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2 CURSO DE ATUALIZACAO EM TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

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CURSO DE ATUALIZAÇÃO
ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS NA QUARTA ONDA
Professor: Prof. Dr. Thiago Rivero
SEGUNDA TURMA
Consultório de Psicologia
Profº Alexandre Rivero
Realização: Apoio:
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A Revolução das Terapias Cognitivo-
Comportamentais
PENSAMENTO COMO OBJETO DE ESTUDO E INTERVENÇÃO
A 
psicoterapia concebida por Albert Ellis, psicólogo estadunidense, denominada 
Terapia Racional Emotiva Comportamental (TREC), foi inicialmente publicada 
em 1956 e esse conteúdo foi ampliado em 1984. Todos esses processos fazem 
parte das terapias cognitivo-comportamentais. Ele coloca o pensamento como objeto 
de estudo, relacionando-o diretamente com a forma como as pessoas interpretam os 
acontecimentos de sua vida e as crenças sobre si mesmo, os outros e o mundo. Ellis, ba-
seou-se no filósofo Epícteto, que no século I d.c. apresentou a asserção “a perturbação 
emocional não é causada pelas situações, mas pela interpretação dessas situações”. A 
partir daí compreendemos de forma clara as representações cognitivas, que cada indi-
víduo desenvolve em sua vida.
RELAÇÃO ENTRE COGNIÇÃO E APRENDIZAGEM
Uma representação cognitiva (mental) é um processo mental, no qual, o indivíduo 
internaliza modelos, corretos ou não, da realidade em que está inserida. Por meio da re-
presentação cognitiva o sujeito organiza seu conhecimento, formando redes mentais 
que servem de base para a forma como interpreta as situações. Quando somos expos-
tos a alguma situação, ativamos nossas representações cognitivas, que determinam a 
forma como reagiremos naquele momento. Crenças e pensamentos automáticos dis-
funcionais colaboram para uma interpretação irreal da situação, levando o sujeito a 
reagir por meio de erros cognitivos, como: supergeneralização, leitura mental, catas-
trofização, pensamentos tudo ou nada, etc. Nas Terapias Cognitivas (TCs) a cognição é 
compreendida como mediador da aprendizagem, estabelecendo a ponte entre o indiví-
duo e o estímulo de forma a interpretá-lo e adquiri-lo, utilizando estratégias interativas 
para criar significações. Esse aprendizado desencadeia mudanças de percepção e de 
comportamento que foram avaliadas e testadas empiricamente, por diversas vezes.
DO PENSAMENTO DO COMPORTAMENTO: A 
IMPORTÂNCIA DA VERIFICAÇÃO EMPÍRICA
Um dos pressupostos da TCC é sua ênfase na pesquisa empírica:
“Baseada numa abordagem empírica e em princípios, a terceira onda da terapia com-
portamental e cognitiva é particularmente sensível ao contexto e às funções dos fenô-
menos psicológicos, não apenas à sua forma, e por isso tende a enfatizar estratégicas 
de mudanças contextuais e experimentais em acréscimo às mais diretas e didáticas. Es-
ses tratamentos procuram buscar a construção de um repertório [de comportamentos] 
amplo, flexível e efetivo em vez de uma abordagem muito específica para problemas 
definidos de maneira muito estreita.” (Hayes, 2004).
Sendo umas das abordagens mais utilizadas pelo mundo, a TCC desenvolveu-se por 
meio de inúmeras pesquisas realizadas que puderam confirmar e compartilhar as in-
tervenções clínicas desenvolvidas. Aaron Beck, um dos maiores disseminadores da TCC 
comprovou a eficácia do métodos a longo prazo, no tratamento de diversos transtor-
nos mentais, como: depressão, ansiedade, pânico, fobia social, TOC, esquizofrenia, en-
tre outros.
