, I, CC). Recusa pode ser suprida (art. 1.648, CC); 
c) Não pode prejudicar credores (art. 1.813, CC). Se isso ocorrer os credores poderão aceitar a 
herança em nome do renunciante, nos autos do inventário, mediante autorização judicial; 
 
- Efeitos da renuncia: 
1. Exclusão do herdeiro renunciante e de sua estirpe da sucessão: é tratado como se 
nunca tivesse sido chamado. A transmissão tem-se por não verificada (art. 1.804, § 
único); 
2. Acréscimo da parte que lhe cabia aos herdeiros da mesma classe (art. 1.810, CC) 
→ se o de cujus tinha vários filhos e um deles é pré-morto, a sua parte passará aos 
seus filhos. Se renunciou a sua quota passará aos seus irmãos, em prejuízo dos filhos, 
pois o renunciante e sua estirpe são considerados como se nunca houvessem existido; 
3. Renunciante filho único e sem descendentes→ devolve-se a herança aos ascendentes 
(art. 1.810, CC) classe subsequente; 
4. Direito de representação → não existe na renúncia; 
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5. Art. 1.811, CC: se o renunciante for o único da classe ou se todos daquela classe 
renunciar, seus filhos serão chamados à sucessão por direito próprio e por 
cabeça. 
- Lembrar-se da renúncia na sucessão testamentária: torna caduca a disposição, salvo se 
houver substituto (art. 1.947, CC). 
 
17/04/2013 
- Quando se herda por direito próprio, não se está no lugar do herdeiro normal, logo, se o 
herdeiro renunciar seus filhos não irão receber por representação, assim, a herança irá ser 
dividida pelo número dos filhos do herdeiro; 
 
Ineficácia e Invalidade da Renuncia: 
 
- Ineficácia - pode ocorrer pela suspensão temporária de seus efeitos, por ordem judicial, a 
pedido de algum credor; 
- Invalidade - a) Absoluta: se não for feita por escritura pública ou termo judicial; ou se 
provier de absolutamente incapaz, sem autorização judicial; b) Relativa: quando provier de 
erro, dolo ou coação; 
- Observação: 
1. Irretratabilidade - ver art. 1.812, CC; 
2. Inadmissibilidade de condição ou termo (art. 1.808, CC); 
3. Impossibilidade de renuncia parcial da herança; 
 
Exclusão do herdeiro por indignidade e deserdação: 
 
- Exclusão que se fundamenta na quebra da afetividade; 
1. Indignidade: decorre da prática de atos ofensivos contra o de cujus. Todos eles previstos 
no art. 1.814, CC (rol taxativo); 
- Logo, a indignidade é uma sanção civil, que acarreta a perda do direito sucessório; 
*Somente pode se dar por sentença - art. 1.815, CC - (declaratória) em ação de indignidade - 
que não exige condenação criminal! 
- Ações correm independentes; efeito da sentença condenatória no civil; absolvição no crime 
por inexistência fato/autoria afasta a penalidade no civil. Prescrição não! 
* A reabilitação (perdão), pelo de cujus, afasta a penalidade; 
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-Lembrar que o fio condutor da herança é a afetividade,logo, qualquer coisa que exclua esta 
linha pode acabar com a sucessão, é só entrar com a ação de indignidade; 
 
Casos de Indignidade: 
 
A) art. 1.814, I CC → autor, coautor, partícipe de homicídio doloso ou tentativa contra o de 
cujus, cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente. 
*Instigação ao suicídio também (Gonçalves, Zeno Veloso, etc.) 
B) art. 1.814, II, CC → o que houver acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou 
incorrer em crime contra sua honra, de cônjuge ou companheiro. 
- Sem previsão de tentativa; 
b.1) crime de denunciação caluniosa (art. 339, CP): agente dá causa à instauração de 
investigação policial, processo judicial, entre outras; 
*Imputação tem que ter sido feita em juízo criminal; 
*Não há necessidade de condenação criminal; 
b.2) crime contra a honra (calúnia, difamação, injúria): mesmo quando já falecido o de cujus 
ou outra vítima; 
C) art. 1.814, III, CC → o que, por violência ou meio fraudulento, inibir ou obstar o autor da 
herança de dispor livremente de seus bens em testamento. 
*Violência física ou psicológica; 
**O indigno adquire a herança e a conserva até que transite em julgado a sentença de 
exclusão. Pode até transmitir; 
 
Ação de indignidade: 
 
- Legitimado: aquele que tem interesse na sucessão; 
*beneficiado direto: herdeiro, legatário, Fazenda: na falta de sucessores legítimos e 
testamentários; 
**MP não tem legitimidade, ainda que haja herdeiros menores; 
- Competência: juízo civil; 
- Procedimento: ordinário; 
- Ação proposta após a morte do de cujus; 
- Morte do réu no curso da ação: extinção; 
- Morrendo o "indigno" antes do de cujus: descabe a ação, pois nem houve a transmissão; 
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- Prazo: quatro anos da abertura da sucessão (art. 1.815, § único); 
- Efeitos da decisão: retroagem à abertura da sucessão (devolução dos frutos também) → art. 
1.817, CC; 
 
Deserdação: 
 
- Vem da vontade expressa do testador, com necessária indicação da causa (art. 1.964); 
* casos: aos previstos no art. 1.814, CC somam-se os do art. 1.962, CC (ofensa física, injúria 
grave e desamparo) → ver art. 1.962 e 1.963, CC; 
- Como regra, deserdam-se somente os herdeiros necessários. Na indignidade, qualquer 
sucessor. 
- Se o testador for nulo e a deserdação não se efetivar, poderão os interessados buscar a 
exclusão pela ação de indignidade (se a causa for de indignidade); 
- Caso enseja deserdação ou indignidade: a não promoção da deserdação não faz presumir o 
perdão, logo ainda é possível a ação de indignidade; 
- O testamento é sacro, pois é um ato de disposição de última vontade, logo, somente em 
último caso que o sistema vai excluir o testamento; 
 
Perdão (art. 1.818, CC) → solene: 
 
- É o ato solene (ato autêntico - instrumento público ou privado autenticado; testamento); 
*Ato autêntico → qualquer declaração, por instrumento público ou particular, autenticado por 
escrivão; 
- Perdão: expresso e irretratável 
- Perdão tácito: admite-se na via testamentária, quando o testador houver, após a ofensa, 
contemplado o indigno em testamento (ver art. 1.818, § único, CC); 
- Nulo o testamento que contém o perdão, este não terá efeito, salvo se tiver sido adotada a 
forma pública, quando poderá ser utilizado como ato autêntico (instrumento publico ou 
particular autenticado); 
 
Observação → somente se divide em formas diferentes quando se tem classes diferentes para 
se fazer a sucessão. 
 
Efeitos da Exclusão: 
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1. Pessoalização dos efeitos (art. 1.816, CC) → pena não ultrapassa o indigno. É 
considerado pré-morto. Exemplo: se o de cujus tinha dois filhos e um deles foi 
excluído por indignidade, tendo prole, a herança será dividida em duas estirpes. 
Metade ficará com o outro filho e metade será entregue aos descendentes do excluído, 
que o representarão; 
2. Chamada dos descendentes (representação): só se a sucessão for legítima; 
testamentária não! Salvo se tiver cláusula em contrário; 
3. Os efeitos da sentença retroagem à abertura da sucessão, para considerar o 
excluído pré-morto ao de cujus. Como consequência (ver art. 1.817, § único), o 
excluído é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens houver da herança 
percebido, tendo direito a ser indenizado pelas benfeitorias utilizadas à conservação 
desses bens; 
4. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que 
seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens (art. 
1.816, § único); 
5. Serão válidas as alienações de seus bens hereditários efetuadas pelo excluído antes da 
sentença a terceiros de boa-fé (art. 1.817, CC). Regra que busca proteger o 3° de boa-
fé; 
 
- O excluído NUNCA vai herdar os bens, mesmo que estes bens passem para seu antecessor; 
 
