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Material de Apoio Noções de Direito Penal Nestor Tavora Aula 05

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CARREIRAS PÚBLICAS NÍVEL MÉDIO 
Disciplina: Noções de Direito Penal 
Prof.: Nestor Távora 
Aula: 05 
Monitor: Valber Alix 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
I. ANOTAÇÕES 
II. LOUSAS 
III. EXERCÍCIOS 
 
 
I. ANOTAÇÕES: 
 
6. Da Culpabilidade: 
 
6.1 Conceito: é juízo de reprovação feito sobre o agente que praticou um fato típico e ilícito. 
 
6.2 Elementos da Culpabilidade: 
 
6.2.1 Imputabilidade: é a possibilidade de atribuir a alguém a responsabilidade pelo fato, ou seja, é a 
capacidade de receber pena. Quem não a possui, é chamado de inimputável. 
 
a) Critérios para Definição da Inimputabilidade: 
 
 Sistema Biológico: somente interessa saber se o agente é portador de alguma doença, ou de 
desenvolvimento incompleto ou retardado. 
 
 Sistema Psicológico: não há preocupação com a existência de uma patologia, mas apenas se o agente 
tinha condições de avaliar o caráter ilícito do fato e se comportar diante desse entendimento. 
 
 Sistema Biopsicológico: considera a condição mental da pessoa (causa), assim como se tinha 
condições de entender o caráter ilícito do fato e de se comportar diante desse entendimento 
(consequência). 
 
b) Hipóteses de Inimputabilidade: 
 
 Menores de 18 anos: por determinação legal (art. 228 da Constituição Federal e art. 27 do Código 
Penal), eles são considerados inimputáveis, tendo como critério o sistema biológico. Como 
consequência, eles ficam sujeitos ao Estatuto da Criança de do Adolescente, com a imposição de 
medidas socioeducativas. 
 
 Acometidos por Embriaguez: embriaguez é a intoxicação ocasionada pelo álcool ou qualquer outra 
substância de efeitos análogos e se classifica em 
 
I. Dolosa ou Voluntária: o agente conhece o caráter entorpecente da substância, ingerindo-a com 
a intenção de se embriagar. Por isso, ela não exclui a imputabilidade (art. 28, II, CP). 
 
II. Culposa: o agente conhece o caráter entorpecente da substância, mas não tem a percepção de 
estar se embriagando. Mesmo assim, ela não exclui a imputabilidade (art. 28, II, CP). 
 
 
 
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Obs.: Adota-se no Brasil a Teoria da Actio Libero In Causa, do latim “ações livres na causa”. Isso quer 
dizer que o agente tem a livre escolha de se entorpecer ou não: escolhendo por se embriagar, 
responderá pelos seus atos como se sóbrio estivesse. Em outras palavras, o agente, ao se embriagar, 
sabia da possibilidade de praticar o delito e era livre para decidir. 
 
III. Preordenada: ocorre quando o agente se embriaga para tomar coragem para praticar a infração. 
Por isso, não exclui a imputabilidade, sendo considerada uma agravante da pena (art. 61, II, “l”, 
CP). 
 
IV. Patológica ou Doentia: é aquela que decorre do vício, aplicando-se ao indivíduo o mesmo 
tratamento dado aos doentes mentais: se o agente era inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato e de se comportar diante desse entendimento, está excluída a 
imputabilidade (art. 26, caput, CP); se teve a capacidade reduzida, responde pelo crime, mas a 
pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 26, p. único, CP). 
 
V. Involuntária, Fortuita ou Acidental: é a embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior. 
Se for completa, o agente fica isento de pena (art. 28, §1º, CP); se for incompleta, a pena é 
reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 28, §2º, CP). 
 
 Doentes Mentais: o agente, além de ser portador da doença mental, no momento da conduta, deve 
ser inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito do fato e de se comportar de acordo com 
esse entendimento. Com isso, percebe-se que foi adotado o critério biopsicológico. Por ser 
considerado inimputável, o doente mental será absolvido, mas receberá medida de segurança, por 
meio de tratamento ambulatorial ou internação em Hospital de Custódia e Tratamento – HCT. 
 
Obs.: Se a capacidade de entendimento era reduzida, haverá condenação, com a possibilidade de 
redução da pena de 1/3 a 2/3 (art. 26, p. único, CP). 
 
 Emoção e Paixão: a emoção é um estado súbito e passageiro de instabilidade psíquica, enquanto a 
paixão é um sentimento duradouro, revelando uma afetividade permanente. Nenhuma das duas 
exclui a culpabilidade (art. 28, I, CP). 
 
6.2.2 Exigibilidade de Conduta Diversa: é a possibilidade de censurar o comportamento do agente, exigindo 
dele uma conduta não criminosa. Para excluir a culpabilidade, em um raciocínio por exclusão, o Código 
Penal lista as hipóteses em que não se exige tal comportamento diverso. 
 
a) Hipóteses de Inexigibilidade: 
 
 Coação Moral Irresistível: é aquela decorrente do emprego de grave ameaça. 
 
