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CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 01 Bem vindo (a)! Hoje abordaremos os seguintes assuntos relacionados à receita pública: 3.1 Características peculiares das receitas públicas. 3.2 Registro e controle de seus diferentes estágios. Para tanto, elaborei o seguinte conteúdo: Conteúdo A. Teoria ...................................................................................................................................... 2 1. Todo ingresso é uma receita orçamentária? ........................................................ 2 2. Classificação Econômica da Receita ........................................................................ 8 3. Etapas da Receita Orçamentária ............................................................................ 11 4. Como as receitas se ligam às despesas? ............................................................ 15 5. Transferências Intergovernamentais e Operações Intraorçamentárias .. 17 6. Deduções da Receita Orçamentária ...................................................................... 21 7. Dívida Ativa ..................................................................................................................... 23 B. Questões comentadas .................................................................................................... 25 C. Massifique o que aprendeu (resumo da aula)....................................................... 89 D. Normas correlatas ............................................................................................................ 94 E. Questões sem os comentários ........................................................................................ 95 F. Gabarito ................................................................................................................................. 113 Beleza? Então vamos! CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 2 A. Teoria 1. Todo ingresso é uma receita orçamentária? Pergunta interessante, não acha? Para respondê-la é necessário sabermos o que é uma receita orçamentária. Em linhas gerais, receitas orçamentárias são recursos que podem ser empregados em despesas orçamentárias. E para ser empregado em despesa orçamentária, o recurso deve estar incorporado de maneira definitiva ao patrimônio do ente. “Mas professor, existe algum recurso, recebido pelo ente, que não pode ser empregado em despesas orçamentárias”? Sim! Há recursos que ingressam no patrimônio do ente, mas a ele não pertencem. São recursos de terceiros que o Estado apenas responde como fiel depositário. São entradas que aumentam as disponibilidades financeiras, mas não se incorporam ao patrimônio, gerando obrigação de devolução futura. Estas entradas compensatórias são chamadas de ingressos extraorçamentários. Ao conjunto de ingressos damos o nome de receitas públicas em sentido amplo. Eles se dividem em orçamentários, que são as receitas orçamentárias, e em extraorçamentários. Há alguma divergência na nomenclatura dos ingressos extraorçamentários. O MTO 2011, por exemplo, chamou-os de receitas extraorçamentárias. Vejamos: Receitas Extraorçamentárias → São recursos financeiros de caráter temporário, não se incorporam ao patrimônio público e não integram a Lei Orçamentária Anual. O Estado é mero depositário desses recursos, que constituem passivos exigíveis e cujas restituições não se sujeitam à autorização legislativa. Exemplos: depósitos em caução, fianças, operações de crédito por antecipação de receita orçamentária – ARO, emissão de moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 3 O MTO 2012 veio acompanhando o MCASP, que nomeou estes recursos de ingressos extraorçamentários. O fato é que, independentemente como são chamadas, estas entradas não são utilizadas na cobertura de despesas e representam valores de terceiros que ingressam de maneira temporária nos cofres públicos. Posteriormente, se for o caso, há situações que autorizam a conversão dos ingressos extraorçamentários em receitas orçamentárias. De forma esquemática, os ingressos extraorçamentários são provenientes: • Da inscrição de restos a pagar; ou • Entradas compensatórias no ativo financeiro e no passivo financeiro. A inscrição de recursos em restos a pagar, por exigência da lei 4.320/64, deve ser computada nos ingressos extraorçamentários do Balanço Financeiro, para compensar sua inclusão nas despesas orçamentárias. Veremos mais sobre este assunto na aula sobre balanços. As entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro estão relacionadas ao ingresso de valores de terceiros (depósitos e cauções), à contratação de operações de crédito por antecipação de receita (débitos em tesouraria), entre outros. Topa fazer uma questão? Vejamos: Item 1 (CESPE/AEMQ – Gestão Pública/INMETRO 2010) Os depósitos em caução e as fianças são exemplos de receitas orçamentárias. Errado. São exemplos de ingressos extraorçamentários. Mais umazinha para afinar o cabelo: Item 2 (CESPE/Oficial Técnico de Inteligência – Administração/ABIN 2010) Os ingressos extraorçamentários, tais como a emissão de moeda, cauções, depósitos judiciais, depósitos para recursos e fianças, não são registrados no resultado patrimonial de um ente federativo. Perfeito. Os ingressos extraorçamentários não afetam o resultado patrimonial do ente. Eles aumentam as disponibilidades financeiras apenas. A receita pode ser estudada ainda sob dois enfoques: o patrimonial e o orçamentário. A receita sob o enfoque patrimonial é aquela reconhecida no momento de ocorrência do fato gerador, independente de recebimento. A receita sob o enfoque patrimonial causa impacto positivo na situação líquida patrimonial da entidade. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 4 A receita orçamentária corresponde a todos os ingressos disponíveis para cobertura das despesas orçamentárias, viabilizando a execução das políticas públicas. O conceito de receita sob o enfoque patrimonial atende ao objetivo de evidenciar o impacto no Patrimônio, por meio do registro contábil da receita no momento em que ocorre o fato gerador, com observância dos princípios da competência e da oportunidade. Tal registro não prejudica o reconhecimento da receita orçamentária, realizado no momento da arrecadação, mediante registro em contas contábeis específicas, visando demonstrar a receita pela ótica orçamentária, com observância da exigência contida no artigo 35 da lei 4.320/64 (Feijó, 2008, p. 222). Via de regra, as receitas orçamentárias devem estar previstas na LOA, em homenagem ao princípio da universalidade. Entretanto, a lei 4.320/64 assevera que todas as receitas arrecadadas serão classificadas como orçamentárias, ainda que não previstas no orçamento. Dito de outra forma: todos os ingressos orçamentários são receitas orçamentárias. Ora, isso meio lógico. É ótimo para o Estado arrecadar a mais que o previsto. Seria uma extrema burocracia se esses recursos não fossem considerados receitas e não pudessem ser utilizados para financiar despesas orçamentárias. Eu sempre cito as multas. De trânsito, por exemplo.É muito difícil para um ente prever quanto será arrecadado com multas. O excesso de multas, ou melhor, o excesso de arrecadação também é considerado receita, mesmo que não previsto no orçamento. E esse excesso de arrecadação é fonte de recurso para abertura de crédito adicional! Ou seja, se for arrecadado a mais é receita, mesmo que não previsto no orçamento. O emprego desse excesso de arrecadação é feito por meio da abertura de um crédito adicional. Viu como tudo é amarradinho? Vamos treinar? Item 3 (CESPE/EGRVS – Administrador/SESA ES 2011) A receita pública somente pode ser considerada orçamentária se estiver incluída na lei orçamentária anual. No bom inglês: a piece of cake! A receita pública não precisa estar na LOA para ser considerada orçamentária. Toda receita arrecadada é orçamentária, independentemente de previsão. Tá errada a questão. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 5 Mais uma: Item 4 (CESPE/Analista Judiciário/TRE MA 2009) Só podem ser consideradas receitas orçamentárias aquelas que já estejam formalmente incluídas na LOA. Só pular de bomba na piscina! Mesmo raciocínio. Continuando... A lei 4.320/64 determina que a receita orçamentária deva ser reconhecida no momento da arrecadação (artigo 35). Ou seja, o registro dessa espécie de receita ocorre apenas quando os recursos são transferidos aos agentes arrecadadores. Assim, podemos afirmar que a receita orçamentária obedece ao regime de caixa. Isto porque é necessário manter o equilíbrio entre receita e despesa, executando estas, na medida em que aquelas ingressam nos cofres públicos. Ao contrário das receitas sob o enfoque patrimonial, as receitas orçamentárias nem sempre causam impacto positivo na situação líquida patrimonial. As receitas orçamentárias que causam impacto positivo na situação líquida patrimonial são chamadas de efetivas. As que não causam impacto algum, são chamadas de não efetivas. Essa divisão em efetiva e não efetiva é chamada de classificação da receita quanto ao impacto na situação líquida patrimonial. Mas por que eu tenho que reconhecer como receita um fato que nem altera a situação líquida patrimonial? Podemos encontrar a resposta na lei 4.320/64, que determina o reconhecimento de fatos permutativos como receitas. A alienação de bens, a amortização de empréstimos concedidos e a contratação de operações de crédito são fatos permutativos, reconhecidos como receitas não efetivas por determinação de nossa lei. No entanto, estes fatos não são receitas pela ciência contábil. Somente as receitas efetivas coincidem com o conceito de receitas sob o enfoque patrimonial. No entanto, é necessário harmonizar os conceitos contábeis e legais. Até então, esta compatibilização vem sendo materializada através de uma conta chamada de mutação passiva. As mutações permitem que eu contabilize um fato permutativo como receita, ao mesmo tempo impede que essa situação cause impacto na situação líquida patrimonial, atendendo a lei 4.320/64 e os princípios contábeis, respectivamente. Vejamos os lançamentos de uma receita derivada da alienação de bens: CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 6 Sistema Financeiro D – Ativo (Bancos) C – Receita Orçamentária Não Efetiva Sistema Patrimonial D – Mutação Passiva C – Ativo (Bem) Perceba como a receita é lançada a crédito e a mutação é lançada a débito. As duas contas se compensam. Por isso a mutação passiva é chamada também de mutação da receita. É por isso também que a receita não efetiva é chamada de receita por mutação. Essa situação na contabilidade geral teria apenas um lançamento, justamente por se tratar de fato permutativo: D – Ativo (Bancos) C – Ativo (Bens) Neste passo, a receita efetiva possui apenas um lançamento: Sistema Financeiro D – Ativo (Bancos) C – Receita Orçamentária Não Efetiva Estes são os lançamentos válidos até o final de 2012. Depois, passará a vigorar o novo Plano de Contas, que não contempla mutações. Em resumo: • Receita sob o enfoque patrimonial → causa impacto na situação líquida patrimonial. Reconhecida no momento de ocorrência do fato gerador, independentemente de recebimento. Regime da competência. • Receita Orçamentária → todos os ingressos disponíveis para cobertura das despesas orçamentárias. Todo ingresso orçamentário é receita orçamentária, independentemente de previsão. A receita orçamentária é reconhecida na arrecadação. Regime de caixa. Quanto ao impacto: � Receita efetiva → causa impacto na situação líquida patrimonial. Não gera mutação. Fato contábil modificativo aumentativo. É receita sob o enfoque patrimonial e pela ótica contábil. � Receita não efetiva → não causa impacto na situação líquida patrimonial. Gera mutação passiva. Fato permutativo. Não é receita sob o enfoque patrimonial, nem pela ótica contábil. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 7 Item 5 (CESPE/Analista Administrativo/ANAC 2009) A receita orçamentária efetiva, no momento do seu reconhecimento, constitui fato contábil modificativo aumentativo, aumentando a situação líquida patrimonial da entidade. Perfeito. A receita orçamentária efetiva causa impacto positivo na situação líquida patrimonial. Continuando... Quanto à coercitividade, as receitas são divididas em: Receitas públicas originárias → arrecadadas por meio da exploração de atividades econômicas pela administração pública. Resultariam, principalmente, de rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (receita de aluguel), de preços públicos, de prestação de serviços comerciais e de venda de produtos industriais ou agropecuários. Receitas públicas derivadas → obtida pelo poder público por meio da soberania estatal. Decorreriam de imposição constitucional ou legal e, por isso, auferidas de forma impositiva, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de contribuições especiais. Essa classificação é doutrinária e não é utilizada oficialmente na classificação da receita pública. Item 6 (CESPE/Contador/AGU 2010) Receitas públicas derivadas são as obtidas pelo Estado mediante sua autoridade coercitiva, sendo exigidas do cidadão como tributos ou multas, de forma compulsória. No velho e bom inglês: honey with papaya! Certa a questão! Esse tipo de questão não dá pra errar, né gente? Pra fechar esta primeira parte, quanto à regularidade, as receitas são divididas em: Ordinárias → obtidas regularmente pelo ente, no curso de suas atividades normais. Exemplo: tributárias. Extraordinárias → obtidas excepcionalmente. Exemplo: alienação de bens. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 8 2. Classificação Econômica da Receita A receita orçamentária obedece à seguinte codificação segundo sua natureza, de acordo com o Manual Técnico do Orçamento 2012: Para ajudar na memorização: Esse código busca classificar a receita identificando a origem do recurso segundo seu fato gerador. A categoria econômica da receita tem a função de mensurar o impacto das decisões do governo na economia nacional, pois permite verificar fatos que influenciam ou não na formaçãodo PIB. São categorias econômicas da receita: 1 – Receitas Correntes 2 – Receitas de Capital Segundo a Lei nº 4.320/1964: Receitas correntes são as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 9 recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em despesas correntes. Receitas de capital são as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em despesas de capital e, ainda, o superávit do orçamento corrente. O Superávit do Orçamento Corrente, resultante do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, não constitui item de receita orçamentária. O superávit do orçamento corrente, segundo determinação da lei 4.320/64, é uma receita de capital. Esta associação foi feita, pois, geralmente, o excesso de receitas correntes é usado para cobrir déficits de capital. O SOC não constitui item da receita orçamentária, pois as receitas e despesas que o compõem já foram apuradas e caso fossem consideradas orçamentárias novamente, haveria uma duplicidade na apuração. Geralmente associamos as receitas efetivas com as receitas correntes, mas há receitas de capital efetivas, como as transferências de capital. Geralmente associamos as receitas não efetivas com as receitas de capital, mas há receitas correntes não efetivas, como decorrentes do recebimento da dívida ativa. No segundo nível encontramos a origem, que tem por objetivo identificar a procedência dos recursos públicos, em relação ao fato gerador dos ingressos das receitas. É a subdivisão das categorias econômicas. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 10 No terceiro nível temos a espécie, que detalha a origem. Por exemplo, dentro da Origem Receita Tributária (receita proveniente de tributos), podemos identificar as suas espécies, tais como impostos, taxas e contribuições de melhoria (conforme definido na CF/88 e no CTN), sendo cada uma dessas receitas uma espécie de tributo diferente das demais. A rubrica agrega determinadas espécies de receitas cujas características próprias sejam semelhantes entre si. A alínea representa o nome da receita propriamente dita. Exemplo: Imposto de Renda Pessoa Física. A subalínea constitui o nível mais analítico da receita, utilizado quando há necessidade de se detalhar a alínea com maior especificidade. Vamos treinar um pouco? Item 7 (CESPE/Analista Administrativo – Administrativa/PREVIC 2011) As receitas correntes do orçamento público incluem, entre outros, a receita tributária, que corresponde à oriunda de tributos, conforme o estabelecido na legislação tributária, e os recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas. A questão está errada. As receitas tributárias são de fato receitas correntes, mas recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas são receitas de capital. Mais uma: Item 8 (CESPE/Economista/MPU 2010) As receitas de capital podem ser provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas. Agora sim ficou legal. É só correr para o abraço. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 11 A última: Item 9 (CESPE/Analista Administrativo/MPU 2010) Os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria são receitas correntes. Show. São receitas tributárias, uma origem dentro da categoria econômica Receitas Correntes. Agora o desafio final: A resposta pra pergunta da bruxa é não! Entradas compensatórias no ativo e no passivo não são receitas. São meros ingressos extraorçamentários. Mas isso não quer dizer que a receita orçamentária não possa ter correspondência no passivo. O melhor exemplo é quando o Estado pega um empréstimo com um banco internacional ou realiza uma operação de crédito. Ele aufere uma receita de capital em contrapartida registra uma dívida no passivo. Boa essa questão, né? 3. Etapas da Receita Orçamentária As etapas da receita orçamentária seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos econômicos, levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no país e a tecnologia utilizada. São etapas da receita orçamentária, segundo o MCASP, parte I: CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 12 Planejamento A projeção de receitas orçamentárias está baseada na série histórica de arrecadação das mesmas ao longo dos anos ou meses anteriores (base de cálculo), corrigida por parâmetros de preço (efeito preço), de quantidade (efeito quantidade) e de alguma mudança de aplicação de alíquota em sua base de cálculo (efeito legislação). Projeção = Base de Cálculo x (índice de preço) x (índice de quantidade) x (efeito legislação). Base de Cálculo → É obtida por meio da série histórica de arrecadação da receita e dependerá do seu comportamento mensal. Índice de preços → É o índice que fornece a variação média dos preços de uma determinada cesta de produtos. Exemplos: IPCA, a variação cambial e a variação da taxa de juros. Índice de quantidade → É o índice que fornece a variação média na quantidade de bens de um determinado seguimento da economia. Está relacionado à variação física de um determinado fator de produção. Exemplo: PIB. Efeito legislação → Leva em consideração a mudança na alíquota ou na base de cálculo de alguma receita, em geral, tarifas públicas e receitas tributárias, decorrentes de ajustes na legislação ou nos contratos públicos. Execução (LAR) Lançamento → é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 13 e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Existem algumas receitas que não percorrem esta fase, conforme artigo 52 da lei 4.320/64: “São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.” Arrecadação → é a entrega, realizada pelos contribuintes ou devedores, aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados pelo ente, dos recursos devidos ao Tesouro. Recolhimento → é a transferência dos valores arrecadados à conta específica do Tesouro, responsável pela administração e controle da arrecadação e programação financeira, observando-se o Princípio da Unidade de Caixa, representado pelo controle centralizado dos recursos arrecadados em cada ente. Controle e Avaliação Esta fase compreende a fiscalização realizada pela própria administração, pelos órgãos de controle e pela sociedade. Segue abaixo esquema bastante elucidativo extraído do MCASP: O controle e a avaliação possuem cronologiaprópria, pois podem ocorrer de modo prévio, concomitante ou posterior às etapas de planejamento e execução. Bora treinar um pouco? CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 14 Item 10 (CESPE/Técnico de Controle interno/MPU 2010) O estágio do recolhimento de uma receita pública corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro, efetuada pelos contribuintes ou devedores aos agentes arrecadadores ou instituições financeiras autorizadas pelo ente. A questão está errada, pois trata da arrecadação. Esse tipo de questão é muito recorrente, mas muito mesmo. No final da lista de questões comentadas você vai enjoar de tanto ver...rsrs Item 11 (CESPE/Agente/DPF 2009) O estágio de execução da receita classificado como arrecadação ocorre com a transferência dos valores devidos pelos contribuintes ou devedores à conta específica do Tesouro. Tá errada também. O bizu é o seguinte: Dos contribuintes para os agentes arrecadadores → arrecadação. Dos agentes arrecadadores para conta do Tesouro → recolhimento. A última deste tópico: Item 12 (CESPE/Analista Administrativo/ANEEL 2010) São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato. Outra questão bem comum. É cópia do artigo 52 da lei 4.320/64. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 15 4. Como as receitas se ligam às despesas? A classificação da receita por fontes de recursos permite interligar certas receitas a determinadas despesas, com o intuito de se cumprir um programa de trabalho. Assim, a arrecadação de determinado imposto, por exemplo, pode ser utilizada em mais de uma despesa. A classificação por fontes ou por destinação de recursos correlaciona uma aplicação, desde a previsão da receita até a efetiva utilização dos recursos (execução da despesa). Na verdade, fica mais adequado, na visão da receita, falarmos em destinação de recursos, tendo em vista que são valores arrecadados que se destinam a uma aplicação. Já na visão da despesa, o melhor é dizermos fonte de recursos, pois são as origens do financiamento dos gastos. Olha que questão massa: Item 13 (CESPE/Analista Administrativo/ANAC 2009) Na execução orçamentária, a codificação da destinação da receita indica a vinculação, evidenciando-se, a partir do ingresso, as destinações dos valores. Ao se realizar despesa, deve-se demonstrar a sua fonte de financiamento (fonte de recursos), estabelecendo-se, desse modo, a interligação entre receita e despesa. Bacana, né? Resumiu bem o conceito de fonte de recurso. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 16 Classificação: Destinação Vinculada → é o processo de vinculação entre a origem e a aplicação de recursos, em atendimento às finalidades específicas estabelecidas pela norma. Destinação Ordinária → é o processo de alocação livre entre a origem e a aplicação de recursos, para atender a quaisquer finalidades. Derivada de convênios e contratos de empréstimos e financiamentos → recursos obtidos com finalidade específica. Por ocasião do recolhimento a receita é classificada conforme sua Natureza para identificar a origem do recurso segundo seu fato gerador. E também é identificada a Destinação dos Recursos arrecadados. Na fixação da despesa é a mesma coisa, deve-se incluir, na estrutura orçamentária, a Fonte de Recursos que irá financiá-la. Dessa maneira, a Destinação de Recursos interliga todo o processo orçamentário-financeiro. O controle das disponibilidades financeiras por destinação/fonte de recursos deve ser feito desde a elaboração do orçamento até a sua execução. A codificação utilizada é a seguinte: Codificação para controle das DR Dígito Nome Objetivos Tabela 1º Grupo de Destinação de Recursos Divide os recursos em originários do Tesouro ou de Outras Fontes e fornece a indicação sobre o exercício em que foram arrecadadas, se corrente ou anterior. 1 – Recursos do Tesouro – Exercício Corrente 2 – Recursos de Outras Fontes – Exercício Corrente 3 – Recursos do Tesouro – Exercícios Anteriores 6 – Recursos de Outras Fontes – Exercícios Anteriores 9 – Recursos Condicionados 2º e 3º Especificaç ão das DR É o código que individualiza cada destinação. Deve ser criada em função das particularidades de cada ente da federação e adaptada de acordo com as necessidades informativas ou de inovações na legislação. Divide as receitas em primárias e não primárias. I – PRIMÁRIAS ESPECIFICAÇÃO 00 – Recursos Ordinários XX – A ser especificado pelo Ente II – NÃO-PRIMÁRIAS ESPECIFICAÇÃO XX – A ser especificado pelo Ente Para a União, as LDOs vêm determinando que este código seja complementado com a informação IDUSO (Identificador de Uso), por ocasião da fixação da despesa: LDO 2011, artigo 7º → Os Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento discriminarão a despesa por unidade orçamentária, detalhada CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 17 por categoria de programação em seu menor nível, com suas respectivas dotações, especificando a esfera orçamentária, o grupo de natureza de despesa, o identificador de resultado primário, a modalidade de aplicação, o identificador de uso e a fonte de recursos. O Identificador de Uso – IU tem por finalidade indicar se os recursos compõem contrapartida nacional de empréstimos ou de doações, ou se são destinados a outras aplicações, constando da Lei Orçamentária de 2011 e dos créditos adicionais [...] (§ 11º). Mais uma: Item 14 (CESPE/Analista Técnico Administrativo/DPU 2010) O código de classificação de fontes de recursos é composto por três dígitos, sendo que o primeiro indica o grupo de fontes de recursos, e o segundo e terceiro, a especificação das fontes de recursos. O indicador de grupo de fontes de recursos identifica se o recurso é ou não originário do Tesouro Nacional e se pertence ao exercício corrente ou a exercícios anteriores. A questão está correta. É só olhar na tabela acima. 