24/04/2013 
Sucessão Legítima 
 
- Designada pela lei, considerando a ordem de vocação hereditária - chamamento por 
classes, onde o mais próximo exclui o mais remoto: 
1. Descendentes em concorrência com o Cônjuge; 
2. Ascendentes em concorrência com o Cônjuge; 
3. Cônjuge supérstite (sobrevivente); 
4. Colaterais (até o 4° grau). 
- Tem caráter subsidiário (art. 1.788, CC); 
- Herdeiro legítimo é a pessoa indicada na lei como sucessor nos casos de sucessão legal 
(legítima). Nessa classificação distinguem-se tais herdeiros dos necessários (descendentes, 
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ascendentes e cônjuge). Esses fazem jus à legítima, que é a parte reservada pela lei, 
correspondendo à metade dos bens do falecido (Art. 1.789, CC); 
- Os colaterais são herdeiros facultativos, herdando na falta dos necessários, mas podendo ser 
excluídos por testamento; 
- Todo herdeiro necessário é legítimo. Nem todo herdeiro legítimo é necessário; 
 
a) Sucessão dos descendentes: 
- 1° Plano no rol da sucessão legítima; 
- Todos são contemplados (filhos, netos, bisnetos, etc.); 
→ O mais próximo em grau com o de cujus exclui o mais remoto, reservado o direito de 
representação (art. 1.833,CC); 
- Sucessão por cabeça e estirpe: 
* Na sucessão dos descendentes distingue-se a sucessão por cabeça (ou direito próprio), 
quando todos estão no mesmo grau, e a sucessão por estirpe, quando há divergência de 
graus (viabilizando a representação); 
Cabeça → A (morto) tem três filhos. 
Estirpe → A (morto) tem 3 filhos sendo que 2 deles tem filhos onde B (2 filhos) e C (um 
filho) ambos mortos, logo os filhos E e F dividem 1/3 da sucessão e o filho G ganha 1/3 e o D 
ganha 1/3. 
- Observação: 
1. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão (art. 1.834, CC); 
2. Lembrar-se do princípio da igualdade dos filhos (art. 1.596, CC); 
3. Quotas avoengas: transmitidas diretamente do avô/avó para os netos: 
Aqui, A (avó/avô) tem três filhos mortos e cada um tem um filho, que por sua vez, cada um 
tem filhos, X tem dois filhos e os outros dois, um filho cada. Aqui se fará a divisão por 
cabeça, ou seja, cada neto ganhará a mesma coisa, caso um dos filhos estivesse vivo seria por 
estirpe; 
 
Sucessão dos descendentes em concorrência como o cônjuge do de cujus 
 
→ Inovação do Código Civil de 2002, que incluiu o cônjuge como herdeiro necessário 
também em concorrência com os descentes e ascendentes (art. 1.829, I, CC); 
→ O cônjuge permanece em terceiro lugar na ordem de vocação hereditária, mas passa a 
concorrer com os descendentes. 
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→ Em regra, concorrência: a regra é que o cônjuge concorre com os descendentes, salvo nos 
regimes da comunhão universal, separação obrigatória (art. 1.641, CC) e comunhão parcial, 
inexistindo bens particulares. Logo, haverá concorrência: 
a) Separação convencional (minha posição é que o cônjuge sobrevivente não participaráda 
partilha de bens, pois neste caso os nubentes escolheram este regime de bens, onde há o 
acordo de vontades no pacto antinupcial, o qual regula que seus bens não se comunicam); 
b) Comunhão parcial com bens particulares do de cujus - somente nos bens particulares; 
c) Participação final dos aquestos. 
- Importante (art. 1.830, CC): o direito sucessório do cônjuge somente será reconhecido se 
ao tempo da morte do outro não estavam separados judicialmente, nem de fato há mais de 
dois anos. Neste último caso, salvo se o sobrevivente provar que a convivência se tornara 
impossível sem culpa sua. 
 
Cuidar na comunhão parcial 
 
-No regime da comunhão parcial o cônjuge só concorrerá se o de cujus deixou bens 
particulares, adquiridos antes do casamento, ou lhe sobrevieram bens, na constância do 
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar (art. 1.659, I, CC); 
-Já o quinhão hereditário correspondente à meação do falecido nos bens comuns do casal será 
repartido exclusivamente entre os descendentes. O cônjuge sobrevivente só será sucessor 
nos bens particulares; 
-Ainda, assiste ao cônjuge direito real de habitação (Art. 1.831, CC). Nisso qualquer que seja 
o regime de bens. É assegurado ao cônjuge o direito real de habitação relativamente ao imóvel 
destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar; 
- Não basta ser casado na comunhão parcial, o morto deve ter bens particulares; 
→ Primeiro SEMPRE TIRAR A MEAÇÃO; 
 
Reserva da quarta parte 
 
- Art. 1.832, CC → estabelece a forma de cálculo da quota devida ao cônjuge, em havendo a 
concorrência; 
→ Caberá ao cônjuge quinhão igual aos dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua 
quota ser inferior à quarta parte da herança, caso for ascendente dos herdeiros com quem 
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concorrer. Quando tiver menos que três filhos o cônjuge já recebe 1/4, depois se divide a 
herança. 
 
Descendente exclusivo do de cujus 
 
- Se os descendentes forem exclusivos do de cujus (filhos de casamento anterior), não haverá 
direito à quarta parte ao cônjuge atual, cabendo-lhe quinhão igual ao que couber aos outros 
filhos. 
→ E se houver filhos comuns e exclusivos do de cujus? 
* 3 correntes: 
1. não há quarta parte; 
2 há quarta parte; 
3 divisão proporcional. 
- Tudo isto é uma construção a partir do art. 1.832, CC. 
 
b) Sucessão dos ascendentes (art. 1.829, II, CC): 
- Só terá cabimento se não houver descendentes e houver ascendentes vivos (art. 1.836, CC); 
- Também haverá concorrência com o cônjuge; 
- Não terá direito de representação nesta linha; 
→ Concorrência: 
1. O grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas; 
2. Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, cada linha (paterna e materna) 
herda metade; 
3. Não há direito de representação na sucessão dos ascendentes. 
- Se divide a herança em cada linha, quando houver vivos em cada linha, metade para cada 
linha e esta metade é dividida pelo número de pessoas vivas; 
 
Sucessão dos ascendentes em concorrência com o cônjuge 
 
- Diferentemente do que sucede nos casos de concorrência com os descendentes, o cônjuge 
concorrerá com os ascendentes do falecido seja qual for o regime, nos moldes do art. 1.837, 
CC: 
a) Cônjuge concorrendo com ascendentes de primeiro grau (concorre com os pais do 
falecido) - tocará 1/3 da herança ao cônjuge; 
15 
 
b) Se só houver um ascendente - tocará metade ao cônjuge; 
c) Cônjuge concorrendo com ascendentes de 2°, 3° e/ou 4° grau - tocará metade ao 
cônjuge; 
- Sempre que estiverem vivos os avós do de cujus, o cônjuge receberá a metade e a outra 
metade é divido pela metade, um pra cada linha e divido em cada um dos vivos. 
 
c) Sucessão do cônjuge sobrevivente: 
- Faltando descendentes e ascendentes, terá lugar a sucessão do cônjuge (art. 1.838, CC), se 
casado com o falecido ou separado de fato há menos de dois anos (art. 1.830, CC); 
→ Para o reconhecimento: 
a) Se, ao tempo da abertura da sucessão, não estavam separados judicialmente (transito 
em julgado na litigiosa ou homologação na consensual); 
b) Se, ao tempo da abertura da sucessão, não estavam separados de fato há mais de 
dois anos - não sendo o cônjuge supérstite o responsável pela impossibilidade da 
convivência. 
 
Atenção 
 
- Podem os cônjuges separados judicialmente reconciliar-se. Se isto ocorrer antes do óbito, o 
cônjuge herdará - o ato de reconciliação deve ocorrer em juízo. A reconciliação de fato é 
irrelevante em matéria sucessória; 
- Não importa o regime de casamento. Basta separar a meação. 
 
d) Sucessão do companheiro: 
- Participação regulada pelo art. 1.790, CC; 
- Bens adquiridos na vigência da união estável; 
d.1) Sucessão do companheiro em concorrência com os descendentes: 
* (Art. 1.790, I, CC) Se ocorrer com filhos comuns, terá a mesma quota de cada filho - sem 
reserva da quarta parte; 
**No art. 1.790, I, CC onde consta "filho" deve ser lido "descendente"; 
*(Art. 1.790, II, CC) Se concorrer só com filhos do de cujus, tocar-lhe-á metade do que tocar 
a cada filho → dizemos que cada um dos filhos terá duas quotas e o companheiro terá uma 
quota, depois disso, somam-se todas as quotas, ou seja, caso se tenha dois filhos cada um tem 
duas quotas, logo teremos cinco quotas no total, após isso, se divide a herança por cinco; 
16 
 
**Havendo filhos híbridos - divisão igualitária. 
d.2) (Art. 1.790, III, CC) Sucessão do companheiro em concorrência com outros parentes 
sucessíveis (ascendentes/colaterais) do de cujus: 
- Nesse caso o companheiro terá direito a 1/3 da herança. 
*não é no mínimo. É um terço, SEMPRE. 
- Caso haja mais pessoas, o companheiro irá receber 1/3 e os outros 2/3 serão divididos com 
os outros, logo, se pode ter a divisão por linhas, neste caso, 1/3 para o companheiro, 1/3 para a 
linha materna e 1/3 para linha paterna e cada 1/3 dividido entre as pessoas vivas de cada linha. 
 
