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Moulage Modelagem do Vestuário – Moulage 3 1. FALANDO DE MODELAGEM PARA ENTENDER A MOULAGE Modelar consiste na interpretação do modelo sobre a base, ou seja, na concretização das idéias do designer de moda e das informações registradas na ficha técnica do produto (SILVEIRA, 2006). A modelagem consiste na construção do conjunto de moldes gabaritos, que reproduzem as formas e medidas do corpo humano adaptadas ao estilo proposto pelo designer, que são executados a partir da análise do desenho técnico e das demais especificações do projeto (JONES, 2006). Para executar a modelagem de peças do vestuário, os principais fatores de referência são as formas, as medidas e movimentos do corpo humano. O modelista deve interpretar corretamente as formas projetadas no desenho técnico ou de estilo propostas pelo designer. De acordo com Araújo (1996, p.92), “os modelistas são intérpretes de uma linguagem muito especial, baseada em desenhos e anotações de estilistas”. O autor também salienta que o desenho deve ser uma reprodução fiel da idéia original, incluindo pormenores estruturais, como costuras, pregas, aberturas, botões, acessórios decorativos, entre outros, e ainda conter anotações sobre pormenores como largura de fitas, o número de carreiras de pontos, o tamanho de um decote ou bibe, a altura de uma bainha e afins. As referências de medidas geralmente são adaptadas pelas empresas, com base nas medidas médias de seu público-alvo. Geralmente, essas tabelas de medidas não levam em consideração as medidas referenciais normalizadas, o que traz dificuldades para os consumidores na hora da compra, pois produtos similares, de marcas diferentes, nem sempre vestem o mesmo manequim. No Brasil, as medidas referenciais, consideradas fundamentais para a construção do vestuário, padronizam circunferências das partes do corpo para cada tamanho e são apresentadas na norma NBR 13377 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. A modelagem é uma arte de medidas proporcionais. Além do conhecimento das medidas do corpo, é preciso que o modelista tenha noções de ergonomia, o que lhe permitirá a modelagem de roupas adaptadas à função do público consumidor. O estudo dos movimentos do corpo pode orientar modificações na modelagem, resultando num produto de qualidade superior (RADICETTI, 1999). Modelagem do Vestuário – Moulage 4 O conhecimento das características da anatomia humana, como as relacionadas à simetria, forma e postura, também interfere no desenvolvimento da modelagem. Poder valorizar ou diferenciar as formas, para vestir adequadamente uma mulher adulta é um desafio para quem produz roupas, destacando-se a importância do reconhecimento das características dos diferentes biótipos. Amparado nesses conhecimentos e no domínio do processo e dos recursos técnicos, o modelista desenvolve os moldes seguindo a técnica mais adequada ao produto e utilizando as ferramentas disponíveis na empresa. No que diz respeito à vestimenta, teorizar não é suficiente, pois o corte de uma indumentária não se explica apenas com palavras. É necessário que exista conhecimento prático para visualizar o efeito. Para Saltzman (2004) modelagem deve levar em consideração o material a ser utilizado na confecção da peça, respeitando suas qualidades. Ainda, segundo Barros (1998), a modelagem procura adaptar a roupa também à evolução do corpo humano, que vem mudando de maneira sutil, ao longo do tempo. Depois do biótipo, o segundo fator de influência na modelagem é a técnica. A modelagem de roupas em caráter industrial pode ser executada, basicamente, através de dois métodos geométricos: a técnica bidimensional, que é a modelagem plana, podendo ser desenvolvida manualmente ou através do uso do sistema digital CAD, e a técnica tridimensional, o moulage, em que a construção da modelagem do protótipo é feita diretamente sobre o busto de costura, que possui as formas e medidas anatômicas do corpo humano. A primeira técnica é amplamente utilizada nas indústrias, principalmente para produção em larga escala. Já a segunda costuma ser mais utilizada em produções estilizadas, quase artesanais, em pequena escala. Neste contexto, o presente artigo analisa os métodos de modelagem de roupas, visto sob a forma bidimensional e tridimensional, dentro da indústria. Para tanto, buscou-se na literatura referenciais teóricos para mostrar os principais conceitos e aplicações das duas técnicas. REFERENCIAL TEÓRICO Histórico da modelagem O desenvolvimento do vestuário mostra que o homem, na sua evolução sócio cultural, no impulso de olhar e o desejo de ser olhado, tenha tido um cuidado particular com o embelezamento do corpo, que o levou a estruturar atrativos para mostrá-lo