5. Transferências Intergovernamentais e Operações Intraorçamentárias Enquanto as transferências intergovernamentais ocorrem entre entes, as operações intraorçamentárias acontecem no âmbito de um mesmo ente. As operações intraorçamentárias ocorrem, por exemplo, quando a SUSEP, entidade integrante do orçamento fiscal e da seguridade social, honra um compromisso com a Imprensa Nacional, órgão que também integra o orçamento fiscal e da seguridade social. Não são recursos novos, mas mera movimentação de valores da SUSEP para a IN, no âmbito da União. Estas operações devem ser corretamente identificadas, pois, caso contrário, os recursos envolvidos seriam contabilizados em duplicidade dentro do balanço do ente. Mas como saber se uma operação é intraorçamentária? Fácil! Na SUSEP é registrada uma despesa intraorçamentária e na Imprensa, uma receita intraorçamentária. Sempre que houver uma despesa intraorçamentária, haverá uma receita intraorçamentária. Operações Intraorçamentárias →→→ mesmo ente. Transferências Intergovernamentais →→→ entes distintos. CURSO ON-LINE– CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 18 Sabemos que uma despesa é intraorçamentária quando sua modalidade de aplicação é a de número 91 (Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes do Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade Social). Uma receita é identificada como intraorçamentária substituindo o primeiro algarismo da classificação econômica da receita por 7 (receitas correntes intraorçamentárias) ou 8 (receitas de capital intraorçamentárias). Foi a portaria STN/SOF nº 338/2006 que criou as receitas correntes e de capital intraorçamentárias. Segundo este documento, estas receitas não são novas categorias econômicas, mas especificações das receitas correntes e de capital. UNIÃO (Orçamento Fiscal e da Seguridade Social) SUSEP Imprensa Nacional Despesa intraorçamentária Receita intraorçamentária Modalidade de Aplicação 91. Substitui o primeiro algarismo da classificação econômica da receita por 7 ou 8. Vamos treinar? Item 15 (CESPE/Contador/AGU 2010) As transferências intergovernamentais compreendem a entrega de recursos, correntes ou de capital, de um ente transferidor a outro, denominado beneficiário. Esse tipo de transferência realiza-se entre esferas distintas de governo, não guardando relação com as operações intraorçamentárias. Que beleza de questão! Em poucas palavras resumiu bem o que vimos. Mais uma: Item 16 (CESPE/Analista Administrativo/ANATEL 2009) As receitas intraorçamentárias se contrapõem às despesas intraorçamentárias e se referem a operações entre órgãos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social da mesma esfera governamental. Isso mesmo. Para cada receita intraorçamentária há uma despesa intraorçamentária. Lembre-se que a operação deve ocorrer entre órgãos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social da mesma esfera governamental. A partir de agora, veremos a parte mais difícil da aula. Gostaria que você apenas desse uma lida, sem compromisso. Quase nunca isso é cobrado, mas vai que a banca dá uma de doida! Nunca se sabe. Mas uma lida realmente basta. No stress! CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 19 As transferências intergovernamentais compreendem a entrega de recursos, correntes ou de capital, de um ente (chamado “transferidor”) a outro (chamado “beneficiário”, ou “recebedor”). Podem ser voluntárias, nesse caso destinadas à cooperação, auxílio ou assistência, ou decorrentes de determinação constitucional ou legal. As transferências intergovernamentais obedecem à seguinte lógica: Nas transferências provenientes de determinação constitucional ou legal, o registro ocorre da seguinte maneira: 1 – Ente transferidor → depende da forma como o orçamento foi elaborado: � Se o orçamento contemplar apenas os recursos próprios → registra toda a arrecadação, inclusive os valores de terceiros. A transferência é contabilizada como uma dedução da receita arrecadada. “A adoção desse procedimento está fundamentada no fato de que não há necessidade de aprovação parlamentar para transferência de recursos a outros entes que decorra da legislação”. A autorização é consubstanciada na própria lei/constituição que prevê a transferência. Além disso, este procedimento não fere o princípio do orçamento bruto, pois os recursos arrecadados que pertencem a terceiros não podem ser utilizados pelo arrecadador. � Se o orçamento contemplar a arrecadação de todos os recursos, próprios e de terceiros → registra toda a arrecadação. A transferência é contabilizada como uma despesa. 2 – Ente recebedor → no momento em que a receita é arrecadada pelo ente transferidor, há o registro de um direito/ativo em contrapartida com uma variação patrimonial aumentativa. Quando do efetivo repasse financeiro, há a baixa do direito anteriormente constituído e o reconhecimento da receita orçamentária, com o aumento do superávit financeiro. Exemplos de transferências de origem legal: Transferências do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), como o Apoio à Alimentação Escolar para Educação Básica. Exemplos de transferências de origem constitucional: Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e Fundo de Participação dos Estados (FPE). Nas transferências voluntárias, o que ocorre é o seguinte: CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 20 1 – Ente transferidor → é sempre contabilizado uma despesa, pois não há autorização legislativa prévia, como no caso das transferências legais e constitucionais. 2 – Ente recebedor → há o registro da receita orçamentária apenas no recebimento do montante transferido, pois, como se trata de transferência voluntária, “não há garantias reais da transferência”. Ou seja, não há o reconhecimento de um direito (ativo) anterior ao repasse financeiro, como nas transferências legais e constitucionais. Isto pode acontecer apenas quando há previsão contratual para tanto. Os consórcios públicos devem elaborar seus próprios orçamentos, em obediência à lei 11.107/2005. Ademais, por determinação do Tribunal de Contas da União (Anexo a Ata n° 22 da Sessão Extraordinária do Plenário, de 12 de junho de 2003), as transferências para estas entidades devem ser lançadas como receita nos consórcios e como despesa nos entes transferidores. A modalidade de aplicação 71 permite identificar as despesas oriundas de transferências a consórcios públicos. Ente Transferidor Ente Recebedor Constitucionais /Legais Caso orçamento contemple apenas recursos próprios → dedução da receita. Caso o orçamento contemple todos os recursos a serem arrecadados (próprios e de terceiros) → despesa orçamentária. Receita orçamentária. Há o registro de um direito (ativo) em contrapartida com uma variação patrimonial aumentativa por ocasião da arrecadação do recurso no ente transferidor. Quando do recebimento dos valores, há a baixa do direito e o reconhecimento da receita orçamentária. Voluntárias Despesa orçamentária. Receita Orçamentária. Não há o registro prévio de ativo. Consórcios Públicos Despesa orçamentária (modalidade de aplicação 71). Receita Orçamentária. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 21 6. Deduções da Receita Orçamentária A dedução de receita orçamentária é utilizada nas seguintes situações, entre outras: I. Restituição de tributos recebidos a maior ou indevidamente. II. Recursos que o ente tenha a competência de arrecadar, mas que pertencem a outro ente, de acordo com a lei vigente – é o caso do ente transferidor de recursos (vimos em transferências intergovernamentais). Cabe apenas detalhar a parte que trata da restituição de receitas. Quando o Estado avança sobre o patrimônio de alguém, os valores arrecadados a mais ou indevidamente devem ser devolvidos. A restituição de receitas recebidas em qualquer exercício é feita por dedução da respectiva receita. Como são recursos que pertencem a terceiros e não ao ente, não há a necessidade de autorização legislativa para sua movimentação. É por isso que estas restituições não são contabilizadas como despesas orçamentárias. Ademais, não cabe afirmar que esta dedução afrontao princípio do orçamento bruto, pois este contempla apenas as receitas que, de fato, pertencem ao ente. O procedimento descrito permite demonstrar os valores arrecadados brutos, as restituições e os valores líquidos da receita. Para as rendas extintas, deve ser utilizado o mecanismo de dedução até o montante de receita a anular. O valor que ultrapassar o saldo da receita a anular deve ser registrado como despesa. Entende-se por rendas extintas aquelas cujo fato gerador da receita não representa mais situação que gere arrecadações para o ente. Boa resolver uma questãozinha? Item 17 (CESPE/Analista Administrativo/ANAC 2009) Para a correta consolidação das contas públicas, é recomendável que a formalização da restituição de receitas recebidas, em qualquer exercício, ocorra por dedução da respectiva natureza da receita. Muito fácil, né? Restituição de receitas em qualquer exercício é feita pela dedução da respectiva receita. Continuando... No caso de devolução de saldos de convênios e contratos, deve-se adotar o seguinte procedimento: � Se a restituição ocorrer no mesmo exercício em que foram recebidas transferências do convênio ou contrato deve-se contabilizar como CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 22 dedução de receita até o limite de valor das transferências recebidas no exercício. Se o valor da restituição ultrapassar o valor das transferências recebidas no exercício, o montante que ultrapassar esse valor deve ser registrado como despesa orçamentária. � Se a restituição for feita em exercício em que não houve transferência do respectivo convênio/ contrato, deve ser contabilizada como despesa orçamentária. Restituição de Receitas Receitas recebidas em qualquer exercício Dedução da Receita. Rendas Extintas Dedução até onde a receita agüenta, depois → despesa. Convênios e Contratos (restituição no mesmo exercício) Dedução de receita até o limite das transferências recebidas. Caso ultrapasse → despesa. Convênios e Contratos (restituição em outro exercício) Despesa orçamentária. Bora treinar? Item 18 (CESPE/Oficial Técnico de Inteligência – Contábeis/ABIN 2010) No caso de devolução de saldos de convênios, se a restituição ocorrer no mesmo exercício em que forem recebidas as transferências pelo convênio, a referida restituição será contabilizada como dedução de receita até o limite dos valores recebidos. Perfeito. O montante que ultrapassar é contabilizado como despesa orçamentária. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 23 7. Dívida Ativa A Dívida Ativa são os créditos a favor da Fazenda Pública, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento, inscritos em registro próprio, após apurada a sua liquidez e certeza. A presunção de certeza e liquidez é relativa, pois admite prova ao contrário. A inscrição é ato de controle administrativo de legalidade e faculta ao Ente Público, representado pelos respectivos órgãos competentes, a iniciativa do processo judicial de execução. Trocando em miúdos, Dívida Ativa são as dívidas que terceiros têm para com o Estado. A competência para a gestão administrativa e judicial da Dívida Ativa da União é da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional – PGFN. Nas autarquias e fundações públicas a competência pertence à Procuradoria-Geral Federal – PGF. É obrigatório outorgar a um órgão a competência para apurar a liquidez e certeza dos créditos, dissociando, obrigatoriamente, a inscrição do crédito em Dívida Ativa e a origem desse crédito. A Dívida Ativa é classificada em tributária e não tributária. Na inscrição de créditos em Dívida Ativa é reconhecida uma variação ativa extraorçamentária, juntamente com um direito, no sistema patrimonial, afetando a situação líquida de maneira positiva. No recebimento, há a baixa do direito anteriormente constituído no sistema patrimonial e o reconhecimento da Receita Orçamentária (Receita Corrente não efetiva). Inscrição Dívida Ativa Sistema Patrimonial D – Ativo (Dívida Ativa) C – Variação Ativa Extraorçamentária Arrecadação Dívida Ativa Sistema Financeiro D – Ativo (Caixa) C – Receita Orçamentária Não Efetiva Sistema Patrimonial D – Mutação Passiva C – Ativo (Dívida Ativa) Em resumo: • Inscrição Dívida Ativa → variação ativa extraorçamentária. • Recebimento → receita corrente não efetiva, outras receitas correntes. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 24 Vamos treinar um pouquinho? Item 19 (CESPE/Analista Administrativo – Administrativa/PREVIC 2011) A dívida ativa da União é composta pelos créditos da fazenda pública, tributários ou não, que, não pagos nos vencimentos, são inscritos em registro próprio, após apurada sua liquidez e certeza. Só pular de bomba ou dando voadora na piscina. Perfeita a definição! Por fim: Item 20 (CESPE/Analista Administrativo/ANEEL 2010) As receitas decorrentes de dívida ativa tributária ou não tributária devem ser classificadas como outras receitas de capital. Errado. Como outras receitas correntes. Fechamos a teoria! Agora vamos para a parte mais legal da aula! CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 25 B. Questões comentadas (CESPE/EGRVS – Administrador/SESA ES 2011) Em relação às normas técnicas e legais de conceituação e classificação das receitas e despesas públicas, julgue os itens a seguir. 1. Ingressos intraorçamentários são constituídos por receitas de operações entre órgãos, fundos, autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social. As operações intraorçamentárias, ao contrário das transferências intergovernamentais, ocorrem no âmbito de um mesmo ente, entre unidades pertencentes ao orçamento fiscal e da seguridade social. Elas foram criadas de maneira a evitar a dupla contagem dos valores envolvidos nesse tipo de operação. Um exemplo de operação intraorçamentária é quando uma autarquia solicita à Imprensa Nacional a publicação de uma matéria. Na autarquia há o registro de uma despesa intraorçamentária e na Imprensa, de uma receita intraorçamentária. Dessa forma, o balanço do ente, no caso a União, apresentará corretamente a operação, sem duplicidade de valores. Este tipo de receita é identificada substituindo o 1 (receita corrente) ou 2 (receita de capital), da classificação econômica da receita, por 7 (receita corrente intraorçamentária) ou 8 (receita de capital intraorçamentária). A despesa intraorçamentária é identificada através da modalidade de aplicação de número 91 (veremos na aproxima aula). UNIÃO (Orçamento Fiscal e da Seguridade Social) Autarquia Imprensa Nacional Despesa intraorçamentária Receita intraorçamentária Modalidade de Aplicação 91. Substitui o primeiro algarismo da classificação econômica da receita por 7 ou 8. Gabarito: Certo. 2. Se a União utilizar parte de suas receitas correntes para transferir a determinado município recursos destinados a construir um posto de saúde, essa operação deverá ser classificada, nacontabilidade do município beneficiado, como transferência de capital. A classificação das transferências está relacionada com a finalidade a que se destinam. Assim, se um ente recebeu recursos para construir um posto de saúde, típica despesa de capital, ele deverá contabilizar tal transferência como de capital. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 26 Destino do Recurso Classificação no Ente Recebedor Despesa de Capital → Transferência de Capital Despesa Corrente → Transferência Corrente Não importa, no caso em tela, se os recursos “sangraram” as receitas correntes do ente transferidor. Gabarito: Certo. 3. O objetivo do código de fontes de recursos é discriminar as dotações que serão utilizadas diretamente pelo governo federal daquelas que serão transferidas a outros entes da Federação. A função da classificação da receita por fontes é identificar aqueles recursos que irão financiar determinadas despesas, interligando o processo orçamentário desde a previsão da receita à execução da despesa. O código utilizado para discriminar as dotações que serão utilizadas diretamente pelo governo faz parte da classificação da despesa e se chama modalidade de aplicação (veremos na próxima aula). Gabarito: Errado. 