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Antonio Jaques de Matos Sociologia para Adolescentes. 2009 Prefácio A presente obra vem a completar nossa primeira obra – Filosofia para Adolescentes – cujas aulas eram em boa parte, teóricas e, acrescentar outras áreas do conhecimento humano – Sociologia, Religião e História, áreas que, normalmente, professores de filosofia são brindados, especialmente em escolas públicas, que têm carência de professores dessas áreas. Mas, do limão, fizemos uma limonada, pois é muito útil poder mostrar aos alunos a diferença e semelhança entre Filosofia, Sociologia (Ciência social), Religião e História, quatro das principais formas que os seres humanos encontraram para exteriorizar seu pensamento. A elas poder-se-ia acrescer Arte. Procuraremos ser fiel à ordem das aulas e ao conteúdo ministrado, bem como, reações dos alunos (participação, engajamento, ou afastamento e repulsa, sim, repulsa à metodologia, algo comum, natural, fisiológico, em adolescentes) e resultados obtidos (formais, provas, trabalhos, apresentações e informais, expressões, humor, conversas paralelas). Procuraremos apresentar primeiro as aulas de filosofia, depois de Sociologia e, então, religião e História, Contudo, o leitor deve estar advertido que elas ocorreram em paralelo: em uma mesma semana, dávamos as três disciplinas para as cinco turmas de primeiros anos do Ensino Médio, pela manhã, turmas 211,212,213,214 e 215 e História à turma de terceiro ano do ensino médio, turma 431, no horário noturno. Queremos lembrar que a disciplina de História não era por nós esperada, mas nos foi oferecida e como professor ganha pouco, representava um acréscimo financeiro a mais. Acontece, porém, que não temos formação em História e um filósofo apenas toma emprestado as descobertas arqueológicas para refletir sobre conceitos abstratos. Mas, tal empresa representou um desafio interessante – em dois ou três finais-de-semana relemos um livro de história e recuperamos conhecimentos guardados uns vinte anos na memória, quando éramos adolescentes e ainda estávamos no colégio. Ainda, devo lembrar que passei neste ano de 2009 a usar um microfone portátil com uma pequena caixa de som de 7 watts na cintura e os alunos gostavam do equipamento, aliás, eles gostam de tudo que e relaciona à tecnologia e como nesta época da vida, a educação tem um gosto intragável e se dependesse da maioria deles não iriam à escola, o uso do microfone prendia a atenção deles. Chego a ponto de concluir que a pior aula dada por um professor, com microfone é ainda superior à melhor aula dada sem microfone!! Considerações metodológicas: Quando se lida com adolescentes, deve-se considerar algumas questões: 1- Adolescentes são crianças com corpos de adultos, e, por isso, mantém a infantilidade em um grau elevado. Uma boa maneira de conquistar sua atenção e respeito é: (a) mostrar-lhes um filme daqueles que não precisam pensar muito, de ação ou romance, de preferência dublado; (b) distribuir-lhes guloseimas; (c) praticar esportes com eles. 2- Eles não suportam rotina, aulas que parecem, para eles, repetitivas, embora sejam apenas continuações, com acréscimos importantes. Por isso, eles dão valor a mudanças de ambiente: ir à sala de informática em um dia, ir ao pátio tomar sol no inverno, ir à sala de vídeo, etc. Aliás, quem não gosta? Mas, há um detalhe a considerar: quando eu entrei na faculdade de filosofia (a primeira que fiz foi de Administração) me senti mentalmente esgotado e, mais para o final do curso, não tinha mais vontade de ler um livro inteiro. Será que os adolescentes, em função do excesso de informação mais o conflito que vivenciam em famílias, geralmente, desestruturadas, não estão exaustos mentalmente? Pensei em um trabalho para um eventual pós-graduação: medir os batimentos cardíacos de professores e alunos para saber o grau de stress que vivem em suas atividades! 3- eles estão sem limites, pois vem de casa sem limites, os pais ou avós os deixam fazer o que bem entendem e sobre para o professor disciplinar, só que o professor não tem instrumentos que uma mãe ou um pai teriam, como o de puxar a orelha ou dar um tapa na cara diante de desobediência. A psicologia moderna dirá que isto é ultrapassado, mas lhes dar tudo o que desejam (adolescentrismo) não os educará para o mundo, pois o mundo não lhes dará tudo o que desejarem! Na escola onde trabalho neste momento, 2009, nem suspensão ou expulsão os alunos podem sofrer, pois o governo não quer mais evasão escolar, mas isto não resolve o problema de termos alunos indisciplinados e a única coisa que o professor pode fazer é tirar para fora da sala os mais desordeiros. Nada os agrada, os levamos para a sala de vídeo, para o laboratório de informática, excursionamos ao museu de ciências, em dias frios tomamos sol na rua, quando eles aproveitam para escapar! Parecem que eles esperam por limites: às vezes respondo com grosseria à indisciplina deles: já mandei alunos calarem a boca, outra vez, disse a um deles que deveria deixar de ser criança e virar homem, outras vezes chamei seus pais, porque –lhes disse – com os alunos não era mais possível um acordo. E quando os pais vêm à escola se horrorizam com o que os filhos fazem ou será que fingem? Dizem que em casa não são assim! O mais curioso disto tudo é que temos a impressão de que deixaram ao professor a tarefa de dar limites, mas como? Em geral, quando o aluno incomoda, tiramo-lo da sala, mas muitas escolas são proibidas de suspender ou expulsar alunos. O que é certo é que eles foram acostumados (condicionados, mesmo) a um tipo de aula, em escola pública, em que o professor deixa uma tarefa no quadro e sai da sala e, mais tarde, verificará se eles anotaram no caderno e fizeram professor curioso e com algum conhecimento amplo da vida. E é isso que devemos cobrar dos alunos, um ser completo, não um especialista, pelo menos, nesta época de formação escolar. Lembro que fui um estudante que esperava ansioso por novos conteúdos, pois, assim, poderia aprender o conhecimento que a humanidade dispunha e tinha acumulado. Tinha esperança, também, de que tal conhecimento representasse uma oportunidade de me tornar bem sucedido, mas há muitos obstáculos e nossos sonhos morrem antes de ultrapassar todos: burocracia, para abrir empresas, gastos para registrar marcas que imaginamos, recursos para implementar ideias, etc. podemos, ainda assim, escrever nossas ideias e publicá-las na internet de graça! Um dos argumentos em defesa dos adolescentes é que a escola tecnologicamente está defasada com o restante dos equipamentos que os adolescentes estão habituados a trabalhar. Mas, experimente leva-los à sala de informática e pedir uma pesquisa a eles: lhe darão qualquer coisa que aparecer e apenas a copiarão, sem acrescentar opinião ou argumentos consistentes. Além disso, não estão habituados a uma comunicação de duas vias, mas apenas a receber informações prontas, pensadas por outras pessoas, cantores, especialmente. Solução? Os meus alunos de terceiro ano do ensino médio parecem arredios (uma aluna pediu que eu deixasse textos para que eles lessem e fizessem algum trabalho e eu respondi que não era ela que decidiria como eu daria aula, embora eu, nas aulas seguintes, tenha assimilado nas minhas aulas os trabalhos sem o constante monólogo do professor), desconfiados, agridem verbalmente (perguntam qual é a tarefa e não esperam a explicação ou se não a entendem dizem que a culpa é do professor, eximindo- se da mesma), expressam-se com receio e dificuldade de e têm pouca auto-estima, fruto de uma infância sem afeto? Mas quando há pontos ou notas envolvidos eles participam. Em parte, propus aulas que não os massacrassem com excesso de informação, questões difíceis de resolver ou provasque os fizessem estudar muito e memorizar a matéria - acho que conquistei algum respeito deles. Levei-os ao laboratório de informática, à sala de vídeo, ofereci-lhes pipoca para os motivar a assistir o DVD de Sócrates, só não fomos no museu de ciências, porque ele não abre à noite. Não é preciso mais rigor do que a exigência da presença e de alguma participação por parte deles para a escola cumprir atarefa primeira: ampliar a percepção (muitos a chamam de pôr a razão no controle, como se existisse um órgão sede da racionalidade, como bem questionou Popper) acostumada a percepções limitadas a seus hábitos cotidianos; reparem como um adolescente percebe detalhes que passam despercebidos pelos adultos: reparam o tipo de sapato que usamos, se a roupa está suja de respingos de lama (pois mesmo com chuva forte, eu vou de bicicleta para o colégio), a tudo que é pequeno eles prestam atenção! Não é por acaso, também, que eles, em geral, têm dificuldade de pensar em um nível abstrato, pois neste nível o particular e o singular (este, esta e isto ou aquilo, aquela, aquele) se encontram desfocados e se dá lugar ao “existe”, “alguns”, “todos”, expressões que não falam de uma pessoa, que tem um nome, veste uma certa roupa, moro na rua tal, mas de grupos maiores de pessoas até se o universo tem limite, o que compreende o conjunto de todas as coisas que existem dentro dele ou mesmo, por especulação, fora dele. 4- um dia apareceu no colégio um mágico. Precisavam ver a reação dos alunos, adolescentes que transpareceram as crianças que ainda estão neles. Hipnotizados, saíam das aulas sem pedir e quando chamava a atenção