08/05/2013 
- Observação: solução jurisprudencial → quando uma pessoa separada de fato a menos de 
dois anos já estivesse em união estável por ocasião de sua morte, a solução da literatura é que 
a participação do companheiro fica adstrita aos bens constates da união estável, quanto ao 
cônjuge somente herdará sobre os bens anteriores; 
 
Sucessão dos Colaterais 
 
- Colaterais: 
*2° grau → Irmãos: 
 Unilaterais → filho do pai ou da mãe; 
 Bilaterais (germano) → recebe o dobro que os unilaterais. 
→ lembrar que para o germano receba o dobro, tendo que fazer a divisão por quotas; 
 
*3° grau → Tios e sobrinhos 
 
* 4° grau → Primos, tio-avô e sobrinho-neto. 
 
- Os mais próximos em graus excluem os mais remotos; 
- Somente há direito de representação na classe dos irmãos, fora esse caso, ninguém tem 
direito de representação; 
- Logo, se o de cujus tem alguns irmãos vivos e um morto, os sobrinhos também herdarão em 
representação ao seu pai; 
- O direito de representação apenas vai até um grau, não passa disso; 
17 
 
- Segundo o art. 1.843, CC junto com o Princípio da Energia Mais Nova se tem que os 
sobrinhos preferem aos tios; 
- Quando houver concorrência somente entre sobrinhos, os filhos de irmãos bilaterais irão 
receber em dobro, FAZER A DIVISÃO POR quotas; 
 
15/05/2013 
 
Sucessão Testamentária 
 
- Nesta modalidade sucessória a sucessão dá-se por ato de disposição de última vontade – 
testamento; 
- Funda-se na possibilidade de o autor da herança dispor de seu patrimônio alterando a ordem 
de vocação hereditária, respeitados os direitos dos herdeiros necessários → Art. 1.845, CC 
descendentes, ascendentes e cônjuge; 
- A eles a lei assegurao direito à legítima, que corresponde à metade dos bens do testador. A 
outra, denominada de parte disponível, pode ser deixada livremente por testamento; 
- Essa divisão na esfera patrimonial da pessoa só tem fundamento em havendo herdeiros 
necessário; 
- Em vida o autor da herança faz dos seus bens o que quiser, nada deixando de herança ou 
legítima. Pode alienar todo o patrimônio, querendo. Ver art. 1.847, CC; 
- As dívidas constituem o passivo do de cujus, devendo ser abatidas para que se apure o 
patrimônio líquido (que será dividido em parte legítima e disponível, em havendo herdeiros 
necessários); 
- A mesma pessoa pode ser, na mesma sucessão, herdeiro necessário e testamentário (art. 
1.849, CC); 
- Legatário → quem recebe por testamento; 
- Ainda que a legítima seja intocável, admite-se que o testador indique os bens que a 
comporão (art. 2.014, CC); 
- Ainda, é possível atribuir à legítima cláusula de a) inalienabilidade, b) impenhorabilidade e 
c) incomunicabilidade, desde que haja JUSTA CAUSA descrita pelo testador expressamente 
no testamento (art. 1.848, CC). Isso não se aplica na parte disponível – pode ser clausulada 
livremente; 
- A justa causa (ex.: toxicomania) poderá ser discutida em juízo, em ação proposta pelo 
herdeiro que se sentir prejudicado; 
18 
 
- O art. 1.848, CC só é aplicável se houver abertura da sucessão um ano após o CC/2002, 
ainda que o testamento tenha sido feito sob a vigência da lei antiga, se, no prazo, o testador 
aditar o testamento e indicar a justa causa (ver art. 2.042, CC). Caso contrário, não 
subsistirá a restituição; 
- Não pode o testador determinar a conversão dos bens da legítima em outras espécies (venda 
de imóveis para aquisição de ações – nulidade), salvo, também, se houver justa causa; 
- Cláusulas: 
1. Inalienabilidade: 
- Não excede em duração, à vida do herdeiro; 
- Pode ser absoluta, prevalecendo em qualquer caso e em relação a qualquer pessoa, 
ou relativa, facultando a alienação a alguns casos/pessoas. 
2. Incomunicabilidade: 
- A herança não entrará na comunhão do beneficiado (só tem fundamento no regime 
da comunhão); 
**cuidar o art. 1.911, CC: inalienabilidade implica impedimento/incompetência. 
3. Impenhorabilidade: 
- Visa impedir a constrição judicial sobre os bens deixados; 
- Restringe a atuação de credores, que podem afastar a cláusula via pedido judicial 
(art. 1.848, §2°, CC). 
 
Testamento 
 
- É o ato pelo qual alguém dispõe a totalidade de seus bens, ou parte deles, para depois de sua 
morte. É ato personalíssimo e essencialmente revogável. 
- Também: reconhecimento de filhos, nomeação de tutor para filhos menores, reabilitação de 
indigno, deserdação, entre outras; 
- Características: 
a) Ato personalíssimo (privativo do autor da herança; não se admite por procurador; 
terceiro pode redigir); 
b) Negócio jurídico unilateral – aperfeiçoa-se com uma única manifestação de vontade 
(por isso não é contrato!). 
**Ver art. 1.863, CC: proibição do testamento conjuntivo (de mão comum ou 
mancomunado) – feito por duas ou mais pessoas. Simultâneo (disposição conjunta em 
favor de terceiro); Recíproco; Correspctivo (em retribuição de algo). 
19 
 
c) É ato solene – só terá validade se observada as formalidades legais; 
d) É ato gratuito – não visa a obtenção de vantagens para o testador; 
e) É essencialmente revogável (art. 1.969) – é inválida cláusula contrária a isso; 
*exceção: o testamento será irrevogável na parte em que o testador reconhecer filho 
havido fora do matrimônio (art. 1.609, III, CC); 
**A vontade é a última. Vários testamentos – vale o último, a menos que complete o 
anterior. 
f) É ato causa mortis – produz efeito somente após a morte do testador. 
 
12/06/2013 
Da capacidade de Testar 
 
- A capacidade testamentária compreende pressupostos de inteligência e vontade – 
compreensão do ato e querer do agente; 
** Isso não justifica o art. 1.860, CC: “além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de 
fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. Parágrafo único: podem testar os maiores de 16 
anos”; 
- Assim, podem testar o cego, o analfabeto, o falido, embora a lei restrinja a espécie 
testamentária, ou seja, em algumas formas de testamento não poderão testar; 
 
Das incapacidades – geram nulidade! 
 
1) Em razão da idade: 
- Menores de 16 anos não podem testar. Maiores podem, mesmo sem representante 
legal. 
2) Em razão da falta de discernimento: 
- Os privados de discernimento para a prática da vida civil não podem testar 
(absolutamente incapazes – alienados, perturbados mentais); 
* Também àqueles que não se encontram, no momento de testar, em seu perfeito juízo 
(embriaguez, entorpecente, hipnose, etc.). 
 
Os relativamente Incapazes? 
 
