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O Design de Bea Feitler

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O Design de Bea Feitler {por Juan Esteves}
[ Estúdio Madalena | 30 ago 2012 | No Comment | 3.982 visitas ]
O sucesso na arte, assim como em muitas outras atividades que envolvem criação, raramente caminha solitário. Seria justo dizer que, ao longo destes quase 200 anos de fotografia, muitos fotógrafos tiveram seus nomes celebrados por conta do apoio e suporte que tiveram de profissionais, cuja obra paralela foi fundamental para que suas imagens se tornassem evidentes por meios de jornais, revistas, campanhas publicitárias, livros ou outras mídias. É o caso da designer carioca Bea Feitler (1938-1982) internacionalmente reconhecida, mas que poucos no Brasil, sabem quem é.
O livro O design de Bea Feitler (Cosac Naify, 2012) traz finalmente à luz dos brasileiros o histórico trabalho dela, quase completamente ignorado pela maioria, mesmo aqueles afinados com o mercado editorial e fotográfico. Bea Feitler fez seu nome e fama em revistas revolucionárias como Harper’s Bazaar, Vaniy Fair e Rolling Stone.
Capa da revista Harper’s Bazaar de fevereiro de 1970 © James Moore/Arquivo Cosac Naify
É possível traçar um paralelo da importância dos coadjuvantes para a ascensão de fotógrafos como Henri Cartier-Bresson (1908-2004) e seu editor Robert Delpire, com o fotógrafo Richard Avedon (1923-2004) e o designer gráfico Alexey Brodovicht (1898-1971), apenas para ficar com dois exemplos, que, em uma linha do tempo estão equivalentes ao trabalho de Bea Feitler, desenvolvido com fotógrafos do calibre de Helmut Newton, Otto Stupakoff, entre outros nomes conhecidos.
Filha de Rudi e Erna Feitler, judeus da alta burguesia de Frankfurt que fugiam da Europa da segunda guerra mundial, Bea nasceu três anos depois da chegada dos pais ao Rio de Janeiro. Com eles uma enorme bagagem intelectual, afinidades com a arte, música e literatura. Um dos negócios da família estava no mercado gráfico – conta a história que o pai da designer foi pioneiro na publicidade através de outdoors nos anos 1950.
Bea Feitler na decada de 1960 © Bob Richardson Estate/acervo de Ruth Ansel
O livro faz jus à profissão de Feitler, com um belo design criado pela premiada Elaine Ramos em parceria com Gabriela Castro e foi organizado por Bruno Feitler, sobrinho de Bea, com textos do também designer André Storlarski, ex-diretor do departamento de Design e Museografia do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Traz a sua curta, porém fulgurante carreira no Brasil e no exterior, terminada por conta de um câncer, quando ela tinha apenas 44 anos.
Bea queria uma carreira nas artes, a princípio como pintora, mas ainda indecisa resolveu cursar a Parsons School of Design (hoje The New School for Design), em Nova York, para onde foi com apenas 18 anos, em 1956. Três anos mais tarde, tentou, sem conseguir, trabalhar na famosa revista Harper’s Bazaar. Era ainda inexperiente e, em 1959, estava de volta ao Rio de Janeiro.
O primeiro emprego como designer foi na recém lançada revista Senhor. O diretor de arte era o artista gaúcho Carlos Scliar (1920-2001). Segundo seu sobrinho ela bateu na porta dele com uma pasta cheia de projetos da Parsons. Admitida na hora, saiu em 1960 junto com Scliar. Criou um estúdio no Rio de Janeiro, mas em janeiro de 1961 voltou “com a cara e a coragem” para Nova York. Depois de alguns meses como freelancer, Marvin Israel, seu ex-professor e editor da Bazaar viu e gostou de seu portfólio, e a chamou para ser sua assistente.