DIRETIVIDADE NA AÇÃO E PROFUNDIDADE NA CONCEPÇÃO
A TCC é uma abordagem estruturada, diretiva e com um tempo determinado, na qual 
é necessária uma ação colaborativa, entre paciente e terapeuta, com o objetivo que o 
paciente torne-se seu próprio terapeuta, desenvolvendo autoconhecimento e criando 
estratégias para lidar com os acontecimentos a sua volta. É possível mensurar e avaliar, 
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por meio de alguns instrumentos, algumas cognições como crenças centrais, crenças 
intermediárias e pensamentos automáticos, que são a base para a forma como reagi-
mos as situações. O Registro de Pensamento Disfuncional (RPD), por exemplo, é uma 
ferramenta que permite o registro e a avaliação de sentimentos e pensamentos que 
geram algumas alteração de humor, permitindo assim, que o paciente comece a tomar 
consciência de como e porque as alterações de humor acontecem. Dessa forma, é pos-
sível compreender que mesmo apresentando um potencial positivo, a cognição media 
também disfunções emocionais e comportamentais, colaborando para reforçar situa-
ções negativas que serão compreendidas pelo sujeito como verdades absolutas, poten-
cializando transtornos, como a fobia social e a depressão.
As Eurékas da TCC
A PRIMEIRA EURÉKA
O 
MODELO A-B-C, DE ALBERT ELLIS O eixo principal da TREC é obter mudança nos pa-
drões de pensamento dos sujeitos, na forma da interpretação dos acontecimentos 
de vida e nas crenças sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo. Porque 
o que nos perturba não são os acontecimentos e sim o que pensamos sobre eles (nossa 
avaliação deles). O modelo A-B-C é abordado da seguinte forma: A (Acontecimento) – B 
(Crenças – Beliefs) – C (Consequência). Segundo esse modelo, os acontecimentos (A) pas-
sam pelo sistema de crenças (B) do sujeito antes de despertarem as consequências (C) 
emocionais ou de conduta. Ou seja, antes de reagirmos avaliamos o significado que estes 
estímulos imprimem em nossas mentes. Se a interpretação é a chave para o desencadea-
mento das reações, então mudando as interpretações, mudamos as reações.
MEDIAÇÃO COGNITIVA DE LÁZAROS Richard Lázarus, em 1991, apresenta sua teoria 
sobre mediação cognitiva, tal mediação é considerada um processo transacional entre 
a pessoa e o ambiente, com ênfase no processo e também nos traços de personalidade. 
Aborda o conceito de que entre o acontecimento (estímulo) e a consequência (resposta) 
está a nossa avaliação.
Personalidade (objetivos) + Crenças, normas, auto eficiência, etc. Avaliação da Rea-
ção Situação (acontecimentos, sensações, etc.)
Primária: Relevância (ou não) com objetivos; Congruência (ou não) com objetivos) e 
Implicação do EU. Secundária: Culpa ou Mérito (atribuição); Capacidade de Afrontamen-
to; Expectativas do Futuro.
A SEGUNDA EURÉKA
PENSAMENTOS IRRACIONAIS COMO FUNDAMENTO DO SOFRIMENTO As demandas, 
nos textos de Albert Ellis, são um conjunto de afirmações das quais estamos absolu-
tamente seguros e convencidos, sem ter nenhum fundamento lógico, nem nenhuma 
comprovação empírica que os respalde. Ellis as listou, considerando que eram muito 
frequentes, quase sempre se podiam encontrar nos pacientes, e eram as causas funda-
mentais de seus transtornos. As três demandas básicas:
1. Demandas sobre si mesmo;
2. Demandas sobre os outros;
3. Demandas sobre o mundo ou a vida.
A partir destas reflexões surgem as crenças irracionais, ou seja, a ideia de que exis-
te uma extrema necessidade para todos os seres humanos adultos de serem amados 
ou aprovados por qualquer outra pessoa significativa em sua comunidade. Como, por 
exemplo:
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• A ideia de que existe uma extrema necessidade para todos os seres humanos adul-
tos de serem amados ou aprovados por qualquer outra pessoa significativa em sua 
comunidade;
• A ideia de ser inteiramente competente, adequado e realizador em todos os aspec-
tos possíveis, para se considerar alguém de valor;
• A ideia de que é terrível e catastrófico quando as coisas não são do jeito que gosta-
ríamos que fossem;
• A ideia de que a história passada de alguém é determinante definitivo do seu com-
portamento presente e, se algo afetou uma vez fortemente a sua vida, isso continua-
rá tendo indefinidamenteum efeito similar;
• A ideia de que existe uma solução certa, precisa e perfeita para os problemas huma-
nos e de que é catastrófico se essa solução perfeita não é encontrada.