4. A receita pública somente pode ser considerada orçamentária se estiver incluída na lei orçamentária anual. A lei 4.320/64 estatui, em seu artigo 57, que serão classificadas como receita orçamentária todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento, salvo algumas exceções. Estas dizem respeito aos ingressos extraorçamentários – entradas compensatórias no ativo e no passivo – como as operações de crédito por antecipação de receita e os depósitos. Embora o princípio da universalidade exija a previsão de todas as receitas e a fixação de todas as despesas na LOA, seria uma burocracia tremenda não utilizar recursos disponíveis no financiamento dos gastos públicos, simplesmente por falta de previsão inicial. A utilização desse excesso de arrecadação não previsto é mediante a abertura de créditos adicionais. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 27 Para memorizar, podemos utilizar das seguintes máximas: • Todo ingresso orçamentário é receita orçamentária; ou • Todo recurso arrecadado deve ser classificado como receita orçamentária, independentemente de previsão. Gabarito: Errado. 5. (CESPE/Assistente 1/CNPQ 2011) Fazem parte da receita orçamentária os depósitos em caução, as fianças, as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária e a emissão de moeda e outras entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro. As receitas públicas, em sentido amplo, representam todos os recursos que ingressam nos cofres públicos. Em sentido estrito, são as receitas utilizadas pelo Estado no financiamento de seus gastos, viabilizando a consecução de políticas públicas. Estas também são conhecidas como receitas orçamentárias. Ao lado das receitas orçamentárias, há valores que transitam pelo patrimônio do ente, mas a ele não se incorporam. São entradas que, via de regra, serão objeto de devolução no futuro. Até a edição da Súmula Vinculante 21, por exemplo, era exigido depósito prévio de parcela da multa como requisito para admissibilidade de recurso administrativo. Este valor ingressava nos cofres públicos, aumentavam a disponibilidade financeira do ente, mas não podiam ser utilizados em despesas orçamentárias. Após o julgamento do processo, caso favorável ao reclamado, o montante era devolvido com a devida correção. Se o julgamento fosse desfavorável e acarretasse em multa, o depósito era reclassificado como receita orçamentária e o órgão/entidade cobrava o valor restante. Didaticamente, os ingressos extraorçamentários são divididos em: • Inscrição em restos a pagar → computados nos ingressos extraorçamentários do Balanço Financeiro, por exigência da lei 4.320/64. • Entradas compensatórias no ativo financeiro e no passivo financeiro CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 28 → relacionados ao ingresso de valores de terceiros (depósitos e cauções), à contratação de operações de crédito por antecipação de receita (débitos em tesouraria), entre outros. Gabarito: Errado. 6. (CESPE/Assistente 1/CNPQ 2011) O recolhimento, por parte do Estado, do imposto de renda de pessoa física (IRPF) é caracterizado como receita corrente. A classificação econômica da receita orçamentária obedece à seguinte codificação: C O E R AA SS Categoria Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea 1 1 0 2 04 10 Para ajudar na memorização, eu sugiro os seguintes mnemônicos: • COERAS; ou • Catástrofe! A origem das espécies é um rubro negro alegre e submisso! São categorias econômicas da receita: 1 – Receitas Correntes. 2 – Receitas de Capital. As categorias são subdividas nas seguintes origens: CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 29 As receitas correntes tributárias comportam as seguintes espécies: impostos, taxas e contribuições de melhoria. Assim, o Imposto de Renda Pessoa Física é uma receita corrente, tributária. C O E R AA SS Categoria Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea 1 1 0 2 04 10 Receita Corrente Tributárias Impostos Impostos sobre o patrimônio e a renda Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza Pessoa Física Gabarito: Certo. 7. (CESPE/Assistente 1/CNPQ 2011) As operações intraorçamentárias não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos, mas apenas remanejamento de receitas entre eles. As operações intraorçamentárias são decorrentes de transações que representam mera movimentação de recursos entre unidades pertencentes ao orçamento fiscal e da seguridade social, no âmbito de uma mesma esfera. Com efeito, para cada receita intraorçamentária há uma despesa intraorçamentária correspondente. Este mecanismo permite a correta elaboração dos balanços do ente, pois impede a dupla contagem dos valores envolvidos. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 30 Gabarito: Certo. 8. (CESPE/Assistente 1/CNPQ 2011) Um dos níveis de classificação das receitas é o vinculado à origem da receita, chamado espécie de receita, o qual permite qualificar com maior detalhe o fato gerador das receitas. Considerando-se a origem receita tributária, são espécies os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Quanto à sua natureza, a receita obedece à seguinte codificação: C O E R AA SS Categoria Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea 1 1 0 2 04 10 Receita Corrente Tributárias Impostos Impostos sobre o patrimônio e a renda Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza Pessoa Física As categorias econômicas (corrente e de capital) se subdividem em origens e estas em espécies. Assim, as receitas correntes são divididas nas seguintes origens: tributárias,de contribuições, patrimoniais, agropecuárias, industriais, de serviços, transferências e outras. As espécies tributárias são aquelas previstas na CF/88, artigo 145, I, II e III, quais sejam: impostos, taxas e contribuições de melhoria. Gabarito: Certo. (CESPE/Analista Administrativo – Administrativa/PREVIC 2011) Em relação aos tributos e à receita pública, julgue os itens a seguir. 9. As receitas correntes do orçamento público incluem, entre outros, a receita tributária, que corresponde à oriunda de tributos, conforme o estabelecido na legislação tributária, e os recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas. De fato, as receitas tributárias são origens da categoria econômica receitas correntes. No entanto, as receitas oriundas da constituição de dívidas são classificadas como de capital. Lei 4.320/64, artigo 11. A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. § 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 31 § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. Gabarito: Errado. 10. A TAFIC constitui receita da PREVIC a ser recolhida ao Tesouro Nacional em conta vinculada à autarquia e paga em estabelecimento bancário integrante da rede credenciada para o recolhimento de tributos federais. Por ser um tributo exclusivo da PREVIC, essa taxa é um preço público. A lei 12.154/2009 criou a Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC. A referida lei institui a Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar – TAFIC (artigo 12), cujo recolhimento pertence à PREVIC (artigo 11, III). De acordo com o § 5°, artigo 12, dessa norma, a TAFIC será recolhida ao Tesouro Nacional, em conta vinculada à PREVIC, por intermédio de estabelecimento bancário integrante da rede credenciada. O erro da questão está em afirmar que taxa e preço público são a mesma coisa. Segundo a súmula 545 do STF, “preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que a instituiu”. O MTO 2012 trouxe de maneira bem clara esta distinção: Taxas são compulsórias (decorrem de lei). O que legitima o Estado a cobrar a taxa é a prestação de serviços públicos específicos e divisíveis ou o regular exercício do Poder de Polícia. A relação decorre de lei, sendo regida por normas de direito público. Preço Público, sinônimo de tarifa, decorre da utilização de serviços facultativos que a Administração Pública, de forma direta ou por delegação (concessão ou permissão), coloca à disposição da população, que poderá escolher se os contrata ou não. São serviços prestados em decorrência de uma relação contratual regida pelo direito privado. Gabarito: Errado. 