e posicioná-lo frente aos outros. Segundo Castilho e Galvão (2002 p.69), “a manipulação da imagem corpórea e estrutura do discurso do corpo vestido tende a evidenciar as características mais atraentes do corpo, que são eleitas segundo valores estéticos compartilhados por certo grupo social ou época”. Modelagem do Vestuário – Moulage 5 O tema modelagem de peças do vestuário vem sendo observado desde a antiguidade, quando as roupas eram feitas com tecidos enrolados ao corpo e esculpidas como esculturas, seguindo suas formas e dando às peças as formas desejadas. A maneira mais fácil de transformar o tecido em vestimenta era enrolar um pequeno retângulo de tecido ao redor da cintura, construindo uma forma primitiva da saia, o sarongue. Posteriormente, outro quadrado de pano era enrolado sobre os ombros e atados por broches. Esse tipo de vestimenta era utilizado por egípcios, assírios, gregos e romanos. Roupas drapeadas denotavam marcas de civilização, ao contrário das que acompanhavam as formas do corpo, que eram consideradas “bárbaras”. Em determinado período os romanos chegaram a condenar à morte quem as usasse. (LAVER, 1989). Do século VII ao I a.C. tanto homens quanto mulheres usavam um só tipo de roupa, o quiton, sendo o dos homens até o joelho e o das mulheres até o tornozelo. Era preso ao ombro por alfinetes ou broches e usava um cordão demarcando a cintura sem a marcação da cava definida, depois foram surgindo mangas e definições de cintura. Este período é considerado de criação dos princípios básicos da modelagem. Em meados do século XIX, a produção do vestuário era um trabalho manual, os alfaiates costuravam o vestuário masculino, as costureiras e as modistas confeccionavam e serviam o público feminino. Qualquer peça de roupa era executada por medidas individuais, seguindo as idéias de cada cliente. Ao final do século XIX e início do século XX, Charles Frederick Worth inventou a alta costura parisiense, contribuindo para modificar o conceito de moda. Worth não confeccionava vestido seguindo o desejo de suas clientes, criava coleções que apresentava para as senhoras da sociedade. Worth conseguiu concretizar seus ideais de beleza e elegância, tendo, dessa forma, conseguido a proeza de transformar o alfaiate num criador de moda. O seu gosto tornou-se o gosto padrão da sociedade e suas criações foram determinadas para alta costura até os anos vinte. Já no período que precedeu a primeira guerra mundial, Paul Poiret foi o grande costureiro francês que, com os impulsos dos movimentos de reforma do início do séc. XX renovou a moda sob um ponto de vista estético. Criou uma linha de vestuário completamente nova, diametricamente oposta à suntuosidade rígida dos espartilhos. Segundo Lehnert (2001, p.14), “Poiret defendia que se deve montar a beleza natural do corpo feminino”. Poiretdefendeu a libertação do corpo feminino e sua moda permaneceu até o início da primeira guerra mundial, enfraquecendo no período pós-guerra, com a difícil situação e a escassez de matéria prima. Nesse período, o vestuário masculino pouco se modificou, enquanto Modelagem do Vestuário – Moulage 6 o feminino tornou-se ainda mais austero e funcional, em que predominavam as silhuetas pouco volumosas e a moda dá um passo decisivo em direção à modernidade: as linhas puras e o sentido de funcional. Segundo Rocha (1998), a história ainda mostra ser bem antiga a curiosidade do homem em medir o seu corpo, empregando parte dele como unidade de medida. Os antigos egípcios deixaram trabalhos que mostram a existência de proporção entre a parte e o todo do corpo (o membro superior equivalia a oito dedos médios). O estudo antropométrico teve sua participação também nas artes plásticas, quando escultores e pintores como Michelangelo e D.Vinci, em busca de moldes clássicos da beleza humana, procuravam proporções ideais entre as partes do corpo. Modernamente, o estudo da antropometria se volta para a influência de determinados fatores na performance. Segundo Souza (1997, p.48), “a antropometria é o processo de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes”. Um dos pioneiros da antropometria moderna foi um alfaiate francês, H. Gugliemo Compaign. Seu trabalho consistiu na elaboração de um quadro comparativo das idades e seu crescimento, revelando as transformações graduais do corpo humano, desde o crescimento até a velhice. Compaign mostrou como as partes do corpo crescem proporcionalmente entre si. Sua obra, “Arte da Alfaiataria”, publicada em 1830, permitiu estabelecer o princípio das graduações. Em 1835, o belga Lambert Adolphe Jacques Quételet, que trabalhava para o governo no estudo da população, apresentou sua concepção do homem médio como o valor central das medidas de características