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MEDIAÇÃO NA HUMANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E NO CPC 2015

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A MEDIAÇÃO NA HUMANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E A ORIENTAÇÃO DO CPC 2015 PELA SOLUÇÃO NEGOCIADA
O acesso a justiça está ligado diretamente nas questões de reivindicações de direitos, nas resoluções dos conflitos pelo meio judicial como também com os resultados justos ao individual e ao social. Está relacionado também, ao modo em que se trata estes conflitos pelo Poder Judiciário e questões atenuantes como as barreiras e impedimentos deste direito. 
Na resolução de conflitos consensual, a mediação representa vigoroso instrumento para pacificação e solução dos conflitos. Assim como a conciliação, a mediação é um instituto auxiliar deste processo, é uma alternativa de abordagem de procedimentos específicos e peculiares. 
É válido ressaltar que estes instrumentos ganharam destaque através de inúmeros agravantes na descrença ao Poder Judiciário como a morosidade processual devido ao excesso das demandas ocasionadas pela burocracia, alto custo processual,lentidão na movimentação do feito. Contudo, juristas e aplicadores do Direito procuram adotar medidas afim de otimizar os prosseguimento do feito, simplificar o trâmite processual, ao passo em que a forma de atuação resulte em alcançar resultados concretos e condizentes com as expectativas dos cidadãos e à efetiva garantia constitucional do acesso à justiça.
A adoção de mecanismos alternativos ao provimento jurisdicional incentivar a autocomposição e, além de permitirem um elevado índice de êxito na resolução de litígios e de conflitos, representam uma forma eficaz para o acesso à justiça, de forma célere e efetiva, garantindo também a redução de gastos com o processo, tanto por parte do Estado quanto pelo jurisdicionado.
Diante dos mais diversos obstáculos que dificultam o acesso à justiça, os legisladores,os estudiosos e os aplicadores do direito passaram a priorizar e a incentivar a utilização de técnicas que permitem formas alternativas para a resolução de conflitos, que são dotadas de menor grau de formalidade, são mais céleres e menos onerosas. (DIAS; FARIA, 2016, p. 22)
Desta feita, a lei 13.105, de 16 de março de 2015 instituiu no Código de Processo Civil um incentivo aos método de solução de conflitos com premissas na autocomposição. 
NASCIMENTO (2011, p. 1412-1413 apud DIAS; FARIA, 2016, p. 23) trata da autocomposição como uma técnica de solução de conflitos coletivos pelas próprias partes, sem emprego de violência, mediante ajustes de vontades. Busca a pacificação dos litigantes. 
A lei trouxe em sua essência mudanças de paradigmas mediante o litígio, em razão de doutrinadores e juristas considerarem a instituição da mediação como também a de conciliação tal como a base estrutural para a pacificação social e efetivação da tutela jurisdicional, dando oportunidades às partes de produzirem uma solução ao conflito, consequentemente produzindo um “empoderamento” e satisfação pelo resultado alcançado.
Por isso, faz-se necessária a diferenciação dos dois termos.
Os interessados utilizam a intermediação de um terceiro, particular, para chegarem à pacificação de seu conflito. Distingue-se dela somente porque a conciliação busca sobretudo o acordo entre as partes, enquanto a mediação objetiva trabalhar o conflito, surgindo o acordo como mera consequência. Trata-se mais de uma diferença de método, mas o resultado acaba sendo o mesmo. (DINAMARCO et al., 2009, p. 34, apud DIAS; FARIA, 2016, p. 29).
A partir disso, verifica-se a presença da mediação apresenta um viés humanizado. Tem em vista, diferentemente do magistrado, dissolver o conflito através do diálogo a partir da livre e espontânea vontade incluindo neste meio os sentimentos envolvidos gerados pela hostilidade. O diálogo pode ser considerado o caminho mais próximo para que um acordo seja estabelecido, ou seja, o diálogo pode ser considerado a ponte entre o conflito e a sua forma de resolução pacífica, ordenada e principal forma humanizadora da mediação como meio de acesso à justiça (FENNER et al., 2016, p.03)
Assim, pelo restabelecimento do diálogo, serão restaurados laços, e criarão possibilidades de de exclusão de possíveis ressentimentos. 
FENNER trata com que além de se analisar o contexto dos conflitos, deve conter uma análise do contexto social, abrangendo a visão dos significados do conflitos no convívio dos envolvidos e relaciona-se também com o Princípio da Imparcialidade, onde o juiz, envolvendo-se com estas circunstâncias para compreender o processo midiáticos trará maior facilidade e propiciará à um entendimento recíproco. 
Para a figura do mediador, faz-se necessário orientar-se de princípios como dito na Lei 13.140/2015 que trata mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos. A referida lei, orienta: 
Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios: 
I - imparcialidade do mediador; 
II - isonomia entre as partes; 
III - oralidade; 
IV - informalidade; 
V - autonomia da vontade das partes; 
VI - busca do consenso; 
VII - confidencialidade; 
VIII - boa-fé.
 
Quanto ao objeto de estudo, a lei 13.105/15, apresenta uma Seção referida aos princípios da Mediação, orientando tanto no processo de mediação dos conflitos como nas atitudes e procedimentos a se seguir. O legislador mostrou preocupação com os norteadores no ato mediacional, quais sejam: 
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.
§ 1o A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes.
§ 2o Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação.
§ 3o Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição.
§ 4o A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais.
A humanização das formas de tratamentos de conflitos pode ser considerada o elo de ligação entre as partes envolvidas num litígio e o efetivo acesso à justiça, visto que acesso à justiça pode ser encarado como o requisito fundamental – o mais básico dos direitos humanos- de um sistema jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos. Faz-se necessário para a compreensão da responsabilidade de cada indivíduo no tratamento do conflito. por ser meio humanizador em decorrência dos princípios envolvidos e da noção que norteiam mediador e mediados de que esse sistema envolve mais do que um acordo, envolve sentimentos, momentos de tristeza e felicidade, envolve o diálogo que permite às partes o desabafo, que mostra-se como elemento primário para a efetiva solução do conflito.
DIAS, Luciano Souto; Faria, Kamila Cardoso. A mediação e a conciliação no contexto do novo código de processo civil de 2015. Revista Constituição e Garantia de Direitos UFRN. Natal, v.08, n.02, p. 20-44, 2015. Disponível em: <https://periodicos.ufrn.br/constituicaoegarantiadedireitos/article/view/9996/7089>. Acesso em: 11 nov. de 2017.
LIMA, Iveti Matos de. O instituto da mediação no novo código de processo civil, da lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. Disponível em: <http://conteudo.pucrs.br/wp-content/uploads/sites/11/2017/03/iveti_lima_2016_2.pdf>. Acesso em: 11 nov de 2017.
SANTOS, A. M; FENNER, M. G.; MARTINS, J.R. A mediação como forma de tratamento humanizador de conflitos: a efetivação do acesso à justiça. In: XXI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI/UFF. Disponível em: <http://www.publicadireito.com.br/publicacao/livro.php?gt=76>. Acesso em: 11 nov de 2017.
BRASIL. Lei n. 13. 105, de 16 de março de 2015. Código de ProcessoCivil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045>.Acesso em: 11 nov de 2017.
BRASIL. Lei n. 13. 140, de 16 de junho de 2015. Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>.Acesso em: 11 nov de 2017.

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