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1 CARREIRAS PÚBLICAS NÍVEL MÉDIO Noções de Direito Penal. Prof.: Nestor Távora. Aula: 02. Monitor: Filipe Ribeiro. MATERIAL DE APOIO – MONITORIA Índice. I. Anotações. II. Lousa. III. Questões. I. ANOTAÇÕES. 4. FATO TÍPICO (continuação). e.2. Crime culposo: ele está disciplinado no art. 18, inc. II do CP1, nos seguintes termos: “diz-se o crime culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. OBSERVAÇÃO: Elementos que integram o crime culposo: I. Conduta: Ela é praticada com inobservância de um dever de cuidado, imposto a todos no convívio social. CONCLUSÃO: O que importa não é a finalidade do agente, mas o modo e a forma imprópria como ele atua, provocando o resultado. II. Dever de cuidado objetivo: Devemos confrontar a conduta praticada com a conduta que teria sido adotada, nas mesmas condições, uma pessoa prudente e de discernimento. A inobservância do dever de cuidado pode manifestar-se das seguintes formas: II.1. Imprudência: é uma conduta positiva. O agente age quando o dever de cuidado impõe que ele não atue. Exemplo: invadir o sinal vermelho de trânsito. II.2. Negligência: é uma conduta negativa, uma omissão onde o agente deixa de agir quando o dever impõe uma ação. Exemplo: deixar de realizar a revisão do carro antes de viajar. II.3. Imperícia: é a incapacidade ou a falta de conhecimento técnico no exercício de arte ou ofício. Exemplo: eletricista que deixa de realizar o aterramento no chuveiro elétrico. ADVERTÊNCIA: Não se confunde a imperícia com o “erro profissional”, pois neste o agente usa corretamente os procedimentos e regras, mas chega a um resultado insatisfatório por falha nas regras aplicadas. Exemplo: novo tratamento contra o câncer que não salva o paciente. III. Resultado: A mera inobservância do dever de cuidado não é suficiente. CONCLUSÃO: É necessário a ocorrência do resultado para a caracterização do delito. Exemplo: A mera invasão do sinal de trânsito não caracteriza crime. IV. Previsibilidade: É a possibilidade de conhecimento do perigo que sua conduta gera e também a possibilidade de prever o resultado, conforme as condições pessoais do agente. OBSERVAÇÃO: Precisamos fazer a seguinte distinção: IV.1. Previsibilidade objetiva: é aquela de uma pessoa razoável. IV.2. Previsibilidade subjetiva: ela leva em conta a condição pessoal do agente. V. Questões complementares. V.1. Culpa consciente: O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra. 1 CP. Art. 18 - Diz-se o crime: Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 2 V.2. Culpa inconsciente: O agente não prevê o resultado, que era objetiva e subjetivamente previsível. V.3. Compensação de culpas: Ela não é admitida, sendo que o agente responderá por sua conduta. V.4. Concorrência de culpas: Se duas ou mais pessoas agem culposamente, provocando um resultado em terceira pessoa, ambas respondem. e.3. Preterdolo: Ele é conhecido como agravado pelo resultado CONCLUSÃO 1: O agente atua de forma dolosa, mas ocorre um resultado agravador, que lhe é atribuído por culpa. Exemplo: lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º do CP2). CONCLUSÃO 2: Preterdolo deriva do latim, significando “além da intenção”. 4.2. Resultado. 4.2.1. Conceito: É a modificação no mundo exterior provocada pela conduta do agente. 4.2.2. Iter Criminis (“caminho do crime”): são as fases que o agente percorre até chegar a consumação do delito, vejamos: a. 1º Fase: Cogitação: o agente apenas idealiza o crime que pretende cometer. ADVERTÊNCIA: O pensamento é impunível. b. 2º Fase: Preparação: Ela compreende a prática de todos os atos necessários para iniciar a execução. Exemplo: alugar o carro que será usado na fuga. CONCLUSÃO 1: Em regra, os atos preparatórios são impuníveis. CONCLUSÃO 2: Excepcionalmente, o ato preparatório pode constituir crime autônomo. Exemplo: furtar o carro que será utilizado na fuga. c. 3º Fase: Execução: Aqui começa a ofensa ao bem jurídico. O agente passa a desenvolver o núcleo (verbo) do crime. d. Consumação: Ela acontece quando todos os elementos do crime exigidos por lei estão atendidos (art. 14, I do CP3). Exemplo: no homicídio a consumação ocorre com a morte da vítima (art. 121 do CP). ADVERTÊNCIA: Tentativa: nela o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do criminoso (art. 14, II do CP4). OBSERVAÇÃO: Exaurimento: é o “esgotamento do crime”, caracterizando os atos praticados após a consumação. ADVERTÊNCIA: Como regra, não há punição, a não ser que o exaurimento caracterize um crime autônomo. Exemplo: ocultação de cadáver. 2 CP. Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 3 CP. Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 4 CP. Art. 14 - Diz-se o crime: Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 3 4.2.3. Estudo do crime consumado. a. Conceito: O crime está consumado “quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal” (art. 14, I do CP). b. Classificação do crime em razão da consumação. b.1. Crime material: é aquele que se consuma com a produção de um resultado exterior. ADVERTÊNCIA 1: Tal resultado é naturalístico, ocorrendo no mundo natural. ADVERTÊNCIA 2: Quando o crime deixa vestígios, será realizada uma perícia chamada de exame de corpo de delito (art. 158 do CPP5). b.2. Crime formal: é aquele cuja lei descreve uma conduta e um resultado, mas o resultado não precisa ocorrer para que esteja consumado. Exemplo: corrupção ativa: “oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para que ele faça ou deixe de fazer alguma coisa” (art. 333 do CP). b.3. Crime de mera conduta: a lei descreve apenas uma conduta e, quando ela é realizada, o crime se consuma. Exemplo: desobediência: “desobedecer a ordem legal de funcionário público” (art. 330 do CP). c. Classificação do crime quanto ao momento da consumação. c.1. Crime instantâneo: é aquele que produz o resultado imediatamente após a consumação. Exemplo: homicídio. c.2. Crime permanente: é aquele cuja consumação se prolonga no tempo. Exemplo: sequestro. c.3. Crime habitual: é aquele que pressupõe a repetição da conduta para a consumação. Exemplo: curandeirismo. 4.2.4. Estudo do crime tentado. a. Conceito: É aquele que não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (art. 14, II do CP). b. Requisitos: b.1. Início da execução; b.2. Dolo de consumar o crime; b.3. Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. c. Consequência: Em regra, o agente será sancionado com a pena do crime que desejava cometer, reduzida de 1/3 a 2/3. OBSERVAÇÃO 1: Quanto mais próximo o agente chegar da consumação, menor será a redução da pena. OBSERVAÇÃO 2: Adequar-se-á a conduta do agente de forma indireta ou mediata, conjugando o artigo do crime que ele pretendiapraticar, com a forma tentada do art. 14, II do CP. OBSERVAÇÃO 3: Existem infrações onde a forma tentada é punida da mesma maneira que a consumada. Exemplo: preso que se evade ou tenta evadir-se usando violência (art. 352 do CP). CONCLUSÃO: Tal circunstância caracteriza o que chamamos de “crime de atentado”. d. Classificação da tentativa: d.1. Quanto ao percurso do iter criminis: I. Tentativa imperfeita ou inacabada: o agente não consegue praticar todos os atos executórios. Exemplo: atirador contido por pela polícia. II. tentativa perfeita ou acabada ou crime falho: o agente pratica todos os atos executórios, mas não consegue consumar o delito. Exemplo: gasta todas as balas, mas a vítima não morre. 5 CPP. Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 4 d.2. Quanto ao resultado produzido na vítima: I. Incruenta ou branca: nela a vítima não é atingida, ou seja, não sofre dano em sua integridade. II. Cruenta ou negra ou vermelha: nela há produção de lesão na vítima. e. Infrações que não admitem tentativa: e.1. Contravenções penais. e.2. Crimes culposos. e.3. Crimes preterdolosos. e.4. Crimes habituais. e.5. Crimes omissivos próprios. 4.2.5. Desistência Voluntário. a. Conceito – tema da próxima aula. II. LOUSA. 5 6 7 8 9 III. Questões. 01. 2016 – FUNCAB - PC-PA – Papiloscopista. Sobre o crime culposo, é correto afirmar que: a) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado criminoso por ele não desejado. b) encontra seu fundamento legal no artigo 18, I, de Código Penal. c) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado. d) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado. e) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que com isso provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas. 02. 2016 – UFMT - DPE-MT - Defensor Público. Existe algum ponto de semelhança entre as condutas praticadas com culpa consciente e com dolo eventual? a) Sim, pois, tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual, há aceitação do resultado. b) Não, pois não há ponto de semelhança nas condutas em questão. c) Sim, pois em ambas o elemento subjetivo da conduta é o dolo. d) Não, pois a aceitação do resultado na culpa consciente é elemento normativo da conduta. e) Sim, pois, tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual, o agente prevê o resultado. 03. 2016 - UFMT - DPE-MT - Defensor Público. NÃO é elemento constitutivo do crime culposo: a) a inobservância de um dever objetivo de cuidado. b) o resultado naturalístico involuntário. c) a conduta humana voluntária. d) a tipicidade. e) a imprevisibilidade. 04. 2016 – CESPE - TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo – Direito. Em relação ao direito penal, julgue o item a seguir. A culpa imprópria ocorre nas hipóteses de descriminantes putativas em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo. ( ) Certo ( ) Errado 05. 2016 - CAIP-IMES - Câmara Municipal de Atibaia – SP - Advogado. Complete corretamente as frases abaixo assinalando a alternativa correta. I- Configura-se o crime _____________, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. II- Configura-se o crime _____________, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 10 III- Configura o crime _____________, quando por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, a finalização e consumação do ato típico, antijurídico e culpável é afetada. IV- Configura – se o crime _____________, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. a) I. Doloso; II. Culposo; III. impossível; IV. Consumado. b) I. Consumado; II. Doloso; III. Impossível; IV. Culposo. c) I. Impossível; II. Consumado; III. Culposo; IV. Doloso. d) I. Culposo, II. Impossível; III. Doloso; IV. Consumado. Gabarito: 1.0. a. 2.0. e. 3.0. e. 4.0. Certo. 5.0. b.
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