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Títulos de Crédito - Conteúdo 1ª aula

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1 
 
TEORIA GERAL DO CRÉDITO E DO DIREITO CAMBIÁRIO. AULA DO DIA 
06.09.2013. 
Professor: Marcelo Narcizo Soares 
 
1. CRÉDITO. 
 
1.1. DEFINIÇÃO. 
 A palavra “crédito” vem do latim credere e significa confiar, 
confiança. O crédito oferece a possibilidade de consumo imediato pelo 
seu tomador em relação à compra do produto ou do serviço e à espera do 
vendedor para receber a contraprestação pelo que vendeu ou ofereceu 
como serviço. 
 O crédito possibilita a circulação de riquezas sem a necessidade de 
pagamento imediato. O sentido do crédito não é jurídico, mas econômico. 
 Trata-se, portanto, da troca de uma prestação atual por uma 
prestação futura, com base na confiança de uma parte para com a outra. 
 
1.2. HISTÓRICO. 
 O dinheiro, como se sabe, é a forma de troca aceita por todas as 
pessoas no mundo. Com ele se adquire mercadorias e serviços 
imediatamente. 
 Mas nem sempre foi assim. No início, as negociações eram feitas in 
natura, ou seja, trocavam-se coisas por outras coisas (escambo). Depois o 
sal passou a ser a moeda de troca, seguida pela moeda metálica e 
posteriormente pelo papel-moeda, fundado na confiança do Estado 
emissor. 
NOTA: No período de troca, temos a economia natural. Com o advento da 
criação da moeda metálica e do papel-moeda, tem-se a economia 
monetária. 
2 
 
 Posteriormente, a economia monetária cedeu lugar, de forma 
parcial, à economia creditória ou creditícia, que ampliou o conceito de 
troca, mas não substituiu o dinheiro pelos títulos de crédito. 
NOTA: Hoje em dia os títulos de crédito podem ser inclusive, virtuais, 
como veremos adiante. 
 Os primeiros títulos surgiram na Idade Média como instrumentos 
facilitadores da circulação do crédito comercial, por duas razões muito 
simples: 1- em razão da segurança dos mercadores que, dessa forma, 
evitavam os roubos e saques e 2- pela rapidez com que as negociações 
poderiam ser feitas. 
 
1.2.1. Primeiro período. É o período italiano, que vai até 1650 (época de 
intenso comércio nas cidades marítimas italianas, como Veneza e Gênova, 
nas quais havia grandes feiras que atraíam mercadores de todo o mundo). 
O próprio direito comercial teria surgido nessa época. Também nessa 
época surgiu o câmbio trajetício (o transporte da moeda num 
determinado trajeto ficava a cargo do banqueiro). 
 A moeda era representada por documentos, chamados títulos. 
Nessa época, surgiram dois: 1- a cautio (ou promessa de pagamento pela 
qual o banqueiro reconhecia a dívida e prometia pagá-la no prazo, lugar e 
moeda convencionados); 2- a littera cambi (ou ordem de pagamento pela 
qual o banqueiro ordenava ao seu correspondente que pagasse a quantia 
nela fixada). 
 
1.2.2. Segundo período. É o período francês, que vai de 1650 a 1848. 
Neste período surge a cláusula à ordem que acarretou na criação do 
endosso (ou transferência do título). 
 
1.2.3. Terceiro período. É o período alemão, que vai de 1848 a 1930. 
Surge a Ordenação Geral do Direito Cambiário, que criou e sistematizou 
as normas de direito cambiário, criando a letra de câmbio e os demais 
3 
 
títulos de crédito que viabilizariam a circulação dos direitos e obrigações 
que representavam. Nesse momento surge a preocupação com os 
terceiros adquirentes de boa-fé. 
 
1.2.4. Quarto período (atual). É o chamado período uniforme (ou período 
suíço). Iniciou-se em 1930, com a realização da Convenção de Genebra 
sobre Títulos de Crédito, na qual foi elaborada a Lei Uniforme das 
Cambiais (que regulamentou a letra de câmbio e a nota promissória). No 
ano seguinte, foi regulamentado o cheque. 
 
1.3. As Leis Uniformes de Genebra. O Brasil participou das duas 
Convenções de Genebra, tendo a elas aderido em 1942. O Congresso 
Nacional aprovou ambas as leis uniformes (a primeira e a segunda), em 
1966, por meio dos decretos nº 57.663/66 e 57.595/66. 
 Surge, então, no cenário nacional a grande polêmica doutrinária 
acerca das Leis Uniformes, tudo em razão da forma como elas foram 
internalizadas no ordenamento jurídico pátrio. 
NOTA: O Brasil já possuía uma lei cambiária, representada pelo decreto nº 
2.044/1908. Naquela época o decreto possuía status de lei ordinária e, 
portanto, as leis uniformes internacionais não teriam força para revogá-lo, 
o que somente poderia ocorrer com a promulgação de uma lei ordinária 
reproduzindo o teor daquelas. 
 Somente em 1971, o Supremo Tribunal Federal entendeu ser 
legítima a forma de incorporação das leis uniformes ao nosso 
ordenamento. Segue a decisão abaixo: 
EMENTA. LEI UNIFORME SOBRE O CHEQUE ADOTADA PELA CONVENÇÃO 
DE GENEBRA. APROVADA ESSA CONVENÇÃO PELO CONGRESSO 
NACIONAL, E REGULARMENTE PROMULGADA, SUAS NORMAS TÊM 
APLICAÇÃO IMEDIATA, INCLUSIVE NAQUILO EM QUE MODIFICAREM A 
LEGISLAÇÃO INTERNA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E 
4 
 
PROVIDO. (STF, RE nº 71.154/PR, Relator Ministro Oswaldo Trigueiro, DJ 
27.8.1971, RTJ 58/70). 
 