deles, não estavam nem aí. Senti uma inveja do poder do mágico de prender a atenção dos alunos. Certamente falta isso na educação ou, então, deixar que eles façam a mágica... de criar algo que saia de dentro deles mesmos! Um professor não tem a obrigação de ser um mágico, mas pelo menos a humildade de querer ser um mágico, para ver olhos brilhando na sua frente. Nota sobre Avaliação Há casos sobre a avaliação que valem a pensa serem relembrados para servirem de ajuda a outros professores: (1) uma aluna de uma turma de pós-médio queixou-se de que a nota (50%) foi abaixo daquela que ela merecia. Eu chamei a sua atenção para o fato de que ela tinha pesquisado na internet, algo que eu aceitava, se ela pesquisasse com suas palavras e não apenas copiar as informações, nuas e curas. Depois, senti que eu poderia estar sendo injusto e ao encontrá-la, avisei que a nota tinha sido alterada para 70%, pois eu acreditava que ela tinha ficado muitas horas fazendo aquela pesquisa e o que ela me respondeu? Que sua secretária tinha feito o trabalho. Eu não aceitei esta atitude e voltei atrás na nota, a reduzindo. Aliás, aquela aluna era advogada e, provavelmente, seguia o pensador do Direito, Hanz Kelsen, para quem a lei não tem nada a ver com justiça!; (2) outra vez um aluno disse que eu não tinha devolvido o trabalho dele, que eu devia ter perdido. Achei pouco provável isto. Então, ele escreveu outro, mas eu lhe disse que não consideraria. Mas, eu não poderia ter perdido ou guardado em outra pasta, poucos sabem o quanto um professor trabalha? De qualquer modo, segui minha intuição, ou seja, deixei que a parte do cérebro involuntária, recordasse e juntasse todas as memórias sobre aquele aluno e chegasse a um veredito: não aceitar o trabalho, pois o aluno está mentindo. (3) reconheci a dificuldade de fazer justiça quando avaliamos trabalhos dos nossos alunos, sugeri que se colocassem todos os trabalhos no quadro e que os avaliassem. Haveria, certamente, as panelinhas, grupos influentes que votariam uns nos outros; poderia o professor estabelecer critérios como pontualidade e assuntos que deveriam constar nos trabalhos, talvez esta seja a forma mais óbvia, mas não para mim. (4) quando estava no meu segundo ano de docência eu, diante de algum aluno que apresentava uma reflexão interessante, dava nota máxima do trimestre ou, ainda, quando eles apresentavam algum trabalho do interesse deles. Uma vez uma aluna disse, após eu falar sobre a teoria de Rousseau, de que os homens nascem bons e a sociedade os corrompe, que ela não concordava com isso, pois se a sociedade é feita de homens e estes nascem bons, como poderiam corromper outros homens que, também, nascem bons? Por isso, ela ganhou em uma argumentação a nota que outros levariam três meses para ganhar! Ainda acho interessante isso, mas vi que aquela aluna, depois, deixou de assistir às aulas e passou a participar muito pouco. (5) cometi muitos erros ao avaliar trabalhos: (a) uma vez disse que todos ganhariam a nota máxima em um trabalho, desde que o fizessem! Por que disse isso? O professor queria ser bem visto pela turma? É possível. Mas, depois, eu esqueci a promessa e dei notas abaixo daquela nota máxima e, aí, pelo menos uma aluna reclamou. Eu havia pedido que imaginassem o inferno à semelhança daquele imaginado por Dante Alighieri, mas ela disse que lá era um lugar nada tranqüilo e, depois, citou definições que eu tinha dado de purgatório e limbo. Eu não poderia dar nota máxima por algo que ela não tinha realizado bem. Seria o mesmo que dar nota a alguém que não tivesse feito nada ou tivesse escrito sobre outra coisa! De qualquer modo, procuro evitar uma prova e faço vários trabalhos para que se uma injustiça houver na avaliação na média dos trabalhos observaremos (a) o progresso do aluno e (b) o seu conhecimento adquirido. Nunca vi parte mais desagradável e injusta que julgar o trabalho de alguém ainda mais quando não há espaço para que julguem nosso trabalho. Um dos meios de amenizar tal injustiça é reduzir ao mínimo os trabalhos e fazer as provas com perguntas com alternativas. Uma outra metodologia que pensamos ser a melhor é deixar que os alunos julguem os trabalhos feitos por eles através da avaliação dos trabalhos de seus colegas; mas há o problema do espírito de corpo, da amizade acima da verdade... De qualquer modo, vale a pena um teste, não? Podemos expor os trabalhos no quadro e deixar que eles mesmos julguem: quem merece nota máxima, quem está na média e quem precisa refazer o trabalho. Será que há pontos negativos, nisso? Pode haver formação de grupos que apóiem uns aos outros, mas, ainda assim, o professor pode supervisionar para evitar injustiças. (6) pelo fato dos alunos não anotarem as notas que tiravam nos trabalhos me surgiu a idéia de pôr na parede da sala a lista de alunos assinalando quais tinham feito o trabalho e quais não para que eles aprendessem a se organizar e realizassem os trabalhos pendentes sem que o professor precisasse relembrá-los repetidas vezes. (7) houve episódios desagradáveis: além de ter que fazer os alunos adquirirem o hábito de parar de falar quando o professor está falando, certa vez tivemos atritos causados por brincadeiras do professor mal entendidas pelos alunos: certa vez, porque o colégio proibiu o uso de celular em aula, disse que um aluno que usava o aparelho só podia ter merda na cabeça, o que provocou um alvoroço em toda a sala, especialmente em um aluno que resolveu defender a colega, que chorava. Outra vez, pedi (brincando) que duas alunas parassem de namorar em aula e uma delas não gostou, disse que eu a tinha chamado de lésbica e eu disse que ela precisava amadurecer, pois não entendeu que era uma brincadeira, especialmente porque na adolescência é comum brincadeiras relacionadas à sexualidade. Um outro fato consistiu em eu ter dito que iria atirar milho para algumas alunas que não paravam de conversar e elas entenderam que eu as estava chamando de promíscuas quando eu queria apenas dizer que elas estavam muito agitadas [fim]. Filosofia, Sociologia,Religião e História 1a aula introdutória: Na primeira aula, apresentamo-nos, nosso histórico, faculdade de origem, antes, dissemos que nos formamos em Administração, depois, arduamente, nos encontramos em Filosofia, depois de ter pensado em Arquitetura – formas e cores eram, para mim, um atrativo e mais do que isto, uma necessidade neurológica, porém perder tempo decidindo tipos de tecido ou embelezando a casa de “cabeças vazias”, nos afastou daquela idéia. Mostrei-lhes alguns livros que publiquei na internet, apresentei-lhes um livro específico que escrevi e que dele queria que eles imprimissem um texto que usaremos no segundo trimestre e, para motivá-los a se mover!, prometi 10 pontos (não queria realmente que fossem 10 pontos, mas saiu da boca!, oferecei como alternativa: dar 5 pontos para cada disciplina, filosofia, sociologia e religião, mas prefeririam os 10 pontos!): trata-se do texto, um resumo feito por mim na verdade, da obra “O povo brasileiro”, de Darcy Ribeiro, que sem igual, mostra a origem da sociedade brasileira, os povos que a formaram – índios, negros e europeus, a desigualdade presente desde o descobrimento, ou melhor, invasão! No restante da aula, apresentamos, então, as diferenças entre filosofia, ciências e religião e, depois, as semelhanças entre elas. Primeiramente, devemos observar que tendemos a ver as três áreas como separadas, tal como três propriedades, três terrenos que se limitam por cercas, muros, intransponíveis, mas isto não é verdade. A melhor imagem seria a seguinte, onde as três áreas têm diferenças, mas, também, semelhanças. Embora o filósofo seja um solitário, que tenta entender o mundo, a partir de suas experiências e, também, das experiências que observa nos outros e a religião trás consigo verdades ditadas por líderes religiosos que dizem tê-las ouvido de um Deus e a Ciência (não esquecer: Sociologia representa aqui as ciências) parte da observação e testes realizados com uma quantidade de pessoas ou fatos significativos estatisticamente, isto é, um número que representa uma sociedade inteira, ainda assim, é sobre os mesmos fatos, é sobre a mesma vida, que filósofo, religioso e cientista se debruçam e sobre os quais fazem suas investigações, suas reflexões. Filosofia Ciências Religião Diferenças: Solitário, faz pesquisas sobre suas próprias experiências e observa as das pessoas que lhe são próximas Pesquisador de grupamentos humanos, a partir de fatos passados e presentes. Recebedor, possuidor e divulgador de verdades prontas Semelhanças: Suas investigações tratam dos mesmos temas, como origem do universo, existência ou não de Deus e de uma alma imortal, sentido da vida, felicidade, infelicidade, conflito entre emoções e racionalidade, origem das sociedades, competição e concorrência, violência, contratos, estética, morte, condições de verificabilidade de suas teorias, bem, mal, costumes, leis, etc. 2a aula introdutória: Fizemos um exercício para observar se eles compreenderam a aula anterior: (A) Identifique nas sentenças abaixo quais são relacionadas à filosofia, às Ciências e à Religião: ( ) Dr. Zerbini, foi quem primeiro realizou um transplante de coração em humanos, no Brasil, após uma série de tentativas usando bezerros. A resposta é “Ciência”, embora apareça um homem solitário, ele na verdade, é um médico (as pistas são “Dr.” e “transplante”) e médicos trabalham em grupo com enfermeiros, auxiliares de enfermagem, anestesistas e residentes. ( ) René Descartes defendia que devemos ser céticos em um primeiro momento até que se prove a verdade de alguma afirmação. Um homem, solitário e, só por isso, já é “filosofia”. Também, ele expõe sua maneira de pensar sobre fatos a sua volta, a necessidade de cautela, a partir de experiências que ele viveu ou algumas de outras pessoas que ele observou (não há um número de observações, por isso, não é “ciência”!), antes de julgar se algo que ele pensou ou que os outros disseram, é verdadeiro ou falso. Não se duvida, aqui, do caráter dos outros, apenas se sua percepção e seus sentidos lhe deram toda a informação necessária de que ele precisa para emitir sua opinião. ( ) Em Israel, encontraram um código secreto na Bíblia, a partir de versículos, onde palavras são localizadas em linhas verticais, horizontais ou em diagonais, como, por exemplo, “Bin”, “Laden”, “atacará”, “torres”, “Gêmeas”, “2001”, antes mesmo que os eventos ocorram. É curioso, porque aqui os alunos disseram se tratar de religião; ocorre que embora se leia a palavra Bíblia, não se trata da leitura direta do livro, mas através do uso da matemática e embora se possa duvidar de seu caráter como ciência experimental, ainda assim, quem dela se utiliza, realiza, pelo menos, experiências mentais tomando, algumas vezes, conteúdos vindos do mundo material. Uma linha reta, perfeita, é uma idealização mental, mas pode se referir a um projeto de uma nova estrada em construção, por exemplo. Trata-se, então, de uma ciência. ( ) Os Maias faziam sacrifícios com crianças e escravos que eram oferecidos ao Deus-sol para que este nunca se apagasse. Aqui, aparecem as palavras “sacrifício” e “Deus”, por isso, se trata de “religião”. Aproveitamos o exemplo para perguntar aos alunos se algo assim poderia acontecer hoje: o professor poderia ir ao jardim de infância da escola e pedir à professor que lhe desse uma criança para oferece-la em sacrifício a um Deus? Embora a idéia seja grotesca, sua proposição visa a fazer o aluno pensar: o que mudou entre as maneiras de pensar, dos Maias até nós? Não eram eles também considerados humanos? De que modo evoluímos, se evoluímos? Houve alguma mudança dentro do cérebro? ( ) Platão acreditava que existiam dois mundos, este, físico, e um outro eterno. De onde mais tiraríamos a idéia de um círculo perfeito, por exemplo, se nada no mundo material, uma maçã, a lua, é uma esfera perfeita? Aqui, se trata de “Filosofia”, pois há um indivíduo, manifestando uma teoria a partir de sua própria reflexão, ainda que tendo observado o mundo, não testou todos os objetos para saber se são, por exemplo, esferas perfeitas. Uma vez um aluno, no ano anterior, perguntou se o olho humano não poderia ser um exemplo de esfera perfeita. Pedi que ele enviasse um e-mail a um oftalmologista, porque era a pessoa que mais próxima estava de olhos, mas o aluno nunca me respondeu esta questão. Em geral, no tempo de escola não nos sobra tempo, tal é a quantidade de aulas e informações recebidas, bem como, a importância exagerada a provas escritas. Sociologia Primeira aula: Apresentei-lhes o pai da sociologia (ou um dos): Augusto Comte. Nascido 16 anos após a tomada da Bastilha, símbolo da revolução francesa, quando o povo liderado por intelectuais tira o rei do poder e o decapita. Os ideais deste movimento eram a “liberdade, a igualdade e a fraternidade” pensados pelos intelectuais um século antes, conhecidos por iluministas, em um período que antecederia a uma nova época, a das luzes, ou seja, do predomínio da racionalidade e de tudo o que de positivo fosse produzido a partir dela; somos todos iguais, irmãos e livres! Mas, então o que aconteceu? No mesmo século dezoito, um outro movimento atingiria seu máximo grau: a revolução industrial: os burgueses, que na Idade Média eram pequenos comerciantes que surgiram nas proximidades dos castelos feudais (suas comunidades se chamavam “burgos”), antigos vassalos que realizavam o trabalho pesado para a aristocracia dos senhores feudais, agora, tinham se transformado em homens ricos e donos de grandes indústrias cuja produção em série esmagava os artesãos independentes na produção de artigos como sapatos, roupas, etc,a menos que eles fossem incorporados à mão-de-obra das fábricas, gente que trabalhava de 12 a 18 horas por dia, incluindo crianças e mulheres, muitas delas em minas de carvão, minério indispensável para pôr máquinas a vapor em movimento. Os irmãos da revolução que derrubara a monarquia, agora, não passavam de parafusos, homens, mulheres e crianças-máquinas. Aqueles que não se adaptavam a esta realidade, vindos das áreas rurais, esperançosos por uma vida digna, acabavam na sarjeta, na prostituição, no alcoolismo ou na prática de violência para sobreviverem. Diante deste caos social, Augusto Comte propõe a Física social, ciência que semelhante à física que estuda movimentos de objetos inanimados, procuraria meios de entender por que a sociedade tinha chegado a situação atual e, então, propor soluções a estes problemas. À razão humana, especialmente dos iluministas, interessava oferecer à toda a humanidade condições mínimas de uma vida digna e isto inclui justa recompensa pelo trabalho dos operários. Embora Augusto Comte não tenha oferecido respostas ou um plano, sua contribuição consistiu em mostrar que a sociedade humana passa por estágios, desde as sociedades religiosas, passando pelas filosóficas atingindo o máximo desenvolvimento em sociedades onde a ciência está presente em cada ato humano. O caos social era indício de que o último estágio não tinha sido alcançado; resta, então, que se construísse uma ciência específica para a sociedade. Uma das mudanças necessárias para alcançar este novo estágio pode ser vista na mudança do calendário: agora, o ano 1 era o ano da revolução francesa, 1789, e o ano em que escrevemos este livro, 2009, corresponderia a o ano 220 depois da revolução, os meses seriam de número 13 com 28 dias; hoje, seria 18 de Aristóteles de 220 (ou pelo calendário social em que vivemos, isto é, no estágio teológico, 15 de março, de Martes, deus da guerra, do ano de 2009 depois de Cristo). Mais tarde, Augusto Comte mudará a denominação “Física social” para “Sociologia”, pois não queria a matemática como instrumento desta ciência, porque sendo iluminista, acreditava na liberdade e em um espaço não previsível das ações humanas. Segunda aula: Queremos propor que, individualmente, os alunos construam seus próprios calendários, a semelhança daquele proposto por Augusto Comte. É preciso que se diga que este exercício tem um objetivo oculto: faze-los pensar na possibilidade de um outro calendário diferente daquele cristão. Pessoalmente (nunca disse isso aos alunos) a Igreja de Roma fez mais mal à humanidade que bem e seus ritos e símbolos deveriam ser proibidos como são os símbolos nazistas; ocorre que os vitoriosos não são punidos! Reconheço que os pedagogos-sociólogos como Henry Giroux estão certos quando dizem o educador trás consigo valores prévios. Estou, tal como Sócrates, corrompendo a juventude? Ou, talvez, não estaria eu reorganizando os pratos da balança de um modo que fiquem equilibrados? Em geral, eles tomam como ano 1 suas datas de nascimento. E, depois, quando lhes pedi que dissesse em que ano estaríamos se o seu calendário vigesse, houve uma dificuldade no cálculo matemático. Se eu nasci em 1973 e tomo ele como ano 1 de um novo calendário, então pelo calendário antigo de hoje, 2009, o novo ano em que estamos será 2009 menos 1973, mas por este cálculo eu tiro fora o próprio ano de 1973 e não queremos isto, queremos inclui-lo e, assim, ao invés de dizer que estamos no ano 36, na verdade estamos no ano 37. Terceira aula: Na aula seguinte, pedi que diante de todos, alguns voluntários apresentassem seus calendários. Aquela dificuldade no cálculo matemático apareceu e não sei se todos entenderam as razões e a técnica de solução do problema! Quarta aula: Nesta aula, a título de curiosidade, apresentei-lhes o significado dos nomes dos meses do calendário cristão que toma como ano 1, o nascimento de Cristo, mas em relação aos meses, estes se referem à mitologia romana, influenciada pela mitologia grega antiga. Informações que encontramos facilmente na internet. Perguntei a eles por que de janeiro a junho mantemos os nomes de meses que se referem a deuses, isto é, a uma crença politeísta? Poderíamos usar nomes de santos? Estava procurando semear a curiosidade e extinguir o medo da mudança! Eis a lista completa dos meses que utilizamos e seus significados originais e esquecidos: Janeiro (do Deus Jano, deus romano das passagens, tem duas cabeças, uma contempla o passado e a outra, o futuro), Fevereiro (de Februus, Deus da morte), Março (Deus Marte, da guerra, o planeta vermelho), Abril (de apruus, o “outro” mês que não março), Maio (Deus romana Maya), Junho (Juno (Deusa romana, esposa do deus Júpiter) , Julho (Júlio César, que exigiu, em sua homenagem, que o mês tivesse 31 dias), Agosto (do imperador Augusto, que exigiu, também, que o mês tivesse 31 dias), Setembro (sétimo mês depois de março, primeiro mês do calendário romano), Outubro (oitavo mês depois de março), Novembro (nono mês depois de março) e Dezembro (décimo mês depois de março). Quinta aula: Continuei a falar sobre o pai da sociologia, Augusto