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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO – FAE CIÊNCIAS CONTÁBEIS eSOCIAL: CONCEITO, FUNCIONAMENTO, IMPLANTAÇÃO E IMPACTOS São João da Boa Vista 2017 LUIZ FERNANDO DA COSTA Trabalho de Conclusão de Curso como requisito da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Ciências Contábeis, ao Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – UNIFAE, como parte das exigências para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof.(a) Ms. Tereza Cristina Pereira de Carvalho Domenciano São João da Boa Vista 2017 Luiz Fernando da Costa eSOCIAL: CONCEITO, FUNCIONAMENTO, IMPLANTAÇÃO E IMPACTOS DATA DA APROVAÇÃO: 13 / 12 / 2017 Prof. Ms. Renato Camargo de Mendonça Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino - FAE Prof. Celso Maran Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino - FAE Prof.(a) Ms. Tereza Cristina Pereira de Carvalho Domenciano Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino - FAE Luiz Fernando da Costa eSOCIAL: CONCEITO, FUNCIONAMENTO, IMPLANTAÇÃO E IMPACTOS São João da Boa Vista 2017 Este trabalho foi dedicado à minha família sem a qual não seria possível a conclusão deste curso, ao meus amigos e companheiros que me incentivaram e torceram por mim todo o tempo, e a todos aqueles que, assim como eu, anseiam pela busca de conhecimento com o objetivo de tornar-se pessoas melhores. AGRADECIMENTOS À companhia Cencosud Brasil Comercial Ltda., que despertou em mim o interesse pelo ingresso na carreira que os caminhos da Contabilidade oferecem, onde acredito que esteja minha vocação. A todos os professores do curso que brilhantemente transmitiram seus conhecimentos e experiências pessoais, culminando em um sentimento de grande valia, seriedade e responsabilidade de nós alunos perante a instituição, a sociedade e a profissão. À empresa Auto Omnibus Circullare Ltda., que me ofereceu uma grande oportunidade, onde proveitosamente adquiri novos conhecimentos em áreas que nunca havia imaginado, e novos companheiros e amigos. Por fim, aos meus companheiros de sala por termos dividido nesse tempo conquistas e dificuldades, mas acima de tudo, muita amizade e respeito. “Você não pode fazer o trabalho de hoje com os métodos de ontem se pretende estar no mercado amanhã.” (Jack Welch) FICHA DE INSCRIÇÃO PARA ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO IDENTIFICAÇÃO Nome: Luiz Fernando da Costa Matricula nº: 19775-6 Ano: 2017 Endereço: Antônio Marinoni, 385 Bairro: São Sebastião Cidade: Poços de Caldas - MG E-mail: dom.lfcosta@gmail.com Empresa: Auto Omnibus Circullare Poços de Caldas Ltda. Endereço: Rua São José, 126 Bairro: Jd. Country Club Cidade: Poços de Caldas - MG Telefone: (35) 3729-9000 E-mail: compras@circullare.com.br Professor orientador do estágio: Prof.(a) Ms. Tereza Cristina Pereira de Carvalho Domenciano Responsável na empresa: Clenilton dos Santos Gonçalves Data: 30 / 04 / 2017 ASSINATURA:___________________________________________ 1 HISTÓRICO A empresa Auto Omnibus Circullare Poços de Caldas é a atual concessionária dos serviços de transporte público urbano na cidade de Poços de Caldas, situada no sul de Minas Gerais está completando 68 anos de história. Fundada em 1949, a então Sociedade Circullar de Poços de Caldas, teve início com duas linhas que atendiam as zonas leste e oeste da cidade que já possuía cerca de 25 mil habitantes. Através dos anos vários grupos chegaram a controlar a organização até que em 1985 ela foi adquirida pelo Grupo Omnibus Empreendimentos, alterando mais tarde seu nome para o atual. Hoje a Circullare possui uma frota de mais de cento e setenta veículos, com média de renovação de quatro anos, sendo ônibus convencionais, mini ônibus e micro-ônibus, que atendem a cerca de cinquenta linhas na cidade e região suburbana, em dezenas de horários para cada uma. São atendidas também grandes indústrias e empresas da região com as linhas de fretamento que transportam exclusivamente seus colaboradores. No ambiente social, a empresa investe bastante. Existe plataformas de elevação para cadeirantes em quase todos os veículos urbanos, além de vans para o transporte desses usuários com exclusividade. Somente a rede de ensino municipal utiliza mais de seis mil bilhetes escolares, além de uma linha própria para universitários das maiores instituições da cidade. Em 2010 iniciou-se o Sistema Integrado Grande Amigo (SIGA) para que se efetivasse a integração de linhas, oferecendo descontos no próximo embarque de cinquenta a cem por cento. O projeto incluía também a construção de mais três estações nas zonas leste, oeste e sul do município. A Circullare é responsável pelo emprego direto de mais de setecentos colaboradores que recebem benefícios que dá assistência em saúde e alimentação, além de convênios com farmácias e o Clube SEST/SENAT de Poços de Caldas. É oferecido plano de carreira e treinamentos regulares para cada departamento. Há ainda um setor de Segurança no Trabalho que supervisiona todas as atividades insalubres na empresa, controle de EPI’s (Equipamento de Proteção Individual), cursos de segurança além da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Outro dado importante é que a grande maioria dos fornecedores da empresa é da própria região, e como são muitas as compras diárias, tem-se um impacto muito positivo na economia local, o que também gera empregos indiretamente e beneficia a cidade. Em 1995 implantou-se um sistema de qualidade e logo em 2000 este foi certificado pelo ISO 9002 e, posteriormente ISO 9001, fato inédito no país até então. A Circullare foi premiada novamente em 2016 com prêmio FETRAM (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do estado de Minas Gerais) no projeto Despoluir com cem por cento da frota aprovada na emissão de poluentes, pela quinta vez consecutiva. Na garagem, onde se encontra o departamento de Manutenção, há uma miniestação de tratamento que reutiliza a agua consumida na lavagem dos veículos quase totalmente. Missão “É assim, na valorização de seus recursos humanos, pelos investimentos constantes em tecnologia, renovação permanente da frota, valorizando o passado, e trabalhando no presente com olhos voltados para o futuro, que a Circullare cumpre sua missão diária de transportar vidas com total segurança, conforto e pontualidade.” 2 ATIVIDADES DESEMPENHADAS O setor de Almoxarifado de uma empresa tem por objetivo o controle do patrimônio e aplicação de procedimentos administrativos para uma eficiente gestão dos estoques de todos os tipos de materiais que são necessários para a operação. Sua rotina inclui entrada de notas fiscais, atendimento de requisições de materiais, uniformes e materiais para escritório. Inicialmente foi apresentado as instalações que compreendem todo o setor, sendo os lugares de armazenagem das peças de reposição dos veículos, materiais para higiene e limpeza, itens de consumo para cantina e refeitórios e seção dos uniformes de toda a empresa. No almoxarifado são quatro pessoas. Um Almoxarife Sênior, um Pleno, um Júnior e um Auxiliar, além do Encarregadode Compras e do setor como um todo. Cada um tinha responsabilidades segmentadas tais como digitação de notas, dirigir materiais aos locais de armazenagem e atendimento das requisições. Era disposto também, aos mecânicos, eletricistas e seus auxiliares, ferramentas comunitárias que após utilizadas eram devolvidas ao almoxarifado. Essas ferramentas eram controladas por placas de aproximadamente três centímetros quadrados, onde são gravados um número de dois dígitos, visto que cada colaborador tinha um respectivo número atribuído a ele. Quando se emprestava uma ferramenta, deixava- se sua placa no lugar dela. Todo o setor era organizado com localizações específicas, com caracteres alfanuméricos, para cada item cadastrado no sistema de gestão, agrupados por categoria como mateiras elétricos, peças de freio, mangueiras, suspensão, parafusos e outros. A estante “L” por exemplo, tem várias prateleiras divididas na vertical, numeradas de um a cento e vinte e dois. Logo “L – 17” trata-se da localização de algum material. Na devida localização encontrava-se fixada uma etiqueta que continha o código interno do item, sua descrição, sua localização e o número de referência do fabricante. Em alguns casos, por se tratar de peças pequenas era possível a divisão de uma mesma localização, limitada a dois itens diferentes. Sabendo disso, é facilmente compreensível como atendeu-se as requisições internas. As fichas de requisições eram feitas via sistema e emitidas em uma impressora exclusiva para isso. Nelas existem todas as informações supracitadas e outras ainda mais importantes como Centro de Custo, solicitante, prefixo do veículo, data e hora da emissão, data da última requisição feita para o veículo (isso para cada item) e saldo remanescente que deveria ser conferido fisicamente. Assim que entregue, a ficha era assinada pelo solicitante, pelo atendente e arquivada em seguida. Figura 1 - Requisição de Materiais (Fonte: Software utilizado no setor) Como o setor de Manutenção funciona vinte e quatro horas e não há almoxarife no período noturno, todas as requisições eram atendidas, na madrugada, pelo encarregado de plantão. Os saldos e estoques eram conferidos pelo almoxarife na manhã seguinte, onde se confrontava um relatório de requisições emitidas com as fichas arquivadas. Encontrando-se