B’S IRRACIONAIS (ILÓGICOS)
• Regras/Normas: expressam leis, normas, qualificam ações. “Não devemos roubar”, 
“Não devemos mentir”, “Devemos obedecer aos pais”.
• Condições/Requisitos: expressam um requisito para algo. “Se não quer sentir sono, 
deve dormir mais”, “Para se curar, deve tomar o remédio”.
• Suposição/Inferências: “Minha tia me odeia”, “Não conseguirei passar no concurso”, 
“Não me ligou porque não me ama”.
• Suposições Condicionais: “Se me conhecerem irão rir de mim”, “Se não estou alerta 
podem me atacar”, “Se não faço o que ela deseja, não me amará mais”.
• Trementizações e Não-Suportites: as vezes se expressam e as vezes estão implícitas 
(pode-se deduzir). Trementizações: “Seria horrível me enganar”, “Será horrível se me 
expulsarem”; Não-Suportites: “Não posso suportar ficar sozinho”.
• Imagens/Recordações: imagens do passado me invadem e me perturbam. Pode ser 
que o paciente se veja “muito pequeno, como um anão frente ao professor gigante”, 
ou mostra cenas futuras temidas, fracassadas e coisas indesejáveis quanto a este 
futuro.
Algumas opções de estratégias terapêuticas frente à esses conteúdos são a modifi-
cação das suposições, normas, demandas, atitudes, imagens e esquemas a partir da uti-
lização de uma abordagem cognitivo-comportamental-emotivo, realizando discussões, 
experimentos e imaginação/ psicodrama para tal.
A TERCEIRA EURÉKA
TRÊS INSIGHTS NECESSÁRIOS PARA A MUDANÇA Durante o processo terapêutico, a 
partir das interferências terapêuticas, tem-se como objetivo alcançar os três insights:
• Eu me perturbo a mim mesmo (não são “os outros” ou “as circunstâncias”);• Se aprendi de uma forma posso aprender de outra (a mudança é possível);• A mudança requer meu esforço (requer trabalho, constância e, as vezes, sofrimento).
MÓDULO 03: COMO LIDAR COM AS 
DISTORÇÕES COGNITIVAS
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omo Investigar as Crenças Irracionais? Frente a um antecedente desastroso e a 
uma consequência negativa existe uma crença irracional. Uma alternativa para a 
investigação destas crenças seria a utilização de questões como:
• Que coisas lhe inspiram terror, ansiedade, medo?• Quais são os seus “não posso suportar” ou “não aguento”?
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• Quais são seus sentimentos de derrota, suas ideias de inadequação, incapacidade e 
não aceitação de si mesmo?
Para outros casos podemos abordar a investigação da demanda: buscando seus signi-
ficados, procurando os esquemas que sustentam essas demandas, usando recursos emo-
tivos e experiências para criar fortes laços para modificar essas demandas e/ou buscando 
os porquês mais profundos. Exemplos de Abordagens
• Quando as inferências causadoras do mal estar são válidas, apenas poderemos en-
frentar as demandas que não sejam;
• As demandas podem ser discutidas de forma muito distinta dos supostos ou inferên-
cias, já que não são errôneas, mas sim irracionais / disfuncionais;
• Quando uma norma não está fundamentada ou surge de interpretações errôneas, se 
discute a norma.
Discutir as inferências é mais fácil, eficaz e convincente em geral, porém quando isso 
não for possível (por serem verdadeiras ou porque o resultado não vai a fundo no pro-
blema ou não assegurar ser duradouro) será necessário abordar as demandas. A modi-
ficação das demandas, quando for pertinente, quase sempre significará uma mudança 
mais profunda e duradoura, do que simplesmente modificar as inferências. Um proces-
so mais profundo e que requer mais tempo pode ser realizado quando as demandas ou 
inferências se mostram mais resistentes a mudança com os recursos habituais, então 
devemos nos perguntar sobre as crenças nucleares ou esquemas precoces inadaptados 
que poderiam sustenta-las, assim trabalharíamos com as estratégias mais apropriadas.
