Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teoria Geral do Direito Penal I – Avaliação Semestral Aplicação da Lei Penal Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Ninguém pode ser punido caso não exista uma lei que considere o fato praticado como crime. Pode ser chamado de Princípio da Reserva Legal, pois a definição dos crimes e suas penas só podem ser dadas, exclusivamente, por lei, excluindo qualquer outra fonte legislativa. De acordo com o Princípio da Legalidade, a elaboração das normas incriminadoras é função exclusiva da lei; nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência deste fato exista uma lei definindo-o como crime e resultando em uma sanção correspondente. A lei deve definir com precisão e clareza a conduta proibida. Princípios – Não podem ser considerados criminosos os fatos socialmente adequados, ou seja, as condutas que são aprovadas pela coletividade não podem ser consideradas criminosas pelo legislador. “minimis non curat pretor” (O pretor não cuida de crimes insignificantes). O tipo penal cuida do bem jurídico e da proteção do cidadão, portanto, se o delito for INCAPAZ de ofender o bem jurídico, não haverá como enquadrá-lo no tipo. Apesar de ser insignificante, não faz com que o fato deixe de ser inadequado à sociedade. *A LEI PENAL SÓ PODERÁ ALCANÇAR FATOS ANTERIORES PARA BENEFICIAR O RÉU* A lei penal, como todas as demais do ordenamento jurídico, entra em vigor na data nela indicada. Caso não haja indicação na própria lei, aplica-se o disposto no art. 1°, caput, da Lei de Introdução ao Código Civil, no qual está estabelecido o prazo de 45 dias após a publicação oficial, para que a lei entre em vigor no Brasil. O prazo entre a publicação oficial e sua entrada em vigor chama-se vacatio legis. “tempus regit actum” – A lei é “responsável” pelos acontecidos entre o seu momento de vigor até cessar sua vigência. A lei permanecerá em vigor até que outra a modifique ou revoque, a não ser que se trate de lei temporária. Irretroatividade da Lei Penal – O ponto de referência nessa discussão é SEMPRE o réu. “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.” O fundamento dessa proibição é a ideia de segurança jurídica, que se consubstancia num dos princípios reitores do Estado de Direito, segundo o qual as normas que regulam as infrações penais não podem modificar-se após suas execuções em prejuízo do cidadão. Retroatividade da Lei Penal No conflito das leis penais no tempo, é indispensável investigar a qual a que se apresenta a mais favorável ao indivíduo tido como infrator. A lei anterior, quando for mais favorável, terá ultratividade e prevalecerá mesmo ao tempo de vigência da lei nova, apesar de já estar revogada. O inverso também é verdadeiro, isto é, quando a lei posterior for a mais benéfica, RETROAGIRÁ para alcançar fatos cometidos antes de sua vigência. Ultratividade da Lei Penal Ocorre quando a lei nova, que revoga a anterior, passa a reger o ato de forma mais severa e não pode abranger fato praticado durante a vigência da anterior mais benigna. Assim, a anterior mais benigna, mesmo revogada, é aplicada ao caso, ocorrendo a ULTRATIVIDADE. Existem quatro hipóteses de conflitos de lei penal no tempo: a) “abolitio criminis” - Ocorre quando a nova lei suprime normas incriminadoras anteriormente existentes; o fato deixa de ser considerado crime. Pode resultar em extinção imediata da pena principal e de sua execução, libertação imediata do condenado preso e extinção dos efeitos penais da sentença condenatória (caso já exista condenação transitada em julgado). b) “novatio legis” incriminadora, que ocorre quando a nova lei incrimina fatos antes considerados lícitos, ou seja, o fato passa a ser considerado crime. c) “novatio legis in pejus”, que ocorre quando a lei nova modifica o regime penal anterior, agravando a situação. NÃO RETROAGE d) “novatio legis in mellius” que ocorre quando a lei nova modifica o regime penal anterior, beneficiando o sujeito. RETROAGE!!! Leis Excepcionais ou Temporárias Art. 3, Código Penal: “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.” Lei excepcional é criada para um período emergencial (guerra, epidemias, calamidade pública, etc..) e não possui prazo determinado para término de vigência, portanto, dura até o fim da situação que culminou sua criação. Lei Temporária é feita para um período excepcional de anormalidade. São leis criadas para regular um período de instabilidade. Pode-se dizer que são leis auto-revogáveis, pois possuem vigência previamente determinada. Todos os Brasileiros e Estrangeiros em território Brasileiro que cometerem delitos previstos em