humanas, que são agrupadas de acordo com a curva normal. Seus estudos são utilizados até hoje, principalmente o cálculo de índice de massa corporal (IMC), também conhecido como índice de Quetelet. Modelagem do Vestuário – Moulage 7 Conceito de modelagem Segundo Saltzman (2004), no desenvolvimento do projeto de vestuário é importante que elementos de composição da peça sejam levados em consideração, como o corpo, que é base tridimensional e também suporte; o tecido, que é a matéria prima que assume diferentes formas envolventes ao redor do corpo e ainda o contexto, que é a variável delimitadora do projeto com todo seu significado. A forma pode ser estática, definida e fechada ou, pelo contrário, móvel, mutante e vital. Deste ponto de vista, a natureza da indumentária e os diferentes recursos materiais e construtivos que estão ligados a ela permitem pensar o vestuário em função da capacidade de transformação do desenho, de modo que possa projetar um objeto versátil, flexível e de formas múltiplas. Com a evolução tecnológica, sociocultural e com a produção em série, a antropometria foi sendo utilizada no estudo das proporções do corpo, pois ele precisa ser coberto, ao mesmo tempo em que necessita de conforto e liberdade de movimentos. As roupas também devem estar em conformidade com o meio ambiente. Portanto, é preciso considerar o espaço existente entre corpo e vestimenta, pois, para se desenvolver a modelagem, estudam-se as medidas que auxiliam na construção da embalagem que envolve o corpo. O estudo da modelagem na indústria do vestuário é fundamental e necessário em todas as etapas do desenvolvimento do produto. Por isso, a importância de um estudo mais aprofundado das medidas antropometricas, que vem sendo desenvolvido através da tecnologia de escaneamento do corpo humano, com vantagens para vários setores, que vão do vestuário ao setor de cuidados com a saúde e segurança. A indústria do vestuário é hoje, provavelmente, a que mais avançou no uso dessa tecnologia. Além da antropometria, a ergonomia é também um fator importante neste estudo, pois, sabe-se bem que o homem, desde os tempos mais antigos, busca conforto, mesmo com limitações, para seu melhor desempenho em suas tarefas diárias, e com isso originou-se uma forma de estudar estes problemas. A ergonomia estuda o homem em suas características físicas, fisiológicas, influência do sexo, idade, psicológicas e sociais, sendo que na indústria do vestuário, a ergonomia assegura ao usuário as características do produto, como conforto, funcionalidade, segurança e usabilidade. A modelagem, segundo Grave (2004, p. 49), possui função participativa nos movimentos articulares do corpo, e “o Modelagem do Vestuário – Moulage 8 cuidado com cálculo determina a construção da peça, pois ela trabalhará simultaneamente com o corpo”. De acordo com Araújo (1996), moldes e tecidos são bidimensionais, constituídos apenas de comprimento e largura. A peça de vestuário, resultante da montagem das várias partes componentes, possui também uma terceira dimensão: a profundidade. Esta é incorporada no molde através de pences. Assim, para que a modelagem obtenha sucesso, é necessário que siga uma seqüência lógica de desenvolvimento. Segundo o autor, esta seqüência deve levar em consideração os passos apresentados no quadro 1. Para desenvolver uma modelagem com qualidade, é necessário conhecer a anatomia humana, suas funções e necessidades. De acordo com Grave (2004), o vestuário vem utilizando inúmeras técnicas para modelar, como por exemplo, envolver o tecido em um manequim técnico, dando-lhe forma e assim, como brincadeira de boneca, modela-se conceituando a moulage. Em outra hipótese, utilizando-se cálculo, faz-se o traço, e como uma planta em duas dimensões, transporta-se o traçado do corpo para o tecido, definindo a modelagem plana. Modelagem plana na construção de peças do vestuário para a indústria de confecção A modelagem plana (bidimensional) é um trabalho de precisão que exige medidas e cálculo apurado uso de proporção e habilidade para imaginar o efeito em três dimensões. Os moldes planos são criados a partir de um conjunto de medidas. A construção dos moldes em duas dimensões é rápida, economicamente Modelagem do Vestuário – Moulage 9 viável e indispensável para a indústria da moda, além de também ser projetada no sistema com o uso do software, programado para imprimir no plotter conforme as medidas especificadas. Para a construção dos moldes através da modelagem plana são necessários o conhecimento e o uso das medidas fundamentais e secundárias, na construção do diagrama, que se fundamenta pelo uso dos planos e linhas, que se relacionam com o equilíbrio e a dinâmica da peça pronta. Para Araújo (1996), existem normas de