inconsistências, o superior do setor era consultado. Na parte administrativa, começando pelo acesso ao sistema, cada colaborador tinha login próprio e senha. Eram atribuídos níveis de acesso proporcionalmente as responsabilidades do indivíduo. Um almoxarife, por exemplo, tem acesso para consultas de cadastro, emissão de relatórios e demais rotinas de baixo risco. Já o encarregado de compras é quem tem acesso a pedidos, autorizações e até mesmo o cancelamento de requisições. No quesito segurança, solicita-se troca de senha pessoal a cada trinta dias. Por se tratar de um sistema integrado (ERP), caso um colaborador conste no Departamento Pessoal com situação de afastamento ou férias por exemplo, não é possível que se faça requisições ou demais rotinas com acesso do mesmo. O sistema ERP tem módulos separados por operação. Manutenção que concerne a administração de ordens de serviço (O.S.) tanto corretivas como preventivas, o módulo Estoque que trata justamente do almoxarifado, Abastecimento que controla a quantidade de combustível consumida em cada veículo e, por último, Compras que gera pedidos para fornecedores tanto de materiais quanto de serviços, são alguns exemplos. Figura 2 - Sistema ERP, módulo Estoque (Fonte: Software utilizado no setor) Também concerne ao almoxarife o recebimento dos materiais comprados e entrada de notas fiscais, que são conferidos no ato do recebimento respeitando-se a natureza, a quantidade e o valor que foi solicitado no pedido de compra. Em caso de qualquer discrepância, procedia-se com regularização da situação perante o fornecedor. Em caso de materiais avariados por exemplo, se fazia a troca ou cancelamento da compra. Após checagem da nota fiscal e seu lançamento no sistema ERP, os materiais eram destinados aos respectivos endereços no setor e seus saldos conferidos para apuração da acuracidade dos estoques. Na hipótese de falta algum item e com a garantia da entrega pelo fornecedor, afixava-se um comunicado junto a etiqueta do item na sua localização, com as informações de quantidade pendente de entrega, data e motivo da pendencia. Havendo devoluções da qualquer mercadoria, o almoxarife responsável efetuava o preenchimento de um relatório com as inconformidades e este era arquivado junto ao prontuário do respectivo fornecedor. Devido a peculiaridade no cadastro das descrições dos materiais e peças principalmente, onde existem diversos modelos, tamanhos, voltagens, capacidades e demais características que tornam as peças mecânicas especificas para cada veículo, no intuito de se evitar uma massiva correção de erros causados por requisições feitas incorretamente, havia o controle de Peças Emprestadas. Este controle continha informações como o código interno do item, a quantidade que foi entregue, para qual veículo a peça seria requisitada, o nome de quem recebeu o material e a data do empréstimo. Ao final do dia o responsável era informado de que havia peças emprestadas em seu nome para a devida regularização, sendo esta requisitada para o veículo via sistema, ou devolvida ao almoxarifado. 2.1 INVENTÁRIO DE ESTOQUE Semestralmente todo o setor era inventariado. A operação era dividida entre seis pessoas, que conferiam o saldo remanescente de cada item no estoque do sistema, e um coordenador do processo de inventario. Nesse período não se faziam movimentações via sistema e todas as peças necessárias para a manutenção erma requisitadas em um formulário manual e lançadas no banco de dados somente após encerramento do inventario. Assim que constatados saldos diferentes por qualquer pessoa, o coordenador era informado para verificar a inconsistência. Ao termino de todo a operação os itens encontrados com saldos incoerentes eram corrigidos no sistema e um relatório de percentagem de erros era emitido. Por exemplo, se quatro mil itens fossem contados e vinte corrigidos, o resultado da percentagem de discrepância seria de 0,5% (20 / 4000 * 100). Como é função do setor o absoluto controle do seu estoque, o resultado ideal para este índice é de zero. Contudo falhas na operação do dia a dia podem acontecer e o inventário se faz necessário. 2.2 CONTROLES DE MOVIMENTAÇÕES O setor de Manutenção tem ainda a função de controlar outros custos operacionais diretos como o abastecimento por exemplo, o mais importante desembolso da operação na empresa. Nas instalações da garagem há um posto de combustível que abastece toda a frota. Há dois tipos de óleo diesel que são usados nos veículos, sendo o S-10 e o S-500 e um aditivo denominado Arla-32. Cada bomba é calibrada e fiscalizada regularmente e há também um sistema de computador que registra cada abastecimento e a quilometragem do automóvel abastecido em cada uma. Esses registros são importados pelo sistema ERP através do módulo Abastecimento. Isso possibilita ter controle da quantidade de combustível consumida em qualquer data, de qualquer veículo, o saldo remanescente no tanque do respectivo tipo de óleo e o consumo de qualquer veículo. Diariamente eram importadas para o banco de dados todas as informações de abastecimento das bombas. Este programa indicava também inconsistências na importação, que deveriam ser corrigidas manualmente. Como havia um cadastro de cada veículo e sua respectiva média de consumo,caso o volume de abastecimento não fosse condizente com a quilometragem informada no hodômetro, a operação não era finalizada. No caso de a frota auxiliar ou carros de apoio, composta de automóveis de passeio, o procedimento era semelhante em seu controle. Porém o abastecimento era feito externamente, ou seja, em postos de terceiros, visto que não havia tanque para gasolina na empresa, somente óleo diesel e aditivo. Para correção de alguma informação que aparecesse no relator de inconsistências, acessava-se a tela de digitação manual de abastecimento. Dentre os dados lançados está a data da operação, de qual tanque veio o óleo, qual bomba foi utilizada, o prefixo do veículo, a quilometragem apresentada em seu hodômetro na data do abastecimento e quantidade de combustível aplicada ao veículo. Dentre os erros mais comuns estavam lançamentos de abastecimento duplicados ou em quantidades que excediam os limites do tanque do automóvel. Figura 3 - Módulo Abastecimento. Tela de Lançamento Manual (Fonte: Software utilizado no setor) Também é controlado os pneus de cada veículo. Eles são cadastrados individualmente e marcados com números de quatro algarismos, quando adquiridos. Apesar da frota operar com ônibus urbanos e vans, somente os ônibus têm acompanhamento dos pneus. O controle era feito pelo sistema ERP, através de movimentação manual conforme o setor de Borracharia efetuava as trocas. Cada ônibus necessita de seis pneus para sua locomoção, sendo quatro traseiros e dois dianteiros, mais um estepe, totalizando sete, divididos nas posições dentro do módulo Pneus dentro do sistema em: Dianteiro Direito (DD), Dianteiro Esquerdo (DE), Traseiro Direito Interno (TDI), Traseiro Direito Externo (TDE), Traseiro Esquerdo Interno (TEI), Traseiro Esquerdo Externo (TEE) e um Estepe. Como o cadastro dos pneus é individual, é possível a sua associação com um veículo, especificamente em uma posição. Caso um pneu já associado a um ônibus fosse incluído em outro, o sistema informava seu uso atual em determinado carro. Ou seja, deve-se primeiro efetuar a retirada do pneu de um veículo para que este possa ser associado em outro. O modulo Pneus tem ainda um histórico de cada pneu cadastrado com informações dos veículos em que foi usado, data de saída e retorno para ressolagem dentre outras informações como a data de descarte do pneu. Figura 4 - Tela Cadastro de Pneus (Fonte: Software utilizado no setor) Na tela de cadastro de pneus é apresentado todos os campos para inserção das informações características de cada um, além do modo como este foi adquirido. O número do Fogo trata-se de uma numeração própria da empresa, de quatro algarismos, que é individual para cada pneu, que eram gravados em cada um assim que entravam no estoque. É exatamente por esta marcação que é possível o controle de cada movimentação dos pneus. Inseria-se também a marca, o modelo, a medida, tipo de borracha, nota fiscal de compra e até mesmo se o pneu foi comprado junto com um veículo novo. A associação de um pneu com sua nota fiscal possibilita o cálculo do seu valor para compor o valor correto do estoque e para inserir este no custo de operação do veículo em que este era montado, além de impossibilitar a criação de cadastros de pneus sem a respectiva compra, ou mesmo sem o devido lançamento da nota fiscal no sistema, o que se mostra muito seguro. A cada troca de pneus nos veículos, sendo eles retirados para armazenagem, concerto ou mesmo rodizio, uma movimentação era lançada no sistema ERP previamente preparado para isso. Figura 5 - Tela de Movimentação de Pneus (Fonte: Software utilizado no setor) Inicialmente informava-se o veículo que havia sofrido a alteração. O programa informava quais pneus estavam alocados a este ônibus. Então procedia-se com a troca informando-se qual deles foi retirado e em seguida o novo era inserido. As inconsistências mais comunas aqui eram números de Fogo de componentes que ainda estavam associados a outro carro. Logo a ordem correta para essa operação é, primeiro retira-se o pneu informado do coletivo no qual estava montado e na sequencia este é agregado ao novo veículo. Alimentava-se o banco de