11. A dívida ativa da União é composta pelos créditos da fazenda pública, tributários ou não, que, não pagos nos vencimentos, são inscritos em registro próprio, após apurada sua liquidez e certeza. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 32 Definição exata. Só complementando, a certeza e liquidez mencionadas são relativas, pois admitem prova ao contrário. O órgão responsável pela cobrança deve ser obrigatoriamente diferente do órgão origem do crédito. Para a administração direta da União, este órgão é a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Para a administração indireta, a Procuradoria Geral Federal (PGF). De maneira sintética, podemos afirmar que a inscrição em dívida ativa é fato contábil modificativo aumentativo. O recebimento é receita orçamentária não efetiva e, portanto, fato permutativo. No recebimento é reconhecida a receita e dado baixa na inscrição. A receita da arrecadação de créditos inscritos em dívida ativa é classificada como Outras Receitas Correntes. Gabarito: Certo. 12. Os impostos cobrados pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, no âmbito de suas respectivas competências, são tributos cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte. Portanto, o Estado não fica vinculado a nenhuma contraprestação para o contribuinte que pagou o referido imposto. A questão é mais de Direito Tributário que de Contabilidade Pública. Entretanto, resolvi manter. Os impostos, segundo o artigo 16 do CTN, são espécies tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação direta ou imediata pelo pagamento. Gabarito: Certo. 13. Dos recursos arrecadados pela União com as contribuições sociais incidentes sobre o lucro, a receita ou o faturamento das empresas, destinados ao financiamento da seguridade social, é permitida a desvinculação de até 20% da arrecadação, o que diminui o montante das receitas que deveriam ser destinadas às políticas de previdência, saúde e assistência social. O mecanismo da DRU (Desvinculação da Receita da União), previsto na CF/88, ADCT, artigo 76, permite a desvinculação de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2015, 20% (vinte por cento) da arrecadação da União de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 33 Nos últimos anos, este mecanismo recebeu críticas do Tribunal de Contas da União nos seus relatórios sobre as contas do governo, pois o mesmo vem impactando negativamente o resultado da seguridade social, como pode ser observado no gráfico abaixo (Relatório sobre as Contas de Governo 2009): Em 2008, por exemplo, não fosse a DRU, o resultado do confronto entre as receitas e despesas da seguridade social seria positivo. A seguridade social é composta por ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social. Gabarito: Certo. 14. (CESPE/Analista Administrativo – Contábil/PREVIC 2011) A receita que for adquirida por meio da venda de bens ou direitos públicos deverá ser obrigatoriamente considerada receita de capital. Questão mal feita, mas resolvi não me esquivar de comentá-la. Há receitas de vendas de bens que são receitas correntes, como as decorrentes da Alienação de Bens Apreendidos (Outras Receitas Correntes - 1990.03.00). Ela tomou por base unicamente a definição da Lei nº 4.320/1964: Receitas de capital são as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito públicoou privado destinados a atender despesas classificáveis em despesas de capital e, ainda, o superávit do orçamento corrente. Fica como experiência. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 34 Gabarito: Certo. 15. (CESPE/AJAA/STM 2010) Do ponto de vista patrimonial, uma receita pública só pode ser considerada efetiva quando contribui para o aumento do patrimônio líquido da entidade onde ocorreu. A classificação da receita quanto ao enfoque surge da necessidade de diferenciar o regime contábil do regime orçamentário. Apesar de a receita orçamentária ser reconhecida na arrecadação, o fato gerador dessa receita deve ser registrado tempestivamente, em obediência aos princípios da competência e da oportunidade. Assim, no momento de ocorrência do fato gerador, há o registro da variação patrimonial aumentativa, influenciando de maneira positiva a situação líquida patrimonial da entidade. Esta é a receita sob o ponto de vista patrimonial. Na arrecadação da respectiva receita, é efetuada a baixa da variação aumentativa anteriormente constituída e o reconhecimento da receita orçamentária. Esta última pode aumentar ou não a situação líquida patrimonial da entidade. No primeiro caso há a ocorrência de uma receita efetiva. No segundo, de uma receita não efetiva. Em resumo: Receita sob o enfoque patrimonial → reconhecida no momento de ocorrência do fato gerador. Regime de competência. Aumenta a situação líquida patrimonial da entidade. Receita sob o enfoque orçamentário → reconhecida na arrecadação. Regime de caixa. Pode aumentar (efetiva) ou não (não efetiva) a situação líquida patrimonial da entidade. Gabarito: Certo. 16. (CESPE/ACI/SECGE PE 2010) A receita pública decorrente da arrecadação de tributos é considerada receita derivada. Quanto à coercitividade, ou classificação alemã, a receita pode se dividir em: Derivada → quando o Estado utiliza de seu poder de império, sua soberania, para arrecadar determinada receita. Exemplo: tributos. Originária → quando o Estado se iguala ao particular e aufere uma receita com características de uma relação privada de consumo. Exemplo: venda de bens. Esta classificação é doutrinária. Não é adotada oficialmente. Gabarito: Certo. (CESPE/Técnico Superior – Contador/DETRAN ES 2010) Julgue os itens CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 35 subsequentes, relativos a aspectos da receita pública. 17. A receita patrimonial decorre de fato permutativo e está incluída entre os itens de receitas de capital. Não podemos confundir receita sob o enfoque patrimonial com receita corrente patrimonial. Esta é uma origem dentro da categoria econômica receitas correntes. Segundo o MCASP, parte I, receitas patrimoniais são receitas provenientes da fruição dos bens patrimoniais do ente público (bens mobiliários ou imobiliários), ou, ainda, de participações societárias. São classificadas no orçamento como receita corrente e de natureza específica de origem como receita patrimonial. Quanto à procedência, tratam-se de receitas originárias. Podemos citar como espécie de receita patrimonial as compensações financeiras, concessões e permissões, dentre outras. Conforme o MTO 2012, receitas patrimoniais são receitas provenientes da fruição do patrimônio de ente público, como, por exemplo, bens mobiliários e imobiliários ou, ainda, bens intangíveis e participações societárias. Exemplos: compensações financeiras/royalties, concessões e permissões, entre outras. O erro da questão está em classificar as receitas patrimoniais como receitas de capital, quando na verdade são correntes. Gabarito: Errado. 18. O lançamento de uma receita, o qual pode acontecer após o efetivo ingresso, é ato indispensável à sua contabilização regular. São etapas ou fases da execução da receita orçamentária o lançamento, a arrecadação e o recolhimento. Lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Existem algumas receitas que não percorrem esta fase, conforme artigo 52 da lei 4.320/64: “São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.” Há três tipos de lançamento: por declaração ou misto, de ofício ou direto e por homologação ou autolançamento. Lançamento por declaração → quando a fazenda depende de informação do sujeito passivo para efetivar o lançamento. Exemplo: Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 36 Lançamento de ofício → a administração efetua o lançamento diretamente, sem a participação do contribuinte. Exemplo: IPTU, IPVA. Lançamento por homologação → o sujeito passivo antecipa o pagamento do imposto, e a administração apenas homologa o lançamento em momento posterior. Isto decorre do fato de que é competência exclusiva da administração efetuar o lançamento. Exemplo: IPI, ICMS. A questão trata do lançamento por homologação. Não raro encontramos em provas a afirmação de que impostos indiretos, como ICMS e o IPI, não passam pelo “lançamento”. Este “lançamento”, entre aspas, seria o lançamento de ofício, mais comum. Gabarito: Certo. (CESPE/Analista Técnico Administrativo/DPU 2010) Considerando que o estabelecimento de classificações orçamentárias adequadas é medida importante na administração pública, pois sua estrutura constitui marco para adoção de decisões em todo o processo orçamentário, julgue os itens subsequentes, acerca das diversas classificações das receitas públicas utilizadas no Brasil. 