lei excepcional/temporária, será julgado de acordo com ela, mesmo após o término de sua vigência. A ultratividade das leis temporárias/excepcionais não infringe o princípio constitucional da retroatividade da lei mais benéfica, pois não há duas leis e, conflito no tempo, tendo em vista que as leis deste tipo visam outras matérias distintas, já que trazem no tipo os dados específicos. Caso houver uma lei excepcional/temporária mais benéfica que revogue a anterior, a nova lei retroagirá. TEMPO DO CRIME Art. 4, Código Penal: “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.” Existem três teorias sobre o tempo do crime: a) Teoria da Atividade: O tempo do crime é o tempo que se realiza a ação ou a omissão que vão configurar o crime, ainda que outro seja o momento do resultado; b) Teoria do Resultado: O tempo do crime é o tempo que se produz o resultado, sendo irrelevante o tempo da ação; c) Teoria Mista ou Da Ubiquidade: O tempo do crime será tanto o tempo da ação quanto o tempo do resultado. A teoria adotada pelo Código Penal é a da ATIVIDADE. Na teoria da atividade, seja em crime permanente ou continuado, o agente em caso de lei nova, responderá sempre de acordo com a última lei vigente, seja ela mais benéfica ou não. Conflito Aparente de Normas O conflito ocorre quando existir: pluralidade de normas, unidade de fato, aparente aplicação de todas as normas ao mesmo fato e efetiva aplicação de somente uma das normas. Os princípios que devem ser observados para se chegar à uma solução são: princípios da especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade. a) Princípio da Especialidade – “lex specialis derrogat generali” (Lei especial derroga a geral). Se houver um conflito entre uma norma especial e uma geral, aplica-se a especial, considerando que a norma especial contém todos os elementos da norma geral com elementos denominados especializantes. b) Princípio da Subsidiariedade – “lex primaria derrogat subsidiariae” (Lei primária derroga a subsidiária). Se houver um conflito entre uma norma mais ampla e uma menos ampla, aplica-se a norma mais ampla, considerando que a norma subsidiária (menos ampla) é englobada pela norma primária (mais ampla). c) Princípio da Consunção – Um fato mais grave absorve um menos grave. O conflito não se dá propriamente entre normas, mas sim no fato, tendo em vista um ser mais grave que o outro. São espécies de consunção: progressão criminosa, antefactum não punível, postfactum não punível, crime progressivo e crime complexo. Progressão Criminosa – Cada fato será progressivamentemais grave que o outro. Ex: um sujeito tem o dolo de causar uma lesão leve na vítima, após consumado o crime, o agente decide causar lesões graves na vítima, logo em seguida o agente decide matar a vítima, consumando o crime. Neste caso, o homicídio absorve as lesões. Antefactum não punível – É um fato anterior imprescindível (NÃO PODE DEIXAR DE ACONTECER) para a execução do fato principal. Ex: falsificar a assinatura de um cheque para realizar compras, consumando o crime de estelionato. Neste caso, a falsificação se faz necessária para a prática do crime e se exaure com ele, ou seja, a falsificação não poderá ser utilizada para a prática de outros crimes. O estelionato absorve a falsificação. Postfactum não punível – É um fato posterior irrelevante. Ex: um sujeito furta um objeto e vende. O fato de o agente ter vendido o bem furtado é irrelevante, considerando que o furto não deixará de ser punido. Crime Progressivo – O crime é composto de vários atos, mas existe sempre a mesma vontade desde o início. Ex: Um sujeito tem o dolo de matar a vítima, para isso utiliza-se de lesões (leves e graves) até atingir à consumação. Neste caso, o homicídio absorve as lesões, mesmo porque o dolo era de matar a vítima. Crime Complexo – Resulta da fusão de dois ou mais crimes. Ex: Extorsão mediante sequestro; estupro qualificado pela morte. d) Princípio da Alternatividade – Ocorre quando houver uma só norma contendo várias condutas, ou seja, várias formas de realização de um crime. LUGAR DO CRIME Art. 6, Código Penal: “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.” Crimes executados em um país e consumados em outro: Foi adotada a teoria da ubiquidade, ou seja, a competência para o julgamento do fato será de ambos os países. Crimes “plurilocais”: Quando a ação se dá em um lugar e o resultado em outro, dentro de um mesmo país, foi adotada a teoria do resultado, ou seja, o foro competente é o foco do local do resultado. Nas infrações de competências dos Juizados Especiais Criminais, a Lei n. 9.099/95 seguiu a teoria da atividade, ou seja, o