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Delegado de Polícia Civil CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Civil Professor: André Barros Aula: 21| Data: 13/12/2017 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO DIREITO DAS COISAS Posse (continuação) 1. Conceito 2. Teorias Explicativas da Posse 3. Posse Direta e Indireta Detenção Propriedade DIREITO DAS COISAS Posse (continuação) 2. Teorias Explicativas da Posse a) Teoria Objetiva - Teoria desenvolvida por Rudolf Von Ihering Defende que posse é pura e simplesmente corpus. Corpus é a exterioridade (visibilidade/exercício aparente) de um dos atributos da propriedade. Como regra, o ordenamento jurídico brasileiro (CC/2002) adota a Teoria Objetiva. b) Teoria Subjetiva - Teoria desenvolvida por Friedrich Carl von Savigny: para que a posse seja definida não basta o corpus, mas sim corpus + animus domini, ou seja, a intensão de ser dono. A Teoria Subjetiva é tratada apenas em caráter excepcional, por exemplo, na usucapião. 3. Posse Direta e Indireta, também conhecida como cisão da posse. a) Posse Direta ou Imediata: é aquela exercida por quem está utilizando o bem. b) Posse Indireta, também conhecida como Mediata: é aquela exercida a distância por quem cedeu o uso da coisa a título de direito real ou obrigacional (título obrigacional → contratos). Ambos podem exercer a proteção possessória. Exemplo de Direito Obrigacional: Locação Comodato Posse direta locatário comodatário Posse Indireta locador comodante Página 2 de 4 Exemplo de Direito Real: Propriedade Fiduciária Posse direta Garantidor fiduciante Posse Indireta Credor Fiduciário Observação: No Direito Brasileiro não há cisão do direito de propriedade. O STJ adotou uma orientação com relação à exceção de cisão da propriedade, na multipropriedade, que é o contrato de time-share. Na Multipro- priedade / contrato de time-share é possível o reconhecimento como forma de direito real. Detenção Trata-se de instituto residual no Direito brasileiro, ou seja, algo que se afirma quando não é possível caracteri- zar a posse. Detenção é aquilo que parece ser posse, mas não é. Artigo 1.198/CC – fâmulo da posse: detentor é a pessoa que exerce a posse de outrem em cumprimen- to de ordens ou instruções do possuidor. Exemplo: caseiro, motorista, secretária, diarista, professor. “Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em rela- ção de dependência para com outro, conserva a posse em nome des- te e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo co- mo prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, pre- sume-se detentor, até que prove o contrário.” Mera tolerância não induz posse. Por exemplo, o Curso Damásio tolera que você use a carteira. Outro exemplo, vizinho tolera que você entre e pesque no lago que está na propriedade dele. Situação de violência ou clandestinidade enquanto não cessarem não há posse. Exemplo: situação do calor do conflito, pequeno intervalo de tempo onde eu posso me valer da legítima defe- sa da posse. A legítima defesa da posse ou desforço imediato é praticamente a mesma coisa. Tecnicamente, legítima defesa ocorre quando tem apenas uma situação de ameaça da posse e no desforço imediato ocorre no caso de turbação e esbulho. Ambas as medidas são formas de autotutela até posse. Invasor de imóvel público: ocorre a mera detenção e jamais induz à posse. Propriedade É a soma de atributos que uma pessoa exerce sobre determinado bem móvel ou imóvel. Atributos: G R U D Página 3 de 4 a) Direito de Gozar ou Fruir: direito de retirar os frutos e produtos produzidos pela coisa. Frutos: característica básica: são renováveis. Produtos: característica básica: NÃO são renováveis. Frutos: 1. Naturais: produzidos pela natureza, sem a intervenção do homem. Exemplo: frutas. 2. Civis: decorre da exploração econômica da coisa. Exemplo: juros, dividendo, aluguel. 3. Industriais: gerados pelo homem. Exemplo: fábrica de caneta eletrônica. b) Reaver/buscar a coisa: ação reivindicatória. c) Usar/Utilizar a coisa: sofre diversas limitações: por força de Lei (Lei de zoneamento, Código Civil) por Princípio da Função Social – visto como requisito de legitimidade do Direito de Propriedade, artigo 1228, CC, violação ao ato emulativo Ato Emulativo é uma espécie de abuso de Direito no exercício da propriedade. É defesa a prática de ato que não traga qualquer vantagem ao proprietário e seja animado pelo propósito de prejudicar outrem. “Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamen- te a possua ou detenha. § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam pre- servados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flo- ra, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de preju- dicar outrem. § 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapro- priação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômi- co relevante. § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indeniza- ção devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como tí- tulo para o registro do imóvel em nome dos possuidores.” d) Dispor/alienar da propriedade: Página 4 de 4 vida: contratos e negócios jurídicos morte Quando o sujeito reúne todos os atributos (gozar, reaver, usar e dispor) o resultado é que ele dispõe da pro- priedade plena. Não confundir propriedade plena com propriedade limitada. Propriedade limitada: quando o sujeito tem qualquer um dos atributos concedidos à terceiro. Exemplo: no usufruto (ou servidão ou direito real de uso ou real de habitação) é transmitido o direito de gozar/fruir e o direito de usar/utilizar a coisa. O proprietário se chama nu-proprietário.
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