dados também com data e hora da movimentação, além do responsável pela troca. Havia também a possibilidade de este pneu não estar disponível para uso por não ter retornado do concerto por exemplo, ou mesmo já ter sido descartado. Todas estas informações, assim como cada movimentação eram passiveis de consulta no histórico do respectivo pneu. No que concerne aos cadastros de materiais, informa-se todas as suas características especificas. A tela de cadastro dispõe de campos como código interno do item, sua descrição detalhada (informando-se medida, voltagem, modelo, a qual tipo de carro se aplica, etc.), referência ou código de barras do produto, alguns parâmetros como compra e incidência de tributos, marcas e sua localização no almoxarifado onde o item era armazenado. Figura 6 - Tela de Cadastro de Materiais (Fonte: Software utilizado no setor) Na rotina do setor faz-se também, naturalmente, muitas requisições internas. A tela para este procedimento via sistema contem permissões de entrada de dados conforme as características informadas anteriormente, na definição do relatório e apresentado na Figura 1. Todos os itens necessários na operação da empresa eram solicitados por esse processo, sejam eles peças, ferramentas, materiais de expediente, lubrificantes, materiais elétricos, uniformes, EPI’s, itens de limpeza e até mesmo alimentos. Vários relatórios podem surgir a partir disto. Por exemplo uma relação de materiais solicitados para um coletivo especifico, requisições por período, por veículo, por material individual ou em lotes, e até mesmo por solicitante. É essa atividade que permite a alocação dos custos totais individualmente a cada veículo e finalmente ao departamento Manutenção. Figura 7 - Tela de Requisição de Materiais (Fonte: Software utilizado no setor) Outra rotina administrativa no setor almoxarifado é o lançamento e emissão de notas fiscais, tanto de serviço como de produtos. Cada documento inserido no sistema é associado a um pedido ou vários, emitidos pelo setor de compras e autorizados previamente pelo chefe do departamento, independente do seu valor. Como atual mente se dispõe das Notas Fiscais Eletrônicas e os respectivos arquivos XML, o sistema é preparado também para a importação desse arquivo, dispensando a digitação manual. Esse processo é muito comum em qualquer organização hoje em dia e traz muito mais segurança na entrada de materiais além de diminuição de erros e agilidade do procedimento. Figura 8 - Tela de Lançamento de Notas Fiscais (Fonte: Software utilizado no setor) Também pode-se ter a entrada de um material associado a um serviço às vezes, neste caso, com notas fiscais distintas. É o caso de extintores de incêndio por exemplo são acompanhados do serviço de recarga e ao mesmo tempo seu retorno ao estoque, tendo em vista que houve uma prévia saída. Todos as notas fiscais lançadas por um auxiliar eram conferidas no sistema por outro colaborador do setor, geralmente o responsável pela armazenagem dos materiais entregues. Atrelado ao processo de entrada das notas está a rotina diária de Integração de dados do sistema ERP. Esse procedimento é feito ao final do dia quando todos os lançamentos foram feitos e sua função é inserir as notas fiscais nos módulos dos departamentos de Contas a Pagar, Escrituração Fiscal e Contabilidade. Caso não seja feito, estes documentos não ficarão disponíveis para tais setores e o pagamentode fornecedores não é liberado por exemplo. Assim que devidamente integrados, os documentos eram encaminhados para o setor financeiro onde eram mais uma vez conferidos. Caso sejam necessárias quaisquer correções no lançamento, as notas eram devolvidas ao almoxarifado e todo o processo repetido. Figura 9 - Tela de Integração de Notas Fiscais (Fonte: Software utilizado no setor) Por fim, também diariamente, era emitido ao final do expediente o relatório de movimento, contendo todas as notas fiscais que foram lançadas. Essa relação era conferida com cada um dos documentos sendo verificados os valores totais, números, series, datas de emissão, fornecedores e o vencimento das duplicatas, tanto para notas fiscais de materiais, como de serviços. Encerrado este processo, os documentos eram encaminhados ao departamento financeiro. CONCLUSÃO A empresa é atuante no setor de transporte público urbano e particular rodoviário, sendo concessionária exclusiva deste serviço na cidade. As atividades desenvolvidas durante este estágio foram suficientes para que se adquirisse conhecimento de como se opera o departamento de manutenção em organizações deste ramo de negócio, onde o setor de almoxarifado se faz muito importante, sendo seu foco o controle patrimonial interno. Por ser grande a eficiência desse controle, é muito relevante a transparência na geração de informações aos gestores e assim, decisões mais coerentes podem ser tomadas de acordo com o necessário. Isso também é responsável por uma excelente gestão dos estoques, ou seja, sem excessos ou faltas. Por ter boa parte de seus fornecedores inseridos na própria região, pode-se ter bastante agilidade nas entregas além de ótima economia com fretes. No que concerne à contabilidade, a empresa é tomadora de assessoria contábil terceirizada, portanto os setores que sofrerão impacto direto da implantação do novo eSocial, tema deste trabalho, serão somente os que possuem atividades de recursos humanos como o setor de Saúde e Segurança do Trabalho, departamento jurídico e o Departamento Pessoal. Durante o estágio supervisionado não houve, na entidade, modificações para adaptação. Identificou-se que o sistema de custeio utilizado para a empresa é ABC (Activity Based Costing), ou Custeio Baseado nas Atividades, onde gastos considerados custos indiretos são rateados para a operação. Exemplo de gasto indireto é o desembolso com a energia elétrica, que atendendo a todo o departamento de manutenção, é distribuído igualmente aos veículos. Com isso tem-se um fator denominado custo por quilometro rodado, o que possibilita a correta formação da margem de contribuição unitária e o devido cálculo do ponto de equilíbrio. Por ter a concessão do serviço, os valores das tarifas são autorizados somente pelo poder executivo municipal, que avalia periodicamente as planilhas de custo operacional da empresa. Esta é a principal razão de demasiado controle interno e da necessidade total transparência nos processos. Por fim, notou-se que a sinergia dos departamentos e setores da organização como um todo é fundamental para seu serviço seja prestado com excelência, visto que na rotina do transporte expõe-se a infortúnios e diversos imprevistos como acidentes no transito impeditivos à sua fruição, ou defeitos inesperados nos veículos da frota. Portanto a preparação é uma poderosa aliada quando se lida diariamente com horários rígidos e rotas definidas. No entanto é natural que intervenções dos mecânicos em carros com problemas no meio de seu itinerário sejam necessárias esporadicamente. Logo é parte do plano de contingencia da empresa ter alguns ônibus reservas nas várias estações, visando agilidade no atendimento de ocorrências. RESUMO O presente trabalho tenta expor as principais características, princípios e objetivos do novo canal de prestação das informações fiscais, trabalhistas e previdenciárias, o eSocial. Espera-se substituir quinze obrigações assessorias por essa nova, que fará parte do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). O objetivo foi apresentar as principais informações do futuro ambiente, sintetizar as exigências para o novo sistema, enfatizar o fluxo das informações da plataforma, apresentar os impactos das modificações, demonstrar o cronograma do projeto e apresentar resultados do funcionamento da utilização no ambiente doméstico, em vigor desde outubro de 2015. Utilizou-se principalmente as leis e normas referentes ao direito do trabalho como base de pesquisa, além de livros, artigos e manuais de orientação expedidos pelos órgãos participantes do projeto. Verificou-se que a principal dificuldade será adaptação por parte dos empregadores, e as maiores vantagens serão o ganho de tempo, redução dos gastos e a transparência das relações de trabalho. Palavra-chave: obrigação assessória, eventos, direitos trabalhistas, empregado e empregador. ABSTRACT The present paper tries to expose the main characteristics, principles and objectives of the new channel of provision of tax, labor and social security information, eSocial. It is expected to replace fifteen advisory obligations for this new one, which will be part of the Public Digital Bookkeeping System (SPED). The objective was to present the main information of the future environment, to synthesize the requirements for the new system, to emphasize the flow of information of the platform, to present the impacts of the modifications, to demonstrate the project schedule and to present results of the operation of the use in the domestic environment, in since October of 2015. Laws and norms referring to labor law as a research base have been used, as well as books, articles and guidance manuals issued by the participating bodies of the project. It has been found that the main difficulty will be adaptation by the employers, and the greatest advantages will be the gain of time, reduction of expenses and the transparency of labor relations. Key word: advisory obligation, events, labor rights, employee and employer. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Módulos do SPED ...................................................................................... 45 Figura 2. Quadro atual na prestação de informações ............................................... 46 Figura 3. Fluxo das informações com a implantação do eSocial ............................... 47 Figura 4. Cronograma e faseamento de implantação ............................................... 51 Figura 5. Tela de Consulta Qualificação Cadastral ................................................... 64 Figura 6. Retorno da consulta cadastral .................................................................... 64 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 29 1 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 31 1.1 SOBRE OS DIREITOS DOS TRABALHADORES ........................................... 31 1.1.1 ALTERAÇÕES NA CLT PELA LEI FEDERAL Nº 13.467 DE 13 DE JULHO DE 2017 .............................................................................................................. 31 1.2 CONVENÇÃO COLETIVA, DISSÍDIOS E ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO ............................................................................................................ 33 1.3 SOBRE A PREVIDENCIA SOCIAL .................................................................. 34 1.4 OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS ................................................ 37 1.4.1 GFIP - Guia deRecolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social .................................................................................................................. 38 1.4.2 CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados para controlar as admissões e demissões de empregados sob o regime da CLT ..................... 38 1.4.3 RAIS - Relação Anual de Informações Sociais. ......................................... 39 1.4.4 LRE - Livro de Registro de Empregados .................................................. 39 1.4.5 CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho ........................................... 40 1.4.6 CD - Comunicação de Dispensa ............................................................... 40 1.4.7 CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social ................................... 40 1.4.8 PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário ............................................... 40 1.4.9 DIRF - Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte ........................ 41 1.4.10 DCTF - Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais .............. 41 1.4.11 QHT – Quadro de Horário de Trabalho .................................................... 42 1.4.12 MANAD – Manual Normativo de Arquivos Digitais .................................. 42 1.4.13 Folha de pagamento ................................................................................ 42 1.4.14 GRF – Guia de Recolhimento do FGTS .................................................. 43 1.4.15 GPS – Guia da Previdência Social .......................................................... 43 1.5 ALGUNS ORGÃOS FISCALIZADORES E OBRIGATORIEDADES ................ 43 2 O CONCEITO DO eSOCIAL .................................................................................. 45 2.1 O PROJETO .................................................................................................... 45 2.2 LEGISLAÇÕES E O eSOCIAL ......................................................................... 47 2.3 PRINCÍPIOS E OBJETIVOS ............................................................................ 48 2.4 ORGAOS PARTICIPANTES ............................................................................ 49 2.5 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÕES ............................................................ 50 2.6 RELAÇÕES COM O MICRO EMPRESÁRIO E AS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE ................................................................................................................... 52 2.7 eSOCIAL E O EMPREGADOR DOMESTICO ................................................. 52 3 AMBIENTE DO eSOCIAL E O SEU FUNCIONAMENTO....................................... 54 3.1 EVENTOS INICIAIS E EVENTOS DE TABELA ............................................... 54 3.2 EVENTOS NÃO PERIÓDICOS ........................................................................ 56 3.3 EVENTOS PERIÓDICOS ................................................................................ 57 3.4 ENVIOS DAS INFORMAÇÕES E O REGISTRO DE EVENTOS TRABALHISTAS .................................................................................................... 58 3.5 SERVIÇOS DE MENSAGERIA E A SEGURANÇA DO SISTEMA .................. 59 3.6 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL DE RETENÇÕES E OUTRAS INFORMAÇÕES FISCAIS (EFD-Reinf) ................................................................. 61 4 PREPARAÇÕES E AS MUDANÇAS ESPERADAS ............................................... 63 4.1 SANEAMENTO DOS DADOS CADASTRAIS .................................................. 63 4.2 REVISÃO DE PROCESSOS INTERNOS ........................................................ 65 4.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO eSOCIAL ........................................... 66 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 68 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69 29 INTRODUÇÃO É parte das obrigações acessórias de uma empresa a transmissão correta de informações aos órgãos públicos para diversos fins, dentre eles a fiscalização do cumprimento das leis nacionais. As informações mais importantes ou com exigência maior são as que dizem respeito aos tributos em geral, o que visa garantir a arrecadação eficiente desses valores para a Administração Pública. Contudo, é demasiado o número dessas responsabilidades por parte das organizações tendo complicadores como prazos para entrega e vários órgãos para se transmitir estes dados. Afim de simplificar um pouco todo este quadro, o governo federal iniciou o projeto para o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas – eSocial, que integrará todos os dados referentes a empregados em uma única plataforma digital. Foi criado pelo Decreto-lei 8.373/2014, sendo regido pelos princípios de viabilizar a garantia de direitos previdenciários e trabalhistas, racionalizar e simplificar o cumprimento de obrigações, eliminar a redundância nas informações prestadas pelas pessoas físicas e jurídicas, aprimorar a qualidade de informações das relações de trabalho, previdenciárias e tributárias e conferir tratamento diferenciado às microempresas e empresas de pequeno porte. Por se tratar de um projeto grande e até então gerador de muitas dúvidas sobre como serão essas mudanças, quem será afetado por elas, se será bom ou ruim para todos, qual cronograma de implantação e exigências do sistema, espera-se oferecer mais informações aos usuários deste sistema, tanto empregador como empregado. Sendo o eSocial uma grande novidade, a adaptação pela qual todos os empregadores deverão atender, especialmente nos procedimentos internos, existe a necessidade de informações mais detalhadas deste novo sistema. Quem serão os afetados, os impactos das mudanças, qual o objetivo central do projeto, são questões importantes a serem respondidas. Pela complexidade na estrutura devido ao alto número de informações que alimentarão a plataforma, a quantidade de órgãos envolvidos nas modificações e o 30 total das entidades que deverão utilizar o eSocial, os atrasos no cronograma são inevitáveis. É necessário também conhecer o fluxo desses dados, a quem tudo isso irá atender, previsão para o início do funcionamento, quais serão as vantagens e as desvantagens para os usuários. Aumentando-se o nível de controle sobre a relação entre empregador e empregado, e simplificando-se a entrega destas informações em um regime unificado, como ficará a gestão de pessoas das empresas e como serão afetadas pelas modificações, são também perguntas importantes a serem respondidas. 31 1 REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 SOBRE OS DIREITOS DOS TRABALHADORES No Brasil, as relações de trabalho entre empregado e empregador, seja qual for a sua área de atividade econômica, tem sua normatização proveniente de diversas fontes. A principal delas é a Constituição Federal de 1988. Os diretos básicos de todo trabalhador estão elencados no artigo sétimo dessa lei, em seus vários incisos. Para que estes direitos fossem regulamentados, ou seja, terem regras especificas para diversas situações, foi promulgada a base de toda a legislação trabalhista do país, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Decreto-lei número 5.452 de 1º de maio de 1943, e por isso essa data é comemorada como Dia do Trabalho até hoje. A CLT contém todas as diretrizes para a existência de um vínculo empregatício devidamente legalizado. Ela mostra detalhadamente os parâmetros de todos os direitos básicos constitucionais, sendo os principais e mais conhecidos o saláriomínimo, as férias, limite da jornada de trabalho, licença-maternidade, hora-extra e até mesmo os adicionais de trabalho noturno, insalubridade e de periculosidade. (BARROS, 2016) 1.1.1 ALTERAÇÕES NA CLT PELA LEI FEDERAL Nº 13.467 DE 13 DE JULHO DE 2017 Publicada em 14 de julho de 2017, a lei federal Nº 13.467, chamada de Reforma Trabalhista, veio para alterar diversos artigos da CLT, revogando e acrescentando alguns dispositivos, e complementando a lei trabalhista em matérias onde essa era omissa. As mudanças têm validade a partir de 120 dias após a referida publicação, vigorando neste caso em 11 de novembro de 2017. Como a legislação é a base para o funcionamento e a operação correta do eSocial, é indispensável estar atualizado nesse assunto. 