20 
 
- Exceto os maiores de 16 anos, os demais relativamente incapazes estão proibidos de testar, 
segundo a regra do art. 1.860, CC. Assim, não pode fazê-lo os ébrios habituais, os viciados 
em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham reduzido o discernimento, bem como os 
excepcionais, sem desenvolvimento mental completo (art. 4°, CC); 
- A doutrina admite o testamento pelo pródigo, uma vez que o testamento, em tese, não 
compromete seu patrimônio; 
- O surdo-mudo não pode testar se não tiver desenvolvimento mental completo. Se puder 
manifestar vontade, o testamento será válido; 
 
Observação 
 
- A coisa tem que existir quando acontece a causa mortis, logo, se os bens testados não 
existirem mais, o testamente não tem mais validade; 
- O art. 1.860, CC abrange tanto a situação dos privados do necessário discernimento para os 
atos da vida civil (art. 3°, II, CC) como os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir sua vontade (art. 3°, III, CC); 
- Será nulo o testamento efetuado por quem não se ache no gozo de suas faculdades mentais; 
*** isso pode ocorrer mesmo antes de declarada a interdição. Se o ato foi produzido depois, é 
nulo de pleno direito. Se antes, a decretação da nulidade dependerá da produção de prova da 
incapacidade; 
- Art. 1.861, CC → a incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem 
o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade; 
* tempus regit actum (momento em que se redige – elabora – o testamento: capacidade); 
- Impugnação: somente após a morte do testador se poderá questionar sobre a validade do 
testamento; 
* Ver art. 1.859, CC: extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do 
testamento, contados da data de seu registro (art. 1.126, CPC). Convalidação de nulidade 
(rompe o art. 169, CC); 
* Se há vício do consentimento (erro, dolo, coação): Art. 1.909, parágrafo único, CC → 
extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados do conhecimento do 
vício pelo interessado. 
 
Não geram incapacidade testamentária: 
 
21 
 
- Idade avançada; 
- Próximo da morte; 
- Ira, cólera; 
- Suicídio imediatamente após o testamento; 
- Testador falido, insolvente ou ausente; 
- Índios (quando emancipados do regime tutelar a que estão submetidos). 
 
Formas ordinárias de testamento 
 
- O Código Civil admite três formas de testamentos ordinários: Público, Cerrado e o 
Particular; 
- Observação: Perda, destruição e reconstituição do testamento→ a cédula testamentária, 
perdida ou destruída, não comporta reconstrução. Isso é incompatível com a solenidade que 
reveste o testamento. Admite-se a restauração de cédulas antigas, onde se tornou difícil a 
leitura, desde que tal trabalho não comprometa o texto. 
 
1) Testamento Público: 
 
- Escrito pelo tabelião em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador,feitas 
em língua nacional, em presença de duas testemunhas, que devem assistir a todo o ato (art. 
1.864, CC); 
- Requisitos: 
* Art. 1.864, I, CC: 
 Lavrado por tabelião ou substituto legal; 
 Pode também ser lavrado por autoridade diplomática consular em outro país; 
 Tabelião: certificar-se da identidade e capacidade do testador, podendo servir-se de 
notas ou apontamentos, além de sempre perguntar se os bens testados estão saindo da 
parte disponível; 
 Pode o tabelião perguntar e indagar o testador sobre as disposições testamentárias. 
* Art. 1.864, II, CC: 
 Leitura pelo tabelião: possibilidade, tanto ao testador quanto às testemunhas, que há 
coincidência entre a vontade do testador e o que foi registrado; 
 Testemunhas presentes do início ao fim (art. 1.864, II, CC – “a um só tempo”); 
22 
 
 Número de testemunhas (2) não pode ser reduzido. Pode ser aumentado (não podem 
testemunhar: art. 228, CC); 
 Ver art. 1.866, CC → indivíduo inteiramente surdo; 
 Ver art. 1.867, CC → dupla leitura do testamento feito pelo cego; 
 Analfabeto só tem a forma pública; 
 Também não tem a forma pública os mudos e os surdos-mudos, já que não podem 
fazer declarações orais. 
 
- Podem testar na forma pública: 
a) Surdos (não mudos); 
b) Analfabetos (art. 1.865, CC); 
c) Alfabetizados (art. 1.865, CC); 
d) Cegos (art. 1.867, CC) 
 
* Art. 1.864, III, CC: data e assinatura: 
 Não constitui nulidade assinatura a rogo por terceira pessoa; 
 Se o testador falecer antes de assinar o testamento não terá existido; 
 A morte de uma das testemunhas depois de assinado o testamento pelo testador não o 
invalida. Deve o tabelião certificar o ocorrido e a participação das testemunhas durante 
todo o ato; 
- Registro: sujeita o testamento às formalidades processuais (ver art. 1.128, CPC); 
- Observação: capacidade se discute em processo separado, no procedimento de registro se 
discute apenas as questões formais. 
 
2) Testamento Cerrado: 
- Escrito pelo próprio testador ou por alguém a seu rogo, assinado pelo testador, com caráter 
sigiloso, completado pelo instrumento de aprovação/autenticação lavrado pelo tabelião ou por 
substituto, em presença do testador e duas testemunhas; 
* Mantém em segredo a declaração de vontade do testador, pois em regra só este conhece seu 
teor. Nem o oficial nem as testemunhas tomam conhecimento das disposições. Elas 
acompanham somente o ato de aprovação/autenticação. 
 
19/06/2013 
Requisitos do testamento cerrado 
23 
 
 
- Só tem eficácia após o auto de aprovação lavrado por tabelião, na presença de duas 
testemunhas; 
a) Cédula testamentária: 
- O testamento cerrado compõe-se de duas partes: a cédula testamentária (escritura particular) 
e o auto de aprovação (instrumento público), lavrado pelo tabelião; 
- A assinatura do testador é obrigatória. A escritura pode ser feita a rogo, até mesmo pelo 
próprio tabelião; 
* Ver art. 1.801, I, CC → proibidos de escrever a rogo: herdeiro instituído, legatário, cônjuge, 
etc. O próprio tabelião pode escrever, a rogo do testador, podendo depois lavrar o auto de 
aprovação; 
- Quem não sabe ou não pode ler não tem a via cerrada; 
- Admite feitura em língua nacional ou estrangeira (exceto o auto) → art. 1.871, CC. 
 
b) Ato de entrega do testamento cerrado: 
- De posse da cédula escrita o testador deve entrega-la, assinada, ao tabelião, em presença de 
duas testemunhas; 
- A entrega é ato personalíssimo do testador, não se admitindo a utilização de portador, 
mandatário ou representante; 
- Deve o testador afirmar ao tabelião que se trata de disposição de última vontade e deseja 
aprovação, ato presenciado pelas testemunhas. 
 
c) Auto de aprovação: 
- Deve o tabelião confirmar que o testamento lhe foi entregue para ser aprovado, na presença 
de duas testemunhas (art. 1.869, CC); 
- A data do testamento cerrado é a data da aprovação. 
 
d) Cerramento: 
- É a última fase, em que, segundo a tradição, o tabelião, estando a cédula dobrada, costura-a 
com cinco pontos retrós (fio tecido) e lança pingos de lacre sobre cada um deles; 
- Após isso o testamento só será aberto em juízo. Se for aberto antes: revogação de testamento 
cerrado; 
- Exige-se que a abertura tenha sido feita com o consentimento do testador → alguns 
defendem que se não há o consentimento do testador, ainda se poderia salvar o testamento; 
24 
 
- Abertura e registro: art. 1.875, CC. 
 
Testamento Particular 
 
- É ato de disposição de última vontade escrito de próprio punho (hológrafo), ou mediante 
processo mecânico, assinado pelo testador e lido por este a três testemunhas, que o 
subscreverão (assinarão), com a obrigação de, depois da morte do testador, confirmar sua 
autenticidade; 
** desnecessidade da figura do tabelião; 
- Forma menos segura de testar, pois depende de confirmação em juízo, pelas testemunhas, 
após a morte do disponente; 
- Basta que apenas uma das testemunhas o reconheça; se as outras duas faltarem, por 
morte ou ausência, poderá ser confirmado, o que vai depender do convencimento do juiz 
(art. 1.878, parágrafo único, CC); 
 
Requisitos do testamento particular 
 
a) Escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico; 
b) Deve ser lido e assinado por quem escreveu, na presença de três testemunhas (não 
podem ser menores de 16 anos, etc., art. 228, CC), que o subscreverão; 
- Observação: 
1. Se não possui as mãos e os dedos pode a pessoa validamente valer-se dos dedos dos pés ou 
da boca, se souber como utilizá-los. *atividade gráfica pessoal da pessoa; 
2. As testemunhas devem estar presentes no momento da leitura, em nenhum momento mais é 
necessário; 
3. Pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas o compreendam (art. 
1.880, CC). 
 