foro competente é o da ação. CONTAGEM DE PRAZO Art. 10, Código Penal: “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.” Ex: Começa dia 23, acaba dia 22 do outro ano. Prazos de Direito Processual: Não se computa o dia do começo, o primeiro dia será o primeiro dia útil subsequente ao dia do começo. Prazos de Direito Material: Computa-se o dia do começo como primeiro dia, excluindo-se, por consequência, o dia do final. Não se prorroga quando termina em domingo ou feriado, são prazos não sujeitos à suspensão e interrupção. TEORIA GERAL DO CRIME Conceitos de Crime Existem quatro sistemas para a conceituação de crime: Formal; Material; Formal e Material; Formal, material e sintomático. Predominam: Formal e Material. a) Material: É a ação ou omissão lesiva, imputável a pessoa, com análise da conduta danosa e sua consequência social. Violação de um bem penalmente protegido. b) Formal: Crime é um fato típico e antijurídico. Todo fato humano proibido pela lei penal. Caracteres do Crime sob o Aspecto Formal Crime é conceituado como um fato típico e antijurídico. Para que haja um crime, é preciso uma conduta humana positiva ou negativa. Somente aqueles comportamentos previstos em lei penal é que podem configurar o delito. Pode-se dizer que o primeiro requisito do crime é o fato típico, mas, não basta o fato típico, é necessário que seja contrário ao direito (antijurídico). O fato pode ser típico e não apresentar antijuridicidade, como no caso de legítima defesa, portanto, se excluída a antijuridicidade, não existe crime. Qual a diferença entre elementar e circunstância? Quando se trata de distinguir o crime de um comportamento lícito ou de outro delito, é elementar; ao contrário, quando agrava ou atenua a sua gravidade objetiva, aumentando ou atenuando a pena, presente está uma circunstância. Ausência de uma elementar pode produzir dois efeitos: atipicidade absoluta: ocorre quando, excluída a elementar, o sujeito não responde por infração alguma; atipicidade relativa: ocorre quando, excluída a elementar, não subsiste o crime do qual se cuida, havendo a desclassificação para outro delito. Não se pode confundir elementar com circunstância. A elementar interfere na qualidade do crime, ao passo que a circunstância interfere na quantidade da sanção. Fato Típico: Antijuridicidade Fato típico é o comportamento humano, positivo ou negativo, que provoca um resultado (não necessariamente) e é previsto em lei penal como infração. Elementos do Fato Típico Conduta Humana: dolosa ou culposa; Resultado: Salvo nos crimes de mera conduta; Nexo Causal: Salvo nos crimes de mera conduta e formais; Enquadramento do fato material a uma norma penal. Não é necessário se obter resultado ou ter nexo causal para ser considerado crime. Crime Consumado Todo crime pode ser consumado. Iter Criminis é o itinerário do crime, que possui quatro fases: a) Cogitação: O agente somente está pensando, pretendendo a prática do crime. Não existe fato típico. Não é alcançado pela norma. b) Preparação: É a prática de todos os atos antecedentes necessários ao início da execução. Não existe o fato típico. NEM SEMPRE será alcançado pela norma penal. Dependendo da gravidade do crime, pode ser alcançado nessa fase. c) Execução: Começa a agressão ao bem jurídico. Existe o fato típico (quando o crime admite). Momento em que a conduta é externada, é alcançada pela norma. d) Consumação: Todos os elementos do fato típico são realizados. A execução do crime começa com a prática do primeiro ato idôneo (capaz de produzir o resultado) e inequívoco (sem dúvidas, INDUZ ao resultado) à consumação. A execução de um crime está ligada ao verbo de cada tipo. Quando o agente começa a praticar o verbo do tipo, inicia-se a execução. Ainda assim, pode apresentar Exaurimento do Crime: É uma fase após a consumação, acontece geralmente em caso de crimes formais. Ex: em caso de sequestro mediante resgate, o crime é consumado no momento em que se pede o resgate; o pagamento se encaixa no exaurimento do crime. / Extorção no ato de exigir a vantagem com ameaça já é considerado extorsão (crime consumado), o pagamento do valor é o exaurimento. TENTATIVA É a não consumação de um crime, cuja execução foi iniciada por circunstâncias alheias à vontade do agente. Nem todo crime comporta tentativa, como, os crimes culposos. Ex: um homicídio culposo não pode ser considerado tentativa, já que, NÃO EXISTE INTENCIONALIDADE de ser produzir um crime. Crimes dolosos materiais admitem tentativa, crimes de mera conduta não admitem tentativa. Um crime que admite tentativa PRECISA ter execução. Aplicação da Pena A tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. O critério para a redução é a proximidade do momento consumativo. Quanto mais próximo chegar da consumação, maior será a pena. Espécies de Tentativa Imperfeita ou Inacabada: Quando a execução do crime é interrompida por circunstâncias alheias à vontade do agente. Perfeita ou Acabada: Quando a execução do crime se encerra, o agente executa o crime até o final, mas o resultado não se produz por circunstâncias alheias à sua vontade. Tentativa Abandonada ou Qualificada: Quando inicia-se a execução e o resultado não se produz por vontadedo próprio agente. A tentativa abandonada exclui a aplicação da pena por tentativa, o agente responde apenas pelos atos então praticados. Pode ser: desistência voluntária ou arrependimento eficaz. Desistência Voluntária – O agente interrompe a execução. Arrependimento Eficaz – O agente executa o crime até seu último ato, mas se arrepende e impede o resultado. Ocorre apenas em crimes materiais. Tentativa Inadequada: Ocorre quando a consumação é impossível desde o início do crime, portanto, não é fato típico. O agente não responde porque o bem jurídico não ficou exposto a perigo. O meio empregado jamais poderá levas à consumação do crime. A ineficácia do meio deve ser absoluta. Mas em caso de roubo, por exemplo, uma arma inapta a disparos não pode ser considerada ineficaz, pois serve para intimidar a vítima. Arrependimento Posterior Ocorre após a consumação do crime. É causa obrigatória de redução de pena. O agente responde pelo crime consumado com diminuição de 1/3 a 2/3 de pena. Só cabe em crime sem violência ou grava ameaça contra a vítima (pode caber em homicídio culposo); Reparação de danos ou restituição de coisa integralmente; Pode haver influência de terceira pessoa no arrependimento posterior, mas sempre será um ato voluntário do agente; Só pode acontecer até o recebimento da denúncia. Dolo Teoria da Vontade: Dolo é a consciência e a vontade de praticar a conduta e atingir o resultado, é quando o agente quer o resultado; Teoria do Assentimento ou Aceitação: Dolo é a vontade de praticar a conduta com a aceitação dos riscos de produzir o resultado. O agente não se importa com o resultado. art. 18/CP – “Dolo é a consciência da vontade ou a aceitação do risco de produzir o resultado” Dolo direto: Existe quando o agente quer produzir o resultado, é o dolo da teoria do resultado. Dolo indireto: É aquele que existe quando o agente não quer produzir diretamente o resultado, pode ser eventual (não quer produzir o resultado, mas aceita o risco), e alternativo (quando o agente quer produzir um ou outro resultado). Culpa Só há culpa quando há previsão expressa em lei, se não existir, não se pode presumir título de culpa. O fato de o agente ter agido com culpa não impede que ele responda pela conduta culposa. Imprudência: Prática de um fato criminoso. É a culpa de quem age. Ocorre durante a ação. Exemplo: passar no farol fechado, mas a culpa pode ser averiguada, caso tenha-se passado no farol fechado por uma emergência, a culpa pode ser excluída. Negligência: É a culpa de quem se omite, falta de cuidado antes de começar a agir. Ocorre antes da ação. Exemplo: não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em movimento. Imperícia: É a falta de habilidade no exercício de uma profissão ou atividade. O erro médico pode ser composto por imperícia, negligência e imprudência. Crime Preterdoloso art. 19/CP “Pelo resultado agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.” No crime preterdoloso, o agente pratica um crime distinto do que havia projetado cometer, obtendo resultado mais grave, decorrente de negligência, imprudência ou imperícia. Portanto, o crime é qualificado pelo resultado, havendo dolo no início e culpa no resultado. Crimes preterdolosos não aceitam tentativa, pois o agente não quer, nem aceita o resultado agravador. Ilicitude/Antijuridicidade Todo fato típico é ilícito. Se não existir nenhuma causa de exclusão para a ilicitude, o fato também será ilícito. A ilicitude pode ser a contradição do fato com a norma ou quando o fato contraria a norma e causa um perigo concreto de lesão ao bem jurídico. Existem quatro causas previstas em lei para a exclusão de antijuridicidade: Estado de Necessidade: Conduta lesiva praticada para afastar uma situação de perigo. Existindo uma situação de perigo que ameace dois bens jurídicos, um deles terá que ser lesado para salvar o outro de maior valor. Não pode alegar estado de necessidade quem tiver o dever legal de conter o perigo. No estado de necessidade HÁ um conflito entre dois ou mais bens jurídicos diante de uma situação de perigo. O