32 Um dos pontos importantes nas modificações é a nova mecânica das férias. Antes da nova lei esse benefício poderia ser concedido ao empregado com divisão de até dois períodos de dez dias corridos no mínimo. Com a modificação é possível o parcelamento em até três períodos, desde que um deles não seja inferior a quatorze dias e os outros a partir de cinco. A CLT proibia a opção de divisão das férias para trabalhadores menores de dezoito e maiores de cinquenta anos. Essa regra também decaiu pela nova lei. (BRAGHINI, 2017) Outra alteração foi a regulamentação do acordo de rescisão. Embora bastante praticado, a lei não previa possibilidade de empregado e empregador conciliarem o termino do contrato de trabalho. Pela antiga norma, os direitos de quem era dispensado sem justa causa resumia-se ao aviso prévio indenizado ou trabalhado, saldo de salário, férias vencidas, férias proporcionais, saque do FGTS e multa de quarenta por cento do saldo, além de poder solicitar o seguro desemprego. De acordo com os novos preceitos, há possibilidade de negociação para o desligamento onde, se efetivado o acordo, preservam-se o direito a metade do aviso prévio se este for indenizado, a multa de vinte por cento do FGTS e saque de oitenta por cento dos depósitos da conta. O único benefício que não é contemplado é o direito ao seguro desemprego. Ademais, as atualizações foram muitas, dentre as quais algumas não tinham previsão na lei como a prática de Home Office (Trabalho em casa) que teve alta adesão devido a expansão do chamado e-commerce (comercio eletrônico), a possibilidade do contrato de trabalho intermitente, ou seja, quando é executado de forma não contínua, dividido por períodos, e a regulamentação da jornada de trabalho 12 por 36 horas que, atem então, era possível somente mediante convenção coletiva. O eSocial deve ter o ambiente pronto para acolher todas essas novas informações e também ser alimentado com dados da regra antiga mesmo após vigorar a vigência da nova lei, pois os contratos de trabalho atuais não sofrerão influência da nova lei. Logo, quando o empregador iniciar a transmissão dos dados para o repositório e o eSocial estiver em pleno funcionamento, ele conterá as informações de todos os empregados da entidade, mesmo com vínculo empregatício sob regime de leis e estatutos diferentes. (BRAGHINI, 2017) 33 Em 14 de novembro de 2017, foi publicada a Medida Provisória 808. Essa norma altera alguns pontos da reforma trabalhista (lei 13.467) como relações contratuais no trabalho intermitente e as regras quanto a permissão do trabalho de mulheres gestante e lactantes em ambientes de risco. 1.2 CONVENÇÃO COLETIVA, DISSÍDIOS E ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO Porém, concomitante a estas duas leis e várias outras, existem as Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho, firmadas entre as empresas e os Sindicatos de Categorias Profissionais que representa os respectivos empregados. Nessa negociação as empresas são representadas pelo Sindicato Patronal. O artigo 613 da CLT descreve o que esses acordos devem conter para serem válidos como prazo de vigência da convenção, direitos e deveres de empregados e empregadores, as penalidades, remuneração da categoria e até os feriados permitidos para que haja expediente. Ou seja, são regas mais especificas para a relação, pois a lei não conseguiria prever todas as divergências possíveis. A principal regra da relação de trabalho é que havendo divergência de matéria entre uma ou mais fontes, prevalecerá a mais benéfica para o empregado e nenhuma norma pode retirar ou alterar direitos do trabalhador que implicaria num resultado prejudicial ao mesmo. Por exemplo, se uma convenção determina que sua categoria profissional tenha férias remuneradas com adicional de um quarto e não um terço sobre o salário como é comum, o empregador deverá cumprir este preceito, pois ele é mais benéfico ao colaborador e, portanto, é legal. Mas se o dito acordo normatiza hipoteticamente que as referidas férias serão remuneradas em apenas vinte por cento do salário, essa regra está invalidada por ser prejudicial aos empregados. (BARROS, 2016) É importante conhecer a diferença sutil entre acordo, convenção e dissídio coletivo, visto que sua materialidade é a mesma, mas são de procedências diferentes. A Convenção Coletiva é firmada em assembleia promovida pelo sindicato dos trabalhadores onde os empregados podem participar, e o patronal que é o representante das empresas. Essa reunião definirá os termos para a relação entre o 34 empregado e seu empregador desde que se chegue a um consenso de ambas as partes. Então os quesitos acordados são redigidos e passam a vigorar em determinado período. O Acordo Coletivo, por sua vez, é o evento em que uma única empresa procura o sindicato dos profissionais em busca de uma norma mais especifica para esta. Um bom exemplo é a compensação de horas. Existem regras para o pagamento, a compensação e a administração do banco de horas da empresa. Uma indústria por exemplo, pode ser regida por uma convenção coletiva que não atenda suas necessidades no que se trata de jornada de trabalho diária. Nesse caso ela busca a mediação do sindicato para prover aos seus funcionários uma compensação de horas trabalhadas que seja mais producente para o empregador e sem interferir na jornada semanal do empregado, laborando por mais tempo de segunda a sexta, e menos no sábado, por exemplo. Lembrando que a Convenção Coletiva não deve ser desrespeitada nos dispositivos desse acordo. (BARROS, 2016) Já os Dissídios Coletivos surgem quando a assembleia resulta em divergência entre sindicato patronal e profissional, onde não se realiza um acordo. Então o sindicato dos trabalhadores passa a responsabilidade para o poder judiciário regional competente para que haja um arbitramento dessas regras através de decisão judicial. Essa divergência pode ocorrer, por exemplo, quando as exigências feitas por uma das partes não forem passíveis de cumprimento pela outra. Em situação de crise de mercado, hipoteticamente, uma entidade pode não conseguir arcar com altos salários visto que sua demanda está comprometida pelo ambiente. Contudo é importante ter provas de que todas as tentativas de negociação falharam e que a apreciação do judiciário foi necessária em último caso. (BARROS, 2016) 1.3 SOBRE A PREVIDENCIA SOCIAL Todas as ações, leis e medidas adotadas pelo poder público devem partir do princípio de atender-se, em primeiro lugar, os interesses coletivos da sociedade. É responsabilidade do Estado prover seus cidadãos com saúde, trabalho, educação e segurança, dentre outras necessidades. A Constituição Federal traz em seu artigo 6º 35 o direito social à Previdência Social, além dos outros contidos no mesmo dispositivo. Como no caso da CLT, há também uma lei que regulamenta esse direitoconstitucional. A Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 institui a organização da Seguridade Social e é a base das normas para a previdência. Dentre as competências da seguridade social estão a própria previdência, a saúde e a assistência. Logo ela tem a função de prestar serviço para atuar nas debilidades das pessoas e no auxílio a elas. A autarquia gestora da previdência é o Instituto Nacional da Seguridade Social - INSS. (SANTOS, 2013) São alguns benefícios fornecidos pela seguridade social a aposentadoria por idade que pode ser concedida para homens com mais de 65 anos e mulheres com mais de 60, aposentadoria por invalidez àqueles que foram diagnosticados por perito médico como incapazes de realizar atividades que lhe garantem o sustento, aposentadoria por tempo de contribuição onde homens com 35 anos de contribuição e mulheres com 30 podem requerer o benefício, aposentadoria especial concedida a quem teve sua saúde prejudicada por trabalhar em ambientes insalubres e por esse fato pode se aposentar mais cedo, auxílio-doença que é direito de quem se ausenta do trabalho devido a doença ou acidente por período superior a 15 dias, auxílio acidente definido como benefício concedido a quem sofre acidente e perde parte da capacidade laborativa devido a sequelas , auxílio reclusão que pode ser concedido aos dependentes de encarcerados sob regime fechado ou semiaberto, pensão por morte pago aos familiares de trabalhador falecido, salário-família que é fornecido a empregados com filhos de até 14 anos e tem valor relacionado com seu salário, dentre outros. (SANTOS, 2013) O sistema da Previdência Social no Brasil é divido em três regimes. O Regime Geral de Previdência Social (RGPS), o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e o Regime de Previdência Complementar (RPC). O primeiro é um sistema público, ou seja, qualquer cidadão pode ser filiado a ele. É obrigatória a contribuição à previdência por todos os empregados regidos pela CLT, ou seja, com registro na carteira de trabalho. Esse regime recebe contribuições dos