parte.10. IED Norma Jurídica

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Introdução ao Direito
NORMA JURÍDICA
Norma Jurídica
Conceito – são padrões de conduta ou de organização social impostos pelo Estado, para que seja possível a convivência dos homens em sociedade. 
São fórmulas de agir, determinações que fixam as pautas do comportamento interindividual.
É a conduta exigida ou modelo imposto de organização social.
É sinônimo de regra jurídica.
Norma Jurídica
A Norma Jurídica na Concepção de Kelsen: 
Possui duas partes – Norma Primária (que define o dever jurídico em face de determinada situação de fato). Norma Secundária (que estabelece uma sanção para a hipótese de violação do dever jurídico).
O Instituto das Regras Jurídicas para Cossio:
Concebeu a estrutura como um juízo disjuntivo, em duas normas: Endonorma (corresponde ao juízo que impõe uma prestação ao sujeito). Perinorma (impõe uma sanção ao infrator, aquele que não efetuou a prestação a que estava obrigado)
Norma Jurídica
Diferenças entre a norma primária e a norma secundária em Kelsen
1. Quanto aos sujeitos da relação: as normas primárias abarcam relações entre dois sujeitos quaisquer, já as normas secundárias implicam sempre uma relação com o Estado, único legitimado ao exercício da coerção.
2. Quanto ao conteúdo: as normas primárias estabelecem uma conduta a ser cumprida, enquanto as secundárias estabelecem uma sanção para o caso de descumprimento desta conduta;
Norma Jurídica
Diferenças entre a norma primária e a norma secundária em Kelsen
3. Quanto a relação temporal entre elas: as normas primárias são sempre um prius temporal em relação à secundária, porque é necessário o nascimento da relação jurídica que aquela prescreve, para que haja o descumprimento e a posterior sanção.
4. Quanto a relação delas dentro do sistema jurídico: a norma primária só adquire juridicidade com a existência de uma norma secundária que atribua sanção para o descumprimento da conduta que prescreve;
Norma Jurídica
Características da Norma Jurídica:
Bilateralidade – há vinculação para duas ou mais pessoas, atribuindo poder a uma parte (direito subjetivo) e impondo dever à outra (dever jurídico).
Generalidade – a norma é preceito de ordem geral, obrigando-se a todos, indistintamente.
Abstratividade – visa atingir o maior número possível de situações (dada à variedade de fatos sociais).
Norma Jurídica
Características da Norma Jurídica:
Imperatividade – para garantir a ordem social, o Direito deve representar o mínimo de exigências, de determinações.
Coercibilidade – é a possibilidade do uso da coação. Através de dois elementos: Psicológico (exerce a intimidação, através das penalidades previstas) e Material (é a força propriamente, acionada quando o destinatário da regra não a cumpre espontaneamente)
Norma Jurídica - Diagrama
 / P
Fs + Va ⇒ Nj→ Ft = D –
 \ Ñp - C - S
Fs = Fato social: Tudo que o homem faz e exterioriza. Tudo que ocorre na sociedade.
Ft = Fato temporal: São fatos sociais reproduzidos no tempo.
Va = Valor agregado: É o valor que agente agrega as coisas. A importância das coisas para a sociedade, ou de pessoa para pessoa.
Nj - Norma jurídica: São condutas estabelecidas para todos.
D = Direito: Orienta condutas. Fruto da convivência humana.
P = Prestação: A aceitação da norma. O apoio.
Ñp = Não prestação: A não aceitação da norma. Transgredir.
C = Coerção: É o uso da força pelo direito.
S = Sanção: É a punição. Se você não cumpre a conduta, você é sancionado.
Norma Jurídica
Classificação da Norma Jurídica:
Quanto ao sistema que pertence
Quanto à fonte
Quanto aos diversos âmbitos de validez
Quanto à hierarquia
Quanto à sanção
Quanto à qualidade
Norma Jurídica
Classificação da Norma Jurídica:
Quanto às relações de complementação
Quanto às relações com a vontade das Partes
Quanto à Flexibilidade ou Arbítrio do Juiz
Quanto ao Modo da Presença no Ordenamento
Quanto à Inteligibilidade
Norma Jurídica
1 Quanto ao Sistema que pertence - podem ser nacionais (obrigatórias no âmbito de um Estado), estrangeiras (quando se aplica em um Estado, uma norma jurídica própria de outro Estado) e de Direito uniforme (adoção de legislação padrão por dois Estados, mediante tratado).