A QUARTA EURÉKA: A AUTO ACEITAÇÃO X A AUTO CONDENAÇÃO
A AUTO ACEITAÇÃO INCONDICIONAL Conforme a TREC, para atingir um grau de felici-
dade razoável, algumas crenças devem ser priorizadas e desenvolvidas, a auto aceita-
ção é uma delas. É importante julgar os seus comportamentos, não a você mesmo, a seu 
Ego, sua personalidade ou sua essência. A autoestima implica dar-se um valor, entretan-
to é impossível qualificar globalmente, pois todos fazemos coisas boas e coisas más, 
bem como podemos começar a fazer ou deixar de fazer tais coisas.
ARREPENDIMENTO X CULPA
• Arrependimento: do dicionário – ação de mudar de opinião ou comportamento em 
relação ao que já aconteceu (dentre outras) – para a TCC, qualifica o comportamento 
e permite modificar lhe, se for possível, ou deixar de fazer lhe.
• Culpa: do dicionário – ato ou omissão repreensível ou criminosa; falta voluntária, 
delito, crime (dentre outras) – para a TCC, é disfuncional, supõe qualificar a pessoa 
por uma ação (supergeneralização).
A DISPUTA COGNITIVA: OBJEÇÕES EMPÍRICAS, LÓGICAS E PRAGMÁTICAS
O modelo cognitivo apresenta que as emoções e comportamentos das pessoas são 
influenciados pela percepção desenvolvida dos eventos. Dessa forma, é estabelecido 
três estilos de cognições negativas, chamada de tríade cognitiva: visão negativa de si, 
visão negativa dos outros/do mundo e visão negativa do futuro. Primeiramente temos 
a visão negativa de si mesmo, o sujeito acredita que é inadequado, ineficiente, fraco, 
despreparado, etc, levando a desenvolver uma forte autocrítica, contribuindo para uma 
baixa autoestima e baixa autoconfiança. Na visão negativa sobre os outros ou sobre o 
mundo, o sujeito tende a ver suas situações com os outros como negativas, não con-
seguindo enxergar a situação de maneira racional, mas sim por meio de pensamentos 
automáticos disfuncionais que geram interpretações distorcidas da realidade. Por fim, 
a visão negativa do futuro ocorre quando o sujeito antecipa seu sofrimento, fazendo 
previsões negativas a longo prazo, acreditando que passará por dificuldades, privações 
e frustrações, podendo desencadear desânimo e desesperança. A tríade cognitiva é ati-
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vada por erros cognitivos, que surgem na forma de crenças e pensamentos automáti-
cos, sobre as diversas situações que vivemos. Os erros cognitivos são erros sistemáticos 
do pensamento, interpretações que realizamos assim que nos deparamos com algum 
acontecimento, que na maioria das vezes surgem sem nem percebemos. Como vimos 
anteriormente, essas interpretações produzirão emoções e comportamentos, muitas 
vezes disfuncionais, a partir disso Beck listou alguns erros cognitivos / distorções cog-
nitivas mais comuns.
PERSONALIZAÇÃO Definição: Atribuição responsabilidade pessoal para eventos so-
bre os quais a pessoa não tem controle. Acredita ser responsável por eventos que não 
dão certo, mesmo tendo outros fatores como responsáveis.
Exemplos: “Sou responsável por meu time ter perdido”; “O trabalho não ficou bom, 
por culpa minha”; “Eu devo ter feito algo para ele ter terminado comigo”; “Eu nunca 
ganho um sorteio, eu tenho azar”. Correção: Procurar avaliar a situação e os prováveis 
fatores que contribuem para as más experiências. Buscar determinar de forma racional, 
qual sua responsabilidade nesta experiência negativa.
