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Direito Civil - Sucessoes

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Direito Civil – Sucessões 
Professor: Antônio Chagas Casati 
A palavra sucessões no âmbito do Direito possui diversas aplicações, ou seja, sempre que alguém 
substitui diversas aplicações, ou seja, sempre que alguém substitui outra pessoa nos seus direitos 
e deveres, pode se afirmar ter ocorrido uma sucessão. É assim no direito das obrigações, no 
direito empresarial, no direito tributário etc. Entretanto, o Titulo Direito das Sucessões diz 
respeito exclusivamente ao direito hereditário, ou seja, o conjunto de normas e princípios jurídicos 
que disciplina a transmissão do patrimônio de alguém que morreu para seus herdeiros e 
sucessores. 
Sucessão Legítima: é a que se efetiva conforme dispõe a lei distribuindo o patrimônio do falecido 
entre os herdeiros legalmente habilitados. Ocorre sempre que o “de cujus” não deixa 
manifestações de última vontade (testamento). É a sucessão “ab intestato” > In = não, Testato = 
Testamento > Não Testamento. 
Sucessão Testamentária: é aquela em que a transmissão dos bens será efetuada conforme a 
vontade do “De Cujus”, manifestada em vida e desde que o ato (testamento) seja válida. 
Ordem de Vocação Hereditária: É a ordem preferencial estabelecida em lei para chamar os 
herdeiros legítimos, uns em falta dos outros, para receber a herança deixada pelo “De 
Cujus”. Desse modo, tratando-se de ordem preferencial, os herdeiros mais próximos excluem os 
mais remotos. 
 I – Descendentes: 1º, 2º, 3º....grau 
 II – Ascendentes: 1º, 2º, 3º....grau Herdeiros Necessários 
 III – Cônjuge 
 IV - Colaterais até 4º grau 
Herdeiros necessários: são os descendentes ou ascendentes da pessoa que tenciona fazer 
testamento. Assim, havendo herdeiros necessários o autor da herança só poderá dispor no seu 
testamento até metade dos seus bens, parte esta denominada disponível. 
A outra metade, chamada de parte legítima deverá ser reservada aos herdeiros necessários. Desse 
modo, o testamento será ineficaz quanto à parte que ofender a legítima. Essa parte legítima 
equivale a 50% dos bens do testador, do qual os herdeiros necessários não podem ser privados. O 
cálculo da legítima é realizado no momento de abertura da sucessão. 
Este percentual é calculado sobre a herança liquida, ou seja, após a quitação das dívidas e a 
despesa como funeral. 
Obs.: Caso não tenha herdeiros necessários, no testamento, o de cujus poderá deixar 100% os 
bens para qualquer pessoa. 
Legado: é o bem individualizado e caracterizado deixado por testamento a um beneficiário que se 
denomina legatário. 
Herança: é o porcentual de patrimônio do De Cujus que caberá ao herdeiro legítimo ou 
testamentário (instituído) 
Obs.: o legatário recebe a título singular e o herdeiro recebe a titulo universal, valendo dizer que 
o primeiro não tem responsabilidade quanto às dívidas do De Cujus, já os herdeiros têm essa 
responsabilidade, na medida em que será descontado de suas cotas o valor suficiente para 
cumprir com as obrigações deixadas pelo De Cujus. 
Abertura da Sucessão: é o momento da morte de alguém. Nesse exato instante, a propriedade e a 
posse dos bens da herança são transmitidas para os herdeiros, independentes de prática de 
qualquer ato. 
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos 
bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: 
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for 
atribuída ao filho; 
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que 
couber a cada um daqueles; 
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; 
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. 
 
a) Antes: Quando um dos cônjuges possuir, antes de constituído a União Estável, patrimônio 
particular, se este viesse a óbito: 
a. Com descendentes vivos: 25% dos bens eram dados como usufruto para o 
companheiro 
b. Se a herança fosse para os ascendentes, 50% do patrimônio era dado como 
usufruto para o companheiro. 
c. Se não existissem descendentes ou ascendentes, todo o patrimônio iria para o 
companheiro. 
b) CC atual: de acordo com o caput do art. 1.790, o companheiro só participará da herança 
caso haja patrimônio comum, adquirido onerosamente durante a constância da União 
Estável. Deste modo, os bens particulares do de cujus não integram a herança do 
companheiro sobrevivente. 
a. I – quando o casal possuir filhos entre eles, o cônjuge também irá participar da 
partilha, em cota igual aos descendentes (por cabeça). 
b. II – Se o falecido possuir filho de outra pessoa, o cônjuge irá receber metade do que 
receber cada um dos filhos. Exemplo: 40 – 40 – 20. 
c. III – Se o companheiro concorrer com os outros herdeiros (ascendentes, colaterais 
até o 4º grau), o companheiro recebe 1/3 de toda a herança. 
d. IV – Se não houver nenhum outro descendente, o companheiro recebe tudo, mas 
somente a parte comum dos bens, dos particulares não. Esses bens particulares 
irão para o Município (art. 1.844). 
e. ***** Quando houver filhos comuns e não comuns, o companheiro irá receber 
proporcionalmente a cada tipo (mesmo valor dos que forem bilaterais e metade 
dos unilaterais). 
 
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. 
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da 
herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. 
 
Como já visto, a herança transmite-se ao herdeiro desde o óbito do De Cujus. O espólio é formado 
tanto pelo ativo como pelo passivo do de cujus, ou seja, pelos bens que ele possui, bem como as 
dívidas por ele contraídas. Até o momento da partilha, o espólio deve ser visto como um todo, não 
individualizado, embora cada descendente tenha direito sobre o espólio. 
Para vender algum bem, para ou pagar as contas do inventário ou necessidades especiais, deve ser 
autorizado pelo juiz. 
Enquanto não expedido o formal de partilha, o espólio regula-se pelas regras do condomínio. 
 
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-
lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demonstrando o 
valor dos bens herdados. 
 
Embora o espólio responda totalmente pelas dívidas, cada herdeiro só responde pela cota parte 
de sua herança “intra vires hereditatis. Nunca o herdeiro terá que retirar do seu patrimônio 
particular para honrar com a dívida do espólio. 
 
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, 
pode ser objeto de cessão por escritura pública. 
§ 1.º Os direitos, conferidos ao herdeiro em consequência de substituição ou de direito de 
acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente. 
§ 2.º É ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da 
herança considerado singularmente. 
§ 3.º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer 
herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade. 
 
Os herdeiros não podem, de modo algum, vender a sua parte na herança, enquanto o autor da 
herança estiver vivo (art. 426). Não existe herança de pessoa viva, chamado tal instituto de pacta corvina. 
Uma vez ocorrido o óbito, pode o herdeiro vender a sua parte da herança a terceiro, pois ela é 
passível de cessão por escritura pública (Cessão de direito hereditário), não elaborada assim, é nula de 
pleno direito. Ela poderá ser tanto onerosa como gratuita, neste ultimo caso uma doação. 
Obs.: Pode ser, através de doação legítima, o dono das coisas (futuro de cujus) dar a parte de cada herdeiro 
durante a vida. 
Direito de Acrescer (§1): quando um dos herdeiros renunciar a sua parte, a sua cota é divida entre 
os restantes. Se ao herdeiro que fez cessão de sua parte(renunciante) depois é abrangido pelo direito de 
acrescer (acréscimo em sua cota hereditária), em regra, ela não faz parte da cessão, salvo se o contrato de 
cessão de direito hereditário dispuser que sim. 
§2º: não pode a cessão hereditária versar sobre bem específico do espólio, sem a autorização do 
juiz. Sempre antes de oferecer os direitos sobre a herança, o herdeiro deve oferecer primeiro para os 
outros herdeiros (preferência advinda da característica de condomínio). 
Art. 1.794. O coerdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à 
sucessão, se outro coerdeiro a quiser, tanto por tanto. 
 