comte. Agora, sobre a sua influência no Brasil, especialmente em duas ocasiões: (a) proclamação da república, em 1889, com a derrubada da monarquia e a substituição de líderes civis (na verdade, militares), mas civis no sentido de não dizerem ser possuidores de um sangue azul ou representarem Deus na Terra..., motivados por, em grande parte, se afastar da dependência portuguesa e , de outro, porque, assim, realizariam os sonhos de liberdade, igualdade e fraternidade da revolução francesa e do Iluminismo, perído em que a razão governaria e não o misticismo. Citei para eles como exemplo daquela influência o lema positivista que consta na bandeira brasileira: “ordem e progresso” e lhes disse que o lema estava imcompleto, pois a íntegra é: “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. Comparei o lema à sala de aula, em que querem ordem dos alunos para atingir um fim, mas onde fica o amor? É possível viver sem ele? Lembrei, também, um senador, Eduardo Suplicy, que tinha a proposta de incluir “amor” no lema da bandeira, mas, muitos perguntaram, apenas as palavras mudariam um país? Respondi que a Bíblia era uma palavra que mudava a vida de muita gente, por exemplo, presos em cadeias se convertiam à religião e mudavam suas vidas! (b) o outro exemplo: em 1892 houve no Rio Grande do Sul uma guerra civil, irmãos brigando com irmãos: de um lado, os seguidores de Júlio de Castilhos, que se mantinha no cargo a muitos mandatos, e não raro com fraudes eleitorais, e, de outro, Gaspar Martins. Castilhos defendia uma autonomia maior ao estado e Martins, defendia o centralismo federal. O primeiro grupo era chamado de Chimangos ou Pica- paus e o segundo grupo, Federalistas ou Maragatos. A guerra durou até 1895 e no decorrer dela morreram 10 mil pessoas, muitas degoladas, prática que remonta a atividade da área rural usada no abate de ovelhas, mas, na guerra civil, no abate de humanos! Eram amarrados, pés e braços, muitas vezes castrados e então se passava a faca de orelha a orelha, cortando a garganta. Quanto ódio ressentido de lado a lado! As explicações são várias: falta de recursos para manter prisioneiros, presos e alimentados, mas, principalmente, a vida grosseira dos peões de fazendas acostumados a matar ovelhas. Em uma das cinco turmas para as quais eu ministrava aulas de filosofia, sociologia e religião, eles comentaram a minha péssima grafia, especialmente uma palavra que eles não entendiam. Então, lembrei-me de ter visto no canal da National Geographic uma propaganda que explicava que o cérebro consegue entender mesmopalavras difíceis como cortadas pela metade (AUTOMÓVEL foi o exemplo que usei) ou, então, quando em uma frase as letras das palavras estão misturadas, como, por exemplo, EU UOV IRSA À TENOI. É curioso como eles sabiam dizer a frase, no seu sentido correto: EU VOU SAIR À NOITE!! Ora, acrescentei, se uma palavra minha estava confusa basta perguntar: QUE PALAVRA PODE SER? Se um “isso” está escrito de um modo esquisito, devemos perguntar que palavra pode ser esta: pode ser “içço” ou “ijjo”? Evidente que não. É um bom exercício mental. Sexta aula: Aula na sala de informática: pedi que procurassem “sites” sobre Emile Durkheim. Não sei se foi uma boa proposta, porque há poucos sites voltados para o ensino médio e muitos “sites” universitários com um linguajar difícil. Mas, pelo menos, foi bom para sair da caixa de concreto que é a sala de aula. Eu poderia ter sugerido um “site” que eles gostam muito: o “Youtube”, com vídeos sobre todos os assuntos, incluindo Sociologia e Durkheim. Mas, alguns computadores acessavam o “Youtube” e outros não. Semanas depois, cheguei à conclusão que o melhor seria eu ter selecionado antes alguns sites e dado a eles o endereço na internet para que, então, eles pesquisassem! Vou ver se um assunto polêmico – suicídio, um dos temas dos estudos de Durkheim – produz uma aula mais próxima, emocionalmente, dos interesses e das angústias dos adolescentes – quem de nós já não pensou que abreviar a vida, abrevia suas dores? Há muitos professores que não querem falar sobre isto, mas, por experiência própria, falar sobre algo que nos entristece, faz com que nos sintamos muitos melhores, aliviando aquelas nossas lembranças latentes – este é o método freudiano, que a sua paciente comparou à limpeza de uma chaminé. Contudo, a pesquisa se mostrou estéril, porque os alunos apenas copiaram as frases e os termos durkheimianos que encontraram no primeiro site que viram. Então, em vez de propor, na aula seguinte, um trabalho em grupo, eu preferi debater com eles sobre o que tinham descoberto sobre Durkheim. Sétima aula: Mas, o debate sobre Durkheim encontrou dificuldades em duas das cinco turmas de primeiros anos: eles não paravam um minuto de conversar e um deles perguntou se eu não fazia a chamada, para que ele pudesse ir embora da aula! Eu lhe disse que eu era quem decidia quando fazer a chamada e não ele, que ele por ser repetente deveria estar sentado na primeira fila. Eles fazem parte de uma geração que foi condicionada a copiar um texto do quadro, responder a perguntas sozinhos ou em grupos, ficando o professor à distância. Oitava aula: Há um ditado – água mole em pedra dura: insisti com o estudo em Durkheim. Levei-os à sala de informática e pedi que procurassem nos computadores sobre casos de suicídio, em especial aos dois principais tipos , segundo aquele sociólogo: egoísta, quando uma pessoa se mata porque só vê diante de si um problema aparentemente insuperável e essa pessoa já não dá atenção às normas ou laços sociais (muito comum entre solteiros e divorciados) e o altruísta, oposto ao egoísta, quando a pessoa está muito ligada ao seu grupo social (casos mais comuns: pilotos japoneses kamikases na segunda guerra mundial e os homens-bomba, no oriente-médio). Esqueci de mencionar os estudantes japoneses, sobrecarregados com sua formação escolar, pressionados para terem as melhores notas e, assim, serem os primeiros, para ao decepcionarem seus familiares! Nona aula: Fiz o seguinte trabalho final do trimestre: são questões que revisavam a matéria e eu fornecia a quantidade de letras que a palavra tinha, incluindo uma letra, o que lembra um jogo que, no Brasil, se chama de “jogo da forca”, pois se a pessoa errar, a cada erro, vai se desenhando uma pessoa em uma forca, parte por parte do corpo. É, em resumo, um jogo e como um jogo ele ajuda a terminar com toda a aura de seriedade ou excessiva formalidade de uma prova. Aliás, pedi que fizessem em grupo e não individual. Ficou assim: (1) 1o nome do pai da sociologia, foi influenciado pela revolução francesa: A U G U S T O (7 letras) (2) Ideais da revolução francesa: L I B E R D A D E (9 letras), F R A T E R N I D A D E (12 letras) e I G U A L D A D E (9 letras). (3) Trabalhavam de 12 a 18 horas por dia nas fábricas e nas minas de carvão: C R I A N Ç A S (8 letras). (4) Graves problemas que a Sociologia procura resolver: A L C O O L I S M O (10 letras), D E S E M P R E G O (10 letras) e V I O LÊ N C I A (9 letras). (5) Ano 1 do calendário de Augusto Comte: 1 7 8 9. (6) Classe social que liderou a revolução francesa e que enriqueceu explorando o trabalho dos operários em suas indústrias: B U R G U E S I A. (7) Estudou os suicídios e concluiu que eles são causados pela vida e regras estabelecidas em sociedade: D U R K H E I M. Procurei fazer questões diferentes em algumas turmas para evitar que eles de posse dos trabalhos realizados com outros alunos apenas copiassem as respostas: em uma turma eu perguntei qual era o tipo de suicídio no qual a pessoa só pensava sobre seu problema: E G O Í S T A. O que é curioso é que muitos alunos quando perguntei se Comte tinha sido um dos revolucionários franceses, responderam que sim, mesmo tendo sido repetitivo e falado muitas vezes sobre ele! Décima, décima segunda e décima terceiras aulas: Apresentei-lhes um DVD sobre a revolução francesa que encontrei em uma loja. Acho que eles gostam de sair da sala de aula, ainda que seja para ver um documentário, embora, sei, que eles preferem aqueles filmes comerciais, com muito barulho e pouco conhecimento. A conexão do aparelho de DVD com a tv não estava fixa e o som alto interferia no sinal e muitas vezes o filme parava. Mas, entendi que fazia sentido um DVD sobre a revolução francês, pois esse evento gigantesco tinha influenciado o nascimento da sociologia. Na terceira aula, procurei perguntar-lhes de que cenas tinham se lembrado: - que o rei não queria ter filhos, informação corrigida, depois, o rei não podia, pois tinha fimose; - que a rainha tinha vindo da Áustria, com 14 anos; - que o preço de uma unidade de pão, que eles comiam 1kg por pessoa por dia, tinha subido para o valor de um salário mensal; - a revolta estourou, o povo queria que o rei os ajudasse, esse nomeou um ministro das finanças que sugeriu, inspirado pelo iluminismo, a cobrar impostos dos nobres aristocratas e do clero, padres, mas como representavam 2/3 da Assembléia, rejeitaram a proposta. Então, diante do impasse, o rei dissolveu o parlamento, mas o terceiro estado (os comerciantes, artistas, intelectuais e o povo (98% da França)) não aceitou e redigiu a Carta dos direitos do Homem, que definia todos como iguais e com os mesmos direitos. Cercada Paris pelas tropas do rei, ainda assim o povo liderado por Robespierre, Danton e Marat (cujo jornal, O amigo do povo, incitava a revolta e a levar os traidores à