segurados e também é financiado por verbas do governo. Essas contribuições provem de fontes variadas. A contribuição à seguridade social tem proporção com a remuneração do contribuinte. Existe uma tabela para a correta alocação e retenção do percentual 36 devido e outra para o cálculo dos contribuintes individual e facultativo. Como há um limite para o valor da aposentadoria concedida, a base de cálculo para o desconto da contribuição ao INSS deve respeitar esse teto. O valor atualmente é de R$ 5.531,31. Visto que a maior alíquota é de 11%, a valor para o desconto não poderá ser maior do que R$ 608,44. Esses valores são revistos e podem sofrer alterações anualmente. Tabela 1. Cálculo da contribuição devida ao INSS Tabela para Empregado, Empregado Doméstico e Trabalhador Avulso 2017 Salário de Contribuição (R$) Alíquota Até R$ 1.659,38 8% De R$ 1.659,39 a R$ 2.765,66 9% De R$ 2.765,67 até R$ 5.531,31 11% Tabela para Contribuinte Individual e Facultativo 2017 Salário de Contribuição (R$) Alíquota Valor R$ 937,00 5% (não dá direito a Aposentadoria por Tempo de Contribuição e Certidão de Tempo de Contribuição) * R$ 46,85 R$ 937,00 11% (não dá direito a Aposentadoria por Tempo de Contribuição e Certidão de Tempo de Contribuição) ** R$ 103,07 R$ 937,00 até R$ 5.531,31 20% Entre R$ 187,40 (salário mínimo) e R$ 1.106,26 (teto) *Alíquota exclusiva do Microempreendedor Individual e do Facultativo Baixa Renda; **Alíquota exclusiva do Plano Simplificado de Previdência; Os valores das tabelas foram extraídos da Portaria Ministerial MF nº 8, de 13 de janeiro de 2017 e tem aplicação sobre as remunerações desde de 1º de janeiro de 2017. (Fonte: Portal do INSS) Denomina-se contribuinte individual aquele que não tem vínculo empregatício ou trabalha por conta própria como taxistas, vendedores ambulantes, diaristas e outros. Há também o segurado facultativo que mesmo não tendo renda própria podem contribuir a previdência, desde que tenha mais de 16 anos de idade como trabalhador desempregado ou presidiários, por exemplo. Já o segurado especial trata-se do trabalhador rural produtores que não possuam mão de obra assalariada. 37 O Regime Próprio de Previdência Social contempla apenas os servidores públicos com cargo efetivo estatutários, ou seja, que prestaram concurso e tem sua função por tempo indeterminado. Chama-se regime próprio por ser um sistema com características particulares de cada ente federativo, portanto diferentes para servidores da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios. É também um regime compulsório para seus segurados. (SANTOS, 2013) No caso do Regime de Previdência Complementar, trata-se de um sistema privado e facultativo, de natureza contratual. Trata-se de entidades financeiras onde a pessoa contribui por um período. A entidade utiliza esse recurso no mercado financeiro e ele é capitalizado. Ao final do período o saldo da aplicação pode ser resgatado totalmente ou mensalmente semelhante a uma pensão ou a própria aposentadoria. (MENDONÇA, 2016) 1.4 OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS O Código Tributário Nacional (lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), em seu artigo 113, define as obrigações tributárias que entre o contribuinte e a administração, ou seja, o governo. Elas são separadas em Principais e Acessórias. Uma obrigação principal é o fato do contribuinte sofrer a aplicação de um tributo ou multa, tendo o dever do recolhimento, ou seja, o pagamento desse valor. O IPTU (Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana) por exemplo. Um proprietário de um imóvel, anualmente tem a obrigação tributária principal de recolher o IPTU para o município. Logo, a sua obrigação principal é extinta quando o imposto for pago. Já a obrigação acessória é toda atividade administrativa exigida para o auxílio à administração tributária e a fiscalização. Por exemplo a Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF). Trata-se de uma obrigação acessória a qual diversas pessoas estão obrigadas a presentar ao órgão competente prestando esclarecimentos ou informações solicitadas, mesmo que por vezes não exista obrigação principal. (FILHO, 2010) O eSocial tem foi criado para substituir quinze obrigações acessórias e unifica- las em um só canal. Essa demanda surgiu devido ao fato de muitas das informações 38 prestadas serem repetidas desnecessariamente, o que na maioria das vezes resulta em erros de transmissão e inconsistências. Como os dados do eSocial estão presentes em uma base unificada, torna-se possível o atendimento a várias obrigações acessórias ao mesmo tempo. Substitui-se, então as rotinas a seguir por terem por base principal a folha de pagamento total da empresa. (REZENDE, SILVA e GABRIEL, 2016) 1.4.1 GFIP - GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS E DE INFORMAÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL A lei federal 9.528 de 10 de dezembro de 1997, veio como uma alteração da lei 8.212 e 8.213 ambas promulgadas e 1991. Essa lei instituiu a GFIP como o meio para o recolhimento das contribuições à previdência e também ao FGTS a partir de janeiro de 1999. As informações contidas nessa obrigação compreendem dados da empresa, dos trabalhadores, remuneração dos empregados e os valores a recolher do FGTS e das contribuições sociais. Ela deve ser apresentada no dia 7 de cada mês subsequente à competência da folha de pagamento que será informada. Se as informações prestadas forem referentes ao mês de abril, por exemplo, a GFIP deve ser entregue até 7 de maio e se este não for um dia com expedientebancário, essa data deve ser adiantada. (FILHO, 2010) 1.4.2 CAGED - CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS PARA CONTROLAR AS ADMISSÕES E DEMISSÕES DE EMPREGADOS SOB O REGIME DA CLT O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados para controlar as admissões e demissões de empregados sob o regime da CLT foi instituído em 23 de dezembro de 1965 pela lei nº 4.923, e era apresentado ao fisco através de formulário de papel chamado de aerograma. Esse cadastro serve de base comparativa para concessão do seguro desemprego e para estudos sobre o mercado de trabalho e o salário mínimo. A obrigatoriedade de entrega dessa obrigação acessória também é 39 limitada ao dia 7 do mês subsequente à referida competência, porém somente quando houver movimentação de empregados na entidade, ou seja, admissão ou desligamento, e desde que estes se encaixem nos padrões da norma de declaração. Servidores públicos regidos por estatutos próprios, por exemplo, não devem ser incluídos no CAGED. As informações prestadas são diversas como Código Brasileiro de Ocupação (CBO), se o empregado possui deficiência, se é aprendiz, número do PIS/PASEP, número da CTPS, raça, além dos documentos de identificação que se solicita normalmente. (FILHO, 2010) 1.4.3 RAIS - RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS. A declaração denominada Relação Anual de Informações Sociais foi instituída pelo Decreto Nº 76.900 de 23 de dezembro de 1975. Ele deve ser entregue por praticamente todas as pessoas físicas ou jurídicas com empregados, isso inclui as entidades públicas. O prazo de apresentação da RAIS costuma ser entre a segunda quinzena de janeiro até a segunda quinzena de março. A RAIS contém todas as informações da entidade como identificação, seus estabelecimentos, porte da empresa, regime tributário, contribuições efetuadas, remuneração mensal de cada empregado, programas sociais do qual a organização participa, pagamento de verbas rescisórias, pagamento de 13º, além de muitos outros dados. A apresentação da RAIS é indispensável para o pagamento do PIS/PASEP, pois é através dela que é verificado a renda e o período trabalhado pelos empregados, visto que estes são dois dos requisitos para concessão do abono salarial. (FILHO, 2010) 1.4.4 LRE - LIVRO DE REGISTRO DE EMPREGADOS O artigo 41 da CLT preceitua que todo empregador tenha registro de seus empregados com a descrição de nome, data de nascimento, nacionalidade, CTPS, PIS/PASEP, data de admissão, cargo e função, remuneração, jornada contratada, e históricos como férias e acidentes de trabalho. A principal função desse registro é a predisposição do mesmo para a fiscalização trabalhista em qualquer momento. 