Pelo mesmo preço, o coerdeiro tem preferencia, quando o cedente oferecer a sua cota para 
pessoa estranha a herança (terceiro). Contudo, segundo a doutrina, não cabe direito de 
preferência quando o cedente oferecer sua cota a outro herdeiro ou ainda que seja a estranho, 
quando estabelecida a cessão hereditária na forma gratuita (doação). 
 
Art. 1.795. O coerdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o 
preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a 
transmissão. 
Parágrafo único. Sendo vários os coerdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá 
o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias. 
 
Esse direito de preferência atribuído aos coerdeiros tem prazo decadencial, qual seja 6 meses (180 
dias). Se dentro dele, fizer o depósito judicial do valor correspondente à cota cedida, a tomará 
para si. 
 
Art. 1.796. No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á 
inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão, 
para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança. 
 
Não aberta à sucessão no prazo estipulado, é gerado uma multa tributária, que deverá ser recolhida em 
conjunto com o ITCMD (4%). Como é o estado que legisla o prazo para a abertura do inventário, o que é em 
SP 60 dias. 
Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, 
sucessivamente: 
I — ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da 
sucessão; 
II — ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um 
nessas condições, ao mais velho; 
III — ao testamenteiro; 
IV — a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos 
antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao 
conhecimento do juiz 
Inventariante é a pessoa responsável por todo o espólio, como também o seu representante legal. 
O inventariante é nomeado pelo juiz, obedecendo a norma do art. 990 do CPC., mas que não é 
absoluta, de modo que, uma vez presente causa justificativa, pode ser alterada. 
Art. 990. O juiz nomeará inventariante: 
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao 
tempo da morte deste; 
II - o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver cônjuge ou 
companheiro sobrevivente ou estes não puderem ser nomeados; 
III - qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administração do espólio; 
IV - o testamenteiro, se lhe foi confiada a administração do espólio ou toda a herança 
estiver distribuída em legados; 
V - o inventariante judicial, se houver; 
VI - pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial. 
 
Até essa nomeação, o artigo enumera as pessoas que se tornam responsáveis pelo espólio. 
DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA (legitimação para poder ser herdeiro) 
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da 
abertura da sucessão. 
 
Para alguém receber a herança, é necessário que a pessoa esteja viva, ou, enquanto nascituro, que 
ele já foi concebido (ovulo fecundado) quando houver a abertura da sucessão (momento da 
morte). O nascituro adquire uma expectativa de sucessão, o que será consolidado com o 
nascimento com vida. Portanto, para que seja considerado herdeiro, o sujeito deve existir no 
momento da abertura da sucessão, mesmo que seja uma vida intrauterina. 
 
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: 
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas 
ao abrir-se a sucessão; 
II - as pessoas jurídicas; 
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de 
fundação. 
 
Exceção à regra geral, uma vez que quando houver testamento, podem os bens serem 
deixados para eventuais filhos ainda não concebidos, ou seja, ainda não existentes (prole 
eventual), também se aplica aos adotados futuramente. Contudo, a pessoa que irá gerar/adotar 
essa suposta prole deve ainda estar viva no momento da abertura da sucessão. 
No testamento, ainda pode ser considerado como legatário Pessoa Jurídica já existente 
(inciso II), ou ainda deixar bens para que seja constituída uma nova Pessoa Jurídica, em regra, 
fundação (III). 
 
Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, 
após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. 
§ 1.º Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o 
testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775. 
§ 2.º Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas 
disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber. 
§ 3.º Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e 
rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador. 
§ 4.º Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro 
esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos 
herdeiros legítimos. 
 
Quando deixado bens para a prole eventual, serão deixados sob os cuidados de alguém, 
que em regra será algum dos genitores do futuro beneficiado pelo testamento. Se essa pessoa não 
possuir capacidade ou o testador assim não o quiser, será nomeado ou um curador ou tutor. 
Não tendo a possibilidade da prole eventual se tornar real, os bens deixados a ela serão 
direcionados aos herdeiros legítimos do testador. 
Nascendo o herdeiro, os bens serão transferidos os bens, como os frutos e rendimentos. 
Na omissão de prazo, essa prole eventual perderá o direito dos bens se, dentro de 2 anos, não for 
concebido, assim, os bens vão para os sucessores legítimos. 
 
 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os 
seus ascendentes e irmãos; 
• Vide art. 1.868 do CC. 
II - as testemunhas do testamento; 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato 
do cônjuge há mais de cinco anos; 
• Vide Súmula 447 do STF. 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim 
como o que fizer ou aprovar o testamento. 
 
Herdeiro: quem recebe um porcentual da herança. Legatário: pessoa que recebe um bem 
individualizado. Quando o a lei diz “concubino”, leia-se amante do testador. Contudo, não haverá 
proibição se o testador era solteiro, divorciado ou separado judicialmente. 
Esse dispositivo legal existe para inibir qualquer favorecimento a essas pessoas, uma vez 
que presentes no momento de elaboração do testamento, podem de alguma maneira interferir na 
sua elaboração e assim angariar vantagens. 
Observando o artigo, a doutrina elenca duas classes de pessoas, sendo uma delas o ativo, 
qual seja o testador, que está impedido de dispor em favor de certas pessoas, e do lado passivo, as 
pessoas não legitimadas a receber os bens. 
 
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a 
suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante 
interpostapessoa. 
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os 
irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. 
 
Uma vez elaborado o testamento a pessoa que não pode suceder, a cláusula que estipula 
tal transmissão é nula, não viciando o testamento todo. Será nula também qualquer simulação 
que vise ludibriar a proibição legal. Não pode também deixar a pessoa interposta (pessoa que de 
algum modo irá retransmitir os bens ao impedido), exceto o filho do amante, que além de receber 
pela sucessão legítima, pode receber também por testamento. 
 
Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador. 
• Vide Súmula 447 do STF. 
 
O artigo vem elucidar que, mesmo o filho da amante (concubina), que em regra é pessoa 
interposta dela, ele tem direito a participar da herança, pois se torna herdeiro necessário por ser 
filho do testador. Tal entendimento é pacificado na súmula 447 do STF 
DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA 
Aceitação é o ato unilateral pelo qual o herdeiro manifesta livremente sua vontade em receber a 
herança que lhe é transmitida. Desse modo, a aceitação apenas confirma o direito que o 
falecimento do de cujus atribuiu ao herdeiro, consolidando-o. 
Renúncia: é o ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita a 
herança a que tem direito, abrindo mão de sua titularidade. Logo, a transmissão da herança ter-
se-á por não verificada uma vez que a renúncia produz efeito ex tunc. 
Tanto a aceitação como a renúncia são irrevogáveis. 
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a 
abertura da sucessão. 
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à 
herança. 
 
Embora a abertura da sucessão se de instantaneamente com a morte, transmitindo desde logo os 
bens aos herdeiros legítimos e testamentários. A aceitação é necessária como forma de ratificação 
da sucessão, porque a transmissão de bens já se operou no momento da morte, contudo, ninguém 
é obrigado a ser herdeiro, deste modo, a aceitação tem sua necessidade. 
Ocorrida a renuncia, os efeitos retroagem até a abertura da sucessão, podendo-se afirmar que ele 
nunca teve a propriedade dos bens. 
 