Publicação e confirmação 
 
- As formalidades do testamento hológrafo devem existir e ser apuradas na elaboração e na 
execução do testamento, após o falecimento do disponente; 
 A execução (publicação e confirmação) é judicial (art. 1.877, CC): 
25 
 
1. As três testemunhas serão inquiridas em juízo. Basta que uma reconheça sua 
autenticidade; 
2. O interessado (herdeiro, legatário, testamenteiro) deve requerer a notificação dos 
herdeiros legítimos para que acompanhem a inquirição das testemunhas (autenticidade 
da assinatura; teor das disposições; se o testamento foi lido em sua presença; se o 
testador estava em condições de testar). 
 
Testamento particular em circunstâncias excepcionais 
 
- Art. 1.879, CC → “em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula testamentária, o 
testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador sem testemunhas poderá ser 
confirmado, a critério do juiz”; 
- Exemplos: 
a) Testador em lugar isolado, perdido; 
b) Ocorrência de calamidade (terremoto, inundação, epidemia); 
c) Achar-se o testador em risco iminente de vida. 
** este testamento não caduca com a sobrevivência do testador. 
 
Testamentos Especiais 
 
1. Testamento marítimo: 
- Art. 1.888, CC → “quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou 
mercante, pode testar perante o comandante, em presença de duas testemunhas, por forma que 
corresponda ao testamento será feito no diário de bordo”; 
- Pode ser elaborado por passageiros e tripulantes, nas viagens em alto mar e em viagem 
fluvial ou lacustre, especialmente em lagos ou rios de grande dimensão. 
** isso tudo diante do surgimento de algum risco de vida e da impossibilidade de 
desembarque em algum porto onde o disponente possa testar na forma ordinária (art. 
1.892, CC); 
- Cuidar o art. 1.891, CC: se o testador não morrer em viagem nem nos 90 diassubsequentes 
ao seu desembarque em terra, onde possa fazer testamento sob a forma ordinária, o testamento 
marítimo caducará. 
 
Requisitos 
26 
 
 
- Viagem em navio nacional, de guerra ou mercante, ainda que em água de outros países; 
- Testador a bordo do navio; 
- Registro da cédula testamentária no diário de bordo; 
- Testamento sob a guarda do comandante, que o entregará às autoridades do primeiro porto 
nacional (art. 1.890, CC); 
- Forma → público (lavrado pelo comandante, etc.) ou cerrado (pelo próprio testador, que o 
entregará, etc.); 
 
2. Testamento Aeronáutico: 
- Art. 1.889, CC → “quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode 
testar perante pessoa designada pelo comandante, observado o disposto no artigo 
antecedente”; 
- Voos transcontinentais, de percurso longo, em caso de doença ou indisposição súbita e 
iminência de morte próxima; 
- Forma e requisitos: os mesmos do marítimo, correspondendo ao testamento público ou 
cerrado. 
 
3. Testamento Militar: 
- Elaborado por militar e outras pessoas a serviço das forças armadas em campanha como 
médicos, enfermeiros, engenheiros, etc., que estejam participando de operações de guerra, 
dentro ou fora do país (ver artigo 1.893); 
- Requisitos: 
a) Força em campanha, mobilizada para a guerra; 
b) Disponente participando da guerra; 
c) Situação de perigo real; 
d) Sem tabelionato. 
- Forma: testamento público, testamento cerrado e nuncupativo. 
- Nuncupativo: feito de viva voz, perante duas testemunhas, por pessoas empenhadas em 
combates ou feridas. Após a morte do testador o testamento deve ser apresentado em juízo, 
reduzido a termo pelas testemunhas, que serão inquiridas (ver artigo 1.134, 1°, III,CC); Tem 
Caducidade (art. 1.895, CC). 
 
26/06/2013 
27 
 
Procedimento de Inventario e Partilha 
 
- Artigo 982 a 1.028, CPC; 
- Inventariar → levantar, procurar; 
- Partilha → dividir; 
- Pode ser Extrajudicial → pressupõe partilha amigável, capacidade dos envolvidos 
(herdeiros) e presença do advogado; 
- Judicial → Cada herdeiro recebe um Formal de Partilha, documento assinado pelo juiz, que 
dá o direito de passar para o nome do herdeiro. 
 Aqui temos dois tipos: 
a) Clássico (Ordinário, Tradicional): igual ao do roteiro; 
b) Arrolamento: seguir o roteiro a partir deste título. 
- Saisine → Se tem o Monte, ou seja, o Espólio (sem personalidade jurídica, mas com 
personalidade judiciária, pelo fato de poder ser autor e réu numa ação), morrendo na partilha 
ou na adjudicação (quando se tem um herdeiro); 
- Autor da herança = de cujus; 
- É um procedimento especial, uma vez que esta no livro IV do CPC; 
- Bom livro → Adroaldo Furtado Fabricio, tomo 8, de Comentários ao processo civil; 
- A incompetência relativa não gera a extinção, fora os casos do JEC (art. 51, III, lei 9.099). 
Somente pode acontecer duas coisas, ou continua a ação ou alguém entra com a exceção de 
incompetência e se troca o foro competente; 
- As ações do art. 96 do CPC são pessoais, já as do art. 95 do CPC são reais; 
- O inventariante pode sonegar (art. 994, CPC), bem como o herdeiro. Vê-se este ato pelo 
inventariante pela não declaração no início. Já em relação ao herdeiro, ocorre quando este não 
se manifestar quanto ao recebimento adiantado de algo que o de cujus em vida lhe cedeu. Para 
quem for considerado sonegador tem uma pena, para o inventariante é a perda do cargo, já 
para o herdeiro é a perda do bem recebido antes, porém é feito pela ação de sonegados; 
- O credor deve entrar até a partilha; 
 
03/07/2013 
- Há três ações para se desfazer partilha transitada em julgado: 
 * Ação Anulatória (art. 1.029, parágrafo único, CPC) → prazo de 1 ano; 
 * Ação Rescisória → prazo de 2 anos (art. 485 e seguintes, + art. 1.030, CPC); 
28 
 
 * Ação de Petição de Herança → prazo de 10 anos (construção jurisprudencial) a 
contar do óbito (súmula 149, STF), fora nos casos que se tenha investigação de paternidade, 
se conta a partir da sentença desta ação; 
- A partilha judicial ou julgada por sentença se rescinde, já nas partilhas amigáveis se anula; 
- Quem preteriu o herdeiro foi a partilha, ou seja, somente deixou de ser contemplado na 
partilha e não no inventário, logo, ele já era parte. Caso alguém tenha sido preterido em tudo, 
cabe Ação de Petição de Herança; 
- 70046290870 → ação do RS; 
 
Codicilos 
 
- É um ato de última vontade destinado a disposições de pequeno valor ou recomendações 
para serem atendidas e cumpridas após a morte; 
* CODICILO = epístola; pequena carta; 
**o fato é que se parece com testamento, mas não é. 
- art. 1.881. CC: “Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado 
e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a 
certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim 
como legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal.”→ olhar. Não é 
exigido testemunha; 
- Objeto inferior ao do testamento; 
- Não é meio idôneo para instituir herdeiro ou legatário, efetuar deserdações, legar imóveis ou 
fazer disposições patrimoniais de valor considerável; 
* Além das possibilidades já previstas no art. 1.881, CC: nomear ou substituir testamenteiro 
(art. 1.883, CC); reabilitar indigno (art. 1.818, CC); destinar verbas para o sufrágio (piedade) 
da alma (art. 1.998, CC); reconhecer filho havido fora do matrimônio (art. 1.609, II, CC); 
** Critério da patrimonialidade: tem-se admitido a liberdade pelo codicilo quando não 
ultrapassar 10% do acervo hereditário. 
 
Codicilo Imódico 
 
- Quando as disposições do codicilo parecerem exageradas (codicilo imódico) ao juiz, alguns 
doutrinadores sustentam que este poderá, ao invés de anular todo o ato, reduzi-lo 
proporcionalmente ao ideário dos codicilos. 
29 
 
 
Requisitos do Codicilo 
 
- Art. 1.881, CC: capaz de testar, capaz de realizar codicilo; 
- Forma: holográfica simplificada – cédula deve ser totalmente escrita, datada e assinada pelo 
autor; por isso o disponente tem de saber e poder escrever; 
- Não se admite escrita ou assinatura a rogo; 
- Pode ser feito de forma pública ou cerrada (daí seguir as formalidades dessas modalidades 
testamentárias); 
 
Espécie de Codicilos 
 
- Pode ser um ato autônomo ou complementar do testamento; 
- Regra geral: Havendo testamento posterior, que não confirma ou modifica o codicilo, este 
se considera revogado (art. 1.884, CC). 
 
