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DUMPING SOCIAL, OMC E OIT. CLÁUSULA SOCIAL E SELO SOCIAL. MECANISMOS DE ENFRENTAMENTO AO DUMPING SOCIAL NO AMBITO INTERNACIONAL E INTERNO. A prática do “dumping” consiste na concorrência desleal em razão da artificial diminuição dos preços, com vistas a torná-los mais competitivos ao mercado. Dessa forma, busca-se eliminar, ou ao menos diminuir, a concorrência. Com efeito, entende-se por “dumping social” o rebaixamento dos preços dos produtos e serviços através do solapamento de direitos trabalhistas mínimos. Assim, reduzidos os custos com mão-de-obra, reduz-se o preço final das mercadorias, novamente buscando eliminar ou enfraquecer a concorrência, de forma desleal. Para caracterização da prática do “dumping” social, é necessária conduta reiterada e inescusável, com nítido intuito precarizante, gerando um impacto em toda coletividade, para além da esfera individual dos ofendidos diretamente. Como efeitos, gera, como se vê, uma ofensa a toda a sociedade, vulnerando a chamada função concorrencial do direito do trabalho. A respeito, diga-se que o direito do trabalho, por ser eminentemente tuitivo, tem por escopo proteger os trabalhadores. Uma de suas funções, a função concorrencial, vai além, no intuito de proteger a própria economia de mercado contra as práticas de concorrência desleal, como o dumping social. No âmbito internacional, a OMC, muito embora tenha declarado formalmente, na Convenção de Singapura, seu compromisso com a observância dos princípios e direitos fundamentais do trabalho, até o momento não obteve consenso para a introdução de uma cláusula social que permita sanções a quem violar tais direitos e princípios. A OIT tentou implementar a cláusula social nos contratos de comércio internacional, porém sem sucesso, notadamente por não poder estabelecer sanções aos seus membros. A seu turno, o chamado “selo social” busca identificar, por parte dos consumidores, quais mercadorias são produzidas com padrões mínimos da legislação internacional de trabalho. Contudo, como a OIT não possui poder coativo sobre seus membros, e não tendo a OMC implementado tal prática, a medida não se concretizou. No plano interno, o “dumping” social pode ser combatido através de fiscalizações do Ministério do Trabalho e Emprego, com lavratura de autos de infrações. Pode o Ministério Público do Trabalho efetuar TAC’s, bem como ajuizar ações civis públicas. Esta medida também pode ser adotada pelos sindicatos. Por fim, cabe ao Poder Judiciário, no caso concreto, de forma fundamentada, decidir pela reparação aos direitos aviltados.
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