ajustamento do vestuário que devem ser respeitadas e estas consistem na utilização de cinco conceitos: folga, alinhamento, correr do tecido, equilíbrio e assentamento. A aplicação dos princípios tradicionais da criação de moldes base é a técnica mais utilizada para obter diferentes estilos. Para Araújo (1996), este princípio consiste na utilização de um bloco de moldes base, ao qual são introduzidas modificações e manipulações, a fim de produzir um modelo. Um bloco de moldes base pode dar origem a muitos modelos das coleções da empresa, durante várias estações. Ele ainda ressalta que o bloco de moldes base é um conjunto de moldes sem qualquer interesse estilístico, mas com pormenores estruturais em locais clássicos ou tradicionais. Não possui geralmente margens de costura para criar um modelo. Os moldes basesão moldes aprovados que podem ser utilizados com segurança, desde que não haja alterações nos tecidos ou na moda. A modelagem digital projeta de forma simples e rápida, no teclado do computador, as bases que serão armazenadas para serem utilizadas na construção de diferentes modelos, para várias coleções. O software pode receber a entrada dos dados pelo usuário, que utiliza uma série de ícones que possibilitam as operações para executar a modelagem, definir a distância, ângulos e ainda janelas de comunicação, que indicam a função que está sendo manipulada. Determinadas funções, quando acionadas, abrem na janela de trabalho o menu, onde aparecem os campos DX e DY, que são os eixos horizontal e vertical mais utilizados na construção dos moldes. O método digital não substitui o profissional de moda. O que muda são as ferramentas do seu trabalho. Este profissional utiliza seus conhecimentos de modelagem e o conhecimento que obteve sobre o sistema digital através de treinamento,passando a desenvolver o trabalho, que fazia manualmente, direto no computador. O sistema permite também, a organização das pastas de moldes que posteriormente poderão ser usadas no desenvolvimento de modelos semelhantes, tendo ainda a vantagem de economia de espaço físico, de tempo e de organização no setor de modelagem. Modelagem do Vestuário – Moulage 10 FRENTE COSTA Figura 1: Modelagem plana de vestido Modelagem do Vestuário – Moulage 11 2. MODELAGEM TRIDIMENSIONAL (MOULAGE) NA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO Moulage, literalmente moldagem em francês, é ajustar um tecido diretamente ao manequim no tamanho apropriado ou no próprio corpo da pessoa. Quando a forma e o tamanho estão corretos, o tecido é removido e copiado em papel, adicionando as costuras. Utiliza-se também a moulage – também conhecida como draping – para peças trabalhadas em viés, porque permite moldar o tecido na forma do corpo e visualizar como a roupa se movimenta. O tecido pode ser controlado e com ele faz-se a escultura da peça. De acordo com Saltzman (2004), traçar as linhas construtivas na modelagem é decidir onde a peça se aproxima ou se afasta do corpo, onde ela cria volume ou aderência e definir que tipo de peça se busca, através da caracterização da superfície de planos, por suas qualidades têxteis e por união. A autora ainda ressalta que os planos construtivos surgem da anatomia e estabelecem diferentes exigências de proteção e mobilidade. Portanto, a moulage torna o produto viável, usável e funcional. Melhora a produção dentro da indústria, por proporcionar a visualização do produto antes da montagem do protótipo, podendo transmitir o caimento, volume e forma desejados. Modelagem do Vestuário – Moulage 12 Segundo Souza (2006), a visualização da tridimensionalidade do produto efetivamente permite a avaliação imediata das questões de vestibilidade, e essa avaliação se processa num intervalo de tempo relativamente curto, tendo em vista a multiplicidade de elementos envolvidos e as contribuições positivas desse resultado para o processo. Ainda segundo a autora, a grande vantagem da técnica tridimensional é a possibilidade de se trabalhar as técnicas de criação e materialização de modo simultâneo. COMPARA ÇÃO E CRITÉRIOS ESTA BELECIDOS DAS DUAS TÉCNICAS DE MODELAGEM “A modelagem se apoia nos planos do corpo. Para a execução de um modelo, é necessário atuar com auxilio dos planos, dos eixos e das linhas secundárias e terciárias, conforme as exigências específicas” (GRAVE, 2004, p.54). Segundo Radicetti (1999), as empresas apresentam dificuldades para dimensionar seus problemas e adequá-los aos seus clientes, o que provoca perda, já na preparação dos moldes-piloto. Algumas indústrias chegam a montar até três protótipos para aprovar um único modelo. Nesse caso, procede a constatação de Péclat (2000) de que a modelagem plana mais comumente usada nas indústrias de confecções do vestuário possui