estado de necessidade sempre exclui a antijuridicidade. É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaça o bem jurídico e a gravidade da lesão causada pelo fato necessitado. Legítima Defesa: art. 25/CP “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.” Se o excesso for doloso, não caracteriza a legítima defesa, o excesso é culposo quando há intensificação por imprudência. Estrito Cumprimento do Dever Legal: É a causa de exclusão da ilicitude que consiste na realização de um fato típico, por força do desempenho de uma obrigação imposta por lei, nos exatos limites dessa obrigação". A lei não pode punir quem cumpre um dever que ela impõe. Exercício Regular de Direito: O exercício de um direito jamais pode configurar um fato ilícito, exceto se existir o dolo de prejudicar alguém. Lesões esportivas são consideradas exercício regular de direito se forem praticadas dentro dos limites do esporte; Intervenções Cirúrgicas (amputações, extração de órgão, etc..) são consideradas atividades de exercício legal de um médico, caso sejam feitas por alguém que não seja médico, será considerado estado de necessidade. Erro de Tipo O erro de tipo é aquele que incide sobre um dado da realidade, descrito em um tipo penal como: O agente pratica o crime com culpa e depois acrescenta ao crime um resultado doloso (ex.: o agente atropela a vítima culposamente e, após, foge, omitindo-se de socorrer a vítima). O agente pratica o crime com dolo e depois acrescenta ao crime um resultado culposo (ex.: o agente desfere um soco na vítima, que cai, batendo a cabeça e vindo a falecer). O Erro de tipo recai sobre: Elementar de um tipo incriminador; Circunstância de um tipo incriminador; Elementar de um tipo permissivo; Dado irrelevante da figura típica. Pode ser de duas espécies: Essencial: é um erro tão importante que impede o agente de saber que está cometendo um crime ou de conhecer a circunstância desse crime; Acidental: é um erro irrelevante que não impede o agente de saber que pratica um crime. Erro sobre Elementar de Tipo Incriminador O sujeito se equivoca com uma situação de fato. Nesse caso, o erro de tipo sempre exclui o dolo e, também exclui a culpa, tornando o fato atípico. Caso o erro seja evitável, será culposo. Erro sobre Circunstância O sujeito se equivoca com uma circunstância. Por exemplo, furta um relógio pensando ser de ouro; quando chega ao receptador, percebe que o relógio não tinha valor. Nesse caso, o sujeito responde por furto simples, não tenho sua pena diminuída visto que furtou o relógio pensando que este tinha valor. Erro Sobre Elementar de Tipo Permissivo É um erro sobre descriminante. O erro de tipo, nesse caso, é uma descriminante putativa ou imaginária. É causa da exclusão da ilicitude imaginada por erro. Sempre que um erro incidir sobre a realidade, haverá erro sobre elementar de tipo permissivo. Consequências do Erro de Tipo O erro de tipo sempre exclui o dolo. Se o erro for inevitável, a culpa também será excluída. Se o erro é evitável, o agente responde por crime culposo. Quando o crime não admite a forma culposa, o erro de tipo, excluindo o dolo, torna o fato atípico. Erro de Tipo Acidental É aquele que incide sobredados irrelevantes da figura típica, portanto não traz nenhuma consequência para o fato típico. São modalidades de erro de tipo acidental: Erro sobre o objeto ou coisa: o sujeito quer furtar um saco de feijão e, por engano, furta um saco de arroz. O crime continua sendo de furto, não havendo consequências. Erro sobre a pessoa: Por exemplo: o sujeito deseja matar “A” e, por uma confusão mental, acaba matando “B” (olhou “B” achando que era “A”). O crime continua sendo de homicídio. O sujeito responderá pelo crime como se a vítima efetiva “B” fosse a vítima virtual “A”, ou seja, responderá pelo crime como se tivesse matado “A”. Erro na execução do crime (aberratio ictus): Neste caso, o agente, em virtude de um erro na execução do crime, atinge pessoa diversa da pretendida. Não há erro na representação mental e sim na execução do crime (ex.: o agente quer matar “A”, mira nele, entretanto erra o tiro, acertando “B”). Existem duas espécies de aberratio ictus: Aberratio ictus com resultado único ou com unidade simples: somente o terceiro é atingido. Nesse caso, o agente responderá pelo crime como se tivesse matado a vítima virtual; Aberratio ictus com resultado duplo ou com unidade complexa: são atingidos a vítima pretendida e o terceiro inocente. Aplica-se a regra do concurso formal perfeito. O agente responderá, quanto à vítima pretendida, por homicídio doloso e, quanto ao terceiro, por homicídio culposo.
Compartilhar