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando 
tácita, há de resultar tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. 
§ 1.º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os 
meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. 
§ 2.º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos 
demais coherdeiros. 
 
A aceitação pode ser expressa, quando escrita, ou tácita, quando o herdeiro passar a se 
comportar como tal, como por exemplo, pedido de abertura de inventário e etc. 
Não é pelo fato de cuidar do enterro, ou guarda dos bens que se verifica a aceitação, pois 
estes atos estão interligados com os sentimentos do herdeiro, uma questão de dar um tratamento 
digno ao falecido. 
O fato de não querer receber a herança importa em renuncia, desde que não direcionada a 
herdeiro certo, pois assim importa em uma aceitação seguida de doação (gera o recolhimento de 
duas vezes o imposto). 
 
Renúncia abdicativa e transaltiva (§2º): a cessão gratuita, pura e simples feita 
indistintamente a todos os coerdeiros equivale à renúncia, caso em que se tem a renuncia 
abdicativa. Mas se o cedente ceder seu quinhão hereditário em favor de certa pessoa, 
devidamente individualizada, estará aceitando a herança, pois neste caso se teria uma renúncia 
translativa, que na verdade é aceitação por conter dupla declaração de vontade: a de aceitar a 
herança e a de alienar sua cota mediante doação. 
 
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou 
termo judicial. 
 
A renúncia deve ser feita por instrumento público ou declaração perante o juiz, portanto, sempre 
de forma expressa, não existindo na modalidade tácita. 
 
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, 
vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, 
para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. 
 
Para não impedir o andamento da sucessão, as partes podem intimar o herdeiro inerte. 
 
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. 
§ 1.º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, 
aceitando-a, repudiá-los. 
§ 2.º O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob 
títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos 
que renuncia. 
 
Em regra, a manifestação do herdeiro deve ser integral, não pode ele condicionar a sua aceitação 
ou renúncia, contudo, se a ele estiver direcionada a sucessão legítima bem como um legado (parte 
disponível), pode o herdeiro renunciar a um e aceitar o outro, mas sempre em suas integralidades. 
 
Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar 
passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição 
suspensiva, ainda não verificada. 
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde 
que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. 
 
Se o herdeiro falecer antes de se manifestar sobre aceitar ou não a herança a ele concebida, essa 
decisão irá para os seus herdeiros. E se essa condição de herdeiro estiver restringida por algum 
outro acordo, e ele morrer antes dela se cumprir, ele perde sua condição de herdeiro. 
Os herdeiros do herdeiro falecidos só poderão se manifestar sobre a primeira herança se 
aceitarem a segunda, porque a primeira herança faz parte da segunda. Se não aceita a segunda, 
não terão direito da primeira. 
 
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da 
mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente. 
 
Em regra geral, o herdeiro do renunciante não tem direito a participar na sucessão porque a 
renúncia retroage a data de abertura da sucessão, assim, determina-se que ele nunca foi 
considerado como herdeiro, tampouco chamado a sucessão, de modo que a parte que a ele 
caberia, será dividida entre os coerdeiros da mesma classe. Contudo, se o renunciante for o único 
de sua classe, o herdeiro deste pode participar da herança. 
 
Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o 
único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, 
poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça. 
 
Novamente, o artigo estipula que se o herdeiro primário renunciar a sua cota na herança, nenhum 
da segunda classe de herdeiros pode representa-lo na herança. Salvo se o herdeiro primário for o 
único herdeiro na sucessão ou se todos os outros herdeiros primários renunciarem, assim a 
segunda classe toma o lugar da primeira, não representando à primeira, e sim exigindo a herança 
em nome próprio (uma parte igual para cada herdeiro), pois não é mais a representação da 
primeira classe. 
 
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. 
 
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão 
eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. 
§ 1.º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento 
do fato. 
§ 2.º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que 
será devolvido aos demais herdeiros. 
 
Quando o herdeiro utilizar a renuncia para não pagar seus credores, estes podem se habilitarno 
processo e receber os valores devidos, uma vez que por própria estipulação do CC, o devedor 
responde por suas dívidas com seus bens presentes e futuros, assim, como a herança é bem 
futuro, não pode ele dispor dela para intencionalmente inadimplir o seu credor. Se sobrar 
créditos, o restante será dividido entre os outros herdeiros. 
 
DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO e DA DESERDAÇÃO 
 
Ser excluído ou deserdado significa que o sujeito não possui mais vocação hereditária, que em 
síntese, é a possibilidade de participar da herança. Os casos de exclusão ou deserdação versam 
sobre algumas ofensas feitas ao de cujus 
A exclusão acontece quando infringida alguma disposição do art. 1.814, sempre motivada dos 
outros herdeiros que querem retirar o herdeiro indigno da herança. Ela pode atingir tanto os 
herdeiros (legítimos ou testamentários) ou legatários. 
Já a deserdação, casos do art. 1.961, tem por iniciativa o próprio autor da herança, que não quer 
mais transmitir o seu patrimônio ao deserdado. A deserdação deve ser feita por testamento. Aqui 
só atinge os herdeiros necessários (cônjuges que não são considerados herdeiros necessários, e 
colaterais até o 4º grau). 
Em ambos os casos, deve-se observar os fatos ao crivo do poder judiciário para ser atestada, via 
sentença, a exclusão ou deserdação do herdeiro. 
Exclusão por indignidade vem a ser uma pena civil que priva do direito a herança o herdeiro ou 
legatário que tenha cometido atos criminosos, ofensivos ou reprováveis, taxativamente 
enumerados em lei, contra a vida, honra e liberdade do de cujus, ou de seus familiares. 
 
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa 
deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou 
descendente; (precisa da sentença TJ) 
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em 
crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de 
dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 
 
O artigo em questão demonstra os casos em que tanto os herdeiros e os legatários podem ser 
excluídos da herança. Esses casos são taxativos, não podendo sem ampliados por interpretações 
ou analogias, sendo essa exclusão uma pena civil. 
No inciso I, a lei elenca a situação de homicídio ou tentativa contra o autor da herança ou seus 
familiares próximos, desde que haja sentença penal transitada em julgado, valendo a mesma 
disposição para o inciso II. 
 
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, 
será declarada por sentença. 
Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em 
quatro anos, contados da abertura da sucessão. 
 
Embora tenha efetivamente ocorrido o fato gerador da exclusão, ela não se opera de pleno direito 
(com a condenação criminal), uma vez que deve ser intentada a respectiva ação judicial para a 
decretação da exclusão. O paragrafo único estabelece o prazo decadencial para o ingresso da 
ação, qual seja, 4 anos, desde que a propositura desta ação é elaborada enquanto o possível 
excluído estiver vivo. 
 
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído 
sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. 
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração 
dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses 
bens. 
 
O direito de exclusão é um efeito pessoal, assim, não atinge o direito de outros herdeiros, ou que 
o representarão ou que irão receber a herança em nome próprio. Estes, se já nascidos antes da 
abertura da sucessão, sucedem nas cotas do excluído. Tal modalidade, ou seja, a exclusão, 
diferencia-se da renúncia, uma vez que lá o sucessor do renunciante não participa da herança 
(regra), diferente do herdeiro do excluído, que sempre irá participar da herança, desde que esteja 
vivo no momento do redirecionamento. 
 
Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e 
os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de 
exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe 
perdas e danos. 
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que 
dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com 
a conservação deles. 
 