limitações quanto à eficiência, devido ao fato de traçar moldes em duas dimensões (altura e largura) para recobrir as formas do corpo, que são tridimensionais. A moulage, diferentemente da modelagem plana, favorece a visualização da evolução do modelo, desde o inicio até o produto final, pois esse processo permite a verificação das possibilidades de construção, alterações ou mudanças do modelo (SOUZA apud PÉCLAT E FIGUERAS, 2006). Modelagem do Vestuário – Moulage 13 Aprimorar a técnica e o conhecimento das medidas no manequim possibilita ao designer o desenvolvimento do desenho técnico em escala, facilitando o trabalho do modelista. Embora o draping seja forma ideal de desenvolver idéias e criar novas silhuetas, às vezes é combinado com modelos planos. Essa abordagem combinada é especialmente útil, quando as variações sobre uma silhueta evidenciadas Modelagem do Vestuário – Moulage 14 são produzidas. “A moulage é vista, portanto, como uma alternativa para a modelagem plana, ou mesmo como mais uma técnica para auxiliá-la no produto criado”.(SOUZA, 2006, p.99). Vale ressaltar que a modelagem tridimensional ainda enfrenta a resistência de muitos modelistas das indústrias de confecção que, habituados ao desenho e à modelagem plana, têm dificuldades para criar utilizando a moulage. Modelagem do Vestuário – Moulage 15 O quadro 2 compara as duas técnicas de modelagem conforme critérios estabelecidos, considerando a elaboração de um modelo específico. MOULAGE / DRAPING Modelagem do Vestuário – Moulage 16 3. MOULAGE/DRAPING Para vestir o corpo humano é necessário conhecer a sua anatomia e seu significado. Aprender moulage é saber vesti-lo. Moulage, palavra francesa, derivada de moule, que significa forma. É sinônimo da palavra Draping, derivada da língua inglesa, que significa dar forma e caimento ao tecido. É uma técnica de modelagem tridimensional onde a construção dos moldes de uma roupa é feita diretamente sobre o corpo, um modelo vivo ou um busto de costura, permitindo a sua visualização no espaço, bem como seu caimento e volume, antes da peça confeccionada. O processo de modelagem tridimensional facilita o entendimento da montagem das partes da roupa e suas respectivas funções. A técnica permite produzir peças bem projetadas, com caimento perfeito, favorecendo a percepção das formas estruturais do corpo durante a construção das roupas, sua prática libera a criatividade das formas e volumes tridimensionais como escultura permitindo visualizar as três dimensões do modelo, de frente, de costas e lateral. A moulage tem como ponto forte a amplitude do espaço para a criatividade do profissional da moda e a oportunidade de permitir que se obtenha uma roupa com melhor acabamento no sentido do caimento de ajustes mais precisos e a possibilidade de avaliar a inserção de acessório externo que possam diferenciar o modelo. A moulage como ferramenta de trabalho tem se mostrado mais rápida e eficaz, por facilitar o processo de criação e produção analisando o produto durante o processo, antes mesmo da montagem do protótipo. Na indústria a moulage pode ser usada para desenvolver o protótipo, como já foi ressaltado e transferindo para o papel como molde definitivo. Modelagem do Vestuário – Moulage 17 Modelagem do Vestuário – Moulage 18 PREPARAÇÃO DO MANEQUIM Para iniciar o trabalho é preparado o manequim de costura,com as marcações das referências anatômicas. Marca-se o contorno dos perímetros da cintura, quadril, busto, pescoço e cava. São marcadas também as medidas de comprimento (distancia entre dois pontos anatômicos), do ombro, do centro das costas, da frente e da linha lateral. Feitas as marcações, o manequim está pronto para interpretação do modelo. O manequim deve ser posicionado na altura da pessoa. As marcações são realizadascom fita – sutache ou similar com 0.5 cm de largura. PASSO A PASSO: Modelagem do Vestuário – Moulage 19 1. Achar a metade da medida do ombro da frente e das costas. Posicionar a fita métrica bem na base do pescoço. Marcar com alfinete no meio da fita mimosa. 2. Deixar cair à fita mimosa ate o centro do pé do manequim, fixar. (metade do centro frente e costas). 3. Marcar a medida do pescoço, os dois lados têm q ter a mesma medida. (simetria). 4. Marcar a altura do busto da base do pescoço até a parte mais saliente do busto. 5. Marcar a altura da cintura da base do pescoço até a parte mais côncava do manequim. 6. Marcar a altura do quadril da medida da cintura a 18 cm para o tamanho 40. 7. Contornar todas as larguras para a as costas com a fita, usando a observação nas linhas horizontais. 