Revogação do Codicilo 
 
- A revogação do codicilo pode ser expressa ou tácita; 
- É expressa quando revogado por outro codicilo ou por testamento com a intenção de revoga-
lo; 
- É tácita quando se dá pela elaboração de testamento posterior, de qualquer natureza, sem 
confirma-lo ou modifica-lo; 
* Testamento revoga codicilo, codicilo não revoga testamento; 
- Segundo Zeno Veloso, Pontes de Miranda: 
* se o codicilo posterior ao testamento regula matéria inerente ao seu conteúdo possível (art. 
1.881, CC), revoga o que, sobre o mesmo assunto, ditava o testamento. Se, por exemplo, o 
testador lega seu relógio de pequeno valor a um amigo, e depois em codicilo, deixa o mesmo 
relógio ao sobrinho, é este quem ficará com o relógio; 
- Exceção do Codicilo: da mesma forma que o testamento particular. 
 
Revogação dos Testamentos 
 
30 
 
- A revogação, o rompimento, a caducidade e a nulidade são as causas que obstam a que o 
testamento produza seus efeitos jurídicos; 
** REVOGAÇÂO: é um ato consciente do testador para tornar o testamento sem efeitos. 
- Forma: segundo o art. 1.969, CC, o testamento pode ser revogado pelo mesmo modo eforma como pode ser feito. Logo, a forma da revogação não precisa ser a mesma do 
testamento; 
- Quanto a sua extensão, a revogação pode ser total ou parcial (quando atinge somente 
algumas cláusulas); 
- O simples fato de existir um testamento posterior não significa que está revogando o 
anterior. Podem ambos coexistir. 
* A revogação pode ser Expressa, Tácita ou Presumida. 
- Expressa: só se dá por um novo testamento. Não se dá por escritura pública ou declaração 
verbal; 
- Tácita: quando o testador não declara que revoga o testamento anterior, mas há 
incompatibilidade entre as disposições de um e de outro; 
- Observações: 
* Testamento com a mesma data e incompatíveis → a solução é haver-se por não escritos em 
ambas as disposições contraditórias; 
* Decretada a separação judicial, fica sem efeito o testamento pelo qual um dos cônjuges 
beneficiou o outro, salvo se mantida relação de amizade; 
* (contendo revogação tácita): também ocorre nos casos de dilaceração. 
- Presumida: também chamada de ruptura; dá-se com a superveniência de descendentes 
sucessível; 
- Observações: 
* Para anular o anterior, o testamento posterior tem que ser válido. Todavia, revogará se o 
testamento posterior vier a caducar por exclusão, incapacidade, renúncia ou pré-morte do 
herdeiro nomeado (art. 1.971, CC); 
* Revogação do testamento revogatório: repristina o revogado? Só se o novo assim o 
dispuser. 
 
Revogação presumida 
 
- Do rompimento do testamento: 
31 
 
* art. 1.973, CC: sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não tinha ou não o 
conhecia quando testou, rompeu-se o testamento em todas as suas disposições, se esse 
descendente sobrevier ao testador; 
** a superveniência de descendente sucessível 
 
10/07/2013 
Dos Legados 
 
- Legado é coisa certa determinada deixada a alguém, denominado legatário, em testamento 
ou codicilo. Difere da herança, que é a totalidade ou parte ideal do patrimônio do de cujus. 
* Os legados são peculiares à sucessão testamentária. Inexiste legado fora de testamento. 
- Qualquer pessoa, parente ou não, natural ou jurídica, pode ser contemplada com um legado, 
que pode ter como objeto: coisas corpóreas (imóveis, móveis, semoventes); bens 
incorpóreos (títulos, ações, direitos); alimentos, créditos, dívidas, etc.; 
*O objeto deve ser lícito e possível. 
- Legado atribuído a herdeiro legítimo: pré-legado ou legado precípuo; 
- Herdeiro encarregado de cumprir o legado: onerado (quem paga); 
- Mesmo legado a vários beneficiados: Colegatários. Direito de acrescer → significa que o 
testador deixou algo para duas pessoas sem dizer a fração ou porcentagem para cada um, logo, 
se um dos legatários morrer antes da passagem da coisa, tudo fica para o outro. 
 
Classificação dos legados 
 
1. Legado das Coisas: 
1.1. Legado de coisa alheia: 
- É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da 
sucessão (art. 1.912, CC); 
* Ineficácia somente do legado, não de todo o testamento; 
** Valerá o legado se, posteriormente à confecção do testamento, for adquirida pelo testador, 
desde que antes da abertura da sucessão. 
- O art. 1.912, CC comporta duas exceções: 
a) Quando se trata de legado de coisa do herdeiro ou legatário: 
32 
 
 - Configura-se a hipótese quando o testador ordena que o herdeiro ou legatário 
entregue coisa de sua propriedade a outrem, sob pena de entender-se "que renunciou a 
herança ou o legado" (art. 1.913, CC); 
 * Trata-se de uma condição: o beneficiário só receberá a herança ou o legado se 
entregar a coisa de sua propriedade. O terceiro gratificado chama-se sublegatário, e sublegado 
o bem a ser-lhe entregue, pelo herdeiro ou legatário, por determinação do testador; 
 ** Aquele que cumprir com a disposição, entregando coisa sua, terá direito de 
regresso contra os coerdeiros, pela quota de cada um, salvo disposição em contrário do 
testador (art. 1.935, CC). Cobrará a cada um deles, proporcionalmente o valor da coisa 
entregue. 
 
b) Quando há legado de coisa que se determine pelo gênero ou espécie: 
 - Trata-se de legado de coisa genérica (ex.: sacos de café); 
 * cuidar art. 1.915, CC: "deve ser cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os 
bens deixados pelo testador"; 
 ** Fica evidente que uma deixa dessa natureza significa que o testador quer atribuir 
um encargo a alguém (ex.: um cavalo). Caberá ao testamento comprar um, com recursos do 
espólio, a fim de satisfazer a disposição testamentária. 
 
1.2. Legado de coisa comum: 
- Se a coisa legada for comum, pertencendo somente em parte ao testador, só em parte valerá 
o legado. No restante será alheia e, portanto, ineficaz (art. 1.914, CC). 
 
1.3. Legado de coisa singularizada e de coisa localizada: 
- Localizada (art. 1.917, CC): a validade do legado depende da não remoção da coisa (ex.: 
móveis em determinado cômodo); 
- Coisa singularizada (art. 1.916, CC): se o testador especificar a coisa por suas 
características, singularizando-a, individualizando-a dentre todas as do mesmo gênero (ex.: 
determinado quadro), só terá eficácia o legado se a coisa for encontrada ou pertencer ao 
de cujus ao tempo da morte. Se ainda existir, mas em quantidade inferior à do legado, este 
só será eficaz quanto à parte existente. 
** Para se proteger as coisas, sendo qualquer coisa, que se possui, é usado a ação cautelar de 
arrolamento, que serve para identificar estas coisas. 
 
33 
 
Legado de Crédito 
 
- Pode o legado ter por objeto um crédito ou quitação de uma dívida, "tendo eficácia somente 
até a importância desta ou daquela ao tempo da morte do testador" (art. 1.918, CC); 
* este legado se cumpre entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo. 
- No legado de crédito, o devedor é terceiro, caracterizando-se verdadeira cessão, em que o 
legatário substitui o testador (primitivo credor), podendo assim fazer a cobrança; 
- Se o devedor for o próprio legatário, o legado será de quitação de dívida, operando-se 
autêntica remição; 
* Cuidar §1°, do art. 1.918, CC: esse legado não compreende as dívidas posteriores à data 
do testamento. 
** Testador devedor (art. 1.919, CC): não declarando expressamente o testador, não se 
reputará a compensação de sua dívida o legado que ele faça ao credor. 
 
Legado de Alimentos 
 
- Art. 1.920, CC: "o legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, 
enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor"; 
- Quem fixa o valor da pensão é o testador. Se não fizer, a tarefa cabe ao juiz, que agirá 
levando em conta as forças de herança; 
- Os alimentos podem ser legados in natura ou em dinheiro. Assim, pode o testador 
determinar a um herdeiro que forneça a hospedagem e sustento ao gratificado; 
- Se não houve disposição expressa quanto ao período que abrange o legado de alimentos, 
entende-se que são vitalícios; 
- Este legado sai de uma parte da herança, onerando alguém a cumpri-lo. 
 