guilhotina), tomam a bastilha, símbolo da opressão medieval e monárquica. - O rei tenta fugir para a Áustria, mas é preso e condenado à guilhotina por traição. - Inicia-se o período do terror onde cada pessoa teme ser acusada de trair pátria. O líder da revolução Roberspierre, também, é condenado e guilhotinado. Décima quarta aula: Nesta aula, a contragosto dos alunos, exporemos as teses de Rousseau, um dos grandes pensadores iluministas: Ideias de Jean Jacques Rousseau: 28 de Junho de 1712 — 2 de Julho de 1778 • "O homem nasce livre (“todos nus e pobres... condenados à morte”, Emílio: livro IV), e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles." "O escravo não é propriedade do outro, mas não deixa de ser homem "... "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe." Se há um direito da força, também há o direito de resistira ela - pois o mais forte nunca é sempre forte. • "O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém'" • Defende uma vida próxima à do selvagem: não há tarefa prescrita, suas forças e razão “crescem juntas”. Nossos alunos se assemelham ao camponês, que executa tarefas repetidas, não passa de um autômato. Aprendemos “cem vezes mais” no pátio com as outras crianças do que na sala de aula. • Não oferecer à criança resposta fundada na autoridade de alguém, mas na razão humana, pois há muitos cujo desejo se limita a ser considerado pelos outros sábio sem sê-lo. Nem lhes dê uma resposta, estimule que aprenda sozinha, que “leia o livro da vida”. Enquanto as outras crianças estudam mapas, faça-a fazer seus próprios. Sugere um único livro: Robinson Crusoé. • Foram os ricos que “propuseram” os governos. São os pobres que permitem a existência dos ricos, desde que os últimos não deixem de sustentar aqueles que não têm trabalho ou não ganham o suficiente. • Não alimentem as crianças com carne, os carnívoros parecem “esquartejadores de cadáveres”. O formato de nossos dentes, intestinos e estômago, indicam que somos propensos à alimentação vegetariana. E, também, pelo fato de que os herbívoros têm filhos com menos freqüência, como os humanos. • O propósito da educação não o é destinar homens para “espada, igreja ou barra”, mas para a vida – “viver é o ofício que quero ensinar”, que não se limita à sobrevivência (respirar), mas a sentir a vida e agir. A educação natural deve tornar cada pessoa capaz de realizar todas as realizações humanas Quando nos especializamos em uma arte, nos “escravizamos em outra mil”! • Há dois tipos de pessoas - as que pensam e as que não pensam, que passam a vida trabalhando e não têm outra idéia, exceto seu trabalho. Que se escolha entre os seus iguais ou passará a vida “pensando sozinha”. • “Tudo degenera nas mãos do homem”), desde quando planta espécies em terras que não lhe são originais, funde a uma árvore os galhos e frutos de outras, “mistura climas”, mutila cães, cavalos e escravos. O homem rejeita o que a natureza lhe deu. • Apenas o que é novo desperta a nossa imaginação; um pedreiro por hábito não tem vertigem quando sobe o telhado. • o rigor e as variações do clima, os “imperativos” geológicos e geográficos incitaram os homens às invenções. Os que viviam perto de rios, criaram os anzóis e a pesca, tornando-se donos dos riachos e pescadores. Nas florestas, fabricavam arcos e flechas e tornam-se guerreiros. O trovão ou um vulcão lhe sugeriu o conhecimento do fogo, cozinhando as carnes que, antes, comiam crus • Podem acreditar que são as necessidades - como a fome ou a sede - são as causas dos primeiros gestos e palavras, mas foram as paixões - como o amor, o ódio, a piedade, a cólera - que “arrancaram nossas primeiras vozes”. Não começamos a usar as palavras, para raciocinar, mas para expressar nossos sentimentos. • As cidades não passam de formigueiros, onde os homens vivem amontoados e para as quais eles não foram feitos, mas, sim, para se espalharem sobre toda a terra. É no campo que se originam homens que “renovam as raças”. • A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza" • Se neste mundo onde os maus “triunfam” e os justos são oprimidos, resta que exista uma vida posterior a esta onde a harmonia seja reestabelecida Os homens reclamam que a vida é curta, mas não raro ouve-se deles que gostariam que o tempo passasse para que o dia ou a semana seguinte chegasse logo. • Primeira fase: infância 0-2 anos • Rousseau critica a proteção dada às crianças, presas às fraldas e bandagens, nem sequer são alimentadas pelas próprias mães... que a criança aprenda com a natureza da qual é discípula. A natureza as exercita, ela as torna fortes, enrijece seu temperamento, um corpo fortalecido obedece mais à alma, já um corpo fraco, incapaz de satisfazer suas paixões sensuais, estará preso a elas. • O choro da criança produz-lhe a idéia de domínio ou de servidão, quando ela “faz o que lhe agrada ou o que nos agrada”. Os choros mais longos, por sua vez, são produto do hábito e teimosia e a ele aconselha não dar atenção. Quanto aos objetos a serem dados à criança, nada de guizos ou chocalhos de prata, mas ramos de árvores com frutos e folhas. Na obra “Emílio” (Livro I) diz que certa vez presenciou uma criança que ao chorar, apanhou e, em seguida, voltou a chorar mais forte; viu ele nisso “exemplo suficiente para provar que o sentimento do justo e do injusto é inato”! • Segunda fase: infância 2- 12 anos : • Fazendo-a plantar sementes, cultivar uma terra e colher o que ela produzir. Aí, por experiência, poderemos mostra-lhe: eis o fruto do seu tempo e do seu sofrimento – “naquela terra há algo que é dela”, um direito natural daquele que “primeiro ocupou a terra”! • A criança não conhece o bem e o mal (“não há um mal natural no coração humano”) e, por isso, não lhes impor um dever que não sentem! Nem ensinar virtude e verdade, apenas protegê-las do vício e do erro. • Se ela quebrar um enfeite, não castigá-la, nem se aborreça. Nem a moral que as fábulas pensam ensinar elas compreendem, antes da idade certa, os 12 anos. • De nada adianta perguntar-lhe: “foste tu?”, pois isto só a levará a negar o que ela mesma fez. Nem devemos fazê-las dar uma esmola, pois elas não entendem o valor daquele dinheiro - “é o mestre quem deve dar”. Nem é pela imitação que aprende a fazer caridade, pois além da imitação degenerar em vício, quem imita quer aparecer para os outros, ser aplaudido. • Terceira fase: puberdade 12, 13 anos : • Na puberdade criança se torna surda à voz dos adultos. Torna-se impaciente, agitada e irritadiça de uma hora para outra. Estas paixões são naturais - “um grande rio que engrossa sem parar”. Nossa tarefa é a de ordenar estas paixões. • Nesta idade mal sabemos que os outros também sofrem, mas aos poucos nos aproximamos dos outros por eles serem semelhantes na capacidade de sofrer – “é a fraqueza que torna-nos sociáveis, nossas misérias comuns que nos incitam à humanidade”... “Aristóteles disse que a homem mau vive sozinho, pois é o homem bom que está só, pois se o mau estivesse só, que mal ele faria?”. • Quem quer uma criança dócil, estará contribuindo para formar um adulto “fácil de ser enganado”. Rejeita a crença de que a educação prepara para a vida em sociedade, onde as crianças viverão não entre sábios, mas entre loucos. • Ele (Rousseau) prepara para que dê “mais valor ao ferro que ao ouro, mais valor ao vidro que ao diamante”. E o que “pensará do luxo, quando ver que 20 milhões de mãos trabalharam para apresentar-lhe ao meio-dia o que à noite vai depositar na privada?”. • Aos mestres que se queixam da indisciplina dos jovens, procure adverti-los de erros futuros, fazê-lo depois, só os revoltará. Se notar que estão humilhados, ofereça palavras consoladoras. Quando for censurá-los, usa de fábulas e, assim, o fará por trás de máscaras ou personagens fictícios. Sobre a beleza da parceira: deve ser evitada, pois além dela “logo se desgastar pela posse”, representa risco de infidelidade, que “não encante à primeira vista, mas agrade mais a cada dia”, E se na primeira vez (relação sexual) o ”libertino” não perder o desejode repetir a experiência, se não se arrepender, se envergonhar e chorar, então ele não passa de “monstro” (Emílio: livro IV). • Rousseau teve 5 filhos e os deixou aos cuidados de um Orfanato. Além daquelas ideias mais conhecidas (todo homem nasce nu, pobre e condenado à morte e logo é posto a ferros, nascemos bons e a sociedade nos corrompe, uma delas chamou minha atenção: “as cidades são formigueiros” e o ideal seria voltar à vida natural ou, pelo menos, que os homens se espalhassem pela terra. Lembrei meus alunos que tinha visto e lido uma teoria de que quando entre animais (como ratos) há superpopulação, isto produz violência, abortos, canibalismo e, não sei se isto é verdade, um aumento de casos de homossexualidade. Tirando esta última tese (acho que é preconceito) , as demais parecem provar que a humanidade não abandonou seu lado animal e o caos social é a tentativa de cada um por si resolver seus problemas! Sei que eu poderia trabalhar melhor esta questão, estimulando os alunos a observarem seres vivos vivendo em superpopulações. E, para não ficarmos muito distantes da realidade brasileira, lhes perguntarei se um movimento como a revolução francesa não poderia acontecer no Brasil? E, se sim, qual seria a nossa Bastilha, símbolo da opressão a ser derrubado? Os alunos participaram mais do que eu esperava. Desta vez, nos reunimos em círculo, mas