2 Quanto à Fonte – podem ser legislativas (normas escritas, corporificadas nas leis, decretos, medidas, etc), consuetudinárias (normas não escritas, elaboradas espontaneamente pela sociedade), jurisprudenciais (normas criadas pelos tribunais)
Norma Jurídica
3 Quanto aos diversos Âmbitos de Validez – Espacial (gerais – se aplicam em todo território nacional – locais – destinam a parte do território). Temporal (vigência por prazo indeterminado e por prazo determinado). Material (normas de Direito Público – normas de Direito Privado). Pessoal (genéricas – a todos, e individualizadas – a um ou a vários )
4 Quanto à Hierarquia – dividem-se em Constitucionais (originais da Carta Magna ou decorrentes de emendas). Complementares (complementam a CF). Ordinárias (se localizam nas leis, medidas, leis delegadas). Regulamentares (contidas nos decretos). Individualizadas (grande variedade dos negócios jurídicos: testamentos, contratos)
Norma Jurídica
5 Quanto à Sanção – dividem-se em Leges Perfectae (prevê a nulidade do ato, na hipótese de violação – elaboração de testamento público – art. 1864 CC). Leges Plus Quam Perfectae (além da nulidade, estipula pena no caso de violação – impedimento para casar – art. 1521 CC). Leges Minus Quam Perfectae (determina apenas penalidade, se violada – regime de casamento do viúva com filhos – art. 1641, CC). Leges Imperfectae (não considera nulo ou anulável o ato que a contraria, nem comina pena – abertura do processo de inventário – art. 983, CPC – aplicação de multa por leis estaduais).
Norma Jurídica
6 Quanto à Qualidade – dividem-se em Positivas (permissivas). Negativas (proibitivas).
7 Quanto às Relações de Complementação – classificam-se em Primárias (cujo sentido é complementado por outras). Secundárias (complementam as normas primárias).
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8 Quanto à Vontade das Partes – dividem-se em taxativas ou dispositivas. Taxativas (Cogentes) – obrigam independentemente da vontade das partes. Dispositivas – dizem respeito apenas aos interesses dos particulares. 
9 Quanto à Flexibilidade ou arbítrio do Juiz - Normas Rígidas (Cerradas) – não deixam margem à discricionariedade do juiz – maioridade, prescrição. Normas Elásticas (Abertas) – expressam conceitos vagos, amplos, como boa-fé objetiva, justa causa, cabendo ao juiz aplicar a equidade.
Norma Jurídica
10 Quanto ao Modo da Presença no Ordenamento – dividem-se em Implícitas (complementam fórmulas adotadas diretamente pelo legislador – doutrina e jurisprudência). Explícitas (objetivamente, definem a conduta, procedimento ou modelo de organização).
11 Quanto à Inteligibilidade – de acordo com a compreensão, dividem-se em: Normas de Percepção Imediata (o intérprete capta diretamente o sentido e o alcance da norma – método intuitivo). Normas de Percepção Reflexiva (mediata – o intérprete utiliza-se basicamente dos métodos dedutivo e indutivo). Normas de Percepção Complexa (ao alcance apenas da classe de juristas, o intérprete impõe toda a sua intelectualidade para o alcance dos mandamentos).
Norma Jurídica
Vigência da Norma Jurídica – diz respeito a sua validade formal, significando que a norma social preenche os requisitos técnico-formais e se impõe aos destinatários. Deve seguir o trâmite regular e satisfazer os pressupostos de validez.
Efetividade – consiste no fato de que a norma jurídica deve ser observada tanto por seus destinatários quanto pelos aplicadores do Direito. 
Norma Jurídica
Início da Vigência da Norma Jurídica:
A obrigatoriedade só surge com a publicação no Diário Oficial, mas sua vigência não se inicia na data da publicação, salvo se ela assim o determinar.
Vigência – Validade da norma jurídica no tempo:
Data da publicação da norma jurídica noDiário Oficial da União (D.O.U.) ou no Diário Oficial do Estado (D.O.E.) ou na data prevista, isto é, sancionada e oficialmente publicada. A promulgação torna a lei existente, mas não obrigatória. A publicação oficial torna a lei obrigatória.
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Eficácia – as normas visam alcançar certos resultados sociais, significando que a norma jurídica produz os efeitos sociais planejados. Pressupõe efetividade. Carência de Eficácia (quando a lei instituída não resolve o problema).
Legitimidade – o ponto de referência é o exame da fonte de onde emana a norma (constituída pelos representantes escolhidos pelo povo, ou por ele próprio, na democracia direta). Para o Jusnaturalismo a natureza humana é fonte criadora.
Norma Jurídica
Revogação e Conflito de Normas
Prazo de Vigência – a lei em vigor, em regra não tem prazo de vigência, salvo as Leis temporárias (que terá vigência até que outra a modifique ou a revogue).
Conceito de Revogação – é tornar sem efeito algo até então existente.