Na leitura do artigo, prevalece a máxima de veracidade dos atos praticados pelo terceiro de boa 
fé, que contrai relação onerosa com herdeiro que ainda não ostenta a sua exclusão sacramentada 
por decisão judicial. Por outro lado, não se atribui validade a qualquer ato gratuito realizado, bem 
como se o terceiro atua com má-fé. 
 
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será 
admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em 
outro ato autêntico. 
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em 
testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, 
pode suceder no limite da disposição testamentária. 
 
Reabilitação do indigno: pode ocorrer expressamente em testamento ou outro ato autêntico, 
quando o autor da herança, enquanto vivo, se manifesta em não ter vontade em excluir o herdeiro 
da sucessão, como pode ocorrer implicitamente (a doutrina diz que não), quando o autor da 
herança enquanto vivo e conhecendo a situação que possibilita a exclusão, deixa por testamento 
bens ao excluído. Este não participa na sucessão legitima, cabendo apenas os bens do testamento. 
Entende-se como ato autentico a Escritura Pública. 
 
Deserdação: é o ato pelo qual o de cujus exclui da sucessão, mediante testamento com expressa 
declaração da causa, o herdeiro necessário, privando-o de sua legítima, por ter praticado qualquer 
ato taxativamente enumerado nos artigos 1.814 e 1.962/1.963. 
Obs: assim como ocorre na exclusão, a deserdação atinge apenas a pessoa do deserdado. Se ele 
possuir filhos, estes virão em seu lugar. 
 
DA HERANÇA JACENTE 
 
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente 
conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e 
administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à 
declaração de sua vacância. 
 
Diz-se que a herança é Jacente quando o de cujus não deixa testamento, como também não se 
sabe notoriamente quem são seus herdeiros legítimos, resultando na incerteza de quem serão os 
bens deixados. Para que não seja prejudicado esse bem, a Lei determina que será nomeado um 
curador para zelar por eles, mesmo que posteriormente seja o Estado o dono dos bens, caso em 
que não for encontrado qualquer herdeiro. 
 
Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão 
expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira 
publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança 
declarada vacante. 
 
Serão expedidos editais para tentar encontrar qualquer herdeiro legítimo do de cujus, para que 
ele reclame a Herança. Se após um ano ninguém se manifestar ou pelo menos que tenha sua 
habilitação em trâmite, a herança será considerada vacante, ou seja, sem dono, sendo revertido 
ao Estado, sem prejuízo de eventual reinvindicação de legítimo herdeiro. 
 
Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas 
reconhecidas, nos limites das forças da herança. 
 
Mesmo a herança sendo jacente, ela irá responder pelas dívidas contraídas com credores, 
podendo estes se habilitarno inventário ou provendo ação de cobrança. Sempre na força da 
herança, ou seja, responderá pelas dividas até o total da herança. 
 
Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que 
legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens 
arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas 
respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em 
território federal. 
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão 
excluídos da sucessão. 
 
Mesmo decretada a Vacância da Herança, os herdeiros podem reclamar a herança até cinco anos 
após a abertura da sucessão, exceto o herdeiro colaterais, estes que devem se habilitar ou estar 
em processo de habilitação até a decretação da vacância. 
 
Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde 
logo declarada vacante. 
 
Se todos os herdeiros renunciarem a herança, não será necessário passar pelo procedimento da 
herança jacente, desde logo, ela se reverte aos Entes Públicos. 
 
DA PETIÇÃO DE HERANÇA 
 
Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento 
de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra 
quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. 
• Vide Súmula 149 do STF. 
 
Petição de herança é a ação que o herdeiro prejudicado utiliza para que conquiste o seu 
reconhecimento como tal, de modo que lhe sejam restituídos os bens que lhe cabem por direito, 
quais seja os bens da herança, os frutos, rendimentos e acessórios. Ele demanda a ação não contra 
o espólio e sim contra quem ficou com os bens de forma irregular, podendo ser este terceiro ou 
mesmo herdeiro de classes inferiores. É importante que os bens pleiteados tenham sido 
transferidos a título de herança, se não, caberá ação reivindicatória. ?Em regra, esse direito é 
imprescritível, mas se dono dos bens adquiriu-os de boa-fé, poderá figurar o usucapião?. 
 
Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, 
poderá compreender todos os bens hereditários. 
 
Mesmo que só um herdeiro prejudicado se valha da Ação de Petição de Herança, ele pode pleitear 
por toda a herança distribuída de forma incorreta, pois como se aplicam as regras do condomínio, 
ele pode pleitear por toda a herança, mesmo possuindo apenas uma cota dela, bem como a 
herança, antes de distribuída, é um único bem (indivisível). 
 
Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo, fixando-
se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts. 1.214 a 
1.222. 
Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas 
regras concernentes à posse de má-fé e à mora. 
 
Se frutífera a ação (procedente), o possuidor ilegítimo está obrigado a devolver a totalidade da 
herança. Contudo, sua responsabilidade sobre possíveis danos a herança será determinada de 
acordo com a sua posse, sendo ela de boa ou má-fé, remetendo as disposições dos artigos 1.214 a 
1.222. Pelos atos ocorridos após a citação, a responsabilidade sempre é estabelecida de acordo 
com a má-fé e mora, mesmo que a posse originária foi de boa-fé. 
 
Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, 
sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados. 
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a 
terceiro de boa-fé. 
 
A Petição de Herança é uma ação real, ou seja, o requerente tem sua relação com o espólio e não 
com o possuidor ilegítimo. Desta feita, aplica-se aqui o direito de sequela, ou seja, de perseguir o 
bem, independente de quem o possua. Este que adquiriu os bens de quem não era o herdeiro, 
pode demandar contra este. 
Pode ser que o não herdeiro ostente aparência de herdeiro legítimo, e se terceiro de boa-fé 
contrair com ele relação onerosa (não se aplica a gratuita), o negócio se torna intocável, assim, 
devendo o herdeiro buscar regresso (perdas e danos) contra o herdeiro ilegítimo 
 
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a 
prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra 
quem o recebeu. 
 
DA ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este 
com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens 
(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança 
não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
O artigo enumera a ordem hereditária, ou seja, a ordem em que os familiares irão participar da 
herança, tendo quatro classes (Descendentes, Ascendentes, Cônjuge e colaterais). É uma ordem 
de preferência que não admite desvios e a classe mais próxima exclui as mais distantes, e dentro 
de cada classe, o grau mais próximo exclui os mais distantes, salvo o direito de representação 
(divisão por cabeça ou estirpe). 
Os primeiros são os descendentes, que poderá concorrer com o cônjuge se este não for casado na 
comunhão universal, separação obrigatória de bens ou, se mesmo casado na comunhão parcial 
não tiver deixado bens particulares, neste caso, porque os bens comuns já foram divididos na 
meação. Os próximos são os ascendentes, que sempre concorrerão com o cônjuge. E por fim, os 
colaterais, que por força de lei, vão apenas até o 4º grau. 
 
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo 
da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais 
de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem 
culpa do sobrevivente. 
 
O Código Civil afasta da sucessão o cônjuge que possui sua sociedade conjugal dissolvida, como 
também nos casos de separação de fato maior que 2 anos, o que é relativizado se a separação de 
fato não se deu por culpa do cônjuge sobrevivente. 
 
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, 
sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação 
relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela 
natureza a inventariar. 
 
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, I) caberá ao cônjuge quinhão 
igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta 
parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. 
 