2. DOS TÍTULOS DE CRÉDITO. 
 
2.1. INTRODUÇÃO. Conforme visto acima, tem-se presente a ideia de que 
os títulos de crédito são instrumentos de circulação de riqueza, além de 
serem fundamentais para a implementação das mais variadas atividades 
econômicas. Trata-se de uma forma ágil e relativamente segura de 
realização dos negócios. 
 O título é, portanto, o documento no qual se inscreve o direito de 
alguém sobre algo (o crédito), tornando-o titular dessa obrigação. 
 
2.2. CONCEITO. Existem dois conceitos fundamentais que se fundem num 
só acerca dos títulos de crédito. O primeiro, surgido da doutrina italiana 
de Cesare Vivante e o segundo, previsto no artigo 887 do Código Civil. O 
conceito trazido por Vivante é completo e por isso foi reproduzido na lei 
civil que o adotou integralmente. Vejamos. 
2.2.1. Conceito de Cesare Vivante: “É o documento necessário ao exercício 
do direito, literal e autônomo nele mencionado.” 
2.2.2. Conceito legal (art. 887, do Código Civil): “O título de crédito, 
documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele 
contido, somente produz efeito quando preencher os requisitos da lei.” 
 
2.3. NATUREZA JURÍDICA DOS TÍTULOS DE CRÉDITO. É fácil perceber que 
a natureza jurídica dos títulos de crédito é a de documento representativo 
de uma obrigação cambial e não de outra espécie de obrigação. 
 Diz-se obrigação cambial, portanto, no sentido de diferenciá-la da 
obrigação pessoal que a originou. A diferença primordial é que a 
5 
 
obrigação cambial pode ser cobrada por meio das ações cambiais, tendo a 
Ação de Execução como a principal delas, diferentemente das obrigações 
pessoais que serão veiculadas por ações de conhecimento. 
Na Ação de Execução, não se discute mais o fato que originou a 
obrigação, mas eventualmente o direito que a fundamenta enquanto nas 
ações pessoais, o autor deverá provar tanto o fato como o direito. 
Trataremos das ações cambiais em outro momento. 
 
2.4. PRINCÍPIOS INFORMADORES. Os princípios que fundamentam os 
títulos de crédito são de muita importância para o aprendizado do tema. 
Neles estão contidos os atributos essenciais pelos quais o título de 
crédito pode circular (trocar de mãos) inúmeras vezes, desvinculado da 
causa que lhe deu origem. 
 
2.4.1. Cartularidade. Origina-se do latim e significa papel, documento. 
Decorre da expressão “documento necessário” contida na lei. O título de 
crédito para ser cobrado deve ser apresentado fisicamente, isto é, 
somente se considera credor de um título aquele que detém 
legitimamente a sua posse. Nesse sentido, é indispensável a apresentação 
do título que comprova a obrigação. 
Importante! O artigo 889, § 3º admite a emissão de títulos a partir de 
caracteres criados em computador ou em meio eletrônico, observados os 
requisitos mínimos do caput. 
Leitura dos Enunciados 461 e 462 da IV Jornada de Direito Civil do CJF. 
 
2.4.2. Literalidade. Por sua vez significa que o título de crédito vale pelo 
que nele estáescrito. Nem mais, nem menos. O título apresentado 
contém tudo o que é necessário à sua satisfação, seja em relação ao 
conteúdo, à extensão e à modalidade. 
6 
 
 Isso quer dizer que não se pode cobrar do devedor do título nada 
mais do que nele está contido (art. 890). 
 
2.4.3. Autonomia. Uma parte da doutrina entende ser este o princípio 
fundamental dos títulos de crédito. Significa que o título se desvincula da 
obrigação que lhe deu origem, a partir de quando é emitido. Por outras 
palavras, o legítimo possuidor do título pode exercer seu direito de crédito 
sem depender das demais relações que o antecederam, ou seja, os vícios e 
defeitos que porventura existam nas relações jurídicas anteriores não 
contaminam o título de crédito. 
 
IMPORTANTE! Se o título não circular, isto é, se não for transferido a 
terceira pessoa, estará vinculado à relação entre credor e devedor, mas 
não à obrigação que lhe deu origem. 
 
EXEMPLO: “A” compra uma televisão de “B” dando a este um título de 
crédito (nota promissória) em pagamento. “B”, por sua vez, que possui 
uma dívida com “C”, transfere a nota promissória recebida de “A” como 
forma de quitação. Ocorre que o aparelho de TV comprado de “B” 
apresenta defeito no seu funcionamento. No dia do vencimento da nota 
promissória, “C” se dirige à casa de “A” para cobrar o pagamento do título. 
Pergunta-se: “A” pode recusar o pagamento da nota promissória que está 
na posse de “C” alegando defeito no aparelho de televisão? A resposta é 
NEGATIVA em face da autonomia da nota promissória em relação à 
obrigação que a originou. 
BIBLIOGRAFIA: 
COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de direito comercial, Saraiva. 
BERTOLDI, Marcelo. Curso avançado de direito comercial, Revista dos Tribunais. 
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial, Juspodivm. 
MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, Atlas.

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