Obs.: Coação Física X Coação Moral – a física exclui o dolo e a culpa, afastando a tipicidade por 
ausência de conduta; a moral afasta a culpabilidade, pois é inexigível conduta diversa. 
 
Obs.: Quando a coação moral é irresistível, só responde pelo crime o autor da ameaça (art. 22, 1ª 
parte, CP). 
 
 Obediência Hierárquica: se o fato é cometido em estrita obediência à ordem, não manifestamente 
ilegal, de um superior hierárquico, só é punível o autor da ordem. Para afastar a culpabilidade, é 
necessária a reunião dos seguintes requisitos: 
 
I. A ordem deve ser emitida por superior hierárquico; 
II. A ordem deve integrar as atribuições do agente; 
III. A ordem não pode ser manifestamente ilegal, ou seja, deve ter aparência de legalidade. 
 
Obs.: Se a ordem era manifestamente ilegal, ele também será responsabilizado criminalmente. 
 
 
 
 
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6.2.3 Potencial Consciência da Ilicitude: é o conhecimento não só da lei, mas também da proibição da 
conduta. 
 
Obs.: Vale lembrar que o desconhecimento da lei é indesculpável (art. 21, CP). 
 
a) Erro de Proibição – o agente conhece a lei, mas de forma deficiente. Em verdade, ele pensa que é 
permitido o que está proibido. Diante disso, tem-se como consequências 
 
 Erro Inevitável (justificável): exclui a consciência da ilicitude, isentando o agente de pena. 
 
 Erro Evitável (injustificável): a pena é aplicada, com redução de 1/6 a 1/3. 
 
 
1. Do Concurso de Pessoas: 
 
1.1 Conceito: acontece quando uma infração é praticada por duas ou mais pessoas. 
 
1.2 Classificação dos Crimes Quanto ao Concurso de Pessoas: 
 
a) Monossubjetivos: crimes que podem ser praticados por uma só pessoa. Ex.: homicídio. Nestes crimes, o 
concurso de pessoas pode ou não ocorrer (concurso eventual). 
 
b) Plurissubjetivos: crimes que só podem ser praticados por mais de um agente. Ex.: associação criminosa 
(art. 288, CP). Nesse caso, diz-se que o concurso é necessário. 
 
1.3 Teoria Adotada: o Código Penal adotou a Teoria Monista (ou Unitária), segundo a qual todos aqueles 
que contribuíram para a infração responderão pelo mesmo tipo penal, na medida da sua culpabilidade. 
 
Obs.: Se alguém desejou praticar um crime menos grave, aplica-se a pena deste crime (art. 29, §2º, 
CP). 
 
1.4 Formas de Codelinquência: 
 
a) Coautoria: é a autoria compartilhada de um crime. 
 
b) Participação: ela pode ocorrer das seguintes formas 
 
 Participação Material, quando o agente auxilia na prática do crime, de forma secundária. Ex.: 
emprestar o carro para o assalto. 
 
 Participação Moral: ela é feita por induzimento ou instigação. No induzimento, o indivíduo faz nascer 
a ideia; na instigação, ele reforça a ideia já existente. 
 
1.5 Requisitos para o Concurso de Pessoas: 
 
a) Pluralidade de agentes; 
b) Identidade de infração; 
c) Vínculo subjetivo (acordo de vontades); 
d) Relevância de cada comportamento. 
 
Obs.: A participação só é punida se a conduta principal for, ao menos, tentada (art. 31, CP). 
 
Obs.:Se a participação é de menor importância, a pena pode ser reduzida de 1/6 a 1/3. 
 
 
 
 
 
 
 
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II. LOUSAS: 
 
 
 
 
 
 
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III. EXERCÍCIOS: 
 
 
1. (FUNCAB - 2013 - PC/ES) João, na véspera do seu aniversário de dezoito anos, ao sair de um baile 
foi cercado e agredido por seu desafeto Cláudio. João, que estava com uma faca escondida, desferiu dez 
facadas contra Cláudio, que veio a falecer após 40 dias internado em razão das facadas. Nesse caso: 
 
a) não houve tipicidade. 
b) não houve ilicitude. 
c) não houve culpabilidade. 
d) não houve punibilidade. 
e) houve a prática do crime de homicídio doloso. 
 
 
2. (CESPE - 2013 - PRF) Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código 
Penal (CP), julgue o item seguinte. 
 
Considere que um indivíduo penalmente capaz, em total estado de embriaguez, decorrente de caso fortuito, 
atropele um pedestre, causando-lhe a morte. Nessa situação, a embriaguez não excluía imputabilidade 
penal do agente. 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
 
3. (CONSULPLAN - 2013 - PM/TO) De acordo com a teoria do Direito Penal, a inimputabilidade exclui a 
 
a) tipicidade. 
b) punibilidade. 
c) culpabilidade. 
d) antijuridicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO: 1 – C 2 – Errado 3 – C

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