Define como o cônjuge concorre com os descendentes. Fora a meação que o cônjuge sobrevivente 
leva, ele também recebe uma parte da herança, mas, somente nos regimes que o cônjuge 
concorre. Se filhos comuns, a herança será divida dividida em partes iguais para os descentes e 
para o cônjuge. Contudo, se a herança for dividida em muitas partes, o cônjuge ira receber sempre 
¼ da herança para o cônjuge, independente de esta parte ser maior do que para os outros 
descentes. 
Se os filhos forem só do de cujus., não existe essa garantia do mínimo de ¼. 
Se houverem filhos mistos, irá separar a parte do cônjuge para cada um dos casos (filhos comuns 
respeitando o 1/4 e não comuns não tendo o mínimo). 
 
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo 
o direito de representação. 
 
Quando houver, na linhagem sucessória, parentes mais próximos do De Cujus, eles excluem os 
mais remotos, que é a regra geral do direito sucessório. Exceto quanto o mais remoto está 
representando um maisremoto. 
 
Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus 
ascendentes. 
 
Dentro de uma mesma classe não haverá distinção nas cotas da herança. Deste modo, a repartição 
que seria da primeira classe, mas ela não está apta a receber, não pode essa primeira divisão valer 
para a segunda classe, quando ela possuir um numero diferente de participantes. Exemplo: Se o 
De cujus tinha 3 filhos, a herança era será divida por três. Se o De Cujus possuir 12 netos, e a 
classe se habilitar, a herança será divida por 12. 
 
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, 
por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau. 
 
Suceder por estirpe, é o mesmo que subdividir pelos representantes de um herdeiro falecido, 
quando a classe dele é a habilitada para receber. Por cabeça, quando a divisão é igualitária entre 
todos. Os filhos sempre receberão por cabeça, contudo, os netos receberão por estirpe (quando 
representando e recebendo conjuntamente com outros filhos) ou por cabeça, quando não houver 
mais filhos participando da herança. 
 
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em 
concorrência com o cônjuge sobrevivente. 
§ 1.º Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção 
de linhas. 
§ 2.º Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna 
herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. 
 
O Cônjuge sempre concorre com os ascendentes, diferente quando essa concorrência é feita com 
os descentes, que só ocorrerá quando houver certos tipos de casamento. 
Na linha ascendente não há representação. Ou seja, se o sujeito possui apenas a mãe, a herança 
será toda para ela, não sendo, a parte do pai, distribuída aos seus ascendentes. 
Se não houver os ascendentes de 1º grau, o 2º grau participa, sendo sempre 50% para a linha 
materna, e 50% para a linha paterna, mesmo que as duas linhagens não estejam completas. 
 
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da 
herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele 
grau. 
 
Se houver em conjunto dos ascendentes o cônjuge, ele sempre participa da herança. Se houver 
ascendentes de 1º grau, o cônjuge irá receber 1/3, que no final será toda a herança dividida em 3 
partes (pai, mãe e cônjuge). Se apenas um dos pais for sobrevivente, o cônjuge e o ascendente 
sobrevivente recebem metade cada um, isso porque não há representação nos ascendentes. 
Se não houver mais a 1ª classe, o cônjuge ira receber metade da herança, restando apenas os 
ascendentes das outras classes, o resto, ou seja, será divido entre eles os outros 50%. 
 
Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao 
cônjuge sobrevivente. 
 
Não havendo descentes ou ascendentes, o cônjuge irá receber toda a herança, desde que não haja 
separação, mesmo de fato, entre o De Cujus e o Cônjuge. 
 
Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, 
serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. 
 
Colaterais até o 4ª graus são: 2ª Classe os irmãos, 3º Classe os tios e sobrinhos e 4º grau os 
primos, tios-avôs e sobrinhos-netos, sendo que além disso não há mais parentesco. Contudo, 
esses parentes, não são herdeiros necessários, podendo ser excluídos da herança mediante 
disposições dos bens por Testamento. Não existindo nem os colaterais para participar da herança, 
o espólio seguirá a ordem do art. 1844, ou seja, revertido para o município. 
 
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o 
direito de representação concedido aos filhos de irmãos. 
 
Em regra, a representação não ocorre quando os colaterais participarem da herança. Como nos 
ascendentes, os graus mais próximos excluem os mais remotos. Assim, se um dos irmãos já é 
morto, ele poderá ser representado pelos seus filhos. Em qualquer outra classe (tios/sobrinhos e 
primos, tio-avô e sobrinhos netos) não haverá mais representação, assim, a herança será divida 
entre os sobreviventes das classes. 
 
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, 
cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar. 
 
Quando o De Cujus possuir irmãos bilaterais e unilaterais, os unilaterais irão receber metade do 
que os bilaterais receberem. 
 
Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os 
unilaterais. 
 
Se o irmão do De Cujus não deixar filhos bilaterais, não será necessário seguir a regra do artigo 
antecedente, portanto, mesmo que unilaterais, os filhos do irmão irão receber a totalidade a 
herança. 
 
Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. 
§ 1º Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça. 
§ 2º Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um 
destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles. 
§ 3º Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por 
igual. 
 
Não havendo irmãos do De Cujus, a próxima classe sucessória é a terceira composta pelos tios e 
sobrinhos. Diante dessa dupla possibilidade, a lei elevou os sobrinhos como preferenciais aos tios. 
Contudo, há distinção entre os filhos do irmão falecido, sendo que se houver concorrência entre 
bilaterais e unilaterais, estes receberão metade do que receber aqueles (bilaterais). Importante é 
que existe representação entre o irmão e seu filho, podendo então, nesta divisão sucessória, 
ocorrer a por cabeça (pleiteando direito próprio) ou por estirpe (representando direito alheio). 
 
Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou 
tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se 
localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal. 
 
O Poder Público figura como o ultimo sucessor do De Cujus, representado pelos Municípios, 
Distrito Federal ou até mesmo a União, respeitando as disposições da Herança Jacente e a 
Herança Vacante. 
 
Dos Herdeiros Necessários: estes artigos só terão importância se houver testamento do de cujus 
 
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. 
 
Herdeiro necessário é o descente, o ascendente e, conforme o caso (1.829), o cônjuge do 
autor da herança que pretenda fazer testamento. A essas pessoas deverá ser reservada a metade 
do patrimônio do testador, a qual se denomina de parte legítima. Os outros 50%, chamado parte 
disponível, o autor da herança poderá deixar por testamento a quem bem entender, salvo as 
proibições constantes de lei. Caso o testador se exceda, ofendendo a legítima, a parte referente ao 
excesso será considerada sem efeito, devendo-se proceder à redução do excesso verificado. 
Qualquer pessoa que propor elaborar um Testamento, ele deve reservar 50% para esses 
herdeiros necessários, podendo, portanto, dispor somente de no máximo de 50, não obstando o 
testador deixar porcentagem menor. Outro ponto é que a situação do cônjuge depende 
(participação nos aquestos, ..., comunhão parcial com bens particulares). 
Obs: Sendo assim, o herdeiro necessário só poderá ser afastado da sucessão nos casos de 
indignidade ou deserdação, porque a legítima lhe pertence de pleno direito. 
 
Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da 
herança, constituindo a legítima. 
 
Por essa disposição é que o testador não pode dispor de mais de 50% de sua herança. 
Segundo a doutrina, excepcionalmente os herdeiros necessários poderão ser afastados da 
herança, permitido apenas quando ocorrer casos de indignidade ou dedeserdação. Também não 
pode sequer limitar, diminuir, onerar, gravar nem, muito menos, suprimir a legítima dos herdeiros 
necessários. Somente terá liberdade testamentária quem não possuir herdeiros necessários. 
 
Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, 
abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens 
sujeitos a colação. 
 
A legítima não corresponde exatamente à metade de todos os bens deixados com a 
abertura da herança. Antes de ser calculada a porcentagem destinada aos herdeiros necessários, 
deve o espólio responder por todas as dividas do de cujus. Uma vez saldado todos os débitos, é 
neste momento que se apura a metade destinada a parte legítima. Para não haver imperfeição na 
cota de cada herdeiro, tudo aquilo que foi doado como adiantamento da parte legítima deverá ser 
relacionado para a apuração do montante, este que servirá para determinar o quinhão de cada 
herdeiro. 
Colação: é o adiantamento da parte legítima deixada ao herdeiro necessário, salvo se a 
doação mencionar que o bem não faz parte da parte disponível. 
 
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador 
estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre 
os bens da legítima. 
§ 1.º Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros 
de espécie diversa. 
§ 2.º Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens 
gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos 
primeiros. 
• Vide Súmula 49 do STF. 
 
Não é mais permitida, a livre vontade do dono dos bens, impor clausula restritivas aos 
herdeiros legítimos, salvo se houver justa causa, como por exemplo, quando o herdeiro ser um 
mal administrador de bens, que certamente irá vende-lo para saciar seus vícios e etc.. Contudo, 
sobre os bens da parte disponível distribuídos por testamento podem. 
O § 1º impede que, por via testamentária, o testador altere as propriedades do espólio, ou 
seja, que via testamento, determine a venda de todos os bens e com os fundos angariados, 
compre outras coisas, estas que serão dividas na sucessão. Desta forma, do modo que estiver o 
patrimônio no momento da abertura da sucessão (momento da morte) será o modo em que será 
feita a divisão dos bens. 
Mesmo constando uma cláusula, pode ser requerido ao juiz um alvará para a possibilidade 
de venda, desde que com o valor sejam adquiridos outros bens, estes se sub-rogando nos 
primeiros. 
 
Art. 1.849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum 
legado, não perderá o direito à legítima. 
 
Mesmo recebendo uma cota da parte disponível, não interfere no direito sobre a parte legítima. 
Deste modo, esse herdeiro irá participar tanto na sucessão dos bens da legítima, quanto dos bens 
da parte disponível. 
 
Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador disponha 
de seu patrimônio sem os contemplar. 
 
Como os colaterais não são herdeiros necessários, apenas herdeiros legítimos, então eles podem 
ser excluídos da sucessão independente de justificação, porque para eles, a sucessão não é 
obrigatória, e sim facultativa. 
 
DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO 
 
Esse direito consiste na convocação legal para suceder em lugar de outro herdeiro, que era 
parente mais próximo do de cujus, mas anteriormente pré-morto, ausente ou incapaz de suceder 
(excluído ou deserdado), no instante em que se abre a sucessão no momento da morte. 
 
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido 
a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. 
 
A representação ocorre quando um herdeiro mais distante substitui o herdeiro mais próximo, este 
que já se encontrava morto no momento da abertura da sucessão ou o mesmo, que ela tenha sido 
excluída da sucessão, importante relembrar que não haverá sucessão do herdeiro que renunciou a 
sua cota, salvo se este for o único do grau (art. 1.811). A representação só ocorre quando os 
habilitados são descendentes ou no caso dos filhos de irmãos. Na ascendência ou no caso no 
cônjuge não existe representação. Não há sucessão no caso da testamentária. 
 
Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na 
ascendente. 
 
Não há motivo específico. 
 
Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos 
filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem. 
 
Somente haverá representação na linha colateral quando o irmão não participar da herança, 
sendo substituído por seus filhos. Outro caso possível de representação é na linha de descentes. 
 
Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, 
se vivo fosse. 
 
Enquanto houver o grau mais próximo, os representantes irão se beneficiar pela parte do 
representado, isto porque eles não recebem a herança em nome próprio, e sim em nome alheio, 
ou seja, em nome do herdeiro representado. 
 
Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes. 
 
Sucessão por Estirpe. 
 
Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de 
outra. 
 
Mesmo que o sucessor renuncie a herança do ascendente mais próximo, ele pode representar o 
seu ascendente falecido em outras sucessões. 
 
Conceito de Testamento: o testamento é ato personalíssimo (não admite por procuração), 
unilateral (não depende da manifestação de vontade das partes), gratuito (ato de benefício, não 
esperando uma contrapartida, embora, possa no testamento ser estipulado algum encargo para o 
herdeiro), solene (cercado de formalidades atribuídas por lei) e revogável (pode o testador, 
enquanto vivo, alterar e cancelar o testamento, isso ocorre porque o Testamento só produz 
efeitos quando ocorrer a morte, ato causa mortis), pelo qual alguém, segundo a norma jurídica, 
dispõem no todo ou em parte do seu patrimônio para depois de sua morte ou determina 
providências de caráter pessoal ou familiar. 
 
Sempre que houver Testamento, a partilha deve ser feita judicialmente 
 
Da Sucessão Testamentária 
 
DO TESTAMENTO EM GERAL 
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou 
de parte deles, para depois de sua morte. 
§ 1.º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. 
§ 2.º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o 
testador somente a elas se tenha limitado. 
 
Como o testamento é um ato jurídico, ele não pode ser elaborado por quem não tenha a plena 
capacidade civil. A parte que cabe aos herdeiros necessários não pode ser alvo de Testamento. As 
disposições de caráter não patrimonial podem ser, por exemplo, reconhecimento de filhos, ou nos 
casos de Testamento Vital/Vidual, onde a pessoa dispõe, enquanto lúcido, disposições sobre um 
possível tratamento médico. 
 
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. 
Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, 
contado o prazo da data do seu registro. 
 
Prazo decadencial para impugnar um testamento anulável. Esse prazo tem como inicio o registro 
que o Juiz da Vara de Família e Sucessões faz do inventário em seu cartório. Por enquanto, o 
testamento nulo de pleno direito ainda não tem prazo decadencial em função do princípio da 
segurança jurídica. 
 
DA CAPACIDADE DE TESTAR 
 
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem 
pleno discernimento. 
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. 
 
Além dos incapazes, não podem testar os que, mesmo que transitoriamente, não tem o pleno 
discernimentono momento da elaboração do Testamento (drogas, fatos dramáticos). Os que 
possuem mais de dezesseis anos podem fazer o seu Testamento mesmo que não emancipados ou 
assistidos. A idade avançada não é pressuposto de impossibilidade de testar, mas como segurança, 
possuir um atestado médico de pleno gozo da capacidade. 
 
Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o 
testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. 
 
Se a pessoa quando fez o testamento estava em seu juízo perfeito, a superveniência de 
incapacidade não atinge o testamento já feito. A capacidade superveniente de incapaz não ratifica 
automaticamente o testamento elaborado enquanto incapaz, é necessário que ao retomar ou 
adquirir a capacidade, deve o testamento ser expressamente ratificado. Portanto, o que vale é o 
momento de elaboração do testamento. 
 
DAS FORMAS ORDINÁRIAS DO TESTAMENTO 
 
Art. 1.862. São testamentos ordinários: 
I - o público; 
II - o cerrado; 
III - o particular. 
 