PENSAMENTO DICOTÔMICO Definição: Classificar as coisas em duas categorias, tudo 
ou nada, certo ou errado, oito ou oitenta, excluindo todas as possibilidades existentes 
entre os dois polos. Exemplos: “Deu tudo errado nessa apresentação”; “Ninguém gosta 
de mim, sempre fico sozinho”; “Se não der certo, minha tentativa não valerá a pena”; 
“Se meuprofessor não acredita em mim, eu devo ser horrível mesmo”. Correção: Buscar 
compreender que os eventos podem ser avaliados de outra forma, cometer um erro não 
faz com que tudo seja descreditado.
LEITURA MENTAL Definição: Acreditar que é possível saber o que os outros estão pen-
sando, deixando-se influenciar por meio de conclusões sem evidências. Exemplos: “Ele 
deve estar pensando que eu não sei nada”; “Eu não devo estar agradando”; “Eles devem 
estar escondendo algo de mim, se não, não olhariam para mim com aquela cara”. Cor-
reção: Examinar se há alguma evidência plausível, contrária e a favor, para que a outra 
pessoa chegue a esta conclusão.
FILTRO MENTAL Definição: Também conhecida como visão em túnel, é a incapacidade 
de a pessoa ver aspectos negativos e positivos em alguma situação. Há um foco aten-
cional em alguma situação específica, enquanto outros aspectos relevantes são igno-
rados. Exemplos: “Ele não é um bom marido, não me ajuda a lavar a louça”; “Aquele pro-
fessor não gosta de mim, ele não olha para mim durante a aula”; “O que importa ajudar 
em casa, se meus pais não ligam para mim”, “Não consigo arranjar uma namorada, deve 
ser porque eu não sou bonito”. Correção: Buscar gerar conclusões a partir da avaliação 
total das situações.
DESCONSIDERAÇÃO DO POSITIVO Definição: O sujeito anula informações positivas 
sobre si mesmo ou uma situação. Exemplos: “Não fiz mais que minha obrigação”; “Qual-
quer um poderia fazer igual”; “Essa promoção que ganhei não significa nada, eu não fiz 
nada para conquista-la”; “Deveria ter me esforçado mais, só consegui metade do que 
havia planejado”. Correção: Compreender como outras pessoas enxergam a mesma si-
tuação e quais pontos da situação vivida são positivos.
RACIOCÍNIO EMOCIONAL Definição: Acreditar que sentimentos são fatos. Pensar que 
porque sente alguma emoção forte, é real. Mais ligado a emoções negativas. Exemplos: 
“Sinto que não vou conseguir me apresentar”; “Sinto que meus pais não gostam de 
mim”, “Algo muito ruim vai acontecer, não sei o que fazer”. Correção: Compreender as 
situações de uma forma mais racional, buscando evidências para os pensamentos.
MAGNIFICAÇÃO E MINIMIZAÇÃO Definição: Experiências negativas são maximizadas, 
enquanto experiências positivas são minimizadas. Pode ser atribuída a experiências, 
atributos pessoais, eventos ou possibilidades futuras. Exemplos: “Não quero tomar 
esse remédio, tem muitos efeitos colaterais”; “Essa dor que eu estou sentindo deve 
significar que eu vou morrer”; “Eu fui bem na prova, mas não tinha me esforçado nos 
estudos, devia ter feito mais”. Correção: Tentar avaliar a situação e suas probabilidades, 
sempre ponderando os prós e os contras, focando no real.
ROTULAÇÃO Definição: Avaliação geral de uma pessoa ou situação por meio de algum 
estereótipo, desconsiderando características pessoais de cada caso. Exemplos: “Ele é 
um fraco”; “Eu não sou homem suficiente”; “Ela é uma menina fácil”; “Você é preguiço-
so”; “Ele não tem jeito, é um mentiroso”. Correção: Analisar a pessoa ou a situação de 
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maneira mais ampla, prestando atenção em características pessoais e não se deixando 
levar por rótulos estabelecidos socialmente.