19. A integralização de capital social, o resultado do Banco Central do Brasil e a remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional são classificados como operações de crédito. São categorias econômicas da receita as receitas correntes e de capital. Estas são subdivididas nas suas respectivas origens. São receitas de capital as oriundas de operações de crédito, alienação de bens, amortização de empréstimos concedidos, de transferências de capital e outras (OPALIAMOR TRANSFERÊNCIAS OUTRAS). As receitas apresentadas na questão pertencem à origem Outras Receitas de Capital. 2500.00.00 Outras Receitas de Capital 2520.00.00 Integralização do Capital Social 2521.00.00 Integralização com Recursos do Tesouro Nacional 2522.00.00 Integralização com Recursos de Outras Fontes 2530.00.00 Resultado do Banco Central do Brasil 2530.10.00 Resultado do Banco Central – Operações com Reservas e Derivativos Cambiais 2530.20.00 Resultado do Banco Central – Demais Operações 2540.00.00 Remuneração das Disponibilidades do Tesouro Nacional Gabarito: Errado. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 37 20. O código de classificação de fontes de recursos é composto por três dígitos, sendo que o primeiro indica o grupo de fontes de recursos, e o segundo e terceiro, a especificação das fontes de recursos. O indicador de grupo de fontes de recursos identifica se o recurso é ou não originário do Tesouro Nacionale se pertence ao exercício corrente ou a exercícios anteriores. A classificação da receita por fontes visa a identificar a origem do recurso segundo seu fato gerador. Esta classificação faz a interligação entre a receita e a despesa desde a previsão da primeira até a execução da segunda. A codificação é composta por três dígitos. O primeiro representa o grupo de fontes de recursos. O segundo e terceiro, a especificação das fontes. Na execução da despesa, a União ainda faz uso de um quarto algarismo, que precede os demais, denominado de IDUSO. Veremos sobre este último na aula sobre despesa. Grupos de Fontes de Recurso: 1 – Recursos do Tesouro – Exercício Corrente 2 – Recursos de Outras Fontes – Exercício Corrente 3 – Recursos do Tesouro – Exercícios Anteriores 6 – Recursos de Outras Fontes – Exercícios Anteriores 9 – Recursos Condicionados Através do grupo 2, podemos identificar os recursos arrecadados com o esforço próprio dos órgãos que detém autonomia administrativa e financeira. Os grupos 3 e 6 são importantes na apuração do superávit financeiro, fonte de recurso para abertura de créditos adicionais. O grupo 9 representa aqueles recursos pendentes de aprovação na legislação para serem integralizados. O Grupo de Fontes de Recurso permite ainda identificar se um recurso pertence ao exercício corrente ou anterior. Para elucidar melhor o assunto, vamos tomar como exemplo a arrecadação do Imposto Territorial Rural (ITR). Segundo a CF/88, artigo 158, II, pertencem aos Municípios cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural. Assim, 50% dos recursos arrecadados com o ITR serão classificados na fonte 102 (Transferência do Imposto Territorial Rural). Os outros 50% não transferidos integram a fonte 100 (Recursos Ordinários). CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 38 Gabarito: Certo. 21. Aluguéis, arrendamentos, foros e laudêmios, taxas de ocupação de imóveis, juros de títulos de renda, dividendos, participações, remuneração de depósitos bancários, remuneração de depósitos especiais e remuneração de saldos de recursos não desembolsados são classificados como receita patrimonial, pois resultam da fruição de elementos patrimoniais. As receitas patrimoniais pertencem às origens das receitas correntes. São provenientes da fruição dos bens patrimoniais do ente público (bens mobiliários ou imobiliários), ou, ainda, de participações societárias. A questão tomou por base o desdobramento apresentado pelo MTO 2012, página 95: 1300.00.00 Receita Patrimonial 1310.00.00 Receitas Imobiliárias 1311.00.00 Aluguéis 1312.00.00 Arrendamentos 1313.00.00 Foros 1314.00.00 Laudêmios 1315.00.00 Taxa de Ocupação de Imóveis 1320.00.00 Receitas de Valores Mobiliários 1321.00.00 Juros de Títulos de Renda 1322.00.00 Dividendos 1323.00.00 Participações 1325.00.00 Remuneração de Depósitos Bancários 1326.00.00 Remuneração de Depósitos Especiais 1327.00.00 Remuneração de Saldos de Recursos Não Desembolsados Gabarito: Certo. 22. (CESPE/Analista Técnico Administrativo/DPU 2010) A legislação e a doutrina classificam as receitas sob diversos critérios. Do ponto de vista das categorias econômicas, classifica-se como receita corrente: A o resultado do Banco Central do Brasil. B a amortização de empréstimo concedido para financiamento de despesas correntes. C o superávit do orçamento corrente. D a contribuição patronal para o plano de seguridade social do servidor público. E a remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional. Geralmente eu adapto a questão sob a forma de certo ou errado. Entretanto, no presente caso, o conteúdo ficaria prejudicado. Pelo sim, pelo não, a questão fica! Letra A → outras receitas de capital. CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 39 Letra B → receita de capital, amortização de empréstimos. Letra C → receita de capital. Letra D → receita corrente, de contribuições. Letra E → outras receitas de capital. Gabarito: D. 23. (CESPE/AEMQ – Gestão Pública/INMETRO 2010) Os depósitos em caução e as fianças são exemplos de receitas orçamentárias. Os depósitos em caução, as fianças, a contratação de operações de crédito por antecipação de receita (débitos em tesouraria), são exemplos de ingressos extraorçamentários. Estes valores transitam pelo patrimônio do ente, mas a ele não se incorporam, constituindo-se em entradas compensatórias, sujeitas à restituição. Não são fontes de recurso disponíveis para financiar despesas orçamentárias. A Lei 4.320/64, artigo 3º estatui que → A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros. Gabarito: Errado. 24. (CESPE/Oficial Técnico de Inteligência – Contábeis/ABIN 2010) No caso de devolução de saldos de convênios, se a restituição ocorrer no mesmo exercício em que forem recebidas as transferências pelo convênio, a referida restituição será contabilizada como dedução de receita até o limite dos valores recebidos. A restituição de receitas recebidas em qualquer exercício é feita por dedução da respectiva natureza de receita. Para as rendas extintas, deve ser utilizado o mecanismo de dedução até o montante de receita a anular. O valor que ultrapassar o saldo da receita a anular deve ser registrado como despesa. Entende-se por rendas extintas aquelas cujo fato gerador da receita não representa mais situação que gere arrecadações para o ente. No caso de devolução de saldos de convênios e contratos, deve-se adotar o seguinte procedimento: � Se a restituição ocorrer no mesmo exercício em que foram recebidas CURSO ON-LINE – CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – ANAC PROFESSOR IGOR OLIVEIRA Prof. Igor Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 40 transferências do convênio ou contrato deve-se contabilizar como dedução de receita até o limite de valor das transferências recebidas no exercício. Se o valor da restituição ultrapassar o valor das transferências recebidas no exercício, o montante que ultrapassar esse valor deve ser registrado como despesa orçamentária. � Se a restituição for feita em exercício em que não houve transferência do respectivo convênio/ contrato, deve ser contabilizada como despesa orçamentária. Gabarito: Certo. 25. (CESPE/Oficial Técnico de Inteligência – Contábeis/ABIN 2010) A lei orçamentária anual deve compreender todas as receitas, incluindo as decorrentes de operações de crédito autorizadas em lei, como as constituídas por antecipação da receita orçamentária. Lei 4.320/64, artigo 3º - A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros. Em linguagem clara, pessoal, os conceitos abaixo devem estar na massa do sangue: 1 – os ingressos aos cofres públicos se dividem em orçamentários e extraorçamentários. 2 – os ingressos orçamentários são receitas orçamentárias. Todos os recursos arrecadados são orçamentários, independente
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