Essas formas não são as únicas, porque existem formas extraordinárias de elaborar o Testamento, 
mas que são utilizados em situações muito especiais. Público é a forma mais segura, feito em 
cartório, portanto, ele possui fé pública e sua guarda é feita pelo próprio cartório, porem, é um 
documento público. Cerrado é o testamento elaborado de forma secreta/lacrado. Ele é feito antes 
de chegar no cartório, pedindo que seu testamento deve ser lacrado. Desse ato é lavrado um 
termo com as informações de dia, hora, pessoa apresentada - Termo de Aprovação – mas o 
testamento fica na posse do testador. Ele deve ser enviado ao juiz, mas lacrado. Se não estiver 
assim, o Testamento é inválido. Particular é o testamento feito pelo próprio testador, que deve 
apenas ser lido na presença de três testemunhas, mas que deve ser confirmado em juízo, 
indagando as testemunhas sobre a elaboração do testamento. Tudo certo, o juiz dá cumprimento 
ao testamento. 
 
Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo. 
 
Segundo esse artigo, não é possível elaborar um Testamento em conjunto, não pode haver mais 
de um Testador para um testamento. Nem mesmo se os Testadores são marido e mulher. Se feito, 
nulo de pleno direito. 
 
Do Testamento Público 
 
Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público: 
I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com 
as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; 
II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas 
testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial; 
III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e 
pelo tabelião. 
Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, 
bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de 
notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma. 
 
Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto 
legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das 
testemunhas instrumentárias. 
 
Nos casos de cegos e analfabetos, uma das testemunhas assinam por ela e pelo Testador, seguido 
de uma digita. O cego e analfabeto só podem fazer testamento público. 
 
Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o 
souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas. 
 
 
 
Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas 
vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, 
designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento. 
 
Do Testamento Cerrado 
 
Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele 
assinado, será válido se aprovado (termo de apresentação) pelo tabelião ou seu substituto 
legal, observadas as seguintes formalidades: 
I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas; 
II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado; 
III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas 
testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas; 
IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo 
testador. 
Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu 
subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as páginas. 
 
Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última 
palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado 
na presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado. 
Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da 
aprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto. 
 
Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não 
obstante, aprová-lo. 
 
Mesmo que o Tabelião elabore o instrumento do Testamento, isso não invalida o testamento 
cerrado. 
 
Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio 
testador, ou por outrem, a seu rogo. 
 
Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não 
possa ler. 
 
Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o 
assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, 
escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja 
aprovação lhe pede. 
 
Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o 
tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi 
aprovado e entregue. 
 
Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará 
registrar, ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de 
nulidade ou suspeito de falsidade. 
 
Do Testamento Particular 
 
Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo 
mecânico. 
§ 1.º Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e 
assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem 
subscrever. 
§ 2.º Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, 
devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três 
testemunhas, que o subscreverão. 
 
Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos 
herdeiros legítimos. 
 
Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, 
sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a 
do testador, o testamento será confirmado. 
Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma 
delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova 
suficiente de sua veracidade. 
 
Duas testemunhas também aprovam o testamento, quando uma, fica a critério do juiz, e na falta 
de um, o testamento não pode ser executado. 
 
Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de 
próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério 
do juiz. 
 
Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as 
testemunhas a compreendam. 
 
DOS CODICILOS 
 
É uma forma de fazerum testamento sem muita formalidade, mas que envolve coisas de pequeno 
valor, fazendo disposições e recomendações. Esse pequeno valor é em consideração ao de cujus. 
Ele faz de próprio punho e mediante assinatura. Mas podendo ser discutido em juízo. 
 
 
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e 
assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a 
certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim 
como legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal. 
 
Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo direito de terceiro, valerão 
como codicilos, deixe ou não testamento o autor. 
 
Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão nomear ou substituir 
testamenteiros. 
 
Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e 
consideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os 
não confirmar ou modificar. 
 
Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamento 
cerrado. 
 
DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS 
 
DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS 
 
Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob 
condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo. 
 
Herdeiro instituído é o beneficiário de um testamento, tendo direito a uma cota dos bens 
da parte disponível ou a universalidade dela (disposição a titulo universal). Já o legatário é aquele 
que se vê beneficiado por um bem individualizado da parte disponível (disposição a título 
individual). 
Ao dispor por testamento, a pessoa pode dispor pura e simplesmente, ou seja, sem 
encargo algum, ou impondo qualquer condição (característica do herdeiro), encargo (uma 
contraprestação/obrigação). Pode também ser exposto o motivo pelo qual está realizando a 
benesse. Nenhumas das formas são obrigadas a ser cumprida. 
 
Art. 1.898. A designação do tempo em que deva começar ou cessar o direito do herdeiro, 
salvo nas disposições fideicomissárias, ter-se-á por não escrita. 
 
Em regra, a abertura da sucessão ocorre com morte do dono dos bens, assim, não pode o 
testamento infringir essa regra, ou seja, vincular o herança a um certo da lapso de tempo, 
determinando um prazo de iniciou ou até mesmo de fim. Contudo, não tem que ser respeitado 
quando a relação foi com o fideicomisso (é uma transmissão em escada, que após a morte do 
dono do bem, esse bem irá primeiro para o fiduciário, que por certo motivo, irá transmitir o bem 
ao fideicomisso, ou por morte, prazo ou condição). 
?Por nada constar, abre-se a possibilidade em questão ao legatário? 
 
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, 
prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. 
• Vide Súmula 49 do STF. 
 
Como o testamento é um ato de intensa vontade do testador, qualquer complicação sobre alguma 
disposição do testamento, a alternativa buscada será a que melhor atenda a vontade do testador. 
 
Art. 1.900. É nula a disposição: 
I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, 
também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro; 
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar; 
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro; 
IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado; 
V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802. 
 
Uma disposição nula não atinge a validade do testamento todo. 
Embora seja possível a instituição de encargos e condições, não será possível a cláusula do 
“testamento mutuo ou reciproco”, ou seja, deixar bens sob a condição do beneficiado também 
fazer um testamento para ele. Também não será cumprida a disposição que não discrimine o 
beneficiário ou que deixe a escolha deste a terceiro. Sempre o testador deve indicar as pessoas ou 
um meio de identificala, deste modo, a incerteza deve ser absoluta. Também não pode haver 
disposição genérica dos bens, ou que deixe bens a pessoas impedidas. 
 
Art. 1.901. Valerá a disposição: 
I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou mais 
pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, 
ou a um estabelecimento por ele designado; 
II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia de que 
faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado. 
 
Embora não seja permitida a disposição de bem a pessoa incerta ou a escolha de terceiro, esta 
poderá ser estabelecida quando essa pessoa incerta pertencer a um grupo determinado (incerteza 
relativa). Também é possível contrariar a imposição de certeza do bem fornecido, desde que o 
beneficiado tenha colaborado nos cuidados da doença que faleceu com o testador, uma espécie 
de remuneração ao colaborador, e não havendo um acordo sobre o valor deixado, ficará a cargo 
do juiz. 
 
Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de 
caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar do 
domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí sitos, salvo se 
manifestamente constar que tinha em mente beneficiar os de outra localidade. 
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições particulares preferirão sempre às 
públicas. 
 
Pode o testamento deixar bens para uma categoria geral de denominados “pobres”. 
 
Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada 
anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por 
fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se. 
 
Pode ocorrer erro sobre a pessoa ou sobre o bem deixado, vício do ato jurídico que anula qualquer 
ato. Mesmo assim, se for possível determinar a pessoa certa ou o bem fornecido, será a disposição 
cumprida. 
 
Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada 
um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador. 
 