DITADURA DO DEVERIAS Definição: Focar em como as coisas deveriam ser, deixando 
de lado a forma como realmente é. Exemplos: “Deveria ter escrito aquele texto antes”; 
“Só poderei ficar em casa se eu ficar doente”; “Devia ter me esforçado mais, por isso 
não conquistei”; “Deveria aceitar o que ela me disse”. Correção: Entender a necessidade 
de sempre achar que deveria ter feito mais, ter sido melhor. A partir disso, trabalhar o 
esforço realizado como o possível, naquele momento.
CATASTROFIZAÇÃO Definição: Acreditar que um evento será extremamente aversivo, 
sempre focando na pior possibilidade possível, aumenta o nível de ansiedade. Exem-
plos: “Quando eu começar a falar, todos irão rir de mim”; “Eu não suportar o término do 
meu relacionamento”; “Se todos morrerem, vou ficar sozinho”; “Se eu tiver que começar 
a tomar remédio, meu corpo não vai suportar”. Correção: Avaliar os eventos e criar es-
tratégias de enfrentamento para lidar com as situações.
MÓDULO 04: A TCC NA PRÁTICA CLÍNICA
A CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS RACIONAIS
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o geral, a correção da maioria dos erros de pensamentos está em avaliar a situa-
ção e ponderar conclusões racionais. Como são ativadas por pensamentos auto-
máticos, o paciente leva um tempo até conseguir identifica-los e alterá-los. A TCC 
oferece algumas estratégias de enfrentamento para o paciente conseguir, aos poucos, 
lidar de maneira funcional com as situações. Algumas dessas técnicas são: cartão de 
enfrentamento, autoinstrução, solução de problemas, exposição, respiração diafrag-
mática, entre outras.
IMAGINAÇÃO RACIONAL EMOTIVA
A Técnica da Imaginação Racional Emotiva (IRE), descrita por Albert Ellis, tem o ob-
jetivo de modificar as percepções gerais do paciente. Nesta técnica o paciente deve 
visualizar detalhadamente situações que tenham sido desagradáveis e identificar os 
sentimentos que estão associados a ela, na sequência, são usadas estratégias para mo-
dificar estes sentimentos negativos e promover sentimentos positivos em seu lugar.
TÉCNICAS DE ENFRENTAMENTO E TAREFAS PARA MUDANÇA: 
COMO FAZER O USO RACIONAL DA PRÁTICA CLÍNICA
Enfrentamento é entendido como um processo através do qual o indivíduo adminis-
tra as demandas entre pessoa-ambiente que são avaliadas como estressantes e as emo-
ções que elas geram. Segundo Costa e Leite (2009), o enfrentamento pode ser classifica-
do de duas formas: enfrentamento centrado no problema e enfrentamento centrado 
na emoção, sendo que, muitas vezes, ambos ocorrem juntos. A estratégia focalizada na 
emoção é definida como um esforço para regular o estado emocional que está associa-
do ao estresse. Esses esforços são dirigidos a um nível somático e/ou a um nível de sen-
timentos, tendo por objetivo alterar o estado emocional do indivíduo. A função dessa 
estratégia é reduzir a sensação física desagradável de estresse. A estratégia focalizada 
no problema constitui-se num esforço para atuar na situação que originou o estresse. 
O objetivo dessa estratégia é mudar o problema existente na relação pessoa-ambiente 
que está causando o estresse. A utilização de estratégias de enfrentamento focalizadas 
no problema ou na emoção depende da avaliação cognitiva do caso.
TRANSTORNO DO PÂNICO
Quadro no qual ataques de pânico recorrentes e imprevisíveis são seguidos, por pelo 
menos um mês, a partir da preocupação persistente de sofrer outro ataque, preocupa-
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ção acerca das possíveis implicações ou consequências dos ataques ou uma alteração 
comportamental significativa a eles relacionada. Caracterizam-se pela ocorrência de 
crises agudas, intensas, inesperadas ou imprevisíveis de ansiedade, acompanhadas por 
temores de morte, de enlouquecer ou perder o controle, bem como sintomas somáticos 
como palpitações e dores no peito.