Aos 25 anos de idade Bea Feitler tornou-se codiretora de arte da famosa Harper’s Bazaar (a bíblia do mundo fashion) ao lado de Ruth Ansel. Ambas herdaram a posição de vanguarda criada pelo russo Alexey Brodovicht, que chefiou o departamento de arte de 1938 a 1958. A responsabilidade era grande, pois após a longa estadia do designer (e também fotógrafo) russo, a arte da revista foi dirigida por outros dois mestres, o austríaco Henry Wolf (1925-2005) e o americano Marvin Israel (1924-1984), todos eles ligados ao icônico Richard Avedon.
Não basta ser um bom fotógrafo se o trabalho não aparece, assim como um editor de arte ruim é capaz de afundar o cuidadoso trabalho do melhor fotógrafo. Um livro mal diagramado ou mal impresso é meio caminho para um desastre editorial, da mesma forma que uma edição de imagens pode dar uma apoio ou impedir a ascensão um jovem profissional. Bea Feitler manteve a mesma postura com Avedon e a outra estrela da Bazaar, o americano Hiro, ex-assistente do primeiro. Fora eles, Guy Bordin (1928-1991), Bill King, Richard Avedon, Bill Silano, Hiro, James Moore, Paul Leiter, Alberto Rizzo, Frank Horvat, Elizabeth Novick, Helmut Newton, Claudia Andujar, Otto Stupakoff, foram alguns dos nomes que Bea Feitler ajudou a colocar em evidência. Stupakoff em suas inúmeras entrevistas credita a designer a sua entrada na fotografia internacional.
Capa do disco Black and Blue, de 1968 © Hiro/Acervo de Bruno Feitler
O livro Diary of a Century, de Jacques Henry Lartigue (1894-1986), publicado em 1970, é um dos exemplos da importância dada pelos fotógrafos ao trabalho de Bea. A publicação, uma das pérolas dos fotolivros, foi organizada por Avedon, e segundo André Storlarski, marcou a afinidade da designer com o assunto. Para ele, isso trouxe quatro consequências diretas: Reforço da tradição; a manutenção de soluções gráficas similares, mesmo com livros diferentes entre si; senso de ritmo no tratamento global da sequência de páginas e por fim, o reconhecimento do designer como autor.
Outra participação importante de Bea Feitler foi na revista Rolling Stone, na qual deixou marcas profundas. Para aniversário de 10 anos da publicação, em 1977, a designer trabalhou com a fotógrafa Annie Leibovitz, em uma diagramação arrojada e marcante. Outra parceria com a fotógrafa também se tornou antológica, quando ela colocou a imagem de John Lennon nu e Yoko Ono, na capa da edição de janeiro de 1981.
Capa da revista Rolling Stone de 22 de janeiro de 1981 ©Annie Leibovitz/Acervo Wenner Media LLC
Com essa trajetória fulgurante, produzindo peças para cartazes de filmes e balés importantes como o American Dancer Theather, de Alvin Jones, capas de livros e discos dos Beatles, Elvis Presley ou dos Stones; de pintores como Jackson Pollock; publicidade para Calvin Klein, Bea Feitler rumou para seus últimos trabalhos, reformulando a famosa Vanity Fair.
Em seus últimos 3 anos de vida Bea Feitler realizou 3 projetos para o grupo editorial Condé Nast: criou, em 1979, o design para o primeiro número da revista Self; o livro Vogue: Book of Fashion Photography 1919-1979; e redesenhou a revista Vanity Fair, que estava desde 1936 sem circular. A revista, porém, só foi publicada em 1983, um ano após a morte da designer.
Bruno Feitler conta que em 1979, a designer descobriu que tinha um tipo raro de câncer muscular na perna direita, foi operada, fez tratamento de quimioterapia. Contudo, não adiantou. Morreu na cama de sua mãe, em abril de 1982.
No final deste ano foi criada a Bea Feitler Foundation for the School of Visual Arts, com direção de seu amigo Denis Davis e com doações da Condé Nast, da Rolling Stone, de familiares e colegas. Hoje os fundos estão na Visual Arts Foundation, que continuou a promover a bolsas em sua memória.
*texto originalmente publicado na revista Fotografe Melhor edição de agosto de 2012

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