Se houver mais de uma pessoa para um mesmo bem, e não ser determinada a fração de cada um, 
será divido em partes iguais. 
 
Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a 
herança será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos 
designados. 
 
Se entre os beneficiados houver pessoas certas e grupos certos. O grupo será considerado como 
um, portanto, não se leva em conta os participantes dos grupos, ocorrendo aqui a divisão por 
estirpe. 
 
Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a 
herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação 
hereditária. 
 
O que sobrar do testamento é incorporado à legítima. 
 
Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, 
distribuir-se-á por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porções 
hereditárias dos primeiros. 
 
Se entre as disposições houver a presença de cotas definidas e indefinidas, o que não estiver 
vinculado será divido igualmente a quem não tem cota definida. Quem tem cota definida irá 
receber primeiro, e se mesmo considerado como beneficiário, todo o patrimônio já foi disposto 
em cotas definidas, os não beneficiados não terão direito a qualquer reclamação. 
 
Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado 
objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos. 
 
Pode o Testador excluir bem que não deseja transferir ao herdeiro instituído no testamento. Essebem pertencerá apenas a parte indisponível da herança. 
 
Art. 1.909. São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. 
Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de 
quando o interessado tiver conhecimento do vício. 
 
Como o testamento é um negócio/ato jurídico, os vícios anulam as cláusulas, mas não de pleno 
direito, pois o interessado tem prazo decadencial de 4 anos para anular a disposição. 
 
Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem 
aquela, não teriam sido determinadas pelo testador. 
 
Pode haver disposição que dependa de outra para ser cumprida, se a regulamentadora for nula, 
irá comprometer as outras. Mas nunca uma disposição viciada irá prejudicar o testamento todo. 
 
Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica 
impenhorabilidade e incomunicabilidade. 
Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por 
conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o 
produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições 
apostas aos primeiros. 
• Vide Súmula 49 do STF. 
 
A inalienabilidade é um encargo que pode ser atribuído em testamento, desde já caracterizando a 
incomunicabilidade e a impenhorabilidade. São as cláusulas restritivas da propriedade. Esse ônus 
será revertido aos bens que se sub-rogarem com o patrimônio do bem adquirido com o 
testamento. 
 
DOS LEGADOS 
 
Legado é a disposição testamentária a titulo singular pela qual o testador deixa a pessoa estranha 
ou não a sucessão legítima um ou mais objetos individualizados ou certa quantia em dinheiro. O 
bem individualizado não responde pelas dívidas. 
 
Art. 1.912. É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da 
abertura da sucessão. 
 
Não será valido qualquer disposição sobre bem que não pertence mais ou nunca pertenceu ao 
testador, isso porque os bens da herança são aqueles de propriedade do de cujus no momento da 
morte (Caducidade do Legado). O Testamento, enquanto o Testador estiver vivo, não vincula 
qualquer ônus aos bens relacionados, uma vez que o testamento só adquire eficácia com a morte 
 
Art. 1.913. Se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de sua 
propriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à herança ou ao 
legado. 
 
Sub-legado: acontece quando o Testador deixa bem (legado ou herança) sob condição do 
beneficiário entregar outro bem a 3º. Se isso não for cumprido, importa em renuncia do bem. 
 
Art. 1.914. Se tão somente em parte a coisa legada pertencer ao testador, ou, no caso do 
artigo antecedente, ao herdeiro ou ao legatário, só quanto a essa parte valerá o legado. 
 
Como não se pode dispor de algo que não lhe pertence, as coisas comuns serão transmitidas na 
proporção de propriedade do Testador. 
 
Art. 1.915. Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo cumprido, 
ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador. 
 
Se o legado se basear em coisa determinada pelo gênero, os herdeiros terão que pegar uma parte 
da herança e adquirir e entregar o bem ao legatário, caso não exista esse bem no espólio. 
 
Art. 1.916. Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao 
tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir 
entre os bens do testador, mas em quantidade inferior à do legado, este será eficaz apenas 
quanto à existente. 
 
Determinando a coisa (singularização) em testamento, ela só será entregue se ainda existir dentre 
os bens da herança no momento da morte. Se existir, porém, em quantidade menor, só serão 
entregues o que restarem, sem necessidade de complementação. 
 
Art. 1.917. O legado de coisa que deva encontrar-se em determinado lugar só terá eficácia 
se nele for achada, salvo se removida a título transitório. 
 
SE também determinador o lugar onde se encontram os bens, e nele não estiverem, não será 
revertido em favor do Legatário 
 
Art. 1.918. O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até a 
importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador. 
§ 1.º Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo. 
§ 2.º Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento. 
Art. 1.919. Não o declarando expressamente o testador, não se reputará compensação da 
sua dívida o legado que ele faça ao credor. 
Parágrafo único. Subsistirá integralmente o legado, se a dívida lhe foi posterior, e o testador 
a solveu antes de morrer. 
 
Temos três tipos de Legados nesses dois artigos: Legado de Crédito, Quitação e Compensação. 
Legado de crédito: forma de assunção de crédito. O Testador transfere, via legado, crédito que iria 
receber. 
Legado de quitação: o legado é uma forma de perdoar a dívida que o legatário tinha com o 
testador. 
Legado Compensação: Quando o testador dever para o legatário, o legado poderá valer como 
pagamento se estiver expresso no testamento, se não, será considerado como doação. O legatário 
pode ou não receber, se sim, compensará a divida, se renunciar, a dívida continua existente, 
podendo cobrar o espólio. 
 
Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, 
enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor. 
 
Legado de Alimentos: pode ser deixado como forma de pagamento de alimentos, se o testamento 
expressamente estipular o valor, ele será cumprido, mas sem valor, irá apurar o valor que o 
alimentando necessita. Sempre até os limites da herança. 
 
Art. 1.921. O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao legatário 
por toda a sua vida. 
• Vide art. 1.410, I, do CC. 
 
Legado usufruto: pode separar, mediante a estipulação de propriedade para um o usufruto para 
outro. Pode ser mediante termo ou vitalício. 
 
Art. 1.922. Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda 
que contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do 
testador. 
Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou 
voluptuárias feitas no prédio legado. 
 
Em regra, o acréscimo não vai para o legado, devendo ir para a legítima quando não houver 
expressado disposição do testador. As benfeitorias não são separadas do legado, mesmo que 
acrescidas após a elaboração do testamento. 
 
EFEITOS DO LEGADO E SEU PAGAMENTO: Sendo totalmente válido o testamento, o legado deve 
ser entregue, e transmitida à propriedade ao legatário. Os herdeiros devem cumprir essa 
disposição. 
Os herdeiros, no momento da morte, recebem a posse e propriedade, já o legatário não, que no 
momento da morte só possui a propriedade, cuja posse deve ser transmitida pelos herdeiros ou 
até mesmo pelo juiz. 
 
Art. 1.923. Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no 
acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva. 
§ 1.º Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por 
autoridade própria. 
§ 2.º O legado de coisa certa existente na herança transfere também ao legatário os frutos 
que produzir, desde a morte do testador, exceto se dependente de condição suspensiva, ou 
de termo inicial. 
 
Como na herança, o legado transfere a sua propriedade ao legatário com a morte, mas a posse 
não, bem como não pode forçar essa posse. Em regra, os frutos são dele desde a morte, salvo se a 
transmissão estiver sobre clausula suspensiva, surgindo o direito dos frutos a partir do 
cumprimento desta. 
 
Art. 1.924. O direito de pedir o legado não se exercerá, enquanto se litigue sobre a validade 
do testamento, e, nos legados condicionais, ou a prazo,

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