8. Marcar a medida da lateral do manequim pela metade do contorno do pescoço. Medir todas as linhas horizontais e achar o meio. 9. Conferir as medidas das duas laterais. REGRAS Trava A trava é a junção de dois alfinetes no mesmo ponto em direção oposta. Ela ajuda a fixar, travando o tecido sobre o manequim. Usada em ângulos estratégicos como: centro frente/cintura, comprimento/cintura etc. Mapeamento do manequim Contornar as linhas horizontais, verticais, diagonais e curvas que definem o modelo. O sutache é o material mais adequado para mapear o modelo no manequim. Com a prática, o mapeamento do modelo, pode ser dispensado. A técnica de modelagem deve ser aplicada sobre o manequim específico previamente mapeado com as linhas do corpo: cintura, nível do quadril. Preparação do Tecido Medir na demarcação de cada molde o maior comprimento e largura. Acrescentar as folgas suficientes para manusear o tecido de acordo com o modelo. Aplicação do Tecido A marcação do fio sobre o tecido é de extrema importância, pois facilita a reprodução do molde do tecido para o papel. Usar giz de costura ou lápis nos tecidos de prova (tela). Usar o giz de costura, alfinetes ou alinhavos nos tecidos definitivos Modelagem do Vestuário – Moulage 20 ANEXOS A primeira abordagem oficial da ISO (InternationalStandardizationOrganization) sobre o assunto da graduação do tamanho das roupas teve origem na Suécia em meados de 1968.Como justificativa para o estudo, o representante da Suécia na ISO declarou. “Os atuais sistemas de graduação de tamanhos estão insatisfatoriamente padronizados e a prática corrente com freqüência varia de país para país. É , portanto , de interesse para o publico em geral, para fabricantes , comerciantes e consumidores que um sistema internacional seja criado.” Nos comentários apresentados pelo representante da Suécia foi sugerido que o estudo fosse baseado em pesquisas antropométricas. Estas pesquisas foram realizadas em muitos países, porém o resultado demonstrou que as padronizações deveriam ser por país, devido á grande diversidade antropométrica encontrada. Modelagem do Vestuário – Moulage 21 Aqui no Brasil os trabalhos do Comitê Brasileiro de Têxteis da Associação Brasileira de Normas Técnicas nesta área, foram iniciados por volta do ano de 1981 na Comissão de Estudo de Tamanho de Artigos Confeccionados. Os primeiros projetos de norma começaram a ser votados em 1985 e diziam respeito a como e onde efetuar as medidas do corpo humano, masculino , feminino, infantil e bebê. Várias Normas Técnicas foram finalmente aprovadas, fixando as condições exigíveis para a medição do corpo humano. Modelagem do Vestuário – Moulage 22 Especificamente o projeto que tornou-se a norma NBR 13377, começou a ser estudado a pedido do DNPDC – Departamento Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor, órgão da Secretária Nacional de Direito Econômico do Ministério da Justiça, no ano de 1992. O convite formal foi feito a várias entidades para uma reunião em Brasília e por definição de prioridade o Departamento de Tecnologia da ABRAVEST – Associação Brasileira da Indústria do Vestuário tomou a dianteira convocando outras entidades, empresas do ramo e consumidores finais para desenvolver os estudos necessários. Durante três anos , um enorme quantidade de reuniões realizadas na sede da ABRAVEST e consultas aos técnicos das principais empresas da indústria e comércio do vestuário do Brasil, resultaram na aprovação da norma NBR 13377 – medidas do corpo humano para vestuário – Padrões referenciais, no mês de maio de 1995. Modelagem do Vestuário – Moulage 23 Definições: A padronização de tamanhos do vestuário refere-se não as medidas das roupas própriamenteditas , mas sim às medidas do corpo humano e é essencialmente um exercício de antropologia aplicada . Ao se comprar uma roupa o desejo é que esta vista adequadamente um determinado tamanho de corpo, de forma “justa ” se for um tecido “strech” (que estica), ou de forma “folgada”, com alguns centímetros a mais do que as medidas do corpo humando para a grande maioria dos outros tecidos. Modelagem do Vestuário – Moulage 24 A designação numéria ou alfabétic indicada na estiqueta de tamanho deve mostrar o tamanho do corpo que se deseja vestir adequadamente. O formato e as proporções do corpo humano variam muito, portanto , seria praticamente impossível fixar padrões para todas as medidas, tanto as primárias coma as secundárias. Das medidas primárias são: Contorno do Pescoço Contorno do Tórax /Busto Contorno da Cintura Altura / Comprimento Uma vez que as tendências de moda variam muito, o comprimento das roupas também se altera, assim sendo, definiu-se não estabelecer padrões de comprimento. Algumas das medidas secundárias são: Contorno do quadril Comprimento do ombro Contorno do Braço Contorno da Coxa Por recomendação da maioria dos técnicos consultados, aprovou-se o uso de uma só medida