40 1.4.5 CAT - COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO O documento Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) tem função de reconhecer os acidentes de trabalho e também as doenças ocupacionais, ou seja, enfermidades adquiridas devido a atividade laboral nociva à saúde. Mesmo que não exista afastamento, o empregador é obrigado a apresentar a CAT até o dia útil seguinte à ocorrência. Apenas nos casos de falecimento, a comunicação deve ser feita imediatamente. A transmissão da CAT é possível através da internet ou pelas agências do INSS. (MENDONÇA, 2016) 1.4.6 CD - COMUNICAÇÃO DE DISPENSA O Comunicado de Dispensa (CD) é um documento fornecido pelo empregador ou empregado quando qualquer das partes decide rescindir o contrato de trabalho. Quando o empregado é dispensado sem justa causa, este documento é exigido para requerer-se o pagamento do FGTS. 1.4.7 CTPS – CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é o documento que carrega todas as informações referente aos vínculos empregatícios do cidadão. Devem ser anotados nela todos os contratos de trabalho, salario contratado e suas alterações, contribuições sindicais, férias e demais observações. Ela é indispensável em qualquer registro de emprego e não é permitido que o empregador a retenha por mais de 48 horas, seja para registro ou atualização. E emissão da CTPS pelas entidades públicas e sindicatos deve ser gratuita. (FILHO e KRUGER, 2015) 1.4.8 PPP - PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO 41 Trata-se de um formulário que contém todas as informações referente as atividades desenvolvidas pela pessoa e informações da empresa. São informações de toda atividade desenvolvida de acordo com a função do empregado. Também contém especificações do risco do trabalho, gradação de perigo e outros. Esse documento deve ser atualizado cada vez que o trabalhador ou o ambiente de trabalho for alterado. A principal função do PPP é servir de base de informação para o requerimento de aposentadoria especial devido ao trabalho em ambientes ou atividades insalubres. (SANTOS, 2013) 1.4.9 DIRF - DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE A Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) é uma obrigação acessória que deve ser entregue por qualquer fonte pagadora. A DIRF elenca valores que proporcionam a possibilidade de a Receita Federal cruzar dados de várias fontes. Dentre estes dados estão os rendimentos pagos as pessoas físicas no país ou no exterior, o Imposto de Renda retido nos pagamentos aos beneficiários, o total de contribuições retidas e também valores pagos a planos de saúde. A DIRF deve ser apresentada anualmente mediante programa de declaração até o último dia útil do mês de fevereiro. (FILHO, 2010) 1.4.10 DCTF - DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS Há ainda a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) que é uma obrigação assessoria bem complexa. Ela relaciona os pagamentos, compensações e até parcelamentos no recolhimento de tributos, além de faturamento e modo de apuração dos referidos tributos. É de obrigação das pessoas jurídicas mensalmente até o decimo quinto dia útil de segundo mês subsequente aos fatos geradores da obrigação principal. (FILHO, 2010) 42 1.4.11 QHT – QUADRO DE HORÁRIO DE TRABALHO Trata-se de um documento que apresenta a identificação de todos os empregados, CTPS, função, os horários de entrada, saída e intervalo, e também o descanso semanal. O QHT deve estar disponível para consulta da fiscalização do trabalho a qualquer momento. (BARROS, 2016) 1.4.12 MANAD – MANUAL NORMATIVO DE ARQUIVOS DIGITAIS O Manual Normativo de Arquivos Digitais (MANAD) é um arquivo digital entregue pela organização em situações onde um auditor da Previdência Social solicita algumas informações de um referido período para fiscalização. Essa documentação pode conter informações fiscais, contábeis, patrimoniais e referente aos trabalhadores da empresa. Pela regra, o MANAD deve ser entregue em mídia não regravável após passar por um processo de validação e autenticação mediante um programa fornecido pela própria Secretaria da Receita Federal. (FILHO e KRUGER, 2015) 1.4.13 FOLHA DE PAGAMENTO Talvez a mais conhecida das obrigações. A Folha de Pagamento deve ser elaborada mensalmente e contém as remunerações da competência deste mês, mesmo que ainda não tenha sido efetivamente paga. As informações obrigatórias na Folha são nome do segurado, seja empregado, autônomo, trabalhador avulso, estagiário, tendo ou não vínculo empregatício. É importante compreender que para um registro de pagamento fazer parte da Folha é necessário que tenha ocorrido uma relação de trabalho. Deve apresentar também o cargo e a função, ou serviço prestado, as parcelas que compreendem a remuneração e que estão defora como ajuda de custo por exemplo, eventuais descontos permitidos por lei, além de outras informações. 43 1.4.14 GRF – GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS O operador do FGTS, a Caixa Econômica Federal disponibiliza um aplicativo para a transmissão de dados cadastrais e financeiros tanto de contribuintes quanto de trabalhadores a este banco e à previdência. É chamado Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (SEFIP). Sua outra finalidade é a geração da Guia de Recolhimento do FGTS (GRF) que deve der quitada mensalmente até o dia 7 do mês posterior a competência apurada. (FILHO, 2010) 1.4.15 GPS – GUIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Parecida com a GRF, a Guia da Previdência Social (GPS) tem a finalidade de recolher as contribuições sociais dos segurados obrigatórios, contribuintes individuais e segurados especiais, dentre outras discriminações de pagamento. Ela tem prazo mensal na com vencimentos diversificados, de acordo com o contribuinte. Para empresas a data limite é dia 20 do mês subsequente ao da competência e para contribuinte pessoa física o prazo é dia 15. (FILHO, 2010) 1.5 ALGUNS ORGÃOS FISCALIZADORES E OBRIGATORIEDADES A palavra fiscalização assusta bastante de muitos empregadores. Mesmo que as vezes se tenha uma organização correta e documentação em dia, a extensa demanda de obrigações e sua complexidade possibilita a ocorrência de erros, mesmo que por falta de conhecimento por exemplo. No caso de uma fiscalização do trabalho, é solicitado diversas provas documentais das relações de trabalho na entidade. (FILHO e KRUGER, 2015) Das muitas exigências do agente fiscal, destacam-se principalmente o quadro de funcionários, termos de rescisão de contrato, recibos de diversos recolhimentos dos tributos, registros de ponto, copias de convenções coletivas, atestados médicos, 44 dados referentes a estágios, documentos da CIPA, o CAGED, a RAIS, escala de revezamento, informações de vale-transporte, relação de empregados que recolhem contribuição sindical, registro e alterações do contrato social, dentre outros. Nesse contexto, há também períodos específicos para salvaguardar essa documentação que podem chegar até trinta anos. Dentre os órgãos fiscalizadores principais, inerentes às suas competências, estão o Ministério do Trabalho, a Secretaria da Previdência Social, a Receita Federal, o Conselho Curador do FGTS, dentre outras entidades estaduais e até municipais. Os Sindicatos não possuem poder de fiscalização, porem podem apresentar denúncias inerentes a defesa dos profissionais representados pela categoria. (FILHO e KRUGER, 2015) É de competência, também, do Ministério do Trabalho e do INSS, o monitoramento dos chamados riscos no ambiente de trabalho. Dependendo do local onde se executa as atividades, há exigências, por exemplo, de Equipamento de Proteção Individual (EPI) para que se reduza riscos a integridade física do trabalhador. Ou mesmo quanto a complexidade ou risco da atividade, exige-se treinamentos específicos, as chamadas NR’s (Normas Regulamentadoras). Por exemplo a NR-10 é obrigatória para o empregado que atua nas instalações elétricas. De acordo com a legislação trabalhista, o empregado pode até mesmo recusar a prestar um serviço que ponha em risco sua integridade, além de outras penalidades que o empregador pode sofrer. (SANTOS, 2013) 45 2 O CONCEITO DO eSOCIAL 2.1 O PROJETO Em 2007 o governo federal criava o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), afim de retomar o fluxo de investimentos e renovar a economia do país. Dentre as diretrizes desse planejamento estava a modernização nos procedimentos de escrituração e fiscalização em geral, que se trata de todas as informações financeiras referente as suas atividades que toda entidade deve apresentar aos órgãos de competentes. Foi criado então, pelo Decreto 6.022 de 22 de janeiro de 2007, o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) que unificou em base nacional de dados a transmissão e a validação de informações contábeis e fiscais. Figura 10. Módulos do SPED (Fonte: Autor) 46 Inicialmente o sistema incluía a Escrituração Contábil Digital (ECD), a Escrituração Fiscal Digital (EFD) e a inovadora Nota Fiscal Eletrônica (NF-e). Por esse novo sistema facilitou-se muito a entrega dessas informações para o estado e apressou a identificações de ilícitos por parte do fisco. Atualmente o SPED conta com vários módulos, e dentre eles está o eSocial. Outros nomes foram cogitados para o ambiente como Folha de Pagamento Digital, E-Fopag, Sped-Previdenciário, EFD- Previdenciário, EFD-Folha e EFD-Social. (REZENDE, SILVA e GABRIEL, 2016) O Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) foi instituído pelo Decreto 8.373 de 11 de dezembro de 2014. Essa é a legislação que elenca a definição do sistema, sua finalidade, os objetivos, os entes participantes e as responsabilidades de cada um. O referido decreto define o eSocial como um instrumento para a unificação no que se refere a prestação de informações concernentes a escrituração e obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas, padronizando sua transmissão, validação, armazenamento e distribuição, através de um ambiente com repositório nacional. O projeto teve um investimento de mais de cem milhões de reais. O principal objetivo do projeto é a simplificação da prestação de informações, substituindo várias obrigações por apenas uma. (FANTONI, 2015) Figura 2. Quadro atual na prestação de informações (Fonte: Autor) 47 Figura 3. Fluxo das informações com a implantação do eSocial (Fonte: Autor) 2.2 LEGISLAÇÕES E O eSOCIAL É muito importante, primeiramente, entender que o eSocial não tem a finalidade de alterar nenhuma lei ou norma trabalhista, tão pouco regras da