Legado de Usufruto 
 
- Art. 1.921, CC: o sistema prevê o legado de usufruto, ou seja, o direito real de usar a coisa 
pertencente à outrem e perceber-lhe os frutos. O referido artigo declara que nesse caso, 
entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida - vitalício (salvo se fixado tempo); 
* se o legatário é pessoa jurídica, o legado de usufruto, se o testador não determinou tempo, 
perdurará por 30 anos, a não ser que antes ocorra a extinção da PJ (art. 1.410, III, CC); 
** Com a morte do legatário consolida-se o domínio do nu-proprietário. 
34 
 
 
Legado de Imóvel 
 
- Art. 1.922, CC: "se aquele que legar um imóvel lhe juntar depois novas aquisições, estas, 
ainda que contíguas,não se compreendem no legado, salvo disposição expressa do testador. 
Parágrafo único: não se aplicam neste artigo as benfeitorias necessárias, úteis ou 
voluptuárias". 
* O princípio adotado é que o legado de imóvel abrange a coisa com os acessórios. Só não se 
compreendem neles as ampliações ou acréscimos externos ao imóvel não classificados como 
benfeitorias; 
** Acessões: não estão incluídas. 
 
O legado e a propriedade/posse da coisa 
 
- Se com a saisine o herdeiro (legítimo ou testamentário), aberta a sucessão, adquire desde 
logo a propriedade/posse dos bens da herança, com o legatário é diferente; 
* Ele adquire apenas a propriedade de coisa certa, existente no acervo. Se a coisa é incerta, 
fungível, só adquirirá na partilha. E no que tange à posse, a abertura da sucessão confere ao 
legatário apenas o direito de pedi-la aos herdeiros instituídos, não podendo obtê-la por sua 
autoridade; 
** Em resumo: quanto ao domínio da coisa legada, o legatário a adquire na abertura da 
sucessão, se a coisa for infungível. No mais, a aquisição fica subordinada à partilha, o que 
também ocorre com a posse. 
 
Cumprimento do legado 
 
- O herdeiro não é obrigado a cumprir desde logo o legado, antes de verificar se o espólio é 
solvente. Isso porque se o passivo absorver integralmente, podem os legatários ser obrigados a 
concorrer para os resgate dos débitos; 
- O pedido de entrega do legado deve ser formulado no inventário. Se todos concordarem, 
poderá ser deferido desde logo. Se a coisa legada se encontra em poder de terceiro, contra este 
cabe ação reivindicatória. Havendo discordância, o legatário espera até a partilha; 
- Geralmente quem cumpre o legado é o testamenteiro ou inventariante. 
 
35 
 
Legado condicional, a termo ou modal 
 
- Legado sob condição suspensiva: o legatário só pode reclamar a coisa após o implemento 
da condição. Antes possui apenas expectativa de direito. Se o legatário falecer antes, caduca o 
legado; 
- Legado a termo: só poderá ser reclamado após o dies ad quo; 
- Legado modal ou com encargo: sujeita o legatário ao cumprimento do encargo. 
 
Efeito dos Legados 
 
a) Frutos da coisa legada: os frutos da coisa legada pertencem ao legatário desde a abertura 
da sucessão (exceto no legado condicional, termo ou modal) - art. 1.923, §2°, CC; 
* O legado em dinheiro só vence juros no dia em que for constituída em mora a pessoa 
obrigada a prestá-lo (art. 1.925, CC). Somente após o legatário interpelar o testamenteiro ou 
inventariante. 
b) Legado de renda ou pensão periódica: art. 1.926, CC - "se o legado consistir em renda 
vitalícia ou pensão periódica, esta ou aquela ocorrerá da morte do testador". Isso significa que 
embora o legatário atrase um ou dois anos para pedir a entrega do legado, terá direito a 
receber a renda/pensão desde a morte do testador; 
* Só se deve cuidar o prazo prescricional de 3 anos (art. 206, §3°, II, CC). 
- Art. 1.927, CC: a prestação periódica é devida por inteiro desde o 1° dia de cada período. 
Assim, no dia do falecimento do testador o legatário tem direito a toda a pensão relativa ao 
primeiro período, que pode ser mensal ou anual. O pagamento contudo, só pode ser 
exigido no final de cada período (art. 1.928, CC), salvo no caso de alimentos, que se paga 
no começo. 
c) Legado de coisa incerta: limitando-se e legando a gênero e espécie, o herdeiro (devedor) 
"tocará escolhê-lo, guardando, porém, o meio-termo entre as congêneres da melhor e pior 
qualidade" (art. 1.929, CC). O mesmo se aplica quando a escolha da coisa for deixada ao 
arbítrio de terceiro (art. 1.930, CC). 
d) Legado alternativo: é aquele que tem por objeto uma coisa ou outra, dentre as quais uma 
deverá ser entregue ao legatário. A opção cabe ao herdeiro, por ser devedor (art. 1.933, CC); 
* as despesas (recolhimento de imposto; riscos da entrega) ficam por conta do legatário (art. 
1.936, CC). 
 
36 
 
Caducidade dos legados 
 
- O legado pode deixar de produzir efeitos já mencionados em razão da nulidade do 
testamento ou ineficácia decorrente da revogação ou caducidade; 
* a caducidade é uma forma de ineficácia por causa ulterior à disposição testamentária. 
- Tais causas são de ordem objetiva ou subjetiva. Em qualquer caso o legado retornará à 
massa hereditária; 
 
1) causas objetivas 
1.1) Modificações substancial da coisa legada 
- art. 1.939, I, CC: o legado caducará se, depois de haver elaborado o testamento, o testador 
modificar a coisa legada a ponto de não mais ter a forma nem lhe caber a denominação que 
tinha (ex.: transformar mobília em lenha); 
- As transformações, ainda que radicais, feitas por terceiros à revelia do testador, ou 
acidentais, decorrentes de caso fortuito ou força maior, como derretimento de ouro ou prata 
num incêndio, não acarretam a caducidade; 
* Não caduca o legado de um terreno sob o qual posteriormente ao testamento o testador 
levantou construção. 
 
1.2) alienação da coisa legada 
- A alienação da coisa legada, pelo testador, por qualquer título, no todo ou em parte, 
produzirá a caducidade do legado, até onde ela deixar de pertencer ao testador (art. 1.939, II, 
CC); 
* alienação ao próprio legatário: se gratuita, caducará o legado. Se onerosa, há corrente que 
sustenta que o legatário tem direito a receber o preço que pagou pela coisa. 
 
1.3) Perecimento ou evicção da coisa legada 
- Art. 1.939, III, CC: Olhar o artigo. Se a coisa se perder por culpa do herdeiro ou de outra 
pessoa incumbida do cumprimento do legado, o beneficiário estará autorizado a postular o 
ressarcimento. 
 
2) Causas Subjetivas 
2.1) Indignidade do legatário (art. 1.939, IV, CC) 
37 
 
- O fato que dá origem à indignidade tem que ter ocorrido após o testamento. Se for anterior, 
o legado implica em perdão tácito do legatário (art. 1.818, § único); 
2.2) Pré-morte do legatário; 
2.3) Renuncia do legatário; 
2.4) Morte do legatário antes do implemento da condição; 
2.5) Incapacidade do legatário/falta de legitimidade. 
 