não um perfeito, até porque há alunos tímidos e não dá para forçá-los, pois podem se sentir maltratados, embora, falando em público, ainda que umas poucas frases, isso os ajude a serem menos tímidos! Bem, mas o que disseram os alunos? - que o povo brasileiro é preguiçoso para fazer revolução; - que há pequenas revoluções acontecendo, revoltas, o que inclui violência urbana e luta por território para venda de drogas - que não há um problema generalizado de fome, que pudesse causar uma revolução; Embora tivessem participado mais do que o normal, não conseguiram relacionar, por exemplo, o palácio de Versalhes que ficava distante do centro cultural, econômico, político de Paris a nossa Brasília, distante das grandes capitais, que ficam costa litorânea ou, ainda, relacionar a Bastilha a algum prédio público ou a um presídio. Também, nesta aula, expusemos as principais teses de Rousseau, um dos grandes pensadores iluministas, que influenciaram a revolução francesa: “os homens nascem nus e pobres” e tão logo são “postos a ferros”, escravizados, que “são os pobres que permitem que os ricos sejam ricos”, desde que eles (pobres) recebam o mínimo para sua subsistência. Décima quinta aula: Iremos todos à sala de informática. Lá, pesquisaremos sobre os direitos humanos e a sua origem. É preciso mostrar aos alunos que há duas declarações: (1) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (2) Declaração Universal dos Direitos Humanos Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão admitidos pela Convenção Nacional em 1793 e afixada no lugar das suas reuniões. PREÂMBULO O Povo Francês, convencido de que o esquecimento e o desprezo dos direitos naturais do Homem são as únicas causas das infelicidades do mundo, resolveu expor numa declaração solene estes direitos sagrados e inalienáveis, a fim de que todos os cidadãos, podendo comparar sem cessar os atos do Governo com o fim de toda instituição social, não se deixem jamais oprimir e aviltar pela tirania; para que o Povo tenha sempre distante dos olhos as bases da sua liberdade e de sua felicidade, o Magistrado, a regra dos seus deveres, o Legislador, o objeto da sua missão. Em consequência, proclama, na presença do Ser Supremo, a Declaração seguinte dos Direitos do Homem e do Cidadão. I O fim da sociedade é a felicidade comum. O governo é instituído para garantir ao homem o gozo destes direitos naturais e imprescritíveis. II Estes direitos são a igualdade, a liberdade, a segurança e a propriedade. III Todos os homens são iguais por natureza e diante da lei. IV A lei é a expressão livre e solene da vontade geral; ela é a mesma para todos, quer proteja, quer castigue; ela só pode ordenar o que é justo e útil à sociedade; ela só pode proibir o que lhe é prejudicial. V Todos os cidadãos são igualmente admissíveis aos empregos públicos. Os povos livres não conhecem outros motivos nas suas eleições a não ser as virtudes e os talentos. VI A liberdade é o poder que pertence ao Homem de fazer tudo quanto não prejudica os direitos do próximo: ela tem por princípio a natureza; por regra a justiça; por salvaguarda a lei; seu limite moral está nesta máxima: - " Não faça aos outros o que não quiseras que te fizessem". VII O direito de manifestar seu pensamento e suas opiniões, quer seja pela voz da imprensa, quer de qualquer outro modo, o direito de se reunir tranqüilamente, o livre exercício dos cultos, não podem ser interditos. A necessidade de enunciar estes direitos supõe ou a presença ou a lembrança recente do despotismo. VIII A segurança consiste na proteção concedida pela sociedade a cada um dos seus membros para a conservação da sua pessoa, de seus direitos e de suas propriedades. IX Ninguém deve ser acusado, preso nem detido senão em casos determinados pela lei segundo as formas que ela prescreveu. Qualquer cidadão chamado ou preso pela autoridade da lei deve obedecer ao instante. XI Todo ato exercido contra um homem fora dos casos e sem as formas que a lei determina é arbitrário e tirânico; aquele contra o qual quiserem executá-lo pela violência tem o direito de repelir pela força. XII Aqueles que o solicitarem, expedirem, assinarem, executarem ou fizerem executar atos arbitrários são culpados e devem ser castigados. XIII Sendo todo Homem presumidamente inocente até que tenha sido declarado culpado, se se julgar indispensável detê-lo, qualquer rigor que não for necessário para assegurar-se da sua pessoa deve ser severamente reprimido pela lei. XIV Ninguém deve ser julgado e castigado senão quando ouvido ou legalmente chamado e em virtude de uma lei promulgada anteriormente ao delito. A lei que castigasse os delitos cometidos antes que ela existisse seria uma tirania: - O efeito retroativo dado à lei seria um crime. XV A lei não deve discernir senão penas estritamente e evidentemente necessárias: - As penas devem ser proporcionais ao delito e úteis à sociedade. XVI O direito de propriedade é aquele que pertence a todo cidadão de gozar e dispor à vontade de seus bens, rendas, fruto de seu trabalho e de sua indústria. XVII Nenhum gênero de trabalho, de cultura, de comércio pode ser proibido à indústria dos cidadãos. XVIII Todo homem pode empenhar seus serviços, seu tempo; mas não pode vender-se nem ser vendido. Sua pessoa não é propriedade alheia. A lei não reconhece domesticidade; só pode existir um penhor de cuidados e de reconhecimento entre o homem que trabalha e aquele que o emprega. XIX Ninguém pode ser privado de uma parte de sua propriedade sem sua licença, a não ser quando a necessidade pública legalmente constatada o exige e com a condição de uma justa e anterior indenização. XX Nenhuma contribuição pode ser estabelecida anão ser para a utilidade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer ao estabelecimento de contribuições, de vigiar seu emprego e de fazer prestar contas. XXI Os auxílios públicos são uma dívida sagrada. A sociedade deve a subsistência aos cidadãos infelizes, quer seja procurando-lhes trabalho, quer seja assegurando os meios de existência àqueles que são impossibilitados de trabalhar. XXII A instrução é a necessidade de todos. A sociedade deve favorecer tom todo o seu poder o progresso da inteligência pública e colocar a instrução ao alcance de todos os cidadãos. XXIII A garantia social consiste na ação de todos, para garantir a cada um o gozo e a conservação dos seus direitos; esta garantia se baseia sobre a soberania nacional. XXIV Ela não pode existir, se os limites das funções públicas não são claramente determinados pela lei e se a responsabilidade de todos os funcionários não está garantida. XXV A Soberania reside no Povo. Ela é una e indivisível, imprescritível e indissociável. XXVI Nenhuma parte do povo pode exercer o poder do Povo inteiro, mas cada seção do Soberano deve gozar do direito de exprimir sua vontade com inteira liberdade. XXVII Que todo indivíduo que usurpe a Soberania, seja imediatamente condenado à morte pelos homens livres. XXVIII Um povo tem sempre o direito de rever, de reformar e de mudar a sua constituição: - Uma geração não pode sujeitar às suas leis as gerações futuras. XXIX Cada cidadão tem o direito igual de concorrer à formação da lei e à nomeação de seus mandatários e de seus agentes. XXX As funções públicas são essencialmente temporárias; elas não podem ser consideradas como recompensas, mas como deveres. XXXI Os crimes dos mandatários do Povo e de seus agentes não podem nunca deixar de ser castigados; ninguém tem o direito de pretender ser mais inviolável que os outros cidadãos. XXXII O direito de apresentar petições aos depositários da autoridade pública não pode, em caso algum, ser proibido, suspenso, nem limitado. XXXIII A resistência à opressão é a consequência dos outros direitos do homem. XXXIV Há opressão contra o corpo social, mesmo quando um só dos seus membros é oprimido. Há opressão contra cada membro, quando o corpo social é oprimido. XXXV Quando o governo viola os direitos do Povo, a revolta é para o Povo e para cada agrupamento do Povo o mais sagrado dos direitos e o mais indispensáveis dos deveres. Qual foi a tarefa que pedimos aos alunos? De acordo com o seu número na chamada encontrem o número de um artigo da declaração dos direitos do homem e do cidadão, anotem-no e procurem uma pesquisa que se relacione àquele artigo. Houve um problema: os artigos são de difícil compreensão para um adolescente, mas o problema não é tão grande, pois o professor pode ajuda-los e, então, eles iniciarão a busca pela notícia. Este exercício tem dois propósitos: (1o) informar os estudantes de que todos os seres humanos têm direitos reconhecidos internacionalmente, que tiveram origem na revolução francesa; (2o) faze-los conhecer o que se passa no mundo, relacionando a valores muito importantes a todos nós: igualdade perante a lei, liberdade de agir desde que respeite os direitos dos outros, justiça, transparência dos atos governamentais, presunção de inocência até que se prove a culpa de alguém, etc. Poderíamos ter feito a pesquisa nos utilizando a declaração de 1948, da Organização das Nações Unidas ou, melhor ainda, a Constituição brasileira, mas resolvemos dar continuidade e concluir as exposições sobre a origem da sociologia a partir da forte influência advinda da revolução francesa. Décima sexta aula: Propusemos um debate: a partir dos artigos que cada um estudou e relacionou a uma notícia, queremos