Critérios do DSM IV para Ataques de Pânico:
• Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado;• Sudorese;• Tremores ou abalos;• Sensação de falta de ar ou sufocamento;• Sensação de asfixia;• Dor ou desconforto torácico;• Náusea ou desconforto abdominal;• Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio;• Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (estar distanciado de 
si mesmo);
• Medo de perder o controle ou enlouquecer;• Medo de morrer;• Parestesias (anestesia ou sensação de formigamento);• Calafrios ou ondas de calor.
Critérios do DSM – IV para Transtorno do Pânico:
• Ataques de pânico recorrentes ou inesperados;• Pelo menos um desses ataques foi seguido por um mês (ou mais) de uma (oumais) 
das seguintes características: preocupação persistente acerca de ataques adicio-
nais;
• preocupação acerca das implicações do ataque ou suas consequências;• alteração comportamental significativa relacionada aos ataques.
A TCC tem destaque no tratamento do pânico, pois o foco é modificar os pensamen-
tos disfuncionais e esquemas adaptativos. O terapeuta e o paciente abordam juntos os 
esses pensamentos e esquemas, desta forma aos poucos os pacientes começam a ver a 
si próprios de forma mais realista, sentindo-se melhores, modificando seus padrões de 
comportamento desadaptativo e modificando as dificuldades da vida. Técnicas-chave:
• psicoeducação;• treinamento da respiração;• relaxamento;• automonitoramento;• reestruturação cognitiva.
TRANSTORNOS DEPRESSIVOS
Um dos transtornos mentais mais comuns e apresenta altos níveis de prevalência 
em quase todos os países onde sua ocorrência é estudada.
Os principais sintomas para serem investigados são: tristeza, desanimo, angústia, 
falta de vontade, choro com facilidade e anedonia (dificuldade ou impossibilidade de 
sentir prazer). Outros sintomas importantes são alteração do apetite, do peso e do 
sono, diminuição da libido, agitação ou retardo psicomotor. O padrão de pensamen-
tos deste paciente está relacionado a sentimentos de inferioridade, desvalorização, in-
competência, culpa e dificuldades para tomar decisões e se concentrar; podendo estar 
relacionados ou não a vontade ou tentativa de morte. Os sintomas depressivos podem 
ser resultado de distorções cognitivas com conteúdo negativo. Esse conteúdo negativo 
por si só pode não causar depressão, mas é um aspecto fundamental na manutenção do 
transtorno. O humor depressivo facilita o acesso a informações negativas (visão negati-
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va de si, dos outros e das experiências, e do futuro), dificultando esse acesso a informa-
ções positivas, podendo gerar dois problemas:
• Aumento das cognições negativas;• Redução da probabilidade de que os enfrentamentos tenham bons resultados.
Kuyken, Watkins e Beck (2007) consideram que o tratamento da depressão consiste 
em quatro fases:
• relação terapêutica;• estabelecimento da lista de problemas;• estabelecimento da lista de objetivos;• psicoeducação.
TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO – TOC
O TOC é caracterizado pela presença de obsessões ou compulsões. Obsessões são 
comportamentos, ideias, impulsos ou imagens repetitivas e persistentes que ocorrem 
de forma intrusiva e que provocam ansiedade. Para alivio deste desconforto a pessoa 
tenta suprir ou neutralizar as obsessões por meio de comportamentos repetitivos, que 
são as compulsões. Para o diagnóstico os sintomas devem causar sofrimento, consumir 
mais de uma hora diária ou interferir significantemente na rotina do indivíduo no tra-
balho, escola e relacionamentos.
Critérios do DSM – IV para TOC:
• pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum mo-
mento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e inadequados, 
causando ansiedade e sofrimento;
• os pensamentos, impulsos ou imagens não são meras preocupações excessivas com 
problemas da vida real;
• a pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens, ou neu-
traliza-los com algum outro pensamento ou ação;
• a pessoa reconhece que os pensamentos, impulsos ou imagens obsessivas são pro-
duto de sua mente (não impulsos de fora, como na inserção de pensamento);
• comportamento repetitivos (como: lavar as mãos, organizar, verificar) ou atos men-
tais (por exemplo: orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que a pessoa se sente 
compelida a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que de-
vem ser igualmente aplicadas.