referencial primária para cada tipo de produto. de preferência a que menor interferência causasse na criatividade dos estilistas. Durante a preparação da norma NBR 13377 e mesmo depois de sua edição, nas muitas palestras realizadas na sede da ABRAVEST, bem como em outros locais, várias perguntas pertinentes surgiram ? Se minha empresa não cumprir com as tabelas de Norma NBR 13377, que punições vou receber? Serei multado pelo IPEM? Modelagem do Vestuário – Moulage 25 As normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas são todas voluntárias, excetuando-se as relativas à saúde e segurança, portanto a menos que o INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial transforme a norma em regulamento técnico, não terá força de lei, passível de multa em seu descumprimento. Quanto mais os consumidore exigirem seus direitos, incluindo-se neles o direito de não ser prejudicado por empresas que produzem roupas com medidas inferiores aos do tamanho constante na etiqueta, prejudicando assim o consumidor na tarefa necessária de comparação de preços e escolha do bem a se adquirido, em virtude de uma diversidade de tamanhos de manequins para a confecção do vestuário, tanto mais empresas comerciais exigirãode seus fornecedores o cumprimento da norma NBR13377. Cada vez que um consumidor procurar o PROCON para queixar-se das medidas de uma roupa estarem abaixo das tabelas da norma, o fornecedor da mesma será chamado à responsabilidade, de acordo com o CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR, na seção IV – Das Práticas Abusivas ,onde consta: “Artigo 39 – É vedado ao fornecedor de produtos e serviços: Inciso VIII – Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem , pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Indústrial (CONMETRO)”. O Código deixa bem claro: se existirem Normas Técnicas para qualquer produto colocado no mercado de consumo, é obrigatório a conformidade destes produtos com os requisitos na Norma, sob pena de responsabilidade para o fornecedor. Texto extraido do livro “Padrões de tamanho do vestuário : porque e como utilizar” de Francisco de Paula Ferreira – São Bernardo do Campo : Marco Iten Comunicação. Fotos: Pesquisa e montagens Comunidade Moda – Quer saber mais de modelagem clique no site http://modelagem.blog.dada.net www.comunidademoda.com MOULAGE – TÉCNICA DE MODELAGEM TRIDIMENCIONAL Publicadoem 15/01/2010 poradmin | 0comentário(s). LucianeRopelatto A palavramoulagederiva do francês “moule” quesignifica forma. É umatécnicaartesanalqueconsisteemmoldar o tecidosobre um manequimquepossui as mesmasmedidas do corpohumano. Egípcios, Gregos e Romanosusavamroupassimilaresque se resumiamemdoiscortes de tecido. Tambémfoimuitoutilizadaporgrandescostureiros da cortequefaziamcortes sob medida. Ficoumaisconhecidaséculo XX através de Madeleine Vionnet (1912-1930), famosaporseusdrapeados e cortesemviés. Costumavamoldarseusmodelossobre um manequim de escala 1:2 quedepois da aprovação dos mesmos, repassava- osemmedidasreais do corpohumano. No Brasilestatécnicafoiintroduzidadidaticamenteporumafrancesa , Jeannine Nieceron, através de um curso no Senai S. P. Mesmoassim, ainda é Modelagem do Vestuário – Moulage 26 Desconhecida por algumas empresas de confecção, mas sempre foi muito utilizada no desenvolvimento de coleções para desfile. Com a diversidade e diferenciação de modelos, hoje, esta técnica já pode ser vista e utilizada por alguns modelistas e designers de moda em geral. Dentre suas vantagens, tem-se liberdade de criação, o modelo pode ser visto praticamente pronto para avaliação, o percentual de erro é menor, mas exige-se treino constante e conhecimento de caimento de tecido. Na prática do aprendizado geralmente usa-se o morim ou pano americano para prototipagem. Depois de conferências e aprovação, repassa-se para o tecido original. A experiência pode ser fascinante, como frustrante, dependerá da prática e do conhecimento, mesmo assim, é a única que nos proporciona uma visão tridimensional do modelo em altura, largura e profundidade sendo um diferencial na qualidade de roupas produzidas. Trajes desenvolvidos no curso de Design de Moda do Grupo Uniasselvi-Assevim com a técnica de Moulage (Fonte- Site Garimpo da FIP) Modelagem do Vestuário – Moulage 27 Moulage, a arte de esculpir roupas no corpo A técnica francesa de criar a roupa no corpo vem sendo resgatada por profissionais e escolas de moda A estrutura da roupa é montada com as medidas da cliente Depois é feita a primeira prova da roupa estruturada só na entretela A moulage pode reduzir medidas do busto e da cintura em até cinco centímetros, dispensando cinta elástica e sutiã Quem nunca ouviu dizer que ''aquela roupa caiu como uma luva'', com medidas exatas e acabamento