ampliar para todo o grupo para que os colegas soubessem o que cada um deles estudou, oferecendo uma visão mais ampla, do código como um todo e, mais, que refletissem sobre o quanto ainda falta conquistar! Décima sétima aula: Para terminar o estudo dos fatos históricos que desencadearam o surgimento as Sociologia, após estudar a revolução francesa, concluiremos com a revolução industrial, como o filme “tempos modernos” de Chaplin. Embora não trate da mesma época que a queda do rei Luís XVI (o cenário do filme é o século XX), ainda assim, desde que lembremos os alunos do lapso temporal que os separa, vale a pena Há um problema: é que o filme dura 83 minutos, excessivo para manter os adolescentes concentrados nele (que pena que não existam versões para colégio, de 40 minutos!). Mas, se conseguirem ver a parte da indústria, do processo de produção em série, já lhes dará alguma informação do que consistiu a revolução industrial, que a burguesia, que foi acumulando riquezas em pequeno comércio e, também, com a extração de minerais das colônias nas Américas e na África levados para a Europa passa a ser a classe mais influente no século XVIII aos nossos dias, embora, hoje, se observe uma forte classe média e não mais de um lado os industriais e de outro milhões de operários ou camponeses. Sobre a reação dos alunos: muitos riem da comédia pastelão, onde Chaplin satiriza a condição de operário e de industrial, o excesso de trabalho que nos leva à loucura pela desumana repetição, a vida dos sem-teto (filme foi produzido em 1936, época recente à quebra da bolsa de valores de 1929!). Outros alunos, não gostam e, por isso, não sugiro que se tome dois períodos de aula e, em vez da1h30 de filme, bastam 30 minutos iniciais para que os alunos tenham uma ideia superficial da revolução industrial. Outro ponto positivo é estimular o senso estético, apreciando uma imagem em preto e branco (ou seria melhor dizer em tons de cinza), uma arte da primeira metade do século XX, apreciar, também, o cinema não falado, embora nesse mesmo filme já se esboce algumas falas – Chaplin parece criticar a fala no cinema quando diz no trecho em que estão apresentando uma máquina que alimentaria o operário sem que ele perdesse tempo fazendo isso ele mesmo, que “o ato fala mais do que as palavras!”. Décima oitava aula: Na aula seguinte voltaremos ao laboratório de informática para que pesquisem “produção em série” e relacionem este conceito a diferentes áreas de trabalho que o professor escolherá dentre instituições tais como hospital, time de futebol, escola, supermercado, igreja, agricultura, etc. instituição Exemplo ou exemplos que a identifiquem com uma linha de produção em série: Hospital Time de futebol Escola Supermercado Fazenda Fábrica Prefeitura Exército Igreja Lar Vejamos que relação ou relações podem ser feitas? Em um hospital você tem pedidos de atendimento (consultas) que passam pelos atendentes, enfermeiros aos médicos (a consulta final). Neste “processo” que não é chamado industrial, mas de serviços (muda o nome apenas!), insumos são acrescidos, como remédios, gazes, esparadrapos, agulhas e seringas, entre outros. Em geral, os alunos esperavam encontrar as respostas prontas na internet e, só por isso, este trabalho já valeu, pois eles precisaram pensar sobre os cargos que cada empresa precisa ter para produzir os produtos ou prestar os serviços que elas produzem e prestam. Uma aluna criticou-me: por que eu não dava as respostas uma vez que eu é que sou o professor? Lembrou-me de uma resposta idêntica que eu dei a um professorde contabilidade que pediu que os alunos registrassem uma empresa na junta comercial e eu lhe respondi que era dele a tarefa de nos dar esta informação. Um conteúdo que poderíamos ter acrescido a este tipo de aula, sobre trabalho é o estudo de diversas imagens de pirâmides sociais, desde os egípcios, astecas, renascentista, pré-socialistas e capitalistas. Perguntas: (1) como era a ordem das classes no período da revolução francesa? (2) como são distribuídas as classes hoje no Brasil? (3) Reflita sobre as classes sociais ao longo da história, identificando um bom número de semelhanças e diferenças entre elas. E quem não concorda com a nossa atual hierarquia social? Há dois caminhos, penso eu, o retorno da crença pela aplicação das ideias comunistas, sobreviventes na Coréia do Norte e em Cuba e, na política da China, de um partido único ou, então, debater o cooperativismo. A ocasião, também, é propícia para lhes apresentar as teorias do materialismo histórico e da mais valia de Karl Marx, bem como, lhes apresentar a teoria do cooperativismo, como uma terceira alternativa, tanto ao capitalismo, quanto ao socialismo/comunismo de Marx. E que tal uma visita a uma cooperativa? Seria excelente, porém não foi possível entrar em contato com a “fogões geral”, que tínhamos interesse especial, por se tratar de uma indústria que falida foi, pelo governo estadual, repassad ao controle dos antigos empregados. Décima nona aula: Tivemos uma interrupção de uma semana, por causa de dois casos de gripe suína em nossa escola. Acredito que na próxima aula, exporei um artigo sobre adolescentes que encontrei em uma revista (Veja, 18 de fevereiro de 2009), onde relata o atual comportamento juvenil, de independência, mas, também, de indisciplina. Outra alternativa: numerar os parágrafos e os distribuir para cada aluno para que, no quadro e para a turma toda, apresentem uma frase que os resuma. (1) "Alguém tinha deixado uma revista no banco, ao meu lado, e comecei a ler, achando que assim ia parar de pensar no Professor Antolini e num milhão de outras coisas, pelo menos durante algum tempo. Mas a porcaria do artigo que comecei a ler quase que me fez sentir pior ainda. Era sobre os hormônios. Mostrava a aparência que a gente deve ter – a cara, os olhos e tudo – quando os hormônios estão funcionando direito, e eu estava todo ao contrário. Estava parecendo exatamente com o sujeito do artigo, que estava com os hormônios todos funcionando errado. Por isso comecei a ficar preocupado com os meus hormônios. Aí li outro artigo, sobre a maneira pela qual a gente pode saber se tem câncer ou não. Dizia lá que, se a gente tem alguma ferida na boca que demora a sarar, então isso é sinal de que a gente provavelmente está com câncer. E eu já estava com aquele machucado na parte de dentro do lábio há umas duas semanas. (...) Calculei que devia morrer dentro de uns dois meses, já que estava com câncer. Foi mesmo. Eu estava certo de que ia morrer. Evidentemente, essa ideia não me deixou muito satisfeito." (2) O trecho do parágrafo anterior é de um romance que, durante décadas, foi o livro de cabeceira de milhões de jovens ao redor do mundo: O Apanhador no Campo de Centeio, do americano J.D. Salinger. Lançado em 1951, ele é um registro magistral das perplexidades, anseios, medos e descobertas de um adolescente que foge do colégio interno, vaga sem destino certo e acaba internado numa clínica, por "esgotamento", onde resolve fazer o relato de seu périplo. Quem leu o livro dificilmente esquece o nome do personagem: Holden Caulfield, para quem tudo (ou quase tudo) é uma porcaria. E para quem tudo (ou quase tudo) é motivo de saudade. Paradoxos de quem tem os hormônios "funcionando errado", claro. Os adolescentes continuam a ter um quê de Holden Caulfield dentro de si, mas mudaram muito desde que Salinger publicou seu romance. Mudaram muito porque mudamos todos nós, e bastante. Em parte, houve evolução; em parte, talvez, involução. Ganhou-se em liberdade e pragmatismo; perdeu-se em encantamento e idealismo. Os jovens não poderiam ficar fora da curva dessa trajetória. (3) VEJA foi a campo tentar descobrir como os adolescentes atuais poderiam ser identificados se tomados como um todo. Sim, é uma generalização, e como toda generalização deve ser olhada com cuidado. Mas quem sabe ela possa subsidiar pais angustiados (e irritados) com moças e rapazes para quem, de uma hora para outra, eles, antes tão adorados, se tornaram "ridículos". Durante dois meses, a revista ouviu dezenas de jovens, pais, psicólogos e educadores sobre os desejos, dúvidas, receios e ambições da adolescência dos anos 2000. Uma enquete com 527 pais e jovens de 13 a 19 anos de todo o país, disponibilizada por uma semana no site VEJA.com, identificou hábitos e comportamentos da geração que daqui a vinte anos estará no comando do país. Eis algumas conclusões: os meninos e meninas que nasceram a partir de 1990 não almejam fazer nenhum tipo de revolução – nem sexual nem política, como sonhavam os jovens dos anos 60 e 70. Mudar o mundo não é com eles. (4) O que querem mesmo é ganhar um bom dinheiro com seu trabalho. São também mais conservadores em relação aos valores familiares (embora os pais, lógico, sejam "ridículos"), de acordo com o maior estudo de hábitos e atitudes da população adolescente brasileira, conduzido pela empresa de consultoria Research International. Fruto da revolução tecnológica e da globalização, eles formam, ainda, a geração do "tudo- ao-mesmo-tempo-e-agora" (uma das inúmeras expressões com as quais os especialistas tentam defini-los). São capazes de realizar várias atividades ao mesmo tempo (as de estudo, nem sempre a contento), porque celular, iPod, computador e videogame praticamente viraram uma extensão do corpo e dos sentidos. É, enfim, uma juventude que vive em rede, com tudo de bom e de ruim