O modelo cognitivo valoriza o papel dos pensamentos e crenças disfuncionais no 
que se refere ao surgimento e à manutenção dos sintomas. Desta forma, as interpreta-
ções errôneas são as responsáveis pelo fato de determinados pensamentos intrusivos 
assumirem um significado especial (e catastrófico) para o indivíduo. Crenças erradas ou 
distorcidas no TOC:
• exagerar o risco de contrair doenças, de se contaminar ou de que ocorram desastres;• exagerar a responsabilidade que acreditam ter que provocar e impedir desastres;• valorizar de forma excessiva os pensamentos e a necessidade de controla-los;• valorizar a necessidade de ter certeza para não cometer falhas;• perfeccionismo.
O tratamento do TOC na TCC baseia-se num processo estruturado, breve e focado, 
com objetivo de eliminar os sintomas interrompendo os fatores que os perpetua, mais 
especificamente os rituais, as evitações, bem como outras manobras de neutralização 
utilizadas pelos pacientes. Esse processo é realizado durante as seguintes etapas:
• psicoeducação;• identificação dos sintomas e elaboração de uma lista hierárquica;
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• identificação de pensamentos automáticos e crenças disfuncionais.
TRANSTORNO DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE – TDAH
Segundo o DSM-IV, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade se caracte-
riza pelo comprometimento nas áreas da atenção, impulsividade e hiperatividade. Os 
sintomas apresentados prejudicam a vida social da criança, seus relacionamentos in-
terpessoais na escola e no ambiente familiar, provocam constante desatenção e falta 
de interesse no desempenho de determinadas tarefas. A TCC parte do princípio de que 
o indivíduo é influenciado por suas crenças distorcidas acerca de si mesmo, do mundo 
e do futuro, como discutimos anteriormente. Estes pensamentos disfuncionais promo-
vem sentimentos negativos e comportamentos indesejáveis. Sendo assim, o processo 
terapêutico tem como objetivo promover uma reestruturação cognitiva do sujeito, al-
terando sua percepção dos fatos e dos significados atribuídos aos mesmos. Por exem-
plo: crianças portadoras de TDAH, muitas vezes, estão sujeitas a críticas severas por 
parte de seus professores, colegas e pais. A partir disto, são desestimuladas a realizar 
as tarefas escolares, sentem vergonha de si mesmas, buscam o isolamento social e ad-
quirem sintomas depressivos.
Crenças distorcidas, comuns, no TDAH:
• “eu sou burro”• “sou inadequado”• “não mereço ser amado por ninguém”• “nunca vou ser igual às outras crianças”.
No processo terapêutico é importante trabalhar o treinamento na manutenção do 
foco nas tarefas diárias de forma a não mais se perder em atividades desnecessárias. 
Outros fatores também são trabalhados, mas a definição de quais pontos serão aborda-
dos dependerá da necessidade de cada pessoa. O trabalho deve ser realizado por uma 
equipe multidisciplinar, que poderá dar o suporte necessário para o prognóstico do 
tratamento. A combinação psicoterapia + medicação se faz necessária na maioria dos 
casos, para que a pessoa aprenda a lidar com seus limites e com seu potencial.
Bibliografia
ANDRETTA, I.; OLIVEIRA, M. S. org. “Manual Prático de Terapia Cognitivo-Comportamen-
tal”, São Paulo, Casa do Psicólogo, 2012. BECK, J. “Terapia Cognitiva: teoria e práti-
ca”, Porto Alegre, ArtMed, 1997. COSTA, P; LEITE, R. C. “Estratégias de Enfrentamen-
to Utilizadas pelos Pacientes Oncológicos Submetidos a Cirurgias Mutiladoras”, 
Revista Brasileira de Cancerologia, 2009, nº 55, págs. 355-364. HAYES, S. “Accep-
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Behavioral and Cognitive Therapies”, Behavior Therapy, 2004, nº 35, págs. 639 a 665.
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Consultório de Psicologia
Profº Alexandre Rivero
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