perfeito? Utilizada há décadas em ateliês de estilistas Modelagem do Vestuário – Moulage 28 renomados, a técnica francesa de moulage começou a ganhar espaço no Brasil nos últimos anos, mas ainda é pouco conhecida, sendo preterida pela modelagem plana. Apesar da trajetória histórica dessa técnica, os riscos no papel passaram a delimitar os moldes da maioria dos costureiros. Muitos deles até desconhecem essa técnica de modelagem no corpo (ou no manequim) e desenvolvem suas criações ao molde padrão ditado pelo processo industrial impulsionado pela produção em grande escala. No entanto, a busca pelo exclusivo e impecável tem feito ressurgir a técnica de moulage no mundo da alta-costura e ateliês estão à procura mão-de-obra especializada para dar conta da demanda. Em Londrina, poucos profissionais trabalham com a técnica, apesar de existirem escolas que oferecem o curso. ''Preciso aumentar a equipe de trabalho, mas estou com dificuldade porque há escassez de profissionais especializados nessa técnica'', destaca a modista Graça Pinheiro, que há 33 anos trabalha no setor e afirma não dispensar a técnica que tem atraído cada vez mais clientes ao seu ateliê. O processo inclui várias etapas. ''Montamos a estrutura da roupa no busto com as medidas da pessoa, utilizando entretela. Em seguida fazemos a primeira prova da roupa somente montada na entretela. Depois que a tela foi confeccionada e aprovada pela cliente, a estrutura é montada entre o forro e o tecido real'', explica Graça. Segundo ela, muitas noivas não dispensam a moulage na confecção do vestido, uma vez que a técnica permite uma aderência do vestido ao corpo de forma firme e segura, principalmente quando o modelo é um tomara-que-caia. Esse processo permite grandes mudanças mesmo depois da roupa confeccionada. A modista Eliana Zanini, outra especialista na técnica, lembra que inúmeras vezes foi necessário fazer o ajuste horas antes do casamento porque a noiva emagreceu de um dia para o outro. Eliana ressalta que ''essa técnica pode reduzir as medidas do busto e da cintura em até cinco centímetros, sem que a cliente tenha que recorrer às famosas cintas apertadas e sutiãs, que na maioria das vezes marcam o corpo e deixam o tecido com aspecto enrugado''. Para agilizar a confecção, algumas celebridades pedem para estruturar o molde do busto com as medidas e desenhos exatos do corpo e o deixam no seu costureiro, permitindo maior agilidade, assim não é preciso ir pessoalmente até o atelier toda vez que precisam de uma peça nova. A princesa Diana foi uma das celebridades que utilizaram a moulage na confecção de suas roupas de alta-costura. Um vestido de noiva, todo estruturado, custa a partir de R$ 2.000,00, variando de acordo com a quantidade de bordados e tipo de tecido. Além dos vestidos de noivas e roupas de festa, outras peças podem ser feitas usando esse método. Muitas grifes utilizam o processo na confecção de roupas Modelagem do Vestuário – Moulage 29 básicas. Técnica DRAPING / MOULAGE Para os que estão iniciando a arte da modelagem, pretendo esclarecer o conceito de draping/moulage. O draping (inglês) ou moulage (francês) é a técnica de modelagem tridimensional na qual manequins específicos, ou mesmo modelos, são utilizados como base para a modelagem de uma roupa. Madeleine Vionnet e Alix Grés foram as precursoras na utilização dessa técnica. Reza a lenda, que as duas estilistas recorriam aos manequins por não possuírem boa visão espacial. A técnica tem como objetivo facilitar a visão espacial, eliminando testes no que diz respeito a peso, elasticidade e caimento dos tecidos. Embora com as aparentes facilidades ocasionadas pelo manuseio do tecido, a técnica não é tão simples assim. Após finalizada amodelagem no manequim, todos os moldes são transportados para o papel e colocados em grade para a produção em escala. Modelagem do Vestuário – Moulage 30 Modelagem do Vestuário – Moulage 31 BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, M. Tecnologia do vestuário. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. BARROS, F. O homem casual. São Paulo: Mandarim, 1998. CASTILHO, K.; GALVÃO, D. A moda do corpo o corpo da moda. São Paulo: Esfera, 2002. GRAVE, M de F. A modelagem sob a ótica da ergonomia. São Paulo: Zennex Publishing, 2004. JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2005. LAVER, J. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Cia das Letras, 1989. LEHNERT, G. História da moda do século XX. Colônia: Konemann, 2001. PÉCLAT, S. A. Draping e design de moda. In: CONGRESSO NACIONAL TÊXTIL, 6., 2000, Fortaleza. Anais... Fortaleza: UFC, 2000. RADICETTI, E. Medidas antropométricas padronizadas para a indústria do vestuário. 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