previdência. Os preceitos continuam os mesmos. Portanto as penalidades também continuam sem sendo regidas por suas respectivas regras, sem interferência do ambiente nacional. Por exemplo, a nova alteração da CLT, a lei 13.467, prevê no artigo 47º que o empregado não registrado devidamente renderá ao empregador multa de três mil reais para cada ocorrência. Esse valor é dobrado em caso de reincidência. Já para as microempresas ou empresas de pequeno porte, essa penalidade cai para oitocentos reais para cada empregado nessa situação. Outro exemplo de infração é o atraso no pagamento do salário dos empregados. Pela CLT, o prazo máximo é o quinto dia útil do mês subsequente ao da 48 competência apurada. No caso de descumprimento desse preceito, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) estipula multa de dez por cento sobre o salário do empregado para atrasos de até vinte dias e cinco por cento a mais para cada dia de atraso além dos vinte primeiros, além de multa administrativa prevista no artigo 4º da Lei Nº 7.855 de 24 de outubro de 1989. (FILHO e KRUGER, 2015) Percebe-se que a operação de transmissão ao eSocial não tem relação direta com as sanções previstas na legislação. Pode-se citar o evento S-1200 (Remuneração do Trabalhador) que possui prazo de envio até o sétimo dia útil de cada mês. Essa data limite não exime o empregador de cumprir o prazo de pagamento do salário devido no período previsto pela CLT, ou seja, o quinto dia útil do referido mês, pois estará descumprindo a lei. Logo, o que muda com a implantação do eSocial é simplesmente o canal de envio das informações. 2.3 PRINCÍPIOS E OBJETIVOS O projeto é regido por alguns princípios visando a cumprimento dos seus objetivos. Princípiossão ideias conceituadas que norteiam e servem de guia para a construção de algo e ao mesmo tempo delimita assuntos quanto a duvidas de interpretação. Por exemplo, um dos princípios fundamentais da contabilidade é o Princípio da Entidade, dizendo que o patrimônio de uma entidade é individual e na aplicação da contabilidade eles não podem ser confundidos. Imaginando-se como proprietário de uma empresa, não é correto que que se disponibilize dos bens da empresa em benefícios próprio, adquirindo um veículo para utilização particular digamos, através de financiamento em nome da própria empresa. Além disso, qualquer norma que viole este princípio é automaticamente inválida. Os princípios do eSocial estão descritos no artigo terceiro do Decreto 8.373/2014. São eles: Viabilizar a garantia dos direitos previdenciários e trabalhistas; Racionalizar e simplificar o cumprimento de obrigações; Eliminar a redundância nas informações prestadas pelas pessoas físicas e jurídicas; 49 Aprimorar a qualidade de informações das relações de trabalho, previdenciárias e tributárias; Conferir tratamento diferenciado às microempresas e empresas de pequeno porte. Ainda é fato que a informalidade em vínculos de trabalho esteja presente devido a sensação de ser vantajosa para ambas as partes, o que parece ser verdade no curto prazo. Mas o risco é muito grande, tanto para o empregador que está sujeito a penalidades da lei quanto para o empregado que não goza dos benefícios da proteção aos direitos trabalhistas que a lei proporciona. Por exemplo, na hipótese de ocorrer um acidente de trabalho com um colaborador não registrado legalmente, todo o ônus pelos danos por ele sofrido é do empregador, e se for um acidente mais grave, este não terá direito a um afastamento pela previdência, pois não houve o devido registro do vínculo de emprego. Crises financeiras também ocasionam essa prática. Segundo pesquisa recente do IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística), existem quase onze milhões de empregados no setor privado sem carteira de trabalho, representando um crescimento de 2,7% em relação ao último período pesquisado. (FILHO, 2010) 2.4 ORGAOS PARTICIPANTES Os entes participantes do projeto eSocial são aqueles diretamente interessados nas informações que abastecerão a base de dados do ambiente, ou seja, os órgãos usuários e fiscalizadores das informações trabalhistas, fiscais e previdenciárias. São eles a Caixa Econômica Federal (CEF) que é o operador do FGTS, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Ministério da Previdência Social (MPS) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que têm a competência para os assuntos de benefícios, contribuições sociais e aposentadoria, e a Secretaria da Receita Federal (RFB) que gerencia os dados relacionados a todo tipo de tributos. Pelo método antigo de prestação de contas, as entidades alimentavam cada um destes órgãos com as obrigações exigidas. Com o advento do eSocial o fluxo será inverso. As informações serão armazenadas no ambiente e as entidades usufruirão delas no mesmo ambiente. 50 Atualmente o Ministério da Previdência Social não existe mais como um órgão singular e independente. Desde 2016 ele faz parte do atual Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), assim como o INSS. A organização e as competências atualizadas dessa entidade estão dispostas no artigo 33 da Medida Provisória 782 de 31 de maio de 2017. 2.5 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÕES A obrigatoriedade do eSocial teve o cronograma alterado algumas vezes por motivos de complexidade do próprio projeto e outros eventos externos. Após a implementação do Simples Domestico em outubro de 2015, a primeira data prevista para o início do envio das informações foi já na competência de setembro de 2016 para as empresas que tivessem faturamento acima de setenta e oito milhões de reais em 2014, conforme diz definido pela Resolução Nº 1 de 24 de junho de 2015 do Comitê Diretivo do eSocial. Essa primeira data trata da transmissão dos dados contidos em todos os eventos do ambiente, exceto os relativos a Saúde e Segurança do Trabalho (SST) que teriam início em janeiro de 2017. Os dados de SST dizem respeito as condições do ambiente de trabalho e a comunicação de acidentes (CAT). Também em janeiro de 2017 os demais empregadores deveriam prestar suas primeiras informações, excluindo os dados de SST, os quais passariam a enviar em julho de 2017. Nesse último grupo incluía-se microempresas e empresas de pequeno porte e o MEI, dentre outros segurados especiais. (MELLO, 2017) Porém, a Resolução Nº 2, de 30 de agosto de 2016 do supracitado comitê, alterou essas datas para 1 de janeiro de 2018, para os empregadores e contribuintes com faturamento no ano de 2016 acima de setenta e oito milhões de reais, e 1 de julho do mesmo ano para os demais empregadores e contribuintes. Semelhante aos primeiros prazos, as informações de SST seriam dispensadas nos primeiros seis meses do início da obrigatoriedade. Apesar desta resolução, no artigo 3º, definir o prazo de 1 de julho de 2017 para liberação do ambiente de testes para o aperfeiçoamento da plataforma, somente em 1 de agosto é que foi noticiado no portal do eSocial, e disponibilizado esse acesso. 51 Contudo, no final de outubro desse ano, foi divulgado pelos órgãos partícipes nas redes sociais, ainda sem norma técnica, uma previsão das novas fases de implantação. Ou seja, o eSocial não teria início com a transmissão plena de todos os eventos como se esperava. A programação é que os eventos iniciais, de tabela, não periódicos e periódicos tenham obrigatoriedade gradativa, respectivamente a cada dois meses, a partir de janeiro de 2018. O prazo de início para as transmissões por parte dos órgãos públicos também foi alterado, dessa vez para janeiro de 2019. Estes estariam inclusos no cronograma anterior para o segundo semestre de 2018. Figura 4. Cronograma e faseamento de implantação (Fonte: portal.esocial.gov.br) 52 2.6 RELAÇÕES COM O MICRO EMPRESÁRIO E AS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE Em 14 de dezembro de 2006, foi publicada a Lei Complementar nº 123, que instituiu o Estatuto da Microempresa (ME) e da Empresa de Pequeno Porte (EPP), conhecida como lei do Simples Nacional. Essa lei também traz a necessidade de se oferecer formas simplificadas e mais acessíveis a esses empresários de modo a incentivar suas atividades econômicas. Umas dessas previsões é o sistema eletrônico para cálculo dos recolhimentos mensais, atualmente disponível na internet, conhecido como Portal do Simples. Essa prerrogativa não deixa de existir no ambiente do eSocial. A previsão é que seja disponibilizado na rede um portal de acesso para os Microempreendedores ou Empresas de Pequeno Porte, semelhante ao próprio Simples Domestico, afim de assegurar a transmissão dos eventos ao repositório do eSocial sem a necessidade de aquisição de um software terceirizado. A ideia é que seja possível até mesmo o preenchimento automático de alguns campos que contenham informações prestadas por outros meios. Ao inserir o CPF de um empregado por exemplo, exibe-se automaticamente o nome do titular, nascimento, dentre outros dados. (FILHO e KRUGER, 2015) É esperado também a geração de alguns documentos no próprio portal como o contrato de trabalho, aviso de férias, termo de rescisão e comprovante de pagamento. Há também a possibilidade de cálculos automáticos provenientes de horas-extras, salário-família, férias, 13º salario, contribuição previdenciária e etc. Assim como no simples doméstico, há a possibilidade de que haja disponibilidade para emissão
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