17/07/2013 
 
Das Colações 
 
- É o ato pelo qual os herdeiros descendentes declaram no inventário as doações que 
receberam do de cujus, quando vivo, sob pena de sonegação. O objetivo é igualar as 
legítimas; 
*Colação - collatio - conferir. 
- Observações: Ação de sonegados: 
* art. 1.994, CC: questões de alta indagação; 
* Proposta por qualquer herdeiro, pelo Inventariante ou ainda credor; 
* Prescreve em 10 anos (art. 205, CC), a contar da omissão, ou seja, do momento em que 
deveria ter se pronunciado na partilha, qual seja a manifestação das partes (art. 1.000, CPC); 
* Pena: tem caráter civil e consiste na perda do direito sobre o bem sonegado (perda do que 
recebeu), que é devolvido ao monte-mor e partilhado aos outros herdeiros. 
- Colação se relaciona com doação, onde esta ocorre enquanto vivo o de cujus. O herdeiro que 
recebe a doação (descente, cônjuge ou companheiro); 
- O prazo para ação de sonegação tem divergências, porém a jurisprudência e doutrina 
majoritária diz ser os 10 anos; 
- Todos os herdeiros devem declarar no inventário os bens já recebidos. Na falta disso dá-se a 
sonegação; 
- A declaração da sonegação só pode ocorrer via ação de sonegados. A consequência é a perda 
do bem recebido, não gerando direito de representação aos descendentes; 
- Podem ajuizar a ação os herdeiros e credores da herança. Também o inventariante. A 
fazenda pública não tem legitimidade, se o objetivo for o de cobrar tributos; 
- Com a procedência da ação ocorre a sobrepartilha; 
 
38 
 
a) Estão obrigados tanto os descendentes quanto o cônjuge (art. 544, CC). Para alguns (ver 
Maria Helena Diniz), também ao companheiro.Estes, quando concorrerem com outros 
descendentes. Também os netos, quando representam seus pais na herança do avô (art. 2.009, 
CC) → onde tiver direito de representação tem colação; 
b) O doador pode dispensar o donatário da colação, determinando que a liberalidade saia da 
parte disponível (art. 2.005, CC) - dispensa de colação - o que pode ser no instrumento da 
doação ou por testamento; 
c) Ainda que tenha renunciado à herança, ou dela excluído por indignidade, não se exime o 
herdeiro de repor a parte inoficiosa, com relação às liberalidades do doador (art. 2.008, CC); 
- Quando se doa mais do que é permitido, esta parte se chama de doação inoficiosa; 
d) Importante: a inoficiosidade se afere no momento da doação, com base no patrimônio 
daquela data como se o doador falecesse naquele mesmo dia. Acréscimos posteriores não 
afastam a inoficiosidade; 
e) O que ultrapassa o limite legal deve ser reduzido (arts. 1.966, 1.967 e 1.968, CC); 
f) Direito de representação: quando o herdeiro beneficiado (descendente ou cônjuge) morre 
antes do doador, a obrigação de colacionar transmite-se aos seus descendentes, que o 
representarão na sucessão do doador. Se a doação é de avô para neto, não há necessidade 
de colacionar; 
g) Frutos e rendimentos: os acréscimos recebidos antes da morte do doador pertencem ao 
donatário. Os percebidos depois disso precisam ser trazidos à colação (art. 2.020, CC); 
h) Doações Indiretas (simulações): se comprovadas, precisam ser colacionadas também; 
i) Se o herdeiro não mais possuir o bem, deve colacionar o valor correspondente, calculado à 
época da liberalidade (teoria da estimação), ou seja, quanto valia no momento da doação. No 
caso de perecimento culposo também; 
 
Cálculo da Colação 
 
- A colação tem a finalidade de verificar se as liberalidades feitas pelo autor da herança 
obedeceram o limite legal: a metade dos bens de quem possui herdeiros necessários; 
- O valor dos bens é calculado à época da liberalidade (teoria da estimação); 
* Antes de falar em legítima e em parte disponível, é necessário identificar a dimensão da 
herança. Para isso, é preciso excluir do acervo as dívidas do falecido e encargos do espólio. 
Atribui-se aos herdeiros a herança líquida (ativo menos passivo). 
39 
 
- Caso o falecido tenha feito doação em vida a algum descendente principalmente, é preciso 
conferir se houve excesso ou não; 
- Isso passa pelo cálculo da legítima: geralmente, basta dividir ao meio o acervo, em havendo 
herdeiros necessários. Todavia, se houve adiantamento (doação a descendente, cônjuge ou 
companheiro): nesse caso, levam-se em consideração a herança líquida, que é dividida em 
duas partes. Metade é parte disponível, a outra (legítima), cabe somar tudo que foi doado em 
vida aos herdeiros acima referidos (art. 2.002, parágrafo único, CC). Por isso eles devem 
trazer o que receberam à colação; 
- O resultado encontrado é dividido pelo número de herdeiros daquela classe. Esta operação 
permite identificar se a liberalidade extrapolou o limite, ou seja, se a doação foi inoficiosa. 
Exemplo: Marcos doou em vida à filha Pâmela a quantia de R$ 100.000,00. Nada adiantou 
aos outros dois filhos. Ao falecer, deixou R$ 500.000,00. A parte disponível é de 
R$250.000,00. Para apurar a legítima, deve ser acrescida a doação feita à Pâmela. Logo, o 
valor da legítima é de R$ 350.000,00. Cada filho deve receber R$ 166.666,00. Como doação à 
Pâmela não extrapolou sua quota (legítima), cada um dos dois filhos receberá R$ 166.666,00. 
Pâmela receberá R$ 16.666,00, mais os valores da parte disponível, que somam R$ 
150.000,00. Com isso, cada herdeiro irá receber mais R$ 50.000,00. 
 
Cálculo com doação inoficiosa 
 
- Nesse caso, são duas as situações. Se existir patrimônio suficiente para nivelar o quinhão de 
todos os herdeiros segundo o valor total de um, eleva-se a legítima, beneficiando igualmente 
os demais herdeiros, o que implica na redução da parte disponível. Caso não exista, o 
beneficiado com a doação precisa devolver o que excedeu para eliminar favorecimento. Ou 
devolver, ou paga diferença aos demais; 
- Exemplo: "A" tem três filhos. Quando faleceu tinha um acervo de R$ 500.000,00. Em vida 
doou R$ 200.000,00 ao filho "B". A parte disponível é de R$ 250.000,00. Para apurar a 
legítima soma-se a metade mais a doação (250 mil + 200 mil), chagando-se a R$ 450.000,00. 
Cada herdeiro tem direito a R$ 150.000,00. Veja-se que todos foram favorecidos com a 
liberalidade, pois a legítima aumentou. Como "B" já recebeu R$ 200.000,00, cabe contemplar 
os demais com o valor da diferença, pois existem bens suficientes na parte disponível. Assim, 
"B" nada receberá. Cada um dos demais recebe R$ 200.000,00 (150 mil da legítima e 50 mil 
retirados da parte disponível). A parte disponível, ao final, ficará reduzida a R$ 150.000,00. 
- O herdeiro testamentário recebe o que sobra após a legítima; 
40 
 
 
Redução de Excesso 
 
- Se inexistirem bens na parte disponível para igualar os quinhões, o herdeiro que recebeu a 
doação deve devolver ao acervo o que excedeu ( o bem ou o correspondente em dinheiro) 
(vide art. 2.007, CC). A redução só tem cabimento se o doador (na doação à descendente ou 
cônjuge/companheiro!), ao morrer, não tem bens suficientes que consigam garantir aos 
demais herdeiros o mesmo quinhão. Se houverem outros herdeiros testamentários, estes só 
irão receber o que restar da parte disponível, depois de igualar os quinhões; 
- Exemplo: "A" tem três filhos. Quando faleceu tinha um acervo de R$ 500.000,00. Em vida 
doou um imóvel de R$ 350.000,00 ao filho "B". A parte disponível é de R$ 250.000,00. Para 
apurar a legítima soma-se a metade mais a doação (250 mil +350 mil), chegando-se a R$ 
600.000,00. Cada herdeiro tem direito a R$ 200.000,00. Como o valor da parte disponível é 
de R$ 250.000,00, dividindo esse valor entre os dois herdeiros e somando-se à legítima não há 
como equiparar os quinhões, pois nesse caso cada um só receberia R$ 325.000,00 (250 mil/2 
+ 200 mil = 325 mil). Assim, o excesso recebido por "B" precisa ser devolvido, pois recebeu 
R$ 25.000,00 a mais do que os irmãos (350 mil - 325 mil). Esse montante (25 mil) deve ser 
dividido igualmente entre os três, para que nenhum seja prejudicado. Assim, ao quinhão de 
cada herdeiro (325 mil) deve ser acrescido o valor de R$ 8.333,33. "B" precisa pagar-lhes a 
referida quantia. Ao final, cada um ficará com R$ 333.333,33. 
- ATENÇÂO: Feitas doações várias em momentos distintos, estabelece a lei uma ordem 
cronológica de prioridade. A redução começa pela doação mais recente, depois a anterior, e 
assim sucessivamente, até eliminar a diferença. Somente quando ultrapassado o limite é que 
cabe desconstituir os atos de liberalidade (art. 2.007, §4°, CC). Se todas as doações forem na 
mesma data, a redução cabe ser realizada simultaneamente e proporcionalmente.

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