que isso significa. Afirma Felipe Mendes, diretor-geral da Research International: "O que preocupa nesta geração é que eles são concretos em relação a dinheiro e trabalho, mas muito básicos em seus sonhos e impessoais e virtuais nos prazeres que deveriam ser reais". (5) O fato de estarem sempre conectados os leva a ter interesse por mais assuntos e a ser mais bem informados de maneira geral. O lado ruim é que raramente tentam aprofundar-se em algum tema. Mudam de opinião com rapidez e frequência proporcionais ao liga-desliga do computador. Mais do que ocorria nas gerações de jovens anteriores, suas decisões costumam estar envoltas em interrogações, como se a vida fosse um eterno teste de múltipla escolha. Plugados ao mundo, aos sites de relacionamentos como Orkut e aos serviços de mensagens instantâneas, eles movem-se em rede e estão menos divididos em tribos. E é justamente isso que os faz menos preconceituosos com as diferenças: 44% dos participantes da pesquisa da Research International têm amigos próximos com uma orientação sexual diferente da sua. É um dos melhores aspectos do lado bom. (6) O frenesi da era digital ajuda a empurrar esses adolescentes a trocar de amores, amizades, cursos e aspirações como quem troca de tênis. "É uma sucessão de reinícios, com finais rápidos e indolores", define o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Mas, como não é possível recusar sempre a vivência da dor, a contrapartida pode ser o aumento da ansiedade em relação a relacionamentos pessoais e opções profissionais. "Você quer tudo e, ao mesmo tempo, não sabe o que quer", diz Marcela Lucato, de 16 anos. A frase resume bem o porquê de eles nunca se mostrarem completamente satisfeitos. São tantas opções de escolhasobre o que fazer e aonde ir e tanta liberdade de decisão que eles se perdem. "O melhor de ser jovem hoje é ter liberdade de escolha. Mas é difícil decidir, não temos prioridades", afirma Giuliana Locoselli, de 16 anos. (7) Está certo que uma das características da geração atual em relação às anteriores é o fato de que moças e rapazes demoram mais para se decidir em relação à carreira a ser seguida. O dado positivo é que, nesse meio-tempo, eles articulam uma rede de contatos tão grandiosa que, no futuro, poderá ajudá-los profissionalmente. Apesar de todas as incertezas, um trabalho que os faça ricos é o sonho de 64% dos adolescentes. Faz sentido: os jovens de hoje estão caros. Caros, não, caríssimos. Eles custam cinco vezes mais do que há trinta anos. E, para aumentar mais os gastos familiares, são grandes influenciadores das compras dos próprios pais. Em nove de cada dez famílias que adquirem eletroeletrônicos, a decisão de qual aparelho levar é deles. Cerca de 45% dos adolescentes brasileiros correm às lojas assim que um novo gadget é lançado, segundo uma pesquisa da empresa Deloitte. (8) O excesso de exposição dos adolescentes em sites de relacionamentos é, sim, motivo de preocupação. A agenda trancada a chave do passado deu lugar a trocas de mensagens apaixonadas ou comentários sobre a vida própria e a alheia para todo mundo ler. Lá estão também fotos da família, dos amigos, do namorado, da "ficante" e por aí vai. "A privacidade não existe mais para eles", diz Claudia Xavier da Costa Souza, coordenadora do centro pedagógico do Colégio Porto Seguro. Expõem-se tanto a ponto de já terem sido chamados de a geração look at me ("olhe para mim"). "Esse fato, para além dos problemas circunstanciais que pode acarretar, dificulta o desenvolvimento da capacidade de autorreflexão e introspecção, o que é essencial para o crescimento", diz a psicóloga Ceres Alves de Araujo. (9) Com uma rede de conhecidos tão vasta, o número de festas é enorme. Se os pais deixarem, eles saem de domingo a domingo. Nessas saídas, que podem se arrastar até o dia seguinte, pode haver muita bebida e droga, especialmente as sintéticas. Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas revela que 35% dos adolescentes brasileiros de 12 a 14 anos consumiram algum tipo de bebida alcoólica no mês anterior ao estudo – é a taxa mais alta da América Latina. Entre os brasileiros de 15 a 16 anos, esse índice sobe para 56%. (10) As meninas são um capítulo à parte nesse cenário. Elas estão se expondo mais precocemente que os meninos aos perigos do álcool e das drogas. Como elas amadurecem antes, inclusive fisicamente, é mais fácil para a maioria entrar nas festas dos mais velhos, onde a bebida corre sem nenhum controle. Basta uma visita a qualquer supermercado numa noite de sábado para testemunhar grupos de adolescentes se preparando para o que chamam de "esquenta" – ou seja, beber na casa de um deles antes de ir para a festa. Muitos entram nas baladas com vodca em garrafas de água mineral. Bem, Holden Caulfield não faria diferente... (11) E em que reside a maior culpa dos pais de hoje? Em não saber dizer o velho, bom e sonoro "não". É como se, para eles, negativas pertinentes a comportamentos inaceitáveis equivalessem a um castigo físico, afirmam os especialistas em adolescentes. "Há ainda um outro fator: a falta de cobrança. Ela tem como consequencia a falta de responsabilidade na vida adulta", diz Silvana Leporace, coordenadora educacional do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. Portanto, atenção: se hoje seria uma perversidade colocar seu Holden Caulfield num internato ou algo que o valha, como fizeram os "velhos" do personagem de Salinger, é um tremendo erro cair no extremo oposto – o de deixar como está para ver como é que fica, enquanto se finge ser liberal. Dá para controlar um adolescente em condições razoavelmente normais de temperatura e pressão ou, ao menos, suportá-lo sem maiores traumas? Dá. Eis aí algumas sugestões de educadores e psicólogos para que você não perca completamente a cabeça (uma parte dela é aceitável): (12) Quando o jovem bebe. Diante de evidências tão claras quanto as da série Law & Order, os pais nunca devem perguntar: "Você bebeu?". Nesse caso, eles correm o risco de ter dois problemas – a bebida e a mentira. É bom que os pais sejam firmes e informem o jovem de que eles sabem da bebida. Proibir o filho de beber não tem efeito prático nenhum. O melhor a fazer é explicar os riscos do consumo excessivo de álcool. Em geral, conversas francas e amigáveis dão mais resultado que a gritaria. (13) Quando ele insiste em não atender o celular Os pais devem deixar claro que o jovem tem o aparelho por dois motivos: para que tenha autonomia e eles, tranquilidade. Se o adolescente não atende as ligações dos pais, deve perder a liberdade que lhe foi concedida. Um exemplo: se o horário para chegar em casa é às 3 da manhã, da próxima vez ele deverá chegar à 1. Faça-o entender que cabe a ele reconquistar a confiança dos pais. (14) Quando ele abusa do telefone Não há como exigir que um adolescente controle os gastos com telefonia. A alternativa é dar-lhe um celular pré-pago. No caso do telefone fixo, antes de recorrer a cadeados ou bloqueios da linha por senha, desconte da mesada o valor das longas, longuíssimas conversas com amigos e afins. (15) Quando o adolescente se expõe demais na internet Cabe ao pai e à mãe mostrar o que eles pensam a respeito da intimidade devassada na rede. É direito e dever deles dar sua opinião ao filho, mas não é possível exigir que o adolescente aja da forma pretendida pelos pais. Se o excesso de exposição resultar em fofocas que cheguem aos ouvidos paternos, o melhor a fazer é consultar um psicólogo. (16) Quando há excesso de discussão entre pais e filhos "Falar com o filho é fundamental, mas não na condição de amigo. Um diálogo entre pais e filhos, quando trata de assuntos decisivos e espinhosos, como sexo, autonomia e responsabilidade com os estudos, é sempre delicado. Pode fluir numa comunicação tranquila, mas nem por isso será fácil", diz a psicanalista Diana Corso. Se você nunca experimentou uma "comunicação tranquila", e acha que isso será impossível até que ele ou ela caia em si depois da descarga hormonal da adolescência, tenha em mente que toda discussão deve ter limite. (17) É um erro bater boca com um adolescente. Não leva a lugar algum. O ideal é deixá-lo falando sozinho. Quando a situação se acalmar, de ambos os lados, é hora de sentar e tentar conversar outra vez. Se pais e filhos caírem numa rotina de bate-boca, será preciso buscar outros meios de comunicação – de preferência o e-mail, um instrumento ao qual o adolescente está mais do que habituado. (18) (19) O mentor da casa: Precisa de alguém para recuperar um programa no computador? Você não tem ideia de como baixar músicas no iPhone? Chame o adolescente mais próximo. É impressionante a desenvoltura desses jovens com as novas tecnologias. Tanto que, na maioria esmagadora das casas, são eles os consultores dos aparelhos a ser adquiridos. Nove em cada dez compras de eletrônicos das famílias brasileiras são influenciadas pelo filho adolescente. "Quando percebo que os celulares da minha família estão ficando ultrapassados, convenço meu pai a trocá-los", diz Márcio Saurin, de 17 anos. "O meu é sempre o melhor." (20) Muita exposição, pouca intimidade Os adolescentes costumam devassar suas próprias vidas nos sites de relacionamento – o Orkut é o preferido dos jovens brasileiros. Declarações de amor, comentários sobre amigos, fotos da turma, do namorado, da família... Está tudo lá
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