Vacatio Legis – prazo entre a publicação da lei e a sua efetiva vigência (regra = 45 dias)
Norma Jurídica
Conceito de Derrogação – a lei nova apenas revoga parcialmente a lei anterior (o ordenamento ficará com ambas as leis em vigor).
Conceito de Ab-rogação – a revogação atinge completamente a lei anterior.
Do conflito de Normas - haverá conflito de normas sempre que duas ou mais leis se contraponham. Em cada caso o interprete examinará a abrangência da lei nova, com relação à lei existente.
Norma Jurídica
Concurso Aparente de Normas – é a Concorrência de Normas (pluralidade):
. Especialidade – havendo norma geral e norma especial sobre a mesma matéria, prevalece a norma especial (a lei geral só revoga a especial quando assim expressamente o declarar).
. Subsidiariedade – quando os fatos previstos numa norma sobrepõem-se a fatos da mesma natureza descritos em outra (sobreposição de normas), as regras de interpretação devem definir qual norma se aplica.
Consunção – o interesse tutelado por uma norma absorve o tutelado por outra norma, levando a conclusão de que a norma anterior foi revogada.
Norma Jurídica
Vigência da Norma Jurídica
. Obrigatoriedade e temporalidade (vinculada a determinado período de tempo.
. É a dimensão temporal e espacial da obrigatoriedade da Norma.
. Inicia da data em que for publicada (DJ), ou da data nela prevista.
. Finda quando da sua revogação total ou parcial.
Norma Jurídica
No seu conteúdo deve haver constitucionalidade.
Norma nasce com o projeto de lei.
A lei é aplicada, doa a quem doer. – Descumprimento de normas serão repreendidos.
As leis surgem para mudar o mundo dos fatos.
A lei nasce obrigando. (Cogente)
Norma Jurídica
Princípio da Irretroatividade
Definição – é aquele pelo qual uma lei nova não alcança os fatos produzidos antes de sua vigência.
Origem – já prevalecia no Direito Romano, passando para o Direito Canônico. O Código Napoleônico previa que: “a lei só dispõe para o futuro; não tem efeito retroativo” (art. 2º).
Constituição Brasileira – o princípio da não retroatividade foi estabelecido em todas as constituições, exceto a de 1937.
Constituição de 1988 – A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. (art. 5º, inciso XXXVI.
Norma Jurídica
Princípio da Irretroatividade
Direito Adquirido – é o direito que se incorporou definitivamente ao patrimônio jurídico da pessoa, que já estão exercidos ou que já podem ser exercidos.
Ato Jurídico Perfeito – é aquele praticado e que surtiu os consequentes efeitos.
Coisa Julgada – é o principal efeito da sentença (decisão judicial da qual não cabe mais recurso. Instrumentos que habilitam a revisão da sentença – ação rescisória e revisão criminal. Relativização – ação de paternidade, alimentos, inconstitucionalidade da decisão
Norma Jurídica
Princípio da Irretroatividade
Admitida a retroatividade nas seguintes situações:
1. No Direito Penal – disposições novas quando benéficas ao réu, na exclusão do caráter delituoso do ato ou no sentido de minorar a penalidade;
2. Nas Leis interpretativas;
3. Nas Leis abolitivas – que extinguem instituições sociais ou jurídicas, que contrariam a ética social (ex: abolição da escravatura). 
Norma Jurídica
Princípio da Irretroatividade
Admissão do efeito imediato da nova lei:
1. Nas normas processuais;
2. Nas normas cogentes (taxativas) – no Direito de Família;
3. Nas normas de Ordem Pública;
4. No Direito das Obrigações (nas regras imperativas)
No Direito das Sucessões – prevalecem as normas vigentes no momento da abertura da sucessão.
No Testamento – as normas da época que foi passado.
Norma Jurídica
Vigência das normas no Espaço
Princípio da Territorialidade - Campo de abrangência limitado por espaços territoriais, em nível nacional, fronteiras de Estado, o que inclui extensão de águas territoriais em ilhas, aviões, navios, e embarcações nacionais, áreas de embaixadas e consulados, subsolo e atmosfera.
Princípio da Extraterritorialidade - Com avanço das relações internacionais os Estados passaram a admitir em determinadas circunstâncias, aplicações das leis estrangeiras em seus territórios (Art. 7º ao 17 LICC).
Norma Jurídica
Eficácia da Norma
. É a norma efetivamente observada e que atinge a sua finalidade.
. A norma pode ter vigência e não ter eficácia, podendo viger sem ser observado.
. A norma não pode ter eficácia sem vigência.
. Depois de revogada, a norma poderá ter eficácia, no caso do direito adquirido.
Norma Jurídica
Efetividade da Norma
. A observância efetiva da norma, por parte das autoridades e seus destinatários.
 . Depende da Eficácia da Norma, no âmbito internacional.
. É requisito ligado ao Direito Internacional.